Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
08 Afec90es do Aparelho Respirat6rio 8.1. Anatomia e fisiologia - considera~oesgerais. o aparelho respirat6rio nos animais e tradicionalmente di- vidido em trato respirat6rio su- perior e trato respirat6rio infe- rior, muito embora as especies quadrupedes, principalmente as equideos, possuam praticamen- te todos as componentes des- te sistema em posi<;ao horizon- tal com rela<;aoao eixo longitu- dinal do corpo, razao pela qual pode-se denominar estas re- gi6es como via respirat6ria an- terior e via respirat6ria posterior. A principal fun<;ao do apare- Iho respirat6rio consiste em for- necer oxigenio (02) aos tecidos, transportando-o pelas hemacias e de eliminar a di6xido de car- bona, um dos produtos final do metabolismo das celulas. Neste sentido, podemos considerar a oxigenio como elemento extre- mamente vital para a organismo. o aparelho respirat6rio e tam- bem responsavel pela regula<;ao da temperatura corporal, elimi- nando ar aquecido, alem da eli- mina<;aoau perda de liquidos, e pela emissao dos sons caracte- risticos da especie. o aparelho respirat6rio e com- posta pelas fossas nasais, ossos nasais, faringe, laringe, traqueia, bronquios,bronquiolos e pulm6es. As fossas nasais sao protegi- das pelas narinas, que no cavalo sao muito flexiveis e capazes de grandes dilata<;6es,facilitando a entrada e saida de maiores quan- tidades de ar.A cavidade nasal e dividida em duas metades sime- tricas pelo septa mediano e pelo ossa vomer. A maior parte do es- pa<;o das cavidades nasais e constituida pelas conchas nasais au ossos turbinados a saber: con- cha ventral, que forma a meato ventral; concha dorsal, que em conjunto com a concha ventral delimita a meato media. As fos- sas nasais sao recobertas par uma mucosa altamente irrigada e capaz de aquecer a ar inspira- do; continuam entre as cornetos au a regiao turbinada que possui comunica<;ao aos seios parana- sais e frontais, como a 6stio naso- maxilar.Posteriormente, as fossas nasais terminam nas coanas, e a laringe se abre sabre a veu pala- tina, au palata mole, na cavidade orofaringea, e espa<;o glossoe- pigl6tico que e uma regiao co- mum para a aparelho respirat6- ria e digest6rio. A laringe e uma estrutura ir- regular, curta composta par tres cartilagens impares (cric6ide, ti- re6ide e epiglote) e tres cartila- gens pares (ariten6ide, cornicu- lada e cuneiforme), as quais sao movimentadas pelosmusculos in- trinsecos da laringe (m. cricoti- re6ideo,mm.cricoaritenoideo dor- sal e lateral, m. aritenoideo trans- versa, m, t1reoaritenoideo, m. t1- reoaritenoideo acess6rio e m.ten- sor do ventriculo lateral). Dorsal- mente temos a regiao faringo- esofagica. Oralmente a laringe se abre na faringe atraves da epi- glote e se constitui em uma val- vula com tres fun<;6es principais: 1. arco palatofarfngeo; 2. cartilagem cric6ide; 3. es6fago; 4. carti- lagem ariten6ide; 5. corda vocal; 6. abertura do ventrfculo larfngeo; 7.cartilagem tir6ide; 8. regiao da base da lingua; 9. prega glossoepi- gl6tica; 10. palato mole; 11. epiglote; 12. prega aritenoepigl6tica; 13. cartilagem corniculada. 1. Prevenir a aspirac;:ao de ali- mentos s61idos e Ifquidos para 0 interior dos pulmoes. 2. Regular 0 volume de ar que se destina aos pulmoes e destes para 0 exterior. 3. 6rgao sede da vocalizac;:ao. A epiglote e uma das carti- lagens que formam a arquite- tura larfngea e que impede a passagem do ar quando os ali- mentos sac deglutidos. Na la- ringe e que estao situadas as cordas vocais, responsaveis pe- la vocaliza<;ao; em numero de duas, vibram quando 0 ar e ex- pirado com certa intensida- de e ritmo. Ocasionalmente po- de ocorrer a paralisia do nervo larfngeo recorrente, e 0 cavalo torna-se incapaz de controlar as cordas vocais que vibram produzindo 0 rufdo larfngeo re- corrente. A traqueia e um tubo grosso com cerca de 70 a 80 cm de comprimento e 5,5 cm de dia- metro no plano transversal e 5,0 cm de diametro no plano sagital, e e formada par 48 a 60 aneis cartilaginosos ligados par um te- cido conjuntivo e recoberta inter- namente por tecido mucoso. A traqueia se inicia na regiao mais anterior do pesco<;o,unindo a la- ringe aos pulm6es no ponto onde se bifurca em nfvel do 5° ou 6° espa<;o intercostal para formar os bronquios principais, direito e esquerdos, tornando a bifurcar-se para formar os bron- quios lobares, bronquios seg- mentares caudais e craniais, bronquios segmentares dorsais e ventrais e, no pulmao direito 0 bronquio lobar acessorio. Os bronquios segmentares dividem- se em bronqufolos e depois em bronqufolos terminais, que termi- nam formando os sacos alveola- res,a semelhan<;ados galhos de um arbusto com suas folhas. Os alveolos SaG pequenas cavidades onde 0 ar respirado realiza as trocas gasosas com os capilares pulmonares, que SaGramifica<;6es terminais das arterias pulmonares, muito em- bora 0 sangue que circula em seu interior seja venoso. 0 fe- nome no das trocas gasosas e chamado de hematose, onde 0 ar respirado cede oxigenio para o sangue e recebe gas carbo- nico, regulando-se pela tensao de oxigenio do ar e pela tensao de CO2 do sangue. 0 oxigenio e transportado pela hemoglobina dos globulos vermelhos atraves da corrente circulatoria arterial e vai se libertar em todos os or- gaos para que as celulas "respi- rem" e liberem 0 CO2 produzido pelo seu metabolismo. o torax e dividido dorso-ven- tralmente por um septa longi- tudinal, constituindo do is hemi- torax. Os hemitorax SaG reco- bertos por tecido pleural, que formam a pleura parietal, a pleu- ra mediastinal, a pleura pericar- 1. processo corniculado da cartilagem ariten6ide; 2. prega aritenoepigl6tica; 3. epiglote; 4. palato mole (incisado longitudinal- mente); 5. prega glossoepigl6tica; 6. vasos da epiglote; 7. cordas vocais; 8. abertura do ventrfculo larfngeo. dica e a pleura pulmonar ou vis- ceral. As invaginat;:6es da pleura formam 0 saco pleural e ipsila- teral contendo 0 liquido pleural, o que permite a movimenta<;:ao dos pulm6es no interior da ca- vidade toracica. Muito embora os pulm6es dos equinos nao sejam explicitamente subdividi- dos em lobos, 0 aspecto anat6- mico possibilita considerar 0 pulmao esquerdo composto por dois lobos, a saber, 0 apical (cra- nial) e um diafragmatico (cau- dal). Ja 0 pulmao direito, e com- posta por tres lobos, a saber, um apical (cranial), um diafragma- tico (caudal) e um lobo acess6- rio (intermediario).°movimento do ar para den- tro e fora do interior dos pul- m6es e chamado de inspira<;:ao e expira<;:ao(denominado Cicio Respirat6rio), e e realizado pela contra<;:aoe relaxamento do di- afragma, dos musculos inter- costais e de musculos auxilia- res da inspirat;:ao como 0 esca- lena, e os extensores da coluna vertebral; e na inspira<;:ao, os musculos abdominais e os fle- xores da coluna vertebral, sen- do a sua frequencia controlada pelas necessidades tissulares de oxigenio e por um complexo mecanismo regulador proveni- ente do sistema nervoso. Nor- malmente, a frequencia respira- t6ria aumenta muito com 0 exer- dcio e permanece em um nivel fisiol6gico normal com 0 repou- so do animal.° Cicio Respirat6rio no ca- valo caracteriza-se, por conter duas fases inspirat6rias e duas fases expirat6rias, sendo a fre- quencia respirat6ria (FR), a so- mat6ria do numero de ciclos ou de respira<;:aopor minuto. A fre- quencia respirat6ria normal em um cavalo adulto em repouso situa-se entre 10 a 14 movi- mentos, podendo variar em fun- <;:aodo tamanho corporal, ida- de, exerdcio, excita<;:ao,tempe- ratura e umidade relativa do ar, gesta<;:ao,grau de reple<;:aodo aparelho digest6rio e do esta- do de higidez do animal.° padrao ritmico de cada Cicio Respirat6rio e controlado pelo Centro Respirat6rio, situa- do no tronco cerebral, e consti- tuido pelo Centro Pneumota- xico, Centro Apneustico,Grupo Respirat6rio Dorsal e Grupo Res- pirat6rio Ventral. Participam, ain- da, do padrao do Cicio Repira- t6rio 0 Centro Neural da Ven- tila<;:ao,0 Controle Humoral da Ventila<;:aoe a Ouimiorecep<;:ao Periferica; esta situada na bifur- ca<;:aoda a. car6tida primitiva e no arco a6rtico. E definido como ventila<;:ao, o movimento de ar durante a inspira<;:aoou a expirat;:ao,° or- ganismo do animal necessita da oferta de oxigenio para execu- tar os processos de produ<;:ao de ATP, para suas atividades metab61icas e manuten<;:ao da homeostase. Para que este fe- n6meno se processe adequada- mente, e necessaria a oferta de volumes satisfat6rios de ar aos alveolos, com a finalidade de ocorrerem as trocas gasosas com base nos gradientes de di- fusao de 02 e de CO2; sendo a taxa de difusao dos gases pro- porcional a area disponivel para as trocas gasosas, que no ca- valo adulto e aproximadamen- te de 2.500 m2. Portanto, po- demos considerar que a venti- la<;:aoconsiste na medida da quantidade de volumes de ar que entram e saem dos pul- m6es, em litros por minuto. Para 0 calculo da ventila<;:ao ou do volume minuto (VE),pode- se aplicar a f6rmula VE=Vc x FR, onde Vc ou volume "Tidall" (VT) eo volume corrente de ar inspi- rado ou expirado em um movi- mento respirat6rio profundo, e FR 0 numero de movimentos ou Ciclos Respirat6rios por minu- to. Neste senti do, uma eleva<;:ao da ventila<;:ao(VE)pode ocorrer devido a um aumento da de- manda de oxigenio quando se eleva a taxa metab61ica, ou de- vido ao aumento da frequencia respirat6ria ou a ambos. A ven- tila<;:aoou volume minuto em um cavalo de 500 kg, em repouso, e de aproximadamente 50 a 60 litros/min, podendo elevar-se acima de 1.800 litros/min du- rante 0 galope. Para que os pulm6es pos- sam se inflar e, consequente- mente, receberem volumes ade- quados de ar as necessidades metab61icas e fundamental que o tecido pulmonar possua boa elasticidade, ou que seja com- piacente. A com placencia pul- monar e uma medida da capa- cidade de distensibilidade dos pulm6es proporcionada por te- cido elastico, tecido colageno e por fort;:as de tensao superficial. As forc;:asde tensao superficial san decorrentes da presenc;:ade uma substancia chamada sur- factante, composta por 90% de fosfolipidios e uma pequena quantidade de proteina. Alem das func;:oes respirat6- rias inerentes aos pulmoes, 0 sis- tema respirat6rio possu; meca- nismos de defesa fundamentais para a saude do cavalo. Neste sentido, e pelo fato de estar aber- to ao meio ambiente, 0 ar inala- do pode conter particulas, mi- croorganismos e gases poluen- tes prejudiciais a saude do ani- mal. As defesas inespedficas protegem as vias respirat6rias contra muitas das substancias inaladas. Por outro lado, as de- fesas espedficas saG executa- das pelo sistema imunol6gico no combate a agentes como, por exemplo, bacterias, fungos, virus e alergenos em geral. A arvore traqueobronquica e revestida internamente basica- mente por tres laminas. A lamina mucosa e constituida por um epi- telio pseudo-estratificado, cilindri- co ciliado, contendo celulas cali- ciformes sob uma membrana ba- sal.Os dios se movimentam cra- nialmente, transportando as se- crec;:6es mucosas, produzidas pelas glandulas traqueais e celu- las caliciformes, e as particulas inaladas no sentido da laringe, para, posteriormente, serem de- glutidas ou eliminadas sob a for- ma de secrec;:aonasal. A lamina submucosa e constituida por te- cido elastico,tecido adiposo,glan- dulas tubulares seromucosas (glandulas traqueais). Ja a lami- na pr6pria e uma camada delga- da separada da submucosa por uma membrana fibraelastica Semiologicamente, os pul- m6es podem ser identificados por auscultac;:ao,nas diversas areas correspondentes a linha imagina- ria trac;:adado olecrano a tubero- sidade do osso neo,e marginada em sentido ventra-dorsal e cra- nio-caudalmente, pela borda cranial da decima setima costela ou decimo quarto ao decimo sex- to espac;:ointercostal; ou, ainda, pelos seguintes referenciais: 1. Dorsal: delimitado pelas ex- tremidades das ap6fises transversas das vertebras toracicas. 2. Dorso-ventral anterior: pela li- nha que passa entre a borda dorsal posterior da escapula e a extremidade do olecrano. 3. Limite ventral: demarcado por uma linha reta iniciada a aproximadamente 10 cm no sentido ventro-dorsal da tu- berosidade do olecrano em direc;:aoa borda superior da tuberosidade do osso neoate o 14° ao 16° espac;:o inter- costal, desse ponto trac;a-se outra linha reta ate a origem da ultima costela. 8.2. Protocolo de avalia~ao endosc6pica do aparelho respirat6rio. o exame endosc6pico das vias respirat6rias e um excelen- te meio semiol6gico no diag- n6stico e confirmac;:ao de afec- c;:6es que acometem tanto 0 trato respirat6rio anterior como o posterior. Baseando-se nos aspectos anatomicos e topograficos, e sob 0 ponto de vista endosc6- pico, podemos considerar como trato respirat6rio anterior, as es- truturas contidas desde as na- rinas ate a transic;ao da laringe com a traqueia. As vias respira- t6rias anteriores SaGcompostas pelas fossas nasais; ossos na- sais (devendo-se considerar as conchas dorsal e ventral); fa- ringe (regiao comum ao siste- ma digest6rio); regiao etmoidal e endoturbinada; coanas, reces- Figura 8.3 Equipamento de vfdeoendoscopia. so faringeano; ostios das bolsas guturais; bolsas guturais; palato mole; laringe e dorsal mente a esta a entrada do es6fago. As vias respirat6rias poste- riores, endoscopicamente se ini- ciam ap6s a laringe e sac com- postas pela traqueia; carina; br6nquios e bronqurolos. A conduc;:ao do exame en- dosc6pico do aparelho respira- t6rio, assim como do exame en- dosc6pico de outras regi6es, deve atender a um rrgido pro- tocolo para que todos os as- pectos relacionados a observa- <;:aoendosc6pica possam ser apreciados e registrados ade- quadamente. 0 animal deve Figura 8.4 Vista anatomica das vias aereas nasais - endoscopia. Figura 8.5 Vista anatomica da regiao faringolaringeana - endoscopia. estar contido em tronco e, pre- ferencialmente, sem estar sob sedac;:ao,quando se objetiva a avaliac;:ao dinamica da faringe e da laringe. 0 endosc6pio de- ve ser introduzido, ainda, com o animal sob contenc;:ao meca- nica da cabec;:a(cachimbo), de forma delicada para que nao ocorra lesao da mucosa das conchas, com sangramento nas vias nasais. A avaliac;:aoendosc6pica da faringe e da laringe pode tam- Figura 8.6 Vista endosc6pica da laringe. Figura 8.7 Vista endosc6pica da traqueia e bronquios junto a carina. bem ser dinamica com 0 ani- mal em movimento em esteira de avalia<;:ao de performance. Nesta modalidade de exame, pode ser observada a fisiologia da laringe avaliando-se os mo- vimentos de adu<;:aoe abdu<;:ao das cartilagens ariten6ides e do processo corniculado, a prega aritenoepigl6tica, 0 arco pala- to-farrngeo e 0 palato mole. A avalia<;:ao funcional da laringe deve ser conduzida por proto- cola de movimento que con- temple as diversas velocidades permitidas pela esteira de ava- lia<;:aode performance. Entre- tanto, 0 aumento da velocida- de deve ser realizado com cau- tela em razao da possibilidade do animal apresentar afec<;:ao laringeana que desencadeie colapso respirat6rio obstrutivo temporario. Pode-se empregar 0 seguin- te protocolo base que podera ser utilizado para 0 registro das observa<;:6es do exame endos- c6pico do aparelho respirat6rio, com 0 animal em repouso: IDENTIFICACAO DA CLiNICA E DO PROFISSIONAL PROTOCOLO DE ENDOSCOPIA DO APARELHO RESPIRATORIO DE EQUiNOS Data: __ / __ / __ RG: Pelagem: _ Nome do animal: _ Rac;a: Sexo: ldade: ~ Proprietario: _ Enderec;o: no__ CEP: / Cidade: Estado: _ Telefone: (0") Cel. (0") e-mail: _ Medico Veterinario Responsavel pelo exame:Dr. _ Residente/Outro: _ Historia clfnica resumida: _ Suspeitas c1fnicas preliminares: 1. _ 2. _ 3, _ Observac;6es quanto a passagem do endoscopio: _ Meato ventral nasal direito: _ Meatoventral nasal esquerdo: _ Regiao etmoidal: _ Nasofaringe: _ Palato mole: _ Recesso farfngeo: _ Ostio das bolsas guturais: _ Aspecto interior das bolsas guturais: _ Regiao farfngo-esofagica: _ Epiglote, tipci e apresentac;ao: _ Aritenoide, tipo e apresentac;ao: _ Posic;ao e movimento das cartilagens aritenoides animal em repouso: _ Posic;ao e movimento das cartilagens aritenoides animal em exercfcio: _ Traqueia ate a regiao da carina: _ Br6nquios e br6nqufolos: _ Lavado traqueal / br6nquio-alveolar: _ Exames complementares: _ Observac;6es gerais: _ Diagnostico endoscopico: 1. _ 2. _ 3. _ Responsavel pelo exame: Nome: CRMV -••- nO__ Assinatura: _ 8.3. Feridas e contusoes dos 05505 nasais e paranasais. Sao alterac;:oesque atingem as estruturas nasais como pele, musculos elevadores nasola- biais, feixe vascular e nervoso e ossos nasais e paranasais, produzidos pela ac;:aotrauma- tica de golpes com bastoes, coices, cabrestos de arame, quedas em crises de c61icas ou durante corridas, e traumas pro- duzidos em acidentes com cer- cas de arame farpado ou ins- trumentos de corte. Os traumatismos superficiais podem atingir a pele ou tecidos mais profundos, podendo pro- duzir soluc;:ao de continuidade. Em geral, os ferimentos profun- dos desencadeiam intensa he- morragia e podem atingir a mus- culatura nasolabial com lesoes Figura 8.8 Fratura de ossos pre-maxilares. que iraQ se refletir nos movi- mentos do labia superior e das narinas, quando bilateral. Este tipo de lesao, raramen- te repercute sobre as vias ae- reas superiores, nao havendo qualquer corrimento sanguino- lento pelas narinas. Ouando nao houver soluc;:ao de continuidade da pele, 0 que se observa e uma escoriac;:aono local de ac;:aodo trauma, que se apresenta tumefeito e senslvel a palpac;:ao, podendo 0 animal reagir ao toque. Nestas circuns- tancias, aplique imediatamente sobre 0 local atingido, bolsa de gelo ou compressas com agua fria, para que 0 derrame seja 0 menor posslvel. Fac;:aisto duran- te uns 15 minutos para cada aplicac;:ao,e de um intervalo de 5 minutos entre as mesmas; prossiga nesta manobra por aproximadamente 60 minutos. Figura 8.9 Fratura nasomaxilar com exposiy8.o de seio. Em seguida enxugue 0 local e aplique uma fina camada de gel antiinflamat6rio, massageando levemente a regiao. Nos casos em que houver soluc;:aode continuidade da pe- Ie, procure tratar a ferida por pri- meira intenc;:ao,mantenha-a lim- pa e protegida para em segui- da sutura-Ia. Nos acidentes traumaticos mais violentos como coices ou quedas, em que 0 animal bate a cabec;:a em um palanque, fre- quentemente podera haver fra- tura dos ossos do nariz e de os- sos paranasais, com comprome- timento das conchas nasais. Co- mumente, estas fraturas sac ex- postas e produzem intensa he- morragia pelas narinas e pelo fe- rimento. 0 animal podera apre- sentar severa dificuldade respi- rat6ria em razao das lesoes dos ossos, principal mente dos para- Figura 8.10 Traqueostomia - traqueotubo aplicado. nasais e pre-maxi lares, alem da impossibilidade na apreensao dos alimentos. E importante que seja realizado 0 diagn6stico di- ferencial da contusao simples com 0 traumatismo que pode provocar fratura dos ossos na- sais e paranasais. Caso a respira<;aoesteja com- prometida em razao do trauma, 0 animal poden§.apresentar insufi- ciencia respirat6ria com baixa ventila<;ao e cianose. Fa<;aime- diatamente a traqueostomia res- tabelecendo 0 fluxo de ar.Procu- re imediatamente avaliar 0 grau e a extensao do problema limpan- do cuidadosamente a ferida com gaze embebida em agua oxige- nada Se a hemorragia for inten- sa, institua imediatamente aplica- <;6esde anti-hemorragicos, pela via intravenosa, como solu<;ao hipert6nica a 7,5%, na dose de 2,0 a 4,0 ml/kg, ou succinato de Figura 8.11 Edema no focinho provocado por picada de Bootrops. estriol na dose de 0,5 a 1,0 mg/ kg de peso, podendo-se repetir depois de decorridas 8 horas da primeira aplica<;ao. As aplica<;6esde compressas frias e bolsas de gelo auxiliam na conten<;ao da hemorragia e reduz a intensidade do edema. Em presen<;a de solu<;ao de continuidade da pele, fa<;a0 tra- tamento por primeira ou segun- da inten<;ao conforme se apre- sentar 0 ferimento. Ouando existi rem fratu ras nasais ou paranasais, geralmen- te de diflcil resolu<;ao cirurgica, opte pelo tratamento conserva- dor, mantendo as vias respira- t6rias livres, mesmo atraves de traqueostomia e institua trata- mento com antiinflamat6rios nao hormonais. Deve ser dada aten<;ao es- pecial aos acidentes offdicos ocasionados por cobras do ge- nero Bootrops, quando a pica- da atinge a regiao labial; oca- siao em que pode ocorrer inten- so aumento de volume na re- giao, podendo comprometer a fisiologia das narinas e causar colapso respirat6rio agudo. Em situa<;6esde fraturas sim- ples, e com 0 fragmento servin- do de obstaculo mecanico a res- pira<;ao,convem sempre que se reduza a fratura, que podera ser fixada com fio de a<;oortopedi- co. Nas fraturas cominutivas com grandes perdas 6sseas, tornan- do praticamente imposslvel a redu<;ao, trate 0 ferimento reti- rando-se todos os fragmentos pequenos e prepare a ferida com curativos diarios para que se es- tude a possibilidade de ser im- plantada pr6teses de acrnico ou de resina polimerizavel em pla- ca. A corre<;ao por pr6tese con- fere ao animal um excelente efei- to estetico e protege as cavida- des nasais e os seios da exposi- <;aodireta ao meio ambiente. Os papilomas sao pequenas excrescencias verrugosas co- nhecidas comumente como ver- rugas. Sao relativamente fre- quentes nos potros e cavalos jo- yens e podem aparecer, alem das narinas, tambem nos labios. A papilomatose nasal e pro- duzida por um virus epiteliotr6- pico e pode manifestar-se em varios animais de um mesmo re- banho, devido a sua facilidade em implantar-se por inocula<;ao Figura 8.12 P61ipo nasal. atraves do contato de um ani- mal com outro. Os animais que apresentam a forma nasal podem ter uma respira<;:aoruidosa e dificultada pela obstru<;:ao parcial. Podera haver corrimento nasal Ifmpido e transparente. Os potros exer- citam-se pouco e apresentam aumento da frequencia respira- t6ria ap6s exerdcio, como ten- tativa de compensar 0 baixo vo- lume inspirat6rio. Ouando 0 papiloma e for- mado por uma unica massa e se localizar pr6ximo as narinas, o melhor procedimento tera- peutico e a ressec<;:ao cirurgi- ca, pois 0 papiloma comumen- te nao recidiva. Devido a gran- de irriga<;:ao da mucosa nasal, evite injetar produtos comer- ciais contra papilomatose, na base da verruga. Se 0 numero de papilomas for grande e invadir a cavidade nasal, podera se tentar um tra- tamento com autovacina, en- viando amostras a um laborat6- rio especializado no sentido de produzir a vacina, que em geral atuam satisfatoriamente. A epistaxe, ou ainda rinor- ragia, basicamente significa a safda de quantidade variavel de sangue atraves das narinas, po- dendo ser uni ou bilateral. A epistaxe constitui sempre um acontecimento secundario a qualquer processo traumatico das vias aereas anteriores, ou decorrente de uma afec<;:ao,pre- viamente estabelecida, nas vias aereas posteriores. As causas mais comuns da epistaxe saGas les6es trauma- ticas sobre a cavidade nasal e as fraturas de ossos nasais, se- guida pela hemorragia causa- da pela passagem mal-condu- zida de sonda nasogastrica, ou em cavalos com fragilidade vascular decorrente de endo- toxemia ou altera<;:6es nos fa- tores de coagula<;:ao.Nestas si- tua<;:6es,0 sangue podera fluir por uma ou ambas asnarinas e quase sempre a hemorragia e copiosa. Menos frequentes saG as epistaxes provenientes de processos de ulcera<;:ao mic6tica dos vasos sangufneos das bolsas guturais, e de les6es da laringe e traqueia. A epistaxe ainda pode ser associada a doen<;:asrespirat6- rias agudas, principal mente as virais, doen<;:asrespirat6rias cro- nicas, como broncopneumonia cronica e doen<;:apulmonar cro- nica, ou mesmo em presen<;:ade les6es pulmonares abscedan- tes. Em todas estas situa<;:6es, quase sempre existe um quadro previo de um problema respira- t6rio concomitante ou anterior a epistaxe. 0 sangue pode fluir por ambas as narinas com 0 animal em repouso ou alguns minutos ap6s 0 exercfcio. o quadro c1fnico pode ser variavel, porem, 0 cavalo pode- ra apresentar desconforto, hi- perpneia e taquicardia; as vezes um rufdo estertoroso pode ser audfvel durante a expira<;:ao quando 0 volume de sangue e relativamente pequeno. o diagn6stico deve levar em conta as possibilidades etiol6- gicas da epistaxe. Se 0 proble- ma for traumatico e for neces- saria a corre<;:ao cirurgica das vias aereas anteriores, e preciso inicialmente conter a hemorragia e evitar que 0 animal inspire 0 sangue e nao se asfixie; mante- nha-o de cabe<;:abaixa e aplique pela via intravenosa cerca de 100 a 200ml de gluconato de calcio a 10% e 0,5 a 1,0 mg/kg, de succinato de estriol pela via intravenosa. A hemorragia deve- ra estar estancada em torno de 5 a 10 minutos. Nos casos de hemorragia nasal ap6s passa- gem mal-conduzida de sonda nasogastrica aguarde ate 15 minutos, se 0 sangramento nao ceder trate como no caso ante- rior e investigue uma possfvel altera<;:aosangufnea quanto aos fenomenos de coagula<;:ao. A aplica<;:aode compressas frias e bolsas de gelo produz re:: sultados satisfat6rios quando 0 sangramento for oriundo da re- giao nasal. Nas epistaxes provenientes de problemas das vias aereas posteriores, 0 exame c1fnicomi- nucioso deve revelar a origem do processo. Caso 0 animal es- teja em um centro veterinario bem equipado, a endoscopia devera ser realizada para que se possa identificar 0 local da he- morragia e, dessa forma, con- duzir 0 exame c1fnico, para um diagn6stico definitivo, e uma terapeutica adequada para cada caso em particular. Caso se ins- tala quadro de anemia devida a perda de sangue, providencie imediatamente a transfusao sanguinea. 8.6. Hemorragia pulmonar induzida por exerclcio (HPIE). A hemorragia pulmonar in- duzida por esfon;:o ou exerd- cio (H PIE) constituf-se na pre- senc;a de sangue nas vias ae- reas inferiores compreendendo o segmento traqueobr6nquico, notadamente ap6s a realizac;ao de exerdcios de forte intensi- dade, constituindo-se na atua- lidade uma afec<;:ao tfpica de equinos atletas. Definida antigamente com 0 termo generico de epistaxe, a HPIE pode acometer, principal- mente, cavalos atletas velo- cistas, como os da ra<;:aPuro Sangue Ingles, que saDexigidos em atividades de alta perfor- mance (> 14m/s) ou pela pre- senc;ade alterac;6es previas dos pulm6es, com prevalencia ende- mica em mais de 75% desses animais durante as corridas. A predisposic;ao ao sangramento aumenta com a idade do animal. Alem dos equinos, a HPIE pode, ainda, acometer caes da rac;a "Greyhound' e camelos, quando utilizados para corridas. Muito embora existam, mui- tas duvidas a respeito das con- di<;:6espredisponentes, desen- cadeantes e da etiopatogenia da HPIE, muitos autores que es- tudaram profundamente essa afecc;ao em cavalos da rac;a Puro Sangue Ingles acreditam que a hemorragia poderia ser resultante de uma combina<;:ao de variaveis associadas ao es- tresse da corrida, como aumen- to da viscosidade sangufnea, altas press6es vasculares, bem como a inflamac;ao das vias ae- reas posteriores. Existem fortes indfcios de que a velocidade ini- cial do cavalo durante a corrida, o peso do j6quei, a temperatura e umidade ambiente, a altitude da pista em relac;ao ao nfvel do mar, e 0 tipo e a qualidade da pista (grama e areia leve e pe- sada) possam ter importante par- ticipa<;:aono desencadeamento do sangramento alveolar. Parti- cularmente, 0 cicio etiopatoge- nico da HIPE pode ser caracte- rizado por hipertensao pulmo- nar, edema na parede dos alve- olos, rompimento de capilares alveolares, hemorragia intra- alveolar e presen<;:ade sangue nas vias respirat6rias, notada- mente nos lobos caudodorsais. Os sintomas da HIPE saD inespedficos e podem refletir uma afecc;ao pulmonar previa. Entretanto, apenas em 10% dos casos 0 cavalo podeapresen- tar evidencias de sangramento em graus elevados, podendo di- minuir a velocidade, ou mesmo parar durante a corrida, apre- sentar tosse, dificuldade respi- rat6ria e deglutic;ao excessiva. Em mais de 95% dos casos, os cavalos podem apresentar tao somente baixa performance ou perda da performance inicial. o diagn6stico efetivo da HPIE e realizado atraves de exame endosc6pico em no maximo 30 a 90 minutos ap6s a corrida, po- dendo nao ser definitivo, mesmo quando realizado no mesmo ani- mal em igual situa<;:aode esforc;o em corridas diferentes. A avaliac;ao endosc6pica e realizada com cabos de 6tica de ate 13mm, com 0 animal sob contenc;ao mecanica (cachim- bo), e deve levar em considera- <;:aouma rigorosa observa<;:ao visual, desde 0 infcio da narina, traqueia, bifurcac;ao dos br6n- quios principais (carina) e regiao do infcio dos bronqufolos. Para a classifica<;:aodo grau de hemorragia visfvel ao exame endosc6pico, pode-se utilizar 0 seguinte criterio: Grau O. Ausencia de sangue visfvel. Grau 1. Trac;os de sangue na traqueia. Grau 2. Presen<;:ade filete de sangue na traqueia. Grau 3. Presen<;:a de sangue na traqueia em quanti- dade superior ao grau anterior, mas sem for- mac;aode "poc;as". Grau 4. Presenc;a abundante de sangue na traqueia. Grau 5. Hemorragia nasal e presenc;a de sangue abundante na traqueia. o termo "po<;:as"refere-se ao efeito visual do acumulo de san- gue que pode ser observado nos graus 4 e 5, onde se tem a impressao de que 0 endosc6- pio parece imerso na colec;ao sanguinolenta existente. Ainda durante 0 exame en- dosc6pico pode-se realizar as- pirado traqueal (AT), lavados tra- queobronquial (LTB) e bron- quioalveolar (LBA) que podem revelar presen<;a de hemosi- der6fagos, neutr6filos intactos ou degenerados, ocasionalmen- te bacterias intracelulares e eri- tr6citos. Os lavados br6nquio- alveolares sac os mais adequa- dos para consubstanciarem 0 diagn6stico da HPIE. Ocasionalmente os estudos radiogrMicos do t6rax podem revelar aumento do padrao in- tersticial, maior radiopacidade no lobo pulmonar caudal e oca- sionalmente deslocamento dor- sal dos vasos pulmonares de grosso calibre. o tratamento da HPIE e in- consistente e deve ser iniciado com 0 repouso dos animais que apresentam graus acima de 3. No entanto, a hemorragia podera recidivar assim que 0 animal re- tomar 0 trabalho atletico de alta performance. E: importante que se utilize terapeutica de comba- te a problemas pulmonares pre- vios como redu<;ao de agentes alergenos e aplica<;aode antimi- crobianos, uma vezque a presen- <;ade sangue nas vias respirat6- rias constitur-se em bom meio de crescimento bacteriano. Embora tenha se constiturdo em grande controversia no meio hrpico e medico veterinario, ja se admite em alguns hip6dromos no mundo,a utiliza<;aoda furosemida no controle da HPIE em cavalos sangradores no dia da corrida, sendo, entretanto, prudente que o seu uso deva se restringir aos animais que apresentaram graus de sangramento acima de 3 ou que apresentaram piora gradati- va do quadro c1rnico.Ha que se destacar que nao foi demons- trado cientificamente que 0 usa da furosemida impe<;aou retar- de a evolu<;aoda afec<;ao.Roti- Figura 8.13 PresenQa de sangue na regiao da carina. (fotogentilmente cedida pelo Prof. Dr. Stefano Hagen) neiramente,a dose de furosemida pode ser de 1,0 mg/kg, ou em corridas, de 0,3 a 0,6 mg/kg, pela via intravenosa. A dose total usualmente permitida varia de 100 a 300mg pela via endoveno- sa,4 horas antes da corrida. Oca- sionalmente, 0 agravamento do grau de sangramento pulmonar ap6s corridas consecutivas, pode exigir a corre<;aoda dose de furo- semida a ser aplicada. Preventivamente procedi- mentos como a redu<;ao de fa- to res que produzam inflama<;ao das vias aereas posteriores, co- mo poeira, p6 de alfafa, profi- laxia de doen<;as respirat6rias e programas de exercicio contro- lados, em que 0 condicionamen- to atletico do cavalo seja atingi- do gradualmente possam ser eficazes na preven<;ao e na re- du<;ao das consequencias es- portivas da HPIE. Produtos contendo bioflavo- n6ides indicados para melhorar a integridade dos capilares e de cromoglicato para a estabiliza<;ao da membrana dos mast6citos nao sac eficazes na preven<;ao da hemorragia pulmonar; assim como a aplica<;ao preventiva de furosemida nao impede 0 desen- volvimento da HPIE em cavalos anteriormente negativos. A despeito das centenas de trabalhos cientrficos sobre os mecanismos etiopatogenicos da HPIE e dos estudos farmacol6- gicos sobre 0 uso da furosemi- da, ainda nao se atingiu um con- senso global quanto a, efetiva- mente, considerar ou nao esta droga como doping. E 0 processo inflamat6rio e infeccioso que acomete os sei- os, principal mente os parana- sais, como maxilar (concha su- perior e inferior) e frontal. 0 seio maxilar comunica-se com a ca- vidade nasal atraves da abertu- ra nasomaxilar, assim como 0 seio frontal com 0 maxilar atra- yes do oriflcio frontomaxilar. As sinusites, de acordo com a sua etiopatogenia, podem ser c1assificadas em primarias e secundarias. Sao primarias as sinusites decorrentes de infec- c;:6es do trato respirat6rio an- terior, causadas frequentemen- te pelo Streptococcus equi e Streptococcus zooepidemicus, sendo mais rara a ocorrencia do granuloma estafiloc6cico (botriomicose). As sinusites se- cundarias sao causadas por dentes fraturados, desloca- mentos dentarios, mal-posicio- namento dentario, les6es da coroa ou qualquer processo pe- riodontal que culmine em alve- olo-periostite.Ocasionalmente processos tumorais benignos e malignos, ou traumas abertos com fraturas 6sseas podem evoluir para comprometimento dos seios. A forma mais severa de com- prometimento dentario com evo- luc;:aopara sinusite e a pulpite secundaria a infecc;:aode fratura dentaria longitudinal completa, ou de necrose de cemento. 0 processo inflamat6rio inicial evo- lui para 0 alveolo, membrana periodontal, cemento e membra- na mucosa do seio. A organiza- c;:ao da ostefte alveolar e da oste61ise, podera culminar com a formac;:aode granuloma apical, que, em geral, apresenta inten- sa reac;:aoteciduallocal. A sinusite se manifesta por acumulo de pus de caraeterfsti- cas Ifquidas a grumosa no inte- rior dos seios, e que pode pas- sar para a cavidade nasal e fluir pelas narinas. 0 fluxo poderi§.se intensificar quando 0 animal abaixa a cabec;:a,e se 0 conteu- do purulento for bastante flui- do. Em geral, na maioria das vezes, a sinusite manifesta-se unilateralmente, no entanto, quando bilateral, e estiver fluin- do pus por ambas as narinas, 0 quadro c1fnico podera estar re- vestido de muita gravidade. Eventualmente, a comunicac;:ao do seio com a cavidade nasal pode estar obstrufda por mas- sa purulenta grumosa, 0 que Figura 8.14 Fratura do ossa frontal por coice. impedira a observac;:aode fluxo nasal purulento. Nestes casos, e comum a observac;:aode abau- lamentos dos ossos da face, des- truic;:ao 6ssea e fistulizac;:ao do processo para 0 exterior. Rara- mente as sinusites que se cro- nificam evoluem do seio frontal atraves da placa cribiforme e desenvolvem meningoencefa- lite purulenta. . o diagn6stico e baseado principalmente na deformidade da regiao do seio comprometi- do e depende da etiopatogenia, da presenc;:ade fistula, corrimen- to nasal purulento, apatia e som macic;:oa percussao do seio. As sinusites secundarias, na maio- ria das vezes, produzem pus de odor fetido, e pode, ocasional- mente, ser devida a infecc;:6es com germes anaer6bios. Nas si- nusites primarias e importante que se observe se 0 animal nao apresenta sinais de garrotilho ou Figura 8.15 Sinusite maxilar bilateral. infecc;:oesrespirat6ria anterior, ou que estas nao tenham sido con- venientemente tratadas quando se manifestaram no cavalo. Ja nos processos secundarios a le- soes dentarias, 0 animal Iraapre- sentar intensa halitose e altera- c;:oesnos dentes da arcada su- perior (maiar frequ€mcia) princi- palmente no 1° molar, 4° e 3° pre-molares. A percussao dos seios demonstrara sons de tons submacic;:oa macic;:o.As avalia- c;:oesdos seios comprometidos Figura 8.16 Sinusite fronte-nasemaxilar. Figura 8.17 Invasao des seies nasais e paranasais per tumor palpebral. atraves dos Raios-X, possibilitam a avaliac;:aoda gravidade das le- s6es 6sseas, localizac;:ao dos dentes envolvidos e a extensao da infecc;:ao. Raramente os seios apre- sentam comprometimento se- cundario devido a processos circunvizinhos, como tumores localizados na esfera oftalmica, e por hematoma etmoidal. Nas sinusites primarias, sem presenc;:ade fistulas secretoras, a identificac;:aodo microorganis- mo causador da infecc;:aopode- ra ser realizada por colheita de amostras atraves de trajeto 6s- seo preparado par pequena tre- panac;:ao,sendo 0 material cul- tivado em meio aer6bico e anae- r6bico, e realizado 0 antibiogra- ma, que indicara qual antibi6ti- co devera ser utilizado. o tratamento consiste no combate ao agente etiol6gico e a drenagem do conteudo dos seios. A drenagem dos seios sera realizada por trepanac;:ao e lavados com soluc;:oesanti-sep- ticas como permanganato de potassio soluc;:ao 1:3.000 ou iodo-povidine soluc;:aoa 1%. A drenagem e lavagens dos sei- os comprometidos deve ser a- companhadas da antibioticote- rapia sistemica. Infusoes no sei- os, com soluc;:oes de metroni- dazol 0,5% saGmais efetivas no combate aos germes do que as realizadas com os antibi6ticos que podem sofrer interferencias do pH e de materia organica em suspensao, principal mente em cultivos positivos para germes anaer6bios. Nos quadros c1fnicosem que se diagnosticou envolvimento dentario, torna-se necessaria a extra<;:ao dos dentes com pro- metidos, e 0 tratamento com a curetagem do seio e do alveolo correspondente. Nestes casos, a frequencia dos lavados - seio e alveolo - deve ser de no mfni- mo 3 vezes ao dia para que nao ocorra interferencia de restos de alimentos na repara<;:aoda feri- da cirurgica. Nos casos de sinusite cr6- nica, em que as respostas aos tratamentos institufdos forem in- suficientes para debelarem a afec<;:ao, devemos adotar a Figura 8.18 Invasao dos seios nasais e paranasais por tumor palpebral. Figura 8.19 Drenagem de conteudo do seio maxilar. trepana<;:aoou osteotomia com abertura ossea em forma de "flap", para a drenagem do con- teudo e 0 debridamento cirur- gico. Neste tipo de procedimen- to cirurgico, e frequente a ocor- rencia de extensa necrose os- sea, de ostefte e de agravamen- to dos sinais inflamatorios, de- vendo ser utilizado apenas e tao somente em situa<;:oesde extre- ma gravidade. Em qualquer forma de apre- senta<;:ao c1fnica de sinusite, a utiliza<;:aode drogas antiinflama- tori as nao hormonais, alivia os sinais c1fnicos, facilitam a dre- nagem do conteudo purulento dos seios e proporcionam bem estar ao animal. E uma afec<;:ao rara que acomete caval os entre 8 e 1 '2 anos de idade, e caracteriza-se por uma massa neoformada, benigna, de carMer progressi- vo e destrutivo, que se origina da mucosa doturbinado etmoi- dal. 0 hematoma etmoidal po- dera, tambem, se originar no assoalho e na parede dos sei- os maxilar e frontal, e, nestes casos, raramente invadem a ca- vidade nasal. As causas desencadeadoras do processo ainda saD desco- nhecidas. 0 desenvolvimento progressivo do hematoma, que pode ser bilateral, pode causar necrose ossea e invadir 0 seio frontal, seio esfenopalatino, ca- vidade nasal e regiao nasofarin- geana, agravando a quadro c1i- nico do animal. Clinicamente os caval as acometidos par hematoma et- moidal podem apresentar redu- c;ao progressiva da capacidade respirat6ria e epistaxes cr6nica leve, uni au bilateral, que pode ser acompanhada por secrec;ao nasal mucopurulenta. A respira- c;aogeralmente e estertorosa e mais evidente durante a exerci- cia, em razaoe proporcionalmen- te ao grau de obstaculo que 0 hematoma produz ao fluxo de ar. Ocasionalmente a animal apre- sentara concomitantemente aos sinais c1inicos principais, tosse, odor fetido pela narina do lado comprometido, agitac;ao de ca- bec;ae disfagia, sendo esta con- sequente a compressao do pa- lata mole par hematomas extre- mamente grandes. Raramente a hematoma etmoidal desenca- Figura 8.20 Hematoma etmoidal (foto gentilmente cedida pelo Prof. Dr. Stefano Hagen). deia deformidades dos ossos da face, e quando nao ha compro- metimento dos seios, a percus- saG destes apresentara sons narmais. o diagn6stico se baseia na ocorrencia de epistaxes discre- ta e demais sinais c1inicos des- critos, e confirmado por exames endosc6picos e radiogrMicos. 0 exame endosc6pico Ira revelar estrias de sangue na cavidade nasal e sobre a superficie da lesao que pode estar ulcerada. o aspecto macrosc6pico da parede do hematoma e de uma massa capsulada, lisa e de co- lorac;ao que pode variar desde vermelha a verde enegrecida. Histologicamente 0 hemato- ma etmoidal apresenta capsula constituida principal mente por tecido fibroso e epitelio respi- rat6rio, sendo 0 estroma forma- do por extensa rede vascular, tecido fibroso, macr6fagos, ce- lulas gigantes multinucleadas e dep6sitos de hemosiderina. o exame radiogrMico de- monstrara a delimitac;ao e a 10- calizac;aode massade tecido com densidade aumentada, assim como as possiveis implicac;6esde estruturas 6sseas adjacentes. A realizac;6esde exames en- dosc6picos, radiogrMicos e ana- tomopatol6gicos, possibilitam 0 diagn6stico diferencial de afec- c;6es com sinais c1inicos seme- Ihantes, como rinite mic6tica, granuloma fungico, botriomico- se e traumas com fraturas em ossos e seios nasais. o tratamento e preferencial- mente cirurgico e a sua institui- c;ao depende da extensao do hematoma e da presenc;a de le- s6es 6sseas secundarias. Os hematomas pequenos, menores do que 5 centlmetros podem ser ressecados trans-endoscopica- mente com equipamento de raio laser. Por outro lado, nos proces- sos com diametro maiores, 0 acesso cirurgico via "flap" fronto- nasal, e a unica via que possibili- ta a remoc;ao da massa com a raio laser ou por tecnicas de criocirurgia. Outra possibilidade e a ablac;ao quimica do hemato- ma pela via trans-endosc6pica, utilizando-se soluc;ao de formal- deido a 4%, em injec;ao no cen- tro da massa com cateter de polipropileno, contendo agulha retratil. 0 volume total a ser inje- tado depende do tamanho do hematoma. As recorrencias ou recidivas p6s-operat6rias sao frequentes, o que determina a necessidade de acompanhamento do animal com a realizac;ao de exames endosc6picos, pelo menos a cada 6 meses. A fenda palatina e definida como uma ma-formac;ao conge- nita resultante da interrupc;ao da fusao embriol6gica normal das dobras palatinas, que se mani- festam precocemente em po- tros neonatos. A fenda, ou a ausencia de oclusao palatal pode estar pre- sente apenas no terc;o caudal do palato mole, em toda a sua ex- tensao, ou comprometendo tam- bem 0 palato duro, mantendo, dessa forma, uma intercomuni- ca<;ao da cavidade oral com a cavidade nasal. Ocasionalmente o palato mole pode apresentar apenas malforma<;aoda margem caudal, uni ou bilateralmente, pro- porcionando, devido a assimetria que causa, as mesmas manifes- ta<;6esc1fnicasda fenda propria- mente dita. Clinicamente 0 potro ira a- presentar corrimento nasal de leite, durante ou logo ap6s a ma- mada, devido a intercomuni- ca<;aooro-nasal e falta de pres- sac negativa que os movimen- tos de suc<;ao causam na cavi- dade oral durante 0 ato de ma- mar.0 potro podera, ainda, apre- sentar tosse por aspira<;ao de leite e desenvolver secundaria- mente, uma grave pneumonia tipo corpo estranho. Em razao do processo pulmonar concor- rente, a temperatura corporal e as frequencias respirat6ria e cardfaca estarao elevadas; as conjuntivas e mucosas apresen- tar-se-ao hiperemicas e 0 tem- po de perfusao capilar acima de 2 segundos. o diagn6stico pode ser es- tabelecido pela visualiza<;ao da fenda palatina em potros que apresentaram corrimento de leite pelas narinas, durante ou, o que e mais comum, imedia- tamente ap6s 0 ato de mamar. E importante nao se esquecer que potros que mamam em eguas com alta produ<;ao de leite podem apresentar refluxo nasal, sem, contudo aspirarem o leite, ou apresentarem qual- quer ma-forma<;ao do palato. Muito raramente, potros porta- dores de fenda palatina podem apresentar concomitantemen- te desvio de septa nasal e de ossos pre-maxi lares. A observa<;ao da fenda pala- tina podera ser feita pelo exa- Figura 8.21 Fenda palatina. me visual da cavidade por en- doscopia pela via oral ou nasal. Ouando 0 refluxo de leite e con- . sequencia de defeito de confor- ma<;ao da margem aboral do palato mole, 0 exame endosc6- pico permite a observa<;ao da epiglote, a mucosa da prega subepigl6tica e a face ventral do orofaringe, com concomitante aprisionamento da prega arite- noepigl6tica. E sempre conveniente que 0 c1fnico realize um cuidadoso exame dos pulm6es antes de se decidir pelo tratamento, uma vez que a pneumonia por corpo es- tranho podera inviabilizar a re- cupera<;ao do animal. Alguns potros, apesar da fenda palati- na, podem se desenvolver nor- malmente ate a idade adulta, no entanto, sempre serao animais que apresentarao corrimento nasal seroso com restos de ali- mentos, tosse e baixo rendimen- to atletico. Figura 8.22 Corrimento nasal de leite (fenda) - pneumonia por aspirayao. A corre<;:aoda fenda palati- na deve ser tentada preferen- cialmente ja no primeiro dia de idade do animal, realizando-se a palatoplastia. Fendas localiza- das no palato mole saG de difl- cil acesso pela via oral devido a extensao da cavidade e a pe- quena abertura que se conse- gue com a mandfbula. A tecni- ca proposta e a da palatoplastia por transinfisiotomia - acesso com abertura da sinfise mento- niana e do assoalho paralingual - que se constitui em procedi- mento extremamente traumati- co para 0 animal. o progn6stico e reservado, sendo que menos de 50% dos animais com fendas pequenas (palato mole), e, aproximada- mente 20% dos portadores de defeitos palatinos extensos, re- cuperam-se plenamente. Figura 8.23 Correc;ao da fenda palatina - enxerto de tecido biol6gico. 8.10. Deslocamento dorsal do palato mole. o deslocamento do palato mole e descrito como uma das manifesta<;:6es da sindrome da disfun<;:ao faringeana adquirida do cavalo e, pode ser resultante de faringites com hiperplasias linf6ides de graus elevados, neuropatias ou atrofias neuro- genicas da musculatura do pala- to ou secundaria a enfermidades musculares generalizadas, botu- lismo, intoxica<;:6espor chumbo, micose das bolsas guturais e le- s6es no IXo e XO pares de ner- vos cranianos. Tambem saG responsaveis pelo deslocamento dorsal do palato mole nos cavalos, altera- <;:6estais como diametro naso- faringeano diminuido, distancia faringo-epigl6ticareduzida na fisiologia da faringe e da larin- ge, epiglote hipoplasica, redu- <;:aodo tonus da musculatura nasofaringeana e da muscula- tura que controla a movimenta- <;:aodo aparelho hi6ide. A extensao da cabe<;:a em rela<;:aoao angulo do pesco<;:o em cavalos de corrida e um fa- tor mecanico de extrema impor- tan cia no desencadeamento do deslocamento dorsal do palato mole em animais predispostos, por proporcionar 0 posiciona- mento dorsal do palato, com proje<;:ao rostral concomitante da laringe. Nestas circunstan- cias, e devido ao baixo tonus da musculatura do palato, 0 animal ao retornar a cabe<;:aem flexao, possibilita a redu<;:aoda distan- cia faringolaringeana com aco- moda<;:aodo palato mole sobre a epiglote. Outro fator mecani- co comum e a retra<;:aoda lin- gua que ira causar eleva<;:aodo palato mole e proje<;:ao rostral da laringe. Tais fenomenos me- canicos adquirem extrema gra- vidade quando 0 animal encon- tra-se correndo, restringindo a performance ou causando co- lapso respirat6rio ou asfixia. De uma maneira geral em razao das etiopatogenias conhecidas, 0 deslocamento dorsal do palato mole e erroneamente definido apenas como afec<;:aoresultan- te de paresia, paralisia ou alon- gamento do palato mole. o deslocamento dorsal do palato mole pode se manifestar c1inicamente de forma intermi- tente ou persistente. o deslocamento intermiten- te do palato mole pode ocorrer com a abertura da boca, deglu- ti<;:aoem exerdcio, hiperflexao da cabe<;:a,fadiga e excita<;:ao nervosa como causas mais fre- quentes. 0 cavalo reduz a per- formance em treinos e corridas e apresenta ruido respirat6rio caraeteristico e mais intenso na expira<;:ao.O cavalo pode apre- sentar tosse durante os epis6- dios, e nos casos de grave dis- pneia, colapso respirat6rio e cianose, que podera resultar em morte do animal. Ouando 0 deslocamento for persistente, alem do ruido respi- rat6rio, os cavalos tossem com frequencia, especialmente quan- do deglutem, e podem apresen- tar secre<;:aonasal com restos de alimentos. 0 deslocamento per- sistente possibilita tambem a ocorrencia de falsa via aos ali- mentos e predispoe a instala- <;:13.0de pneumonias graves que podem ser fatais. Outros fatores podem ser os principais responsaveis pelo deslocamento dorsal do palato mole, alem dos ja referidos, como: a hipoplasia da epiglote, a estenose cicatricial do ostio faringeano, 0 aprisionamento da epiglote, 0 cisto subepiglo- tico, a hemiplegia laringea, as anormalidades anatomicas congenitas do orofaringeo, as afec<;:oesdas bolsas guturais e as sequelas de cirurgias da fa- ringe e laringe. o diagnostico e baseado nos sinais e caraeteristicas clinicas do processo, entretanto, deve- se destacar que situa<;:oescomo intolerancia ao exerdcio, perda ou redu<;:13.oda performance, rui- do respiratorio devido a vibra- <;:13.0do palato mole, tosse, dis- fagia, corrimento nasal bilateral e manifesta<;:oesde asfixia tem- poraria em cavalos de corrida, SaD sinais extremamente impar- tantes para a elabora<;:13.odiag- nostica. A maioria dos cavalos com deslocamento dorsal do palato, apresentam-se normais quando est13.oem repouso, sen- do par esta raz13.ofundamental que 0 exame c1inico seja tam- bem realizado com 0 animal sob exerdcio moderado. o diagnostico definitivo e formalizado pelo exame endos- copico, que nos casos de des- locamento dorsal persistente, devido a sobreposi<;:13.odo pa- lato mole, n13.Otorna possivel a visualiza<;:13.oda epiglote. Esta situa<;:13.opode ser caraeteriza- da como decorrente de aprisi- onamento da epiglote por des- locamento dorsal do palato mole. Em casos de desloca- mento intermitente, 0 exame endoscopico devera ser reali- zado em esteiras de alta per- formance ou imediatamente Figura 8.24 Aprisionamento da epiglote por deslocamento do palato mole. Figura 8.25 Deslocamento dorsal do palata mole - Raios-X. ap6s 0 exerdcio moderado. A endoscopia permite, tambem, 0 diagn6stico diferencial com ou- tras afecc;:6es respirat6rias ou processos fari ngolari ngeanos concomitantes. 0 deslocamen- to dorsal persistente do palato mole e a hipoplasia da epiglote podem ser avaliados por radio- grafia lateral da laringe. o tratamento do desloca- mento dorsal intermitente do palato mole podera ser conser- vador ou associado ao trata- mento cirurgico. 0 tratamento conservador consiste na admi- nistrac;:aode antiinflamat6rios e anti-septicos oro-faringeanos atraves de nebulizac;:6esrealiza- das '2 vezes ao dia, ou direta- mente na cavidade oral. Devido a mecanica fisiopatol6gica do deslocamento -retrac;:ao da lIn- gua e deslocamento rostral da laringe-, a "amarrac;:ao" da lIn- gua com tiras de'couro ou teci- do, no espac;:o interdental da mandfbula, utilizada em alguns centros hfpicos, pode prevenir 0 deslocamento intermitente em cavalos durante as corridas. Frente ao insucesso destes pro- cedimentos, ou frente a deslo- camentos persistentes, reco- menda-se a miedomia do gru- po esternotirohiofdeo e/ou a estafiledomia (ressecc;:ao da borda livre do palato mole) ou 0 aumento artificial da epiglote por injec;:aode teflon nos casos de hipoplasia da epiglote. o progn6stico em casos de deslocamento dorsal do palato mole seja ele de que origem for, sempre devera ser reservado. 8.11. Aprisionamento da epiglote. Considerada tambem como uma das manifestac;:6esda sfn- drome da disfunc;:ao faringeana adquirida, 0 aprisionamento da epiglote e caraderizado par fixa- c;:aoda epiglote pela prega glos- soepigl6tica (tecido subepigl6- tico) e prega aritenoepigl6tica que recobre 0 apice, margens laterais e parte da superffcie dorsal da epiglote. A mucosa que constituf a prega glossoepigl6tica continua dorsalmente para formar a prega aritenoepig 16tico. Assim como as demais afec- c;:6escomponentes da sfndrome .de disfunc;:ao faringeana adqui- rida,0 aprisionamento da epiglo- te pode ocorrer em situac;:6esde processos inflamat6rios farin- geanos e laringeanos inesped- ficos, em cistos subepigl6tico, deformidades das cartilagens e hipoplasia congenita da epiglo- te, e podem ser considerados os mais importantes fatores de predisposic;:ao.Ocasionalmente o aprisionamento da epiglote podera tambem ocorrer conco- mitantemente ao deslocamen- to dorsal do palato mole e em potros com fenda palatina, des- de 0 primeiro dia de vida. Clinicamente 0 aprisiona- mento da epiglote se caraderi- za por intolerancia ao exerdcio, rufdo respirat6rio anormal audf- vel tanto na inspirac;:aoquanto na expirac;:ao,tosse cr6nica princi- palmente durante alimentac;:ao ou 0 exerdcio, e, ocasionalmen- te, sinais de obstruc;:aoaguda da laringe. Os sinais c1fnicos saG mais brandos ou 0 cavalo se tor- na assintomatico em repouso, sendo que e muito raro nao ocor- rerem manifestac;:6esclfnicas du- Figura 8.26 Aprisionamento da epiglote (foto gentilmente cedida pelo Prof. Dr. Stefano Hagen). rante 0 exercicio, Nestas situa- c;:6es,0 que chama a atenc;:aoe apenas a reduc;:aoda performan- ce atletica ou a intolerancia ao trabalho manifestar-se somente ao exercicio forc;:ado, o diagn6stico definitivo e rea- lizado atraves do exame endos- c6pico que Ira revelar 0 aprisio- namento da epiglote acompanha- do, algumas vezes, por outras al- terac;:6escomo 0 deslocamento dorsal do palato mole, a fenda palatina, as deformidades carti- lagineas, devido principalmente a condromas, 0 cisto subepigl6- tica,o desvio lateral da epiglote e 0 deslocamento rostral do arco palatofaringeo. A imagem endosc6pica mostrara a epi- glote completamente ou parcial- mente recoberta pela prega aritenoepigl6tica, que, em casos cr6nicos, podera estar ulcerada ou com reac;:6es granuloma- tosas em sua margem, Assim como 0 deslocamen- to dorsal do palato mole, 0 apri- sionamento da epiglote pode ser intermitenteou perman en- te, necessitando, quando for in- termitente, a r~alizac;:aode exa- mes endosc6picos sequenciais em repouso, durante a alimen- tac;:aoe em exercicio (esteira), para que possa ser confirmado, Exames radiograficos podem auxiliar na caracterizac;:ao do aprisionamento e na avaliac;:ao da epiglote como fator de pre- disposic;:ao ao processo, Epi- glotes com menos de 7,5 centi- metros de comprimento devem ser consideradas hipoplasica e passiveis de serem aprisionadas pelos tecidos subepigl6tico e pela prega aritenoepigl6tica, Desde que a causa do aprisio- namento epigl6tico nao seja por anomalias congenitas das car- tilagens, ou afecc;:6es associa- das, casos intermitentes e re- centes de aprisionamento, res- pondem satisfatoriamente se 0 cavalo for mantido em repouso durante 15 dias e tratado com anti-septicos orais e antiinfla- mat6rios sistemicos. Os casos persistentes ou com graves re- percuss6es respirat6rias podem ser tratados cirurgicamente, pe- la secc;:ao da membrana apri- sionante ao longo de sua linha media, com bisturi curvo, eletro- cirurgia trans-endosc6pica ou a raio laser, Outra opc;:aocirurgi- ca consiste na ressecc;:ao da prega aritenoepigl6tica atraves da laringotomia ventral. o progn6stico devera sem- pre ser considerado como re- servado, salientando-se as dife- rentes etiologias desencadea- doras do aprisionamento epigl6- tico, Cerca de 20% dos animais operados por secc;:ao das pre- ga aritenoepigl6tica pode apre- sentar deslocamento dorsal in- termitente do palato mole como sequela p6s-operat6ria, 8.12. Hemiplegia da laringe (cavalo roncador). A hemiplegia da laringe, tam- bem denominada de paralisia da laringe ou ruido laringeo recor- rente, e considerada uma das afecc;:6es mais frequentes que afetam as vias respirat6rias su- periores, principal mente em ca- valos de corrida entre 2 e 3 anos de idade. A hemiplegia da laringe aco- mete cavalos caraderizando-se por reduc;:aoda performance, in- tolerancia ao exercicio e ruido respirat6rio anormal, A carac- terizac;:aodeste quadro e seme- Ihante a das afecc;:6es da sin- drome da disfunc;:aofaringeana adquirida, devido a similarida- de etiopatogenica e clinica, com 0 deslocamento dorsal do palato mole, 0 aprisionamento da epiglote, 0 aprisionamento em aduc;:ao das cartilagens ariten6ides pelo arco palato- faringeano, e a condrite das cartilagens ariten6ides. A paralisia da laringe e con- sequente de uma axoniopatia distal do nervo laringeo recorren- te, responsavel pelo estrmulo necessario para a contrac;:aoda musculatura intrinseca da larin- ge, em particular do musculo cricoariten6ideo dorsal, respon- savel pela abduc;:aoda cartilagem ariten6ide, Consequentemente, 0 processo Ira resultar em atrofia neurogenica dos musculos en- volvidos, sendo que em 95% dos casos ela pode ser parcial ou completa no lado esquerdo da laringe, levando a alterac;:6esna movimentac;:ao (aduc;:ao e ab- duc;:ao)da cartilagem ariten6ide, Les6es a direita ou bilateralmen- te sao raras, e podem ocorrer devido a afecc;:aono sistema ner- voso central, ou etiologias de ori- gem sistemica, As causas mais comuns de hemiplegia da laringe sac as se- quelas de garrotilho, principal- mente quando ha linfadenopatia ou empiema de bolsas guturais; inflamac;:oes perivasculares jun- to a regiao da faringe e laringe; micose das bolsas guturais; abscessos perineurais recorren- tes; neoplasias do pescoc;:o; le- soes decorrentes de laringo- tomia; esofagostomia e cirurgias reparadoras da traqueia. Pode tambem causar paralisia larfn- gea: 0 saturnismo; os envene- namentos por plantas e organo- Figura 8.27 Aduyao e abduyao das cartilagens ariten6ides na paralisia laringea de grau IV. Figura 8.28 Atrofia neurogenica experimental do m. cricoariten6ideo dorsal esquerdo. fosforados; as toxinas virais e bacterianas; as deficiencias de tiamina; as lesoes traumaticas neurais ou perineurais do n. la- rfngeo recorrente, e as lesoes inflamatorias produzidas por aplicac;:ao de drogas irritantes adjacentes ao n. larfngeo recor- rente. Esta ultima causa tem adquirido significado importan- te quando as aplicac;:oes intra- museu lares no pescoc;:o(proxi- ma a veia jugular), ou intrave- nosa, sac realizadas com impe- rfcia e inabilidade, quando a agulha transfixa a veia e atinge a regiao dorsolateral da traqueia. Drogas como 0 eter gliceril-gua- iacol, a fenilbutazona e comple- xos vitamfnicos oleosos (de uso intravenoso) sac extremamen- te irritantes quando injetados fora da veia. A hemiplegia laringeana po- de ser observada sob tres for- mas: hemiparesia, sem sinais c1fnicos evidentes, hemiparesia com sinais c1fnicos e hemiple- gia caracterfstica. A forma sub- c1fnica possui, alta prevalencia podendo ser um achado endos- copico em 77% dos animais de corrida e que anteriormente nao possufam historico de dispneia ou de rufdo respiratorio. Ja a for- ma c1fnicapode acometer entre 3 a 9% dos cavalos atletas. Clinicamente, 0 cavalo por- tador de hemiplegia larfngea apresenta baixa performance, intolerancia ao exercfcio e ruf- do respiratorio anormal carac- terizado como chiado ou ronco, razao porque estes cavalos eram chamados de "chiadores" ou "roncadores". 0 rufdo larfn- geo, audfvel em cavalos afeta- dos, constitui apenas a turbulEm- cia do ar causada pela posi<;ao axial e falta de abdu<;ao da car- tilagem ariten6ide durante a res- pira<;ao,causando um obstacu- 10 mecanico, e for<;ando a pas- sagem do ar pelo ventrfculo ou saculo lateral, que funcionam nestas condi<;6es como res- sonadores. Podera haver tam- bem a vibra<;ao anormal das cordas vocais. o rufdo respirat6rio e audfvel tanto na inspira<;ao como na expira<;ao, porem e muito mais acentuado durante a inspira<;ao e em exercfcios ou trabalhos for- <;ados.Cavalos com hemiplegia larfngea apresentam grande di- ficuldade respirat6ria que pode ser progressivaou se instalaragu- damente, e desenvolvem mais ra- pidamente sinais de hip6xia, hi- percapneia e acidose metab6- lica,principalmente quando estao comprometidos ambos os neNOS recorrentes. Nos graus mais se- veros de hemiplegia, os cavalos velocistas poderao apresentar co- lapso respirat6rio em razao da in- trusao axial, da prega aritenoe- pigl6tica, da cartilagem ariten6ide paralisada e da corda vocal cor- respondente, em razao da alta tensao de inspira<;aorealizada. o diagn6stico e facil de ser elaborado dadas as caracterfs- ticas da afec<;ao. 0 animal deve ser avaliado durante 0 repouso, em exercfcio, e ap6s este. Com o animal em repouso, 0 rufdo respirat6rio raramente e audfvel quando a hemiplegia for unila- teral e de graus discretos. 0 ruf- do pode ser exacerbado golpe- ando-se 0 t6rax do animal com o punho, 0 que produziria inspi- ra<;aofor<;ada e acentua<;ao da caracterfstica do som. 0 mes- mo efeito pode ser conseguido com palmadas aplicadas na re- giao do masseter. Ainda com 0 cavalo em repouso, sons inspi- rat6rios ruidosos ou sibilantes podem ser acentuados empre- gando-se uma tecnica em par- ticular: um dos lados da laringe e seguro com os dedos e a pal- ma de uma das maos estendi- da, enquanto as extremidades dos dedos da outra mao exer- cem pressao para dentro, aci- ma da laringe, do lado oposto. Desta forma, produzir-se-a um som esten6tico, estertoroso, de- rivado da hemiplegia larfngea durante a inspira<;ao, porque e durante esta fase que 0 aumen- to da pressao negativa no inte- rior da laringe, causa um obsta- culo mecanico da ariten6ide, re- sultando em maior estreitamen- to do lumen laringeano. Alem desses sinais, e possfvel a pal- pac;ao digital do processo mus- cular do m.cricoaritenofdeo dor- sal, em razao da atrofia do mus- culo nas hemiplegias de graus mais severos. o exame do cavalo em exer- dcio deve ser realizado com precauc;ao, uma vez que, na de- pendenciada gravidade da pa- ralisia e da intensidade do exer- cfcio, 0 animal podera apresen- tar hipoventilac;ao, cianose, aci- dose e colapso cardiorrespira- t6rio. Com este quadro c1fnico, o cavalo apresentara intoleran- cia ao exerdcio e 0 rufdo inspi- rat6rio sera audfvel mesmo a distancia. Ap6s 0 exercfcio, na medida que 0 animal regulariza a frequencia e amplitude da res- pirac;ao, a tendencia e de redu- c;aogradativa do rufdo e do des- conforto a inspirac;ao. o exame endosc6pico pode ser realizado em repouso, em exercfcio (esteira) ou imediata- mente ap6s 0 exercfcio em pis- ta, possibilitando a avaliac;aodos movimentos de aduc;ao e ab- duc;ao das cartilagens ariten6i- des bem como de sua sincro- nia. Na paralisia unilateral, e evi- dente a assimetria da ariten6ide comprometida na fase de ab- duc;ao,demonstrando que ela se constitui no principal obstaculo mecanico a passagem do ar. Endoscopicamente a hemi- plegia larfngea pode ser c1assi- ficada em 4 graus, conforme 0 comprometimento da motrici- dade da cartilagem ariten6ide, a saber: Grau I. Abduc;aoe aduc;aocom- pletas e sincronizadas das cartilagens arite- n6ides, com discreta assimetria. Grau II. Movimento assimetrico evidente da cartilagem ariten6ide comprome- tida durante todas as fases da respirac;ao. Ocorre abduc;ao com- pleta ao estimular-se a deglutic;ao ou ao reali- zar-se a oclusao nasal. Grau III. Movimento assimetrico da cartilagem ariten6i- de comprometida du- rante todas as fases da respirac;ao, nao se ob- tendo abduc;ao com- pleta mesmo ao se es- timular a deglutic;ao ou se realizar a oclusao nasal. Grau IV. Paralisia completa da cartilagem ariten6ide Figura 8.29 Hemiplegia laringea de grau I. (Ieve assimetria da cartilagem aritenoide esquerda) HE\lIPLEGI.\ ES )L'ERO\ Figura 8.30 Hemiplegia laringea de grau IV. (severa assimetria da cartilagem aritenoide esquerda) esquerda, mesmo ao se estimular a deglutic;ao ou se realizar a oclusao das narinas, Durante a realizac;aodo exa- me endosc6pico com 0 cavalo em repouso, e possivel avaliar- se 0 grau de comprometimento motor da cartilagem ariten6ide, aplicando-se sobre 0 gradil cos- tal direito e esquerdo, golpes de intensidade media com a mao fechada "slap test", Este teste de estimulac;ao proporciona uma resposta motora da laringe per- mitindo a visualizac;ao e avalia- c;aodos movimentos de abduc;ao e aduc;ao. o tratamento pode ser con- servador e cirurgico, Conserva- dor quando 0 cavalo e precoce- mente atendido, e e portador de enfermidades como 0 garrotilho, podendo a antibioticoterapia espedfica produzir melhora do quadro c1inico, A utilizac;ao de drogas estimuladoras do sis- tema nervoso ou reparadoras neuronais (gangliosideos) ate 0 presente, nao demonstrou re- sultados efetivos que justificas- sem a sua utilizac;ao, alem do alto custo em que se reveste este tipo de tratamento. Quan- to ao tratamento cirurgico, inu- meras saG as tecnicas propos- tas para a resoluc;ao do ruido e da asfixia, entretanto, nenhuma delas e capaz de reparar defini- tivamente as func;6es normais da laringe, A tecnica menos complexa, e que em situac;6es de emergencia respirat6ria po- de salvar a vida do cavalo e a traqueotomia ou traqueostomia com aplicac;:aodo traqueotubo. Muitos cavalos podem realizar algum tipo de trabalho respiran- do atraves do traqueotubo, po- rem com 0 inconveniente de ins- pirarem ar sem previo aqueci- mento, alem do risco que cor- rem de desenvolverem afecc;:6es pulmonares por inalac;:aode par- t1culas de carpos estranhos. Em cavalos portadores de grau Ide hemiplegia larfngea,com rufdo inspirat6rio discreto, e que nao apresentam perda de perior- mance atletica, a cordedomia realizada atraves de equipamen- to de raios laser ou atraves da laringotomia, tem eliminado con- venientemente 0 desconforto que causa ao proprietario do animal, o rufdo respirat6rio anormal. Dentre as tecnicas cirurgicas propostas para a correc;:ao de paralisias acima de grau I, a ven- triculedomia, tambem denomi- nada de saculeetomia, se cons- tituf na tecnica mais antiga utili- zada para 0 tratamento da he- miplegia laringeana, sendo que, atualmente, tem side associada a laringoplastia (aritenopexia) tambem denominada de pr6tese do musculo abdutor. A associa- c;:aodas tecnicas de aritenopexia com a ventriculedomia tem pro- porcionado os melhores resulta- dos reparativos quanto a elimi- nac;:aodo rufdo respirat6rio e a recuperac;:ao da performance atletica do cavalo. o cirurgiao podera ainda op- tar pela aritenoidedomia parcial, subtotal ou total associada ou nao a ventriculedomia, da res- secc;:aodo processo corniculado associada ou nao a cordec- tomia, e, final mente, utilizar as tecnicas de reinervac;:ao da la- ringe por transposic;:ao de ner- vo, com ou sem 0 seu pedfculo muscular, para sobre 0 muscu- 10 cricoariten6ideo dorsal atro- fiado. Entretanto, em vista da Figura 8.31 Cordas vocais e ventrfculos laringeos - vista endosc6pica. Figura 8.32 Endoscopia da laringe p6s-resse<;:aodo processo corniculado esquerdo. atrofia irreversivel do musculo cricoaritenoideo dorsal que ocor- re nos casos de graus elevados de paralisia e de processos anti- gos, as tecnicas de reinervac;:ao nao proporcionam resultados sa- tisfatorios. Convem salientarmos que os melhores resultados que poderao ser obtidos com a utili- zac;:aodas varias tecnicas pro- postas, so ocasionalmente ultra- passam os 70% de recuperac;:ao total por longo tempo, manten- do-se comumente na media de 30% a 50%. o prognostico sobre a per- formance atletica do cavalo sub- metido a qualquer das tecnicas de tratamento da hemiplegia laringea, devera sempre ser considerado reservado, devido ao comprometimento do rendi- mento pleno do animal que po- dera ocorrer. A condrite ariten6ide e uma afecc;:aodo trato respiratorio an- terior, componente da sindrome de disfunc;:aorespiratoria adqui- rida, que pode acomete animais de todas as rac;:ase ambos os sexos e diferentes idades. Ca- valos em fase de treinamento ou em plena atividade atletica de- monstram mais precocemente os sinais da enfermidade. A condrite acomete a carti- lagem aritenoide e 0 processo corniculado, podendo ser uni ou bilateral. As alterac;:6es que ocorrem nas cartilagens sao progressivas levando a defor- mac;:6esuni ou bilateral da car- tilagem com consequente oclu- san do lumen da laringe, promo- vendo ruidos respiratorios ao exerdcio, semelhantes aos au- diveis na paralisia do n. laringeo recorrente. A etiologia desta doenc;:aain- da nao e bem definida, entre- tanto, situac;:6es como passa- gens de sonda nasogastrica, entubac;:ao endotraqueal e a in- gestao de corpos estranhos co- mo rac;:6esfareladas e particu- las de cama de baias podem predispor a afecc;:ao. Cavalos com neuropatia laringeana re- corrente de grau severo podem estar predispostos a condrite em razao do contato anormal da cartilagem aritenoide paralisada com a normal, produzindo lesao da mucosa, desenvolvimento de processo inflamatorio, e, ocasio- nalmente, invasao bacteriana. Ainda como agentes desenca- deadores da condrite da carti- lagem aritenoide, podemos ci- tar as infecc;:6esde origem viral ou bacteriana que podem de- sencadear res posta tecidual que proporcione a substituic;:ao da cartilagem hialina por tecido Figura 8.33 Condrite ariten6ide supurativa. de granulac;:aocom intenso infil- trado inflamatorio (neutrofilos, linf6citos, e macrofagos) e espessamento do corpo da car- tilagem aritenoide. Nas condri- tes decorrentes de les6es trau- maticas da cartilagem ou prima- riamente causadas por infec- c;:6esbacterianas podera haver a fistulizac;:ao para 0 lumen da faringe ou ao lumen da traqueia, no comprometimento do corpo da aritenoide. Nas fases iniciais, a condrite aritenoidepode nao manifestar sinais respirat6rios evidentes, porem, havera perda de perfor- mance ou intolerancia ao exer- dcio, na medida em que for ocorrendo 0 espessamento da cartilagem. Com a evoluc;:aoda afecc;:ao,0 cavalo podera apre- sentar grave dispneia, especial- mente quando 0 processo aco- meter ambas as cartilagens Figura 8.34 Fibroma da ariten6ide e cisto epigl6tico. aritenoide. 0 ruido respiratorio, que pode ser estertoroso, e cau- sado pela passagem do ar no lumen da laringe que se encon- tra reduzido devido ao espes- samento da cartilagem. o exame c1inicodeve ser rea- lizado utilizando-se dos mesmos procedimentos adotados para 0 exame da hemiplegia laringeana, em razao dos sinais comuns pre- sentes na condrite da aritenoide, como intolerancia ao exerdcio, ruido respiratorio, reduc;:ao da performance atletica e dispneia. Deve-se proceder a palpac;:ao externa da laringe, radiografias e a laringoscopia. A palpac;:aoexterna da larin- ge pode revelar aumento de volume da regiao com endure- cimento e reduc;:aoda elastici- dade das estruturas cartilagino- sas. A compressao da laringe pode desencadear tosse ou 0 ruido respiratorio. o exame radiografico pode demonstrar aumento da dens i- dade, mineralizac;:ao por meta- plasia das cartilagens, contorno ou tamanho anormal dos pro- cessos corniculados e oblite- rac;:aodo ventriculo laringeo. E importante observar que cava- los idosos ou que ja ten ham side submetidos a laringotomia po- dem apresentar mineralizac;:ao das cartilagens da laringe. o exame endoscopico permi- te estabelecer 0 diagnostico de- finitivo, onde podemos constatar: • Reduc;:aodo lumen da laringe. • Espessamento e a deformi- dade da cartilagem aritenoi- de e do processo corniculado. • Projec;:aoda prega aritenoe- piglotica e do arco palato faringeo. • Presenc;:a de les6es ulce- rativas da mucosa. • Presenc;:a de tecido de gra- nulac;:ao. • Ocorrencia de fistulizac;:ao. Nesta fase do exame endos- copico e possivel a realizac;:aodo diagnostico diferencial com a hemiplegia da laringe, 0 deslo- camento dorsal do palato mole, o aprisionamento da epiglote, 0 fibroma da laringe e os cistos epiglotico e subepigl6tico, Os cavalos que apresentam colapso respiratorio severo, pre- ferencialmente nao devem ser submetidos ao exame endosco- pico em exerdcio, devido ao alto risco de asfixia. o tratamento, nas fases ini- ciais, e nos processos com en- volvimento bacteriano, pode ser conservativo, instituindo-se apli- cac;:6esde antiinflamat6rios nao esteroidais e antibioticoterapia de amplo espectro. Infus5es farin- golaringeanas com soluc;:6esanti- septicas com c1orexidina,3 vezes ao dia,auxiliama recuperac;:aodas les5es. Nas condrites de maior gravidade somente a aritenoidec- tomia subtotal ou total pode res- taurar, mesmo que parcialmente, o diametro da rima da laringe. o progn6stico deve sempre ser considerado como reserva- do, uma vez que a capacidade atletica estara comprometida; assim como cavalos que foram tratados cirurgicamente pode- rao apresentar disfagia e dis- pneia persistente. 8.14. Doen~a pulmonar obstrutiva cr6nica (D.P.O.C.)/Obstru~ao aerea recorrente. E uma afecc;:aorelativamen- te frequente em cavalos de cor- rida produzindo reduc;:aoda per- formance, intolerancia ao exer- dcio, dispneia expiratoria, tosse e perda de peso nos casos cr6- nicos mais graves. Sao muitos os sin6nimos pelos quais a D.P.O.C.e con he- cida, entre eles citamos: enfi- sema cr6nico, bronquite cr6ni- ca, bronquiolite cr6nica e obs- truc;:aode fluxo de ar recorren- te. Atualmente a D.PO.C. rece- be a denominac;:ao de Obstru- c;:aoAerea Recorrente, em ani- mais com mais de 5 anos de idade, e Enfermidade Inflamato- ria da Respirac;:ao para cavalos jovens de 2 a 3 anos. Muito embora a afecc;:ao possa ser identificada at raves de procedi- mentos c1inicos e laboratoriais especiais, a sua etiopatogenia nao se encontra ainda comple- tamente esclarecida, assim como os sinais c1inicos podem apresentar variac;:5esem termos de tipos de manifestac;:5es e de intensidade com que se mani- festam. A D.PO.C. pode ser conse- quente a process os pulmonares primarios desencadeadores de bronquite e bronquiolite, por ma- nifestac;:5esalergicas tipo asma- tica, poeira ou substancias aler- genas em suspensao no ar. Tal fato pode ser observado pela alta prevalencia do processo em cavalos estabulados em baias mal-ventiladas. As camas de serragem ou de maravalha, ra- <;:6esfareladas e fenos secos, facilmente eliminam partrculas que ficam em suspensao no ar e saG inaladas pelo cavalo, constituindo-se em fator irritan- te e antigenico importante no desencadeamento da afec<;:ao. Nesta situa<;:ao ambiental, saG mais predispostos os cavalos mantidos em manejo extensivo, exclusivamente a pasto, e que' repenti namente saG estabu- lados e alimentados com fenos e concentrados, principal mente sob a forma de farelos. Muitos outros fatores etiol6- gicos saGtambem responsabili- zados pelo desencadeamento da D.P.O.C.como os vrrus,principal- mente da influenza equina; bac- terias como 0 Streptococcus zooepidemicus, Corynebac- terium equi e Bordetella bron- chis eptica; parasitas com cicio pulmonar, Dictyocaulus arnfield (fase larvaria 4) e Parascaris equorum; fungos como 0 Asper- gillus fumigatus, Aspergillus niger, Alternaria, Penicillium e Riffizopus sp, produzindo pneu- monite alergica por rea<;:aode hipersensibilidade. Podem tam- bem ser encontrados baderias da ordem dos Actinomycetales como 0 Microspolyspora faeni e Thermoactinomyces vulgaris. Esta enfermidade acomete principal mente cavalos em tor- no dos 5 anos de idade, poden- do, no entanto, manifestar-se em cavalos com 2 a 3 anos quando iniciam as temporadas hrpicas. A D.P.O.C.produz hipoxemia, decrescimo da com placencia e aumento da resistencia pulmo- nar com baixa troca gasosa, compatrveis com quadro de obs- tru<;:aodifusa do fluxo de ar. 0 processo inflamat6rio que se Figura 8.35 Dictyocaulus arnfield. instala, com produ<;:aode tam- p6es de muco, restos celulares e exsudato, associ ado ao bron- coespasmo decorrente da a<;:ao de mediadores qurmicos e esti- mula<;:ao de receptores alfa- adrenergicos, determina a ma- nifesta<;:ao e a intensidade dos sinais c1rnicos da doen<;:a. o quadro c1rnicose carade- rizapar dispneia, hiperpneia, pou- ca tolerancia ao exerdcio e ex- pira<;:aoforc;ada. 0 aumento da frequencia respirat6ria durante 0 repouso e a primeira manifesta- <;:aoc1rnica aparente da bron- quiolite e em alguns casos do en- fisema pulmonar, associ ado a uma dificuldade na expirac;ao que se processa em dois tem- pos, devida a dilata<;:ao,perda de elasticidade, obstru<;:ao e final- mente ruptura dos alveolos, con- sequencias estas devidas a obs- truc;aodo fluxo de ar causada por tamp6es mucosos, restos celu- lares e espasmos da muscula- tura lisa dos br6nquios. As ve- zes, os equinos podem apresen- tar corrimento seroso ou sero- mucoso proveniente dos pul- m6es, ou mesmo, corrimento sera-mucoso sanguinolento em virtude de rompimento de vasos alveolares. Nos casos graves, as narinas encontram-se dilatadas e 0 ab- domen pode apresentar uma li- nha muscular de esfor<;:oque se dirige da fossa paralombar para a por<;:aocranio-ventral, ate 0 esterno. Tosse curta e fraca pode es- tar presente, pronunciando-se e adquirindo caracter(sticas de si- bilo com 0 exercfcio. a quadro pode ainda ser estimulado ao se fazer 0 animal entrar em contato com ambiente empoeirado, ar frio e umido e alimento farelado seco. a diagn6stico da D.pa.c. se baseia exclusivamente na ma- nifesta<;:aoc1inicacaracteristica, devendo-se sempre descartar a possibilidade de afec<;:aorespi- ratoria aguda. a exame c1inico deve ainda constar de criterio- Figura 8.36 Cateter nasotraqueal de
Compartilhar