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Sexualidade Humana: Aspectos Biológicos, Sociais e Psicológicos

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AULA 1 
SEXUALIDADE HUMANA
Profª Elizabeth Regina Streisky de Farias 
02 
CONVERSA INICIAL 
A sexualidade é um importante aspecto do ser humano, faz parte de cada 
um, além de não poder ser dissociada de outros aspectos da vida, também é 
compreendida como uma necessidade básica do ser humano. A sexualidade 
inclui sensualidade, sexo, identidade de gênero e reprodução. De acordo com a 
Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002), a sexualidade é vivenciada por 
meio do pensamento, fantasias e comportamentos. Podemos compreender que 
sexualidade não é sinônimo de coito (relação sexual) e não se limita à 
ocorrência ou não de orgasmo. Sexualidade é muito mais que isso, é a energia 
que motiva a encontrar o amor, contato e intimidade e se expressa na forma de 
sentir, nos movimentos das pessoas, e como estas tocam e são tocadas. A 
sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, 
portanto, consiste em saúde física e mental. Se saúde é um direito humano 
fundamental, a saúde sexual também deveria ser considerada um direito 
humano básico. (Who Technical Reports Series, 1975). 
Por meio dessa definição, pode-se perceber que a sexualidade é um 
conceito amplo e que abrange diferentes aspectos da vida humana, relacionados 
à ordem biológica, social e psicológica. 
Tão amplo quanto os aspectos que a envolvem é sua complexidade, pois 
somente em mencioná-la, percebe-se o desconforto gerado em razão das 
distorções e do reducionismo com o qual o tema vem sendo tratado (Silva, 
1987). 
Ao se reduzir a sexualidade a somente um aspecto abre-se espaço para 
mitos e tabus. Salienta-se que embora sejam ambos prejudiciais no que diz 
respeito ao desenvolvimento de uma sexualidade saudável, os termos têm 
significados distintos, sendo o termo Mito utilizado para caracterizar o “conjunto 
de concepções errôneas e falácias criadas a partir de rumores, superstições, 
fanatismo ou educação sexual falha” (Goldenson & Anderson, 1989, p. 179), 
enquanto o termo Tabu designa o “sagrado, intocável, proibido” (Ferreira, 2004, 
p. 1.905).
No que diz respeito às pessoas com deficiência, a sexualidade é vista 
como um desafio, já que para muitos pais e educadores a aceitação da 
sexualidade é algo difícil. Muitos pais tratam seus filhos como “anjos 
assexuados”, temendo pelo risco que correm, tanto física quanto 
emocionalmente (Trabbold, 2006). 
03 
Essa crença atrapalha a orientação que a criança ou jovem pode receber 
dos pais e professores, deixando-os vulneráveis e confusos. Após essa 
introdução e todas as explicações, vamos começar a aula? 
CONTEXTUALIZANDO 
Como constitutivo da dimensão humana, a sexualidade é uma construção 
histórica e social, que se desenvolve por meio da interação do indivíduo com 
aqueles que o cercam, e 
Para dar conta do entendimento desta dimensão humana que é a 
sexualidade, é preciso, contudo analisá-la como um processo 
relacional intenso que se fundamenta, basicamente em elementos 
discretos, mas complementares: o potencial biológico, as relações 
sociais de gênero e a capacidade psicoemocional dos indivíduos. 
Neste sentido, é possível admitir, para uma mais sólida compreensão, 
que a sexualidade tenha três grandes componentes: O biológico, o 
psicológico e o sociocultural. (Fagundes,2005, p.16). 
No convívio social é que o ser humano constrói suas vivências e direciona 
suas experiências de vida. Em virtude da sua importância para a essência e 
existência humana, e como elemento constitutivo de sua identidade, a 
sexualidade “[…] precisa ser compreendida em sua totalidade” (Fagundes, 2005, 
p. 14).
Atualmente, a desvalorização da sexualidade tem dado vazão às 
situações de preconceito e exclusão social daqueles que não se encaixam nos 
padrões socialmente estipulados. O reducionismo do ser ao aspecto biológico e 
as transformações sociais têm deteriorado as relações e intensificado a 
tendência de uma sexualidade consumista e o uso do corpo como fator 
capitalista (Bonetto, 2007; Meihy, 2015). 
Quanto às pessoas com deficiência, a exclusão se faz presente ao negar 
o diálogo, a compreensão. Conforme apontado:
O medo que se tem de lidar com a sexualidade dos deficientes e a falta 
de informação nesta área faz com que não os ensinemos a decodificar 
os sinais de perigo que possam antecipar este tipo de situação” 
(Ribeiro, 2011, p. 20). 
Esse medo gera a insegurança nos indivíduos e os torna alvos vulneráveis a 
abusos sexuais. 
TEMA 1 – A SEXUALIDADE COMO CONSTRUÇÃO SOCIAL
Para Foucault, a sexualidade é uma construção social, sendo o principal 
interesse do Estado controlar o indivíduo, ou seja, seu corpo de acordo com os 
 
 
04 
interesses sociais.Dessa maneira “o conceito de sexualidade não é uma 
categoria natural, mas uma construção social que, como tal, só pode existir no 
contexto social” (Foucault, 1993, p. 21). 
 De acordo com o autor, a repressão sexual iniciada no século XVIII, 
reduzindo a sexualidade às relações sexuais para a reprodução, sendo um 
assunto velado. O silêncio imposto pelo puritanismo, que o considerava pecado, 
e a repressão dos que ousavam desobedecer legaram ao sexo a 
clandestinidade, separando o lícito do ilícito e vivenciando-se o paradoxo da 
permissividade para os burgueses, aos quais se permitiam certas práticas em 
locais restritos a isso, explorando-se o corpo como objeto de lucro e intensificado 
a relação entre sexo e poder, assumindo a função técnica de poder e saber. 
Dizendo poder, não quero significar “o poder”, como um conjunto de 
instituições e aparelhos que garantem a sujeição dos cidadãos num 
determinado estado. Também não entendo poder como um modo de 
sujeição que, por oposição à violência, tenha a forma de regra. Enfim, 
não entendo o poder como um sistema geral de dominação exercida 
por um elemento ou grupo sobre o outro e cujos efeitos, por derivações 
sucessivas, atravessem o corpo social inteiro. A análise em termos de 
poder não deve postular, como dados iniciais, a soberania do Estado, a 
forma de lei ou a unidade global de uma dominação; estas são apenas 
e, antes de mais nada, suas formas terminais. Parece-me que se deve 
compreender o poder, primeiro, como a multiplicidade de correlações 
de forças imanentes ao domínio onde se exercem e constitutivas da 
sua organização; o jogo que, através de lutas e afrontamentos 
incessantes as transforma, reforça, inverte; os apoios que tais 
correlações de força encontram umas nas outras, formando cadeias ou 
sistemas ou ao contrário, as defasagens e contradições que as isolam 
entre si; enfim, as estratégias em que se originam e cujo esboço geral 
ou cristalização institucional toma corpo nos aparelhos estatais, na 
formulação da lei, nas hegemonias sociais. (Foucault, 1993 p. 88-89). 
 Em vez de conter o assunto, a repressão do XVIII gerou o interesse sobre 
ele, o silêncio originou diversos discursos, tornando a sexualidade um 
dispositivo, regulando-a por meio da família, da igreja, da escola, e de outras 
instâncias de convivência, utilizando-se para isso de discursos economicamente 
úteis, intentando potencializar o poder do Estado, fortalecendo-o. A ligação entre 
prazer e podertornou o sexo útil ao Estado. A mediação do poder ligadas à 
sexualidade do século XVIII faz emergirem no século XIX as perversões. O sexo 
legado ao casamento e valorizado com base na heterossexualidade, regido 
principalmente nas esferas da família e da igreja ganha espaço biológico, mas 
ainda assim obedecendo à moralidade, sob a égide da igreja, em confissão. 
 Para Foucault, a intenção não era calar o discurso sobre a sexualidade, 
mas controlá-la para conseguir manipular o indivíduo, sendo a história da 
 
 
05 
sexualidadenada mais do que a história do discurso presente nas relações de 
poder. 
Tendo como pano de fundo as mudanças ocorridas nos Séculos I e II, no 
Império Romano, Foucault busca explicitar melhor a “cultura de si” , estudando 
os sonhos com os próprios prazeres, a cultura de si, os outros, o corpo, a mulher 
e os rapazes, busca explicar o processo de subjetivação por meio de textos 
clássicos, médicos e filósofos (Platão e Sócrates). 
 Na análise do autor, os textos clássicos sobre as relações matrimoniais 
demonstram que muito mais do que um relacionamento íntimo, o contrato 
nupcial era um código ético e de conduta, que envolvia a família e sua aparência 
social, sendo também um compromisso com a concepção, atendendo aos 
interesses da comunidade. A mulher estava sujeita ao marido, que deveria 
demonstrar sua capacidade por meio da administração do lar. 
 O tema-chave de interesse do autor nessa obra foi o cuidado de si, tendo 
como momento mais importante o momento em que o indivíduo deixa de ter a 
supervisão de outro, ou seja, neste período histórico, na “idade crit́ica, quando 
se sai das mãos dos pedagogos”, principalmente se tem como interesse a 
“atividade polit́ica”. 
 Ao cuidar de si, o indivíduo deixa de estar sujeito aos castigos e às 
exigência políticas, para isso era preciso a “insistência sobre a atenção que 
convém ter para consigo mesmo” (Foucalt, p. 2009, 46), sendo que: 
[…] essa majoração da austeridade sexual na reflexão moral não toma 
a forma de um estreitamento do código que define os atos proibidos, 
mas a de uma intensificação da relação consigo pela qual o sujeito se 
constitui enquanto sujeito de seus atos (Foucalt, 2009, p. 47). 
 Embora o cuidado de si fosse principal responsabilidade do indivíduo, 
havia médicos e filósofos para auxiliar nesse trabalho, mas para obter a cura, 
era preciso reconhecer a necessidade de auxílio, para “se fazer cuidar” (Foucalt, 
2009, p. 51). 
 Enquanto no reino animal, a atividade sexual faz parte do instinto da 
espécie, para os seres humanos ela vai se manifestar como uma construção 
histórica, com padrões determinados pautados na sociedade em determinado 
contexto histórico. Sendo assim, padrões outrora nem pensados, são hoje 
comuns e aceitáveis, bem como a organização social dos dias atuais, não aceita 
padrões ditados em contextos sociais de outros contextos históricos. 
 
 
06 
 O corpo é o elemento integrador desse determinante social, influenciando 
maneiras diferentes de perceber e vivenciar a sexualidade. 
 Para Kehls (2003, p. 254), tudo que hoje nos parece óbvio, regulado por 
sentimentos de pudor, nojo, vergonha, foi construído socialmente ao longo de 
séculos de um trabalho civilizatório. 
 Assim, a forma como pais e educadores trabalham com a questão da 
sexualidade deve considerar o contexto social no qual estamos inseridos e 
compreender os diversos percursos trilhados. 
TEMA 2 – A INFÂNCIA E A SEXUALIDADE 
 A construção da sexualidade tem início na vida intrauterina e continuará 
conosco na vida toda. Em grande parte, uma vida adulta satisfatória do ponto de 
vista da sexualidade vai depender do desenvolvimento psicológico e sexual 
ocorridos na infância e adolescência. Os medos, os mitos, a falta de informação 
no início de nossa vida, poderão significar traumas e preconceitos na idade 
adulta, que determinarão o modo como nos relacionamos com a sociedade. 
 Dessa forma, é importante que a educação sexual ocorra tanto na escola 
quanto na família, uma não se sobrepondo a outra, mas coexistindo. É 
importante destacar que, quanto mais repressora for a educação e quanto 
menos informação trouxer, mais dificuldades na expressão da curiosidade 
natural da criança vai existir. 
 Não é possível negar a curiosidade na infância, ela se manifesta em 
diferentes contextos sociais. As crianças querem saber sobre as diferenças entre 
meninos e meninas, como nascem as crianças, como se manifesta a 
sexualidade. Tais curiosidades devem ser respondidas pelos adultos, com 
clareza, porém, com palavras adequadas à idade da criança. É importante que a 
criança tenha confiança nos pais, para garantir uma relação equilibrada ente os 
pais e filhos. 
 Embora se compreenda que é muito difícil para pais de crianças 
pequenas, reconhecerem a sexualidade de seus filhos, este é um fator 
importante, já que é ainda quando pequena que a criança vai adquirindo papéis 
sexuais e a identificar-se como homem ou mulher. Durante a infância as 
crianças experimentam seu corpo de formas diferentes e vão desenvolver suas 
próprias percepções acerca da sexualidade, ainda que nunca conversem sobre 
isso com os adultos. 
 
 
07 
 Entre os três e quatro anos é relativamente normal a criança manipular 
seus próprios genitais, embora se considere importante a atenção dos adultos 
para que não se torne um hábito e atrapalhe seu desenvolvimento, porém não 
com atitudes repressoras, mas atenta. Sabe-se que no decorrer do 
desenvolvimento infantil, não só as informações recebidas são importantes, mas 
também o exemplo dos adultos: a forma como expressam carinho entre si, o 
diálogo que estabelecem quanto ao assunto. 
 Entre os cinco e seis anos, a criança vai gradativamente entrando no 
mundo real, sendo assim, já estão familiarizados com as diferenças entre 
meninos e meninas. As formas como os adultos desempenham seus papéis 
feminino ou masculino terá muita influência em como a criança desenvolverá sua 
personalidade e percepção de mundo no que diz respeito à relação de gênero. 
Por exemplo: se uma família tem como valores claros que as meninas devem 
ser meigas, obedientes, mais organizadas e higiênicas que os meninos, é 
possível que no desenvolvimento de sua identidade a criança entenda que não é 
esperado que meninos sejam organizados, obedientes, etc. 
 Dos sete aos nove anos, há uma certa disputa, entre os pais e os amigos 
e o meio no qual a criança convive. Os jogos sexuais entre amigos podem 
acontecer neste período. 
 Nessa etapa de desenvolvimento, os pais buscam comportamentos de 
acordo com a identidade de gênero da criança. É comum, portanto, que pais de 
meninos insistam em brincadeiras masculinas com eles e fiquem frustrados se 
os meninos não correspondem a essa expectativa, por exemplo, não gostando 
de futebol ou de brincadeiras mais violentas. 
 Muitas vezes, tais comportamentos são frutos do exemplo dos pais, da 
forma como eles entendem as relações humanas e do diálogo que eles 
estabelecem com os filhos. 
 De acordo com Maldonado (1993), é importante o contato entre os pais e 
filhos na infância, com gestos físicos de carinho, com diálogo interessado. São 
questões essenciais na descoberta do mundo, possibilitando um 
desenvolvimento não só físico, mas também psicológico e social. 
 Dos dez aos treze anos aproximadamente, inicia-se o desenvolvimento 
físico mais acentuado, abrindo caminho para a puberdade. Nesse período há 
extremo interesse sobre o próprio corpo. Há uma frequência das fantasias 
sexuais, porém com pouco contato físico. É um período que exige bastante 
 
 
08 
atenção, já que o desenvolvimento físico pode desencadear comportamentos 
que afetarão a vida sexual adulta. 
TEMA 3 – A SEXUALIDADE E A ADOLESCÊNCIA 
 A adolescência é um construto da modernidade, assim como a infância, já 
que antigamente somente os adultos eram considerados importantes. De modo 
especial, a adolescência era vivida de forma silenciosa, visto que os canais de 
diálogo entre filhos e pais eram bastante restritos. Contudo, nos dias atuais, é 
uma etapa vivida pela maioria das famílias com as mais diversas configurações. 
 É uma espécie de rito que a criança tem que passarpara chegar na vida 
adulta. 
A adolescência é uma época de crise, questionamentos, de criticidade, 
espera-se sempre uma certa dose de rebeldia e de contestação neste período, o 
que geralmente ocorre. Porém, por outro lado é uma fase de muita angústia e 
culpa, já que muitas vezes o adolescente tem comportamentos diferentes das 
perspectivas dos pais, em especial com relação à sexualidade. 
 De acordo com Suplicy (2000), este conflito entre pais e filhos, dificulta o 
desenvolvimento da sexualidade. 
 Para Zamberlan et al. (2003), quando tratamos da adolescência, 
precisamos compreender dois elementos básicos: o primeiro diz respeitos às 
diferentes experiências dos adolescentes, em um indicativo ao que lhe é 
peculiar, o segundo é que a adolescência tem diferentes formas de expressão. 
Sendo assim a adolescência vai adquirir significado com base em cada contexto 
e sendo um processo psicossocial, “regulará a forma que se expressara por 
suas diferentes peculiaridades, conforme o ambiente social, econômico e cultural 
em que se desenvolva” (Zamberlan et al., 2003, p. 30). 
 Considerando que a crise se manifesta de modo especial na família, não 
é incomum que o adolescente busque apoio em seus pares, é a época que o 
grupo tem um valor muito grande. Ele é um indivíduo ainda sem definição de seu 
papel social, sem independência financeira, porém com desejo de viver a vida 
adulta. É, portanto, uma fase que acarreta uma carga muito grande ao indivíduo, 
que vive em crise pela busca de sua autonomia. 
 Durante os anos da adolescência, segundo Quadros (2009), espera-se 
que algumas tarefas sejam cumpridas, como: a definição de seu papel social e 
sexual, “autodefinindo-se e reconhecendo-se sexual e socialmente”. Esse 
 
 
09 
processo tem pouca ou nenhuma ajuda, já que é o próprio adolescente quem 
busca suas respostas e se quando criança era claro o que se esperava dele, na 
adolescência, muitas vezes só tem clareza do que não ser. 
 De acordo com Muller (1988), o adolescente vive uma série de lutos, que 
na maioria das vezes é bastante dolorido, como: a perda do corpo da infância, 
perda da identidade de criança e a perda da relação infantil com os pais. Isso 
pode ser especialmente doloroso se os pais deixarem de demonstrar afeto 
(porque já está crescido) e criticarem o novo indivíduo que se apresenta. Essa 
situação pode gerar uma angústia que trará como consequência, um sentimento 
de falta de pertença, de despersonalização. Em contrapartida, pode gerar 
fantasias de onipotência e imortalidade, o que pode ser bastante danoso do 
ponto de vista da integridade física. 
 De certa forma, os pais vivem os mesmos lutos, já que despedem-se do 
corpo infantil do filho e veem-se obrigados a aceitar a nova identidade que se 
apresenta. Por outro lado, as relações também se modificam, sendo mais 
horizontais, à medida que a liderança diminui. 
 Nesse período, a sexualidade é percebida e as primeiras experiências 
físicas acontecem, como um rito de iniciação. Os relacionamentos amorosos 
começam a acontecer, embora tenham caráter efêmero, já que é uma fase 
anterior à fase de namoro. Por outro lado, uma emergência de relacionamentos 
amorosos impõe a busca pela primeira experiência sexual e a perda da 
virgindade. Sendo que, segundo Altemann (2007), a busca é por uma 
experiência sexual em um relacionamento escolhido, o que confirmaria a 
capacidade do indivíduo de relacionar-se. 
 A vulnerabilidade dessa fase de desenvolvimento pode ser mais 
fortemente sentida quanto menos se estabelecer o diálogo e a informação, o que 
pode acarretar outras crises na adolescência, como: a gravidez precoce e o uso 
de drogas. 
 Sendo assim, é relevante o acompanhamento de pais e professores, 
garantindo que a adolescência seja uma fase de mudanças, porém, que não 
acarrete marcas expressivas e impagáveis na vida adulta. 
Quanto à gravidez precoce, é possível dizer que pode ocorrer por falta de 
informação e pelo turbulento desenvolvimento dos aspectos emocionais, mas 
sejam quais fatores estejam envolvidos, é inegável que ela trará consequências 
irreversíveis para os adolescentes que sentirão a necessidade de tornarem-se 
adultos repentinamente, para tomar decisões e cuidar de uma outra pessoa. 
 
 
010 
Nesse sentido, as pessoas com deficiência tornam-se ainda mais 
vulneráveis, muitas vezes, por falta de informação adequada. Os adolescentes 
com deficiência são muitas vezes categorizados entre a assexualidade e a 
hiperssexualidade, porém, é preciso compreender que não podemos rotulá-los 
dessa forma, já que tais comportamentos são na verdade a falta de informação e 
orientação desses indivíduos. 
TEMA 4 – A SEXUALIDADE E A EDUCAÇÃO 
 Considerando que a sexualidade é uma construção social, é preciso 
perceber também que é um processo que se dá ao longo da vida, devendo ser 
acompanhado desde os primeiros anos da infância. 
 Inicialmente, as manifestações da sexualidade se manifestam pelas 
curiosidades infantis. A forma como os adultos dão respostas a essas 
curiosidades vão constituindo nossa concepção acerca da sexualidade. 
 Importante notar que não só os adultos darão respostas à curiosidade 
infantil, mas também os companheiros de escola e amigos do meio no qual vive 
a criança. 
 Não é incomum na nossa cultura, que nossa representação da 
sexualidade seja formada com base em medos, culpas, falta de esclarecimentos, 
gerando desconforto quanto à discussão do tema, o que faz muitos adultos 
evitarem a discussão da sexualidade com as crianças. 
 Dessa forma, a escola desempenha um importante papel na formação de 
conceitos sobre a sexualidade humana. Para Gambale et al (2007), o 
desenvolvimento do trabalho sobre sexualidade deve ser planejado com base na 
realidade do aluno e sistematizado de acordo com o Projeto Político Pedagógico, 
nesse caso envolvendo professores, gestores e pais em uma forma de ensino 
que não seja carregado de tabus e medos. 
 É importante ter claro que não se trata de discutir questões íntimas, mas 
sim oferecer informações adequadas que possam levar ao conhecimento sobre 
a temática, sendo fundamental uma condução correta na organização desse 
ensino para o desenvolvimento integral do aluno. 
 De modo especial, quanto aos alunos da Educação Infantil e Anos Iniciais 
do Ensino Fundamental, o educador precisa estar despido de preconceitos e 
aberto às curiosidades dos alunos, respondendo aos questionamentos 
adequadamente (Silva, 2007). 
 
 
011 
 A escola precisa estar alicerçada sobre uma abordagem plural acerca da 
sexualidade, ou seja, compreender que diferentes concepções podem coexistir, 
bem como a sexualidade das pessoas com deficiência. Nessa perspectiva, a 
educação oferecida pela família não pode ser desconsiderada ou combatida, 
mas respeitada. A construção do conhecimento se dará também pela informação 
de diferentes formas de pensamento. 
 Assim, a sexualidade deixa de ser apenas um conteúdo a mais para ser 
trabalhado, mas um tema de reflexão de todos, compreendendo então que a 
escola esteja organizada para garantir contato com material cientificamente 
elaborado, bem como para a promoção de debates sobre a temática. 
 É importante ter claro que, para que o professor realize tal trabalho, 
importa estar alicerçado em sólidas bases de formação, para que ele próprio 
seja formado como sujeito integral. 
 De acordo com Freire (1997), o professor precisa ter permanentemente 
uma atitude de reflexão crítica, não apenas sobre sua prática cotidiana, mas 
também sobre o mundo que o cerca. O autor aponta a necessidade de o 
professor assumir-se como produtor de sua prática, por meio do conhecimento 
que acumulaao longo de sua formação. Nesse sentido, a formação continuada 
possibilitará constante reavaliação de seus conceitos elaborados, bem como das 
necessidades do contexto social em que vive. 
 Concorda-se com Tardif (2010, p.16), quando o mesmo afirma que: 
Os saberes do professor são uma realidade social 
materializada através de uma formação, de programas, 
práticas coletivas, disciplinas escolares, de uma 
pedagogia institucionalizada, etc., e são também, ao 
mesmo tempo, os saberes dele. 
 Assim, o professor não pode perder de vista a realidade social na qual 
está inserido, que deve estar expressa no Projeto Político Pedagógico, bem 
como não pode deixar de refletir sempre sobre a sua prática, reelaborando seu 
conhecimento. 
TEMA 5 – SEXO, SEXUALIDADE E IDENTIDADE 
 Compreende-se que a sexualidade humana não pode ser pensada 
isoladamente, mas como parte de um processo contínuo que tem início na 
concepção e percorre toda a vida. Nesse percurso, o indivíduo recebe influência 
de vários fatores, como: biológico, psicológico, social e cultural. 
 
 
012 
 Enquanto o sexo do indivíduo é determinado biologicamente no momento 
da fecundação, a sexualidade é construída com base no contexto social e 
cultural no qual o indivíduo está inserido. Nesse sentido, o significado que cada 
indivíduo irá atribuir as suas interações vai enfatizar aquilo que a pessoa 
compreende por masculinidade e feminilidade e suas expressões. 
 Do ponto de vista biológico, pode-se dizer que os cromossomos 
organizam a atividade celular e determinam as características hereditárias do 
indivíduo. Dessa forma, as características biológicas definem o sexo do 
indivíduo, mas não a sua sexualidade, que é construída firmada no contexto 
cultural e social no qual o indivíduo vive. 
 O corpo e o movimento que ele realiza dizem respeito a quem somos. É 
possível afirmar que no contexto dos aspectos biológicos, as pessoas realizam 
movimentos muito parecidos (correr, andar, dançar), porém, somente os 
movimentos que têm significado social para o indivíduo serão realizados de 
forma particular. Ou seja, expressamos quem somos e qual o domínio 
exercemos na sociedade em que vivemos. 
De acordo com Ravagni (1988, p. 29), 
[...] o corpo na sociedade de consumo é o meio 
através do qual a própria sociedade olha-se, 
experimenta-se, atua, criando laços de domínio 
ou de dependência na apresentação sistemática 
de normas. 
 Dessa forma, a sexualidade organiza-se pelos mesmos padrões que se 
organizam os corpos, identificando o indivíduo e construindo suas identidades. 
 Para Freud (1948), o corpo é um lugar de manifestações sexuais, 
ordenados em torno de orifícios do corpo, sejam eles, anal, oral e genital. Dessa 
forma, o indivíduo reafirma sua identidade, de acordo com a sensibilidade e 
imagem de seu corpo. 
 As interações com as outras pessoas, por meio do corpo, reafirma o ser 
humano sexuado, de acordo com seus próprios interesses e identidade. 
 Assim, a sexualidade humana e a identidade são partes de um todo que 
não é possível dividir, e a experiência do corpo é o elemento articulador nesse 
processo, sem o qual a vivência da masculinidade e da feminilidade não poderia 
ocorrer. 
 Há que se reconhecer, porém, que construir a identidade e assumir a 
sexualidade não é tarefa fácil para o indivíduo, ao contrário, representa um dos 
pontos nevrálgicos, especialmente na fase da adolescência. 
 
 
013 
 
Saiba mais 
Para saber mais sobre esse assunto, seguem referências de leituras 
básicas dessa disciplina: 
ALTMANN, H. Educação sexual e primeira relação sexual: entre expectativas 
e prescrições. Estudos feministas – Unicamp. Campinas, 2007. 
CARVALHO, M. P. de. Avaliação escolar, gênero e raça [livro eletrônico]. 
Campinas: Papirus, 2013. 
LIPP, M. E. N. (Org.). O adolescente e seus dilemas: orientação para pais e 
educadores. Campinas: Papirus, 2014. 
SILVA, M. C. P. da (Org.). Sexualidade começa na infância. São Paulo: Casa 
do Psicólogo, 2010. 
Indicações de leituras complementares: 
ALVES, R. E aí?: Cartas dos adolescentes a seus pais. Campinas: Papirus, 
2013. 
FACION, J. R. Inclusão escolar e suas implicações [livro eletrônico]. Curitiba: 
InterSaberes, 2012. 
MEIHY, J. C. S. B. Prostituição à brasileira: cinco histórias. São Paulo: Contexto, 
2015. 
FINALIZANDO 
 Compreende-se que, embora o sexo seja determinado no momento da 
fecundação, a sexualidade é um construto histórico e social, que se desenvolve 
com base no contexto vivenciado e pelas interações sociais que o indivíduo 
estabelece. Dessa forma, pais e professores exercem um relevante papel, na 
medida em que medeiam o desenvolvimento da criança e do adolescente, ao 
mesmo tempo em que servem de espelho para eles. 
 Se a sexualidade humana não estiver alicerçada em bases consistentes 
na infância e adolescência, o adulto não terá uma vida saudável, do ponto de 
vista da sexualidade, o que acarretará problemas em toda sua constituição de 
sujeito. É preciso que pais e professores estejam despidos de preconceitos, 
mitos e medos, para que o diálogo seja estabelecido e a sexualidade possa ser 
vivida na sua plenitude. 
 
 
014 
Importa destacar que o corpo exerce um papel articulador, na medida em que 
reforça a identidade do indivíduo, bem como demonstra o poder e a liderança 
que a pessoa exerce sobre o meio no qual está inserida. 
 
 
 
 
015 
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