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Atividade Física na Gestação 1 Atividade Física na Gestação Professora Ms. Gizele Monteiro Atividade Física na Gestação 2 Atividade Física na Gestação 3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 4 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DURANTE A GESTAÇÃO 5 Sistema Endócrino - Alterações na gestação 5 Sistema Endócrino - Alterações metabólicas mediadas hormonalmente durante o exercício na gestação 6 Sistema Cardiovascular - Alterações na gestação 6 Sistema Respiratório - Alterações na gestação 8 Sistema Músculo-esquelético - Alterações na gestação 8 Ganho de peso na gestação 9 EXERCÍCIO FÍSICO NA GESTAÇÃO 10 Temperatura corporal materna no exercício 11 Respostas fetais ao exercício materno 12 Benefícios do exercício para mãe e feto 13 Novas evidências de benefício sobre a saúde do bebê 13 PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS DURANTE A GRAVIDEZ - RECOMENDAÇÕES DO COLÉGIO AMERICANO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 14 Que exercícios a gestante pode fazer? 15 GESTANTE ATLETA 21 Perigos durante a gravidez em atletas 21 REFERÊNCIAS 22 Atividade Física na Gestação 4 APRESENTAÇÃO A medicina desportiva hoje cresce em duas vertentes: » juntamente com o mercado do bem-estar e da qualidade de vida na busca da necessidade de ter uma vida mais saudável; » no ambiente desportivo na necessidade de dar um suporte ao atleta para o seu melhor desempenho e recuperação. Diante dessas duas realidades deparamos com a MULHER, sedentária, ativa e atleta. A gestação é um período que muda toda a vida da mulher. Uma gravidez não saudável pode colocar em risco a saúde da mãe, do bebê e até mesmo comprometer a continuidade da gravidez. Seja no ambiente da saúde, ou no desportivo a equipe que trabalhará com a gestante deverá entender o contexto para auxiliar a mulher a passar por esse período e depois retomar sua vida em exercício. No lado da saúde, o exercício físico se encaixa em hábitos de vida saudável que pode contribuir para o bem- estar da mãe, prevenção de doenças e desconfortos que podem comumente acompanhar a gestante, como é o caso da dor lombar. Para a área desportiva assegura a atleta que ela consiga dentro da sua modalidade desempenhar sua função atendendo as necessidades da equipe, mas sem colocar em risco a saúde da atleta e de seu bebê. Essa será uma tarefa mais árdua e que exige um controle e assistência constante do médico desportivo, do preparador e da equipe que a assessora. A equipe técnica da atleta ou o profissional que atenderá a gestante devem entender que a gravidez é um momento de transformações metabólicas para a criação de um ambiente ideal para o desenvolvimento fetal. Todo o sistema orgânico da mulher não se esquecendo também do aspecto emocional, estarão modificados. É muito importante que qualquer gestante entenda isso e mais ainda a atleta que deverá desacelerar o seu empenho e ação na equipe. Dessa forma, é importante entender que a mulher precisa de um atendimento com toda a segurança e eficiência e feito por um profissional especializado nesse atendimento. Hoje dentro de uma visão de saúde da gestante trabalha- se no mercado o conceito do “Personal Gestante” e existem cursos de formação específica para os profissionais que desejam trabalhar com a prescrição de exercícios desse grupo – educadores físicos, fisioterapeutas, médicos, nutricionistas, etc. O método Mais Vida Gestantes (www. metodomaisvida.com.br/gestantes) é um exemplo desse novo conceito, atendimento e mercado. Conhecer primeiramente todas as alterações que ocorrem no organismo da mulher durante o período gestacional é importante para que o exercício seja orientado de forma adequada. Muitas vezes ouvimos a velha frase: Gravidez não é doença! No entanto, é um momento em que o corpo da mulher passa por transformações profundas, caracterizando seu estado como grupo especial, demonstrando que as prescrições devem respeitar ao máximo a individualidade da mulher e de cada gestação. O que serve para uma, talvez não sirva para a outra. Dentro desse contexto, abordaremos que muitas vezes atividades são recomendadas sem levar em consideração uma série de fatores. Temos também como objetivo que os “profissionais da área de saúde incentivem a gestante a um estilo de vida ativo” e a gravidez é um momento especial que pode mudar isso na vida da mulher. O sedentarismo tem sido apontado como um dos maiores fatores de risco para o grupo de doenças crônicas e a gravidez pode ser um momento para a mudança do estilo de vida da mulher. Atividade Física na Gestação 5 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DURANTE A GESTAÇÃO Sistema Endócrino - Alterações na gestação Quadro resumo das principais alterações no sistema endócrino - Hormônios Gestacionais » Aumento de estrógenos e progesterona; » Secreção da gonadotrofina coriônica; » Secreção de somatomamotrofina coriônica (lactogênio-placentário) – propriedades semelhantes ao hormônio crescimento; » Secreção da relaxina. A gonadotropina coriônica humana (HCG) é o primeiro hormônio-chave da gravidez, secretada pelas células do sinciciotrofoblasto e pode ser detectada no plasma e na urina maternos, dentro de 9 dias após a concepção. Esse hormônio tema função de preservar a função do corpo lúteo, além de sua duração habitual de 14 dias e também estimula a secreção ovariana de progesterona e dos estrogênios. A progesterona é o hormônio mais diretamente envolvido com o estabelecimento e a manutenção do feto no útero. Tem como funções principais: manter o revestimento decidual do útero disponibilizando nutrientes para o feto e inibir as contrações uterinas para impedir a expulsão prematura do feto. A placenta começa a sintetizar progesterona com cerca de 6 semanas de gestação e, com 12 semanas, produz quantidade suficiente desse hormônio, a ponto de poder substituir o corpo lúteo. Ainda completa ação sobre as mamas, reajusta do centro lipolítico e altera o centro de apetite-saciedade, entre outras funções. Os estrogênios estimulam o crescimento contínuo do miométrio uterino e preparam o útero para o trabalho de parto, estimulam o crescimento adicional do sistema ductal da mama, que dará origem aos alvéolos, aumenta os depósitos de gordura; acarreta relaxamento e amolecimento dos ligamentos pélvicos da mãe, prepara também os receptores primários para a relaxina, permitindo melhor acomodação do útero em expansão. No feto, algumas de suas funções consistem na proliferação de células e diferenciação dos órgãos. A somatotropina coriônica humana ou lactogênio placentário é um hormôniosecretado pela placenta e atua no desenvolvimento das mamas e promove o crescimento fetal. No entanto estudos mais recentes têm indicado que suas mais importantes ações estão sobre o metabolismo da glicose e das gorduras da mãe, ao invés de sobre o feto. Esse hormônio diminui a utilização de glicose pela mãe, e, portanto, a torna mais disponível, e em maior quantidade, pelo feto. Ao mesmo tempo promove uma mobilização aumentada de ácidos graxos dos tecidos adiposos da mãe, de modo que possa usar essa gordura para sua própria energia, em lugar da glicose. Com isso aumenta as reservas maternas de gordura. Visto que a glicose é o principal substrato usado pelo feto para energia, essa função é de extrema importância. Dessa forma, parece atualmente que a somatomamotropina coriônica humana é de fundamental importância para assegurar uma nutrição adequada para o feto. A prolactina – hormônio essencial para a expressão dos efeitos mamotrópicos do estrogênio e da progesterona e estimula o aparelho lactogênico. É produzida em maior quantidade durante na gravidez, mas também no pós-parto devido a pressões psicológicas e físicas ou medicações. De acordo com sua função essencial na lactação, sua secreção aumenta uniformemente durante a gravidez atingindo 20 vezes os níveis plasmáticos habituais. Aumenta sua quantidade em até cinco vezes no primeiro trimestre, e vai dobrando nos trimestres seguintes. A maior concentração de prolactina é detectada no líquido amniótico, sendo 10 a 100 vezes mais elevada do que a concentração sérica materna ou fetal. Suas funções são induzir e manter a lactação, promovendo a secreção de leite pelas glândulas mamárias. Durante o parto há uma queda da prolactina e logo após o parto há um aumento imediato. Esses níveis de prolactina podem manter-se elevados enquanto houver sucção da criança. Quando o mamilo é estimulado a prolactina é libertada e inicia-se a produção de leite. Atividade Física na Gestação 6 A ocitocina, outro hormônio envolvido no processo é libertada por surtos durante a amamentação. Provoca a descida do leite através dos ductos até ao mamilo (o reflexo da descida ou ejeção). Quando o bebê mama, ao tocar com a boca no mamilo e na aréola envia mensagens nervosas para a glândula pituitária que liberta a ocitocina na corrente sanguínea. Isto provoca a contração das células mioepiteliais dos alvéolos e a ejeção do leite, que vai provocar um aumento do diâmetro dos ductos lactóforos e o movimento do leite para o mamilo. Entre as ejeções de leite, o diâmetro dos ductos retorna ao seu valor pré ejeção, sugerindo que a acúmulo de leite não se faz nos grandes ductos (canais) mas nos pequenos canalículos. A relaxina é secretada pelo corpo lúteo e suprime as contrações do miométrio. Juntamente com estrógeno e progesterona, é a principal responsável pelo aumento generalizado na mobilidade das articulações e, conseqüentemente, pela hiperextensão das estruturas, promovendo alterações no tecido conjuntivo de músculos e ligamentos, aumentando a amplitude de movimento nas articulações (preparando a pelve para o parto). Esse aumento de amplitude pode facilitar a ocorrência de torções do tornozelo nas gestantes. As articulações da região pélvica (sacroilíaca, sacrococcígea e pubiana) também ficam com a mobilidade aumentada durante a gestação, e muitas vezes a mãe sente esse alargamento. Sistema Endócrino - Alterações metabólicas mediadas hormonalmente durante o exercício na gestação Dentre as alterações hormonais que acontecem com o exercício na gravidez, uma das maiores preocupações é o comportamento dos níveis de glicose. As mudanças nos níveis de glicose são muito sensíveis ao tipo, intensidade e duração do exercício, assim como o nível de aptidão física de um indivíduo. Na gravidez, parece que os níveis de glicose são mantidos em patamares mais estáveis durante o exercício leve e moderado. O exercício intenso (extenuante) e prolongado tem sido associado a hipoglicemia mais rapidamente e essa resposta hipoglicêmica, principalmente no terceiro trimestre, pode ter potencialmente efeitos adversos sobre o feto. O exercício físico tem um impacto no sistema hormonal induzindo respostas de estresse agudo, na qual as catecolaminas, prolactina, cortisol, endorfinas e glucagon aumentam, enquanto a insulina e as gonadotrofinas ficam reduzidas. O tipo, a intensidade, duração e freqüência do exercício são variáveis importantes, porque influenciam diretamente na magnitude e duração da ruptura do fluxo sanguíneo regional, equilíbrio térmico e meio hormonal. Dessa forma o controle na intensidade e volume do exercício são variáveis de extrema importância para a integridade materno-fetal, devendo ser uma preocupação com o profissional que prescreverá para a gestante. Sistema Cardiovascular - Alterações na gestação Quadro resumo das alterações no Sistema Cardiovascular » Aumento do Débito Cardíaco – em torno de 40% » Aumento do volume sangüíneo – entre 40 e 50% » Aumento do Volume Sistólico – em torno de 30% » Aumento do retorno venoso e da capacidade aórtica » Aumento da Frequência Cardíaca – entre 15 e 20 batimentos por minuto » Aumento das células vermelhas – em torno de 20% » Diminuição da resistência vascular periférica - com tendência a diminuir a PA sistólica e diastólica. O aumento da volemia que ocorre na gravidez induz adaptações morfológicas do coração e grandes vasos. O miocárdio sofre hipertrofia e aumento da contratilidade. Com a progressiva elevação do diafragma pelo crescimento do útero, o coração torna-se mais horizontalizado. Todo o sistema vascular aumenta a sua capacitância devido a alterações estruturais nas paredes dos vasos (maior extensibilidade devido as mudanças no colágeno induzidas pelas alterações hormonais). Atividade Física na Gestação 7 O aumento de estrógeno e progesterona circulantes causam vasodilatação e queda na resistência vascular periférica. O débito cardíaco aumenta cerca de 40% durante a gravidez, atingindo um valor máximo entre a 20-24a semanas. Este aumento poderá atingir 1,5L/min acima dos valores não-gravídicos. O débito cardíaco está aumentado durante o exercício submáximo nos dois primeiros trimestres. IMPORTANTE: O Débito Cardíaco torna-se muito sensível à alteração postural. Devido essa sensibilidade, nas mudanças posturais, vários exercícios deverão ser modificados ao longo da gestação. Na posição supina, esta sensibilidade aumenta ao longo da gravidez, visto que o útero comprime a veia cava inferior, diminuindo o retorno venoso. Esta informação é de extrema importância para a prescrição de exercícios, pois muitos exercícios são realizados nessa postura. Na fase inicial da gestação, o aumento do volume sistólico (25-30%, atingindo um valor máximo entre as 12 e 24ª semanas) é o responsável pela maior parte do aumento do débito cardíaco. A pressão arterial sistêmica diminui ligeiramente durante a gravidez, desde as primeiras semanas. A pressão arterial sistólica varia pouco, mas a diastólica reduz 5 a 10mmHg entre a 12 e 26ª semanas. Ao aproximar-se o termo, é comum os valores de pressão arterial regressarem aos níveis observados antes da gravidez. Durante o terceiro trimestre, o débito cardíaco apresenta valores mais baixos e há aumento da possibilidade de hipotensão. O volume sanguíneo é aumentado de 40 a 50% durante o exercício, essa é uma das hipóteses do exercício não ser benéfico durante a gravidez pois poderia reduzir o fluxo sanguíneo uteroplacentário pelo sangue ser desviadopara os músculos ativos, podendo levar à hipóxia fetal. Tal redução está diretamente relacionada à intensidade e duração do exercício, no entanto, ocorre um mecanismo secundário compensatório à hemoconcentração e ao aumento da extração de oxigênio pelo endométrio. Os estudos das respostas da fisiologia do exercício durante a gestação têm demonstrado que gestantes saudáveis podem acomodar demandas as fisiológicas do exercício materno com o crescimento fetal através dos mecanismos compensatórios que aumentam a extração de oxigênio e a redistribuição do fluxo sangüíneo, que, por sua vez, serve para manter a oxigenação fetal relativamente constante. A mulher grávida pode se beneficiar de um programa de atividade física de intensidade leve a moderada, ou seja, de 15-50% do VO2 max ou de 40-65% da FC máxima ou ainda 50% do VO2 maximo. Atividade Física na Gestação 8 Sistema Respiratório - Alterações na gestação Quadro resumo das alterações no Sistema Respiratório » Aumento no diâmetro transverso do tórax; » Diminuição da capacidade pulmonar total - em torno de 4 a 5%; » Elevação do músculo diafragma; » Aumento da ventilação pulmonar por minuto - em torno de 50%; » Aumento do volume corrente - em torno de 35 a 50%; » Aumento da sensibilidade respiratória ao CO2; » Diminuição do volume residual, da capacidade residual funcional e o volume de reserva expiratória – aproximadamente 20%; » Aumento do espaço morto devido ao relaxamento da musculatura das vias aéreas; » Aumento progressivo do consumo de oxigênio – entre 15 e 20%. A gravidez imprime modificações importantes na fisiologia respiratória da mulher, com aumento de 20% no consumo de oxigênio e aumento de 15% na taxa de metabolismo materno. Esta demanda extra é alcançada devido a acréscimo de 40 a 50% na ventilação pulmonar por minuto - de 7,5 para 10,5 L/min., resultado mais do aumento do volume corrente do que de alterações na freqüência respiratória. Há um aumento da sensibilidade respiratória ao CO2 que leva a uma hiperventilação. Uma respiração compatível com padrão de alcalose é esperada na grávida, parcialmente compensada por acidose metabólica moderada. O estado de hiperventilação fisiológico na gestação persiste e aumenta com o exercício, influenciando seu desempenho no exercício. Durante o exercício aeróbico o equilíbrio ácido-básico materno não é comprometido já que a hiperventilação gestacional é um mecanismo adaptativo para manter a pressão arterial de CO2 (PCO2) e o bicarbonato arterial durante o exercício aeróbico. Relação entre PCO2 materno e PO2 fetal durante a hiperventilação em exercício: verificou-se que o PCO2 materno está diminuído em relação a PO2 fetal. Essa inversão de gradiente é para manter o feto oxigenado em todo momento do exercício. O deslocamento do diafragma, à medida que o crescimento uterino acontece ao longo dos trimestres, mudam o tórax e o uso da musculatura respiratória, exigindo mais da musculatura costal alta. A grade torácica é deslocada superior e lateralmente. Os músculos da parede abdominal apresentam um tônus diminuído e menor atividade pelo que o padrão respiratório de torna mais diafragmático. A captação de O2 é discretamente maior em repouso e durante o exercício submáximo, o consumo de O2 no exercício é acentuadamente aumentado. Com a evolução da gravidez, pode haver uma intolerância crescente ao exercício, provocada pela incapacidade de transferir gases (O2 e CO2) entre a atmosfera e as células. Juntamente com um aumento significante na hemoglobina e debito cardíaco há uma demanda excessiva que leva à diminuição na diferença de oxigênio arteriovenoso. Conforme há o aumento de peso durante a gravidez, o exercício produzirá um débito de oxigênio maior, resultando numa recuperação mais demorada. Sistema Músculo-esquelético - Alterações na gestação Quadro resumo das alterações no Sistema Respiratório » O útero (órgão pélvico) com 12 semanas torna-se um órgão abdominal; » Aumento da lordose lombar; » Aumento da base (apoio entre pés); » Rotação da pelve sobre o fêmur; » Andar gingado; » Posicionamento anteriorizado da cabeça para compensar o alinhamento do ombro; Atividade Física na Gestação 9 » Alongamento do músculo reto abdominal; » Ombros – projetam-se para frente juntamente com uma abdução escapular e rotação interna dos membros superiores; » Peso do corpo transfere-se para os calcanhares. À medida que o volume uterino aumenta, o centro de gravidade é deslocado para os membros inferiores. O ganho de peso durante o período gestacional, o aumento do volume de sangue e o crescimento ventral do feto também estão associados a mudanças do centro de gravidade, o qual não cai mais entre os pés. Com isso a mulher precisa se inclinar para trás para ter equilíbrio, o que transfere-se para os calcanhares e a grávida tenta compensar alterando sua postura da seguinte forma: flexão anterior do pescoço e anteriorização da cintura escapular (o que provoca uma rotação interna dos membros superiores que pode ser aumentado ao crescimento das mamas e posicionamento para cuidado do bebê após o parto). Todos os ligamentos se tornam mais lassos durante a gravidez, particularmente os pélvicos. Essas alterações devem-se à ação do hormônio relaxina. A diminuição da rigidez das articulações sacro-ilíacas, sacrococcígeas e sínfise púbica permite movimentos de báscula durante o parto. O aumento na amplitude de movimento na cintura pélvica precisa alterar fazendo a adaptação para o parto. Músculo Reto abdominal Com a evolução da gravidez o reto abdominal precisa ser alongado para o constante aumento do tamanho do bebê. Ele se alonga até 115% e alarga-se, gerando um afastamento da linha alba, principalmente durante 3º trimestre: Com essas alterações a força completa do músculo para flexão está prejudicada, permanecendo até 24 semanas pós-parto. Ganho de peso na gestação A prevalência de mulheres obesas tem crescido rapidamente tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, inclusive durante a gestação. Por isso, o ganho de peso excessivo e a subseqüente retenção deste após o parto têm sido consideradas fatores de risco para a obesidade. No Brasil, dados do VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram presença de excesso de peso (IMC > 25 kg/m2) em 24,9%, 36% e 45,7% nas faixas etárias de 18-24, 25-34 e 35- 44 anos, respectivamente. Esse é um dado importante pois se a mulher já está acima do peso antes de engravidar, as mudanças gestacionais colocarão a mulher num maior risco para o desenvolvimento de doenças que colocam em risco a gestação, como a hipertensão e diabetes. O ganho de peso na gestação é um dos principais fatores determinantes da retenção de peso em mulheres no pós-parto. O ganho de peso durante a gestação pode ser dividido em duas fases metabólicas: Ao Final da Gravidez As mamas e útero aumentam, adicionam peso para frente do corpo. Músculos abdominais alongam com o crescimento do bebê. Nervos podem ser pressionados com o crescimento do bebê ou posição do quadril. Ligamentos e articulações pélvicas ficam com mais extensibilidade. Atividade Física na Gestação 10 a) Primeira Fase – nos dois-terços iniciais da gestação Ocorre o crescimento fetal mínimo, hiperfagia (aumento do apetite) e a conservação de nutrientes exógenosquando a mãe se alimenta. O resultado é o aumento do peso corporal materno, especificamente pelo acúmulo de gordura que ocorre logo no início da gravidez e sustenta a acelerada atividade lipolítica no tecido adiposo. Sem esse aumento de energia ingerida, há queda de gordura corporal materna. O acúmulo de gordura corporal é uma notável característica da gestação em mulheres e animais. b) Segunda fase – no terço final da gestação Ocorre um intenso anabolismo fetal, sustentado pela transferência de nutrientes a partir circulação materna. Quadro - Valores aproximados para a distribuição de peso entre componentes gestacionais e ganhos de peso na gravidez O ganho de peso ideal na gestação é baseado nas recomendações do Institute of Medicine (IOM-2009) e leva em consideração o IMC pré-gestacional da paciente, conforme quadro abaixo. O peso excessivo ganho durante a gestação tem sido associado com o desenvolvimento da hipertensão e diabetes gestacional, gerando riscos para a mãe e feto. A incidência de diabetes mellitus gestacional (DMG) em gestantes obesas é três vezes maior que na população geral. No período gestacional as mulheres, mesmo com peso adequado, apresentam fisiologicamente aumento da resistência à insulina. Nas grávidas obesas essa característica fisiológica ocorre de forma exacerbada, favorecendo o desenvolvimento de DMG. A prevalência de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) pré-gestacional também é maior nessa população. Assim, recomenda- se o rastreamento de diabetes nas gestantes obesas já no primeiro trimestre através glicemia de jejum, com o objetivo de detectar pacientes previamente diabéticas não diagnosticadas. Mulheres obesas com antecedente de DMG têm um risco duas vezes maior de desenvolver DM2 no futuro, quando comparadas às magras com o mesmo antecedente. O peso materno é um fator de risco independente para pré-eclampsia, assim evidências comprovam que o risco de pré-eclampsia dobra a cada aumento de 5 a 7 kg/m2 no IMC pré-gestacional. O Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (ACOG) reconhece que a prática regular de exercício durante a gestação parece atuar no controle do ganho de peso nesse período e pós-parto. EXERCÍCIO FÍSICO NA GESTAÇÃO O Colégio Americano recomenda ao profissional que trabalhará com exercícios na gravidez tenha o conhecimento das contra-indicações, saiba reconhecer os sinais para se interromper o exercício e os riscos especiais associados com exercício e gravidez. 1. Contra-indicações relativas a realização do exercício durante a gestação: » Obesidade morbida; » Baixo peso extremo (IMC<12); » Sedentarismo; PESO (g) Feto 3.294 Placenta 644 Fluido Amniótico 795 Útero 970 Mamas 397 Sangue 1.442 Água 1.496 Sub-total 9.038 Estoque de gordura 3.345 Total 12.383 Estado nutricional antes da gestação IMC (kg/m2) Ganho de peso na gestação (Kg) Ganho de peso por semana no 2° e 3° trimestre (Kg) Baixo peso <18,5 12-18 0,5 Peso adequado 18,5-24,9 11 – 16 0,4 Sobrepeso 25,0-29,9 7 – 11,5 0,3 Obesidade ≥30,0 5 – 9 0,2 Atividade Física na Gestação 11 » História de 3 ou + abortos espontâneos; » Trabalho de parto prematuro; » Limitação ortopédica; » Bronquite crônica; » Hipertensão não controla; » Anemia Severa; » Hipertiroidismo não controlado; » Diabetes tipo 1 não controlada; » Arritmia cardíaca; » Fumante inveterada; » Crescimento intra-uterino retardado. 2. Sinas de advertência para se interromper o exercício: » Contrações uterinas; » Hemorragia vaginal; » Vazamento de líquido amniótico; » Vertigens, fraqueza muscular; » Dispnéia anterior ao esforço; » Dor peitoral; » Dor na perna ou inchaço; » Diminuição dos movimentos fetais. 3. Riscos do Exercício Intenso durante a gravidez Outro ponto importante para o profissional que atenderá a gestante é o conhecimento dos riscos que o exercício intenso pode apresentar para a gestante e para o feto. Maternos a. Complicações cardiovasculares b. Hipoglicemia c. Ameaça de aborto e trabalho de parto prematuro d. Lesões músculo-esquelética Os efeitos fisiológicos do exercício físico no corpo materno afetam todos os principais sistemas do organismo, sendo que as maiores implicações se dão no sistema respiratório, cardíaco e endócrino e influenciam indiretamente repostas fisiológicas no feto e na placenta. A mudança biomecânica que o corpo da mulher sofre no decorrer do período gestacional também coloca todo o sistema músculo-esquelético em risco. Os efeitos da maior amplitude, mudanças nas informações proprioceptivas, maior peso corporal e mudanças na coluna podem levar a mulher a riscos com exercícios de impacto ou que exijam deslocamento corporal acentuado ou ainda um nível de força que coloque todo o sistema em estresse. Fetais a. Sofrimento fetal b. Crescimento intra-uterino retardado c. Má formação fetal d. Lesões fetais As alterações induzidas pelo exercício físico que levam à preocupação incluem: a redistribuição do débito cardíaco, a elevação na temperatura central, à alteração no meio hormonal, o tipo, a intensidade e a duração dos exercícios e o momento do exercício em relação à evolução da gravidez. A principal resposta hemodinâmica do exercício é a redistribuição do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo aos músculos em atividades, com redução aos órgãos esplênicos e potencialmente ao útero e ao feto, comprometendo o seu bem-estar e crescimento adequado. O aumento no débito cardíaco durante a gravidez significa que o aumento do fluxo sangüíneo ao músculo em exercício pode ocorrer sem diminuição do fluxo ao feto. Temperatura corporal materna no exercício A hipertermia materna é uma das preocupações que cercam a realização do exercício durante a gravidez. Isso ocorre pelo fato da temperatura corporal materna regular a temperatura do feto. Com a realização do exercício físico materno a temperatura corporal aumenta e esse efeito pode representar um risco ao feto. No primeiro trimestre, estudos em animais indicam que o aumento da temperatura corporal (hipertermia) no início da gestação pode causar efeitos teratogênicos principalmente defeitos do tubo neural. No entanto existem vários mecanismos de compensação para isso não ocorrer: Atividade Física na Gestação 12 » O equilíbrio ácido-básico materno não é comprometido pois a hiperventilação gestacional é um mecanismo adaptativo para manter a pressão arterial de CO2 (PCO2) e o bicarbonato arterial durante o exercício aeróbico; » A magnitude da elevação na temperatura central está relacionada à intensidade do exercício; » O exercício regular aumenta o volume sanguíneo e diminui o limiar da temperatura interna tanto para a vasodilatação cutânea quanto para a transpiração. Todos esses mecanismos melhoram a capacidade de dissipação de calor em resposta ao estresse térmico. A ação do estrógeno intensifica tanto a capacidade de estocar calor quanto a capacidade de dissipação do mesmo pela redução tanto da temperatura interna de repouso quanto dos limiares para vasodilatação e transpiração. Um exercício materno prolongado e de intensidade extenuante pode causar um aumento alto na temperatura corporal interna, sendo suficiente para produzir efeitos teratogênicos no feto. Há mais possibilidade da hipertermia fetal ocorrer em exercícios aeróbicos prolongados, ou exercícios realizados em condições de estresse e calor. Alguns cuidados a serem observados para o controle: » Piscinas aquecidas: certificar-sede que a temperatura da água não ultrapasse os 30° C; » Temperatura corporal após o exercício - não passe de 38° C; » Escolher locais arejados, à sombra, com ventilador ou ar-condicionado; » Vestir roupas folgadas e apropriadas para a prática de exercícios; » Não realizar exercícios contínuos de mesma intensidade com altos volumes sem pausa; » Controlar a intensidade do exercício; » Evitar exercícios em ambientes externos ou quentes em horários muito quentes ou quando o tempo estiver muito úmido; » Hidratação constante e contínua – beber água ou outros líquidos antes, durante e depois dos exercícios. A desidratação eleva a temperatura corporal. Essas orientações devem ser seguidas mesmo no pós- parto, especialmente no período de amamentação. Não realizar exercício se a gestante estiver com FEBRE. Respostas fetais ao exercício materno A resposta fetal ao exercício materno pode ser avaliada através de diversos parâmetros, sendo um deles o comportamento da FC fetal frente ao esforço físico materno. As variações observadas na FC fetal são influenciadas por alguns fatores: » pela idade gestacional; » tipo do exercício; » intensidade do exercício; » duração do exercício. A resposta dos batimentos cardíacos fetais ao exercício materno é um aumento aproximado de 10-30 batimentos por minuto (bpm). Estas alterações são consistentes e independentes do período gestacional e até mesmo da intensidade do exercício realizado pela gestante. No entanto, estudos recentemente demonstraram que mesmo exercícios progressivos que elevaram a FC materna a 170bpm não induziram a estresse fetal durante gravidez saudável. Com intensidades leves e moderadas a frequência cardíaca do feto retorna aos níveis basais em aproximadamente 5 minutos, porém em exercícios de alta intensidade ou extenuante a freqüência cardíaca fetal permanece elevada durante aproximadamente 30 minutos. Outras pesquisas mostram que o feto pode apresentar também bradicardia durante ou após o exercício materno que, mesmo sendo rara, pode significar sofrimento fetal. O feto em seu ambiente intra-uterino, depende da eficiência das trocas placentárias para fornecer um contínuo e crescente suprimento de oxigênio e nutrientes para o seu desenvolvimento e metabolismo. Atividade Física na Gestação 13 Uma redução prolongada nesses suprimentos pode causar prejuízos para o feto, produzindo sofrimento fetal agudo (hipoxemia e/ou hipóxia), ou crônico (nutrição diminuída, baixo peso, ou crescimento intra-uterino retardado). Alguns estudos já demonstram efeitos benéficos do exercício sobre o feto, sendo que argumenta-se que crianças nascidas de mães ativas apresentam maior facilidade de passagem pela pélvis, além de possuírem melhor capacidade de suportar o estresse do parto. Além desta influência, observa-se melhora na vascularização e no volume placentário, o que permite um melhor suprimento de nutrientes para o feto assim como sua melhor oxigenação. Benefícios do exercício para mãe e feto Se por um lado o exercício mal orientado ou em quantidade inadequada apresenta riscos para a gestante, quando bem orientado pode produzir vários benefícios. Há um consenso geral na literatura científica de que a manutenção de exercícios de intensidade leve-moderada durante uma gravidez não-complicada proporciona inúmeros benefícios para a saúde da mulher. Os benefícios da prática de atividades físicas são diversos e atingem diferentes áreas do organismo materno. Quadro resumo dos benefícios que os exercícios podem proporcionar a gestante: » Auxilia e promove um melhor controle do ganho de peso corporal; » Menor incremento da adiposidade; » Diminui o risco de pré-eclampsia - previne e auxilia no controle de hipertensão gestacional; » Previne e auxilia no controle de diabetes gestacional, diminuindo o risco de desenvolver; » Melhora a postura e da força muscular para manter uma postura mais adequada; » Previne e diminui a dor lombar; » Mantém ou melhora a aptidão física; » Melhor auto-imagem, menos ansiedade e estresse e auxilia na prevenção e no tratamento da depressão pós- parto; » Facilita a recuperação no pós-parto. Durante a gravidez há a diminuição do nível de aptidão física devido a diminuição da atividade diária que a mulher faz. No entanto, no sentido contrário a essa realidade, os estudos têm observado que mulheres que participam de programa de exercícios durante a gravidez relatam a melhora desta aptidão mesmo que sedentárias anteriormente. Portanto a resposta é manutenção ou melhora da aptidão física. Um programa de exercícios adequado e saudável segundo o que estudos epidemiológicos tem relatado diminui os riscos de diabetes gestacional e pré-eclâmpsia. Os programas ainda têm demonstrado a melhora da saúde psicológica, na auto-imagem, ansiedade, bem-estar e humor. A atuação da prevenção e alívio da dor lombar é outro benefício muito importante associado ao exercício. A hidroginástica realizada apenas uma vez por semana já foi associada a redução da intensidade da dor lombar em gestantes entre a 19-35a semanas de gestação. Exercícios de alongamento e também orientações ergonômicas tem sido positivos também nessa diminuição. Novas evidências de benefício sobre a saúde do bebê Uma nova linha de estudo tem demonstrado que o exercício pode ser a primeira forma e intervenção para beneficiar a saúde do coração do bebê, durante e após a gravidez. Após um resultado benéfico do exercício sobre a mãe, mostrou-se que as gestantes praticantes de exercícios numa frequência semanal mínima de 3 vezes por semana - duração de 30 minutos, tinham fetos com menor frequência cardíaca durante as últimas semanas de desenvolvimento, Atividade Física na Gestação 14 um sinal da saúde do coração. Esse novo estudo mostra então que não apenas o coração da mãe melhora, mas o coração do bebê também. Os resultados sugerem que exercícios durante a gravidez é a primeira coisa que uma mãe pode fazer para melhorar a saúde cardiovascular de seu bebê após o nascimento. O exercício regular durante a gravidez diminuiu a frequência cardíaca do feto e esse efeito persistiu por um mês após o nascimento. A frequência cardíaca baixa indicou que o coração do bebê estava em boa saúde, da mesma forma que um adulto que acabou de treinar. O estudo com 61 gestantes avaliou a função cardíaca da mãe e do bebê durante e após a gravidez. Os exercícios envolvidos foram diferentes, variando na quantidade e tipo de exercício realizado, incluindo caminhadas, corridas, ioga e musculação. Bebês de mães que se exercitaram apresentaram maior variabilidade de frequência cardíaca, medida que indica que o coração é melhor controlado pelo sistema nervoso. Ainda não se sabe como o exercício materno beneficia o coração do feto, mas pode ser um fator hormonal ou de crescimento produzido pela mãe durante o exercício que atravesse a placenta e estimule o desenvolvimento do bebê. Outro benefício observado em estudo foi sobre o peso do recém-nascido. Esse resultado observado tem a sua importância mostrando que mulheres que praticam exercícios aeróbicos ao longo da gravidez podem gerar um bebê com peso mais adequado, reduzindo a tendência a obesidade. A obesidade é uma preocupação não só na saúde materna, mas também na saúde futura da criança. O estudo avaliou um programa semanal, máximo de 5 vezes na semana, intensidade moderada - aproximadamente 65% da sua capacidade aeróbica (V̇O2max). O programa foi realizado em casa com bicicleta ergométricaem 40 minutos diários da 20ª semana até o parto (36 a 40 semanas), conforme a capacidade e conforto da gestante. No total 84 gestantes participaram do estudo entre controle e grupo exercitado. O exercício mostrou ser benéfico na gravidez podendo não só auxiliar na saúde futura das mães mas também de seus bebês que “nasceram menos gordos”, isto é, o grupo de mulheres que ser exercitou gerou crianças um pouco mais leves do que as de mães que não se exercitaram. Os bebês não foram menores em comprimento e não há evidência de que estivessem mal nutridos. Os resultados apontaram que aquelas que pedalaram tiveram filhos 143 gramas mais leves, em média, do que as demais. PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS DURANTE A GRAVIDEZ - RECOMENDAÇÕES DO COLÉGIO AMERICANO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA A prescrição do exercício durante a gravidez deve basear- se nas alterações fisiológicas que ocorrem neste período. Existem autoridades e pesquisadores que norteiam através de recomendações essa prescrição. A principal diretriz reconhecida e aceita é do Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (ACOG, 1985 e 2003), que é um dos órgãos que estabelece diretrizes para a prescrição de exercícios durante a gravidez. Seguem as principais recomendações gerais para a prática segura de exercícios por gestantes: » manter o exercício em freqüência cardíaca até 140 bpm; » atividades extenuantes não devem ser mantidas por mais de 15 minutos; » frequência semanal de pelo menos 3 vezes por semana; » não realizar exercícios na posição supina após o 4º mês - o peso do feto comprime a aorta e a veia cava inferior contra a coluna lombar na posição deitada, levando a diminuição do débito cardíaco (pode causar vertigens e até inconsciência); » evitar manobra de Valsalva; Atividade Física na Gestação 15 » a temperatura materna não pode exceder 38,5°C – deve-se evitar ambientes quentes e úmidos; » utilizar a percepção subjetiva do esforço – a percepção do esforço permanece estável durante a gravidez - utilizar a escala de 12 a 14 é adequada para a maior parte das mulheres. Observar os cuidados com a nutrição, hidratação, temperatura e umidade ambiental. Que exercícios a gestante pode fazer? Uma dúvida muito comum que acompanha gestantes e profissionais da área é que exercícios são permitidos durante a gestação? Há algum tempo os profissionais tem generalizado o termo exercícios sem se preocupar com a modalidade ou tipo de exercício realizado. Existem diferentes tipos de exercícios e modalidades que podem ser mais indicados conforme vários fatores: nível de aptidão física da mulher, histórico anterior de realização do exercício, oferecer maior ou menor risco, necessidades da gestante, etc. Esses fatores devem ser levados em consideração devido a sua característica em intensidade, impacto, nível e tipo de força, alongamento entre outros. Há muito ainda que ser desmistificado quanto a esse tema, pois falta o entendimento da aplicação das varias modalidades, para que elas são indicadas conforme a gestante (paciente – cliente) em que estivermos tratando quanto ao atendimento. Vamos aos detalhes e alguns pontos sobre as várias modalidades existentes, seus possíveis benefícios e riscos na gravidez: Hidroginástica – atividade em água A hidroginástica é uma modalidade de ginástica que combina vários tipos de movimentos realizados em água. Estão na sua composição exercícios aeróbicos, exercícios de fortalecimento, alongamento, relaxamento. Ainda é a atividade mais indicada pelos médicos, e é sem dúvidas uma atividade que traz vários benefícios para a gestante, principalmente no último trimestre. Ao final da gravidez muitas gestantes sofrem com o edema (inchaço), principalmente nas pernas; a atividade em água é muito positiva para esse alívio. Ainda podemos atribuir na sua lista de benefícios a diminuição de dor lombar, efeito positivo para as que estão apresentando esse problema. A preferência dos médicos por essa modalidade é pela diminuição do impacto e sobrecarga que oferece nas articulações e músculos, porém apesar desse benefício há de se tomar alguns cuidados, pois uma aula orientada por um profissional que não conhece as mudanças gestacionais pode oferecer exercícios e duração tão intensa quanto outras modalidades. Deixamos alguns cuidados para serem observados: » vários locais oferecem aulas que não são específicas para gestantes sendo que pode haver uma mistura de pessoas e o objetivo e foco pode ser perdido, ultrapassando a intensidade para a gestante; » para academias que oferecem um grupo de gestantes, o profissional deverá saber fazer as correções das várias grávidas em períodos gestacionais diferentes (trimestres); » nível de condicionamento físico e necessidades diferentes entre cada gestante; » deve haver cuidado e atenção redobrada com Gestantes SEDENTÁRIAS. Hoje existe no mercado variações de modalidades dentro da água como é o caso da corrida adaptada para a água, além claro da própria natação. Caminhada Realizada em esteira ou solo, essa modalidade não costuma ter contra-indicação por autoridades internacionais e médicos. Isso se dá pelo fato da modalidade não ter impacto, ser de fácil realização e de intensidade leve. No entanto, também devem ser observados alguns cuidados, pois não é por apresentar um baixo nível de impacto que essa modalidade não sobrecarrega articulações e músculos da coluna e quadril, principalmente se realizada por longo tempo, além do controle da intensidade e tempo em exercício ao final da gravidez. Atividade Física na Gestação 16 Corrida A corrida é uma atividade de intensidade fisiológica e ação biomecânica elevada. Exige um grande nível de aptidão de quem irá praticá-la. Muitas mulheres hoje são adeptas a corrida e não querem deixar a prática durante a gravidez. Fica então a questão: como adaptá-la na gravidez, quais os cuidados? Para gestantes que já corriam antes de engravidar, indicamos que sempre seja acompanhada por um profissional e que distâncias e intensidade sejam controladas e reduzidas com o progresso da gravidez. » deve-se reduzir a distância de forma a que também não seja um exercício prolongado; » deve-se respeitar a recuperação ente uma sessão e outra (alternar dias, dando repouso); » observar se a gestante não apresenta sinais de incontinência urinária. O impacto pode agravar situações de incontinência. “É consenso na literatura e da área médica de que essa atividade não deve ser iniciada durante a gravidez”. Bicicleta A bicicleta ergométrica é uma atividade de intensidade fisiológica leve a moderada. Pode ser iniciada na gestação, pois não exige um nível elevado de aptidão física. A bicicleta estacionária é preferida por não ter risco de queda. Um cuidado a se observar é o estresse lombar que essa atividade pode provocar. Ginástica para gestantes Atividade realizada em grupo é sempre bom para descontrair e motivar. A elaboração da aula conta com a escolha de exercícios aeróbicos (aeróbica de baixo impacto), exercícios de fortalecimento direcionados para diferentes grupamentos musculares e também exercícios de alongamento. Mesmo as gestantes sedentárias podem iniciar. Utiliza-se materiais como bola suíça, halteres com baixo peso (1-2kg), banda elástica, etc. Musculação | Exercícios de fortalecimento Uma das atividades mais utilizadas hoje nas academias e por profissionais que trabalham com treinamento personalizado é a musculação, porém não são todos os médicos que a liberam. AtividadeFísica na Gestação 17 Exercícios de fortalecimento têm sido recomendados por autoridades internacionais, colégios e pesquisadores, para promover a manutenção da postura, prevenir dor lombar, diástase do reto abdominal e para fortalecimento do assoalho pélvico. A força muscular dos membros superiores é também importante para carregar o bebê no pós-parto, que aumenta cada vez mais o seu peso, além de poder auxiliar na prevenção de algias no pós-parto que podem aparecer com esses movimentos repetitivos de cuidados com o bebê, somados à sensibilidade ainda das mudanças hormonais da gravidez. “A musculação, se bem orientada”, utilizando “cargas leves” e “com número de repetições adequada”, é uma atividade importante e interessante, uma vez que fortalece musculaturas responsáveis pelo controle da postura, membros inferiores e superiores. Há sempre a necessidade, independente do exercício, de realizar ajustes conforme a individualidade da gestante e mudanças no corpo e postura. Desde que liberada pelo médico, pode ser realizada pela gestante que era sedentária e pela que era ativa, sendo adaptados os programas para cada gestante. Estudos que analisam os efeitos dos exercícios de fortalecimento, realizados com musculação, observaram que os exercícios aplicados em intensidade moderada mostraram resultados considerados saudáveis para gestantes sem alterações na pressão arterial. A freqüência cardíaca fetal aumentou quando se envolveu mais grupamentos musculares e cargas mais altas (90% de 10RM). A postura em posição supino promoveu bradicardia fetal moderada, mas sem efeitos deletérios. Vejam os cuidados técnicos e posturais propostos no Guia prático de exercícios para gestantes: baseado no método Mais Vida Gestantes, da Editora Phorte, escrito pelas professoras Gizele Monteiro e Ivani Manzzo. Recomendações de Guedes (2003) para as cargas utilizadas para exercícios de fortalecimento: » exercícios aplicados em 2 a 3 séries com 12 a 15 repetições – gestantes sedentárias devem realizar número menor de séries e repetições. » cargas de intensidade leve a moderada, » pausa entre séries e exercícios - 1 a 2 minutos e “se necessário mais” – devem propiciar a recuperação completa - os intervalos mais prolongados facilitam a recuperação entre as séries » evitar a isometria e manobra de Valsalva. Pilates O Pilates vem com força total e a cada dia ganha novos adeptos. Hoje muitos médicos indicam o Pilates até mesmo sem conhecer muito da modalidade. Segundo as linhas mais tradicionais, Joseph Pilates em sua técnica, não indicava a prática para gestantes que não o realizavam antes da gravidez, sendo sua aplicação exclusiva para gestantes bem treinadas e que já conheciam o método. Apesar de ser uma atividade importante para o fortalecimento muscular (para auxílio de desconfortos pelas mudanças posturais) e do assoalho pélvico (importante para o parto normal) por seus exercícios exigirem muito dessas musculaturas, com grande ênfase em abdominais, é uma atividade intensa para quem não a conhece. Atividade Física na Gestação 18 Alguns exercícios podem ser adaptados e realizados por gestantes mas não toda a técnica. Muitos movimentos da técnica devem ser adaptados para as alterações fisiológicas e biomecânicas do período gestacional. Treinamento Funcional O treinamento funcional é uma nova modalidade que vem ganhando força e espaço no mercado. Pelo menos por alguns anos essa modalidade estará na lista das academias e prioridade dos profissionais. No treinamento funcional existe uma variação muito grande de exercícios e equipamentos (materiais) que podem ser utilizados: bola suíça, bandas elástica, plataforma de equilíbrio (como o Bosu), discos e pranchas de equilíbrio. Cada material tem uma utilidade. Para utilizar com a gestante, o profissional deverá conhecer muito bem cada exercício e material para adaptá-lo para a gestante. Não são todos os exercícios que ela poderá fazer. As grandes instabilidades e exercícios arriscados devem ser tirados do quadro de exercícios selecionados. Na gravidez a orientação deve ser sempre a segurança da gestante não só pela superfície instável, mas também pelo grau de dificuldade ou ação do exercício. É importante que o profissional conheça bastante das alterações gestacionais e do treinamento funcional para aplicá-lo. Essa modalidade entra na categoria de exercícios de fortalecimento. Exercícios de Alongamento Muito importantes para qualquer gestante! Proporcionam o relaxamento e o equilíbrio para grupamentos musculares sobrecarregados pelas mudanças posturais. Não se comenta muito a respeito da prescrição dos exercícios de alongamento na gravidez. Muitos autores enfatizam que são parte importante de um programa preventivo de dores, principalmente a lombar e pélvica. São recomendados para o alívio das dores e tensões nas costas, portanto a aplicação de forma coerente é bem vinda. Seguem algumas recomendações citadas na literatura quando a aplicação dos exercícios: » Devem ser lentos e suaves, evitando-se ir até o ponto máximo de resistência pelo aumento da tensão muscular; » Devem ser realizados na posição sentada em cadeira ou solo, sempre priorizando a estabilidade articular, sendo que alguns exercícios devem ser modificados para evitar o risco de lesões; » Exercícios bruscos, com a articulação sem apoio ou em flexões/extensões profundas, ou ainda exercícios que gerem tensão na articulação sacro-ilíaca e quadril não devem ser realizados; » Evitar exercícios que aumentem a sobrecarga nas costas e a chance de quedas, como exercícios que necessitem o apoio sobre uma perna só ou grande capacidade de equilíbrio. Aqui damos um destaque para alguns exercícios utilizados no yoga que exigem muito do equilíbrio e do controle postural da gestante. Orientações gerais para exercícios de alongamento e fortalecimento: a) exercícios em decúbito dorsal não devem ser realizados na gravidez após o 4º mês; b) ficar muito tempo em pé ou exercícios prolongados em pé - pode ocorrer desfalecimento devido as modificações no sistema cardiovascular; c) ao se levantar rapidamente de uma posição de exercícios realizados no solo também pode levar a tonturas ou desfalecimento. Exemplos de prescrição FICHA DAS 25 a 26 SEMANAS » Cliente 25 anos – primeira gravidez – 25 semanas – gestante ATIVA (realizava caminhadas em esteira e aulas de localizada) » FCmax – 195bpm » Cálculos de % de FCmax para controle de segurança: 60% - 117bpm – 65% - 127bpm - 70% - 137bpm » Duração da sessão – 60 minutos » Carga submáxima – nunca executar as últimas repetições como sendo a máxima. Atividade Física na Gestação 19 ANEXO 1 Quadril e Membros inferiores Agachamento com bola Leg press Cadeira abdutora Cadeira adutora Cadeira extensora Cadeira flexora Panturrilha no disco (funcional) Tibiais ANEXO 2 Quadril e Membros inferiores Agachamento com bola Leg press Leg press - panturrilha Tronco e Membros superiores Remada sentada – 3 séries Supino inclinado Desenvolvimento com bola Rosca alternada (halter) SEGUNDA Aeróbico – 20 min Meio – caminhada (esteira) Método Contínuo Constante FC – 120-140 (bpm) Resistência de Força – 20 min Meio – musculação Método – localizado por articulação Grupamento musculares (quadril e membros inferiores)* anexo 1 Carga – 2 séries x 12 repetições (submáxima) - pausa (recuperação completa) Flexibilidade – 20 min Meio – exercício de alongamento Método – Passivo estático IntensidadeAM – leve – moderada Carga – 2 exercícios para cada músculo – 2 séries x 20-30 segundos. Músculos – peitoral, trapézio (tronco e cervical), deltóide, quadríceps, isquiotibiais, adutores, glúteos, paravertebrais (Método ativo estático e passivo estático) e quadrado lombar, panturrilha. Relaxamento – massagem com bolinha de tênis - trabalho conjunto com exercícios de alongamento. QUARTA Resistência de Força – 40 minutos Meio – ginástica localizada Material - banda elástica para membros superiores e caneleira para membros inferiores. Método – localizado por articulação Carga – 3 séries – 8 a 12 repetições (submáxima) *anexo 3 * Se necessário dar pausa entre um grupamento muscular e outro. Flexibilidade – 20 min Meio – exercício de alongamento Método – Passivo estático Intensidade AM – leve – moderada Carga – 2 exercícios para cada músculo – 1 série x 30 segundos. Músculos – peitoral, trapézio (tronco e cervical), deltóide, quadríceps, isquiotibiais, adutores, glúteos, paravertebrais (Método passivo estático) e quadrado lombar, panturrilha. *material utilizado: bola suíça, banda elástica, espaguete. SEXTA Aeróbico – idem segunda-feira Resistência de Força – 20 min Meio – musculação Método – localizado por articulação Grupamento musculares (quadril e membros inferiores – tronco e membros superiores)* anexo 2 Carga – 2 séries x 12 repetições (submáxima) exceto costas (3 séries) – pausa (recuperação completa) Flexibilidade – 20 min Meio – exercício de alongamento Método – Passivo estático Intensidade AM – leve – moderada Carga – 2 exercícios para cada músculo – 2 séries x 20-30 segundos. Músculos – peitoral, trapézio (tronco e cervical), deltóide, quadríceps, isquiotibiais, adutores, glúteos, paravertebrais (Método ativo estático e passivo estático) e quadrado lombar, panturrilha. Relaxamento – massagem com bolinha de tênis - trabalho conjunto com exercícios de alongamento. Atividade Física na Gestação 20 Tríceps pulley Flexão /extensão / desvio radial de punho Abdominais funcionais com banda ANEXO 3 Ginástica Localizada Aquecimento (aeróbico) com movimentos simples na bola suíça Membros superiores / Tronco-banda elástica Crucifixo inclinado Remada Unilateral Remada Sentada Deltóide – elevação lateral Bíceps – rosca alternada Francês ou puxada (pulley) Membros Inferiores- Agachamento em afastamento Abdominal funcional com banda (rotação) Abdutor – decúbito lateral Adutor – decúbito lateral Ordem para realização sem grandes alterações na postura (em pé e deitada) *** FICHA DAS 15 a 17 SEMANAS Cliente 30 anos – segunda gravidez – 15 semanas – gestante sedentária FCmax – 190bpm Cálculos de % de FCmax para controle de segurança: 60% - 114bpm – 65% - 124bpm - 70% - 133bpm Duração da sessão – 45 minutos QUARTA Aeróbico – 20 min Meio – caminhada (esteira) Método Contínuo Constante FC – 114 a 120bpm Flexibilidade – 25 min Meio – exercício de alongamento Método – Passivo estático Intensidade AM – leve – moderada Carga – 2 exercícios para cada músculo – 2 séries x 20 segundos. Músculos – peitoral, trapézio (tronco e cervical), deltóide, quadríceps, isquiotibiais, adutores, glúteos, paravertebrais (Método ativo estático e passivo estático) e quadrado lombar, panturrilha. Relaxamento – massagem com bolinha de tênis - trabalho conjunto com exercícios de alongamento – enfatizar pontos de tensão. SEXTA Aeróbico - 15 min Meio – bicicleta horizontal Método Contínuo Constante FC – 114 a 120bpm Resistência de Força – 20 min Meio – ginástica localizada Método – alternado por segmentos Grupamento musculares (* anexo 4) Carga – 1 série x 8-10 repetições (submáxima) – pausa (recuperação completa) Volta à calma - flexibilidade – 10 min Meio – exercício de alongamento Método – Passivo estático Intensidade AM – leve – moderada Carga – 1 exercícios para cada músculo – 1 série x 15-20 segundos. Músculos – peitoral, trapézio (tronco e cervical), deltóide, quadríceps, isquiotibiais, adutores, glúteos, paravertebrais (Método ativo estático e passivo estático) e quadrado lombar, panturrilha. SEGUNDA Aeróbico – 15 min Meio – bicicleta horizontal Método Contínuo Constante FC – 114 a 120bpm Resistência de Força – 20 min Meio – ginástica localizada Material – banda elástica, halter Método – alternado por segmento Grupamento musculares (* anexo 4) Carga – 1 série x 8-10 repetições (submáxima) – pausa (recuperação completa) Volta à calma - flexibilidade – 10 min Meio – exercício de alongamento Método – Passivo estático Intensidade AM – leve – moderada Carga – 1 exercícios para cada músculo – 1 série x 15-20 segundos. Músculos – peitoral, trapézio (tronco e cervical), deltóide, quadríceps, isquiotibiais, adutores, glúteos, paravertebrais (Método ativo estático e passivo estático) e quadrado lombar, panturrilha. Atividade Física na Gestação 21 ANEXO 1 Agachamento em afastamento Bíceps Abdutor – banda elástica Remada sentada na bola (banda elástica – leve tensão) Panturrilha (flexão plantar) Elevação lateral alternada Paravertebrais - Exercício postural em pé Crucifixo sentada na bola apoio nas costas (banda elástica – leve tensão) Adutor – banda Tríceps GESTANTE ATLETA Perigos durante a gravidez em atletas O desporto é uma realidade de muitas mulheres hoje. Pouco se fala da gestante atleta, mas existem riscos que essa mulher é submetida pela “profissão”, pela equipe, pelo patrocínio. Os perigos durante a gravidez em mulheres atletas são: » excesso de horas de treino; » carga excessiva que pode ou não estar associada ao levantamento de pesos, saltos e impactos no chão, que podem levar a um parto prematuro; » volume de distância. O exercício físico durante a gravidez traz muitos benefícios, mas no caso das atletas é preciso diminuir o ritmo para não prejudicar a saúde do bebê. A orientação e adaptação dos treinos realizados é uma das atitudes a se tomar para garantir o melhor desenvolvimento do bebê e conforto para a mãe durante a gestação. Para a gestante atleta, toda equipe deve estar preparada para ter um acompanhamento detalhado assim como sempre haver uma supervisão obstétrica minuciosa. O ganho de peso, a frouxidão de articulações e ligamentos, mudança no centro de gravidade promovem limitações no desempenho desportivo. As mudanças de direção, arrancadas e freadas no movimento desportivo ficam prejudicadas por todas essas alterações. Essa ineficiência nos movimentos desportivos diminui a habilidade na competição e aumenta o risco de lesões. Deve ser dada atenção na termorregulação e hidratação devido à intensidade dos exercícios nos treinamentos ou na competição. Pesquisas realizadas - estudos de caso com atletas de elite: 1) Um estudo que acompanhou o treinamento de uma maratonista (33 anos) durante uma gravidez gemelar. A atleta tinha um volume de treino anterior a gestação de 155 Km/sem. Durante a gestação o volume diminuiu para 107±19Km/sem, com intensidade de freqüência cardíaca de 130-140bpm. Houve um ganho de peso de 7,6kg com os bebês pesando 2,2 e 2,3 Kg. 2) Estudo investigou os efeitos do treinamento intenso (exercício vigoroso) durante e após a gravidez em atletas de alto nível. O estudo teve como objetivos verificar se: » o volume elevado durante a gravidez pode manter os níveis de aptidão física inicial, » o treinamento em alto volume durante a gravidez não representa um risco de saúde para a mãe ou para o feto, sendo que analisaram um regime de treinamento de segurança para a manutenção da aptidão. Quarenta e uma atletas foram acompanhadas da 17ª semanade gestação até 12ª semana do pós-parto, enquanto desenvolviam os seus programas de treinamento. As atletas foram divididas em grupos conforme o volume: alto volume (composto por 20 atletas com volume semanal de 8.4 hs por semana), médio volume (composto por 21 atletas com volume 6 hs por semana). Atividade Física na Gestação 22 Os resultados mostram que mulheres bem treinadas podem se beneficiar do seu treinamento de alto volume durante gravidez sem complicações. Isso pode facilitar um retorno rápido para competições. REFERÊNCIAS Artal and O’Toole (2003) DAVIES, GAL, WOLFE LA, MOTTOLA, MF and MacKINNON. Exercise in pregnancy and the postpartum period. JOINT SOGC/CSEP CLINICAL PRACTICE GUIDELINE. 2003; 129: 1-7. DAVIES B, BAILEY DM, BUDGETT R, SANDERSON DC and GRIFFIN D. Intensitive training durinf a twin pregnancy. A case report. Int J Sports Med. 1999; 20 (6): 415-418. DEMPSEY JC, SORENSEN TK, WILLIAMS MA, LEE I-M, MILER RS, DASHOW EE and LUTHY DA. 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