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V e t e r i n a r i a n D o c s www.veterinariandocs.com.br Clínica Médica de Ruminantes Infecções de Umbigo -Epidemiologia: É comum em animais pecuários recém-nascidos, particularmente em bezerros. Normalmente, o cordão umbilical já está seco uma semana após o nascimento. -Patogenia: ocorre infecção do umbigo logo após o nascimento, podendo resultar em onfalite, onfaloflebite, onfaloarterite ou infecção do úraco, com possibilidade de disseminação para a bexiga, causando cistite. Em geral há uma flora bacteriana mista, que inclui: E. coli, Proteus spp., Staphylococcus spp e Actinomyces pyogenes. 1-Onfalite: é a inflamação das partes externas do umbigo, sendo comum à bezerros com dois a cinco dias de idade. O umbigo aumenta de volume, torna-se doloroso à palpação e pode estar obstruído ou drenar material purulento através de fístula. O bezerro pode apresentar toxemia aguda com sinais clínicos característicos, como: depressão, não mama normalmente e apresenta-se febril. O tratamento consiste em exploração e excisão cirúrgicas. 2-Onfaloflebite: é a inflamação das veias umbilicais, que pode acometer apenas as partes distais ou distender-se do umbigo para o fígado. Podem surgir grandes abscessos ao longo do trajeto da veia umbilical que se disseminam para o fígado (abscessos hepáticos). Em geral, os bezerros são acometidos com uma a três meses de idade e apresentam toxemia crônica. O umbigo costuma estar dilatado, contém secreção purulenta e em alguns casos não apresenta aumento de volume externo (apenas observado com palpação profunda do abdome). Os principais sinais clínicos são: bezerros inativos, inapetentes, não se desenvolvem e pouca febre. É necessário laparotomia exploratória e extirpação do abscesso. 3-Onfaloarterite: (menos comum) e os abscessos surgem ao longo do trajeto das artérias umbilicais, desde o umbigo até as artérias ilíacas externas. Os sinais clínicos são semelhantes aos da onfaloflebite. Há ausência de resposta à terapia com antibióticos e necessita-se intervenção cirúrgica. 4-Infecção do Úraco: em geral o umbigo apresenta-se intumescido e drenando secreção purulenta. A palpação profunda do abdome numa direção dorsocaudal a partir do umbigo pode revelar a presença de uma tumoração compressiva. O tratamento preferível também consiste em laparotomia exploratória e remoção cirúrgica dos abscessos. -Profilaxia e Controle: -Depende, em princípio, de medidas sanitárias e higiênicas apropriadas durante o nascimento. -Aplicação de agentes secantes e desinfetantes como a tintura de iodo é praticada de forma rotineira. Transferência de Imunidade Passiva -Introdução: -A transferência de imunoglobulinas através da placenta não costuma ocorrer em bezerros, cordeiros, leitões e potros. -O recém-nascido adquire imunoglobulinas maternas a partir da ingestão de colostro, onde são absorvidas no intestino delgado. Em bezerros, a absorção prossegue por até 24 horas, porém atinge o máximo nas primeiras seis a oito horas após o nascimento. -A velocidade de absorção depende da quantidade de colostro ingerida e do espaço de tempo decorrido desde o nascimento até tal ingestão. -Há maior absorção em bezerros que mamam em suas próprias mães do que aqueles aos quais o colostro é fornecido em baldes. -Há a influência de fatores estressantes pré-parto sobre a vaca e o bezerro, como o uso de hormônios exógenos para induzir o parto (corticóides de longa duração). -Bezerros com acidose e hipoxemia decorrentes de um parto diferente podem não conseguir absorver quantidade adequadas de imunoglobulinas do colostro. -Se a concentração de imunoglobulinas no leite for baixa, a absorção será inadequada, independente do volume ingerido. -Há também variações geográficas e sazonais na transferência passiva de imunoglobulinas. Em climas temperados as concentrações de imunoglobulinas são menores no inverno. Nos climas subtropicais, os níveis máximos são observados nos meses de inverno. -A pratica de ordenhar vacas vários dias antes do parto, na tentativa de reduzir os efeitos do edema de úbere, resulta numa queda acentuada na concentração de imunoglobulinas disponíveis para o colostro (a concentração cai de 68g/L para 1,6g/L). -As imunoglobulinas do colostro presentes no intestino podem prevenir a ocorrência de doença entérica. As imunoglobulinas circulantes são necessárias para a proteção contra septicemia. -Problemas: 1-Ingestão insuficiente de imunoglobulinas: -Quantidade insuficiente de colostro produzida pela mãe (Ex.: alimentação de baixo teor protéico). 2-Ingestão insuficiente de colostro: -Negligência ou rejeição materna; -Conformação anormal do úbere e/ou da teta; -Debilidade, traumatismo ou incapacidade de mamar por outras razões; -Impedimento no sentido de o recém-nascido receber o colostro, o que pode acontecer em alguns sistemas de produção; 3-Absorção deficiente de imunoglobulinas: -Ingestão tardia de colostro (bezerros devem ingerir colostro suficiente antes que completem 6 horas de vida); -Interferência na absorção eficiente de imunoglobulinas (Ex.: partos demorados podem ter níveis muito baixos de glicocorticóides séricos, faz com que haja redução na absorção de imunoglobulinas do colostro); -Patogenia: -O padrão habitual de desenvolvimento das infecções neonatais é uma septicemia com grave reação sistêmica, ou uma bacteremia com poucos ou nenhum sinais sistêmicos, seguindo-se a localização em vários órgãos. -A desidratação e o desequilíbrio eletrolítico podem sobrevir com muita rapidez em animais recém-nascidos, com ou sem diarréia e vômitos. -Sinais Clínicos: -Dependem da rapidez da disseminação da infecção: -Lenta: há onfaloflebite, febre, anorexia, leucocitose e sinais localizantes (endocardite com sopro cardíaco, meningite com rigidez, dor e convulsões, poliartrite com claudicação). -Rápida: sinais clínicos de septicemia (febre, prostração, coma, petéquias nas mucosas, desidratação, acidose e morte rápida). -Diagnóstico: -Anamnese e História Clínica -Exames microbiológicos e histopatológicos -Necrópsia -Laboratorial -Métodos para avaliação de níveis séricos de imunoglobulinas -Indiretos (refratometria para dosagem de proteínas séricas totais, testes de turvação, precipitação e coagulação) -Diretos (eletroforese, teste da difusão radial, ELISA). Referências Bibliográficas D.C. BLOOD, O.M. RADOSTITS. ClínicaVeterinária. 7 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1991.
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