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Equações Diferenciais – Tópico 7 • Modelagem em Cosmologia. Expansão do Universo { O objetivo deste exemplo é construir um modelo Newtoniano para descrever a expansão do universo. { Premissas básicas: Em larga escala o universo é homogêneo e isotrópico, i.e. a distribuição de galáxias é “uniforme” em todo o universo observável (princípio cosmológico). As galáxias estão se afastando umas das outras e em primeira aproximação este afastamento segue a lei de Hubble (expansão do universo). Existe um tempo cosmológico universal e (absoluto) condizente com a mecânica Newtoniana. Construção do Modelo Matemático { Suponha que uma galáxia a uma distância R(t) da Terra esteja se afastando a uma velocidade v(t). { A dinâmica desta galaxia é determinada pela mecânica Newtoniana e pela lei de gravitação universal. { Como a lei da gravitação universal produz uma força conservativa então podemos escrever, onde T é a energia cinética, Ugra é a energia potencial gravitacional e E é a energia total constante. gravUTE += Construção do Modelo Matemático { Assim, Densidade de massa gravUTE += [ ] )( )( 2 1 2 tR mMGtvmE −= [ ] )( 2)( 3 4 )( 3 4)( 2 3 3 2 tR tR tR MGtv m E π π −= [ ] m EtRGtv 2)( 3 8)( 22 += επ )( 3 4 3 tR M π ε = Construção do Modelo Matemático { Suponhamos agora que exista uma coordenada r fixa na galáxia que independa da taxa de expansão (coordenada conforme). Distância física Velocidade física e { Neste caso a distância e a velocidade físicas podem ser expressas como: rtatR )()( = rar dt datv •≡=)( Construção do Modelo Matemático { Substituindo e em obtemos: onde Equação de Friedmann rtatR )()( = rar dt datv •≡=)( [ ] m EtRGtv 2)( 3 8)( 22 += επ m EarGar 2 3 8 22 2 2 +=⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ • επ 22 2 2 3 8 amr EG a a +=⎟⎟ ⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎜ ⎝ ⎛ • επ 2 2 3 8 a kG a a −=⎟⎟ ⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎜ ⎝ ⎛ • επ 3 0 0 3 )( 3 4 ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛≡= a a tR M ε π ε 2 2 mr Ek −≡ Determinando a Equação Autônoma e na equação de Friedmann obtemos: onde Q e C são constantes positivas e E é a energia total. { A função a(t) é conhecida como fator de escala e ela está associado com o tamanho do universo observável. { Substituindo 3 0 0 ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛= a aεε 2 2 mr Ek −≡ 2 2 3 8 a kG a a −=⎟⎟ ⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎜ ⎝ ⎛ • επ kaG dt da −±=⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ 2 3 8 επ E mra aG dt da 2 3 00 21 3 8 +±=⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ επ CE a Q +±= Análise do Modelo para E < 0 { A equação obtida do slide anterior é uma equação autônoma, veja: { Usando as técnicas de análise qualitativa de equações autônomas, vamos investigar as possíveis soluções para E < 0, fixando Q = C =1. com)(af dt da = CEa Qaf +±=)( com)(af dt da = Eaaf −±= 1)( Ponto Crítico e Convexidade { Determinando o ponto crítico: { Determinando a convexidade: 0= dt dac( ) a expansão cessa.EaEaaf c 101 =⇒=−±= )()(')(')( 2 2 afaf dt daaf dt adaf dt da ==⇒= ⇒⇒ Eaa af −= /12 1)(' 2 m ⇒ 0 2 1 /12 /1 222 2 <−=− −−= aEaa Ea dt ad { Ou seja, como a segunda derivada é sempre negativa então a(t) é sempre convexo, e em particular ac é um ponto de máximo. Gráfico de f(a) { Existe duas funções distintas para f(a): Gráfico de f(a) com o sinal positivo: E a af +±= 1)( Gráfico de f(a) com o sinal negativo: { Veja que no primeiro gráfico da/dt > 0, e portanto a(t) é uma função crescente de t. Já no segundo gráfico a situação é justamente a contrária. Esboço da Solução { Combinando as informações dos dois slides anteriores temos: z Gráfico de a aumenta quando 0 < a < ac (sinal positivo). z Gráfico de a diminui quando 0 < a < ac (sinal negativo). z Inclinação de a é zero quando a = ac (expansão cessa). z O ponto a = ac é um ponto de máximo. z Gráfico de a é sempre convexo. { Utilizando a condição inicial a(0)=0 para um universo em expansão (sinal positivo) obtemos o seguinte esboço: { Quando a = ac a expansão cessa, porém a aceleração continua negativa. Assim, entramos no regime de contração (sinal negativo). Resolvendo o PVI da Cosmologia { Vamos agora resolver a EDO do nosso problema, ,1 E adt da += com a condição a(0)=0. Obs: Como a deve ser não negativo, então a condição inicial elimina a solução negativa { Para determinar a(t) é interessante separar em três casos: E > 0, E < 0 e E = 0. { O caso de E = 0 é bastante simples: Ctadtdaa adt da +=⇒=⇒= ∫∫ 23321 { Aplicando a condição de inicial obtemos C = 0, assim, 3 2 2 3 2 3)( 3 2 ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛=⇒= ttata Resolvendo o PVI da Cosmologia { Para o caso de E > 0 e E < 0 a resolução é um pouco mais complicada pois a integral de a envolve substituições e identidades trigonométricas. ,1 E adt da ±= { Vamos resolver ambos os casos utilizando a seguinte truque: onde o sinal superior significa energia positiva e o sinal inferior significa energia negativa. { Segue: Ctda aE adt a aE daE adt da +=±⇒=±⇒±= ∫ 11 1 Resolvendo a Integral em a Ctda aE aI +=±≡ ∫ 1Definimos: { Vamos fazer a seguinte substituição: dx E xxda E xaxaE cossin2sinsin 2 2 mm =⇒=⇒−=± { Segue: dxx E xdxx x x E I ∫∫ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛=−⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛≡ 2 2 3 2 22 3 sin112cossin sin1 sin12 mmmm { O próximo passo é resolver a integral de sin2x. Resolvendo a Integral em a 2 cossin 4 2sin 22 2cos1sin2 xxxxxdxxdxx −=−=−= ∫∫ { Vamos relembrar algumas identidade trigonométricas: 2 2cos1sinsin21sinsin12cos cossin22sin1sincos;sincos2cos 2222 2222 θθθθθθ θθθθθθθθ −=⇒−=−−= ==+−= e { Substituindo este resultado na integral de sin2x, temos: { Voltando para nossa integral em a, segue: ( )xxx E dxx E I cossin11sin112 2 3 2 2 3 −⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛=⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= ∫ mmmm Resolvendo a Integral em a { Vamos voltar para a variável a através de ( )[ ] ( )[ ]aEArcaEaE E I aEArcaEaE E I 1sin111 1sin1111 2 3 2 3 mm mmmm −±⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= ⇒±+±⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= aExaExaEx aExaEx ±±=⇒±=⇒=− ±=⇒= 1cos1coscos1 1sinsin 22 2 m mm { Substituindo este resultado em I: ( )xxx E I cossin11 2 3 −⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= mm Aplicando a condição de inicial { Lembrando que a condição inicial é a(0)=0, temos: ( ) ( )[ ] 01sin1123 =⇒+=−±= − CCtaEArcaEaEEI mm Ctda aE aI +=±≡ ∫ 1 { Vamos agora separar a solução em duas partes: ( ) ( )[ ]aEArcaEaEEt 1sin1123 mm−±= − { Energia negativa (sinais inferiores): ( ) ( )[ ]aEArcaEaEEt sin123 −−= − { Energia positiva (sinais superiores): ( ) ( )[ ] ( ) ( )[ ]aEArcaEaEEt aEiiArcaEaEEt sinh1 sin1 2 3 2 3 −+= ⇒−+= − − Analisando a solução { Assim, as três soluções são: ( ) ( )[ ]aEArcaEaEEt sinh123 −+= − ( ) ( )[ ]aEArcaEaEEt sin123 −−= − 3 2 2 3 2 3)( 3 2 ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛=⇒= ttata 0>E 0<E 0=E { Veja que para E diferente de zero, existe apenas a solução implícita. Assim, a análise gráfica só é possível através de procedimento paramétrico. Discussão dos resultados gravUTE += { Sabemos que no momento atual, o universo está em expansão. A expansão continuará para sempre? { Por outro lado se T < Ugrav (E < 0) a força gravitacional supera a taxa de expansão. Assim, o universo se expande até um tamanho máximo ac e depois começa a se contrair até um ponto singular (Big Crunch). { A resposta está na energia total E. { Se a energia cinética T que representa a energiade expansão for maior que a energia potencial gravitacional Ugrav o universo se expandirá para sempre (E > 0). Discussão dos resultados gravUTE += { No caso limite onde T = Ugrav (E = 0), o universo também se expande para sempre porém para t tendendo para o infinito o universo tende a parar, i. e. 0→⇒∞→ dt dat { Se voltarmos para a equação de Friedmann 2 2 2 3 8 a kG a aH −=⎟⎟ ⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎜ ⎝ ⎛ ≡ • επ e calcularmos as quantidades a e ε hoje, obtemos: 2 0 2 0 2 0 202 03 81 Ha k Ha k H G c −=−= ε εεπ Discussão dos resultados e lembrando que 2 0 2 01 Ha k c −= ε ε 2 2 mr Ek −= { Do resultado anterior, obtemos: E = 0 universo plano E > 0 universo aberto E < 0 universo fechado k < 0 k = 0 k > 010 > cε ε 10 = cε ε 10 < cε ε { Assim, a densidade de energia ε0 atual determina o destino do universo. Considerações Finais { O modelo Newtoniano para cosmologia é incompleto pois, entre outros defeitos, leva em conta apenas a matéria não relativística. { As três premissas básicas utilizadas (princípio cosmológico, expansão do universo e tempo cosmológico universal) parecem ser condizentes com as observações atuais. { Para descrevermos a expansão do universo na fase atual é necessário, além da matéria não relativística, uma outra componente chamada de energia escura. { Esta energia escura é responsável por produzir uma gravitação repulsiva e sua natureza é um dos maiores mistérios da física contemporânea.
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