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24/01/2018 Matérias Reconhecidas :: STF - Supremo Tribunal Federal
http://www.stf.jus.br/portal/geral/verImpressao.asp 1/2
 
Brasília, 24 de janeiro de 2018 - 10:47 Imprimir 
 
Quarta-feira, 14 de março de 2012
STF julga inconstitucional atuação da OAB no lugar da defensoria pública em SC
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou procedentes as
Ações Diretas de Inconstitucionalidades (ADIs) 3892 e 4270 para
declarar a inconstitucionalidade de normas do Estado de Santa
Catarina que dispõem sobre a defensoria dativa e a assistência
judiciária gratuita. Atualmente, o estado não possui defensoria
pública e a população hipossuficiente recebe prestação jurídica
gratuita por meio de advogados dativos indicados pela seccional
catarinense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC).
A Corte decidiu que essa situação no estado deve durar por mais um
ano, quando os dispositivos contestados [artigo 104 da Constituição
de Santa Catarina e Lei Complementar Estadual 155/97] perderão
eficácia no ordenamento jurídico. A votação ocorreu por maioria de
votos, com exceção do ministro Marco Aurélio que entendeu que a declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos
deveria valer desde quando foram editados.
Inconstitucionalidade
O ministro Joaquim Barbosa, relator, afirmou que os argumentos levantados em defesa das disposições questionadas não
são convincentes. Para ele, é clara a inconstitucionalidade dos dispositivos questionados nas ações diretas.
De acordo com ele, o fato de a lei complementar contestada resultar de iniciativa parlamentar, já seria razão suficiente para
declarar a sua inconstitucionalidade formal. “Isso porque, com fundamento no princípio da simetria, esta Corte tem
estendido a regra constante do artigo 61, inciso II, alínea “d”, da Constituição Federal, às outras unidades da federação, do
que resulta que a iniciativa para legislar sobre a organização da defensoria pública em âmbito estadual jamais pode ser
atribuída aos parlamentares estaduais”, disse.
Segundo o ministro Joaquim Barbosa, as possíveis dúvidas a respeito da questão foram esclarecidas pela Lei Complementar
80/94, que contém normas gerais obrigatórias para a organização da defensoria pública pelos estados. Ele observou que o
modelo catarinense não se utiliza da parceria com a OAB como forma de suplementar a defensoria pública ou de suprir
eventuais carências desta. “Pelo contrário, a seccional da OAB naquele estado supostamente cumpre o papel que seria da
defensoria. Não há outra defensoria em Santa Catariana, há apenas os advogados dativos indicados pela OAB”, observou.
Prioridade à advocacia privada
O ministro Joaquim Barbosa fez um paralelo entre a exclusividade do defensor público ao atendimento do hipossuficiente e
a prioridade que o advogado dativo pode dar às demandas privadas. “Não se pode ignorar que enquanto o defensor
público, integrante de carreira específica, dedica-se exclusivamente ao atendimento da população que necessita dos
serviços de assistência, o advogado privado – convertido em defensor dativo – certamente prioriza os seus clientes que
podem oferecer uma remuneração maior do que aquela que é repassada pelo estado, a qual observa a tabela de
remuneração básica dos serviços de advogados”, ressaltou.
Essas observações, conforme o relator, sugerem que a criação de um serviço de assistência judiciária não pode ser vista
apenas sob o ângulo estatístico “e muito menos da perspectiva da mera economia de recursos”.
“Veja-se, a título de exemplo, o fato de que a defensoria dativa organizada pelo Estado de Santa Catarina com o apoio da
OAB local não está preparada e tampouco possui competência para atuar, por exemplo, na defesa dos interesses coletivos,
difusos ou individuais homogêneos dos hipossuficientes residentes naquele estado, atribuição que se encontra plenamente
reconhecida à defensoria pública”, disse o ministro.
Presos sem defensores
O ministro salientou que o fato de os presos do estado não contarem com defensores públicos faz com que essa realidade
tenha impacto direto sobre a regularidade da execução penal, “gerando como consequência o indesejável fato do
Notícias STF
24/01/2018 Matérias Reconhecidas :: STF - Supremo Tribunal Federal
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encarceramento ilegal ou por tempo que excede o regular cumprimento da pena”. Para ele, essa situação em Santa
Catarina é “um severo ataque à dignidade do ser humano”.
Assim, o relator votou pela procedência das ações diretas a fim de declarar a inconstitucionalidade de todos os dispositivos
questionados. A Corte decidiu que tal situação deve vigorar por até um ano.
Decano
O ministro Celso de Mello, decano da Corte, acompanhou o relator e manifestou sua indignação com a “omissão contumaz”
do Estado de Santa Catarina, que, 23 anos depois da promulgação da Constituição da República, se manteve inerte quanto
à implantação da Defensoria Pública no estado, violando, “de modo patente”, o direito das pessoas desassistidas,
“verdadeiros marginais” do sistema jurídico nacional. “É preciso dizer claramente: o Estado de Santa Catarina tem sido infiel
ao mandamento constitucional dos artigos 134 e 5º, inciso 74, e essa infidelidade tem de ser suprimida por essa Corte”,
afirmou.
Para o decano do STF, não se trata de uma questão interna do Estado de Santa Catarina. “É uma questão nacional que
interessa a todos, a não ser que não se queira construir a igualdade e edificar uma sociedade justa, fraterna e solidária”,
destacou. O ministro Celso de Mello ressaltou ainda a relevância das defensorias públicas como instituições permanentes da
República e organismos essenciais à função jurisdicional do estado, e o papel “de grande responsabilidade” do defensor
público “como agente incumbido de viabilizar o acesso dos necessitados à ordem jurídica justa”.
EC,CF/AD
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