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SE DEUS FOSSE UM ATIVISTA DOS DIREITOS HUMANOS

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ESTADO DE MATO GROSSO
SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE CÁCERES
DEPARTAMENTO DE DIREIRO
							Acadêmicos:
							RENATTO TOSTA LIMA
							Curso:
							DIREITO
							Disciplina:
							DIREITOS FUNDAMENTAIS
							Professora:
							DANIELLE CEVALLOS SOARES
Cáceres, MT
2017
SE DEUS FOSSE UM ATIVISTA DOS DIREITOS HUMANOS
Renatto Tosta Lima[-1: Academico do Curso de Direito – Unemat, e-mail: renattot@me.com]
Boaventura de Sousa Santos nasceu em Coimbra em 1940, é professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Faculade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison e Global Legal Scholar da Universidade de Warwick, que, entre outras atribuições Dirige o projeto de investigação ALICE - Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências o mundo.
Para facilitar a compreensão do livro "E se Deus fosse um ativista dos direitos humanos", entendo ser necessário, primeiramente, compreender os objetivos do projeto ALICE, dirigido pelo autor. O Projeto ALICE, financiado pelo Conselho Europeu de investigação, tem como intuito conhecer melhor os países fora do hemisfério norte, bem como aqueles que não fazem parte da Europa. Investigar os direitos humanos nesses países, se existem, como são aplicados, quando são aplicados e o peso e importância para cada um desses povos. Estudar, ainda, os tipos de economia e gestão financeira e econômica através de jovens pesquisadores e ter nesses estudos material que sirva para a Europa e para os países do Norte Global, como coloca o autor. Partindo do princípio de que nos últimos cinco séculos a Europa tem sido hegemônica em relação aos demais países e povos do mundo, norteando desde o comportamento, moda, economia e até mesmo os direcionamentos legais para as mais diversas sociedades, entende-se como necessário, num momento de crise econômica e financeira, procurar respostas fora do norte global, pesquisar no Sul Global experiências que poderão oferecer soluções para essa crise que assola quem antes tinha todas as respostas e ensinava os demais, através de novas formas de gerir a economia. 
Atentando para um fator extremamente relevante, não apenas mostrar que a Europa tem muito a aprender com esses países, mas preparar a Europa para esse aprendizado, pois depois de cinco séculos ensinando, perdeu a capacidade de aprender com o novo. Desta forma, busca-se, diante de pesquisas específicas nesses novos países, encontrar possíveis soluções para que essa crise seja amenizada ou até mesmo superada de forma global.
O livro, objeto do presente estudo, apresenta os direitos humanos como uma das questões dentro do projeto ALICE, abordado acima, ou seja, assim como em outras áreas sociais, econômicas e jurídicas, a hegemonia inerente ao que discorre dentro do tema direitos humanos fica clara se analisarmos o contexto histórico e social europeu, bem como as revoluções e lutas que resultaram na origem da positivação do tema e valorização como forma de se ter um cuidado com o ser humano como a forma que conhecemos nos presentes dias.
Quando se propõe estudar os direitos humanos em diversos tipos de sociedade, percebe-se um novo problema que é colocado pelo autor. Direitos Humanos para uma sociedade como a européia, representa o cuidado com o cidadão, o ser humano colocado como objeto de total cuidado e valorização, porém, ao abordarmos o tema em uma sociedade com menos desenvolvimento financeiro e população carente, percebe-se que essa sociedade, como diz o autor, não é mais sujeito de direitos humanos, mas sim objeto de discurso de direitos humanos, pois existe uma realidade abissal do que se entende por ideal e o que se pratica com aquela determinada população.
Já na introdução do livro, Boaventura apresenta quatro ilusões acerca dos direitos humanos, sendo a primeira delas a ilusão teleológica, que tem os direitos humanos como algo natural e universal dentro da sociedade, ele afirma que a história deve, no caso dos direitos humanos, ser lida de trás pra frente, onde o atual resultado quando se fala em direitos humanos é fruto de algo feito no passado onde não poderia ser previsto no momento da ação; 
A segunda ilusão, a ilusão do triunfalismo, acredita-se que os direitos humanos abarcam um bem incondicional onde qualquer outro direito relacionado à dignidade da pessoa humana perderia para os direitos humanos no que tange à política e à ética;
A descontextualização que apresenta os direitos humanos surgindo no século XVIII com a Revolução Francesa e Revolução Americana, porém não se fala que nesse período o que de fato ocorre são os direitos humanos servindo de fachada e arma para uma classe que quer mudar o contexto político e social; 
Por último, mas não menos importante, na ilusão do monolitismo, conforme palavras do autor: "a quarta ilusão é o monolitismo. Debruço-me nesta ilusão com maior detalhe, tendo em vista o tema principal deste livro. Consiste em negar ou minimizar as tensões e até mesmo as contradições internas das teorias dos direitos humanos", ou seja, quando na declaração da Revolução Francesa se fala em direitos do homem e direitos do cidadão, percebe-se uma colocação proposital, pois em determinados casos não existem direitos de cidadão para aquele indivíduo, mais uma vez se trabalhando de forma pensada para privilegiar aqueles que encabeçam o movimento, tendo os direitos humanos como pano de fundo para se alcançar os objetivos ocultos àqueles que, de fato, precisam dos seus direitos assegurados.
Adentrando mais na obra, encontramos o objeto do trabalho, o tema dos direitos humanos sob o olhar da religião em diversos momentos e situações como colocado pelo autor. 
A religião se apresenta como fator determinante na vida do homem em praticamente todos os momentos da civilização como a conhecemos hoje e em sua história, importante atentarmos para a questão dela se fazer presente dentro da vida pública, ou seja, de diversas formas, a religião se insere na política como influência nos governos e direcionando o trabalho desses. Situação clara dessa influência é quando notamos que o homem, apesar de ter normas positivadas por seu governo, ainda assim teme ser penalizado pelo divino, ou seja, não ser merecedor de estar no reino de Deus por ter cometido ações que o desabonasse aqui na terra. Diante desse contexto, a religião vem, cada vez mais, se diversificando com esse objetivo, crescer dentro do meio institucional onde poderá exercer mais poder e influência entre aqueles que regulamentam o Direito.
Quando é abordado pelo autor a hegemonia e a nova fase do capitalismo global, a contra-hegemonia em oposição à primeira, percebemos o atrito entre opostos, ou seja, quando se tem a hegemonia como nova fase do capitalismo global, buscando os "desenvolvimentos" econômico, político e social, não se preocupando com a sustentabilidade ou como serão obtidos esses recursos necessários para tais desenvolvimentos, sustentado por grandes instituições financeiras e governamentais. De outro lado, o Contra-hegemônico, que busca meios de combater essa forma de crescimento desenfreado e que prejudica toda uma estrutura que é finita e que busca o socorro para o que vem sendo consumido sem controle, sustentado por organizações não governamentais, associações e instituições com menor poder econômico, deparamos com uma disparidade até injusta se compararmos os opostos. Surgindo, então, o não hegemônico, como diz o autor: "as teologias políticas que rejeitas a distinção entre a esfera pública e a privada e atribuem a uma determinada religião o monopólio da organização da vida social e política podem ser consideradas não hegemônicas, mas não contra-hegemônicas, no sentido aqui proposto, porque em lugar de confrontarem o capitalismo, o colonialismo e o patriarcado lhes atribuem frequentemente uma justificação divina", ou seja,uma terceira linha onde a religião chama para si, dentro do divino, a justificativa para toda essa estrutura social.
Dento das teologias tradicionalistas e progressistas, temos o islã e o cristianismo que, por sua vez, se subdividem sucessivamente. dentro do Cristianismo encontramos linhas tradicionalistas que representam classes sociais, de acordo com seus interesses, de um lado o cristianismo dos oprimidos, aquele que luta por direitos dos menos favorecidos, em oposição, o Cristianismo dos opressores, estando do lado das classes dominantes e daqueles que estão legislando conforme seus interesses, assim como também no Islã, o fundamentalismo islâmico com suas diretrizes. Quando nos deparamos com notícias que envolvem o islamismo, a idéia primeira idéia que formulamos é a de que o radicalismo predomina. Na opinião do autor, os extremistas são minoria absoluta dentro do Islã, porém são muito mais ativos, destacando-se em relação aos demais. Por outro lado, as tendências mais moderadas defendem os direitos femininos, realizam trabalhos voluntários ligados à saúde, à educação e, inclusive ligados ao bem-estar social, assim como também se vê opressões no que diz respeito a orientação sexual, ao feminismo em detrimento da condição patriarcal praticada, opção religiosa, casta, enfim, diversas linhas que, de acordo com o fundamentalismo, não seguem a linha de postura encontrada na Shari'a, podendo afirmar, portanto, que essa linha, a dos mais moderados seria de atuação contra-hegemônica no contexto em que o livro enfoca. 
Nos deparamos também com o fundamentalismo cristão, como abordado pelo autor, onde há um ressurgimento dessa linha, principalmente nos Estados Unidos na década de 1980 com o discurso do pastor batista Jerry Falwell, como menciona Boaventura, onde deveria ser restaurado o estilo de vida americano, subordinado à lei de Deus, dentro do Cristianismo, é claro. Era contrário a igualdade de direitos, contrário também à revolução feminista e homossexual, ou seja, dentro do fundamentalismo cristão também existem os fundamentos a serem seguidos, assim como foi visto dentro do islã, apresentando assim uma forma de agir e de se comportar coerentemente com o que é pregado pela palavra de Deus. Mais uma vez um discurso hegemônico onde a tendência de se propagar diferenças sociais e opressões de uma sobre outras são ainda maiores. Existem também dentro do governo aqueles que defendem esses ensinamentos e normas, tais como a orientação sexual, o crime de aborto, entre outros, estando fortemente representado o fundamentalismo cristão dentro do congresso, não apenas nos Estados Unidos como menciona o livro, mas também no Brasil, ou melhor, não apenas no Congresso dentro do legislativo, mas também identificamos essa interferência na vida social ao nos depararmos com notícias do tipo "STF decide que escola pública pode promover crença específica em aula de religião", notícia de 27 de setembro de 2017, onde o ministro Gilmar Mendes ainda faz o seguinte comentário: "Aqui me ocorre uma dúvida interessante. Será que precisaremos, eu pergunto, em algum momento chegar ao ponto de discutir a retirada do Cristo Redentor do morro do Corcovado por simbolizar a influência cristã em nosso País? Ou ainda a extinção do ferido de Nossa Senhora de Aparecida? São Paulo passaria a se chamar Paulo? E o Espírito Santo? Poderia se pensar em espírito de porco ou em qualquer outra coisa". Ficando nítida a influência do Estado, do Governo e até mesmo do judiciário na vida da sociedade de forma a direcionar os rumos que esta deve tomar no que tange aos ensinamentos religiosos, resultando numa imposição da maioria sobre a minoria.
Outro ponto importante abordado é a questão financeira tratada do ponto de vista religioso, onde alguns apontam o problema em se acumular riquezas, bem como trabalhar com "ganância", ou melhor, querendo crescer financeiramente, dai então a importante definição que é apresentada para a ambição neste caso, ou seja, diferenciando quando alguém deseja ganhar tirando de outros, ou ganhar juntamente com outros ou sem prejudicar ninguém, bem como a forma que a igreja tratava aqueles que dela precisavam e como passou a tratar, ou seja, acolhia viúvas e pessoas necessitadas, tendo transferido para o Estado essa responsabilidade com o tempo. Estando a própria igreja dividida atualmente no que diz respeito ao capitalismo, pois uma linha faz fortes críticas, enquanto outros elogiam e apontam a forma de distribuição de rendas nesse modelo de economia.
A zona de contato das teologias política aborda os pontos onde as divergências se encontram, como diz o autor: "Zonas de contato são, portanto, zonas em que ideias, conhecimentos, formas de poder, universos simbólicos e modos de agir rivais se encontram em condições desiguais e interagem de múltiplas formas de modo a dar origem a constelações culturais híbridas, nas quais a desigualdade das trocas podem ser reforçada ou reduzida". Dessa forma, diante da destaque que a teologia política bem tendo, quando elas, ou seja, ideias diferentes se encontram, podem surgir atritos entre as mesmas, de forma que poderão nesse caso, diante de turbulências de cunho político, social ou até mesmo ideológico, se aproximarem ou distanciarem. Não muito incomum as zonas de conflitos darem origem a lutas travadas de forma extremamente desigual, como vemos no caso da destruição do Oriente Médio diante da invasão realizada pelos Estados Unidos, como diz o autor: "os povos que entraram na zona de contato com a modernidade ocidental fizeram-no em condições de inferioridade forçada, como foi tipicamente o caso do colonialismo. Muitos foram forçados a abandonar as concepções que os tinham guiado antes de chegar à zona de contato, outros adotaram de modo mais ou menos voluntário os novos princípios ou apropriaram-se deles conferindo-lhes novos sentidos". Onde reforça o que foi dito anteriormente em relação à hegemonia fortemente amparada pelo capitalismo e a contra-hegemonia, que tem como fundo as organizações num nível regional, nacional ou global, mas muito inferiores no tocante a "poder de fogo" no sentido de amparo financeiro.
Após todas essas colocações históricas e sociais acerca dos direitos humanos e sociedade pautada nos ensinamentos de Deus, fica claro que o que existiu em praticamente todos os momentos analisados foi o uso desses ensinamentos religiosos como forma de se privilegiar de diversas formas. Quando Pascal afirma que o pensamento de Deus é a forma mais elevada de pensamento e privar o homem desse pensamento é o mesmo que privá-lo do cuidado pelos outros seres humanos, fica nítido o fundamento religioso e o intuito do divino relacionado aos direitos humanos, nessa linha de raciocínio, Nietszche com a declaração da "morte de Deus" afirma que não representa o triunfo dos seres humanos, mas sim sua decadência. Boaventura afirma ainda que Deus tornou-se uma marca de uma empresa econômico-política global de produtos divinos, ou seja, confirmando o que foi dito anteriormente, mais uma vez Deus vem através do homem como um produto para se alcançar determinados fins do próprio homem, seja ele econômico ou político. Para ele existe a possibilidade de um diálogo entre direitos humanos e teologias progressistas com o intuito de se desenvolver práticas verdadeiramente intelectuais e eficazmente emancipatória.
Com isso, Boaventura responde a pergunta que dá título ao livro da seguinte forma: "Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos, Ele ou Ela estariam definitivamente em busca de uma concepção contra-hegemônica de direitos humanos e de uma prática coerente com ela. Ao fazê-lo, mais tarde ou mais cedo este Deus confrontaria o Deus invocado pelos opressores e não encontraria nenhuma afinidade com Este ou Esta". 
Diante de todas essas colocações, onde a sociedade vem se pautando em nome da religião para defender os direitos humanos, será que os direitos humanos estão sendo verdadeiramente defendidos ou uma determinada classe acaba por se aproveitar da submissão popular em detrimentodo que é divino para direcionar conforme seus interesses aquilo que deverá ser utilizado como certo na sociedade em que vivem? Ou ainda, será que os direitos humanos estão realmente sendo trabalhados? se sim, trabalhados de forma eficiente para alcançar aqueles que realmente precisam deles?
As respostas para esses questionamentos ficam claras ao nos depararmos com situações apresentadas na obra, onde parlamentares direcionam temas conforme seus entendimentos e a aceitação por suas classes sociais onde se amparam nas escrituras como forma de convencerem aqueles que se submeterão às novas regras. Temos bem próximos de nós o exemplo da "cura gay", tema amplamente debatido nos últimos dias. Outro exemplo que cabe mencionar é a questão da autorização do aborto até os três primeiros meses de gestação. Percebe-se a clara divisão do grupo político que utiliza de um discurso religioso e outro que se utiliza de um discurso científico.
Boaventura de Sousa Santos desconstrói o discurso previamente estipulado para de definir sobre o que se trata o tema direitos humanos quando apresenta a historicidade do assunto e aponta como os direitos humanos estão sendo trabalhados ao longo da história, com relação a hegemonia social que envolve o assunto não passa de questões políticas e sociais que vêm sendo aplicadas de forma mascarada para submeter àquelas classes sociais que não são detentoras de poder ao que seria mais interessante para elas próprias.
Por outro lado, Deus sendo um ativista dos direitos humanos iria de encontro com essa hegemonia, sendo, portanto, um contra-hegemônico que lutaria em favor dos que realmente precisam ter seus direitos defendidos de forma eficiente e verdadeira, ou seja, defendendo direitos fundamentais que muitas vezes não são respeitados. Como pode se falar em direito ao lazer onde não há o que se comer? Direitos do ser humano enquanto ser humano.
Dessa forma percebe-se a existência de não apenas um Deus, mas dois. O Deus dos oprimidos, aquele que vem em busca de cuidados com os que dele precisam, que quer o bem do ser humano suprindo suas necessidade e carências e, por outro lado, o Deus dos opressores, um Deus que visa o desenvolvimento político-financeiro do ponto de vista de determinada classe social que quer se manter no poder a custa do trabalho daqueles que são menos favorecidos. Não se importando com o as condições em que estes trabalharão, também consumindo recursos naturais de forma indiscriminada, sem ao menos procurar uma forma de repor aquilo que está sendo utilizado para o tão almejado desenvolvimento.
Quando se trata de direitos humanos, os que estão do lado do Deus dos opressores sentem que existem muitos direitos humanos, já, por outro lado, os que estão do lado do Deus dos oprimidos, sentem que existem poucos direitos humanos. O que é importante sabermos é o fato de que os seres humanos são todos seres humanos, todos vivendo num mesmo mundo onde as condições são instáveis. Quando no século XVIII, a realezam, detentora do poder estatal, sofre diversos golpes vendo sua situação política e econômica mudando diante de revoluções que se valiam do tema "direitos humanos", onde uma classe organizada consegue se sobrepor fortemente até alcançar seus objetivos, objetivos que vão mudando com o passar do tempo.
Neste sentido, analisando o panorama geral, seja norte global ou sul global, como abordado pro Boaventura, seja analisando para o gênero dos seres humanos onde os direitos das mulheres precisam ser defendido, analisando sob o aspecto de uma ou de outra religião, que são compostas por elementos iguais no que diz respeito aos seres humanos, orientação sexual, etnia, enfim, qualquer que seja o aspecto a ser analisado, o que podemos perceber é que o ser humano, de forma geral perdeu enquanto necessidade de desenvolvimento e cuidado com o próprio ser humanos. 
Partindo da premissa que precisa trabalhar os direitos humanos enquanto legislação, enquanto normatização para poder garantir o que é sabidamente direito de todos se atentarmos para o fato de que cada indivíduo sabe por conta própria e sem a necessidade de ensinamentos religiosos ou políticos, aquilo que quer para si, podendo, diante disso, projetar o que fará para o seu semelhante, surgindo assim, uma forma mais simples de se garantir direitos humanos para todos.

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