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1. Introdução ao Direito do Trabalho 1.1 O homem e o trabalho: No decorrer histórico da evolução humana, as questões que se referem às condições de trabalho estão sempre relacionadas às questões econômicas. Algumas formas de trabalho existiam antes de conquistarmos os direitos ora vigentes. 1.1.1 Escravidão: foi a primeira forma de trabalho, o escravo era considerado uma coisa onde seu único direito era trabalhar. Não era considerado sujeito de direito, pois ele era propriedade do seu dono. 1.1.2 A Servidão: Posteriormente houve a servidão na época do sistema feudal, os senhores feudais ofereciam proteção militar e política aos servos em troca da produção rural exercida por estes que também, podiam fazer uso da terra. 1.1.3 Corporação de ofício : As corporações de ofício eram associações de artesãos que surgiram num terceiro plano e cujos membros eram: os mestres, os companheiros e os aprendizes. Estas corporações tinham como características, estabelecer uma estrutura hierárquica, regular a capacidade produtiva e regulamentar a técnica de produção. Os mestres eram os proprietários das oficinas, que já tinham passado pela prova da obra mestra. Os companheiros eram trabalhadores que recebiam salário e só poderiam chegar a mestre se fosse aprovado no exame de obra-mestra, dificílimo, ou se casasse com a viúva ou filha do mestre, mas os filhos deste já não precisavam fazer qualquer avaliação. Os aprendizes eram os menores que recebiam dos mestres o ensino da profissão. Iniciavam a partir de 12 ou 14 anos e ficavam sob a responsabilidade dos mestres que além de cobrar taxas dos pais ainda poderiam dar castigos corporais aos aprendizes. 1.1.4 Locação de serviço e de obra: Era regra que regulava a atividade de quem se comprometia a locar suas energias ou resultado de trabalho em troca de pagamento. 1.1.5 Das relações de trabalho: houve a necessidade de serem estabelecidas regras que pudessem conter os abusos aos seres humanos submetidos ao trabalho. Assim pode-se enumerar em plano mundial, momentos importantes: Revolução Francesa, 1789, suprimiu as corporações de ofício por serem incompatíveis com o ideal de liberdade do homem; Em 1791, ainda na França, iniciou-se a liberdade contratual e pode-se observar o “Decreto d’ Allarde” que suprimiu definitivamente as corporações de ofício permitindo a liberdade de trabalho e a “Lei le Chapelier” que proibia o restabelecimento das corporações de ofício, o agrupamento de profissionais e as coalizões, eliminando as corporações de cidadãos; Com a Revolução Industrial, séc. XVIII, o trabalho foi transformado por emprego e os trabalhadores recebiam salários. Nesta época Direito do Trabalho e Contrato de Trabalho passaram a se desenvolver; A motivação da Revolução Industrial, foi o aparecimento da máquina a vapor como fonte energética. Em seguida a máquina de fiar, patenteada por John Watt, em 1738; o tear mecânico, por Edmund Cartwrigt, em 1784; o aperfeiçoamento da máquina a vapor e como consequência a força humana foi substituída pela máquina acabando com vários postos de trabalho e gerando desemprego; A partir daí nasce uma causa jurídica os trabalhadores começaram a reunir- se e associar-se para reivindicar melhores salários e condições de trabalho, diminuição da jornada de trabalho, que na época variava de 12 a 16 horas diárias e contra a exploração de menores e mulheres; Nesse momento o Estado passa de abstencionista para intervencionista, interferindo nas relações de trabalho. A) Princípio da Proteção: proteção ao hipossuficiente da relação - o empregado. Se subdivide em: A.1- Princípio da Condição Mais Benéfica – (relacionado ao contrato de trabalho) determina as condições mais vantajosas estipuladas no CONTRATO de trabalho do obreiro ou mesmo as constante no regulamento da empresa prevalecerão, indepentemente da edição de normas superveniente. Exemplo: No contrato de trabalho, estipula-se que o trabalhador trabalhe 8 horas diárias. Na prática, o trabalhador passa a trabalhar, habitualmente, apenas 6 horas diárias, assim, essa passará a ser a regra em seu contrato. TST SÚMULA Nº 51 - Cláusula regulamentar - vantagem anterior. I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. A.3- Princípio da Norma mais Benéfica ou Favorável – Havendo conflito de normas, ou seja, mais de uma norma aplicável a uma mesma situação, aplicar-se-á aquela que, no todo, no conjunto, seja mais favorável ao empregado. C) Princípio da Continuidade da Relação de Emprego – A relação de emprego deve ser preservada, deve ter continuidade no tempo, tendo em vista o caráter alimentar, salarial, de subsistência dos créditos trabalhistas. Como decorrência direta desse princípio, os contratos de trabalho são, em regra, por prazo indeterminado. Súmula 212 do TST: ―O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negadas a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. D) Princípio da Intangibilidade, da Irredutibilidade e da Impenhorabilidade Salarial – O salário é irredutível (não pode ter seu valor reduzido - art. 7, VI, CRFB/88), impenhorável (não pode ser objeto de penhora) e intangível (pois o empregador não pode efetuar descontos no salário do empregado, salvo nos casos previstos no Art. 462 CLT). - Art. 462 CLT: Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo. § 1º – Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado. (Logo, só poderá haver desconto por danos culposos se houver cláusula expressa prevendo essa possibilidade: pode estar no contrato de trabalho, acordo coletivo, convenção coletiva). E) Princípio da Inalterabilidade Contratual (Art.468 CLT). O empregador não pode, unilateralmente, alterar, em regra, condições essenciais de trabalho contidas no contrato de trabalho de seus empregados apenas por sua vontade. A própria lei autoriza que o empregador varie as condições de trabalho, mas desde que essa alteração seja bilateral e não cause prejuízos ao empregado (art. 468 CLT). F) Princípio da Irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas: os direitos trabalhistas dos empregados são de cumprimento obrigatório e, irrenunciáveis, ainda que vontade do próprio titular do direito, que é o empregado. Ex. Súm. 199 TST – nula a pré-contratação de horas extras para bancário no ato da admissão.
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