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CIÊNCIAS CONTÁBEIS CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAZONAS - CIESA APOSTILA SIMPLIFICADA Teoria da Contabilidade Prof.Valbertone C. de Araújo Edição especial para distribuição gratuita pela Internet, com autorização do Autor. Teoria da Contabilidade 2 INTRODUÇÃO Inicio apresentado a vocês algumas razões para gostarem do campo de atuação da contabilidade e o nosso posicionamento e conhecimento sobre a forma tradicional de como conduzir o assunto. Qualquer entidade deverá zelar pela manutenção e crescimento do seu patrimônio e o nosso objetivo será, de maneira bastante simplória, levar os conhecimentos básicos de que maneira deveremos cuidar da saúde das pessoas jurídicas que estaremos acompanhando durante as nossas atividades profissionais. As empresas (entidades) são criadas, de maneira geral, com objetivo de gerarem lucros advindos de suas atividades a nível suficiente para remunerar o capital empregado. Com o advento da Internet e o avanço tecnológico requer que os profissionais financeiros, executivos e empreendedores passem por um reaprendizado sobre controle do patrimônio. Nada mais certo do que começarmos nosso estudo pela identificação das Noções Preliminares da contabilidade e lentamente nos aprofundarmos nos conhecimentos que norteiam está Ciência Social que escolhemos como opção de atuação profissional para nossas vidas. Prof. Valbertone C. de Araújo 3 1 A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE Tão antiga quanto a própria história da civilização é a história da contabilidade. O homem pré-histórico, inicialmente, foi um animal que, como os demais, lutou pela sobrevivência, buscando na natureza os meios primitivos de manter a vida através da caça. O segundo estágio em busca da sobrevivência foi a preocupação com agricultura e em seguida com a atividade pastoril criando condições próprias para a sobrevivência surgindo divisões e o senso de propriedade. No final de sua existência, ao morrer, o legado ficava a disposição dos herdeiros ou mais próximos, denominado pelos antigos como patrimonium, termo romano (latim) que representava a herança do pai, que posteriormente ficou denominado como patrimônio. A nomenclatura passou a ser utilizada para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados. Historicamente as primeiras cidades comerciais eram dos fenícios, mas a prática do comércio não era exclusiva dos mesmos, sendo exercida nas principais cidades da Antiguidade. O início da Contabilidade está ligada a necessidade de registros do comércio. Data do ano 2000 a.C., documentos elaborados por um escriba egípcio relatando (contabilizando) os negócios efetuados pelo governo de seu país. Era comum as trocas de bens e serviços serem seguidas de relatórios simples sobre o fato. Na antiga Babilônia podemos já existiam critérios de arrecadação de tributos já era praticada, através de escritas, de maneira muito primária. Teoria da Contabilidade 4 A preocupação com o futuro que levou o homem as primeiras anotações a fim de que pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, produção, comercialização e etc. Não havia, naquele tempo, o crédito (evidentemente inexistência de débito), ou seja, as compras, vendas e trocas eram à vista. Com o decorrer do tempo surgiram os primeiros controles sobre dívidas e liquidações. Com o surgimento, no Egito antigo, do papiro (papel) e do cálamo (pena de escrever), facilitou enormemente o registro sobre negócios. Com o crescimento da atividade comercial, por serem de difícil memorização, o homem sentiu a necessidade de registros, com a finalidade de memorização das suas atividades e conhecimento de seus haveres e deveres com o objetivo de aumentar suas posses. Com as operações econômicas se tornando a dia-a-dia mais complexas, houve e necessidade de maior refino de seu controle. Na República Romana (200 a.C.), nas escritas governamentais já existiam receitas de caixa ordenadas em rendas e lucros, e as despesas contemplando os itens perdas, salários e diversões. No período medieval, foram introduzidas diversas inovações nos controles por governos e pela igreja, mas foi na Itália que surgiu o termo Contabilitá. 1.1 Evolução da Ciência Contábil CONTABILIDADE DO MUNDO ANTIGO - inicia com as primeiras civilizações e vai até 1202 da Era Cristã, quando apareceu o Liber Abaci , da autoria Leonardo Fibonaci, o Pisano. Prof. Valbertone C. de Araújo 5 CONTABILIDADE DO MUNDO MEDIEVAL - período que vai de 1202 da Era Cristã até 1494. Com o surgimento do Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca Paciolo, data de publicação 1494, enfatizando que à teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos, obra que colaborou muito para que a contabilidade fosse inserida entre os ramos do conhecimento humano. CONTABILIDADE DO MUNDO MODERNO - período que vai de 1494 até 1840, com o aparecimento da Obra "La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private e Pubbliche" , da autoria de Franscesco Villa, sendo premiada pelo governo da Áustria. Sendo na história da Contabilidade uma obra importantíssima. CONTABILIDADE DO MUNDO CIENTÍFICO - período que se inicia em 1840 e se perpetua até os dias de hoje. 1.2 Perspectiva da Contabilidade e da Profissão Contábil no Brasil As características básicas para um profissional da contabilidade são: gostar de cálculos matemáticos, ser organizado, ser ético, gostar e ter o hábito da leitura, atenção a detalhes, ter visão futurista, ter planejamento de trabalho definido, postura crítica, segurança diante de problemas e ser flexível. De acordo com pesquisa realizada, verificamos como MARION, José Carlos, professor doutor e autor da obra “Introdução à Teoria da Contabilidade”, classifica as atribuições do profissional de contabilidade: Teoria da Contabilidade 6 na empresa: planejador tributário, analista financeiro, contador geral, cargos administrativos, auditor interno, contador de custo, contador gerencial e atuário. independente (autônomo): auditor Independente, consultor, contador (propriamente dito,inclusive, defendendo o cliente na fase administrativa de algum processo de imposição fiscal de multas ou penalidades), empresário contábil, perito contábil e investigador de fraude . no ensino: professor, pesquisador, escritor e conferencista. no órgão público: contador público, agente fiscal de rendas, apresenta pré-requisitos para participar de diversos concursos públicos controlador de arrecadação, contador do Ministério Público da União, fiscal do Ministério do Trabalho, Banco Central do Brasil, analista de finanças e controles, outros tribunal de contas e oficial contador. O mesmo autor tece alguns comentários de muita importância reflexiva para todos que pretendam bacharelar-se em contabilidade e atuar neste nicho de mercado de opções que estão à disposição do Contador: Prof. Valbertone C. de Araújo 7 “Não basta apenas ter um diploma. É preciso conhecer informática, dominar outro idioma, sercriativo, saber trabalhar em equipe, ter equilíbrio emocional, aprender a liderar, ter boa comu- nicação, pensar em pós-graduação, e ler muito”. “As pessoas que sonham com o impossível são as únicas que têm chance de alcançá-lo.” “Os estudantes e profissionais que estão investindo em contabilidade podem sonhar alto, aumen- tar sua auto-estima, pois escolheram uma das melhores ou, quem sabe, a melhor profissão da vi- rada do milênio." Alguns outras observações do Prof. Dr. Jose Carlos Marion: Valorize a profissão: é a única com desemprego zero; tem 23 áreas de especialização diferentes; o mercado não tem “preconceitos” de idade para esta profissão (as pessoas acima dos 40 anos conseguem trabalho). Os professores de contabilidade normalmente são profissionais bem sucedidos. Aproveite a máximo deles, pergunte, busque conselhos. Dedique-se o máximo no seu curso. Se você for usar o professor como consultor depois do curso, isto vai lhe custar caro, em média US$ 100,00 por hora. Busque conhecimento paralelo ao seu curso: marketing contábil (como ter sua marca); conheça pelo menos mais de uma língua (de preferência inglês); seja bom na área de informática (domine Internet, softwares contábeis, planilhas eletrônicas, bancos de dados...). Seja um pesquisador por excelência. Não aceite apenas receber tudo “mastigado” do professor. Lá na empresa não haverá mais professor e você terá que buscar, descobrir conhecimento. Faça da sua escola um laboratório. Há áreas de conhecimento que serão decisivas, além da contabilidade, no seu sucesso profissional: métodos quantitativos (matemática e estatística), disciplina afins (administração e economia), legislação (direito) etc...; Aprenda a ser desinibido, a falar bem: participe dos seminários (o contador é a pessoa que mais fala para induzir às decisões certas na empresa), manifeste opinião na sala de aula, leia um jornal diariamente e revistas de negócios. Fique atento aos professores que se expressam bem. Use dicionário várias vezes na semana. Teoria da Contabilidade 8 O mercado não vê com bons olhos o “clínico geral” (o que sabe de tudo um pouco). Procure se especializar, concentrar esforços em uma atividade contábil que você tem mais dons (durante o curso estes dons serão despertados): auditoria (interna e externa), perito contábil, contador de custos, controller, planejador tributário, atuário, carreira acadêmica, concurso público, consultor, investigador de fraudes, empresário contábil, analista (financeiro, de crédito, de investimento), pesquisador contábil, escritor contábil etc. ABC DA CONTABILIDADE A Ativo: Bens e Direitos Metodologia M B Balanço Normas N C Custos Obrigações: Passivo O D Despesas – Deveres Patrimônio P E Entidade – Empresa Quota Q F Fatos Receita: Bruta / Líquida R G Gastos Saldo S H Haveres: Existências Transação T I Investimentos Uniformidade U J Juros: Ativos / Passivos Veracidade V L Lucro: Bruto / Líquido Zelo Z Figura 1 Fonte: Elaborada pelo autor. Prof. Valbertone C. de Araújo 9 2 CAMPO DE ATUAÇÃO DA CONTABILIDADE A contabilidade como ciência, possui como objeto de estudo o patrimônio e como objetivo, estudar, registrar, controlar e divulgar os fatos que afetam o patrimônio das entidades e também auxiliar no planejamento. É atingida a finalidade contábil através do registro, ou seja a escrituração, elaboração de demonstrações além da análise e interpretação dos fatos que ocorreram em uma entidade afetando o seu patrimônio, com a finalidade de fornecer informações sobre sua composição e as possíveis variações além de apurar o resultado obtido durante um determinado período. A contabilidade estuda e controla o Patrimônio das entidades com fins lucrativos ou não, através de registros dos fenômenos econômicos e financeiros que alteram seu patrimônio. A contabilidade é utilizada tanto para as pessoas físicas como para as pessoas jurídicas. O campo de atuação e o objeto da Contabilidade são em ordem: a entidade e o patrimônio. 2.1 Finalidades da Informação Contábil Podemos afirmar que as principais finalidades da informação concentram-se em duas que são fundamentais: Informações com Finalidade de Controle e Informações com finalidade de Planejamento CONTROLE - podemos entender como um processo pelo qual a alta administração se certifica que a organização está se comportando em conformidade com as políticas traçadas pelos investidores. Podemos afirmar que esta é uma concepção bem ampla de controle. A informação contábil será útil ao processo de controle sob os seguintes aspectos: Teoria da Contabilidade 10 a) Como objeto de comunicação – Os relatórios oriundos da contabilidade poderão ser de grande valia, ao informar a organização sobre os planos e políticas da alta administração e, de maneira geral, o posicionamento que a administração deseja tomar sobre a organização b) Como objeto motivacional – Excluindo as empresas individuais, onde compete ao administrador executar o serviço, não será competência do(s) administrador(es), fazer o serviço ou fabricar o produto e sim verificar se os serviços e produtos estão sendo elaborados por colaboradores que estarão a serviço da organização, sendo os responsáveis inclusive pela contratação de um quadro de pessoas competentes para atingirem as metas estabelecidas. As informações contábeis, certamente auxiliarão, se bem utilizadas, como fator motivacional e por outro lado se utilizadas de maneira incorreta poderão contribuir negativamente. c) Como objeto de verificação – A administração necessita periodicamente analisar o desempenho e a qualidade dos serviços e produtos elaborados pelos colaboradores. A analise de desempenho poderá resultar em ações corretivas, em promoções e reajustes salariais a favor dos colaboradores, ou, em casos de força maior em demissões. Certamente a informação contábil estará auxiliando neste processo de avaliação, embora nem sempre o desempenho humano possa ser medido através de informações contidas em registros contábeis. PLANEJAMENTO – é o estabelecimento de processo decisório, definindo ações a serem tomadas a curto, médio e longo prazo. Tais ações decisórias entre várias alternativas devem ser consideradas as prioritárias podendo atingir parte da empresa ou mesmo a empresa como um todo. Normalmente para tomadas de decisão as informações contábeis são de muita importância, pois quando bem elaborada a contabilidade informa o fiel estado da entidade em um determinado momento e as variações ocorridas durante um intervalo de tempo que servirão como um dos pontos favoráveis para elaboração de um plano de ação. Prof. Valbertone C. de Araújo 11 2.2 Especializações Contábeis e Funções Contábeis Típicas. Entre as providências preliminares para se colocar em funcionamento o sistema organizacional de qualquer entidade será necessário o planejamento geral do setor de contabilidade. O contador deverá estudar a natureza da entidade, constatando os tipos de transações prováveis que ocorrerão e planejar a maneira como tais transações deverão ser escrituradas, sintetizadas e evidenciadas. Deverá o responsável pelo setor de contabilidade, o contador, elaborar um plano de contas, atendendo a estrutura da empresa e elaborando um manual de utilização do mesmo. Por outrolado, caberá também ao contador definir o processo de escrituração a ser adotado pela entidade. A escrituração contábil se torna de certa forma rotineira, quando a contabilidade é bem planejada, podendo ser terceirizada, de responsabilidade de um escritório de contabilidade. Em qualquer empresa surgem a cada momento situações que somente poderão ser esclarecidas por profissionais qualificados. Às vezes, são problemas de interpretação e classificação de novos fatos ou operações não previstas inicialmente. Em outras ocasiões, verifica-se a necessidade de modificação do plano de contas, ou processo de escrituração, ou ainda sistema de apuração de dados para uma melhor qualidade, o mesmo rapidez, na qualidade das informações. Teoria da Contabilidade 12 Elaboração e Interpretação de Relatórios, tais como Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultados, Fluxo de Caixa, Demonstrações de Origens e Aplicações de Resultados, Balancetes de Verificação e muitos outros, são o resultado final do processo de escrituração. Todo trabalho de natureza contábil numa entidade exigirá do profissional de contabilidade, o Contador, uma especialização neste ou naquele ramo, Exemplo: Contabilidade Comercial; Contabilidade Pública; Contabilidade Bancária; Contabilidade de Custos; Contabilidade Industrial, etc... Entre outros ramos da contabilidade. Importante lembrar que todas as ramificações da contabilidade surgem da Contabilidade Geral que é a “mãe” de todas. RAMO DA CONTABILIDADE Contabilidade Comercial Contabilidade Industrial Contabilidade Pública Contabilidade Bancária Contabilidade Agrícola Contabilidade de Custos ATIVIDADE Comercial Industrial Pública Bancária Agrícola de Custos EEEssspppeeeccciiiaaallliiizzzaaaçççõõõeeesss DDDiiivvveeerrrsssooosss: Figura 2 Fonte: Elaborada pelo autor. Prof. Valbertone C. de Araújo 13 Dentre as ramificações ou detalhamentos da contabilidade, podemos destacar como relevantes: Financeira e Contabilidade de Custos, esta praticada pelo Contador de Custos; Auditoria, podendo a mesma ser interna ou externa; Análise e Interpretação de Demonstrações Financeiras, exercida por Analistas com formação básica em Contabilidade; Sistemas e Métodos, onde atuam Contadores com alto nível de especialização; Controladoria, cargo de alta especialização a ser atingido por um Contador dentro de uma empresa, ligado a alta administração e responsável pela supervisão da Contabilidade Financeira, Contabilidade de Custos, Auditoria Interna, Contabilidade Fiscal, etc, reportando-se diretamente com altos mandatários da empresa, tais como, Gerentes, Diretores e até mesmo com Acionistas em alguns casos; Perícia Contábil, com a participação de Contadores com elevado nível técnico e conhecimentos jurídicos. Preliminarmente daremos maior ênfase à Contabilidade Financeira, responsável pelos mecanismos básicos de acumulação de dados, registros e relatórios dentro das empresas. É importante lembrar, também, que Contadores devidamente habilitados, com Registro no CRC, podem exercer atividades periciais, judiciais ou extrajudiciais, trabalhos de Consultoria e Auditoria. 2.3 Mercado de Trabalho Podemos afirmar, que o mercado de trabalho, hoje no Brasil, é sem dúvida alguma um dos mais promissores para Contadores de alto nível. É sem dúvida, um dos melhores e mais remunerados entre os profissionais liberais. Uma das razões é a obrigatoriedade das empresas em manterem os registros contábeis atualizados para atender as exigências internas e externas. Esse papel traz, além de capacitação técnica do Contador, alta dose de prudência, ética, de zelo e seriedade em suas atitudes. Teoria da Contabilidade 14 2.4 Limitações do Método Contábil É importante lembrar algumas limitações do método contábil. A Contabilidade não pode nem deve ser entendida como um fim em si mesma. Não podemos afirmar que as informações advindas da Contabilidade só terão utilidade desde que atendam as necessidades da administração e de outros interessados, e não apenas às necessidades do Contador. Muitos relatórios contábeis ainda são elaborados sem muita utilidade para a organização. O Contador deverá ter o cuidado de efetuar os registros dos eventos mensuráveis. Ainda encontramos Contadores inescrupulosos no que diz respeito a princípios, a procedimentos de avaliação e utilização de terminologias apropriadas. O resultado de tais limitações, podemos verificar nos relatórios, que certamente não irão refletir uma “imagem clara” da entidade em determinado momento. 2.5 Horizontes para a Contabilidade À medida que a evolução na formação profissional do Contador for enriquecida; à medida que os órgãos representantes de classe se preocuparem com a valorização do profissional de contabilidade, certamente os horizontes da Contabilidade serão os mais amplos e promissores. A graduação é o início de um processo que no dia-a-dia deverá sofrer melhoria contínua. Cada dia é uma nova oportunidade de aprender e colocar em prática os ensinamentos adquiridos. Lamentavelmente ainda encontramos profissionais muito voltados para si mesmos, esquecendo que o fortalecimento da classe é iniciado pela união dos que a compõem. Prof. Valbertone C. de Araújo 15 2.6 O Patrimônio A palavra PATRIMONIO tem origem latina “patrimonium”, inicialmente tendo como tradução a herança recebida do pai. O conceito inicial evoluiu e hoje entendemos como Patrimônio o conjunto de Bens, Direitos e Obrigações de uma pessoa, correspondendo, portanto, ao seu Patrimônio. 2.6.1 - Bens, direitos e obrigações. Os bens de sua propriedade e os valores a receber de terceiros, bem como outros direitos de uma pessoa representam os elementos positivos do patrimônio, os seus ativos. Os valores provenientes de dívidas assumidas com terceiros e que serão devolvidos através de entrega de ativos ou com surgimento de receitas, são elementos negativos do patrimônio, constituem o passivo. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÔNIO BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES BENS Dinheiro Estoques Ferramentas Aluguéis a Pagar Imóveis Contas a Pagar Máquinas Dividendos a Pagar Marcas e Patentes Empréstimos Móveis e Utensílios Encargos Sociais a Recolher Obras de Arte Financiamentos a pagar Veículos Fornecedores Impostos a Recolher DIREITOS Promissórias a Pagar Prvisão de 13º Salário Aluguéis a Receber Prvisão de Fédias Depósitos Bancários Salários a Pagar Duplicatas a Receber Títulos a pagar Empréstimos a Sócios Impostos a Recuperar Investimentos Bancários Títulos a Receber Figura 2 Fonte: Elaborada pelo autor. Teoria da Contabilidade 16 ESTÁTICA PATRIMONIAL O Balanço patrimonial é uma das principais demonstrações contábeis, por meio da qual podemos apurar situação patrimonial-financeira de uma entidade em determinado momento. Serão evidenciadas, com bastante clareza, o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido da entidade. “ALPHA S.A.” Balanço Patrimonial em 31-01-20.. ATIVO Passivo e Patrimônio Líquido PASSIVO Caixa1.000 Títulos a Pagar 3.500 Bancos 800 Obrigações a Pagar 1.800 5.300 Títulos a Receber 3.000 Terrenos 1.700 PATRIMÔNIO Líquido Veículos 500 Capital 4.000 Materiais 3.000 Reservas 700 4.700 T O T A L 10.000 T O T A L 10.000 ATIVO Todos os elementos do Ativo estarão discriminados do lado esquerdo do Balanço Patrimonial e serão representados por Bens e Direitos, como por exemplo: Caixa e Bancos (valores que representam disponibilidades financeiras imediatas ), Títulos a Receber, Clientes ou Duplicatas a Receber representando valores advindos empréstimos realizados a terceiros ou Vendas efetuadas com vencimento futuro. Encontramos ainda os valores registrados de bens da empresa tais como: Mercadorias, Terrenos, Imóveis, Veículos, Equipamentos e outros. É oportuno lembrar que todas as contas com os termos complementares: a receber, a apropriar, a compensar, pagas antecipadamente certamente terão grande possibilidade de serem classificadas como de direitos, portanto serão do Ativo. Depreciação Acumulada de..., Amortização Acumu- lada de... e Exaustão Acumulada de... são contas Redutoras do Ativo. Prof. Valbertone C. de Araújo 17 PASSIVO O Passivo compreende todas as obrigações a pagar da entidade assumidas com terceiros, pessoas Jurídicas ou Físicas (Capitais de Terceiros). Os elementos estarão representados do lado Direito da demonstração denominada Balanço Patrimonial. Entre outros grupos do Passivo, podemos citar: Títulos a Pagar, Contas a Pagar, Fornecedores, Salários a Pagar, Tributos a Pagar, Hipotecas a Pagar. Contas com a complementação em suas nomenclaturas: a Pagar ou a Recolher indicam obrigações, portanto serão contas do Passivo. PATRIMÔNIO LÍQUIDO O Patrimônio Líquido terá o seu valor apurado pela diferença entre o Total do Ativo menos o Total do Passivo. (Bens e Direitos – Obrigações). Todos os elementos componentes do Patrimônio Líquido estarão discriminados do lado direito do Balanço Patrimonial. Contas que tiverem em sua nomenclatura o termo Reserva(s) certamente deverão ser classificadas no Patrimônio Líquido. Tomando-se como base o Balanço Patrimonial da empresa “ALPHA S.A.” exemplificaremos abaixo: Total do ativo da entidade . .. . . . . . . . . . . . . . 10.000$ Valor Total do Passivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.300$ Patriônio Liquido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.700$ AS FONTES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Podemos afirmar que as origens de recursos classificados no Patrimônio Líquido são de fatos que nasceram dentro da própria entidade: Teoria da Contabilidade 18 o INVESTIMENTOS – Efetuados pelos Investidores (proprietários) em troca de Ações, quotas ou outras participações; o RESERVAS – Valores oriundos dos resultados obtidos pela entidade Lucros ou Prejuízos, provenientes dos resultados operacionais da entidade (são recursos próprios oriundos das atividades operacionais do empre- endimento). EXERCÍCIO E SOLUÇÕES EXERCÍCIO Nº 01 Conforme as transações, informadas a seguir, de maneira cronológica, elaborar um Balanço Patrimonial da empresa COMERCIAL MANAUARA S.A., após cada operação (em R$ mil). DATA FATOS OCORRIDOS VALOR 02/01/20X1 Investimento inicial de Integralização de Capital, em dinheiro. 15.000R$ 03/01/20X1 Aquisição de um Imóvel da Cia Beta S.A. com Pagto. de R$ 2.000 e saldo a prazo 5.500R$ 05/01/20X1 Compra a vista de Veículo Cia. VCA Ltda. Pagamento efetuado pelo Caixa. 1.000R$ 07/01/20X1 Aquisição de Equipamentos Industriais (máquinas) da Cia. Brasil Ltda com vencimento para 30 e 60 d.d.d. 3.000R$ 10/01/20X1 Pagamento efetuado por Caixa referente Aquisição de Instalações para a empresa. 1.500R$ 14/01/20X1 Empréstimo realizado junto ao Bco. Do Brasil S.A, venc. Em 31/03/20X1 Cred. em Conta 15.000R$ 20/01/20X1 Pagamento saldo do Imóvel adquirido em 03/01/20X1 3.500R$ 22/01/20X1 Integralização de Capital efetuada pelos sócios com depósito efetuado no Bco. do Brasil S.A. 7.000R$ 25/01/20X1 Compra a vista de Mercadorias Para Revenda com Pagto. Pelo CH. Nº 001 Bco. do Brasil S.A. 10.000R$ 01 02 03 04 05 06 07 08 09 Prof. Valbertone C. de Araújo 19 COMERCIAL MANAUARA S.A Balanço Patrimonial em 02/01/20X1 Ativo Passivo + Patrimônio Líquido ATIVO PATRIMONIO LÍQUIDO Caixa 15.000R$ Capital 15.000R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 15.000R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 15.000R$ COMERCIAL MANAUARA S.A Balanço Patrimonial em 03/01/20X1 COMERCIAL MANAUARA S.A Balanço Patrimonial em 05/01/20X1 Ativo Passivo + Patrimônio Líquido ATIVO PASSIVO Cia Beta S.A. 3.500R$ Caixa 13.000R$ PATRIMONIO LÍQUIDO Imóvel 5.500R$ Capital 15.000R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 18.500R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 18.500R$ 01 02 03 Ativo Passivo + Patrimônio Líquido ATIVO PASSIVO Caixa 12.000R$ Cia Beta S.A. 3.500R$ Imóvel 5.500R$ PATRIMONIO LÍQUIDO Veículos 1.000R$ Capital 15.000R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 18.500R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 18.500R$ Teoria da Contabilidade 20 COMERCIAL MANAUARA S.A Balanço Patrimonial em 07/01/20X1 Ativo Passivo + Patrimônio Líquido ATIVO PASSIVO Caixa 12.000R$ Cia Beta S.A. 3.500R$ Imóvel 5.500R$ Cia Brasil Ltda. 3.000R$ Veículos 1.000R$ Equipamentos Industriais 3.000R$ PATRIMONIO LÍQUIDO Capital 15.000R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 21.500R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 21.500R$ COMERCIAL MANAUARA S.A Balanço Patrimonial em 10/01/20X1 COMERCIAL MANAUARA S.A Balanço Patrimonial em 14/01/20X1 04 05 06 Ativo Passivo + Patrimônio Líquido ATIVO PASSIVO Caixa 10.500R$ Cia Beta S.A. 3.500R$ Imóvel 5.500R$ Cia Brasil Ltda. 3.000R$ Veículos 1.000R$ Equipamentos Industriais 3.000R$ Instalações 1.500R$ PATRIMONIO LÍQUIDO Capital 15.000R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 21.500R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 21.500R$ Ativo Passivo + Patrimônio Líquido ATIVO PASSIVO Caixa 10.500R$ Cia Beta S.A. 3.500R$ Imóvel 5.500R$ Cia Brasil Ltda. 3.000R$ Veículos 1.000R$ Bco. do Brasil S.A (Emprest.) 15.000R$ Equipamentos Industriais 3.000R$ Instalações 1.500R$ Bco. do Brasil S.A (C.Movim.) 15.000R$ PATRIMONIO LÍQUIDO Capital 15.000R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 36.500R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 36.500R$ Prof. Valbertone C. de Araújo 21 COMERCIAL MANAUARA S.A Balanço Patrimonial em 20/01/20X1 COMERCIAL MANAUARA S.A Balanço Patrimonial em 22/01/20X1 Ativo Passivo + Patrimônio Líquido ATIVO PASSIVO Caixa 7.000R$ Cia Brasil Ltda. 3.000R$ Imóvel 5.500R$ Bco. do Brasil S.A (Emprest.) 15.000R$ Veículos 1.000R$ Equipamentos Industriais 3.000R$ Instalações 1.500R$ Bco. do Brasil S.A (C.Movim.) 22.000R$ PATRIMONIO LÍQUIDO Capital 22.000R$TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 40.000R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 40.000R$ COMERCIAL MANAUARA S.A Balanço Patrimonial em 25/01/20X1 Ativo Passivo + Patrimônio Líquido ATIVO PASSIVO Caixa 7.000R$ Cia Brasil Ltda. 3.000R$ Imóvel 5.500R$ Bco. do Brasil S.A (Emprest.) 15.000R$ Veículos 1.000R$ Equipamentos Industriais 3.000R$ Instalações 1.500R$ Bco. do Brasil S.A (C.Movim.) 12.000R$ Mercadorias P/Revenda 10.000R$ PATRIMONIO LÍQUIDO Capital 22.000R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 40.000R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 40.000R$ 07 08 09 Ativo Passivo + Patrimônio Líquido ATIVO PASSIVO Caixa 7.000R$ Imóvel 5.500R$ Cia Brasil Ltda. 3.000R$ Veículos 1.000R$ Bco. do Brasil S.A (Emprest.) 15.000R$ Equipamentos Industriais 3.000R$ Instalações 1.500R$ Bco. do Brasil S.A (C.Movim.) 15.000R$ PATRIMONIO LÍQUIDO Capital 15.000R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 33.000R$ TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . 33.000R$ Teoria da Contabilidade 22 2.6.2 - Composição patrimonial de acordo com a Lei 11.638/07 Estrutura do Balanço Patrimonial segundo a Lei 6.404/76 x Lei 11.638/07. ANTES DEPOIS ATIVO CIRCULANTE REALIZÁVEL A LONGO PRAZO ATIVO PERMANENTE • INVESTIMENTO • IMOBILIZADO • DIFERIDO ATIVO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE • REALIZÁVEL A LONGO PRAZO • INVESTIMENTO • IMOBILIZADO • INTANGÍVEL • DIFERIDO ANTES DEPOIS PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO RECEITAS DE EXERCÍCIOS FUTUROS PATRIMÔNIO LÍQUIDO • CAPITAL SOCIAL • RESERVA DE CAPITAL • RESERVA DE REAVALIAÇÃO • RESERVAS DE LUCROS • LUCROS OU PREJUIZOS ACUMULADOS PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE • EXIGÍVEL A LONGO PRAZO • RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS PATRIMÔNIO LÍQUIDO • CAPITAL SOCIAL • RESERVA DE CAPITAL • AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL • RESERVAS DE LUCROS • AÇÕES EM TESOURARIA • PREJUIZOS ACUMULADOS Pode-se verificar no quadro a cima, que com a vigência da Lei 11.368/07, já ocorreram mudanças na estrutura do Balanço Patrimonial, como: Figura 3 Fonte: Elaborada pelo autor. Prof. Valbertone C. de Araújo 23 Criação do subgrupo “INTANGÍVEL” no Permanente, desdobrado do subgrupo Imobilizado. (art. 179, VI); Extinção da possibilidade de reavaliação dos bens do Ativo Imobilizado e, consequentemente, eliminação das Reservas de Reavaliação; O uso do subgrupo Diferido fica restrito ao registro das despesas pré- operacionais e aos gastos de reestruturação. (art. 179, V); Eliminação da conta “Lucros ou Prejuízos Acumulados” mantendo somente a conta “Prejuízos Acumulados” (art. 178, § 2°, d); Criação, no Patrimônio Líquido, do subgrupo “Ajustes de Avaliação Patrimonial”, englobando, (art. 182, § 3°) “; Como “Reservas de Capital” passam a ser considerados apenas os ganhos relacionados com o Capital Social da empresa; Reserva de Lucros a Realizar – Inclusão, no cálculo da parcela realizada do lucro líquido do exercício, do resultado não realizado da contabilização de ativo e passivo pelo valor de mercado (art. 197, § 2°, II). 2.6.3. – Equação fundamental do patrimônio A demonstração quantitativa do Patrimônio de uma entidade é denominada como BALANÇO PATRIMONIAL, como já vimos, informando do lado esquerdo o ATIVO e do lado direito o PASSIVO e o PATRIMÔNIO LÍQUIDO Figura 4 Fonte: Elaborada pelo autor. Teoria da Contabilidade 24 Uma das demonstrações clássicas da representação equilíbrio patrimonial é a indicada acima onde visualizamos uma balança contendo dois pratos com pessoa iguais, indicando que a soma das origens de recursos (recursos próprios mais capitais de terceiros) é exatamente igual ao total das aplicações (bens e direitos). A seguir apresentaremos outras representações que demonstram o equilíbrio dos valores constantes em um BALANÇO PATRIMONIAL. Procurem com bastante calma analisarem cuidadosamente as demonstrações e entenderão, certamente, a razão da igualdade de valores existentes do lado esquerdo do (ATIVO, Bens e Direitos) e do lado direito (PASSIVO + PL, Obrigações mais Capital Próprio). PATRIMÔNIO CONCEITO: • CONJUNTO DE BENS PERTENCENTES A UMA PESSOA OU A UMA EMPRESA BENS. • VALORES A RECEBER E DIREITOS A RECEBER DIREITOS, • CONTAS A PAGAR, DÍVIDAS OBRIGAÇÕES. Podemos afirmar, portanto, que Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade. BENS :São as coisas úteis, capazes de satisfazer às necessidades das pessoas físicas ou jurídicas. Em direito coisa é: “tudo aquilo que carece de personalidade’. Somente o homem possui personalidade, portanto, coisa é tudo que existe além dele. São Classificados em: Bens Tangíveis = Aqueles que Têm forma física, são palpáveis (concretos). Ex.: Veículos, estoques de mercadorias, ferramentas, imóveis, dinheiro, móveis e utensílios, etc. Prof. Valbertone C. de Araújo 25 Bens Intangíveis = Não são palpáveis, não constituídos de matéria. Ex.: Marcas (Arisco, Coca-cola), patentes de invenção (direito exclusivo de explorar uma invenção). Denominados também de incorpóreos Conforme o Código Civil Brasileiro: Bens Imóveis = Vinculados ao solo. Não podem ser retirados sem destruição ou dano: edifício, árvores etc. Bens móveis = Podem ser removidos por si próprios ou por outras pessoas: animais (semoventes), máquinas, equipamentos, estoques de mercadorias. DIREITOS: Em Contabilidade entende-se como o poder de exigir alguma coisa de alguém. São os valores a receber, tais como: títulos a receber, contas a receber, etc. No que se refere a empresa, o direito a receber mais comum decorre das vendas a prazo, quando a empresa vendedora emite uma duplicata como documento comprobatório da transação. Esse direito denomina-se duplicatas a receber. Como exemplos de outros direitos podemos destacar alugueis a receber, promissó- rias a receber, impostos a recuperar, etc. Os valores depositados e ou aplicados em instituições financeiras também são direitos das entidades. OBRIGAÇÕES: São dívidas com outras Pessoas Jurídicas ou Físicas. Em Contabilidade tais dívidas são denominadas obrigações exigíveis, compromissos que deverão ser pagos nas datas de vencimento. Uma obrigação exigível bastante comum nas empresas é a compra de mercadorias a prazo. Nesta operação a empresa compradora fica devendo ao fornecedor da mercadoria; por essa razão,essa dívida é conhecida como fornecedores. Em algumas ocasiões as entidades recorrem a Instituições Financeiras (Bancos) com a finalidade de obtenção de financiamentos com o objetivo de melhorar o seu Capital de Giro ou aquisição de bens para suprir as necessidades de suas atividades. Obrigações trabalhistas, oriundas de encargos trabalhistas, são normais em todas as entidades. Outras obrigações exigíveis são com o governo; impostos a recolher – com as financeiras; financiamentos a pagar – com o INSS e FGTS; encargos sociais a recolher – com o locador do prédio; aluguéis a pagar. Teoria da Contabilidade 26 2.6.4 Representação gráfica dos estados patrimoniais PATRIMÔNIO PATRIMÔNIO DA CIA. CONTÁBEIS BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS Bens 1.830 Obrigações 4.500 Direitos 2.800 Nesta representação, coloca-se no lado esquerdo Bens e Direitos e no lado direito, Obrigações. PATRIMÔNIO DA CIA. TERESÓPOLIS BENS + DIREITOS OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS Bens 1.830 Obrigações 4.500 Direitos 2.800 Patrimônio Líquido 130 TOTAL 4.630 TOTAL 4.630 Lado Esquerdo Lado Direito BBeennss ++ DDiirreeiittooss –– OObbrriiggaaççõõeess EExxiiggíívveeiiss == PPaattrriimmôônniioo LLííqquuiiddoo Patrimônio Líquido = $ ???? O P.L. pode ser negativo ??? Patrimônio Líquido = $ 130 Figura 4 Fonte: Elaborada pelo autor. Prof. Valbertone C. de Araújo 27 PATRIMÔNIO Pessoa Jurídica Nasce de um contrato Precisa de uma quantia inicial $ para Iniciar o Negocio ???? Capital Social Usam suas poupanças como uma reserva Inicial e forne- cem à PJ Bens=Aplic. Caixa 90.000 PL = Origem Capital 90.000 ATIVO PC + PL Aplicam na PJ Sócios A - 30.000 B - 30.000 C - 30.000 90.000 Pessoas Físicas Reúnem-se p/ estruturar a PJ P. L = $ 90.000 Aplic. = $ 90.000 Figura 5 Fonte: Elaborada pelo autor. Teoria da Contabilidade 28 ATIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO PASSIVO ATIVO PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ATIVO - PASSIVO Balanço Patrimonial Ativo P e PL (origens) Aplicaçõe s De terceiros e próprio $$$$$$$ $ $$$$$$ $$ $$$ $ $ $$$$$$ $$ Caixa Estoque Máquinas Imóveis etc. PPrroopprriieettáárriiooss ((PPLL)) FFoorrnneecceeddoorreess GGoovveerrnnoo BBaannccooss,, eettcc...... FFiinnaanncceeiirraa ss eettcc.. Figura 6 Fonte: Elaborada pelo autor. Prof. Valbertone C. de Araújo 29 DENOMINAÇÕES UTILIZADAS SOBRE PATRIMÔNIO PATRIMONIO OBRIGAÇÕESBENS DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO = BENS + DIREITOS - OBRIGAÇÕES PATRIMÔNIO LÍQUIDO = ATIVO - PASSIVO EXIGÍVEL OUTRAS DENOMINAÇÕES PARA PATRIMÔNIO LÍQUIDO: SITUAÇÃO LÍQUIDA OU RECURSOS PRÓPRIOS OU CAPITAL PRÓPRIO OU PASSIVO NÃO-EXIGÍVEL PASSIVO ou CAPITAL ALHEIO ou PASSIVO EXIGÍVEL ou CAPITAL DE TERCEIROS ou RECURSOS DE TERCEIROS ATIVO ou CAPITAL APLICADO ou PATRIMONIO BRUTO ou RECURSOS APLICADOS ou APLICAÇÃO DOS RECURSOS OU Figura 7 Fonte: Elaborada pelo autor. Teoria da Contabilidade 30 3. INFORMAÇÃO CONTÁBIL De maneira bastante objetiva, podemos afirmar que a Contabilidade coleta, processa e divulga dados, traduzidos monetariamente, do patrimônio das entidades. 3.1 Técnicas Contábeis Lopes de Sá, em seu Dicionário de Contabilidade, fala sobre técnica contábil como: “conjunto de processos adotados em Contabilidade para registrar ou levantar os fatos patrimoniais”. Considerando, portanto, a escrituração como técnica contábil. Os autores de maneira geral consideram como técnicas contábeis: Escrituração, Demonstrações Contábeis, Análise de Balanço e Auditoria. Escrituração: Técnica que proporciona o levantamento e processamento dos registros contábeis em ordem cronológica proporcionando uma historia real da entidade ao longo do tempo; Demonstrações Contábeis: São constituídas por um conjunto de peças que evidenciam os resultados Econômicos e Financeiros das entidades em um determinado momento e a apuração de vantagens ou desvantagens durante um determinado período; RELATÓRIOS DADOS $ PATRIMONIAIS PROCESSAMENTO Figura 8 Fonte: Elaborada pelo autor. Prof. Valbertone C. de Araújo 31 Podemos enumerar como principais: Balanço Patrimonial; Demonstração de Resultado do Período; Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; Demonstração dos Fluxos de Caixa; e Demonstração do Valor Agregado. Análise de Balanço: É o estudo das demonstrações contábeis por meio de índices que permitem avaliar a situação financeira, econômica e patrimonial das entidades. A Auditoria: No sentido lato, é um conjunto de procedimentos técnicos aplicados sobre uma relação de responsabilidade, com o objetivo de emissão de um relatório. Em sentido restrito, a Auditoria Contábil objetiva após aplicação de procedimentos técnicos, a emissão de opinião sobre a adequação das demonstrações contábeis através de parecer. O CFC conceitua a Auditoria Contábil como: A auditoria das demonstrações contábeis constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre a sua adequação, consoante os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislação específica. Resumo gráfico de Técnicas Contábeis: ESCRITURAÇÃO DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS AUDITORIA ANÁLISE DE BALANÇO Figura 9 Fonte: Elaborada pelo autor. Teoria da Contabilidade 32 3.2 Usuários da Informação Contábil Todas as pessoas físicas ou jurídicas possuemalgum patrimônio; logo podemos afirmar que todas necessitam e se interessam por informações contábeis. Podemos citar entre outros os interessados que seguem: Os proprietários – todo proprietário (empresário), que pode ser um acionista ou cotista, pessoa física ou jurídica necessita de informações para saber se as metas estabelecidas estão sendo observadas e se os objetivos da empresa estão sendo atingidos. Para tomar conhecimento sobre os resultados, favoráveis ou desfavoráveis da empresa sempre as terá através das informações contábeis. Os administradores – através da contabilidade, os administradores poderão realizarem o planejamento das ações a serem tomadas, bem como, acompanhar os resultados e analisar as variações ocorridas, uma vez que a maioria das decisões envolvem aspectos financeiros. O conhecimento das práticas contábeis e das informações geradas será de grande valia para todo administrador. Os fornecedores – para os fornecedores de bens ou serviços é de grande interesse ter conhecimento da situação financeira de seu cliente. Para tanto existe o interesse sobre as informações contábeis com o objetivo de saber se o seu cliente possui as condições financeiras, para na data de suas liquidações, por compras realizadas, terão condições de liquidar tais compromissos. Os clientes – é evidente que para os clientes há também interesse sobre o conhecimento das informações contábeis de seus fornecedores. E muito importante em alguns casos que o cliente tenha a certeza, principalmente sobre a continuidade e capacidade suprir suas necessidades sobre o fornecimento de bens ou serviços prestados. Os banqueiros – os bancos, principais financiadores de capitais, sendo um dos mais importantes agentes para o fomento da economia. Para o fornecimento de credito e concessão de empréstimos a seus clientes sempre os mesmos passam por análise e aprovação para a concessão de empréstimos para se assegurarem que não terão futuros prejuízos. Os economistas – Para a laboração de projetos, as peças contábeis são de grande valia para os profissionais de economia. Através das informações contábeis os mesmos terão uma visão sobre as reais condições econômicas e financeiras das empresas, para bem elaborarem os seus trabalhos. Prof. Valbertone C. de Araújo 33 O governo – como bem sabemos a principal fonte de arrecadação para os três níveis de governo, municipal, estadual e federal, são as Pessoas Jurídicas através de tributos e a maioria deles baseados em informações reunidas da contabilidade das empresas. O Sistema Tributário Nacional é o instrumento responsável pela distribuição de renda arrecadada através dos tributos pagos pelos brasileiros. O tributo tem como finalidade o financiamento dos serviços públicos prestados no Brasil, tais como serviços de segurança pública, educação, fiscalização, previdência social, entre outros. Os sindicatos – e evidente que as classes trabalhistas, através dos sindicatos são também interessados nas informações contábeis das empresas com a finalidade de acompanhar os resultados econômicos e a saúde financeira das empresas com o objetivo de bem negociarem os reajustes da categoria e também analisarem a participação nos resultados. Os auditores – os profissionais de auditoria são contratados para emitir opinião sobre a adequação ou não dos demonstrativos contábeis elaborados. É evidente que para os mesmos os relatórios contábeis são peças fundamentais para elaboração de seu trabalho. Teoria da Contabilidade 34 4 . PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE – CFC De acordo com a estrutura conceitual do CFC: os Princípios Fundamentais de Contabilidade são aqueles determinados pelo Conselho Federal de Contabilidade, pela Resolução CFC Nº 750/94, e complementarmente temos a Resolução CFC Nº 794, que se trata de um Apêndice aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, contendo comentários sobre o conteúdo dos enunciados, tendo por objetivo uma melhor compreensão sobre tão importante assunto. A própria resolução nos diz que os Princípios Fundamentais de Contabilidade, aprovados pela Resolução CFC n° 750-93, de 29 de dezembro de 1993, requerem, para o seu amplo entendimento pelos usuários da informação contábil e para a perfeita compreensão pelos profissionais da contabilidade, um grau de detalhamento que não é possível abranger os próprios enunciados. 4.1 Resolução 750/94 – CFC A Resolução CFC Nº 750/94 estabelece que os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade,consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das Entidades. A Resolução 774/94 esclarece que os Princípios Fundamentais de Contabilidade representam o núcleo central da própria Contabilidade, na sua condição de “ciência social”, sendo a ela inerentes. Os Princípios constituem sempre vigas-mestras de uma ciência, revestindo-se dos atributos de universalidade e veracidade, conservando validade em qualquer circunstância ...Os princípios contábeis, de acordo com a estrutura do CFC, foram determinados pela Resolução CFC Nº 750/94, e comentada pela Resolução CFC Nº 794 Prof. Valbertone C. de Araújo 35 De acordo com essas resoluções, os Princípios Fundamentais de Contabilidade são: ENTIDADE; CONTINUIDADE; OPORTUNIDADE; REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL; COMPETÊNCIA; PRUDÊNCIA. A seguir serão fornecidas as características desses princípios, extraídas da Resolução 750. PRINCÍPIO DA ENTIDADE O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirmando a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüente, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE A CONTINUIDADE ou não da ENTIDADE, bem como sua vida definida ou provável, deve ser considerada quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas. Teoria da Contabilidade 36 A CONTINUIDADE influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da ENTIDADE tem prazo determinado, previsto ou previsível. A observância do Princípio da CONTINUIDADE é indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à formação do resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado. PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensãocorreta, independentemente das causas que as originaram. Como resultado da observância do Princípio da OPORTUNIDADE: Desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência; o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os aspectos físicos e monetários; o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no patrimônio da ENTIDADE, em um período de tempo determinado, base necessária para gerar informações úteis ao processo decisório da gestão. PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do país, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE. Prof. Valbertone C. de Araújo 37 Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta: a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes; uma vez integrado ao patrimônio, o bem, direito ou obrigação não poderão ter alterados seus valores intrínsecos, admitindo-se, tão- somente, sua decomposição em elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais; o valor original será mantido enquanto o componente permanecer como parte do patrimônio, inclusive quando da saída deste; o uso da moeda do país na tradução do valor dos componentes patrimoniais constitui imperativo de homogeneização quantitativa dos mesmos. PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da OPORTUNIDADE. O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas,é conseqüente natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. As consideram-se realizadas: nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens Teoria da Contabilidade 38 anteriormente pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados; quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo,sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior; pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros; no recebimento efetivo de doações e subvenções. Consideram-se incorridas as despesas: quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiro; pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo; pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo. PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.O Princípio da PRUDÊNCIA impõe a escolha da hipótese de que resulte menor patrimônio líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios Fundamentais de Contabilidade.O Princípio da PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores, constituindo-se ordenamento indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA. A aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA ganha ênfase quando, para definição dos valores relativos às variações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem incertezas de grau variável. Prof. Valbertone C. de Araújo 39 RESUMO DOS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS ENTIDADE: 1.Reconhece o patrimônio como objeto da contabilidade, afirmando a autonomia patrimonial; 2.O patrimônio não se confunde com aqueles dos sócios ou proprietários. CONTINUIDADE: A continuidade das operações e presumida indefinidamente pela Contabilidade. OPORTUNIDADE: Os registros contábeis relacionados às mutações patrimoniais efetuados de forma tempestiva e integral, no tempo (momento) certo e com extensão correta. REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL: Os componentes patrimoniais devem ser registrados pelos valores originais (documentais) das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do país. COMPETÊNCIA: As receitas e despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independente de terem sido recebidas ou pagas. PRUDÊNCIA: Determina a adoção do menor valor aos componentes do ATIVO e maior para o PASIVO, sempre que se apresentarem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alteram o Patrimônio Líquido. Teoria da Contabilidade 40 5 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS No Capítulo 3 conhecemos algumas Técnicas Contábeis tais como: Escrituração; Demonstrações Contábeis; Balanço Patrimonial; Demonstração de Resultado do Período; Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido; Demonstração dos Fluxos de Caixa; e Demonstração do Valor Agregado. Análise de Balanço; e A Auditoria. Para iniciantes o estudo de Ciências Contábeis iremos explorar parcialmente tais técnicas, tais como: Escrituração; Demonstrações Contábeis; Balanço Patrimonial; Demonstração de Resultado do Período. 5.1 Escrituração Não teríamos hoje condições de elaborarmos as demonstrações contábeis se inexistisse a escrituração dos fatos contábeis. A escrituração representa uma técnica utilizada pela contabilidade e representa o registro, em livros próprios, de todos os fatos que provocam alterações no patrimônio da empresa. É importante lembrar alguns conceitos, antes de mais nada sobre aquilo que efetivamente é escriturado contabilmente. Prof. Valbertone C. de Araújo 41 Na verdade a escrituração, não é nada mais que o registro de ações administrativos que causam variações no patrimônio da entidade, portanto devemos distinguir quais que podem ser traduzidos como fatos contábeis. Ações Administrativos – São ocorrências que podem ou não modificar os elementos patrimoniais, tais como: reunião da diretoria, compra de veículo, inventário de bens, compra de mercadorias para revenda ou consumo, admissão ou demissão de colaborador etc.. São Atos e Fatos Administrativos. Ato Administrativo - Ação praticada pela administração que não provoca (podendo vir a provocar) alteração qualitativa e/ou quantitativa no patrimônio da entidade, portanto, não interessa à contabilidade. Exemplo: avalizar uma compra, ATO ADMINISTRATIVO, não altera o Patrimônio. Fato Administrativo - Ação praticada pela administração que provoca alteração qualitativae/ou quantitativa no patrimônio da entidade, portanto interessa à contabilidade. Exemplo: pagar o aval de uma compra, FATO ADMINISTRATIVO = FATO CONTABIL, ALTERA O PATRIMÔNIO. Fatos Contábeis – São ocorrências que provocam alterações qualitativas e quantitativas nos elementos do patrimônio, tais como: compra de mercadorias para revenda, compra de veículo, venda de mercadorias, pagamento de ordenados e salários etc.. 5.2 – Variações Patrimoniais Conceito de Variações Patrimoniais: São todas as alterações sofridas pelo patrimônio na sua composição qualitativa e/ou quantitativa em virtudes de atos praticados pela administração, ou fatos vinculados às atividades da entidade ou, ainda, resultantes de fatos totalmente imprevistos ou fortuitos. Teoria da Contabilidade 42 Podemos verificar que todo fato contábil é um fato administrativo, todavia não podemos afirmar que todo ação administrativo se constitua em um fato contábil. As decisões dos administradores das entidades que podem ser traduzidos (convertidos) monetariamente em moeda são aqueles que denominamos como fatos contábeis, e portanto, deverão ser reconhecidos contabilmente em sua escrituração. Sá, Antônio Lopes de, em seu livro Princípios Fundamentais de Contabilidade, quando se reporta sobre variações patrimoniais, afirma: As variações patrimoniais e o Princípio da COMPETÊNCIA A compreensão do cerne do Princípio da COMPETÊNCIA está diretamente ligada ao entendimento das variações patrimoniais e sua natureza. Nestas encontramos duas grandes classes: a daquelas que somente modificam a quantidade ou a natureza dos componentes patrimoniais, sem repercutirem no montante do Patrimônio Líquido, e a das que o modificam. As primeiras são denominadas de ”qualitativas”, ou “permutativas”, enquanto as segundas são chamadas “quantitativas”, ou “modificativas”. Cumpre salientar que estas últimas sempre implicam a existência de alterações qualitativas no patrimônio, a fim de que permaneça inalterado o equilíbrio patrimonial. 5.2.1 – Tipos de Variações Patrimoniais: Os fatos contábeis podem ser classificados em: - Fatos Permutativos (ou compensativo): são aqueles que apenas provocam alterações em contas do patrimônio. O valor e do fato não irá afetar o Patrimônio Líquido da entidade; Exemplos: depósito bancário; venda de um bem sem lucro nem prejuízo; compra de mercadorias a prazo; compra de mercadorias a vista; aumento de capital com Reservas; pagamento de uma dívida. Prof. Valbertone C. de Araújo 43 - Fatos Modificativos: são todos aqueles que modificam o Patrimônio Líquido da entidade, na maioria das vezes envolvem contas de Resultado (Despesas ou Receitas). Exemplos: constituição do capital da entidade; despesas com energia a pagar; pagamento de despesas com ordenados e salários; pagamento de despesas de aluguel; recebimento de receitas com serviços; receitas de vendas a receber recebimento de juros ativos; pagamentos de juros passivos. - Fatos Mistos (ou composto): São todos os fatos que envolvem além de contas do patrimônio entre si ainda modificam a Situação Líquida da entidade, provocam alterações no Patrimônio Líquido. Exemplos: recebimento de um direito com juros ou desconto; venda de um veículo com lucro ou prejuízo; pagamento de uma obrigação com juros ou desconto; venda de mercadorias para revenda com lucro ou prejuízo; operação de Desconto de Duplicatas; compra ou venda de ações com ágio ou deságio, etc. 5.2.1.1 - Superveniência e Insubsistência Conceito: Eventuais alterações positivas ou negativas da Situação Líquida, independentes de intervenção da gestão. Teoria da Contabilidade 44 Superveniência: Provocam aumento e pode ser: SUPERVENIÊNCIA ATIVA – Aumento do ativo (variação patrimonial ativa). Ex: Recebimento de valores provenientes de prêmios, loterias, herança ou legado doação. SUPERVENIENCIA PASSIVA – Aumento do passivo (variação patrimônio passiva). Ex: Reconhecimento de dívidas anteriormente não registradas no passivo, provenientes de decisão judicial ou de outros casos fortuitos. Insubsistência: Provocam diminuição e pode ser: INSUBSISTÊNCIA DO ATIVO – diminui o ativo (variação patrimonial passiva) Ex: Ocorrência de incêndio, furto, perda de rebanho por morte. INSUBSISTËNCIA DO PASSIVO – diminui o passivo (variação patrimonial ativa). Ex: Redução no valor das obrigações por motivo de prescrição ou baixa da dívida correspondente Efeitos no Patrimônio Líquido Superveniência ativa – Aumenta o patrimônio líquido (receita) Superveniência passiva – Diminui o patrimônio líquido (despesa) Insubsistência do ativo – Diminui o patrimônio líquido (despesa). Também denominada de Insubsistência Passiva. Insubsistência do passivo – Aumenta o patrimônio líquido (receita). Também denominada de Insubsistência Ativa. Prof. Valbertone C. de Araújo 45 5.2.1.2 – Contas de Resultado (elementos modificativos) Receitas As Receitas constituem os elementos denominados positivos, ou seja, aumentam o Patrimônio Líquido. Abaixo algumas nomenclaturas de Receitas: receitas com vendas; receitas de alugueis; juros ativos; descontos obtidos; outras receitas. Para o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - (PCP), organismo criado pela Resolução n.1.055/2005 para o estudo, o reparo e emissão de Procedimentos Técnicos sobre normas de Contabilidade, Receitas “são aumento nos benefícios econômicos durante o período sob a forma de aumentos de Ativos ou diminuição de Passivos, que resultam em aumentos do Patrimônio Líquido e que não sejam provenientes de aportes dos proprietários da entidade”. Despesas. De maneira inversa as Despesas São consideradas como elementos negativos que, reduzem o Patrimônio Líquido da entidade. Podem ser consideradas como consumo de um bem ou serviço que direta ou indiretamente irão gerar Receitas. São também as Despesas consideradas como reduções do Ativo sem a correspondente redução do Passivo. Podemos exemplificar como Despesas: Custo das Mercadorias Vendidas (CMV); Custo dos Produtos Vendidos (CPV); Custo dos Serviços Prestados (CSP); impostos sobre vendas; despesas com salários; despesas com condução; despesas com veículos; juros passivos; despesas com seguros; despesas com encargos sociais; Teoria da Contabilidade 46 Para o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - (PCP), despesas “são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decréscimo do Patrimônio Líquido e que não sejam provenientes de distribuição de resultado ou de Capital aos proprietários da entidade”. Toda entidade constituída, para exercer atividade, com objetivo de obter Lucro, visa evidentemente o crescimento de seu patrimônio através de realização de Lucros. A máxima contábil da Confrontação da Receita (para cada receita teremos uma ou mais despesas que lhe deu origem), as Receitas devem sempre ser apresentadas em confronto com as Despesas correspondentes, pois somente dessa forma que apuramos o resultado (Lucro ou Prejuízo), aumentando ou diminuindo o Patrimônio Líquido. Confrontação das Contas de Resultado: Quando as Receitas superarem as Despesasem um mesmo período, afirmamos que a entidade obteve um Lucro. R > D Quando as Despesas superarem as Receitas, afirmamos que a entidade obteve um Prejuízo. D > R Podendo, raramente ocorrer, a igualdade entre as Receitas e Despesas em um período e caso isso ocorra o resultado será nulo. R = D Prof. Valbertone C. de Araújo 47 ESUMO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS BENS RECEITAS DESPESAS OBRIGAÇÕES DIREITOS PATRIMONIO LÍQUIDO ATIVO PASSIVO APLICAÇÕES DE RECURSOS ORIGENS DE RECURSOS ORIGENS DE RECURSOS CONSUMO DE APLICAÇÕES FATOS MODIFICATIVOS Figura 10 Fonte: Elaborada pelo autor. Teoria da Contabilidade 48 Os fatos contábeis provocam impactos qualitativos e/ou quantitativos no Patrimônio de uma entidade, modificando a situação patrimonial. Assim podemos analisar o Exercício abaixo: a) Constituição da Cia. Contábeis Só Nota Dez com o Capital de R$ 100.000,00, em espécie. CNPJ. XX.XXX.XXX/0001-XX Data: (Em R$ 1,00) ATIVO PASSIVO + PL PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 100.000,00 Capital 100.000,00 T O T A L 100.000,00 T O T A L 100.000,00 BALANÇO PATRIMONIAL Cia. Contábeis Só Nota Dez Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido R$ 100.000,00 = 0 + R$ 100.000,00 R$ 100.000,00 = R$ 100.000,00 Comentários: observem que os sócios (pessoas físicas ou jurídicas) através de dinheiro constituíram o Capital da Cia. Contábeis Só Nota Dez, dessa forma, fazendo nascer uma nova (entidade) Pessoa Jurídica. No momento a nova Pessoa Jurídica, Cia. Contábeis Só Nota Dez, possui recursos próprio no valor de R$ 100.000,00 (Capital) e verificamos que o mesmo valor constará no Caixa da entidade, aplicação de recursos R$ 100.000,00. Constatamos aqui um Fato Modificativo, pois o Patrimônio Líquido da entidade que era R$ 0,00 passou a ser de R$ 100.000,00. Prof. Valbertone C. de Araújo 49 b) os investidores praticaram os seguintes atos administrativos: reunião para definirem o início das atividades comerciais; abertura de vagas para contratação de colaboradores (funcionários); para maior segurança dos bens numerários existentes decidiram pela aber- tura de uma Conta Corrente no Banco do Brasil S.A. depositando na mesma 50% das disponibilidades imediatas da empresa. CNPJ. XX.XXX.XXX/0001-XX Data: (Em R$ 1,00) ATIVO PASSIVO + PL PATRIMÔNIO LÍQUIDO Caixa 50.000,00 Capital 100.000,00 Bancos c/Movimento 50.000,00 T O T A L 100.000,00 T O T A L 100.000,00 BALANÇO PATRIMONIAL Cia. Contábeis Só Nota Dez Ativo = Passivo + P. Líquido Bens R$ 50.000,00 0 + R$ 100.000,00 Direitos R$ 50.000,00 = R$ 100.000,00 TOTAL R$ 100.000,00 = R$ 100.000,00 Comentários: como podemos observar no item “b” nem todo ação administrativo será considerado como sendo um Fato Contábil. A decisão dos administradores de se reunirem para definirem o início das atividades comerciais não será um Fato Administrativo, pois nenhuma influencia provocará monetariamente a entidade. Outra decisão tomada, a de abrirem vagas para contratação de colaboradores. A exemplo do primeiro caso não provocou impacto qualitativo e/ou quantitativo ao Patrimônio da entidade, portanto, não é um Fato Contábil e por esta razão não será reconhecido contabilmente. Teoria da Contabilidade 50 A terceira ação administrativo abertura de uma Conta Corrente no Banco do Brasil S.A. depositando na mesma 50% das disponibilidades imediatas da empresa, este sim, por ser um Fato Administrativo provocou um impacto qualitativo, portanto um Fato Contábil Permutativo. O Patrimônio Líquido da entidade não sofreu acréscimo nem decréscimo permaneceu com o valor de R$ 100.000,00. O depósito de R$ 50.000,00 no Banco do Brasil S.A. quando reconhecido contabilmente provocou uma permuta entre contas do Ativo (aplicações de recursos) a conta Caixa que tinha um montante de Bens Numerários no valor de R$ 100.000,00 ao entregar 50% à instituição financeira adquiriu um direito em igual valor. d) Compra de um veículo a prazo 30 e 60 d.d.d. (notas promissórias) por R$ 25.000,00. CNPJ. XX.XXX.XXX/0001-XX Data: (Em R$ 1,00) ATIVO PASSIVO + PL PASSIVO Caixa 50.000,00 Notas Promis. a Pagar 25.000,00 Bancos c/Movimento 50.000,00 Veículos 25.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital 100.000,00 T O T A L 125.000,00 T O T A L 125.000,00 BALANÇO PATRIMONIAL Cia. Contábeis Só Nota Dez = Bens 75.000,00R$ Cap. Terc. 25.000,00R$ Direitos 50.000,00R$ Cap. Prop. 100.000,00R$ TOTAL 125.000,00R$ = TOTAL 125.000,00R$ Ativo Passivo + Patrim. Líquido Comentários: houve um acréscimo no Ativo de R$ 25.000,00 com a aquisição de um veículo (Bem) e ao mesmo tempo um acréscimo no Passivo em igual valor, pelo registro Prof. Valbertone C. de Araújo 51 compromisso assumido no ato da compra (Obrigação). Observem que o Patrimônio Líquido não sofreu variação, portanto, tivemos um impacto qualitativo, Fato Contábil Permutativo. e) Compra de Mercadorias para Revenda aprazo no valor de R$ 35.000,00 com vencimentos em 30 e 60 d.d.d. CNPJ. XX.XXX.XXX/0001-XX Data: (Em R$ 1,00) ATIVO PASSIVO + PL PASSIVO Caixa 50.000,00 Fornecedores 35.000,00 Bancos c/Movimento 50.000,00 Notas Promis. a Pagar 25.000,00 Mercadorias p/Revenda 35.000,00 Veículos 25.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital 100.000,00 T O T A L 160.000,00 T O T A L 160.000,00 BALANÇO PATRIMONIAL Cia. Contábeis Só Nota Dez = Bens 110.000,00R$ Cap. Terc. 60.000,00R$ Direitos 50.000,00R$ Cap. Prop. 100.000,00R$ TOTAL 160.000,00R$ = TOTAL 160.000,00R$ Ativo Passivo + Patrim. Líquido Comentários: houve um acréscimo no Ativo de R$ 35.000,00 com a aquisição de Mercadorias para Revenda (Bens) e um acréscimo no Passivo de valor idêntico, pelo registro da dívida assumida no ato da compra (Obrigação). Permanecendo e o Patrimônio Líquido inalterado, o Fato Contábil Permutativo. Teoria da Contabilidade 52 Consideramos no Passivo o valor da compra a prazo de mercadorias para revenda no grupo de Fornecedores. Motivo: as obrigações provenientes de compra de bens para uso, consumo ou comercialização são classificadas neste grupo (Fornecedores). e) Venda de mercadorias adquiridas ao custo de R$ 15.000,00 por R$ 25.000,00 a prazo com vencimento para 30 d.d.d. CNPJ. XX.XXX.XXX/0001-XX Data: (Em R$ 1,00) ATIVO PASSIVO + PL PASSIVO Caixa 50.000,00 Fornecedores 35.000,00 Bancos c/Movimento 50.000,00 Notas Promis. a Pagar 25.000,00 Clientes 25.000,00 Mercadorias p/Revenda 20.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Veículos 25.000,00 Capital 100.000,00 (+)Receitas 25.000,00
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