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[Doutrina] Propaganda Político Eleitoral

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17.1
17.1.1
17
PROPAGANDA	POLíTICO-ELEITORAL
PROPAGANDA	POLÍTICA
Caracterização	da	propaganda	política
No	 léxico,	 propaganda	 significa	 difundir,	 espalhar,	 propalar,	 alastrar,	 multiplicar	 por	 meio	 de
reprodução,	tornar	comum	a	muitas	pessoas.	Tecnicamente,	traduz	procedimentos	de	comunicação	em
massa,	 pelos	 quais	 se	 difundem	 ideias,	 informações	 e	 crenças	 com	 vistas	 a	 obter-se	 a	 adesão	 dos
destinatários.	 Busca	 sempre	 incutir	 certos	 pensamentos	 nas	 pessoas,	 influenciar	 suas	 opiniões	 ou
impressões,	 de	 modo	 a	 despertar-lhes	 a	 simpatia	 ou	 a	 rejeição	 de	 determinadas	 ideias,	 tornando-as
propensas	 ou	 inclinadas	 a	 dado	 sistema	 ideológico,	 político,	 religioso,	 econômico	 ou	 social.	 A
comunicação	 externada	 objetiva	 criar	 nos	 destinatários	 imagens	 positivas	 –	 ou	 negativas	 –	 acerca	 do
objeto	enfocado.
A	 propaganda	 foi	 conhecida	 na	Antiguidade.	Na	Grécia	 e	 em	Roma,	 era	 usada	 largamente	 em
festas	populares	e	ações	estatais	com	vistas	à	comunicação	social.	Reiteradas	vezes,	a	Igreja	dela	lançou
mão	para	difundir	a	doutrina	e	a	fé	cristãs,	e,	ainda,	condicionar	o	comportamento	dos	fiéis.	No	plano
sociopolítico,	foi	instrumento	decisivo	da	burguesia	liberal	na	peleja	contra	a	monarquia	absolutista.	O
forte	poder	persuasivo	de	que	é	portadora	ficou	bem	evidenciado	na	história	do	século	XX.	Com	efeito,
contribuiu	de	 forma	 relevante	para	 a	 ascensão	 em	 toda	parte	de	 regimes	 totalitários,	 tanto	de	direita,
quanto	 de	 esquerda.	 As	 desumanidades	 e	 os	 horrores	 da	 Segunda	 Guerra	 Mundial	 são	 de	 todos
conhecidos.	Mais	 recentemente,	 a	 propaganda	 foi	 recurso	 essencial	 nas	mãos	 dos	 poderosos	 Estados
Unidos,	 Reino	Unido	 e	 aliados	 contra	 o	 fraco	 Iraque.	 Inaugurando	 a	 chamada	 guerra	preventiva,	 os
dirigentes	 daqueles	 países	 souberam	 forjar	 um	 sentimento	 coletivo	 favorável	 ao	 confronto	 bélico.	 O
cenário	 foi	 todo	preparado	e	montado	em	cima	de	 fatos	que	depois	 se	 revelaram	mendazes.	Mas	 isso
não	 foi	 feito	 sem	 o	 apoio	 de	 parcela	 expressiva	 da	 mídia,	 sem	 o	 suporte	 de	 forte	 aparato
propagandístico.	 Afinal,	 as	 decisões	 dos	 governantes	 careciam	 de	 respaldo	 popular.	 Nas	 mãos	 de
ditadores,	a	propaganda	transforma-se	em	perigoso	instrumento	de	manipulação	coletiva,	sendo,	ainda,
fundamental	para	a	manutenção	do	poder.	Por	isso,	a	ninguém	é	dado	ignorá-la,	muito	menos	o	Estado
Democrático	 de	 Direito,	 comprometido	 que	 se	 encontra	 com	 os	 direitos	 fundamentais	 da	 pessoa
humana.
Apesar	de	não	ser	obra	da	modernidade,	foi	a	partir	dos	progressos	científicos	nela	conquistados
que	 a	 propaganda	 experimentou	 grande	 avanço,	 sobretudo	 com	 o	 desenvolvimento	 da	 Psicologia,
ciência	que	investiga	a	consciência	humana	e	seus	reflexos	no	comportamento.
Embora	no	dia	a	dia	 sejam	usados	como	sinônimos,	os	vocábulos	propaganda	 e	publicidade	 não
apresentam	 idêntico	 sentido.	 Enquanto	 a	 finalidade	 da	 publicidade	 é	 sempre	 econômico-comercial	 –
presentes	 as	 ideias	 de	 lucro,	 mercado	 e	 consumo	 –,	 a	 propaganda	 tem	 em	 foco	 a	 comunicação
ideológica.	 Ambos	 têm	 em	 vista	 persuadir	 e	 chamar	 a	 atenção	 do	 público,	 mas	 a	 publicidade	 visa
sugerir-lhe	 ou	 infundir-lhe	 desejo	 acerca	 de	 produtos,	 serviços	 e	 marcas	 colocados	 no	 mercado
consumidor.	Os	produtos	e	serviços	são	apresentados	de	forma	atraente,	de	sorte	que	o	consumidor	os
queira	para	si	e	termine	por	adquiri-los.	Note-se,	porém,	que	se	classicamente	a	publicidade	era	voltada
à	 realização	de	operações	 lucrativas,	 contemporaneamente	 tem	buscado	outras	alternativas.	O	mundo
dos	 negócios	 conscientizou-se	 de	 que	 tão	 importante	 quanto	 vender	 produtos	 e	 serviços	 é	 também
estabelecer	com	a	clientela	relações	individualizadas,	duradouras,	construir	marcas	fortes	e	consolidar	o
reconhecimento	no	meio	em	que	se	opera.
Importa	frisar	que,	em	si	mesma,	a	publicidade	não	apresenta	compromisso	com	a	verdade,	isto	é,
sua	mensagem	não	tem	necessariamente	correspondência	com	a	realidade,	com	o	mundo	objetivo.	Não
se	 dirige	 à	 razão,	mas	 à	 emoção,	 aos	 sentimentos.	 Deveras,	 há	 forte	 apelo	 à	 fantasia,	 ao	 imaginário.
Basta	perceber	que	o	ato	de	consumir	determinada	bebida,	fumar	certa	marca	de	cigarro	ou	usar	roupas
de	determinada	grife	não	torna	o	 indivíduo	mais	atrativo,	nem	mais	bonito	e	charmoso,	muito	menos
rico	 ou	 poderoso,	 tampouco	 inteligente.	 Na	 verdade,	 a	 função	 básica	 da	 indústria	 publicitária	 é
promover	quimeras,	mormente	a	ilusão	de	que	certo	produto	proporcionará	prazer	e	felicidade	a	quem
o	adquirir.
Por	igual	razão,	a	propaganda	não	se	confunde	com	o	marketing,	termo	de	significado	ainda	mais
amplo	que	publicidade,	mas	também	referido	ao	mercado	consumidor	e	ao	lucro.
Não	 obstante,	 nada	 impede	 que	 a	 racionalidade,	 os	 métodos	 e	 as	 técnicas	 de	 publicidade	 e
marketing	 sejam	 empregados	 na	 propaganda	 política.	 Isso,	 aliás,	 tornou-se	 comum	nos	 dias	 de	 hoje.
Sabe-se	 que	 o	 voto,	 em	 geral,	 não	 resulta	 de	 escolhas	 estritamente	 racionais,	 sendo	 certo	 que	 outros
aspectos	psicológicos	e	sobretudo	a	emoção	têm	peso	decisivo	na	escolha.	O	fato	de	o	discurso	político
da	modernidade	ter	caráter	fantasioso	e	descolado	da	realidade	confirma	essa	assertiva.	Há	muito	não
se	 assiste	 a	 debates	 político-eleitorais	 sérios,	 que	 tenham	 em	 foco	 autênticos	 projetos	 e	 programas	 de
governo,	 que	 discutam	 com	 honestidade	 os	 problemas	 nacionais.	 A	 discussão	 pública	 de	 grandes
questões	ligadas	a	setores	como	economia,	meio	ambiente,	previdência	social,	saúde	pública,	segurança
pública	 foi	 substituída	 por	 discursos	 fantasiosos.	 Em	 geral,	 esses	 discursos	 são	 cuidadosamente
moldados	 para	 agradar	 o	 povo,	 conquistar-lhe	 o	 voto,	 devendo	 ser	 graciosos	 e	 bem	 articulados,	 com
ares	de	superior	intelectualidade,	porém,	não	necessariamente	verdadeiros	ou	bem	intencionados.
Tal	 é	 igualmente	 confirmado	 pela	 variedade	 de	 instrumentos	 de	 comunicação	 de	 massa
explorados	 nas	 eleições,	 com	 destaque	 para	 o	 rádio	 e	 a	 televisão,	 além	 de	 outras	 mídias	 relevantes,
como	 painéis,	 faixas,	 mala	 direta,	 panfletos,	 bonecos	 apostos	 em	 vias	 públicas	 e	 cartazes	 volantes.	 O
foco,	sempre,	é	bem	embalar	o	político,	de	maneira	a	alavancar	sua	 imagem	pública.	Busca-se	ampliar
sua	 credibilidade,	 conferir-lhe	 ares	 de	 transparência,	 seriedade,	 retidão	 de	 caráter	 e	 honestidade,	 de
sorte	que	as	relações	estabelecidas	com	o	“público-alvo”	–	o	eleitor	–	sejam	fortes	e	duradouras,	o	que
termina	por	 refletir	no	 resultado	das	urnas.	Consequentemente,	 o	neologismo	marketing	político	 vem
lentamente	 penetrando	 na	 linguagem.	 Diz-se,	 nesse	 caso,	 que	 o	 “produto”	 oferecido	 é	 a	 própria
17.1.2
imagem	do	homem	público.
Não	há	dúvida	de	que	a	apresentação	do	político	como	produto	de	consumo	transforma	o	eleitor
em	 consumidor!	Na	 pós-modernidade,	 votar	 já	 não	 significa	 optar	 por	 uma	 corrente	 de	 pensamento
simbolizada	pelo	candidato,	mas	mero	ato	de	escolha,	semelhante	ao	que	se	faz	no	mercado.	Em	regra,
a	opção	se	dá	pela	aparência,	não	pelo	real	ou	verdadeiro.	Para	que	algo	seja	aceito	como	verdadeiro,
basta	 que	 pareça	 ou	 como	 tal	 seja	 apresentado.	 Como	 resultado,	 tem-se	 a	 degradação	 do	 espaço
político,	a	submissão	da	esfera	pública	à	lógica	perversa	do	capitalismo	e	do	consumo.
A	propaganda	política	caracteriza-se	por	veicular	concepções	ideológicas	com	vistas	à	obtenção	ou
manutenção	do	poder	estatal.	 Sublinha	Djalma	Pinto	 (2005,	p.	214)	que	ela	 é	voltada	para	a	polis,	 aí
compreendido	 tudo	 o	 que	 se	 refere	 à	 cidade,	 ao	 Estado,	 ao	 modo	 de	 governá-lo.	 Tem	 em	 vista	 a
conquista	 do	 poder,	 a	 prevalência	 de	 uma	 posição	 em	 plebiscito,	 referendo	 ou	 eleições	 para
preenchimento	de	cargos	eletivos,em	que	há	a	manutenção	ou	substituição	de	integrantes	do	governo.
Também	tem	por	objetivo	informar	o	povo	das	atividades	e	realizações	da	Administração	estatal.
Impende	 registrar	 que	 a	 Constituição	 assegura	 as	 liberdades	 de	 expressão	 e	 informação,
cometendo	 à	 lei	 o	 estabelecimento	 de	 meios	 adequados	 que	 garantam	 à	 pessoa	 e	 à	 família	 a
possibilidade	de	se	defenderem	de	programas	ou	programações	de	rádio	e	televisão	destoantes	de	seus
valores	básicos,	mormente	os	expressos	no	artigo	221.	Destaca-se,	nesse	dispositivo,	a	necessidade	de	a
produção	 e	 a	 programação	 das	 emissoras	 de	 rádio	 e	 televisão	 atenderem	 às	 finalidades	 educativas,
artísticas,	 culturais	 e	 informativas,	 bem	 como	 respeitarem	 os	 valores	 éticos	 e	 sociais	 da	 pessoa	 e	 da
família.	Desnecessário	ressaltar	que	a	propaganda	política	deve	atender	a	tais	diretrizes.
Novas	tecnologias	comunicacionais
A	 profunda	 influência	 que	 as	 novas	 tecnologias	 têm	 operado	 pode	 ser	 avaliada	 a	 partir	 da
transformação	 da	 linguagem	 em	 virtude	 da	 popularização	 dos	 computadores,	 telefones	 celulares	 e
Internet.	Nas	comunicações	pela	Internet	muitas	palavras	foram	reduzidas	a	abreviações,	a	acentuação,
substituída	 por	 letras.	 Também	 se	 nota	 o	 largo	 emprego	 de	 neologismos,	 a	 exemplo	 de:	 deletar	 (=
apagar),	e-mail	(=	correio	eletrônico),	escanear	(=	fazer	cópia	digital),	site	(=	sítio	eletrônico),	printar	(=
imprimir).
No	 campo	 político-eleitoral,	 as	 mudanças	 também	 já	 se	 fazem	 sentir.	 Deter	 informações
relevantes	 e	 controlar	 instrumentos	 e	 meios	 de	 comunicação	 sempre	 significou	 gozar	 de	 importante
influência	no	processo	político-decisório.	Ao	promover	a	descentralização	de	tais	instrumentos,	as	novas
tecnologias	 de	 comunicação	 subverteram	 a	 lógica	 da	 velha	 ordem.	Por	 isso,	 um	debate	 recorrente	 na
atualidade	diz	respeito	às	relações	entre	a	política	e	o	papel	social	dessas	novas	tecnologias.
Se	 os	 tradicionais	 meios	 de	 comunicação	 como	 a	 imprensa	 e	 os	 telejornais	 são	 centralizados	 e
unidirecionais,	caracteriza-se	a	 Internet	por	 ser	um	ambiente	democrático,	 interativo,	descentralizado.
Nela,	 a	 comunicação	 é	 difusa,	 ocorrendo	 instantaneamente	 entre	 milhares	 de	 pessoas.	 O	 novo
ambiente	 propicia	 uma	 efetiva	 interação	 dos	 receptores,	 que	 deixam	 de	 ser	 passivos	 diante	 da
informação.	Além	disso,	novas	personagens	ganham	vez	e	voz,	introduzindo	no	debate	pensamentos	e
realidades	antes	 relegados	ao	desprezo,	pois	era	 restrito	o	acesso	aos	 instrumentos	comunicacionais.	É
comum	nos	 “jornais	 digitais”	 a	 realização	 de	 enquetes,	 bem	 como	 a	 existência	 de	 espaço	 para	 que	 o
leitor	comente	a	notícia,	externando	sua	opinião;	também	poderá	reenviá-la	a	outros	usuários	da	rede;
ademais,	o	fenômeno	dos	blogs	tem	transformado	internautas	em	escritores.
Conquanto	 nos	 lares	 brasileiros	 existam	 muito	 mais	 aparelhos	 de	 rádio	 e	 televisão	 do	 que
computadores,	 a	 verdade	 é	 que	 na	 nova	 geração	 predomina	 a	 tendência	 de	 buscar	 informações	 na
Internet,	dada	sua	agilidade	e	 interatividade.	Segundo	dados	do	IBOPE,	no	 final	de	2008	havia	cerca
de	 50	milhões	 de	 pessoas	 com	acesso	 à	 Internet	 no	Brasil;	 em	2009,	 o	 país	 liderava	 o	 uso	de	blogs	 e
redes	 sociais.	Não	se	pode	olvidar	que	os	 formadores	de	opinião	acessam	a	 rede	e	dela	 se	valem	para
construir	discursos	e	articular	as	forças	políticas	nas	comunidades.
Por	certo,	não	será	a	só	existência	de	computadores,	Internet,	“blogosfera”,	Twitter	e	smartphones
que	 influenciará	 a	 órbita	 política	 de	 modo	 relevante	 e	 às	 vezes	 decisivo.	 Mas	 é	 verdade	 que	 esses
tesouros	 da	 revolução	 tecnológica	 ensejam	 a	 formação	 de	 redes	 infinitas	 de	 interação	 humana.	 Isso
permite	a	difusão	rápida	de	 informações,	 a	organização	de	 ideias	e	ações,	bem	como	a	 redefinição	de
estratégias.	A	dinâmica	da	 rede	permite	que	uma	 informação	 seja	 analisada	em	 tempo	real	 em	vários
ângulos,	 por	 inúmeras	 pessoas,	 sendo	 desnudados	 equívocos,	 distorções	 ou	 inverdades	 que	 possa
conter.
Esse	 poder	 de	 organização	 e	 mobilização	 rápidas	 ficou	 claro	 na	 derrota	 sofrida	 pelo	 Partido
Popular	 (PP)	do	ex-Primeiro-Ministro	da	Espanha,	 José	Maria	Aznar,	nas	eleições	de	14	de	março	de
2004.	Segundo	amplamente	noticiado,	após	o	trágico	atentado	ocorrido	em	Madri	 três	dias	antes,	que
resultou	na	morte	de	cerca	de	200	pessoas	e	em	1.500	feridos,	o	governo	Aznar	empenhou-se	 junto	à
grande	mídia	(imprensa,	televisão,	rádio)	para	veicular	uma	versão	que	lhe	beneficiava	eleitoralmente.
Contra	 todas	 as	 evidências,	 sustentou	 que	 as	 explosões	 nos	 trens	 foram	provocadas	 pelo	 ETA	 (Pátria
Basca	e	Liberdade),	grupo	revolucionário	nascido	de	um	movimento	socialista	que	desde	os	anos	1960
luta	 pela	 libertação	 da	 nação	 basca	 do	 jugo	 espanhol.	 No	 entanto,	 enquanto	 nada	 apontava	 para	 a
participação	 do	 ETA	 (que,	 aliás,	 a	 negou),	 havia	 fortes	 indícios	 de	 que	 o	 ataque	 partiu	 de	 terroristas
islâmicos	como	represália	à	presença	de	tropas	espanholas	no	Iraque,	tropas	essas	enviadas	pelo	próprio
José	Maria	Aznar	 contra	 a	 vontade	 da	 grande	maioria	 dos	 espanhóis.	A	manipulação	 informativa	 foi
descoberta,	tendo	sido	amplamente	divulgada	na	Internet.	Uma	vez	evidenciada	a	ação	do	governo	no
sentido	de	converter	o	massacre	em	dividendos	político-eleitorais,	a	população,	indignada,	organizou-se
pacífica	e	espontaneamente.	Convocações	foram	feitas	por	mensagens	de	textos	enviadas	por	telefones
celulares.	Em	apenas	um	dia,	um	gigantesco	protesto	foi	levado	a	cabo	no	centro	de	Madri,	sendo	esse
ato	repetido	em	todo	o	país.	Impossível	negar	a	influência	marcante	de	tais	eventos	no	pleito	de	14	de
março.	 O	 partido	 do	 governo,	 que	 antes	 liderava	 as	 pesquisas	 de	 opinião,	 saiu	 derrotado	 pelos
socialistas	(PSOE).	Note-se	que	a	“versão	oficial”	divulgada	na	grande	mídia	foi	simplesmente	deixada
de	 lado.	 Graças	 às	 novas	 tecnologias,	milhares	 de	 pessoas	 puderam	 rápida	 e	 eficazmente	 estabelecer
uma	complexa	rede	de	comunicação,	organizar-se	e	fazer	prevalecer	suas	vontades	no	pleito.
Na	eleição	presidencial	brasileira	de	2006,	alguns	analistas	–	como	Luís	Nassif	(2007,	p.	149-158)
–	“assinalaram	o	empenho	de	certos	veículos	de	comunicação	de	massa	contra	o	candidato	da	situação,
Luiz	Inácio	Lula	da	Silva,	que,	todavia,	logrou	a	vitória.	Um	dos	fatores	apontados	como	relevantes	para
a	 redução	da	 influência	dos	 veículos	 tradicionais	na	 formação	da	opinião	política	dos	brasileiros	 foi	 a
presença	crescente	das	novas	mídias”.	Em	geral,	a	notícia	chega	primeiro	na	rede,	submetendo-se	a	um
debate	impossível	de	acontecer	nos	outros	veículos.
Ainda	 no	Brasil,	 vale	 destacar	 as	manifestações	de	 junho	 que,	 em	 2013,	 sacudiram	 todo	 o	 país,
levando	 milhões	 de	 pessoas	 às	 ruas	 para	 protestar	 contra	 o	 governo,	 os	 agentes	 estatais	 e	 a	 classe
política.	A	crise	teve	início	com	o	aumento	de	passagens	de	ônibus	em	várias	capitais	e	grandes	cidades,
sendo	que	os	altos	preços	praticados	contrastavam	com	a	péssima	qualidade	dos	serviços;	várias	outras
reivindicações	 foram	 colocadas	 na	 ordem	 do	 dia,	 tais	 como	 o	 combate	 à	 corrupção,	 o	 fim	 da
impunidade,	a	diminuição	da	carga	tributária,	a	melhoria	de	serviços	públicos	como	saúde	e	educação.
As	manifestações	se	davam	mediante	passeatas,	ocupação	de	espaços	públicos	ou	cercamento	de	prédios
públicos	 (em	 geral	 sedes	 dos	 governos).	Não	 há	 dúvida	 de	 que	 estão	 entre	 as	maiores	 expressões	 de
cidadania	da	história	brasileira.	E	para	que	 tivessem	êxito,	o	uso	de	novas	 tecnologias	 foi	 essencial,	 já
que	a	organização	e	a	convocação	dos	participantes	eram	feitas	pelas	redes	sociais.
A	 Internet	 e	 as	 novas	 mídias	 também	 desempenharam	 papel	 decisivo	 na	 histórica	 eleição	 de
Barack	 Obamapara	 a	 presidência	 dos	 EUA,	 ocorrida	 em	 4	 de	 novembro	 de	 2008.	 Em	 2003,	 nas
primárias,	o	pré-candidato	Howard	Dean	 já	 tinha	usado,	com	sucesso,	a	rede	para	disputar	uma	vaga
pelo	 Partido	 Democrata	 na	 eleição	 presidencial	 de	 2004;	 mas	 a	 escolha	 do	 Partido	 recaiu	 em	 John
Kerry,	 que,	 por	 sua	 vez,	 perdeu	 as	 eleições	 para	 o	 Republicano	 George	 Bush.	 Barack	 Obama	 foi	 o
primeiro	candidato	eleito	a	usar	intensamente	a	Internet	e	as	redes	sociais.	Destacou-se	sua	sagacidade
ao	usar	a	Internet	para	se	comunicar	com	os	norte-americanos	(notadamente	com	a	população	jovem	e
minorias	 formadas	 por	 afrodescendentes	 e	 latinos),	 engendrar	 um	 movimento	 nacional,	 mobilizar
eleitores	para	 comparecer	 às	urnas	no	dia	da	 eleição	 (nos	EUA	o	voto	não	é	obrigatório)	 e	mantê-los
coesos	 em	 torno	 de	 sua	 candidatura,	 difundir	 sua	mensagem	 e	 arrecadar	 recursos	 para	 a	 campanha.
Um	 bom	 exemplo	 disso	 foi	 dado	 por	 Kollman	 (2014,	 p.	 472)	 ao	 relatar	 que	 na	 campanha	 de	 2008,
antes	 de	 anunciar	 publicamente	 o	 vice-presidente,	 a	 campanha	 de	 Barack	 Obama	 enviou	 uma
mensagem	que	 dizia	 simplesmente	 “VP”;	 os	 destinatários	 foram	 levados	 a	 crer	 que	 estariam	 entre	 os
primeiros	 a	 saber	 a	 identidade	 do	 colega	 de	 chapa	 de	 Obama;	 os	 que	 respondessem	 à	 mensagem
receberiam	 um	 adesivo	 da	 campanha.	 Essa	maneira	 criativa	 de	 usar	 novas	 tecnologias	 ensejou	 que	 a
campanha	de	Obama	interagisse	com	seus	apoiadores,	além	de	mobilizar	jovens	que	normalmente	não
comparecem	 maciçamente	 às	 eleições.	 No	 tocante	 ao	 financiamento,	 a	 mudança	 foi	 radical.	 Foram
arrecadados	 pela	 Internet	 mais	 de	 500	 milhões	 de	 dólares,	 prevalecendo	 doações	 inferiores	 a	 200
dólares.	 A	 tecnologia	 possibilitou	 a	 pulverização	 dos	 patrocinadores	 da	 campanha	 presidencial	 de
Barack	Obama,	o	que	enfraqueceu	a	ação	de	grandes	corporações	privadas,	sempre	ávidas	para	 influir
nas	 decisões	 estatais	 pela	 via	 do	 financiamento	 eleitoral.	Chegou-se	 a	 dizer	 que	 “o	 dinheiro	 pequeno
venceu	o	dinheiro	graúdo”.
17.1.3
Nesse	contexto,	preocupa	o	fato	de	o	controle	das	grandes	redes	comunicacionais	estar	nas	mãos
de	poucos	grupos	empresariais.	Não	há	dúvida	de	que	as	instâncias	do	poder	político-econômico	podem
se	 valer	 desse	 poderio	 em	 seu	 próprio	 benefício,	 para,	 e.	 g.,	 influenciar	 os	 eleitores	 em	 benefício	 ou
prejuízo	de	determinado	candidato.	Daí	a	necessidade	de	se	estabelecer	rígido	controle	nesse	setor.
Isso,	 porém,	 não	 significa	 que	 a	 Internet	 e	 as	 novas	 tecnologias	 devam	 ser	 alijadas	 do	 debate
político-eleitoral.	Tal	medida	mesmo	seria	inexequível,	pois	as	novas	tecnologias	já	fazem	parte	da	vida
contemporânea.	Aliás,	dão	relevante	contribuição	ao	processo	democrático,	pois	facilitam	o	diálogo	e	a
discussão	política.
Nessa	 perspectiva,	 vale	 destacar	 a	 contribuição	das	 novas	 tecnologias	 para	 o	 estabelecimento	 de
um	novo	modo	de	comportamento	no	meio	político-social,	notadamente	nas	campanhas.	Afinal,	tudo	e
todos	estão	em	permanente	exposição	pública.	Se	alguém	é	filmado	ou	gravado	dizendo	ou	realizando
algo	 inconveniente,	 indigno,	 falso,	 moralmente	 incorreto	 ou	mesmo	 ilícito,	 logo	 em	 seguida	 (ou	 em
momento	 oportuno)	 isso	 provavelmente	 virá	 à	 tona,	 sendo	 debatido	 nas	 redes	 sociais,	 exibido	 no
YouTube	e	assistido	por	milhares	de	pessoas	em	todo	o	mundo.	Pode-se,	pois,	dizer	que	a	presença	da
Internet	no	jogo	político-eleitoral	impõe	que	as	pessoas	redobrem	o	cuidado	com	suas	palavras	e	ações,
por	conseguinte,	elas	se	tornam	menos	espontâneas	e	mais	apegadas	a	roteiros	pré-elaborados.
Fundamentos	da	propaganda	política
A	Lei	Magna	assegura	aos	partidos	políticos	acesso	gratuito	ao	rádio	e	à	 televisão	(CF,	art.	17,	§
3o).	É	o	que	se	denomina	direito	de	antena.
Ademais,	 as	 liberdades	 de	 informação	 e	 de	 expressão	 constituem	 valores	 da	 maior	 relevância,
sendo	 ambos	 acolhidos	 no	 texto	 constitucional.	 Conforme	 anotei	 alhures	 (GOMES,	 2006,	 p.	 208	 ss),
enquanto	a	primeira	diz	respeito	ao	direito	individual	de	comunicar	livremente	fatos	e	ao	direito	difuso
de	ser	deles	informado,	a	liberdade	de	expressão	tutela	o	direito	de	externar	ideias,	opiniões,	juízos	de
valor	 e	 manifestações	 de	 pensamento	 em	 geral.	 Ambas	 servem	 de	 fundamento	 para	 o	 exercício	 de
outras	liberdades,	além	de	serem	sustentáculos	do	regime	democrático.
Nesse	 quadro,	 é	 natural	 que	 todo	 cidadão	 possua	 o	 direito	 de	 ser	 informado	 acerca	 da	 vida
política	do	país,	dos	governantes,	dos	negócios	públicos,	bem	como	de	manifestar	sua	opinião.
Ressalte-se	que	nas	sociedades	contemporâneas	há	clara	demarcação	entre	o	público	e	o	privado.
Na	 esfera	 pública,	 avultam	 o	 bem	 comum,	 a	 ordem	 pública,	 os	 interesses	 da	 coletividade	 em	 seu
conjunto.	Por	isso	mesmo,	aí	reinam	a	transparência	e	a	amplitude	de	informação.
Diferentemente,	 na	 esfera	 privada	 prevalecem	 interesses	 e	 negócios	 particulares.	 Aqui	 se
distinguem	 duas	 categorias	 de	 bens	 jurídicos,	 a	 saber:	 patrimoniais	 e	 não	 patrimoniais	 ou	 de
personalidade.	 Limites	 são	 estabelecidos	 à	 liberdade	 de	 ação	 individual,	 buscando-se	 impedir	 a
ocorrência	de	prejuízos	às	pessoas.	Entre	os	bens	da	personalidade,	nomeadamente	na	seara	do	right	to
privacy,	 destaca-se	 a	 intimidade.	 Trata-se	 da	 dimensão	 em	 que	 a	 atuação	 do	 indivíduo	 cinge-se	 à
satisfação	de	interesses	e	necessidades	puramente	existenciais,	realização	de	valores	e	modos	de	vida.	É
aí	que	 todos	podem	se	 recolher	 com	paz	 e	 tranquilidade,	 sem	 ter	de	medir	os	gestos	 e	 as	palavras.	A
inviolabilidade	da	intimidade	é	assegurada	no	artigo	5o,	X,	da	Constituição	Federal.
Na	sociedade	política,	há	forte	interação	entre	as	esferas	pública	e	privada.	Daí	que,	sob	o	prisma
patrimonial,	 importa	 saber	 quais	 interesses	 econômico-financeiros	 o	 político	 representa,	 quem	 o
financia,	 a	quais	grupos	 se	 encontra	 ligado.	É	 ingenuidade	acreditar	que	o	homem	público	 só	age	em
atenção	 ao	bem	comum	e	 ao	 interesse	público.	Desnudar	 tais	 relações	 constitui	 passo	decisivo	para	o
exercício	consciencioso	do	direito	de	sufrágio.
Já	sob	a	óptica	não	patrimonial,	discute-se	se	personalidades	públicas	–	como	é	o	caso	de	políticos
–	 teriam	 resguardados	 seus	 direitos	 à	 privacidade,	 ao	 segredo	 e	 à	 intimidade.	 Tem-se	 acentuado	 a
necessidade	 de	 se	 salvaguardar	 ao	menos	 o	 círculo	 íntimo	 da	 vida	 individual,	 já	 que	 a	 dignidade	 da
pessoa	humana	 constitui	 cláusula	 geral	 prevista	no	 artigo	 1o,	 III,	 da	Constituição	Federal,	 que	 ancora
todos	 os	 direitos	 parcelares	 da	 personalidade.	 Obtempera-se	 que,	 mesmo	 que	 se	 trate	 de	 político,
personalidade	 pública	 por	 excelência,	 por	maiores	 que	 sejam	 as	 controvérsias	 que	 o	 cerquem,	 não	 se
poderia	ir	ao	ponto	de	revelar	a	todos	determinadas	relações	de	cunho	íntimo,	como,	e.	g.,	o	adultério,
a	existência	de	filho	com	concubina	ou	seu	comportamento	privado.
Todavia	 –	 apenas	 no	 que	 concerne	 ao	 exercício	 de	 cargo	 público-eletivo	 –,	 é	 induvidoso	 que
interessaria	aos	eleitores	bem	intencionados	conhecer	algumas	peculiaridades	acerca	da	 intimidade	do
destinatário	 de	 seus	 votos,	 de	 sorte	 que	 a	 cidadania	 seja	 exercida	 com	 grau	 maior	 de	 consciência	 e
responsabilidade.	Ocioso	dizer	que	isso	é	vital	para	a	democracia.	Há	fatos	ocorridos	na	esfera	íntima	de
um	candidato	que	eventualmente	podem	esclarecer	o	eleitorado,	pois	deixam	entrever	sua	cosmovisão
e	a	direção	que	provavelmente	imprimirá	ao	mandato	caso	seja	eleito.	Certamente,	as	intenções	de	um
discurso	bem	urdido	serão	mais	bem	avaliadas	se	se	puder	compará-lo	com	as	posições	assumidas	pelo
orador	 quando	 confrontado	 com	 temas	 controvertidos	 como	 aborto,	 direito	 de	 minorias,	 religião,
bioética	 eequilíbrio.	 Imagine-se,	 por	 outro	 lado,	 alto	 agente	 político	 que	 seja	 toxicômano,	 alcoólatra,
desonesto	 em	 suas	 relações	 privadas,	 que	 surre	 seu	 cônjuge	 com	 frequência,	 que	 seja	 réu	 em	 ação
criminal	ou	de	improbidade	administrativa.
Em	 tais	hipóteses,	não	há	dúvida	de	que	o	direito	 à	 intimidade	deve	 ceder	o	passo	 ao	 interesse
público	ligado	ao	regime	democrático	de	direito,	já	que	certas	posições	e	eventuais	vícios	desqualificam
o	 cidadão	 para	 o	 exercício	 de	 mandato	 público-eletivo,	 retirando-lhe	 o	 decoro,	 a	 decência	 e	 a
legitimidade.	 Afrontaria	 a	 consciência	 política	 mandatário	 que,	 por	 trás	 de	 aparente	 imagem	 de
eficiência	e	honestidade	–	criada	e	sustentada	pela	mídia	–,	levasse	vida	excessiva	e	desregrada,	oposta	à
boa	figura	propalada.
Não	se	trata	de	violentar	a	personalidade	do	político,	pregar	a	intolerância,	o	ódio,	ou	disseminar
preconceitos,	mas	apenas	de	se	permitir	que	o	eleitorado	seja	bem	informado	sobre	fatos	relevantes	para
o	 desempenho	 de	 mandato	 público,	 de	 sorte	 a	 exercer	 conscientemente	 seu	 direito	 de	 voto,	 a	 bem
escolher	seu	candidato.	Isso	contribui	para	a	autenticidade	da	representação	política.
Nesse	quadro,	embora	certas	situações	caiam	na	esfera	íntima	da	pessoa,	é	óbvio	que,	tratando-se
17.1.4
de	político,	depositário	da	confiança	e	das	esperanças	dos	eleitores,	o	direito	à	intimidade	fica	bastante
enfraquecido.	 Na	 verdade,	 o	 direito	 forte,	 bem	 protegido,	 que,	 aí,	 deve	 prevalecer,	 é	 o	 direito	 à
informação,	de	maneira	que	os	cidadãos	exerçam	o	sufrágio	com	plena	consciência.
Acresce	que	o	direito	à	 informação	é	passo	significativo	para	a	eliminação	de	práticas	perniciosas
como	o	 curral	 eleitoral,	 o	 voto	 de	 cabresto,	 os	 coronéis	 antigos	 e	 novos,	 bem	 como	o	 câncer	 que	 é	 a
compra	de	votos,	práticas	ainda	comuns	no	Brasil	contemporâneo,	mesmo	em	Casas	Legislativas,	como
acabamos	de	ver.
Princípios	da	propaganda	política
Nem	 tudo	 é	 permitido	 na	 propaganda	 política.	 Ao	 contrário,	 ela	 se	 submete	 à	 observância	 de
alguns	princípios,	a	uma	rígida	disciplina	legal	e	ao	controle	da	Justiça	Eleitoral,	o	qual	é	exercido	quer
no	âmbito	do	poder	de	polícia,	quer	no	jurisdicional.	Entre	os	princípios,	destacam-se	os	seguintes:
Legalidade	–	a	propaganda	política	é	regulada	por	lei,	sendo	esta	de	ordem	pública,	insuscetível	de
derrogação	 pelos	 interessados.	 A	 competência	 legislativa	 é	 privativa	 da	 União	 (CF,	 art.	 23,	 I).	 Ao
Tribunal	 Superior	 Eleitoral	 é	 dado	 regulamentar	 o	 tema,	 sem,	 porém,	 invadir	 a	 competência	 do
legislador.
Liberdade	–	desde	que	se	respeitem	os	limites	legais,	há	liberdade	quanto	à	criação	da	mensagem
a	ser	veiculada	na	propaganda.
Ademais,	é	 livre	a	realização	de	qualquer	ato	de	propaganda,	em	recinto	aberto	ou	fechado,	não
sendo	necessária	a	obtenção	de	 licença	municipal	nem	autorização	de	autoridade	policial	 (LE,	art.	39;
CE,	art.	245).
Liberdade	 de	 expressão	 ou	 comunicação	 –	 a	 livre	 circulação	 de	 ideias	 é	 essencial	 à	 democracia.
Sem	 ela,	 não	 floresce	 a	 criatividade,	 estorva-se	 o	 diálogo,	 ficam	 tolhidas	 as	 manifestações	 de
inconformismo	 e	 insatisfação.	 Não	 se	 pode	 olvidar	 o	 papel	 histórico	 dessa	 liberdade	 na	 própria
formação	 do	Estado	Democrático,	 na	 reivindicação	 de	 direitos	 fundamentais	 individuais	 e	 sociais,	 na
expressão	e	afirmação	de	doutrinas	políticas,	ideologias	e	religiões.
Bem	por	isso,	prescreve	o	artigo	5o,	IV,	da	Lei	Maior	ser	“livre	a	manifestação	do	pensamento”.	Já
o	artigo	220	assegura	que:	“A	manifestação	do	pensamento,	a	criação,	a	expressão	e	a	informação,	sob
qualquer	 forma,	 processo	 ou	 veículo	 não	 sofrerão	 qualquer	 restrição,	 observado	 o	 disposto	 nesta
Constituição.”	O	§	2o	desse	dispositivo	veda	“toda	e	qualquer	censura	de	natureza	política,	ideológica	e
artística”.
Note-se,	todavia,	que	a	liberdade	em	apreço	não	apresenta	caráter	absoluto.	Em	certas	situações,
admite-se	 sua	 limitação.	Mas	 isso	 só	 é	 concebível	 em	 casos	 de	 evidente	 e	 reconhecida	 gravidade,	 de
modo	 que	 não	 se	 imponha	 à	 sociedade	 mal	 maior	 que	 o	 bem	 perseguido.	 Deve	 haver	 sempre	 a
ponderação	dos	interesses	e	valores	em	jogo.	A	lei	censura,	e.	g.,	a	comunicação	de	guerra,	que	incite	a
prática	de	atentados	contra	pessoas	e	bens,	que	calunie	pessoas	(CE,	art.	243).
17.1.5
17.2
Liberdade	de	 informação	–	os	cidadãos	 têm	direito	a	receber	 todas	as	 informações	–	positivas	ou
negativas	–	acerca	do	candidato,	de	 sorte	que	possam	 formular	 juízo	 seguro	a	 respeito	de	 sua	pessoa,
das	 ideias	 e	 do	 programa	 que	 representa.	 Conforme	 aludido,	 o	 direito	 à	 privacidade,	 ao	 segredo	 e	 à
intimidade	sofre	acentuada	redução	nesse	terreno.
Veracidade	 –	 os	 fatos	 e	 informações	 veiculados	 devem	 corresponder	 à	 verdade.	 Reflexo	 desse
princípio	 é	 a	 proibição	 de	 utilização	 de	 imagens	 ou	 cenas	 incorretas	 ou	 incompletas,	 efeitos	 ou
quaisquer	outros	recursos	que	distorçam	ou	falseiem	os	fatos	ou	sua	comunicação,	bem	como	degradem
ou	 ridicularizem	 candidato,	 partido	ou	 coligação	 (LOPP,	 art.	 45,	 §	 1o,	 III;	 LE,	 art.	 45,	 II).	Demais,	 o
artigo	323	do	Código	Eleitoral	tipifica	como	criminosa	a	conduta	de	“divulgar,	na	propaganda,	fatos	que
sabe	 inverídicos,	 em	 relação	 a	 partidos	 ou	 candidatos	 e	 capazes	 de	 exercerem	 influência	 perante	 o
eleitorado”.
Igualdade	 ou	 isonomia	–	 todos	 os	 interessados,	 inclusive	 partidos	 e	 coligações,	 devem	 ter	 iguais
oportunidades	 para	 veiculação	 de	 seus	 programas,	 pensamentos	 e	 propostas.	 A	 igualdade,	 aí,	 é
meramente	 formal,	 não	 material,	 já	 que	 os	 maiores	 partidos	 contam	 com	maioria	 no	 Parlamento	 e,
consequentemente,	 detêm	 maior	 espaço	 na	 propaganda	 partidário-eleitoral.	 Ademais,	 não	 há
uniformização	de	gasto	nas	campanhas	eleitorais,	o	que	permite	que	algumas	sejam	milionárias	e	outras
franciscanas.
Responsabilidade	–	a	 responsabilidade	pela	propaganda	deve	sempre	ser	atribuída	a	alguém.	Em
princípio,	 é	 carreada	 ao	 candidato,	 partido	 e	 coligação,	 que	 respondem	 civil,	 administrativa	 e
criminalmente	 pelo	 seu	 teor	 e	 pelos	 excessos	 ocorridos.	 Eventualmente,	 o	 veículo	 e	 o	 agente	 da
comunicação	 também	podem	 ser	 responsabilizados.	A	 esse	 respeito,	 o	 artigo	 241	 do	Código	 Eleitoral
estabelece	 o	 princípio	 da	 solidariedade,	 pelo	 que:	 “Toda	 propaganda	 eleitoral	 será	 realizada	 sob	 a
responsabilidade	 dos	 partidos	 e	 por	 eles	 paga,	 imputando-lhes	 solidariedade	 nos	 excessos	 praticados
pelos	seus	candidatos	e	adeptos.”
Controle	 judicial	 –	 a	 propaganda	 submete-se	 ao	 controle	 da	 Justiça	 Eleitoral,	 à	 qual	 é	 atribuído
poder	de	polícia	para	 controlá-la	 e	 coibir	 abusos.	Daí	 a	possibilidade	de	o	 juiz	 eleitoral	 agir	ex	 officio,
determinando,	 por	 exemplo,	 que	 cesse	 ou	 que	 seja	 retirada	 propaganda	 que	 infrinja	 as	 regras
pertinentes.
Espécies	de	propaganda	política
Distinguem-se	 quatro	 tipos	 de	 propaganda	 política:	 partidária,	 intrapartidária,	 eleitoral	 e
institucional.	Em	seguida,	far-se-á	breve	análise	a	respeito	dessas	modalidades.
PROPAGANDA	PARTIDÁRIA
A	 propaganda	 partidária	 é	 regulamentada	 nos	 artigos	 45	 a	 49	 da	 Lei	 Orgânica	 dos	 Partidos
Políticos	 (LOPP),	 bem	 como	 pela	 Resolução	 TSE	 no	 20.034/97	 (com	 as	 alterações	 da	 Res.	 no
22.503/2006).	O	Código	Eleitoral	não	a	prevê,	embora	contemple	a	propaganda	eleitoral.	O	título	II	da
parte	quinta	 (art.	 240	 ss)	 desse	diploma	usa	 erroneamente	 a	 expressão	propaganda	partidária.	Mas	 o
que	regula,	na	verdade,	é	a	propaganda	eleitoral,	isto	é,	aquela	feita	por	candidatos	a	cargos	eletivos	já
durante	o	período	eleitoral,	e	cujo	objetivo	é	o	convencimento	do	eleitor	com	vistas	a	obter-lhe	o	voto.
Consiste	 a	 propaganda	partidáriana	divulgação	de	 ideias,	 projetos	 e	 programa	do	partido.	Tem
por	 finalidade	 facultar-lhe	 a	 exposição	 e	 o	 debate	 público	 de	 sua	 ideologia,	 de	 sua	 história,	 de	 sua
cosmovisão,	de	suas	metas,	dos	valores	agasalhados,	do	caminho	para	que	seu	programa	seja	realizado,
enfim,	 de	 sua	 doutrina	 e,	 pois,	 de	 suas	 propostas	 para	 o	 desenvolvimento	 da	 sociedade.	Com	 isso,	 a
agremiação	 aproxima-se	 do	 povo,	 ficando	 sua	 imagem	 conhecida	 e,	 pois,	 fortalecida.	 Pode	 haver
confronto	de	opiniões,	 teses,	propostas	de	 soluções	para	problemas	nacionais,	 regionais	ou	 locais,	mas
sempre	à	luz	do	ideário	partidário.
Desnecessário	dizer	que	a	propaganda	presta	auxílio	fundamental	para	a	conquista	e	manutenção
do	poder	político,	já	que	atrai	para	a	agremiação	as	pessoas	que	se	identificam	com	seu	ideário.
A	 Lei	 Maior,	 consoante	 acentuado,	 assegura	 aos	 partidos	 políticos	 direito	 de	 antena,	 o	 qual	 é
traduzido	no	“acesso	gratuito	ao	rádio	e	à	televisão,	na	forma	da	lei”	(CF,	art.	17,	§	3o).	O	artigo	45,	§
6o,	da	Lei	no	9.096/95	veda	a	realização	de	propaganda	paga	ou	fora	dos	limites	legalmente	traçados.
Tanto	 a	 Constituição	 quanto	 a	 Lei	 no	 9.096/95	 apenas	 aludem	 à	 propaganda	 no	 rádio	 e	 na
televisão.	 Diante	 disso,	 discute-se	 se	 poderia	 ser	 veiculada	 propaganda	 partidária	 em	 outras	 mídias,
como	a	 imprensa	escrita	ou	eletrônica,	 Internet,	outdoors.	Relevando	o	respeito	devido	à	 liberdade	de
expressão	 e	 seu	 assento	 constitucional,	 a	 jurisprudência	 já	 afirmou	 ser	 permitida	 a	 propaganda
partidária	 pela	 imprensa,	 “desde	 que	 se	 o	 faça	 dentro	 dos	 princípios	 da	 ética,	 e	 em	 obediência	 aos
preceitos	legais	que	compõem	o	nosso	ordenamento	jurídico”	(TRE-SC	–	Res.	no	7.133	de	8-9-1999).	A
seu	 turno,	 ao	 responder	 à	 Consulta	 no	 1.132/DF	 (Res.	 no	 21.983/2005),	 a	 Corte	 Superior	 Eleitoral
reconheceu	 inexistir	 norma	 específica	 que	 discipline	 a	 propaganda	 partidária	 em	 tais	 veículos,
concluindo	 pela	 licitude	 de	 sua	 realização,	 desde	 que	 sejam	 “observadas	 as	 vedações	 previstas	 para	 a
propaganda	nas	leis	que	disciplinam	o	Direito	Eleitoral”.	Infere-se,	pois,	que	a	realização	de	propaganda
partidária	 fora	do	 rádio	e	da	 televisão	 submete-se	à	mesma	disciplina	da	propaganda	eleitoral,	 sendo,
ainda,	 expressamente	 vedado	 que	 se	 pague	 por	 ela.	 Assim,	 e.	 g.,	 é	 proibida	 a	 propaganda	 partidária
mediante	outdoor	 (LE,	 art.	 39,	 §	 8o);	 se	 feita	 pela	 imprensa	 escrita,	 deve	 submeter-se	 às	 restrições	 do
artigo	43	da	Lei	no	9.504/97;	em	qualquer	caso,	frise-se,	não	poderá	ser	paga.	Por	outro	lado,	conforme
se	 extrai	 do	 artigo	 57-B,	 II,	 da	LE,	nada	 impede	que	 a	 agremiação	política	mantenha	página	na	 rede
mundial	de	computadores,	 sendo	vedada	a	hospedagem	em	sítios	de	provedores	 internacionais;	 entre
outras	 coisas,	 tal	 página	 poderá	 conter	 links,	 remetendo	 o	 internauta	 a	 outros	 sítios	 de	 interesse	 da
entidade,	 bem	 como	 blog	 em	 que	 sejam	 discutidos	 assuntos	 de	 seu	 interesse.	 Além	 disso,	 ante	 o
disposto	no	inciso	III	do	aludido	artigo,	é	dado	ao	partido	enviar	“mensagem	eletrônica	para	endereços
cadastrados	gratuitamente”,	sendo	vedada	a	aquisição	onerosa	de	cadastro	de	endereços	eletrônicos.
A	regulamentação	da	propaganda	partidária	deve	 ter	o	sentido	de	assegurar	a	 isonomia	entre	as
agremiações.	 Se	 investido	 em	 publicidade,	 o	 arsenal	 econômico	 detido	 por	 algumas	 entidades	 pode
ensejar	 o	 desequilíbrio	 de	 futura	 disputa	 eleitoral.	 Os	 relevantes	 reflexos	 nas	 eleições	 podem	 ser
visualizados	 com	 clareza	 nas	 eleições	 proporcionais,	 nomeadamente	 no	 voto	 de	 legenda,	 conforme
preveem	 os	 artigos	 146,	 IX,	 c,	 e	 175,	 §	 4o,	 ambos	 do	Código	 Eleitoral,	 e	 o	 artigo	 59,	 §	 2o,	 da	 Lei	 no
9.504/97.	Nesse	tipo	de	eleição,	o	voto	dado	à	legenda	compõe	o	cálculo	do	quociente	partidário	(CE,
art.	107),	sendo,	pois,	essencial	para	a	determinação	do	número	de	cadeiras	a	serem	preenchidas	pela
entidade	partidária.
A	propaganda	partidária	no	rádio	e	televisão	pode	ser	gravada	em	estúdio	ou	em	ambiente	aberto,
ou	seja,	ao	ar	livre.
É	veiculada	em	horário	nobre,	pois	deve	ir	ao	ar	entre	as	19	horas	e	30	minutos	e	as	22	horas.
Além	disso,	é	gratuita.	Mas	a	gratuidade	é	relativa.	Nos	termos	do	artigo	52,	parágrafo	único	da
LOPP,	 o	 veículo	 emissor	 é	 sempre	 ressarcido	 pelos	 cofres	 públicos	 por	 meio	 do	 mecanismo	 de
compensação	tributária.
São	 objetivos	 da	 propaganda	 partidária:	 (a)	 difundir	 os	 programas	 partidários;	 (b)	 transmitir
mensagens	 aos	 filiados	 sobre	 a	 execução	 dos	 programas,	 dos	 eventos	 com	 estes	 relacionados	 e	 das
atividades	 congressuais	 do	 partido;	 (c)	 divulgar	 a	 posição	 do	 partido	 em	 relação	 a	 temas	 político-
comunitários;	(d)	promover	e	difundir	a	participação	política	feminina	(LOPP,	art.	45).
A	produção	do	programa	e	 a	 geração	de	mídia	para	 sua	veiculação	 são	de	 responsabilidade	dos
partidos.
As	 transmissões	 são	 realizadas	 em	 âmbito	 nacional	 e	 estadual.	 Duas	 são	 as	 formas	 previstas:
cadeia	e	inserção.
Caracteriza-se	 a	 cadeia	 por	 suspender	 as	 transmissões	 das	 emissoras,	 de	 sorte	 que	 a	mensagem
partidária	vai	ao	ar	simultaneamente	em	todos	os	canais.	Sendo	nacional,	não	pode	haver	“quebra”	na
transmissão	 em	 cadeia	 (TSE	 –	 Res.	 nos	 23.010	 e	 23.011	 –	 DJe	 10-3-2009,	 p.	 35),	 de	 modo	 que	 a
mensagem	seja	veiculada	em	apenas	um	ou	alguns	Estados	da	Federação.
Já	a	inserção	consiste	na	intercalação	feita	na	programação	normal,	não	havendo	simultaneidade
na	 transmissão	 nos	 diversos	 veículos.	 Assim,	 as	 emissoras	 a	 levarão	 ao	 ar	 em	 momentos	 distintos,
conforme	lhes	convier,	mas	sempre	dentro	dos	limites	temporais	estabelecidos	em	lei.
Tanto	a	cadeia	quanto	as	inserções	nacionais	devem	ser	requeridas	ao	Tribunal	Superior	Eleitoral
pelo	órgão	de	direção	nacional	da	agremiação	interessada.	O	requerimento	deve	ser	protocolizado	até	o
dia	 1o	 de	 dezembro	 do	 ano	 anterior	 às	 transmissões.	 A	 não	 observância	 dessa	 data-limite	 acarreta	 a
perda	 do	 direito	 de	 veiculação	 da	 propaganda	 partidária	 no	 ano	 respectivo.	 A	 cadeia	 forma-se	 às
quintas-feiras,	 mas,	 sendo	 necessário,	 poderá	 ser	 autorizada	 em	 outro	 dia.	 A	 seu	 turno,	 as	 inserções
devem	ser	veiculadas	às	terças-feiras	e	quintas-feiras	e	aos	sábados.
No	 requerimento,	 devem	 constar	 as	 datas	 de	 veiculação,	 para	 o	 primeiro	 e	 segundo	 semestres.
Havendo	 coincidência	 de	 data,	 terá	 prioridade	 o	 partido	 que	 tiver	 apresentado	 o	 requerimento	 em
primeiro	lugar.	Ademais,	é	necessário	que	conste	do	requerimento	a	indicação	das	emissoras	geradoras
e	a	prova	do	direito	à	transmissão.	Essa	prova	é	feita	mediante	certidão	expedida	pela	Mesa	da	Câmara
dos	Deputados,	comprobatória	da	bancada	eleita	naquela	Casa.
No	âmbito	estadual,	 a	Resolução	TSE	no	 22.503/2006	 suprimiu	a	 formação	de	 cadeia,	prevendo
tão	 só	 inserções.	 O	 requerimento	 –	 subscrito	 pelo	 órgão	 de	 direção	 esta	 dual	 do	 partido	 –	 deve	 ser
endereçado	ao	Tribunal	Regional	Eleitoral.	As	inserções	estaduais	devem	ir	ao	ar	às	segundas,	quartas	e
sextas-feiras.
Para	viabilizar	a	transmissão,	as	mídias	contendo	os	programas	em	cadeia	ou	em	inserções	devem
ser	 entregues	 pelos	 partidos	 às	 emissoras	 com	 a	 antecedência	 mínima	 de	 12	 horas	 do	 início	 da
transmissão;	as	inserções	de	rádio	podem	ser	enviadas	por	meio	de	correspondência	eletrônica	(LOPP,
art.	46,	§	5o,	com	a	redação	da	Lei	no	12.891/2013).	O	artigo	7o	da	Resolução	TSE	no	20.034/97	previa
prazo	 mais	 ampliado,	 de	 24	 horas,	 que,	 agora,	 fica	 prejudicado.	 O	 lapso	 legal	 enfocado	 decorre	 da
necessidade	 de	 se	 viabilizar	 a	 reorganização	 da	 grade	 da	 emissora	 caso	 o	 material	 não	 lhe	 seja
disponibilizado	ou	haja	cancelamentoda	transmissão.
O	§	 8o	 do	 artigo	 46	 da	 lei	 partidária	 (acrescido	 pela	 Lei	 no	 12.891/2013)	 veda	 “a	 veiculação	 de
inserções	 idênticas	 no	 mesmo	 intervalo	 de	 programação,	 exceto	 se	 o	 número	 de	 inserções	 de	 que
dispuser	o	partido	exceder	os	 intervalos	disponíveis,	 sendo	vedada	a	 transmissão	em	sequência	para	o
mesmo	partido	político”.
O	 tempo	 da	 propaganda	 partidária	 varia	 em	 função	 da	 representação	 parlamentar	 do	 partido.
Quanto	maior	o	número	de	votos	obtidos	na	eleição	para	a	Câmara	de	Deputados,	maior	será	o	tempo
disponibilizado.	 A	 esse	 respeito,	 dispõe	 o	 art.	 49	 da	 Lei	 no	 9.096/95	 (com	 a	 redação	 da	 Lei	 no
13.165/2015):
“Art.	49	Os	partidos	com	pelo	menos	um	representante	em	qualquer	das	Casas	do	Congresso
Nacional	têm	assegurados	os	seguintes	direitos	relacionados	à	propaganda	partidária:
I	–	a	realização	de	um	programa	a	cada	semestre,	em	cadeia	nacional,	com	duração	de:
a)	cinco	minutos	cada,	para	os	partidos	que	tenham	eleito	até	quatro	Deputados	Federais;
b)	dez	minutos	cada,	para	os	partidos	que	tenham	eleito	cinco	ou	mais	Deputados	Federais;
II	 –	 a	 utilização,	 por	 semestre,	 para	 inserções	 de	 trinta	 segundos	 ou	 um	minuto,	 nas	 redes
nacionais,	e	de	igual	tempo	nas	emissoras	estaduais,	do	tempo	total	de:
a)	dez	minutos,	para	os	partidos	que	tenham	eleito	até	nove	Deputados	Federais;
b)	vinte	minutos,	para	os	partidos	que	tenham	eleito	dez	ou	mais	Deputados	Federais.
Parágrafo	 único.	 A	 critério	 do	 órgão	 partidário	 nacional,	 as	 inserções	 em	 redes	 nacionais
referidas	 no	 inciso	 II	 do	 caput	 deste	 artigo	 poderão	 veicular	 conteúdo	 regionalizado,
comunicando-se	previamente	o	Tribunal	Superior	Eleitoral.”
Não	 se	 admite	 a	utilização	 comercial	 da	propaganda	 em	apreço,	 assim	considerada	 a	 que	 vise	 à
promoção	de	marca	ou	produto.	Ademais,	deve-se	 respeitar	o	direito	de	autor.	Deveras,	 ao	 titular	de
direito	autoral	é	dado	representar	à	Justiça	Eleitoral	a	fim	de	coibir	prática	violadora	de	seu	direito.	Mas
eventuais	indenizações	devem	ser	buscadas	perante	a	Justiça	Comum.
Também	é	proibida	na	propaganda	partidária:	 (a)	 a	participação	de	pessoa	 filiada	 a	partido	que
não	o	 responsável	pelo	programa;	 (b)	 a	divulgação	de	propaganda	de	 candidatos	 a	 cargos	 eletivos	 e	 a
defesa	de	 interesses	pessoais	ou	de	outros	partidos;	 (c)	a	utilização	de	 imagens	ou	cenas	 incorretas	ou
incompletas,	 efeitos	 ou	 quaisquer	 outros	 recursos	 que	 distorçam	 ou	 falseiem	 os	 fatos	 ou	 a	 sua
comunicação	(LOPP,	art.	45,	§	1o).
No	tocante	à	proibição	aludida	na	letra	a,	 tem-se	que	a	utilização	do	horário	de	propaganda	por
candidato	 de	 agremiação	 diversa	 constitui	 uso	 indevido	 dos	 meios	 de	 comunicação	 social	 postos	 à
disposição	do	partido.	Nessa	linha,	assentou	a	Corte	Superior	Eleitoral:
“O	uso	do	tempo	de	propaganda	partidária	para	beneficiar	político	filiado	a	outra	agremiação,
com	ostensiva	intenção	de	concorrer	a	cargo	eletivo	no	pleito	a	realizar-se	no	período	eleitoral
subsequente,	traduz	falta	gravíssima	sujeita	a	sanção	correspondente	ao	máximo	previsto	em
lei:	 a	 cassação	 de	 todo	 o	 direito	 de	 transmissão	 a	 que	 o	 infrator	 faria	 jus	 no	 semestre
subsequente”	(TSE	–	Ac.	no	766	–	DJ	9-6-2006,	p.	133).
Quanto	 à	 letra	b,	 a	 lei	 é	 clara	 ao	 vedar	 a	 divulgação,	 no	 horário	 partidário,	 de	 propaganda	 de
candidatos	a	cargos	eletivos	e	a	defesa	de	 interesses	pessoais	ou	de	outras	agremiações.	Proibida,	pois,
de	 forma	 cristalina	 e	 precisa,	 a	 promoção	 pessoal	 que	 ostente	 coloração	 eleitoral.	 Tais	 ocorrências
desnaturam	os	princípios	 inspiradores	da	propaganda	partidária.	A	promoção	dos	 interesses	de	outras
agremiações	 políticas	 também	 ofende	 a	 igualdade,	 pois	 os	 beneficiados	 estariam	 obtendo,	 por	 via
transversa,	tempo	maior	do	que	teriam	realmente	direito.
De	 mais	 a	 mais,	 se,	 por	 um	 lado,	 não	 é	 vedada	 a	 presença	 de	 filiados,	 ainda	 que	 notórios,
potenciais	candidatos	ou	pré-candidatos	no	programa	partidário,	por	outro,	a	presença	deles	não	pode
reportar	suas	candidaturas,	antecipando	o	debate	eleitoral;	tampouco	o	conjunto	da	comunicação	pode
ser	direcionado	a	esse	enfoque.	Isso	significaria	claro	desbordamento	dos	 limites	traçados	pelo	sistema
jurídico,	 pois	 a	 propaganda	 em	 nada	 se	 relacionaria	 com	 a	 divulgação	 do	 programa	 partidário,
tampouco	 com	 a	 atuação	 histórica	 e	 conquistas	 do	 partido.	 Tal	 ocorre,	 por	 exemplo,	 quando	 há
adjetivação	 das	 qualidades	 de	 potencial	 candidato,	 quando	 se	 enfatizam	 suas	 realizações,	 seus	 feitos
como	 administrador,	 sua	 atuação	 política	 atual	 ou	 pretérita,	 a	 história	 de	 sua	 vida,	 suas	 pretensões,
enfim,	quando	ostensivamente	 se	apresenta	alguém	como	a	pessoa	 ideal	–	a	mais	 competente,	 a	mais
honesta,	a	mais	habilidosa	–	para	ocupar	determinado	cargo	eletivo.
O	desvirtuamento	da	propaganda	partidária	pode	ocorrer	ainda	que	o	beneficiário	 seja	detentor
de	mandato	eletivo.	Nesse	sentido,	 tem	o	TSE	asseverado:	(i)	 “[…]	3.	O	parlamentar	que	participa	de
programa	 partidário	 enaltecendo	 sua	 própria	 pessoa	 a	 fim	 de	 promover	 sua	 candidatura,	 é	 parte
legítima	para	figurar	no	polo	passivo	da	representação	[…]”	(Ac.	no	26.183	–	DJ	1o-2-2007,	p.	228);	(ii)
“[…]	A	utilização	parcial	do	espaço	destinado	à	propaganda	partidária	para	mera	promoção	pessoal	de
filiado,	titular	de	mandato	eletivo,	com	alusão	nítida	a	futura	candidatura,	no	pleito	subsequente,	induz
à	aplicação	da	penalidade	prevista	no	§	2o	do	art.	45	da	Lei	dos	Partidos	Políticos,	por	infração	ao	inciso
II	do	§	1o	do	mesmo	dispositivo,	proporcional	à	natureza	e	à	extensão	da	falta	[…]”	(Rp	no	662/BA	–	DJ
4-32005,	 p.	 115);	 (iii)	 “[…]	 A	 utilização	 de	 programa	 partidário	 para	 exaltação	 de	 feitos	 de	 pré-
candidatos,	em	exclusiva	promoção	pessoal,	com	nítido	caráter	eleitoral,	configura	violação	ao	disposto
no	inciso	II	do	§	1o	do	art.	45	da	Lei	no	9.096/95,	ensejando	a	cassação	do	direito	de	 transmissão,	no
semestre	seguinte	à	decisão,	de	tempo	proporcional	à	gravidade	da	falta”	(Rp	no	695/	SP	–	DJ	4-2-2005,
p.	 186);	 (iv)	 “[…]	 A	 comparação	 entre	 o	 desempenho	 de	 filiados	 a	 partidos	 políticos	 antagônicos,
ocupantes	 de	 cargos	 na	 administração	 pública,	 durante	 a	 veiculação	 de	 programa	 partidário,	 é
admissível,	desde	que	não	exceda	ao	 limite	da	discussão	de	 temas	de	 interesse	político-comunitário	 e
que	não	possua	a	finalidade	de	ressaltar	as	qualidades	do	responsável	pela	propaganda	e	de	denegrir	a
imagem	do	opositor,	 configurando,	nesta	hipótese,	 propaganda	 eleitoral	 subliminar	 e	 fora	do	período
autorizado	 em	 lei.	 Caracterizada	 a	 utilização	 de	 parte	 da	 propaganda	 para	 ostensiva	 propaganda	 de
conotação	eleitoral,	impõe-se	a	aplicação	da	pena	de	multa	pela	ofensa	ao	art.	36	da	Lei	das	Eleições,	no
caso	concreto,	em	seu	grau	mínimo”	(Rp	no	1.277/PE	–	DJ	22-5-2007,	p.	178).
Em	 verdade,	 a	 promoção	 de	 potencial	 candidato	 no	 horário	 destinado	 à	 propaganda	 partidária
constitui	 falta	grave.	Além	da	perda	de	 tempo	no	semestre	 seguinte	 (LOPP,	art.	45,	§	2o),	 a	 cristalina
dicção	do	§	3o	do	artigo	36	da	Lei	das	Eleições	autoriza	a	aplicação	de	multa	ao	partido	responsável	pela
transmissão.	A	dupla	punição	à	agremiação	decorre	da	violação	de	regras	diversas,	cada	qual	visando	à
proteção	de	diferentes	 bens	 jurídicos.	A	 jurisprudência	 tem	perfilhado	 esse	 entendimento:	 “Existindo
mais	 de	 um	 responsável	 pela	 propaganda	 irregular,	 a	 pena	 de	multa	 deverá	 ser	 aplicada	 a	 cada	 um,
respeitando-se	 os	 valores	mínimo	 e	máximo	 estipulados	 em	 lei”	 (TSE	 –	Ag.	 no	 4.900/PA	 –	DJ	 18-2-
2005,	p.	121).
Por	 fim,	a	 regra	 inscrita	na	alínea	c	 veda	a	 adulteração	ou	a	descaracterização	da	 realidade	pelo
uso	 de	 trucagem	 (efeito	 realizado	 em	 áudio	 ou	 vídeo),montagem	 (junção	 de	 registro	 de	 áudio	 ou
vídeo)	ou	simplesmente	apresentação	de	cenas	incorretas	ou	incompletas.
A	 violação	 dos	 citados	 preceitos,	 com	 o	 desvirtuamento	 da	 propaganda,	 enseja	 a	 punição	 da
agremiação	 política:	 (i)	 nas	 transmissões	 em	 bloco,	 com	 a	 cassação	 do	 direito	 de	 transmissão	 no
semestre	 seguinte;	 (ii)	 nas	 transmissões	 em	 inserções,	 com	 a	 cassação	 de	 tempo	 equivalente	 a	 cinco
vezes	ao	da	inserção	ilícita,	no	semestre	seguinte	(LOPP,	art.	45,	§	2o,	I	e	II).
Não	 se	 afigura	 razoável	 essa	 solução.	De	 lege	 ferenda,	 a	 fixação	 do	 tempo	 de	 transmissão	 a	 ser
perdido	 como	 punição	 pelo	 ilícito	 praticado	 deve	 considerar	 a	 quantidade	 de	 tempo	 usada
irregularmente	 na	 comunicação.	 Na	 transmissão	 em	 bloco,	 e.	 g.,	 não	 é	 justa	 a	 perda	 total	 se	 o
desvirtuamento	 tiver	afetado	diminuta	parcela	da	comunicação,	 salvo	se	a	 falta	 for	considerada	grave,
como	 nas	 hipóteses	 de	 propaganda	 eleitoral	 extemporânea	 e	 promoção	 de	 pessoa	 filiada	 a	 partido
diverso	daquele	responsável	pelo	programa.
Para	 que	 a	 perda	 da	 transmissão	 se	 concretize,	 é	 necessário	 que	 se	 instaure	 demanda	 judicial
contra	o	partido	infrator.
Prescreve	 o	 §	 3o	 do	 artigo	 45	 da	 LOPP	 que	 a	 representação	 somente	 pode	 ser	 oferecida	 por
partido	político.	No	entanto,	soa	inconstitucional	essa	restrição	da	legitimidade	ativa.	Considerando	não
se	tratar	de	matéria	interna	corporis,	e	estando	presente	o	interesse	público,	é	defensável	a	legitimidade
ativa	 do	Ministério	 Público,	 sobretudo	 em	 razão	 de	 seu	 papel	 constitucional	 de	 defensor	 do	 regime
democrático	e	dos	 interesses	sociais.	Não	bastasse	 isso,	 tem-se	que	a	publicidade	partidária	é	custeada
pelo	erário,	 e	 certamente	 interessa	à	 sociedade	 fiscalizar	o	 correto	emprego	dos	pesados	 impostos	que
paga.	Por	outro	lado,	dificilmente	um	partido	irá	demandar	a	perda	do	tempo	de	transmissão	de	outro,
mormente	se	for	beneficiado	com	a	irregularidade.	Vale	registrar	que	a	legitimidade	ativa	do	Parquet	é
acolhida	na	jurisprudência,	a	ver:	TSE	–	AgRg-REspe	no	6065-33/SP	–	PSS	18-9-2012.
A	 competência	 jurisdicional	 para	 conhecer	 e	 julgar	 a	 demanda	 liga-se	 ao	 órgão	 detentor	 de
atribuição	 para	 autorizar	 a	 transmissão.	 Assim,	 a	 competência	 será	 do	 TSE,	 quando	 se	 tratar	 de
programa	em	bloco	ou	inserções	nacionais,	e	do	TRE,	quando	se	tratar	de	inserção	estadual.
Quanto	ao	prazo	para	o	ajuizamento,	prescreve	o	§	4o	do	artigo	45	da	LOPP	que	ele	 se	 encerra
“no	 último	 dia	 do	 semestre	 em	 que	 for	 veiculado	 o	 programa	 impugnado”.	 Se	 a	 transmissão	 tiver
ocorrido	 nos	 últimos	 30	 dias	 do	 semestre,	 o	 ajuizamento	 poderá	 ser	 ultimado	 “até	 o	 15o	 (décimo
quinto)	 dia	 do	 semestre	 seguinte”.	 Ultrapassado	 tais	 lapsos,	 opera-se	 a	 decadência	 do	 direito	 de
ingressar	com	a	ação.
O	rito	a	ser	observado	é,	no	que	couber,	o	previsto	nos	incisos	I	a	XIII	do	art.	22	da	LC	no	64/90
(TSE	Res.	no	22.696/2008).
Na	hipótese	de	competência	do	TRE,	do	acórdão	Regional	que	julgar	o	pedido	procedente,	caberá
recurso	com	efeito	suspensivo	para	o	TSE.
Vale	 registrar	 que	 a	 execução	 da	 cassação	 do	 direito	 de	 transmissão	 deve	 ocorrer	 no	 semestre
seguinte	ao	trânsito	em	julgado	da	decisão	condenatória.
“[…]	O	desvio	de	finalidade	na	propaganda	partidária	expõe	o	partido	infrator	à	penalidade
de	 cassação	 do	 direito	 de	 transmissão	 no	 semestre	 seguinte,	 por	 decisão	 do	 Tribunal
competente,	 em	 representação	 ajuizada	 pelos	 entes	 a	 que	 a	 norma	 confere	 legitimidade,
conforme	 disciplina	 a	 Lei	 no	 9.096/95,	 art.	 45,	 §	 2o,	 sendo	 as	 agremiações	 partidárias
responsáveis	 pelo	 conteúdo	 da	 propaganda	 exibida,	 nos	 termos	 do	 art.	 11	 da	 mencionada
resolução	 (Res.	–	TSE	20.034/97,	 art.	 11)”	 (TSE	–	ARp	no	 888/DF,	de	 21-3-2006	–	DJ	 5-5-
2006,	p.	152).
No	 segundo	 semestre	 do	 ano	 da	 eleição,	 é	 proibida	 a	 veiculação	 de	 propaganda	 partidária	 no
rádio	e	na	televisão,	ainda	que	paga	(Lei	no	9.504/97,	art.	36,	§§	2o	e	3o).	Por	conseguinte,	nesse	ano,	se
o	 partido	 tiver	 cassado	 o	 direito	 de	 transmissão	 no	 segundo	 semestre,	 tal	 decisão	 só	 poderá	 ser
17.3
executada	no	primeiro	semestre	do	ano	subsequente.	É	que	a	propaganda	política	realizada	no	semestre
da	 eleição	 tem	 natureza	 diversa:	 não	 é	 partidária,	 mas,	 sim,	 eleitoral.	 Evidente	 que	 o	 partido	 não
poderia	ter	cassado	seu	direito	à	realização	de	propaganda	eleitoral	se	a	irregularidade	foi	cometida	no
espaço	dedicado	à	propaganda	partidária.	Não	se	pode	baralhar	esses	dois	tipos	de	propaganda	política.
De	 qualquer	 sorte,	 é	 preciso	 reconhecer	 que	 a	 cassação	 do	 direito	 de	 transmissão	 do	 partido	 no
semestre	 seguinte	 às	 eleições	 é	 sanção	 que	 apresenta	 diminuto	 efeito	 prático.	 Melhor	 seria	 que	 a
agremiação	perdesse	o	direito	no	mesmo	semestre	em	que	ocorreu	a	irregularidade.
PROPAGANDA	INTRAPARTIDÁRIA
Antes	 do	 dia	 15	 de	 agosto	 do	 ano	 da	 eleição,	 faculta-se	 aos	 postulantes	 a	 candidatura	 ou
“candidatos	a	candidato”	a	realização	de	propaganda	intrapartidária.	A	permissão	consta	do	artigo	36,	§
1o,	 da	 Lei	 Eleitoral,	 consoante	 o	 qual	 “ao	 postulante	 a	 candidatura	 a	 cargo	 eletivo	 é	 permitida	 a
realização,	 na	 quinzena	 anterior	 à	 escolha	 pelo	 partido,	 de	 propaganda	 intrapartidária	 com	 vista	 à
indicação	de	seu	nome,	vedado	o	uso	de	rádio,	televisão	e	outdoor”.
Como	a	própria	expressão	sugere,	essa	propaganda	não	se	dirige	aos	eleitores	em	geral,	senão	aos
filiados	à	agremiação	que	participarão	da	convenção	de	escolha	dos	candidatos	que	disputarão	os	cargos
eletivos.	Daí	a	vedação	do	uso	de	meios	de	comunicação	de	massa,	como	rádio,	televisão	e	outdoor.
Vale	 lembrar	 que	 a	 escolha	 dos	 candidatos	 pelos	 partidos	 deverá	 ser	 feita	 no	 período	 de	 20	 de
julho	a	5	de	agosto	do	ano	em	que	se	realizarem	as	eleições	(LE,	art.	8o,	caput,	com	a	redação	da	Lei	no
13.165/2015).
A	propaganda	em	foco	somente	pode	ser	realizada	nos	15	dias	que	antecedem	a	data	prevista	para
a	convenção.	Seu	desvirtuamento	–	com	a	realização	de	propaganda	eleitoral	endereçada	aos	eleitores	e
não	aos	convencionais	–	rende	ensejo	à	sanção	prevista	no	artigo	36,	§	3o,	da	Lei	das	Eleições,	pois	pode
caracterizar-se	como	propaganda	eleitoral	 extemporânea.	Nesse	 sentido:	 “1.	Os	 limites	da	propaganda
intrapartidária	 foram	 ultrapassados,	 pois	 foi	 realizada	 propaganda	 eleitoral	 antecipada	 por	 meio	 de
outdoor,	 fixado	 em	 caminhão,	 estacionado	 em	 via	 pública,	 em	 frente	 ao	 local	 designado	 para	 a
convenção	partidária,	de	forma	ostensiva	e	com	potencial	para	atingir	os	eleitores.	[…]”	(TSE	–	AgR-AI
no	3815/RJ	–	DJe,	t.	36,	20-2-2014,	p.	47).
Conforme	 já	 assinalado,	 antes	 das	 convenções,	 é	 dado	 à	 agremiação	 optar	 pela	 realização	 de
prévias	partidário-eleitorais,	com	vistas	a	antecipar	a	definição	de	seu	candidato.	A	realização	de	prévias
(inclusive	sua	propagação	com	a	distribuição	de	material	informativo,	divulgação	dos	nomes	dos	filiados
que	 participarão	 da	 disputa	 e	 a	 realização	 de	 debates	 entre	 os	 pré-candidatos)	 não	 se	 qualifica	 como
propaganda	eleitoral	antecipada,	pois	destina-se	à	consulta	e	definição	dentro	do	partido	(LE,	art.	36-A,
III).	Mas	há	mister	que	não	se	extrapole	o	âmbito	partidário.
Note-se	que	o	§	1o	do	artigo	36-A	da	LE	proíbe	“a	transmissão	ao	vivo	por	emissoras	de	rádio	e	de
televisão	 das	 prévias	 partidárias”,	 sendo,	 porém,	 permitida	 “a	 cobertura	 dos	 meios	 de	 comunicação
social.”
17.4
17.4.1
17.4.2
PROPAGANDA	ELEITORAL
Definição
Denomina-se	 propaganda	 eleitoral	 a	 elaborada	 por	 partidos	 políticos	 e	 candidatos	 com	 a
finalidade	de	 captar	 votos	 do	 eleitorado	para	 investidura	 em	 cargo	público-eletivo.	Caracteriza-sepor
levar	 ao	 conhecimento	 público,	 ainda	 que	 de	maneira	 disfarçada	 ou	 dissimulada,	 candidatura	 ou	 os
motivos	que	 induzam	à	conclusão	de	que	o	beneficiário	é	o	mais	apto	para	o	cargo	em	disputa.	Nessa
linha,	 constitui	 propaganda	 eleitoral	 aquela	 adrede	 preparada	 para	 influir	 na	 vontade	 do	 eleitor,	 em
que	a	mensagem	é	orientada	à	atração	e	conquista	de	votos.
O	Código	Eleitoral	regula	a	matéria	nos	artigos	240	a	256.	Já	a	Lei	das	Eleições	dedica	ao	tema	os
artigos	36	a	57,	cuidando	o	artigo	58	do	direito	de	resposta.
A	 propaganda	 eleitoral	 distingue-se	 da	 partidária,	 pois,	 enquanto	 esta	 se	 destina	 a	 divulgar	 o
programa	 e	 o	 ideário	 do	 partido	 político,	 a	 eleitoral	 enfoca	 os	 projetos	 dos	 candidatos	 com	 vistas	 a
atingir	um	objetivo	prático	 e	bem	definido:	o	 convencimento	dos	 eleitores	 e	 a	obtenção	de	vitória	no
certame.
Não	 se	 confunde,	 ademais,	 com	 a	 propaganda	 intrapartidária,	 a	 qual	 é	 endereçada	 aos
convencionais	 do	 partido	 e	 somente	 pode	 ser	 realizada	nos	 15	 dias	 anteriores	 à	 data	marcada	 para	 a
convenção.
Classificação
Sob	 vários	 aspectos	 se	 pode	 classificar	 a	 propaganda	 eleitoral:	 forma	 de	 realização,	 sentido,
momento	em	que	é	levada	a	efeito.
Quanto	à	forma	de	realização	–	a	esse	respeito,	pode	a	propaganda	ser	expressa	ou	subliminar.
Expressa	é	aquela	que	pode	ser	percebida	e	compreendida	racionalmente,	na	dimensão	consciente
da	mente;	por	isso,	o	teor	de	sua	mensagem	é	claro,	induvidoso.
Subliminar	é	palavra	derivada	da	expressão	latina	sub	limen,	significando	o	que	está	abaixo	ou	no
limiar	 da	 consciência.	 Há	 estímulos	 tão	 fracos	 que	 não	 chegam	 a	 ser	 percebidos	 pela	 denominada
“mente	consciente”,	mas	que	são	assimilados	na	dimensão	inconsciente.	Sem	que	tenha	plena	ciência,	a
mente	 humana	 é	 capaz	 de	 interpretar	 palavras	 ou	 fragmentos	 de	 palavras,	 desvendar	 símbolos,
expressões	 corporais	 e	mímicas,	 bem	 como	 captar	 sons	 aparentemente	 inaudíveis.	Os	 estímulos	 ou	 as
mensagens	 subliminares	 dirigem-se	 à	 dimensão	 inconsciente	 da	mente	 e	 visam	 atingir	 certos	 efeitos,
como	induzir	o	destinatário	a	realizar	determinada	ação	ou	adotar	determinado	ponto	de	vista,	instilar-
lhe	opiniões	(positivas	ou	negativas).
No	 campo	 científico,	 há	 controvérsia	 acerca	 da	 relevância	 dos	 “efeitos”	 que	 se	 podem	 alcançar
com	 estímulos	 subliminares.	 Conforme	 informa	 Uhlhaas	 (2014),	 para	 alguns	 psicólogos,	 não	 seria
possível	“ler”	palavras	e	símbolos	no	patamar	 inferior	à	consciência.	Assinala,	ainda	que,	embora	 já	se
tenha	demonstrado	que	estímulos	não	captados	conscientemente	possam	provocar	reações	no	cérebro,
não	 é	 aceitável	 falar	 em	 manipulação	 profunda	 de	 nossos	 julgamentos	 e	 decisões.	 Isso,	 sobretudo,
quando	o	estímulo	considerado	não	atingir	a	consciência	do	destinatário,	porque	nesse	caso	a	suposta
influência	seria	fugaz,	com	pouco	tempo	de	duração.
Propaganda	subliminar,	nesse	contexto,	são	estímulos	de	conteúdo	político-eleitoral	inseridos	em
um	 discurso	 (ou	 em	 uma	 comunicação)	 que,	 porém,	 não	 são	 percebidos	 conscientemente	 pelos
destinatários.	No	Direito	Eleitoral,	ela	é	associada	à	comunicação	político-eleitoral	disfarçada,	ambígua,
que	se	encontra	subjacente	ao	discurso	que	a	envolve.
Quanto	ao	sentido	–	pode	a	propaganda	ser	positiva	ou	negativa.	Naquela,	exalta-se	o	beneficiário,
sendo	 louvadas	 suas	 qualidades,	 ressaltados	 seus	 feitos,	 sua	 história,	 enfim,	 sua	 imagem.	 Como
assinalam	 Clift	 e	 Spieler	 (2012,	 p.	 73),	 na	 propaganda	 positiva	 (positive	 political	 ads)	 o	 candidato
alardeia	 suas	 realizações	 e	 personalidade,	 fazendo	 todo	 o	 possível	 para	 se	 apresentar	 sob	 uma	 luz
positiva,	de	maneira	a	passar	uma	imagem	com	a	qual	os	votantes	possam	facilmente	se	identificar.	Nela
podem	ser	veiculadas	informações	sobre	desempenhos	anteriores	do	candidato	no	exercício	de	funções
públicas	(ex.:	“quando	senador,	o	candidato	João	votou	projetos	que	melhoravam	escolas	e	combatiam
a	 criminalidade”),	 sobre	 sua	 biografia	 (ex.:	 “o	 candidato	 João	 bem	 serviu	 ao	 seu	 país,	 criou	 muitos
empregos	como	empresário,	combateu	a	corrupção	enquanto	governador”).
Já	 a	 propaganda	 negativa	 tem	 por	 fulcro	 o	 menoscabo	 ou	 a	 desqualificação	 dos	 candidatos
oponentes,	sugerindo	que	não	detém	os	adornos	morais	ou	a	aptidão	necessária	à	investidura	em	cargo
eletivo.	Os	fatos	que	a	embasam	podem	ser	total	ou	parcialmente	verdadeiros,	e	até	mesmo	falsos.	Clift
e	Spieler	(2012,	p.	73)	bem	a	resumem:
“Esses	anúncios	publicitários,	não	surpreendentemente,	 são	destinados	a	 tornar	o	adversário
aparecer	 incompetente,	 corrupto,	 distante	 [out-of-touch],	 desagradável,	 e,	 geralmente,	 em
favor	de	 todos	os	 tipos	de	coisas	 terríveis	 [dreadful	things].	Tais	 anúncios	podem	exibir	uma
foto	 comprometedora	 ou	 mesmo	 adulterada	 de	 um	 político	 oponente,	 ou	 usar	 imagens
granuladas	 em	 preto-e-branco	 [grainy	 black-and-white	 footage]	 para	 fazer	 suas	 ações
parecerem	 ameaçadoras.	 Tais	 anúncios	 podem	 ser	 moderados	 (‘O	 senador	 Thomas	 votou
cinquenta	 e	 sete	 vezes	 para	 aumentar	 os	 seus	 impostos…’)	 ou	 fortes	 (‘O	 senador	 Thomas
votou	para	colocar	assassinos,	estupradores	e	molestadores	de	crianças	em	liberdade	…’).”
Como	 tática,	 a	 propaganda	 negativa	 pode	 provocar	 sérios	 danos	 à	 imagem	 de	 suas	 vítimas.
Sobretudo	 quando	 fundada	 em	 fatos	 mendazes,	 se	 for	 inteligente	 e	 de	 fácil	 compreensão,	 pode	 ser
devastadora	para	a	campanha	adversária.
Quanto	 ao	momento	 de	 realização	 –	 pode	 a	 propaganda	 ser	 tempestiva	 ou	 extemporânea.	 Será
tempestiva	ou	azada	se	ocorrer	dentro	do	período	 legalmente	demarcado;	 tal	 lapso	 inicia-se	no	dia	16
de	agosto	do	ano	da	eleição,	encerrando-se	no	dia	do	pleito	(CE,	art.	240,	caput;	LE,	art.	36,	caput;	Lei
no	12.034/2009,	art.	7o).	Qualificar-se-á,	porém,	de	extemporânea,	irregular,	se	levada	a	cabo	fora	desse
período,	 sujeitando	 os	 agentes	 responsáveis	 pela	 sua	 criação	 e	 divulgação,	 bem	 como	 o	 beneficiário,
17.4.3
quando	demonstrado	seu	prévio	conhecimento,	à	sanção	pecuniária	prevista	no	artigo	36,	§	3o,	da	LE.
Generalidades
Ao	 apreciar	 a	 regularidade	 do	 evento	 propagandístico,	 não	 deve	 o	 intérprete	 cingir-se	 tão	 só	 à
literalidade	 da	 mensagem	 estampada	 no	 texto	 veiculado.	 Cumpre	 ir	 além,	 reparando	 mormente	 no
contexto	 em	 que	 ela	 se	 desenvolve.	 Do	 conjunto	 da	 comunicação	 despontam	 relevantes	 elementos
informativos,	 a	 exemplo	 da	 ambientação	 das	 cenas,	 da	 sequência	 das	 imagens,	 da	 entonação	 do
discurso.
Pela	 regra	 da	 adstrição,	 na	 propaganda	 eleitoral	 de	 candidatos	 a	 cargo	 majoritário	 deverão
constar,	também,	o	nome	dos	candidatos	a	vice	ou	a	suplentes	de	Senador.	Nesse	sentido,	estabelece	o
§	4o	do	artigo	36	da	LE	(com	a	redação	da	Lei	no	13.165/2015)	que	o	nome	do	vice	e	suplentes	deve	ser
expresso	 “de	 modo	 claro	 e	 legível,	 em	 tamanho	 não	 inferior	 a	 30%	 (trinta	 por	 cento)	 do	 nome	 do
titular”.
Alguns	tipos	de	propaganda	são	expressamente	vedados	pelo	ordenamento.	Nos	termos	do	artigo
243	do	Código,	não	será	tolerada	propaganda:
“I	–	de	guerra,	de	processos	violentos	para	subverter	o	regime,	a	ordem	política	e	so	cial	ou	de
preconceitos	de	raça	ou	de	classes;	II	–	que	provoque	animosidade	entre	as	forças	armadas	ou
contra	 elas,	 ou	 delas	 contra	 as	 classes	 e	 instituições	 civis;	 III	 –	 de	 incitamento	 de	 atentado
contra	pessoa	ou	bens;	IV	–	de	instigação	à	desobediência	coletiva	ao	cumprimento	da	lei	de
ordem	 pública;	 V	 –	 que	 implique	 em	 oferecimento,	 promessa	 ou	 solicitação	 de	 dinheiro,
dádiva,	rifa,	sorteio	ou	vantagem	de	qualquer	natureza;	VI	–	que	perturbe	o	sossego	público,
com	 algazarra	 ou	 abusos	 de	 instrumentos	 sonoros	 ou	 sinais	 acústicos;VII	 –	 por	 meio	 de
impressos	ou	de	objeto	que	pessoa	inexperiente	ou	rústica	possa	confundir	com	moeda;	VIII
–	que	prejudique	a	higiene	e	a	estética	urbana	[o	artigo	41	da	LE	revogou	a	parte	final	desse
inciso,	 que	 dizia:	 ‘ou	 contravenha	 a	 posturas	 municipais	 ou	 a	 outra	 qualquer	 restrição	 de
direito’];	 IX	 –	 que	 caluniar,	 difamar	 ou	 injuriar	 quaisquer	 pessoas,	 bem	 como	 órgãos	 ou
entidades	que	exerçam	autoridade	pública”.
Ademais,	 o	 artigo	 40	 da	 Lei	 no	 9.504/97	 considera	 ilícito	 e	 tipifica	 como	 crime	 “o	 uso,	 na
propaganda	 eleitoral,	 de	 símbolos,	 frases	 ou	 imagens,	 associadas	 ou	 semelhantes	 às	 empregadas	 por
órgãos	 de	 governo,	 empresa	 pública	 ou	 sociedade	 de	 economia	mista”.	Observe-se	 que	 os	 “símbolos,
frases	ou	 imagens”	de	entes	da	Administração	direta	e	 indireta	a	que	esse	dispositivo	se	 refere	não	se
confundem	 com	 os	 símbolos	 nacionais,	 de	 Estado	 Federado	 ou	Município,	 como	 bandeiras	 e	 hinos.
Apesar	de	não	 se	 tolerar	propaganda	que	desrespeite	 ou	avilte	 símbolos	nacionais,	 não	 existe	 vedação
legal	para	a	exibição	ou	utilização	deles	na	propaganda	eleitoral.
Conquanto	 seja	 ilícito	 o	 uso	 na	 propaganda	 de	 “símbolos,	 frases	 ou	 imagens”	 de	 entes	 da
Administração	direta	e	indireta,	não	há	irregularidade	em	o	candidato	apresentar	“as	realizações	de	seu
governo”,	 pois	 isso	 é	 inerente	 à	 natureza	 do	 debate	 envolvido	 na	 disputa	 eleitoral	 e	 desenvolvido	 na
propaganda	(TSE	–	RCED	no	698/TO	–	DJe	12-8-2009,	p.	28-30).	É	natural	que	o	candidato	exponha
suas	realizações	e	sua	experiência	anterior,	ensejando	ao	eleitor	informações	para	sopesar	sua	escolha.
Estabelece	 o	 parágrafo	 único	 do	 artigo	 3o	 da	 LOPP	 (acrescido	 pela	 Lei	 no	 12.891/2013)	 que	 os
candidatos,	 partidos	 políticos	 e	 coligações	 gozam	 de	 “autonomia	 para	 definir	 o	 cronograma	 das
atividades	 eleitorais	 de	 campanha	 e	 executá-lo	 em	 qualquer	 dia	 e	 horário,	 observados	 os	 limites
estabelecidos	em	lei”.
Desde	 que	 exercida	 em	 harmonia	 com	 a	 legislação	 eleitoral,	 não	 pode	 a	 propaganda	 sofrer
censura	 (LE,	 art.	 41,	§	2o),	nem	ser	 coibida	por	autoridade	pública,	 tampouco	por	particular.	Tanto	é
assim	que	o	Código	Eleitoral	prevê	como	crime	a	conduta	de	“inutilizar,	alterar	ou	perturbar	meio	de
propaganda	 devidamente	 empregado”	 (art.	 331).	 Também	 tipificou	 o	 “impedir	 o	 exercício	 de
propaganda”	(art.	332).	Na	mesma	linha	é	o	artigo	41	da	LE,	que	reza:
“A	 propaganda	 exercida	 nos	 termos	 da	 legislação	 eleitoral	 não	 poderá	 ser	 objeto	 de	multa
nem	 cerceada	 sob	 alegação	 do	 exercício	 do	 poder	 de	 polícia	 ou	 de	 violação	 de	 postura
municipal,	casos	em	que	se	deve	proceder	na	forma	prevista	no	art.	40.”
A	redação	desse	dispositivo	 foi	 alterada	pela	Lei	no	 12.034/2009.	Em	sua	parte	 final,	modifica	 a
regra	 inscrita	 no	 artigo	 243,	 VIII,	 do	 Código	 Eleitoral.	 Esse	 inciso	 VIII	 proscreve	 a	 propaganda	 que
“contravenha	a	posturas	municipais	ou	a	outra	qualquer	restrição	de	direito”.	à	consideração	de	que	a
competência	para	 legislar	 sobre	 assuntos	de	 interesse	 local	 foi	 atribuída	ao	Município	 (CF,	 art.	 30,	 I),
entendia-se	 que	 a	 norma	 local	 só	 devia	 prevalecer	 quando	 contivesse	 restrições	 a	 qualquer	 tipo	 de
publicidade,	independentemente	de	sua	natureza,	pois	seria	inconstitucional	se	limitasse	a	realização	de
propaganda	 eleitoral,	 pois	 o	 artigo	 22,	 I,	 da	 Lei	 Maior	 fixa	 a	 competência	 privativa	 da	 União	 para
legislar	 sobre	 matéria	 eleitoral.	 Tomando	 posição	 sobre	 esse	 assunto,	 o	 transcrito	 artigo	 41	 da	 LE	 é
cristalino	 ao	 estabelecer	 que	 a	 propaganda	 exercida	 nos	 termos	 da	 legislação	 eleitoral	 não	 pode	 ser
cerceada	 sob	 alegação	de	 violação	de	postura	municipal.	Assim,	na	hipótese	de	 conflito	 entre	normas
federal	eleitoral	e	local,	prevalece	aquela.
O	 desvirtuamento	 da	 propaganda	 por	 partidos	 e	 candidatos	 beneficiários	 caracteriza	 ilícito	 que
pode	 e	 deve	 ser	 rechaçado	 pela	 Justiça	 Eleitoral	 seja	 ex	 officio	 –	 no	 âmbito	 do	 exercício	 do	 poder	 de
polícia	(LE,	art.	41,	§§	1o	e	2o)	–,	seja	mediante	provocação	de	interessado	ou	do	Ministério	Público	–	já
no	 campo	 jurisdicional.	 A	 atuação	 da	 Justiça	 tem	 o	 sentido	 de	 restabelecer	 a	 igualdade	 de
oportunidades	 que	 deve	 sempre	 nortear	 essa	 matéria.	 Também	 tem	 o	 propósito	 de	 preservar	 a
veracidade	 e	 a	 seriedade	 das	mensagens	 veiculadas.	Nesse	 diapasão,	 adverte	 Djalma	 Pinto	 (2005,	 p.
215)	que	a	“liberdade	de	expressão	deve	 ser	preservada	para	que	o	eleitor	não	seja	enganado	sobre	o
real	perfil	do	candidato	pelo	qual	optou	nas	urnas”.
Em	diversos	dispositivos,	a	Lei	das	Eleições	impõe	sanção	à	conduta	que	violar	as	regras	atinentes
à	propaganda.	O	sistema	sancionatório	contempla	várias	espécies.	Vejam-se,	por	exemplo,	os	artigos	36,
17.4.4
§	3o	 (multa),	 37,	 §	 1o	 (restauração	do	bem	e	multa),	 39,	 §	 8o	 (retirada	do	outdoor	 e	multa),	 43,	 §	 2o
(multa),	 53,	 §	 1o	 (perda	 do	 direito	 à	 veiculação	 de	 propaganda),	 53,	 §	 2o	 (impedimento	 de
reapresentação	de	propaganda),	55,	parágrafo	único	(perda	de	tempo	no	horário	eleitoral	gratuito),	56,
caput	(suspensão	da	programação	normal	da	emissora).	Algumas	vezes,	a	sanção	limita-se	à	cessação	da
conduta	(art.	39,	§	3o),	à	adequação	ou	retirada	da	propaganda	 irregular	 (como	ocorre	na	afixação	de
adesivo	ou	papel	com	dimensões	excedentes	à	legalmente	fixada	–	LE,	art.	37,	§	2o).
A	 restauração	 do	 bem,	 adequação	 e	 retirada	 de	 propaganda	 irregular	 podem	 ser	 determinadas
administrativamente	pelo	 juiz	eleitoral,	 já	que	são	providências	atinentes	ao	poder	de	polícia.	Significa
dizer	que	não	é	preciso	que	 se	 ajuíze	 ação,	 com	 todas	as	 formalidades	 envolvidas	nesse	 ato,	para	que
tais	sanções	sejam	aplicadas.	Sendo	ferido	direito	 líquido	e	certo	em	razão	de	 ilegalidade	ou	abuso	de
poder	 decorrentes	 de	 atos	 praticados	 por	 autoridade	 eleitoral,	 pode-se	 cogitar	 a	 impetração	 de
mandado	de	segurança.
No	que	 concerne	 à	multa	 e	outras	punições,	 como	a	 suspensão	de	programação	de	 emissora	de
televisão	ou	rádio,	 só	podem	ser	 impostas	pela	 jurisdição,	após	 regular	processo	 judicial,	 assegurado	o
devido	processo	legal,	em	que	sejam	oportunizados	à	parte	o	contraditório	e	a	ampla	defesa.	Sobre	isso,
dispõe	a	Súmula	no	18	do	TSE:
“Conquanto	 investido	 de	 poder	 de	 polícia,	 não	 tem	 legitimidade	 o	 juiz	 eleitoral	 para,	 de
ofício,	 instaurar	 procedimento	 com	 a	 finalidade	 de	 impor	 multa	 pela	 veiculação	 de
propaganda	eleitoral	em	desacordo	com	a	Lei	no	9.504/97.”
Nesse	 sentido,	 o	 artigo	 96	 da	 Lei	 Eleitoral	 instituiu	 via	 procedimental	 expedita	 para	 que	 as
infrações	 a	 seus	 preceitos	 sejam	 conhecidas	 e	 julgadas	 com	 a	 celeridade	 imposta	 pelas	 circunstâncias.
Não	obstante	essa	via	tenha	sido	denominada	representação,	na	verdade,	cuida-se	de	verdadeira	ação,
com	todas	as	condições	a	ela	inerentes.
A	depender	da	natureza	e	do	volume,	irregularidades	na	propaganda	eleitoral	podem	configurar
abuso	de	poder	econômico	ou	político,	 rendendo	ensejo	à	decretação	de	 inelegibilidade,	bem	como	à
cassação	do	registro	de	candidatura	ou	do	diploma	do	candidato	eleito,	conforme	consta	dos	artigos	19
e	22,	XIV,	ambos	da	Lei	Complementar	no	64/90.
Propaganda	eleitoral	extemporânea	ou	antecipada
Conforme	salientado,	a	propaganda	eleitoral	só	é	permitida	a	partir	do	dia	16	de	agosto	do	ano	da
eleição	até	o	dia	do	pleito,	durante,	pois,	o	período	eleitoral	(LE,	art.	36,	caput).	Nessa	oportunidade,	o
candidato	 já	 terá	 sido	escolhido	na	convenção	e	 seu	pedido	de	 registro	 já	deverá	 ter	 sido	 requerido	à
Justiça	Eleitoral,	pois	o	prazo	para	a	prática	desse	ato	encerra-se	às	19	horas	do	dia	15	de	agosto.	Se	feita
fora	desse	período,	qualifica-se	comoextemporânea	ou	antecipada.
A	publicidade	em	apreço	caracteriza-se	pela	atração	ou	captação	antecipada	de	votos,	o	que	pode
ferir	a	igualdade	de	oportunidade	entre	os	candidatos	e	desequilibrar	as	campanhas.
Tal	como	ocorre	com	a	propaganda	eleitoral	em	geral,	pode	a	propaganda	antecipada	ser	expressa
ou	 subliminar.	 É	 árdua	 a	 identificação	 da	 propaganda	 antecipada	 subliminar,	 pois	 seu	 conteúdo	 é
sempre	 veiculado	 de	 maneira	 implícita	 ou	 subjacente,	 no	mais	 das	 vezes	 resultando	 do	 contexto	 da
comunicação.	Já	se	intentou	estabelecer	critérios	objetivos	mínimos	para	a	sua	identificação,	tendo	sido
apontados	 os	 seguintes:	 (i)	 alusão	 a	 processo	 eleitoral,	 externada	 pela	 menção	 a	 nome	 do	 pretenso
candidato	 ou	 candidatura;	 (ii)	 exaltação	 de	 suas	 qualidades,	 procurando	 inculcar	 a	 ideia	 de	 que	 é	 o
melhor	 para	 o	 cargo	 almejado;	 (iii)	 pedido	 de	 voto,	 ainda	 que	 implícito;	 (iv)	 ações	 políticas	 que
pretende	implementar.
“[…].	 Elementos	 caracterizadores	 da	 propaganda	 antecipada:	 (I)	 referência	 à	 pretensa
candidatura,	(II)	pedido,	expresso	ou	implícito,	de	votos,	(III)	ações	políticas	que	se	pretende
desenvolver	ou	(IV)	ideia	de	que	o	beneficiário	é	o	mais	apto	para	o	desempenho	da	função
pública	 eletiva.	 Desprovimento.	 […].	 5.	 A	 configuração	 da	 propaganda	 eleitoral
extemporânea	exige	que	seja	levado	ao	conhecimento	geral,	ainda	que	de	forma	dissimulada,
referência	 à	 pretensa	 candidatura,	 pedido	 de	 voto,	 ações	 políticas	 que	 se	 pretende
desenvolver	 ou	 a	 ideia	 de	 que	 o	 beneficiário	 é	 o	mais	 apto	 para	 o	 desempenho	 da	 função
pública	 eletiva.	 6.	 Agravo	 regimental	 desprovido.	 Decisão:	 O	 Tribunal,	 por	 unanimidade,
desproveu	 o	 agravo	 regimental,	 nos	 termos	 do	 voto	 do	 Relator.”	 (TSE	 –	 AgR-AI	 no
152.491/PR	–	DJe	t.	72,	16-4-2015,	p.	83-84).
“[…]	7.	A	configuração	de	propaganda	eleitoral	antecipada	não	depende	exclusivamente	da
conjugação	 simultânea	 do	 trinômio	 candidato,	 pedido	 de	 voto	 e	 cargo	 pretendido.	 Nesse
sentido,	o	pedido	de	voto	não	é	requisito	essencial	para	a	configuração	do	 ilícito,	desde	que
haja	 alusão	 à	 circunstância	 associada	 à	 eleição	 (AgRg	 no	 Ag	 no	 5.120,	 Rel.	 Min.	 Gilmar
Mendes,	DJ	de	23-9-2005).	8.	Para	a	 identificação	deste	 trabalho	antecipado	de	 captação	de
votos,	 é	 comum	 que	 o	 julgador	 se	 depare	 com	 atos	 que,	 embora	 tenham	 a	 aparência	 da
licitude,	possam	configurar	ilícitos	como	a	propaganda	antecipada	que	podem	acabar	por	ferir
a	 igualdade	de	oportunidade	dos	candidatos	no	pleito	 (RCED	no	673/RN,	Rel.	Min.	Caputo
Bastos,	 DJ	 de	 30-10-2007).	 Na	 presente	 hipótese,	 a	 aplicação	 da	 teoria	 da	 fraude	 à	 lei
significaria	 que,	 embora	 determinado	 discurso	 ou	 participação	 em	 inaugurações	 possam	 ser
considerados	 lícitos,	 se	 analisados	 superficialmente,	 o	 exame	 destes	 em	 seu	 contexto	 pode
revelar	 que	 o	 bem	 jurídico	 tutelado	 pelas	 normas	 regentes	 da	 matéria	 foi,	 efetivamente,
maculado	[…]”	(TSE	–	ARp	no	205-74/DF	–	DJe	11-5-2010,	p.	31-32).
Não	fixa	a	lei	um	marco	temporal	a	partir	do	qual	(=	dies	a	quo)	a	comunicação	política	possa	ser
caracterizada	 como	 “propaganda	 antecipada”.	 Diante	 disso,	 tem-se	 entendido	 que	 o	 evento	 pode
ocorrer	 em	 qualquer	 tempo,	mesmo	 no	 ano	 anterior	 ao	 do	 pleito.	 Conforme	 ressalta	 Zílio	 (2010,	 p.
286),	 receia-se	 que	 “a	 delimitação	 de	 um	 rígido	 critério	 temporal	 importe,	 na	 via	 transversa,	 em	 um
estímulo	 à	 inesgotável	 prática	 de	 propaganda	 eleitoral	 extemporânea,	 tornando,	 assim,	 a	 véspera	 do
pleito	eleitoral	em	um	período	excessivamente	conturbado	e	litigioso”.
Já	entendeu	a	Corte	Superior	ser	irrelevante	“a	distância	temporal	entre	o	ato	impugnado	e	a	data
das	eleições	ou	das	convenções	partidárias	de	escolha	dos	candidatos”.	Por	isso,	considerou	propaganda
extemporânea	 –	 em	 relação	 à	 eleição	 presidencial	 de	 2010	 –	 comunicação	 feita	 há	mais	 de	 um	 ano
antes	(em	29	de	maio	de	2009),	por	ocasião	de	cerimônia	de	inauguração	de	obra.	A	ver:
“1.	Considerados	os	dois	principais	vetores	a	nortearem	a	proibição	do	cometimento	do	ilícito,
quais	sejam,	o	funcionamento	eficiente	e	impessoal	da	máquina	administrativa	e	a	igualdade
entre	 os	 competidores	 no	 processo	 eleitoral,	 a	 configuração	 de	 propaganda	 eleitoral
antecipada	independe	da	distância	temporal	entre	o	ato	impugnado	e	a	data	das	eleições	ou
das	 convenções	 partidárias	 de	 escolha	 dos	 candidatos.	 2.	 Nos	 termos	 da	 jurisprudência	 da
Corte,	deve	ser	entendida	como	propaganda	eleitoral	antecipada	qualquer	manifestação	que,
previamente	aos	três	meses	anteriores	ao	pleito	e	fora	das	exceções	previstas	no	artigo	36-A	da
Lei	no	9.504/97,	leve	ao	conhecimento	geral,	ainda	que	de	forma	dissimulada,	a	candidatura,
mesmo	que	somente	postulada,	a	ação	política	que	se	pretende	desenvolver	ou	as	razões	que
levem	a	inferir	que	o	beneficiário	seja	o	mais	apto	para	a	função	pública	[…]”	(TSE	–	RRp	no
1.406/DF	–	DJe	10-5-2010,	p.	28).
Em	outra	oportunidade,	o	mesmo	sodalício	censurou	propaganda	realizada	no	mês	de	janeiro	do
ano	do	pleito.	Confira-se:
“Propaganda	 extemporânea.	 Finalidade	 eleitoral.	 1.	 Cartilha	 publicada	 em	 janeiro	 de	 2006
contendo	 louvores	 às	 realizações	 do	 Governo	 Federal,	 sem	 objetivo	 de	 orientação
educacional,	 informação	ou	comunicação	social.	2.	Extrapolação	potencializada	do	art.	37,	§
1o,	 da	 CF.	 3.	 Princípios	 da	 legalidade	 e	 da	moralidade	 violados.	 4.	 Intensa	 publicidade	 do
Governo	 Federal	 com	 dados	 comparativos	 referentes	 às	 realizações	 da	 Administração
anterior.	 5.	 Documento	 que,	 em	 ano	 de	 eleição,	 se	 reveste	 de	 verdadeiro	 catecismo	 de
eleitores	aos	feitos	do	Governo	Federal.	6.	Multa	imposta	de	acordo	com	o	§	3o	do	art.	36	da
Lei	 no	 9.504/97.	 Valor	 de	 R$	 900.000,00	 (novecentos	 mil	 reais),	 equivalente	 ao	 custo	 de
publicidade.	7.	Proibição	de	distribuição	da	referida	propaganda	(art.	36	da	Lei	no	9.504/97).
8.	Procedência	da	representação”	(TSE	–	Rp	no	875/DF	–	DJ	12-9-2006,	p.	148).
No	entanto,	é	mais	razoável	a	interpretação	que	fixa	o	termo	a	quo	no	mês	de	janeiro	do	ano	das
eleições.	Antes	desse	marco,	o	recuo	do	tempo	em	relação	ao	início	do	processo	eleitoral	(sobretudo	em
relação	ao	dia	do	pleito)	enseja	a	diluição	de	eventual	 influência	que	a	comunicação	possa	exercer	na
disputa,	 de	 modo	 a	 desequilibrá-la.	 Inexistiria,	 pois,	 lesão	 relevante	 ao	 bem	 jurídico	 protegido	 pela
norma.	Note-se	que	é	a	partir	do	mês	de	janeiro	que	se	iniciam	algumas	restrições	em	função	do	pleito,
tais	 como	 a	 necessidade	 de	 registro	 de	 pesquisas	 de	 opinião	 pública	 e	 a	 proibição	 de	 distribuição
gratuita	de	bens,	valores	ou	benefícios	por	parte	da	Administração	Pública	(LE,	arts.	33	e	73,	§	10).	Sob
essa	 perspectiva,	 desde	 que	 levada	 a	 efeito	 no	 ano	 eleitoral	 e	 antes	 de	 15	 de	 agosto,	 tem-se	 como
consumada	a	ilicitude	da	propaganda.
O	 artigo	 36-B	 da	 LE	 (acrescido	 pela	 Lei	 no	 12.891/2013)	 prevê	 hipótese	 de	 propaganda
antecipada,	in	verbis:
“Art.	 36-B.	 Será	 considerada	 propaganda	 eleitoral	 antecipada	 a	 convocação,	 por	 parte	 do
Presidente	da	República,	dos	Presidentes	da	Câmara	dos	Deputados,	do	Senado	Federal	e	do
Supremo	Tribunal	 Federal,	 de	 redes	 de	 radiodifusão	 para	 divulgação	 de	 atos	 que	 denotem
propaganda	 política	 ou	 ataques	 a	 partidos	 políticos	 e	 seus	 filiados	 ou	 instituições.	 Parágrafo
único.	Nos	casos	permitidos	de	convocação	das	 redes	de	 radiodifusão,	 é	vedada	a	utilização
de	símbolos	ou	imagens,	exceto	aqueles	previstos	no	§	1o	do	art.	13	da	Constituição	Federal.”
À	 luz	 desse	 dispositivo,	 estará	 configurada	 propaganda	 antecipada	 se	 na	 comunicação	 houver	 a
divulgação	de	atos	que	denotem:	(i)	propaganda	política;	(ii)	ataques	a	partidos

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