Buscar

Enfermidades dos Cavalos - Cap. 8

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

08
Afec90es do Aparelho Respirat6rio
8.1. Anatomia e fisiologia -
considera~oesgerais.
o aparelho respirat6rio nos
animais e tradicionalmente di-
vidido em trato respirat6rio su-
perior e trato respirat6rio infe-
rior, muito embora as especies
quadrupedes, principalmente as
equideos, possuam praticamen-
te todos as componentes des-
te sistema em posi<;ao horizon-
tal com rela<;aoao eixo longitu-
dinal do corpo, razao pela qual
pode-se denominar estas re-
gi6es como via respirat6ria an-
terior e via respirat6ria posterior.
A principal fun<;ao do apare-
Iho respirat6rio consiste em for-
necer oxigenio (02) aos tecidos,
transportando-o pelas hemacias
e de eliminar a di6xido de car-
bona, um dos produtos final do
metabolismo das celulas. Neste
sentido, podemos considerar a
oxigenio como elemento extre-
mamente vital para a organismo.
o aparelho respirat6rio e tam-
bem responsavel pela regula<;ao
da temperatura corporal, elimi-
nando ar aquecido, alem da eli-
mina<;aoau perda de liquidos, e
pela emissao dos sons caracte-
risticos da especie.
o aparelho respirat6rio e com-
posta pelas fossas nasais, ossos
nasais, faringe, laringe, traqueia,
bronquios,bronquiolos e pulm6es.
As fossas nasais sao protegi-
das pelas narinas, que no cavalo
sao muito flexiveis e capazes de
grandes dilata<;6es,facilitando a
entrada e saida de maiores quan-
tidades de ar.A cavidade nasal e
dividida em duas metades sime-
tricas pelo septa mediano e pelo
ossa vomer. A maior parte do es-
pa<;o das cavidades nasais e
constituida pelas conchas nasais
au ossos turbinados a saber: con-
cha ventral, que forma a meato
ventral; concha dorsal, que em
conjunto com a concha ventral
delimita a meato media. As fos-
sas nasais sao recobertas par
uma mucosa altamente irrigada
e capaz de aquecer a ar inspira-
do; continuam entre as cornetos
au a regiao turbinada que possui
comunica<;ao aos seios parana-
sais e frontais, como a 6stio naso-
maxilar.Posteriormente, as fossas
nasais terminam nas coanas, e a
laringe se abre sabre a veu pala-
tina, au palata mole, na cavidade
orofaringea, e espa<;o glossoe-
pigl6tico que e uma regiao co-
mum para a aparelho respirat6-
ria e digest6rio.
A laringe e uma estrutura ir-
regular, curta composta par tres
cartilagens impares (cric6ide, ti-
re6ide e epiglote) e tres cartila-
gens pares (ariten6ide, cornicu-
lada e cuneiforme), as quais sao
movimentadas pelosmusculos in-
trinsecos da laringe (m. cricoti-
re6ideo,mm.cricoaritenoideo dor-
sal e lateral, m. aritenoideo trans-
versa, m, t1reoaritenoideo, m. t1-
reoaritenoideo acess6rio e m.ten-
sor do ventriculo lateral). Dorsal-
mente temos a regiao faringo-
esofagica. Oralmente a laringe se
abre na faringe atraves da epi-
glote e se constitui em uma val-
vula com tres fun<;6es principais:
1. arco palatofarfngeo; 2. cartilagem cric6ide; 3. es6fago; 4. carti-
lagem ariten6ide; 5. corda vocal; 6. abertura do ventrfculo larfngeo;
7.cartilagem tir6ide; 8. regiao da base da lingua; 9. prega glossoepi-
gl6tica; 10. palato mole; 11. epiglote; 12. prega aritenoepigl6tica;
13. cartilagem corniculada.
1. Prevenir a aspirac;:ao de ali-
mentos s61idos e Ifquidos
para 0 interior dos pulmoes.
2. Regular 0 volume de ar que
se destina aos pulmoes e
destes para 0 exterior.
3. 6rgao sede da vocalizac;:ao.
A epiglote e uma das carti-
lagens que formam a arquite-
tura larfngea e que impede a
passagem do ar quando os ali-
mentos sac deglutidos. Na la-
ringe e que estao situadas as
cordas vocais, responsaveis pe-
la vocaliza<;ao; em numero de
duas, vibram quando 0 ar e ex-
pirado com certa intensida-
de e ritmo. Ocasionalmente po-
de ocorrer a paralisia do nervo
larfngeo recorrente, e 0 cavalo
torna-se incapaz de controlar
as cordas vocais que vibram
produzindo 0 rufdo larfngeo re-
corrente.
A traqueia e um tubo grosso
com cerca de 70 a 80 cm de
comprimento e 5,5 cm de dia-
metro no plano transversal e 5,0
cm de diametro no plano sagital,
e e formada par 48 a 60 aneis
cartilaginosos ligados par um te-
cido conjuntivo e recoberta inter-
namente por tecido mucoso. A
traqueia se inicia na regiao mais
anterior do pesco<;o,unindo a la-
ringe aos pulm6es no ponto
onde se bifurca em nfvel do 5°
ou 6° espa<;o intercostal para
formar os bronquios principais,
direito e esquerdos, tornando a
bifurcar-se para formar os bron-
quios lobares, bronquios seg-
mentares caudais e craniais,
bronquios segmentares dorsais
e ventrais e, no pulmao direito 0
bronquio lobar acessorio. Os
bronquios segmentares dividem-
se em bronqufolos e depois em
bronqufolos terminais, que termi-
nam formando os sacos alveola-
res,a semelhan<;ados galhos de
um arbusto com suas folhas.
Os alveolos SaG pequenas
cavidades onde 0 ar respirado
realiza as trocas gasosas com
os capilares pulmonares, que
SaGramifica<;6es terminais das
arterias pulmonares, muito em-
bora 0 sangue que circula em
seu interior seja venoso. 0 fe-
nome no das trocas gasosas e
chamado de hematose, onde 0
ar respirado cede oxigenio para
o sangue e recebe gas carbo-
nico, regulando-se pela tensao
de oxigenio do ar e pela tensao
de CO2 do sangue. 0 oxigenio e
transportado pela hemoglobina
dos globulos vermelhos atraves
da corrente circulatoria arterial e
vai se libertar em todos os or-
gaos para que as celulas "respi-
rem" e liberem 0 CO2 produzido
pelo seu metabolismo.
o torax e dividido dorso-ven-
tralmente por um septa longi-
tudinal, constituindo do is hemi-
torax. Os hemitorax SaG reco-
bertos por tecido pleural, que
formam a pleura parietal, a pleu-
ra mediastinal, a pleura pericar-
1. processo corniculado da cartilagem ariten6ide; 2. prega
aritenoepigl6tica; 3. epiglote; 4. palato mole (incisado longitudinal-
mente); 5. prega glossoepigl6tica; 6. vasos da epiglote; 7. cordas
vocais; 8. abertura do ventrfculo larfngeo.
dica e a pleura pulmonar ou vis-
ceral. As invaginat;:6es da pleura
formam 0 saco pleural e ipsila-
teral contendo 0 liquido pleural,
o que permite a movimenta<;:ao
dos pulm6es no interior da ca-
vidade toracica. Muito embora
os pulm6es dos equinos nao
sejam explicitamente subdividi-
dos em lobos, 0 aspecto anat6-
mico possibilita considerar 0
pulmao esquerdo composto por
dois lobos, a saber, 0 apical (cra-
nial) e um diafragmatico (cau-
dal). Ja 0 pulmao direito, e com-
posta por tres lobos, a saber, um
apical (cranial), um diafragma-
tico (caudal) e um lobo acess6-
rio (intermediario).°movimento do ar para den-
tro e fora do interior dos pul-
m6es e chamado de inspira<;:ao
e expira<;:ao(denominado Cicio
Respirat6rio), e e realizado pela
contra<;:aoe relaxamento do di-
afragma, dos musculos inter-
costais e de musculos auxilia-
res da inspirat;:ao como 0 esca-
lena, e os extensores da coluna
vertebral; e na inspira<;:ao, os
musculos abdominais e os fle-
xores da coluna vertebral, sen-
do a sua frequencia controlada
pelas necessidades tissulares
de oxigenio e por um complexo
mecanismo regulador proveni-
ente do sistema nervoso. Nor-
malmente, a frequencia respira-
t6ria aumenta muito com 0 exer-
dcio e permanece em um nivel
fisiol6gico normal com 0 repou-
so do animal.° Cicio Respirat6rio no ca-
valo caracteriza-se, por conter
duas fases inspirat6rias e duas
fases expirat6rias, sendo a fre-
quencia respirat6ria (FR), a so-
mat6ria do numero de ciclos ou
de respira<;:aopor minuto. A fre-
quencia respirat6ria normal em
um cavalo adulto em repouso
situa-se entre 10 a 14 movi-
mentos, podendo variar em fun-
<;:aodo tamanho corporal, ida-
de, exerdcio, excita<;:ao,tempe-
ratura e umidade relativa do ar,
gesta<;:ao,grau de reple<;:aodo
aparelho digest6rio e do esta-
do de higidez do animal.° padrao ritmico de cada
Cicio Respirat6rio e controlado
pelo Centro Respirat6rio, situa-
do no tronco cerebral, e consti-
tuido pelo Centro Pneumota-
xico, Centro Apneustico,Grupo
Respirat6rio Dorsal e Grupo Res-
pirat6rio Ventral. Participam, ain-
da, do padrao do Cicio Repira-
t6rio 0 Centro Neural da Ven-
tila<;:ao,0 Controle Humoral da
Ventila<;:aoe a Ouimiorecep<;:ao
Periferica; esta situada na bifur-
ca<;:aoda a. car6tida primitiva e
no arco a6rtico.
E definido como ventila<;:ao,
o movimento de ar durante a
inspira<;:aoou a expirat;:ao,° or-
ganismo do animal necessita da
oferta de oxigenio para execu-
tar os processos de produ<;:ao
de ATP, para suas atividades
metab61icas e manuten<;:ao da
homeostase. Para que este fe-
n6meno se processe adequada-
mente, e necessaria a oferta de
volumes satisfat6rios de ar aos
alveolos, com a finalidade de
ocorrerem as trocas gasosas
com base nos gradientes de di-
fusao de 02 e de CO2; sendo a
taxa de difusao dos gases pro-
porcional a area disponivel para
as trocas gasosas, que no ca-
valo adulto e aproximadamen-
te de 2.500 m2. Portanto, po-
demos considerar que a venti-
la<;:aoconsiste na medida da
quantidade de volumes de ar
que entram e saem dos pul-
m6es, em litros por minuto.
Para 0 calculo da ventila<;:ao
ou do volume minuto (VE),pode-
se aplicar a f6rmula VE=Vc x FR,
onde Vc ou volume "Tidall" (VT)
eo volume corrente de ar inspi-
rado ou expirado em um movi-
mento respirat6rio profundo, e
FR 0 numero de movimentos ou
Ciclos Respirat6rios por minu-
to. Neste senti do, uma eleva<;:ao
da ventila<;:ao(VE)pode ocorrer
devido a um aumento da de-
manda de oxigenio quando se
eleva a taxa metab61ica, ou de-
vido ao aumento da frequencia
respirat6ria ou a ambos. A ven-
tila<;:aoou volume minuto em um
cavalo de 500 kg, em repouso,
e de aproximadamente 50 a 60
litros/min, podendo elevar-se
acima de 1.800 litros/min du-
rante 0 galope.
Para que os pulm6es pos-
sam se inflar e, consequente-
mente, receberem volumes ade-
quados de ar as necessidades
metab61icas e fundamental que
o tecido pulmonar possua boa
elasticidade, ou que seja com-
piacente. A com placencia pul-
monar e uma medida da capa-
cidade de distensibilidade dos
pulm6es proporcionada por te-
cido elastico, tecido colageno e
por fort;:as de tensao superficial.
As forc;:asde tensao superficial
san decorrentes da presenc;:ade
uma substancia chamada sur-
factante, composta por 90% de
fosfolipidios e uma pequena
quantidade de proteina.
Alem das func;:oes respirat6-
rias inerentes aos pulmoes, 0 sis-
tema respirat6rio possu; meca-
nismos de defesa fundamentais
para a saude do cavalo. Neste
sentido, e pelo fato de estar aber-
to ao meio ambiente, 0 ar inala-
do pode conter particulas, mi-
croorganismos e gases poluen-
tes prejudiciais a saude do ani-
mal. As defesas inespedficas
protegem as vias respirat6rias
contra muitas das substancias
inaladas. Por outro lado, as de-
fesas espedficas saG executa-
das pelo sistema imunol6gico no
combate a agentes como, por
exemplo, bacterias, fungos, virus
e alergenos em geral.
A arvore traqueobronquica e
revestida internamente basica-
mente por tres laminas. A lamina
mucosa e constituida por um epi-
telio pseudo-estratificado, cilindri-
co ciliado, contendo celulas cali-
ciformes sob uma membrana ba-
sal.Os dios se movimentam cra-
nialmente, transportando as se-
crec;:6es mucosas, produzidas
pelas glandulas traqueais e celu-
las caliciformes, e as particulas
inaladas no sentido da laringe,
para, posteriormente, serem de-
glutidas ou eliminadas sob a for-
ma de secrec;:aonasal. A lamina
submucosa e constituida por te-
cido elastico,tecido adiposo,glan-
dulas tubulares seromucosas
(glandulas traqueais). Ja a lami-
na pr6pria e uma camada delga-
da separada da submucosa por
uma membrana fibraelastica
Semiologicamente, os pul-
m6es podem ser identificados por
auscultac;:ao,nas diversas areas
correspondentes a linha imagina-
ria trac;:adado olecrano a tubero-
sidade do osso neo,e marginada
em sentido ventra-dorsal e cra-
nio-caudalmente, pela borda
cranial da decima setima costela
ou decimo quarto ao decimo sex-
to espac;:ointercostal; ou, ainda,
pelos seguintes referenciais:
1. Dorsal: delimitado pelas ex-
tremidades das ap6fises
transversas das vertebras
toracicas.
2. Dorso-ventral anterior: pela li-
nha que passa entre a borda
dorsal posterior da escapula
e a extremidade do olecrano.
3. Limite ventral: demarcado
por uma linha reta iniciada a
aproximadamente 10 cm no
sentido ventro-dorsal da tu-
berosidade do olecrano em
direc;:aoa borda superior da
tuberosidade do osso neoate
o 14° ao 16° espac;:o inter-
costal, desse ponto trac;a-se
outra linha reta ate a origem
da ultima costela.
8.2. Protocolo de
avalia~ao endosc6pica
do aparelho
respirat6rio.
o exame endosc6pico das
vias respirat6rias e um excelen-
te meio semiol6gico no diag-
n6stico e confirmac;:ao de afec-
c;:6es que acometem tanto 0
trato respirat6rio anterior como
o posterior.
Baseando-se nos aspectos
anatomicos e topograficos, e
sob 0 ponto de vista endosc6-
pico, podemos considerar como
trato respirat6rio anterior, as es-
truturas contidas desde as na-
rinas ate a transic;ao da laringe
com a traqueia. As vias respira-
t6rias anteriores SaGcompostas
pelas fossas nasais; ossos na-
sais (devendo-se considerar as
conchas dorsal e ventral); fa-
ringe (regiao comum ao siste-
ma digest6rio); regiao etmoidal
e endoturbinada; coanas, reces-
Figura 8.3
Equipamento
de vfdeoendoscopia.
so faringeano; ostios das bolsas
guturais; bolsas guturais; palato
mole; laringe e dorsal mente a
esta a entrada do es6fago.
As vias respirat6rias poste-
riores, endoscopicamente se ini-
ciam ap6s a laringe e sac com-
postas pela traqueia; carina;
br6nquios e bronqurolos.
A conduc;:ao do exame en-
dosc6pico do aparelho respira-
t6rio, assim como do exame en-
dosc6pico de outras regi6es,
deve atender a um rrgido pro-
tocolo para que todos os as-
pectos relacionados a observa-
<;:aoendosc6pica possam ser
apreciados e registrados ade-
quadamente. 0 animal deve
Figura 8.4
Vista anatomica das vias
aereas nasais - endoscopia.
Figura 8.5
Vista anatomica da regiao
faringolaringeana - endoscopia.
estar contido em tronco e, pre-
ferencialmente, sem estar sob
sedac;:ao,quando se objetiva a
avaliac;:ao dinamica da faringe
e da laringe. 0 endosc6pio de-
ve ser introduzido, ainda, com
o animal sob contenc;:ao meca-
nica da cabec;:a(cachimbo), de
forma delicada para que nao
ocorra lesao da mucosa das
conchas, com sangramento nas
vias nasais.
A avaliac;:aoendosc6pica da
faringe e da laringe pode tam-
Figura 8.6
Vista endosc6pica da laringe.
Figura 8.7
Vista endosc6pica da traqueia e bronquios junto a carina.
bem ser dinamica com 0 ani-
mal em movimento em esteira
de avalia<;:ao de performance.
Nesta modalidade de exame,
pode ser observada a fisiologia
da laringe avaliando-se os mo-
vimentos de adu<;:aoe abdu<;:ao
das cartilagens ariten6ides e do
processo corniculado, a prega
aritenoepigl6tica, 0 arco pala-
to-farrngeo e 0 palato mole. A
avalia<;:ao funcional da laringe
deve ser conduzida por proto-
cola de movimento que con-
temple as diversas velocidades
permitidas pela esteira de ava-
lia<;:aode performance. Entre-
tanto, 0 aumento da velocida-
de deve ser realizado com cau-
tela em razao da possibilidade
do animal apresentar afec<;:ao
laringeana que desencadeie
colapso respirat6rio obstrutivo
temporario.
Pode-se empregar 0 seguin-
te protocolo base que podera
ser utilizado para 0 registro das
observa<;:6es do exame endos-
c6pico do aparelho respirat6rio,
com 0 animal em repouso:
IDENTIFICACAO DA CLiNICA E DO PROFISSIONAL
PROTOCOLO DE ENDOSCOPIA DO APARELHO RESPIRATORIO DE EQUiNOS
Data: __ / __ / __ RG: Pelagem: _
Nome do animal: _
Rac;a: Sexo: ldade: ~
Proprietario: _
Enderec;o: no__
CEP: / Cidade: Estado: _
Telefone: (0") Cel. (0") e-mail: _
Medico Veterinario Responsavel pelo exame:Dr. _
Residente/Outro: _
Historia clfnica resumida: _
Suspeitas c1fnicas preliminares:
1. _
2. _
3, _
Observac;6es quanto a passagem do endoscopio: _
Meato ventral nasal direito: _
Meatoventral nasal esquerdo: _
Regiao etmoidal: _
Nasofaringe: _
Palato mole: _
Recesso farfngeo: _
Ostio das bolsas guturais: _
Aspecto interior das bolsas guturais: _
Regiao farfngo-esofagica: _
Epiglote, tipci e apresentac;ao: _
Aritenoide, tipo e apresentac;ao: _
Posic;ao e movimento das cartilagens aritenoides animal em repouso: _
Posic;ao e movimento das cartilagens aritenoides animal em exercfcio: _
Traqueia ate a regiao da carina: _
Br6nquios e br6nqufolos: _
Lavado traqueal / br6nquio-alveolar: _
Exames complementares: _
Observac;6es gerais: _
Diagnostico endoscopico:
1. _
2. _
3. _
Responsavel pelo exame:
Nome: CRMV -••- nO__ Assinatura: _
8.3. Feridas e contusoes
dos 05505 nasais e
paranasais.
Sao alterac;:oesque atingem
as estruturas nasais como pele,
musculos elevadores nasola-
biais, feixe vascular e nervoso
e ossos nasais e paranasais,
produzidos pela ac;:aotrauma-
tica de golpes com bastoes,
coices, cabrestos de arame,
quedas em crises de c61icas ou
durante corridas, e traumas pro-
duzidos em acidentes com cer-
cas de arame farpado ou ins-
trumentos de corte.
Os traumatismos superficiais
podem atingir a pele ou tecidos
mais profundos, podendo pro-
duzir soluc;:ao de continuidade.
Em geral, os ferimentos profun-
dos desencadeiam intensa he-
morragia e podem atingir a mus-
culatura nasolabial com lesoes
Figura 8.8
Fratura de ossos
pre-maxilares.
que iraQ se refletir nos movi-
mentos do labia superior e das
narinas, quando bilateral.
Este tipo de lesao, raramen-
te repercute sobre as vias ae-
reas superiores, nao havendo
qualquer corrimento sanguino-
lento pelas narinas.
Ouando nao houver soluc;:ao
de continuidade da pele, 0 que
se observa e uma escoriac;:aono
local de ac;:aodo trauma, que se
apresenta tumefeito e senslvel
a palpac;:ao, podendo 0 animal
reagir ao toque. Nestas circuns-
tancias, aplique imediatamente
sobre 0 local atingido, bolsa de
gelo ou compressas com agua
fria, para que 0 derrame seja 0
menor posslvel. Fac;:aisto duran-
te uns 15 minutos para cada
aplicac;:ao,e de um intervalo de
5 minutos entre as mesmas;
prossiga nesta manobra por
aproximadamente 60 minutos.
Figura 8.9
Fratura nasomaxilar com
exposiy8.o de seio.
Em seguida enxugue 0 local e
aplique uma fina camada de gel
antiinflamat6rio, massageando
levemente a regiao.
Nos casos em que houver
soluc;:aode continuidade da pe-
Ie, procure tratar a ferida por pri-
meira intenc;:ao,mantenha-a lim-
pa e protegida para em segui-
da sutura-Ia.
Nos acidentes traumaticos
mais violentos como coices ou
quedas, em que 0 animal bate a
cabec;:a em um palanque, fre-
quentemente podera haver fra-
tura dos ossos do nariz e de os-
sos paranasais, com comprome-
timento das conchas nasais. Co-
mumente, estas fraturas sac ex-
postas e produzem intensa he-
morragia pelas narinas e pelo fe-
rimento. 0 animal podera apre-
sentar severa dificuldade respi-
rat6ria em razao das lesoes dos
ossos, principal mente dos para-
Figura 8.10
Traqueostomia - traqueotubo
aplicado.
nasais e pre-maxi lares, alem da
impossibilidade na apreensao
dos alimentos. E importante que
seja realizado 0 diagn6stico di-
ferencial da contusao simples
com 0 traumatismo que pode
provocar fratura dos ossos na-
sais e paranasais.
Caso a respira<;aoesteja com-
prometida em razao do trauma, 0
animal poden§.apresentar insufi-
ciencia respirat6ria com baixa
ventila<;ao e cianose. Fa<;aime-
diatamente a traqueostomia res-
tabelecendo 0 fluxo de ar.Procu-
re imediatamente avaliar 0 grau
e a extensao do problema limpan-
do cuidadosamente a ferida com
gaze embebida em agua oxige-
nada Se a hemorragia for inten-
sa, institua imediatamente aplica-
<;6esde anti-hemorragicos, pela
via intravenosa, como solu<;ao
hipert6nica a 7,5%, na dose de
2,0 a 4,0 ml/kg, ou succinato de
Figura 8.11
Edema no focinho provocado
por picada de Bootrops.
estriol na dose de 0,5 a 1,0 mg/
kg de peso, podendo-se repetir
depois de decorridas 8 horas da
primeira aplica<;ao.
As aplica<;6esde compressas
frias e bolsas de gelo auxiliam
na conten<;ao da hemorragia e
reduz a intensidade do edema.
Em presen<;a de solu<;ao de
continuidade da pele, fa<;a0 tra-
tamento por primeira ou segun-
da inten<;ao conforme se apre-
sentar 0 ferimento.
Ouando existi rem fratu ras
nasais ou paranasais, geralmen-
te de diflcil resolu<;ao cirurgica,
opte pelo tratamento conserva-
dor, mantendo as vias respira-
t6rias livres, mesmo atraves de
traqueostomia e institua trata-
mento com antiinflamat6rios
nao hormonais.
Deve ser dada aten<;ao es-
pecial aos acidentes offdicos
ocasionados por cobras do ge-
nero Bootrops, quando a pica-
da atinge a regiao labial; oca-
siao em que pode ocorrer inten-
so aumento de volume na re-
giao, podendo comprometer a
fisiologia das narinas e causar
colapso respirat6rio agudo.
Em situa<;6esde fraturas sim-
ples, e com 0 fragmento servin-
do de obstaculo mecanico a res-
pira<;ao,convem sempre que se
reduza a fratura, que podera ser
fixada com fio de a<;oortopedi-
co. Nas fraturas cominutivas com
grandes perdas 6sseas, tornan-
do praticamente imposslvel a
redu<;ao, trate 0 ferimento reti-
rando-se todos os fragmentos
pequenos e prepare a ferida com
curativos diarios para que se es-
tude a possibilidade de ser im-
plantada pr6teses de acrnico ou
de resina polimerizavel em pla-
ca. A corre<;ao por pr6tese con-
fere ao animal um excelente efei-
to estetico e protege as cavida-
des nasais e os seios da exposi-
<;aodireta ao meio ambiente.
Os papilomas sao pequenas
excrescencias verrugosas co-
nhecidas comumente como ver-
rugas. Sao relativamente fre-
quentes nos potros e cavalos jo-
yens e podem aparecer, alem
das narinas, tambem nos labios.
A papilomatose nasal e pro-
duzida por um virus epiteliotr6-
pico e pode manifestar-se em
varios animais de um mesmo re-
banho, devido a sua facilidade
em implantar-se por inocula<;ao
Figura 8.12
P61ipo nasal.
atraves do contato de um ani-
mal com outro.
Os animais que apresentam
a forma nasal podem ter uma
respira<;:aoruidosa e dificultada
pela obstru<;:ao parcial. Podera
haver corrimento nasal Ifmpido
e transparente. Os potros exer-
citam-se pouco e apresentam
aumento da frequencia respira-
t6ria ap6s exerdcio, como ten-
tativa de compensar 0 baixo vo-
lume inspirat6rio.
Ouando 0 papiloma e for-
mado por uma unica massa e
se localizar pr6ximo as narinas,
o melhor procedimento tera-
peutico e a ressec<;:ao cirurgi-
ca, pois 0 papiloma comumen-
te nao recidiva. Devido a gran-
de irriga<;:ao da mucosa nasal,
evite injetar produtos comer-
ciais contra papilomatose, na
base da verruga.
Se 0 numero de papilomas
for grande e invadir a cavidade
nasal, podera se tentar um tra-
tamento com autovacina, en-
viando amostras a um laborat6-
rio especializado no sentido de
produzir a vacina, que em geral
atuam satisfatoriamente.
A epistaxe, ou ainda rinor-
ragia, basicamente significa a
safda de quantidade variavel de
sangue atraves das narinas, po-
dendo ser uni ou bilateral.
A epistaxe constitui sempre
um acontecimento secundario a
qualquer processo traumatico
das vias aereas anteriores, ou
decorrente de uma afec<;:ao,pre-
viamente estabelecida, nas vias
aereas posteriores.
As causas mais comuns da
epistaxe saGas les6es trauma-
ticas sobre a cavidade nasal e
as fraturas de ossos nasais, se-
guida pela hemorragia causa-
da pela passagem mal-condu-
zida de sonda nasogastrica, ou
em cavalos com fragilidade
vascular decorrente de endo-
toxemia ou altera<;:6es nos fa-
tores de coagula<;:ao.Nestas si-
tua<;:6es,0 sangue podera fluir
por uma ou ambas asnarinas
e quase sempre a hemorragia
e copiosa. Menos frequentes
saG as epistaxes provenientes
de processos de ulcera<;:ao
mic6tica dos vasos sangufneos
das bolsas guturais, e de les6es
da laringe e traqueia.
A epistaxe ainda pode ser
associada a doen<;:asrespirat6-
rias agudas, principal mente as
virais, doen<;:asrespirat6rias cro-
nicas, como broncopneumonia
cronica e doen<;:apulmonar cro-
nica, ou mesmo em presen<;:ade
les6es pulmonares abscedan-
tes. Em todas estas situa<;:6es,
quase sempre existe um quadro
previo de um problema respira-
t6rio concomitante ou anterior
a epistaxe. 0 sangue pode fluir
por ambas as narinas com 0
animal em repouso ou alguns
minutos ap6s 0 exercfcio.
o quadro c1fnico pode ser
variavel, porem, 0 cavalo pode-
ra apresentar desconforto, hi-
perpneia e taquicardia; as vezes
um rufdo estertoroso pode ser
audfvel durante a expira<;:ao
quando 0 volume de sangue e
relativamente pequeno.
o diagn6stico deve levar em
conta as possibilidades etiol6-
gicas da epistaxe. Se 0 proble-
ma for traumatico e for neces-
saria a corre<;:ao cirurgica das
vias aereas anteriores, e preciso
inicialmente conter a hemorragia
e evitar que 0 animal inspire 0
sangue e nao se asfixie; mante-
nha-o de cabe<;:abaixa e aplique
pela via intravenosa cerca de
100 a 200ml de gluconato de
calcio a 10% e 0,5 a 1,0 mg/kg,
de succinato de estriol pela via
intravenosa. A hemorragia deve-
ra estar estancada em torno de
5 a 10 minutos. Nos casos de
hemorragia nasal ap6s passa-
gem mal-conduzida de sonda
nasogastrica aguarde ate 15
minutos, se 0 sangramento nao
ceder trate como no caso ante-
rior e investigue uma possfvel
altera<;:aosangufnea quanto aos
fenomenos de coagula<;:ao.
A aplica<;:aode compressas
frias e bolsas de gelo produz re::
sultados satisfat6rios quando 0
sangramento for oriundo da re-
giao nasal.
Nas epistaxes provenientes
de problemas das vias aereas
posteriores, 0 exame c1fnicomi-
nucioso deve revelar a origem
do processo. Caso 0 animal es-
teja em um centro veterinario
bem equipado, a endoscopia
devera ser realizada para que se
possa identificar 0 local da he-
morragia e, dessa forma, con-
duzir 0 exame c1fnico, para um
diagn6stico definitivo, e uma
terapeutica adequada para cada
caso em particular. Caso se ins-
tala quadro de anemia devida
a perda de sangue, providencie
imediatamente a transfusao
sanguinea.
8.6. Hemorragia pulmonar
induzida por exerclcio
(HPIE).
A hemorragia pulmonar in-
duzida por esfon;:o ou exerd-
cio (H PIE) constituf-se na pre-
senc;a de sangue nas vias ae-
reas inferiores compreendendo
o segmento traqueobr6nquico,
notadamente ap6s a realizac;ao
de exerdcios de forte intensi-
dade, constituindo-se na atua-
lidade uma afec<;:ao tfpica de
equinos atletas.
Definida antigamente com 0
termo generico de epistaxe, a
HPIE pode acometer, principal-
mente, cavalos atletas velo-
cistas, como os da ra<;:aPuro
Sangue Ingles, que saDexigidos
em atividades de alta perfor-
mance (> 14m/s) ou pela pre-
senc;ade alterac;6es previas dos
pulm6es, com prevalencia ende-
mica em mais de 75% desses
animais durante as corridas. A
predisposic;ao ao sangramento
aumenta com a idade do animal.
Alem dos equinos, a HPIE
pode, ainda, acometer caes da
rac;a "Greyhound' e camelos,
quando utilizados para corridas.
Muito embora existam, mui-
tas duvidas a respeito das con-
di<;:6espredisponentes, desen-
cadeantes e da etiopatogenia
da HPIE, muitos autores que es-
tudaram profundamente essa
afecc;ao em cavalos da rac;a
Puro Sangue Ingles acreditam
que a hemorragia poderia ser
resultante de uma combina<;:ao
de variaveis associadas ao es-
tresse da corrida, como aumen-
to da viscosidade sangufnea,
altas press6es vasculares, bem
como a inflamac;ao das vias ae-
reas posteriores. Existem fortes
indfcios de que a velocidade ini-
cial do cavalo durante a corrida,
o peso do j6quei, a temperatura
e umidade ambiente, a altitude
da pista em relac;ao ao nfvel do
mar, e 0 tipo e a qualidade da
pista (grama e areia leve e pe-
sada) possam ter importante par-
ticipa<;:aono desencadeamento
do sangramento alveolar. Parti-
cularmente, 0 cicio etiopatoge-
nico da HIPE pode ser caracte-
rizado por hipertensao pulmo-
nar, edema na parede dos alve-
olos, rompimento de capilares
alveolares, hemorragia intra-
alveolar e presen<;:ade sangue
nas vias respirat6rias, notada-
mente nos lobos caudodorsais.
Os sintomas da HIPE saD
inespedficos e podem refletir
uma afecc;ao pulmonar previa.
Entretanto, apenas em 10% dos
casos 0 cavalo podeapresen-
tar evidencias de sangramento
em graus elevados, podendo di-
minuir a velocidade, ou mesmo
parar durante a corrida, apre-
sentar tosse, dificuldade respi-
rat6ria e deglutic;ao excessiva.
Em mais de 95% dos casos, os
cavalos podem apresentar tao
somente baixa performance ou
perda da performance inicial.
o diagn6stico efetivo da HPIE
e realizado atraves de exame
endosc6pico em no maximo 30
a 90 minutos ap6s a corrida, po-
dendo nao ser definitivo, mesmo
quando realizado no mesmo ani-
mal em igual situa<;:aode esforc;o
em corridas diferentes.
A avaliac;ao endosc6pica e
realizada com cabos de 6tica de
ate 13mm, com 0 animal sob
contenc;ao mecanica (cachim-
bo), e deve levar em considera-
<;:aouma rigorosa observa<;:ao
visual, desde 0 infcio da narina,
traqueia, bifurcac;ao dos br6n-
quios principais (carina) e regiao
do infcio dos bronqufolos.
Para a classifica<;:aodo grau
de hemorragia visfvel ao exame
endosc6pico, pode-se utilizar 0
seguinte criterio:
Grau O. Ausencia de sangue
visfvel.
Grau 1. Trac;os de sangue na
traqueia.
Grau 2. Presen<;:ade filete de
sangue na traqueia.
Grau 3. Presen<;:a de sangue
na traqueia em quanti-
dade superior ao grau
anterior, mas sem for-
mac;aode "poc;as".
Grau 4. Presenc;a abundante
de sangue na traqueia.
Grau 5. Hemorragia nasal e
presenc;a de sangue
abundante na traqueia.
o termo "po<;:as"refere-se ao
efeito visual do acumulo de san-
gue que pode ser observado
nos graus 4 e 5, onde se tem a
impressao de que 0 endosc6-
pio parece imerso na colec;ao
sanguinolenta existente.
Ainda durante 0 exame en-
dosc6pico pode-se realizar as-
pirado traqueal (AT), lavados tra-
queobronquial (LTB) e bron-
quioalveolar (LBA) que podem
revelar presen<;a de hemosi-
der6fagos, neutr6filos intactos
ou degenerados, ocasionalmen-
te bacterias intracelulares e eri-
tr6citos. Os lavados br6nquio-
alveolares sac os mais adequa-
dos para consubstanciarem 0
diagn6stico da HPIE.
Ocasionalmente os estudos
radiogrMicos do t6rax podem
revelar aumento do padrao in-
tersticial, maior radiopacidade
no lobo pulmonar caudal e oca-
sionalmente deslocamento dor-
sal dos vasos pulmonares de
grosso calibre.
o tratamento da HPIE e in-
consistente e deve ser iniciado
com 0 repouso dos animais que
apresentam graus acima de 3. No
entanto, a hemorragia podera
recidivar assim que 0 animal re-
tomar 0 trabalho atletico de alta
performance. E: importante que
se utilize terapeutica de comba-
te a problemas pulmonares pre-
vios como redu<;ao de agentes
alergenos e aplica<;aode antimi-
crobianos, uma vezque a presen-
<;ade sangue nas vias respirat6-
rias constitur-se em bom meio de
crescimento bacteriano.
Embora tenha se constiturdo
em grande controversia no meio
hrpico e medico veterinario, ja se
admite em alguns hip6dromos no
mundo,a utiliza<;aoda furosemida
no controle da HPIE em cavalos
sangradores no dia da corrida,
sendo, entretanto, prudente que
o seu uso deva se restringir aos
animais que apresentaram graus
de sangramento acima de 3 ou
que apresentaram piora gradati-
va do quadro c1rnico.Ha que se
destacar que nao foi demons-
trado cientificamente que 0 usa
da furosemida impe<;aou retar-
de a evolu<;aoda afec<;ao.Roti-
Figura 8.13
PresenQa de sangue na regiao da carina.
(fotogentilmente cedida pelo Prof. Dr. Stefano Hagen)
neiramente,a dose de furosemida
pode ser de 1,0 mg/kg, ou em
corridas, de 0,3 a 0,6 mg/kg, pela
via intravenosa. A dose total
usualmente permitida varia de
100 a 300mg pela via endoveno-
sa,4 horas antes da corrida. Oca-
sionalmente, 0 agravamento do
grau de sangramento pulmonar
ap6s corridas consecutivas, pode
exigir a corre<;aoda dose de furo-
semida a ser aplicada.
Preventivamente procedi-
mentos como a redu<;ao de fa-
to res que produzam inflama<;ao
das vias aereas posteriores, co-
mo poeira, p6 de alfafa, profi-
laxia de doen<;as respirat6rias e
programas de exercicio contro-
lados, em que 0 condicionamen-
to atletico do cavalo seja atingi-
do gradualmente possam ser
eficazes na preven<;ao e na re-
du<;ao das consequencias es-
portivas da HPIE.
Produtos contendo bioflavo-
n6ides indicados para melhorar
a integridade dos capilares e de
cromoglicato para a estabiliza<;ao
da membrana dos mast6citos
nao sac eficazes na preven<;ao
da hemorragia pulmonar; assim
como a aplica<;ao preventiva de
furosemida nao impede 0 desen-
volvimento da HPIE em cavalos
anteriormente negativos.
A despeito das centenas de
trabalhos cientrficos sobre os
mecanismos etiopatogenicos da
HPIE e dos estudos farmacol6-
gicos sobre 0 uso da furosemi-
da, ainda nao se atingiu um con-
senso global quanto a, efetiva-
mente, considerar ou nao esta
droga como doping.
E 0 processo inflamat6rio e
infeccioso que acomete os sei-
os, principal mente os parana-
sais, como maxilar (concha su-
perior e inferior) e frontal. 0 seio
maxilar comunica-se com a ca-
vidade nasal atraves da abertu-
ra nasomaxilar, assim como 0
seio frontal com 0 maxilar atra-
yes do oriflcio frontomaxilar.
As sinusites, de acordo com
a sua etiopatogenia, podem ser
c1assificadas em primarias e
secundarias. Sao primarias as
sinusites decorrentes de infec-
c;:6es do trato respirat6rio an-
terior, causadas frequentemen-
te pelo Streptococcus equi e
Streptococcus zooepidemicus,
sendo mais rara a ocorrencia
do granuloma estafiloc6cico
(botriomicose). As sinusites se-
cundarias sao causadas por
dentes fraturados, desloca-
mentos dentarios, mal-posicio-
namento dentario, les6es da
coroa ou qualquer processo pe-
riodontal que culmine em alve-
olo-periostite.Ocasionalmente
processos tumorais benignos e
malignos, ou traumas abertos
com fraturas 6sseas podem
evoluir para comprometimento
dos seios.
A forma mais severa de com-
prometimento dentario com evo-
luc;:aopara sinusite e a pulpite
secundaria a infecc;:aode fratura
dentaria longitudinal completa,
ou de necrose de cemento. 0
processo inflamat6rio inicial evo-
lui para 0 alveolo, membrana
periodontal, cemento e membra-
na mucosa do seio. A organiza-
c;:ao da ostefte alveolar e da
oste61ise, podera culminar com
a formac;:aode granuloma apical,
que, em geral, apresenta inten-
sa reac;:aoteciduallocal.
A sinusite se manifesta por
acumulo de pus de caraeterfsti-
cas Ifquidas a grumosa no inte-
rior dos seios, e que pode pas-
sar para a cavidade nasal e fluir
pelas narinas. 0 fluxo poderi§.se
intensificar quando 0 animal
abaixa a cabec;:a,e se 0 conteu-
do purulento for bastante flui-
do. Em geral, na maioria das
vezes, a sinusite manifesta-se
unilateralmente, no entanto,
quando bilateral, e estiver fluin-
do pus por ambas as narinas, 0
quadro c1fnico podera estar re-
vestido de muita gravidade.
Eventualmente, a comunicac;:ao
do seio com a cavidade nasal
pode estar obstrufda por mas-
sa purulenta grumosa, 0 que
Figura 8.14
Fratura do ossa frontal por coice.
impedira a observac;:aode fluxo
nasal purulento. Nestes casos, e
comum a observac;:aode abau-
lamentos dos ossos da face, des-
truic;:ao 6ssea e fistulizac;:ao do
processo para 0 exterior. Rara-
mente as sinusites que se cro-
nificam evoluem do seio frontal
atraves da placa cribiforme e
desenvolvem meningoencefa-
lite purulenta. .
o diagn6stico e baseado
principalmente na deformidade
da regiao do seio comprometi-
do e depende da etiopatogenia,
da presenc;:ade fistula, corrimen-
to nasal purulento, apatia e som
macic;:oa percussao do seio. As
sinusites secundarias, na maio-
ria das vezes, produzem pus de
odor fetido, e pode, ocasional-
mente, ser devida a infecc;:6es
com germes anaer6bios. Nas si-
nusites primarias e importante
que se observe se 0 animal nao
apresenta sinais de garrotilho ou
Figura 8.15
Sinusite maxilar bilateral.
infecc;:oesrespirat6ria anterior, ou
que estas nao tenham sido con-
venientemente tratadas quando
se manifestaram no cavalo. Ja
nos processos secundarios a le-
soes dentarias, 0 animal Iraapre-
sentar intensa halitose e altera-
c;:oesnos dentes da arcada su-
perior (maiar frequ€mcia) princi-
palmente no 1° molar, 4° e 3°
pre-molares. A percussao dos
seios demonstrara sons de tons
submacic;:oa macic;:o.As avalia-
c;:oesdos seios comprometidos
Figura 8.16
Sinusite fronte-nasemaxilar.
Figura 8.17
Invasao des seies nasais e paranasais per tumor palpebral.
atraves dos Raios-X, possibilitam
a avaliac;:aoda gravidade das le-
s6es 6sseas, localizac;:ao dos
dentes envolvidos e a extensao
da infecc;:ao.
Raramente os seios apre-
sentam comprometimento se-
cundario devido a processos
circunvizinhos, como tumores
localizados na esfera oftalmica,
e por hematoma etmoidal.
Nas sinusites primarias, sem
presenc;:ade fistulas secretoras,
a identificac;:aodo microorganis-
mo causador da infecc;:aopode-
ra ser realizada por colheita de
amostras atraves de trajeto 6s-
seo preparado par pequena tre-
panac;:ao,sendo 0 material cul-
tivado em meio aer6bico e anae-
r6bico, e realizado 0 antibiogra-
ma, que indicara qual antibi6ti-
co devera ser utilizado.
o tratamento consiste no
combate ao agente etiol6gico e
a drenagem do conteudo dos
seios. A drenagem dos seios
sera realizada por trepanac;:ao e
lavados com soluc;:oesanti-sep-
ticas como permanganato de
potassio soluc;:ao 1:3.000 ou
iodo-povidine soluc;:aoa 1%. A
drenagem e lavagens dos sei-
os comprometidos deve ser a-
companhadas da antibioticote-
rapia sistemica. Infusoes no sei-
os, com soluc;:oes de metroni-
dazol 0,5% saGmais efetivas no
combate aos germes do que as
realizadas com os antibi6ticos
que podem sofrer interferencias
do pH e de materia organica em
suspensao, principal mente em
cultivos positivos para germes
anaer6bios.
Nos quadros c1fnicosem que
se diagnosticou envolvimento
dentario, torna-se necessaria a
extra<;:ao dos dentes com pro-
metidos, e 0 tratamento com a
curetagem do seio e do alveolo
correspondente. Nestes casos,
a frequencia dos lavados - seio
e alveolo - deve ser de no mfni-
mo 3 vezes ao dia para que nao
ocorra interferencia de restos de
alimentos na repara<;:aoda feri-
da cirurgica.
Nos casos de sinusite cr6-
nica, em que as respostas aos
tratamentos institufdos forem in-
suficientes para debelarem a
afec<;:ao, devemos adotar a
Figura 8.18
Invasao dos seios nasais e paranasais por tumor palpebral.
Figura 8.19
Drenagem de conteudo do seio maxilar.
trepana<;:aoou osteotomia com
abertura ossea em forma de
"flap", para a drenagem do con-
teudo e 0 debridamento cirur-
gico. Neste tipo de procedimen-
to cirurgico, e frequente a ocor-
rencia de extensa necrose os-
sea, de ostefte e de agravamen-
to dos sinais inflamatorios, de-
vendo ser utilizado apenas e tao
somente em situa<;:oesde extre-
ma gravidade.
Em qualquer forma de apre-
senta<;:ao c1fnica de sinusite, a
utiliza<;:aode drogas antiinflama-
tori as nao hormonais, alivia os
sinais c1fnicos, facilitam a dre-
nagem do conteudo purulento
dos seios e proporcionam bem
estar ao animal.
E uma afec<;:ao rara que
acomete caval os entre 8 e 1 '2
anos de idade, e caracteriza-se
por uma massa neoformada,
benigna, de carMer progressi-
vo e destrutivo, que se origina
da mucosa doturbinado etmoi-
dal. 0 hematoma etmoidal po-
dera, tambem, se originar no
assoalho e na parede dos sei-
os maxilar e frontal, e, nestes
casos, raramente invadem a ca-
vidade nasal.
As causas desencadeadoras
do processo ainda saD desco-
nhecidas. 0 desenvolvimento
progressivo do hematoma, que
pode ser bilateral, pode causar
necrose ossea e invadir 0 seio
frontal, seio esfenopalatino, ca-
vidade nasal e regiao nasofarin-
geana, agravando a quadro c1i-
nico do animal.
Clinicamente os caval as
acometidos par hematoma et-
moidal podem apresentar redu-
c;ao progressiva da capacidade
respirat6ria e epistaxes cr6nica
leve, uni au bilateral, que pode
ser acompanhada por secrec;ao
nasal mucopurulenta. A respira-
c;aogeralmente e estertorosa e
mais evidente durante a exerci-
cia, em razaoe proporcionalmen-
te ao grau de obstaculo que 0
hematoma produz ao fluxo de ar.
Ocasionalmente a animal apre-
sentara concomitantemente aos
sinais c1inicos principais, tosse,
odor fetido pela narina do lado
comprometido, agitac;ao de ca-
bec;ae disfagia, sendo esta con-
sequente a compressao do pa-
lata mole par hematomas extre-
mamente grandes. Raramente a
hematoma etmoidal desenca-
Figura 8.20
Hematoma etmoidal (foto
gentilmente cedida pelo
Prof. Dr. Stefano Hagen).
deia deformidades dos ossos da
face, e quando nao ha compro-
metimento dos seios, a percus-
saG destes apresentara sons
narmais.
o diagn6stico se baseia na
ocorrencia de epistaxes discre-
ta e demais sinais c1inicos des-
critos, e confirmado por exames
endosc6picos e radiogrMicos. 0
exame endosc6pico Ira revelar
estrias de sangue na cavidade
nasal e sobre a superficie da
lesao que pode estar ulcerada.
o aspecto macrosc6pico da
parede do hematoma e de uma
massa capsulada, lisa e de co-
lorac;ao que pode variar desde
vermelha a verde enegrecida.
Histologicamente 0 hemato-
ma etmoidal apresenta capsula
constituida principal mente por
tecido fibroso e epitelio respi-
rat6rio, sendo 0 estroma forma-
do por extensa rede vascular,
tecido fibroso, macr6fagos, ce-
lulas gigantes multinucleadas e
dep6sitos de hemosiderina.
o exame radiogrMico de-
monstrara a delimitac;ao e a 10-
calizac;aode massade tecido com
densidade aumentada, assim
como as possiveis implicac;6esde
estruturas 6sseas adjacentes.
A realizac;6esde exames en-
dosc6picos, radiogrMicos e ana-
tomopatol6gicos, possibilitam 0
diagn6stico diferencial de afec-
c;6es com sinais c1inicos seme-
Ihantes, como rinite mic6tica,
granuloma fungico, botriomico-
se e traumas com fraturas em
ossos e seios nasais.
o tratamento e preferencial-
mente cirurgico e a sua institui-
c;ao depende da extensao do
hematoma e da presenc;a de le-
s6es 6sseas secundarias. Os
hematomas pequenos, menores
do que 5 centlmetros podem ser
ressecados trans-endoscopica-
mente com equipamento de raio
laser. Por outro lado, nos proces-
sos com diametro maiores, 0
acesso cirurgico via "flap" fronto-
nasal, e a unica via que possibili-
ta a remoc;ao da massa com a
raio laser ou por tecnicas de
criocirurgia. Outra possibilidade
e a ablac;ao quimica do hemato-
ma pela via trans-endosc6pica,
utilizando-se soluc;ao de formal-
deido a 4%, em injec;ao no cen-
tro da massa com cateter de
polipropileno, contendo agulha
retratil. 0 volume total a ser inje-
tado depende do tamanho do
hematoma.
As recorrencias ou recidivas
p6s-operat6rias sao frequentes,
o que determina a necessidade
de acompanhamento do animal
com a realizac;ao de exames
endosc6picos, pelo menos a
cada 6 meses.
A fenda palatina e definida
como uma ma-formac;ao conge-
nita resultante da interrupc;ao da
fusao embriol6gica normal das
dobras palatinas, que se mani-
festam precocemente em po-
tros neonatos.
A fenda, ou a ausencia de
oclusao palatal pode estar pre-
sente apenas no terc;o caudal do
palato mole, em toda a sua ex-
tensao, ou comprometendo tam-
bem 0 palato duro, mantendo,
dessa forma, uma intercomuni-
ca<;ao da cavidade oral com a
cavidade nasal. Ocasionalmente
o palato mole pode apresentar
apenas malforma<;aoda margem
caudal, uni ou bilateralmente, pro-
porcionando, devido a assimetria
que causa, as mesmas manifes-
ta<;6esc1fnicasda fenda propria-
mente dita.
Clinicamente 0 potro ira a-
presentar corrimento nasal de
leite, durante ou logo ap6s a ma-
mada, devido a intercomuni-
ca<;aooro-nasal e falta de pres-
sac negativa que os movimen-
tos de suc<;ao causam na cavi-
dade oral durante 0 ato de ma-
mar.0 potro podera, ainda, apre-
sentar tosse por aspira<;ao de
leite e desenvolver secundaria-
mente, uma grave pneumonia
tipo corpo estranho. Em razao
do processo pulmonar concor-
rente, a temperatura corporal e
as frequencias respirat6ria e
cardfaca estarao elevadas; as
conjuntivas e mucosas apresen-
tar-se-ao hiperemicas e 0 tem-
po de perfusao capilar acima de
2 segundos.
o diagn6stico pode ser es-
tabelecido pela visualiza<;ao da
fenda palatina em potros que
apresentaram corrimento de
leite pelas narinas, durante ou,
o que e mais comum, imedia-
tamente ap6s 0 ato de mamar.
E importante nao se esquecer
que potros que mamam em
eguas com alta produ<;ao de
leite podem apresentar refluxo
nasal, sem, contudo aspirarem
o leite, ou apresentarem qual-
quer ma-forma<;ao do palato.
Muito raramente, potros porta-
dores de fenda palatina podem
apresentar concomitantemen-
te desvio de septa nasal e de
ossos pre-maxi lares.
A observa<;ao da fenda pala-
tina podera ser feita pelo exa-
Figura 8.21
Fenda palatina.
me visual da cavidade por en-
doscopia pela via oral ou nasal.
Ouando 0 refluxo de leite e con- .
sequencia de defeito de confor-
ma<;ao da margem aboral do
palato mole, 0 exame endosc6-
pico permite a observa<;ao da
epiglote, a mucosa da prega
subepigl6tica e a face ventral do
orofaringe, com concomitante
aprisionamento da prega arite-
noepigl6tica.
E sempre conveniente que 0
c1fnico realize um cuidadoso
exame dos pulm6es antes de se
decidir pelo tratamento, uma vez
que a pneumonia por corpo es-
tranho podera inviabilizar a re-
cupera<;ao do animal. Alguns
potros, apesar da fenda palati-
na, podem se desenvolver nor-
malmente ate a idade adulta, no
entanto, sempre serao animais
que apresentarao corrimento
nasal seroso com restos de ali-
mentos, tosse e baixo rendimen-
to atletico.
Figura 8.22
Corrimento nasal de leite (fenda)
- pneumonia por aspirayao.
A corre<;:aoda fenda palati-
na deve ser tentada preferen-
cialmente ja no primeiro dia de
idade do animal, realizando-se
a palatoplastia. Fendas localiza-
das no palato mole saG de difl-
cil acesso pela via oral devido a
extensao da cavidade e a pe-
quena abertura que se conse-
gue com a mandfbula. A tecni-
ca proposta e a da palatoplastia
por transinfisiotomia - acesso
com abertura da sinfise mento-
niana e do assoalho paralingual
- que se constitui em procedi-
mento extremamente traumati-
co para 0 animal.
o progn6stico e reservado,
sendo que menos de 50% dos
animais com fendas pequenas
(palato mole), e, aproximada-
mente 20% dos portadores de
defeitos palatinos extensos, re-
cuperam-se plenamente.
Figura 8.23
Correc;ao da fenda palatina -
enxerto de tecido biol6gico.
8.10. Deslocamento dorsal
do palato mole.
o deslocamento do palato
mole e descrito como uma das
manifesta<;:6es da sindrome da
disfun<;:ao faringeana adquirida
do cavalo e, pode ser resultante
de faringites com hiperplasias
linf6ides de graus elevados,
neuropatias ou atrofias neuro-
genicas da musculatura do pala-
to ou secundaria a enfermidades
musculares generalizadas, botu-
lismo, intoxica<;:6espor chumbo,
micose das bolsas guturais e le-
s6es no IXo e XO pares de ner-
vos cranianos.
Tambem saG responsaveis
pelo deslocamento dorsal do
palato mole nos cavalos, altera-
<;:6estais como diametro naso-
faringeano diminuido, distancia
faringo-epigl6ticareduzida na
fisiologia da faringe e da larin-
ge, epiglote hipoplasica, redu-
<;:aodo tonus da musculatura
nasofaringeana e da muscula-
tura que controla a movimenta-
<;:aodo aparelho hi6ide.
A extensao da cabe<;:a em
rela<;:aoao angulo do pesco<;:o
em cavalos de corrida e um fa-
tor mecanico de extrema impor-
tan cia no desencadeamento do
deslocamento dorsal do palato
mole em animais predispostos,
por proporcionar 0 posiciona-
mento dorsal do palato, com
proje<;:ao rostral concomitante
da laringe. Nestas circunstan-
cias, e devido ao baixo tonus da
musculatura do palato, 0 animal
ao retornar a cabe<;:aem flexao,
possibilita a redu<;:aoda distan-
cia faringolaringeana com aco-
moda<;:aodo palato mole sobre
a epiglote. Outro fator mecani-
co comum e a retra<;:aoda lin-
gua que ira causar eleva<;:aodo
palato mole e proje<;:ao rostral
da laringe. Tais fenomenos me-
canicos adquirem extrema gra-
vidade quando 0 animal encon-
tra-se correndo, restringindo a
performance ou causando co-
lapso respirat6rio ou asfixia. De
uma maneira geral em razao das
etiopatogenias conhecidas, 0
deslocamento dorsal do palato
mole e erroneamente definido
apenas como afec<;:aoresultan-
te de paresia, paralisia ou alon-
gamento do palato mole.
o deslocamento dorsal do
palato mole pode se manifestar
c1inicamente de forma intermi-
tente ou persistente.
o deslocamento intermiten-
te do palato mole pode ocorrer
com a abertura da boca, deglu-
ti<;:aoem exerdcio, hiperflexao
da cabe<;:a,fadiga e excita<;:ao
nervosa como causas mais fre-
quentes. 0 cavalo reduz a per-
formance em treinos e corridas
e apresenta ruido respirat6rio
caraeteristico e mais intenso na
expira<;:ao.O cavalo pode apre-
sentar tosse durante os epis6-
dios, e nos casos de grave dis-
pneia, colapso respirat6rio e
cianose, que podera resultar em
morte do animal.
Ouando 0 deslocamento for
persistente, alem do ruido respi-
rat6rio, os cavalos tossem com
frequencia, especialmente quan-
do deglutem, e podem apresen-
tar secre<;:aonasal com restos de
alimentos. 0 deslocamento per-
sistente possibilita tambem a
ocorrencia de falsa via aos ali-
mentos e predispoe a instala-
<;:13.0de pneumonias graves que
podem ser fatais.
Outros fatores podem ser
os principais responsaveis pelo
deslocamento dorsal do palato
mole, alem dos ja referidos,
como: a hipoplasia da epiglote,
a estenose cicatricial do ostio
faringeano, 0 aprisionamento
da epiglote, 0 cisto subepiglo-
tico, a hemiplegia laringea, as
anormalidades anatomicas
congenitas do orofaringeo, as
afec<;:oesdas bolsas guturais e
as sequelas de cirurgias da fa-
ringe e laringe.
o diagnostico e baseado nos
sinais e caraeteristicas clinicas
do processo, entretanto, deve-
se destacar que situa<;:oescomo
intolerancia ao exerdcio, perda
ou redu<;:13.oda performance, rui-
do respiratorio devido a vibra-
<;:13.0do palato mole, tosse, dis-
fagia, corrimento nasal bilateral
e manifesta<;:oesde asfixia tem-
poraria em cavalos de corrida,
SaD sinais extremamente impar-
tantes para a elabora<;:13.odiag-
nostica. A maioria dos cavalos
com deslocamento dorsal do
palato, apresentam-se normais
quando est13.oem repouso, sen-
do par esta raz13.ofundamental
que 0 exame c1inico seja tam-
bem realizado com 0 animal sob
exerdcio moderado.
o diagnostico definitivo e
formalizado pelo exame endos-
copico, que nos casos de des-
locamento dorsal persistente,
devido a sobreposi<;:13.odo pa-
lato mole, n13.Otorna possivel a
visualiza<;:13.oda epiglote. Esta
situa<;:13.opode ser caraeteriza-
da como decorrente de aprisi-
onamento da epiglote por des-
locamento dorsal do palato
mole. Em casos de desloca-
mento intermitente, 0 exame
endoscopico devera ser reali-
zado em esteiras de alta per-
formance ou imediatamente
Figura 8.24
Aprisionamento da epiglote por deslocamento do palato mole.
Figura 8.25
Deslocamento dorsal do palata mole - Raios-X.
ap6s 0 exerdcio moderado. A
endoscopia permite, tambem, 0
diagn6stico diferencial com ou-
tras afecc;:6es respirat6rias ou
processos fari ngolari ngeanos
concomitantes. 0 deslocamen-
to dorsal persistente do palato
mole e a hipoplasia da epiglote
podem ser avaliados por radio-
grafia lateral da laringe.
o tratamento do desloca-
mento dorsal intermitente do
palato mole podera ser conser-
vador ou associado ao trata-
mento cirurgico. 0 tratamento
conservador consiste na admi-
nistrac;:aode antiinflamat6rios e
anti-septicos oro-faringeanos
atraves de nebulizac;:6esrealiza-
das '2 vezes ao dia, ou direta-
mente na cavidade oral. Devido
a mecanica fisiopatol6gica do
deslocamento -retrac;:ao da lIn-
gua e deslocamento rostral da
laringe-, a "amarrac;:ao" da lIn-
gua com tiras de'couro ou teci-
do, no espac;:o interdental da
mandfbula, utilizada em alguns
centros hfpicos, pode prevenir 0
deslocamento intermitente em
cavalos durante as corridas.
Frente ao insucesso destes pro-
cedimentos, ou frente a deslo-
camentos persistentes, reco-
menda-se a miedomia do gru-
po esternotirohiofdeo e/ou a
estafiledomia (ressecc;:ao da
borda livre do palato mole) ou 0
aumento artificial da epiglote
por injec;:aode teflon nos casos
de hipoplasia da epiglote.
o progn6stico em casos de
deslocamento dorsal do palato
mole seja ele de que origem for,
sempre devera ser reservado.
8.11. Aprisionamento da
epiglote.
Considerada tambem como
uma das manifestac;:6esda sfn-
drome da disfunc;:ao faringeana
adquirida, 0 aprisionamento da
epiglote e caraderizado par fixa-
c;:aoda epiglote pela prega glos-
soepigl6tica (tecido subepigl6-
tico) e prega aritenoepigl6tica que
recobre 0 apice, margens laterais
e parte da superffcie dorsal da
epiglote. A mucosa que constituf
a prega glossoepigl6tica continua
dorsalmente para formar a prega
aritenoepig 16tico.
Assim como as demais afec-
c;:6escomponentes da sfndrome
.de disfunc;:ao faringeana adqui-
rida,0 aprisionamento da epiglo-
te pode ocorrer em situac;:6esde
processos inflamat6rios farin-
geanos e laringeanos inesped-
ficos, em cistos subepigl6tico,
deformidades das cartilagens e
hipoplasia congenita da epiglo-
te, e podem ser considerados os
mais importantes fatores de
predisposic;:ao.Ocasionalmente
o aprisionamento da epiglote
podera tambem ocorrer conco-
mitantemente ao deslocamen-
to dorsal do palato mole e em
potros com fenda palatina, des-
de 0 primeiro dia de vida.
Clinicamente 0 aprisiona-
mento da epiglote se caraderi-
za por intolerancia ao exerdcio,
rufdo respirat6rio anormal audf-
vel tanto na inspirac;:aoquanto na
expirac;:ao,tosse cr6nica princi-
palmente durante alimentac;:ao
ou 0 exerdcio, e, ocasionalmen-
te, sinais de obstruc;:aoaguda da
laringe. Os sinais c1fnicos saG
mais brandos ou 0 cavalo se tor-
na assintomatico em repouso,
sendo que e muito raro nao ocor-
rerem manifestac;:6esclfnicas du-
Figura 8.26
Aprisionamento da epiglote (foto gentilmente cedida pelo
Prof. Dr. Stefano Hagen).
rante 0 exercicio, Nestas situa-
c;:6es,0 que chama a atenc;:aoe
apenas a reduc;:aoda performan-
ce atletica ou a intolerancia ao
trabalho manifestar-se somente
ao exercicio forc;:ado,
o diagn6stico definitivo e rea-
lizado atraves do exame endos-
c6pico que Ira revelar 0 aprisio-
namento da epiglote acompanha-
do, algumas vezes, por outras al-
terac;:6escomo 0 deslocamento
dorsal do palato mole, a fenda
palatina, as deformidades carti-
lagineas, devido principalmente a
condromas, 0 cisto subepigl6-
tica,o desvio lateral da epiglote
e 0 deslocamento rostral do
arco palatofaringeo. A imagem
endosc6pica mostrara a epi-
glote completamente ou parcial-
mente recoberta pela prega
aritenoepigl6tica, que, em casos
cr6nicos, podera estar ulcerada
ou com reac;:6es granuloma-
tosas em sua margem,
Assim como 0 deslocamen-
to dorsal do palato mole, 0 apri-
sionamento da epiglote pode
ser intermitenteou perman en-
te, necessitando, quando for in-
termitente, a r~alizac;:aode exa-
mes endosc6picos sequenciais
em repouso, durante a alimen-
tac;:aoe em exercicio (esteira),
para que possa ser confirmado,
Exames radiograficos podem
auxiliar na caracterizac;:ao do
aprisionamento e na avaliac;:ao
da epiglote como fator de pre-
disposic;:ao ao processo, Epi-
glotes com menos de 7,5 centi-
metros de comprimento devem
ser consideradas hipoplasica e
passiveis de serem aprisionadas
pelos tecidos subepigl6tico e
pela prega aritenoepigl6tica,
Desde que a causa do aprisio-
namento epigl6tico nao seja por
anomalias congenitas das car-
tilagens, ou afecc;:6es associa-
das, casos intermitentes e re-
centes de aprisionamento, res-
pondem satisfatoriamente se 0
cavalo for mantido em repouso
durante 15 dias e tratado com
anti-septicos orais e antiinfla-
mat6rios sistemicos. Os casos
persistentes ou com graves re-
percuss6es respirat6rias podem
ser tratados cirurgicamente, pe-
la secc;:ao da membrana apri-
sionante ao longo de sua linha
media, com bisturi curvo, eletro-
cirurgia trans-endosc6pica ou a
raio laser, Outra opc;:aocirurgi-
ca consiste na ressecc;:ao da
prega aritenoepigl6tica atraves
da laringotomia ventral.
o progn6stico devera sem-
pre ser considerado como re-
servado, salientando-se as dife-
rentes etiologias desencadea-
doras do aprisionamento epigl6-
tico, Cerca de 20% dos animais
operados por secc;:ao das pre-
ga aritenoepigl6tica pode apre-
sentar deslocamento dorsal in-
termitente do palato mole como
sequela p6s-operat6ria,
8.12. Hemiplegia da
laringe (cavalo
roncador).
A hemiplegia da laringe, tam-
bem denominada de paralisia da
laringe ou ruido laringeo recor-
rente, e considerada uma das
afecc;:6es mais frequentes que
afetam as vias respirat6rias su-
periores, principal mente em ca-
valos de corrida entre 2 e 3 anos
de idade.
A hemiplegia da laringe aco-
mete cavalos caraderizando-se
por reduc;:aoda performance, in-
tolerancia ao exercicio e ruido
respirat6rio anormal, A carac-
terizac;:aodeste quadro e seme-
Ihante a das afecc;:6es da sin-
drome da disfunc;:aofaringeana
adquirida, devido a similarida-
de etiopatogenica e clinica,
com 0 deslocamento dorsal do
palato mole, 0 aprisionamento
da epiglote, 0 aprisionamento
em aduc;:ao das cartilagens
ariten6ides pelo arco palato-
faringeano, e a condrite das
cartilagens ariten6ides.
A paralisia da laringe e con-
sequente de uma axoniopatia
distal do nervo laringeo recorren-
te, responsavel pelo estrmulo
necessario para a contrac;:aoda
musculatura intrinseca da larin-
ge, em particular do musculo
cricoariten6ideo dorsal, respon-
savel pela abduc;:aoda cartilagem
ariten6ide, Consequentemente, 0
processo Ira resultar em atrofia
neurogenica dos musculos en-
volvidos, sendo que em 95% dos
casos ela pode ser parcial ou
completa no lado esquerdo da
laringe, levando a alterac;:6esna
movimentac;:ao (aduc;:ao e ab-
duc;:ao)da cartilagem ariten6ide,
Les6es a direita ou bilateralmen-
te sao raras, e podem ocorrer
devido a afecc;:aono sistema ner-
voso central, ou etiologias de ori-
gem sistemica,
As causas mais comuns de
hemiplegia da laringe sac as se-
quelas de garrotilho, principal-
mente quando ha linfadenopatia
ou empiema de bolsas guturais;
inflamac;:oes perivasculares jun-
to a regiao da faringe e laringe;
micose das bolsas guturais;
abscessos perineurais recorren-
tes; neoplasias do pescoc;:o; le-
soes decorrentes de laringo-
tomia; esofagostomia e cirurgias
reparadoras da traqueia. Pode
tambem causar paralisia larfn-
gea: 0 saturnismo; os envene-
namentos por plantas e organo-
Figura 8.27
Aduyao e abduyao das cartilagens ariten6ides na
paralisia laringea de grau IV.
Figura 8.28
Atrofia neurogenica experimental do m.
cricoariten6ideo dorsal esquerdo.
fosforados; as toxinas virais e
bacterianas; as deficiencias de
tiamina; as lesoes traumaticas
neurais ou perineurais do n. la-
rfngeo recorrente, e as lesoes
inflamatorias produzidas por
aplicac;:ao de drogas irritantes
adjacentes ao n. larfngeo recor-
rente. Esta ultima causa tem
adquirido significado importan-
te quando as aplicac;:oes intra-
museu lares no pescoc;:o(proxi-
ma a veia jugular), ou intrave-
nosa, sac realizadas com impe-
rfcia e inabilidade, quando a
agulha transfixa a veia e atinge
a regiao dorsolateral da traqueia.
Drogas como 0 eter gliceril-gua-
iacol, a fenilbutazona e comple-
xos vitamfnicos oleosos (de uso
intravenoso) sac extremamen-
te irritantes quando injetados
fora da veia.
A hemiplegia laringeana po-
de ser observada sob tres for-
mas: hemiparesia, sem sinais
c1fnicos evidentes, hemiparesia
com sinais c1fnicos e hemiple-
gia caracterfstica. A forma sub-
c1fnica possui, alta prevalencia
podendo ser um achado endos-
copico em 77% dos animais de
corrida e que anteriormente nao
possufam historico de dispneia
ou de rufdo respiratorio. Ja a for-
ma c1fnicapode acometer entre
3 a 9% dos cavalos atletas.
Clinicamente, 0 cavalo por-
tador de hemiplegia larfngea
apresenta baixa performance,
intolerancia ao exercfcio e ruf-
do respiratorio anormal carac-
terizado como chiado ou ronco,
razao porque estes cavalos
eram chamados de "chiadores"
ou "roncadores". 0 rufdo larfn-
geo, audfvel em cavalos afeta-
dos, constitui apenas a turbulEm-
cia do ar causada pela posi<;ao
axial e falta de abdu<;ao da car-
tilagem ariten6ide durante a res-
pira<;ao,causando um obstacu-
10 mecanico, e for<;ando a pas-
sagem do ar pelo ventrfculo ou
saculo lateral, que funcionam
nestas condi<;6es como res-
sonadores. Podera haver tam-
bem a vibra<;ao anormal das
cordas vocais.
o rufdo respirat6rio e audfvel
tanto na inspira<;ao como na
expira<;ao, porem e muito mais
acentuado durante a inspira<;ao
e em exercfcios ou trabalhos for-
<;ados.Cavalos com hemiplegia
larfngea apresentam grande di-
ficuldade respirat6ria que pode
ser progressivaou se instalaragu-
damente, e desenvolvem mais ra-
pidamente sinais de hip6xia, hi-
percapneia e acidose metab6-
lica,principalmente quando estao
comprometidos ambos os neNOS
recorrentes. Nos graus mais se-
veros de hemiplegia, os cavalos
velocistas poderao apresentar co-
lapso respirat6rio em razao da in-
trusao axial, da prega aritenoe-
pigl6tica, da cartilagem ariten6ide
paralisada e da corda vocal cor-
respondente, em razao da alta
tensao de inspira<;aorealizada.
o diagn6stico e facil de ser
elaborado dadas as caracterfs-
ticas da afec<;ao. 0 animal deve
ser avaliado durante 0 repouso,
em exercfcio, e ap6s este. Com
o animal em repouso, 0 rufdo
respirat6rio raramente e audfvel
quando a hemiplegia for unila-
teral e de graus discretos. 0 ruf-
do pode ser exacerbado golpe-
ando-se 0 t6rax do animal com
o punho, 0 que produziria inspi-
ra<;aofor<;ada e acentua<;ao da
caracterfstica do som. 0 mes-
mo efeito pode ser conseguido
com palmadas aplicadas na re-
giao do masseter. Ainda com 0
cavalo em repouso, sons inspi-
rat6rios ruidosos ou sibilantes
podem ser acentuados empre-
gando-se uma tecnica em par-
ticular: um dos lados da laringe
e seguro com os dedos e a pal-
ma de uma das maos estendi-
da, enquanto as extremidades
dos dedos da outra mao exer-
cem pressao para dentro, aci-
ma da laringe, do lado oposto.
Desta forma, produzir-se-a um
som esten6tico, estertoroso, de-
rivado da hemiplegia larfngea
durante a inspira<;ao, porque e
durante esta fase que 0 aumen-
to da pressao negativa no inte-
rior da laringe, causa um obsta-
culo mecanico da ariten6ide, re-
sultando em maior estreitamen-
to do lumen laringeano. Alem
desses sinais, e possfvel a pal-
pac;ao digital do processo mus-
cular do m.cricoaritenofdeo dor-
sal, em razao da atrofia do mus-
culo nas hemiplegias de graus
mais severos.
o exame do cavalo em exer-
dcio deve ser realizado com
precauc;ao, uma vez que, na de-
pendenciada gravidade da pa-
ralisia e da intensidade do exer-
cfcio, 0 animal podera apresen-
tar hipoventilac;ao, cianose, aci-
dose e colapso cardiorrespira-
t6rio. Com este quadro c1fnico,
o cavalo apresentara intoleran-
cia ao exerdcio e 0 rufdo inspi-
rat6rio sera audfvel mesmo a
distancia. Ap6s 0 exercfcio, na
medida que 0 animal regulariza
a frequencia e amplitude da res-
pirac;ao, a tendencia e de redu-
c;aogradativa do rufdo e do des-
conforto a inspirac;ao.
o exame endosc6pico pode
ser realizado em repouso, em
exercfcio (esteira) ou imediata-
mente ap6s 0 exercfcio em pis-
ta, possibilitando a avaliac;aodos
movimentos de aduc;ao e ab-
duc;ao das cartilagens ariten6i-
des bem como de sua sincro-
nia. Na paralisia unilateral, e evi-
dente a assimetria da ariten6ide
comprometida na fase de ab-
duc;ao,demonstrando que ela se
constitui no principal obstaculo
mecanico a passagem do ar.
Endoscopicamente a hemi-
plegia larfngea pode ser c1assi-
ficada em 4 graus, conforme 0
comprometimento da motrici-
dade da cartilagem ariten6ide,
a saber:
Grau I. Abduc;aoe aduc;aocom-
pletas e sincronizadas
das cartilagens arite-
n6ides, com discreta
assimetria.
Grau II. Movimento assimetrico
evidente da cartilagem
ariten6ide comprome-
tida durante todas as
fases da respirac;ao.
Ocorre abduc;ao com-
pleta ao estimular-se a
deglutic;ao ou ao reali-
zar-se a oclusao nasal.
Grau III. Movimento assimetrico
da cartilagem ariten6i-
de comprometida du-
rante todas as fases da
respirac;ao, nao se ob-
tendo abduc;ao com-
pleta mesmo ao se es-
timular a deglutic;ao ou
se realizar a oclusao
nasal.
Grau IV. Paralisia completa da
cartilagem ariten6ide
Figura 8.29
Hemiplegia laringea de grau I.
(Ieve assimetria da cartilagem aritenoide esquerda)
HE\lIPLEGI.\ ES )L'ERO\
Figura 8.30
Hemiplegia laringea de grau IV.
(severa assimetria da cartilagem aritenoide esquerda)
esquerda, mesmo ao se
estimular a deglutic;ao
ou se realizar a oclusao
das narinas,
Durante a realizac;aodo exa-
me endosc6pico com 0 cavalo
em repouso, e possivel avaliar-
se 0 grau de comprometimento
motor da cartilagem ariten6ide,
aplicando-se sobre 0 gradil cos-
tal direito e esquerdo, golpes de
intensidade media com a mao
fechada "slap test", Este teste de
estimulac;ao proporciona uma
resposta motora da laringe per-
mitindo a visualizac;ao e avalia-
c;aodos movimentos de abduc;ao
e aduc;ao.
o tratamento pode ser con-
servador e cirurgico, Conserva-
dor quando 0 cavalo e precoce-
mente atendido, e e portador de
enfermidades como 0 garrotilho,
podendo a antibioticoterapia
espedfica produzir melhora do
quadro c1inico, A utilizac;ao de
drogas estimuladoras do sis-
tema nervoso ou reparadoras
neuronais (gangliosideos) ate 0
presente, nao demonstrou re-
sultados efetivos que justificas-
sem a sua utilizac;ao, alem do
alto custo em que se reveste
este tipo de tratamento. Quan-
to ao tratamento cirurgico, inu-
meras saG as tecnicas propos-
tas para a resoluc;ao do ruido e
da asfixia, entretanto, nenhuma
delas e capaz de reparar defini-
tivamente as func;6es normais
da laringe, A tecnica menos
complexa, e que em situac;6es
de emergencia respirat6ria po-
de salvar a vida do cavalo e a
traqueotomia ou traqueostomia
com aplicac;:aodo traqueotubo.
Muitos cavalos podem realizar
algum tipo de trabalho respiran-
do atraves do traqueotubo, po-
rem com 0 inconveniente de ins-
pirarem ar sem previo aqueci-
mento, alem do risco que cor-
rem de desenvolverem afecc;:6es
pulmonares por inalac;:aode par-
t1culas de carpos estranhos.
Em cavalos portadores de
grau Ide hemiplegia larfngea,com
rufdo inspirat6rio discreto, e que
nao apresentam perda de perior-
mance atletica, a cordedomia
realizada atraves de equipamen-
to de raios laser ou atraves da
laringotomia, tem eliminado con-
venientemente 0 desconforto que
causa ao proprietario do animal,
o rufdo respirat6rio anormal.
Dentre as tecnicas cirurgicas
propostas para a correc;:ao de
paralisias acima de grau I, a ven-
triculedomia, tambem denomi-
nada de saculeetomia, se cons-
tituf na tecnica mais antiga utili-
zada para 0 tratamento da he-
miplegia laringeana, sendo que,
atualmente, tem side associada
a laringoplastia (aritenopexia)
tambem denominada de pr6tese
do musculo abdutor. A associa-
c;:aodas tecnicas de aritenopexia
com a ventriculedomia tem pro-
porcionado os melhores resulta-
dos reparativos quanto a elimi-
nac;:aodo rufdo respirat6rio e a
recuperac;:ao da performance
atletica do cavalo.
o cirurgiao podera ainda op-
tar pela aritenoidedomia parcial,
subtotal ou total associada ou
nao a ventriculedomia, da res-
secc;:aodo processo corniculado
associada ou nao a cordec-
tomia, e, final mente, utilizar as
tecnicas de reinervac;:ao da la-
ringe por transposic;:ao de ner-
vo, com ou sem 0 seu pedfculo
muscular, para sobre 0 muscu-
10 cricoariten6ideo dorsal atro-
fiado. Entretanto, em vista da
Figura 8.31
Cordas vocais e ventrfculos laringeos - vista endosc6pica.
Figura 8.32
Endoscopia da laringe p6s-resse<;:aodo processo
corniculado esquerdo.
atrofia irreversivel do musculo
cricoaritenoideo dorsal que ocor-
re nos casos de graus elevados
de paralisia e de processos anti-
gos, as tecnicas de reinervac;:ao
nao proporcionam resultados sa-
tisfatorios. Convem salientarmos
que os melhores resultados que
poderao ser obtidos com a utili-
zac;:aodas varias tecnicas pro-
postas, so ocasionalmente ultra-
passam os 70% de recuperac;:ao
total por longo tempo, manten-
do-se comumente na media de
30% a 50%.
o prognostico sobre a per-
formance atletica do cavalo sub-
metido a qualquer das tecnicas
de tratamento da hemiplegia
laringea, devera sempre ser
considerado reservado, devido
ao comprometimento do rendi-
mento pleno do animal que po-
dera ocorrer.
A condrite ariten6ide e uma
afecc;:aodo trato respiratorio an-
terior, componente da sindrome
de disfunc;:aorespiratoria adqui-
rida, que pode acomete animais
de todas as rac;:ase ambos os
sexos e diferentes idades. Ca-
valos em fase de treinamento ou
em plena atividade atletica de-
monstram mais precocemente
os sinais da enfermidade.
A condrite acomete a carti-
lagem aritenoide e 0 processo
corniculado, podendo ser uni ou
bilateral. As alterac;:6es que
ocorrem nas cartilagens sao
progressivas levando a defor-
mac;:6esuni ou bilateral da car-
tilagem com consequente oclu-
san do lumen da laringe, promo-
vendo ruidos respiratorios ao
exerdcio, semelhantes aos au-
diveis na paralisia do n. laringeo
recorrente.
A etiologia desta doenc;:aain-
da nao e bem definida, entre-
tanto, situac;:6es como passa-
gens de sonda nasogastrica,
entubac;:ao endotraqueal e a in-
gestao de corpos estranhos co-
mo rac;:6esfareladas e particu-
las de cama de baias podem
predispor a afecc;:ao. Cavalos
com neuropatia laringeana re-
corrente de grau severo podem
estar predispostos a condrite
em razao do contato anormal da
cartilagem aritenoide paralisada
com a normal, produzindo lesao
da mucosa, desenvolvimento de
processo inflamatorio, e, ocasio-
nalmente, invasao bacteriana.
Ainda como agentes desenca-
deadores da condrite da carti-
lagem aritenoide, podemos ci-
tar as infecc;:6esde origem viral
ou bacteriana que podem de-
sencadear res posta tecidual
que proporcione a substituic;:ao
da cartilagem hialina por tecido
Figura 8.33
Condrite ariten6ide supurativa.
de granulac;:aocom intenso infil-
trado inflamatorio (neutrofilos,
linf6citos, e macrofagos) e
espessamento do corpo da car-
tilagem aritenoide. Nas condri-
tes decorrentes de les6es trau-
maticas da cartilagem ou prima-
riamente causadas por infec-
c;:6esbacterianas podera haver
a fistulizac;:ao para 0 lumen da
faringe ou ao lumen da traqueia,
no comprometimento do corpo
da aritenoide.
Nas fases iniciais, a condrite
aritenoidepode nao manifestar
sinais respirat6rios evidentes,
porem, havera perda de perfor-
mance ou intolerancia ao exer-
dcio, na medida em que for
ocorrendo 0 espessamento da
cartilagem. Com a evoluc;:aoda
afecc;:ao,0 cavalo podera apre-
sentar grave dispneia, especial-
mente quando 0 processo aco-
meter ambas as cartilagens
Figura 8.34
Fibroma da ariten6ide e cisto
epigl6tico.
aritenoide. 0 ruido respiratorio,
que pode ser estertoroso, e cau-
sado pela passagem do ar no
lumen da laringe que se encon-
tra reduzido devido ao espes-
samento da cartilagem.
o exame c1inicodeve ser rea-
lizado utilizando-se dos mesmos
procedimentos adotados para 0
exame da hemiplegia laringeana,
em razao dos sinais comuns pre-
sentes na condrite da aritenoide,
como intolerancia ao exerdcio,
ruido respiratorio, reduc;:ao da
performance atletica e dispneia.
Deve-se proceder a palpac;:ao
externa da laringe, radiografias
e a laringoscopia.
A palpac;:aoexterna da larin-
ge pode revelar aumento de
volume da regiao com endure-
cimento e reduc;:aoda elastici-
dade das estruturas cartilagino-
sas. A compressao da laringe
pode desencadear tosse ou 0
ruido respiratorio.
o exame radiografico pode
demonstrar aumento da dens i-
dade, mineralizac;:ao por meta-
plasia das cartilagens, contorno
ou tamanho anormal dos pro-
cessos corniculados e oblite-
rac;:aodo ventriculo laringeo. E
importante observar que cava-
los idosos ou que ja ten ham side
submetidos a laringotomia po-
dem apresentar mineralizac;:ao
das cartilagens da laringe.
o exame endoscopico permi-
te estabelecer 0 diagnostico de-
finitivo, onde podemos constatar:
• Reduc;:aodo lumen da laringe.
• Espessamento e a deformi-
dade da cartilagem aritenoi-
de e do processo corniculado.
• Projec;:aoda prega aritenoe-
piglotica e do arco palato
faringeo.
• Presenc;:a de les6es ulce-
rativas da mucosa.
• Presenc;:a de tecido de gra-
nulac;:ao.
• Ocorrencia de fistulizac;:ao.
Nesta fase do exame endos-
copico e possivel a realizac;:aodo
diagnostico diferencial com a
hemiplegia da laringe, 0 deslo-
camento dorsal do palato mole,
o aprisionamento da epiglote, 0
fibroma da laringe e os cistos
epiglotico e subepigl6tico,
Os cavalos que apresentam
colapso respiratorio severo, pre-
ferencialmente nao devem ser
submetidos ao exame endosco-
pico em exerdcio, devido ao alto
risco de asfixia.
o tratamento, nas fases ini-
ciais, e nos processos com en-
volvimento bacteriano, pode ser
conservativo, instituindo-se apli-
cac;:6esde antiinflamat6rios nao
esteroidais e antibioticoterapia de
amplo espectro. Infus5es farin-
golaringeanas com soluc;:6esanti-
septicas com c1orexidina,3 vezes
ao dia,auxiliama recuperac;:aodas
les5es. Nas condrites de maior
gravidade somente a aritenoidec-
tomia subtotal ou total pode res-
taurar, mesmo que parcialmente,
o diametro da rima da laringe.
o progn6stico deve sempre
ser considerado como reserva-
do, uma vez que a capacidade
atletica estara comprometida;
assim como cavalos que foram
tratados cirurgicamente pode-
rao apresentar disfagia e dis-
pneia persistente.
8.14. Doen~a pulmonar
obstrutiva cr6nica
(D.P.O.C.)/Obstru~ao
aerea recorrente.
E uma afecc;:aorelativamen-
te frequente em cavalos de cor-
rida produzindo reduc;:aoda per-
formance, intolerancia ao exer-
dcio, dispneia expiratoria, tosse
e perda de peso nos casos cr6-
nicos mais graves.
Sao muitos os sin6nimos
pelos quais a D.P.O.C.e con he-
cida, entre eles citamos: enfi-
sema cr6nico, bronquite cr6ni-
ca, bronquiolite cr6nica e obs-
truc;:aode fluxo de ar recorren-
te. Atualmente a D.PO.C. rece-
be a denominac;:ao de Obstru-
c;:aoAerea Recorrente, em ani-
mais com mais de 5 anos de
idade, e Enfermidade Inflamato-
ria da Respirac;:ao para cavalos
jovens de 2 a 3 anos. Muito
embora a afecc;:ao possa ser
identificada at raves de procedi-
mentos c1inicos e laboratoriais
especiais, a sua etiopatogenia
nao se encontra ainda comple-
tamente esclarecida, assim
como os sinais c1inicos podem
apresentar variac;:5esem termos
de tipos de manifestac;:5es e de
intensidade com que se mani-
festam.
A D.PO.C. pode ser conse-
quente a process os pulmonares
primarios desencadeadores de
bronquite e bronquiolite, por ma-
nifestac;:5esalergicas tipo asma-
tica, poeira ou substancias aler-
genas em suspensao no ar. Tal
fato pode ser observado pela
alta prevalencia do processo em
cavalos estabulados em baias
mal-ventiladas. As camas de
serragem ou de maravalha, ra-
<;:6esfareladas e fenos secos,
facilmente eliminam partrculas
que ficam em suspensao no ar
e saG inaladas pelo cavalo,
constituindo-se em fator irritan-
te e antigenico importante no
desencadeamento da afec<;:ao.
Nesta situa<;:ao ambiental, saG
mais predispostos os cavalos
mantidos em manejo extensivo,
exclusivamente a pasto, e que'
repenti namente saG estabu-
lados e alimentados com fenos
e concentrados, principal mente
sob a forma de farelos.
Muitos outros fatores etiol6-
gicos saGtambem responsabili-
zados pelo desencadeamento da
D.P.O.C.como os vrrus,principal-
mente da influenza equina; bac-
terias como 0 Streptococcus
zooepidemicus, Corynebac-
terium equi e Bordetella bron-
chis eptica; parasitas com cicio
pulmonar, Dictyocaulus arnfield
(fase larvaria 4) e Parascaris
equorum; fungos como 0 Asper-
gillus fumigatus, Aspergillus
niger, Alternaria, Penicillium e
Riffizopus sp, produzindo pneu-
monite alergica por rea<;:aode
hipersensibilidade. Podem tam-
bem ser encontrados baderias
da ordem dos Actinomycetales
como 0 Microspolyspora faeni
e Thermoactinomyces vulgaris.
Esta enfermidade acomete
principal mente cavalos em tor-
no dos 5 anos de idade, poden-
do, no entanto, manifestar-se em
cavalos com 2 a 3 anos quando
iniciam as temporadas hrpicas.
A D.P.O.C.produz hipoxemia,
decrescimo da com placencia e
aumento da resistencia pulmo-
nar com baixa troca gasosa,
compatrveis com quadro de obs-
tru<;:aodifusa do fluxo de ar. 0
processo inflamat6rio que se
Figura 8.35
Dictyocaulus arnfield.
instala, com produ<;:aode tam-
p6es de muco, restos celulares
e exsudato, associ ado ao bron-
coespasmo decorrente da a<;:ao
de mediadores qurmicos e esti-
mula<;:ao de receptores alfa-
adrenergicos, determina a ma-
nifesta<;:ao e a intensidade dos
sinais c1rnicos da doen<;:a.
o quadro c1rnicose carade-
rizapar dispneia, hiperpneia, pou-
ca tolerancia ao exerdcio e ex-
pira<;:aoforc;ada. 0 aumento da
frequencia respirat6ria durante 0
repouso e a primeira manifesta-
<;:aoc1rnica aparente da bron-
quiolite e em alguns casos do en-
fisema pulmonar, associ ado a
uma dificuldade na expirac;ao
que se processa em dois tem-
pos, devida a dilata<;:ao,perda de
elasticidade, obstru<;:ao e final-
mente ruptura dos alveolos, con-
sequencias estas devidas a obs-
truc;aodo fluxo de ar causada por
tamp6es mucosos, restos celu-
lares e espasmos da muscula-
tura lisa dos br6nquios. As ve-
zes, os equinos podem apresen-
tar corrimento seroso ou sero-
mucoso proveniente dos pul-
m6es, ou mesmo, corrimento
sera-mucoso sanguinolento em
virtude de rompimento de vasos
alveolares.
Nos casos graves, as narinas
encontram-se dilatadas e 0 ab-
domen pode apresentar uma li-
nha muscular de esfor<;:oque se
dirige da fossa paralombar para
a por<;:aocranio-ventral, ate 0
esterno.
Tosse curta e fraca pode es-
tar presente, pronunciando-se e
adquirindo caracter(sticas de si-
bilo com 0 exercfcio. a quadro
pode ainda ser estimulado ao se
fazer 0 animal entrar em contato
com ambiente empoeirado, ar frio
e umido e alimento farelado seco.
a diagn6stico da D.pa.c. se
baseia exclusivamente na ma-
nifesta<;:aoc1inicacaracteristica,
devendo-se sempre descartar a
possibilidade de afec<;:aorespi-
ratoria aguda. a exame c1inico
deve ainda constar de criterio-
Figura 8.36
Cateter nasotraqueal de

Outros materiais