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Diretrizes para a elaboração de indicadores de custos no Governo Federal PLANO DAS ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS RELATÓRIO PRELIMINAR DAS VISITAS E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ÁREAS ESTABELECIDAS NO DESENVOLVIMENTO DE INDICADORES PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA A DISSEMINAÇÃO DA CULTURA DE CUSTOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL BRASÍLIA - 2011 Diretrizes para a elaboração de indicadores de custos no Governo Federal Autor: Lino Martins Assessoria Técnica da Secretaria do Tesouro Nacional: André Luiz Santana Ferrari Arthur Roberto Pereira Pinto Julio Cesar de Campos Fernandes Luciana Miranda de Siqueira Lima Maria Clara Estevam Kladi Ozineide Gomes dos Santos Welinton Vitor dos Santos Revisão: Secretaria do Tesouro Nacional Fabiana Rodopoulos Felipe Bardella Embaixada Britânica Daniel Grabois Raíssa Ferreira Design: Júlio Leitão. Estudo contratado pela Secretaria do Tesouro Nacional no âmbito do projeto Integração para efi ciência da gestão. Prefácio Com o objetivo de proporcionar melhor conteúdo informacional que subsidie as decisões governamentais na alocação efi ciente dos recursos e gerar condições apropriadas à promoção da qualidade do gasto público, a Secretaria do Tesouro Nacional ofi cializou por meio de sua Portaria nº 157, em 09 de março de 2011, a criação do Sistema de Custos do Governo Federal. Este ato representa um marco histórico nos esforços de desenvolvimento da administração pública brasileira por meio da efi ciência organizacional e do accountability no gerenciamento dos recur- sos públicos pela União. O referido sistema governamental se insere em um contexto de mudanças que estão sendo implantadas na Contabilidade Pública brasileira desde o início deste século, com a transição de um enfoque tradicionalmente orçamentário para o patrimonial, considerando-se, ainda, aspectos de gestão por resultados na execução dos serviços públicos. Sua implantação atende ao art. 50, § 3º da Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, que obriga a Administração Pública a manter sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, fi nanceira e patrimonial; não obstante, também converge para a consolidação dos demais instrumentos legais decorrentes da Reforma do Aparelho do Estado e da Gestão Pública em nosso país. De fato, a criação do Sistema de Custos do Governo Federal signifi ca a insti- tucionalização de uma nova frente de trabalho pela integração dos sistemas brasileiros de gestão governamental, na qual se carrega o desafi o de interli- gar a Contabilidade Pública da União com os processos gerenciais das organi- zações do setor público, em prol de uma resposta mais efetiva aos anseios da sociedade pela melhoria da qualidade do gasto público. Como base tecnológica no provimento de insumos informacionais para esse novo mecanismo da administração pública, surge o Sistema de Custos do Governo Federal – SIC, um sistema informatizado de apoio à gestão a ser utilizado nos três poderes, tanto pelos órgãos executores de políticas públicas quanto pelos órgãos centrais de planejamento e de controle, o qual permite o cruzamento de dados e informações que subsidiarão as decisões nas instituições do setor público, em âmbito governa- mental ou organizacional, viabilizando o desenvolvimento da cultura de gerencia- mento dos custos nessas organizações. A concepção e evolução do SIC decorreram de um extenso e complexo projeto, en- volvendo importantes parcerias institucionais no setor público com a comunidade acadêmica e organismos internacionais, sob a condução do Ministério da Fazenda, mediante ações conjuntas de sua Secretaria Executiva com a Secretaria do Tesouro Nacional, a qual hoje se responsabiliza pela consolidação e coordenação dos proces- sos surgidos com esse projeto. Neste sentido, a Lei nº 10.180, de 06 de fevereiro de 2001, que organiza e disciplina o Sistema de Contabilidade Federal do Poder Execu- tivo, estabelece competência à STN para tratar dos assuntos relacionados à área de custos na administração pública federal. Em meio a esse longo processo, nossa equipe contou com a colaboração da Embai- xada Britânica, a qual por meio de convênio com a Secretaria do Tesouro Nacional contratou uma Consultoria com o objetivo de desenvolverem-se indicadores de cus- tos para as áreas de Saúde, Educação e Defesa Nacional. Em virtude desse importante projeto, a Secretaria do Tesouro Nacional pôde contar com o precioso acompanha- mento consultivo do Professor Lino Martins, cuja extensa e bem sucedida trajetó- ria de feitos pela Contabilidade Pública de nosso país dispensa, por si, comentários mais detalhados sobre a alta relevância de sua participação no aperfeiçoamento desse projeto do Estado brasileiro. Desde o início dos trabalhos do Tesouro Nacional para desenvolvimento do SIC, o Prof. Lino Martins tem contribuído com sua importante visão crítica, provendo forte sustentação com a segurança acadêmica e profi ssional de quem conhece tão intimamente os caminhos históricos da adequação das Ciências Contábeis ao contexto do Serviço Público. Assim, acolhemos com otimismo e satisfação as observações e orientações apresen- tadas pelo professor nesta publicação, importantes frutos colhidos com seu trabalho de parceria nesta empreitada do Governo Federal. Gilvan da Silva Dantas Subsecretário de Contabilidade Pública da Secretaria do Tesouro Nacional Ministério da Fazenda Apresentação Ao ser convidado como consultor na implantação do sistema de custos do governo federal, por intermédio do Projeto Integração para Efi ciência da Gestão, desenvolvido no Ministério da Fazenda com o apoio da Embaixada Britânica tive a sensação de que tal fato representava a realização de um sonho antigo, acalentado desde 1975 quan- do fi z parte da equipe responsável pela fusão dos patrimônios dos antigos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara. Desde aquela época constatei a necessidade da implantação de um sistema de custeamento que permitisse a avaliação e evidenciação correta do patrimônio da nova unidade da federação surgida a partir do comando do artigo 8º da Lei Complementar n. 20/1974. Foi com base neste pensamento que realizamos a presente consultoria cujo propósito foi uma refl exão sobre os grandes desafi os para o estabelecimento de um modelo de custos mediante a utilização de ferramentas e tecnologias que possam melhorar os processos operacionais e, deste modo, mostrar formas de atender ao aumento das demandas sem, necessariamente, recorrer ao aumento dos recursos, seja por fi nan- ciamento ou acréscimo da base tributária. O objetivo é dar sentido e fi nalidade à idéia de uma gestão administrativa e fi nanceira que permita aos governantes o cumprimento permanente da meta de “fazer mais ações governamentais com menos recursos”. No que se refere ao controle, o sistema de custos pode resultar em um interessante instrumento de controle da economia, efi ciência e efi cácia no desenvolvimento das atividades dos entes públicos, por meio da determinação dos desvios produzidos, que deverão ser analisados com a devida cautela, pois não devemos esquecer a possibili- dade de ocorrer a denominada inefi ciência planifi cada que, paradoxalmente, pode ter origem exatamente na falta de um sistema estruturado de custos. A utilização dos conceitos de custo nas entidades governamentais é importante para conhecer a formação dos custos das atividades, programas e projetos com a con- seqüente contribuição para o conhecimento dos efeitos econômicos, fi nanceiros e políticos sobre o cidadão. Apesar das inúmeras vantagens com a implantação de um sistema de custeamento com indicadores de gestão, no entanto, é preciso estudar as vinculações constitucio- nais para determinadasáreas, como educação e saúde, pois atualmente, em face da inexistência de uma contabilidade de custos, é possível que os entes públicos estejam gastando cada vez mais recursos e diminuindo, a cada ano, as metas físicas. Encerrada nossa participação cabe agradecer não só à equipe do Núcleo de Informa- ções de Custos como também aos grupos setoriais dos Ministérios selecionados com a qual estivemos reunidos para conhecer os processos internos envolvendo os inputs, os outputs e, principalmente, a forma como avaliam as metas e os resultados alcan- çados por suas ações. O desafi o permanente das áreas escolhidas e do Núcleo de Informações de Custos (NUINC) da Secretaria do Tesouro Nacional é refl etir sobre o impacto que o sistema de custos trará para a administração publica, principalmente, a partir do estudo dos processos que levam aos resultados. Neste sentido, julgamos importante o treinamen- to dos servidores para que os desafi os colocados neste relatório sejam vencidos no menor prazo possível. Ao aceitar participar deste projeto de consultoria fomos movidos pela convicção de que a implementação de um sistema de custos é um fator relevante para a mudança dos paradigmas atuais, excessivamente voltados para o raciocínio da legalidade formal e não para a essência de uma administração pública ge- rencial e liberta das amarras de uma burocracia sufocante. Lino Martins da Silva Consultor em Gestão Pública Professor Voluntário do Programa de Mestrado em Contabilidade da UERJ. E-mail: smartins@uninet.com.br Sumário Introdução....................................................................................................... 13 I - Plano das Atividades a serem desenvolvidas .......................................... 16 1. Introdução............................................................................................................ 16 2. Como entendemos as necessidades do Governo Federal....................................... 16 3. Questões Preliminares............................................................................................ 19 4. Objetivos do trabalho:........................................................................................... 20 5. Áreas prioritárias................................................................................................... 20 6. Metodologia......................................................................................................... 21 7. Aspectos a serem considerados na aplicação da metodologia................................ 21 8. Bases para utilização de indicadores...................................................................... 22 9. Fatores criticos de sucesso..................................................................................... 24 10. Proposta de metodologia para construção dos indicadores.................................. 24 11. Plano de visitas e atividades a serem desenvolvidas.............................................. 25 II – Relatório Preliminar das Visitas e Atividades Desenvolvidas ............. 16 1. Preliminares.......................................................................................................... 28 2. Desenvolvimento da Reunião................................................................................. 28 3. Atividades a serem desenvolvidas.......................................................................... 29 4. Sistemas de avaliação por meio de indicadores...................................................... 32 5. Considerações sobre nossa visão do problema....................................................... 32 6. Conclusões e próximas ações................................................................................ 34 III – Áreas Estabelecidas no Desenvolvimento de Indicadores................. 35 1. Preliminares.......................................................................................................... 36 2. Características do sistema Contábil........................................................................ 37 3. Indicadores como mecanismo de avaliação da gestão – utilizando a experiência acumulada............................................................................................. 42 4. Abordagens mais utilizadas em relação aos indicadores......................................... 44 5. Proposta de indicadores de custos......................................................................... 49 Anexo I ..................................................................................................................... 60 IV – Proposta de Diretrizes para Disseminação da Cultura de Custos na Administração Pública Federal 1. Aspectos Gerais.................................................................................................... 62 2. Aspectos normativos............................................................................................. 64 2.1 – Características da normatização do CFC...................................................... 64 2.2 – Características especifi cas do Sistema de Informações de Custos do Governo Federal..................................................................................... 65 2.3 – Perspectiva jurídica na avaliação das políticas públicas.................................. 67 3. Recomendações para a implantação do sistema de custos..................................... 68 3.1 – Etapas do processo de formação de custos.................................................. 68 3.2 – Vantagens da visão de processo .................................................................. 70 3.3 – Responsabilidade pelas informações de custo .............................................. 74 3.4 – Estrutura matricial ...................................................................................... 74 3.5 – Atitude das gerencias e plano de treinamento............................................. 75 4. Conclusão............................................................................................................. 76 4.1 – Oportunidades de melhoria......................................................................... 76 4.2 – Dimensionamento da equipe....................................................................... 77 4.3 Acumulando e analisando dados.................................................................... 77 Referências Bibliográfi cas Consultadas...................................................................... 78 11 Introdução A presente publicação apresenta todo o desenvolvimento da execução do Projeto de Integração para Efi ciência da Gestão, com vistas à implementação do sistema de custos do Governo Federal e deste modo realizar diagnóstico sobre desafi os a serem enfrentados pelos administradores para implementação efetiva de um sistema de in- dicadores que permita não só o cumprimento de um dispositivo legal, mas também e principalmente levar os administradores à obtenção do valor máximo dos recursos da organização com o mínimo de custos para a viabilização de programas e ações do governo. O trabalho está estruturado em 4 capítulos. O primeiro refere-se ao Plano das Ati- vidades que foram desenvolvidas no curso da consultoria e incluem os objetivos do trabalho, as áreas prioritárias que foram defi nidas, os principais aspectos a serem considerados na aplicação da metodologia, as bases para utilização de indicadores e os fatores críticos de sucesso de um sistema de custos. Neste capitulo foi incluído um breve histórico sobre a exigência de implantação de sistema de custos na admi- nistração pública, a partir da Lei 4.320/64 e do Decreto-Lei 200/67 culminando com a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que estabelece a obrigatoriedade de obediência às normas de contabilidadepública. Neste capítulo constam ainda algumas refl exões sobre os indicadores mais caracterís- ticos fazendo uma classifi cação segundo o objeto a mensurar que implica no estabe- lecimento de prioridades relacionadas com o objetivo da administração e segundo o âmbito de atuação que implica no conhecimento dos indicadores internos e externos. O segundo capitulo apresenta o relatório preliminar das visitas e atividades desenvol- vidas, apresentando os sistemas de avaliação de indicadores e a visão do problema esclarecendo a importância de identifi car: (a) Objetivos e metas da área selecionada; (b) o modo como os gestores pretendem alcançar as metas estabelecidas e (c) de que modo o indicador escolhido medirá as ações e/ou produtos O terceiro capítulo apresenta análises e considerações sobre as áreas estabelecidas no desenvolvimento de indicadores partindo das características do sistema contábil do setor público, fortemente infl uenciado pelo enfoque orçamentário que consti- tui elemento inibidor da implementação da contabilidade patrimonial e, por via de 12 conseqüência, da implementação efetiva do sistema de custos pretendido, seja pela legislação, seja pelos administradores das diversas esferas de governo. Além destes aspectos, o capítulo 3 também inclui estudo sobre experiências do próprio Governo Federal na construção de indicadores como mecanismo de avaliação da gestão e as principais abordagens utilizadas em relação aos indicadores, fi nalizando com uma proposta de indicadores de custos para as atividades selecionadas, indicando a ne- cessidade de obtenção de resposta para as seguintes questões: (a) Para que serve a atividade ou programa? (b) O que se deseja medir? (seleção de prioridades); (c) Qual o impacto das informações na gestão do negócio? (d) Sob quais perspectivas se deseja analisar e avaliar os custos? (comparabilidade); (e) Quais serão os principais usuários da informação? (f) Qual a periodicidade desejada para obter as informações? Finalmente o capitulo IV trata das características do sistema de custos na administra- ção pública representadas pelo (a) nível de custeamento; (b) conteúdo do custo e (c) momento em que o custo deve ser calculado. Também trata de proposta de diretrizes para disseminação da cultura de custos na administração pública federal a partir dos atos normativos do Conselho Federal de Contabilidade e do próprio Sistema de In- formações de Custos Governo Federal. Neste capitulo também se inclui um singelo estudo sobre a perspectiva jurídica na avaliação das políticas públicas que, em certo sentido, é inibidora do processo de mudança e, conseqüentemente, da plena utiliza- ção de sistemas de custos no setor público. Ainda no capitulo IV são apresentadas recomendações para a implantação do sistema de custos e as etapas do processo de formação de custos mostrando as vantagens da visão de processo (horizontal) em contraponto com a visão estrutural e orgânica (ver- tical), concluindo com a indicação das oportunidades de melhoria e dimensionamento das equipes com a sugestão de implantar núcleos de custos em cada área selecionada com base nos princípios da estrutura matricial ou de duplo comando. I - PLA N O D A S A TIV ID A D ES A SEREM D ESEN V O LV ID A S13 I PLANO DAS ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS I - P LA N O D A S A TI V ID A D ES A S ER EM D ES EN V O LV ID A S 14 1. Introdução Este relatório técnico atende ao produto 1 do Projeto de Integração Institucional para a melhoria da efi ciência do Gasto Público, código PSF LCHG 0543, ou seja, relatório do deta- lhamento do escopo da pesquisa, levantamento de dados e metodologia a ser empregada pelo sistema de custos do Governo Federal O relatório foi concebido com base no Termo de Referência e nas reuniões ocorridas em Bra- sília nos dias 13, 14 e 15 de outubro de 2010. O desenvolvimento está organizado em três partes: • Como entendemos as necessidades do Governo Federal; • Questões preliminares • Objetivos do trabalho • Áreas prioritárias • Metodologia • Aspectos a serem considerados na aplicação da metodologia • Bases para utilização de indicadores • Fatores críticos de sucesso • Proposta de metodologia para construção dos indicadores. • Plano de visitas e atividades a serem desenvolvidas. 2. Como entendemos as necessidades do Governo Federal Na área governamental a defi nição, explicitação ou redefi nição da Missão esta introduzida na própria Constituição Federal e a cada periodo eleitoral é acompanhada por uma defi ni- ção de valores que orientam a vida da organização, como, por exemplo, a qualidade dos serviços prestados ao cidadão que constitui fator importante para a defi nição das orienta- ções estratégicas, fatores criticos de sucesso ou planos para identifi cação e otimização do gasto público. Para efetivação dos objetivos acima a Constituição Federal estabeleceu como instrumentos de planejamento: a) O Plano Plurianual que estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada; b) As Diretrizes Orçamentárias que compreende as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercicio fi nanceiro subsequente, orientando a elaboração da lei orçamentária anual, dispondo sobre as alterações na legislação tributária e estabelecendo a política de aplicação das agencias fi nanceiras ofi ciais de fomento. I - PLA N O D A S A TIV ID A D ES A SEREM D ESEN V O LV ID A S15 c) A Lei orçamentária anual que compreende: (i) O orçamento fi scal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituidas e mantidas pelo Poder Público; (ii) O orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; (iii) O orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituidos e mantidos pelo Poder Público. Nossa visão sobre as necessidades da administração pública partem de periodo anterior à Constituição de 1988 quando tanto a Lei 4.320/64 como o Decreto-lei 200/67 estabeleciam que a administração pública deveria implementar sistema de custos, como a seguir: (i) Lei 4.320/64 • Art. 99. Os serviços públicos industriais, ainda que não organizados como empresa pública ou autárquica, manterão contabilidade especial para determinação dos custos, ingressos e resultados, sem prejuízo da escrituração patrimonial e fi nanceiro comum. • Art. 100 As alterações da situação líquida patrimonial, que abrangem os resultados da execução orçamentária, bem como as variações independentes dessa execução e as superveniências e insubsistência ativas e passivas, constituirão elementos da conta patrimonial. (ii) Decreto-lei 200/67 • Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante simplifi cação de processos e supressão de contrôles que se evidenciarem como puramente formais ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco. • Art. 25, inciso IX - Acompanhar os custos globais dos programas setoriais do Govêrno, a fi m de alcançar uma prestação econômica de serviços. • Art. 30, § 3º É dever dos responsáveis pelos diversos órgãos competentes dos sistemas atuar de modo a imprimir o máximo rendimento e a reduzir os custos operacionais da Administração. • Art. 73. Nenhuma despesa poderá ser realizada sem a existência de crédito que a comporte ou quando imputada a dotaçãoimprópria, vedada expressamente qualquer atribuição de fornecimento ou prestação de serviços cujo custo exceda aos limites prèviamente fi xados em lei. • Art. 79. A contabilidade deverá apurar os custos dos serviços de forma a evidenciar os resultados da gestão • Art. 94, inicos XI - Instituição, pelo Poder Executivo, de reconhecimento do mérito aos servidores que contribuam com sugestões, planos e projetos não elaborados em decorrência do exercício de suas funções e dos quais possam resultar aumento de produtividade e redução dos custos operacionais da administração. • Art. 95. O Poder Executivo promoverá as medidas necessárias à verifi cação da produtividade do pessoal a ser empregado em quaisquer atividades da Administração Direta ou de autarquia, visando a colocá-lo em níveis de competição com a atividade privada ou a evitar custos injustifi cáveis de operação, podendo, por via de decreto executivo ou medidas administrativas, adotar as soluções adequadas, inclusive I - P LA N O D A S A TI V ID A D ES A S ER EM D ES EN V O LV ID A S 16 a eliminação de exigências de pessoal superiores às indicadas pelos critérios de produtividade e rentabilidade. O artigo 79 do Decreto-lei 200/67 foi posteriormente regulado através do Decreto nº 93.872/1986, o qual detalhou a forma pela qual a contabilidade deveria apurar os custos dos serviços, bem como determinou punição para as u nidades que não disponibilizassem as informações pertinentes para permitir essa evidenciação: Art. 137. A contabilidade deverá apurar o custo dos projetos e atividades, de forma a evidenciar os resultados da gestão. § 1º A apuração do custo dos projetos e atividades terá por base os elementos fornecidos pelos órgãos de orçamento, constantes dos registros do Cadastro Orçamentário de Projeto/ Atividade, a utilização dos recursos fi nanceiros e as informações detalhadas sobre a execução física que as unidades administrativas gestoras deverão encaminhar ao respectivo órgão de contabilidade, na periodicidade estabelecida pela Secretaria do Tesouro Nacional. § 2º A falta de informação da unidade administrativa gestora sobre a execução física dos projetos e atividades a seu cargo, na forma estabelecida, acarretará o bloqueio de saques de recursos fi nanceiros para os mesmos projetos e atividades, responsabilizando-se a autoridade administrativa faltosa pelos prejuízos decorrentes. Por sua vez a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) (Lei Complementar 101/2000) estabeleceu como destaques da evidenciação contábil os seguintes: (i) Art. 4° LRF • Evolução do patrimônio líquido nos últimos três exercícios • Origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos • Avaliação da situação fi nanceira e atuarial dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial • Demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado. • Informes sobre os Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos (ii) Art. 50 LRF • Obediência às normas de contabilidade pública • Segregação das disponibilidades de caixa, dos recursos vinculados; • Regime de competência para Despesa e compromissos • Apuração complementar do resultado do fl uxo fi nanceiro • Receitas e despesas previdenciárias apresentadas em demonstrativos específi cos • Evidenciar na escrituração o montante e variação da dívida pública • Destacar a aplicação das receitas de alienações • Avaliação da efi ciência dos programas com a manutenção da contabilidade de custos; • Consolidação das contas nacionais e por esfera de governo • Normas gerais editadas pelo Conselho de Gestão Fiscal I - PLA N O D A S A TIV ID A D ES A SEREM D ESEN V O LV ID A S17 Todos os dispositivos acima referidos levam à identifi cação do que entendemos como as necessidades da administração pública para a efetiva mudança dos processos de trabalho que permitam a integração institucional para melhoria da efi ciência do gasto público como é o propósito do presente trabalho. Assim, o propósito do presente trabalho é buscar soluções com o objetivo de reduzir o défi - cit de informações de custos com a fi nalidade de identifi car as diversas potencialidades para o efetivo uso do Sistema de Informações de Custos do Governo Federal (SICGOV), entre as quais se destacam: (i) Ausência de instrumentos que permitam a identifi cação dos objetos de custo. (ii) Identifi cação de indicadores baseados nas informações geradas pelo SICGF (iii) Ausência de diretrizes para disseminação da cultura de custos na Administração Pública Federal; 3. Questões Preliminares Uma questão preliminar que merece ser discutida no momento em que o setor público pre- tende estabelecer parâmetros para a implementação de sistemas de custos e qualidade do gasto é fazer com que tanto dirigentes, como técnicos tenham a exata visão do que seja a visão do Contador de Custos e do Analista de Custos, cada um com preocupações distintas como mostra a Figura 01: Figura 01 – Diferenças entre o Contador de Custos e o Analista de Custos. CONTADOR DE CUSTOS X ANALISTA DE CUSTOS O CONTADOR DE CUSTOS O ANALISTA DE CUSTOS Pergunta: Quanto custou? Objetivos Avaliação de Estoques Balanços, Orçamentos e Preços Pergunta: Porque custou? (onde, como, quando, quem, o que?) Quanto custou? Objetivos Custo/Indicador/Produto/ Avaliação de desempenho Análise custo-benefício Otimização dos recursos I - P LA N O D A S A TI V ID A D ES A S ER EM D ES EN V O LV ID A S 18 4. Objetivos do trabalho: Com as preliminares elencadas acima nosso trabalho terá o seguinte objetivo principal e secundário: • Principal - subsidiar decisões governamentais de alocação mais efi ciente do gasto público • Secundário - identifi car oportunidades de melhoria e potencialidades de uso das informações geradas pelo sistema de Informação de Custos do Governo Federal. 5. Áreas prioritárias De acordo com o planejado as áreas a serem priorizadas serão a da Saúde, Educação e Defe- sa cujas análises envolverão aspectos relacionados com a visão institucional e programática em seus aspectos fi nanceiros e físicos, como mostra a Figura 02 a seguir: O trabalho a ser desenvolvido implica na identifi cação, por parte dos agentes de cada uma das áreas, dos programas e projetos prioritários conjugados com a visão de custos parciais, já introduzida nas premissas do Sistema de Custos de Informações de Custos do Governo Federal que tomam por base os sistemas estruturantes. Figura 02 – Identifi cação de nossa área de atuação. Abrir um centro médido na cidade de Samambaia Custo: 10.000,00 Início: 1/1/2000 Término:1/6/2000 METAS 1000 pacientes por mês Iniciar atendimento no mês de julho NECESSIDADES Escritório 1 Médicos 2 Enfermeira 1 Chefe do centro 1 Aux. Administrativo 1 Móveis 5 Equipamentos 8 Veículos 1 Computadores 3 VISÃO DE CUSTOS Gastos com pessoal 3000 Aluguéis 1000 Bens móveis 5000 Equipamentos e Materiais de escrit. 1000 Quando cumprirá as metas? Quando Necessita dos Recursos? Indicadores/ Direcionadores/ Base de apropriação Programa de Execução Programa Anual de Caixa Plano de Avaliação Área de atuação desta consultoria Proj. 2 Proj. 3 Proj. 2 Proj. 4 Proj. 5 Co nt ro le I - PLA N O D A S A TIV ID A D ES A SEREM D ESEN V O LV ID A S19 6. Metodologia A metodologia do trabalho será conduzida em quatrofases, desde o entendimento da estrutura institucional dos órgãos selecionados (Saúde, Educação e Defesa) até a apresenta- ção de sugestões para aperfeiçoamento e defi nição dos objetos de custo e recomendações para sua implementação a médio e longo prazo, alem de um plano de transição e imple- mentação dos indicadores de custo. Neste senƟ do as quatro fases estão assim estruturadas como Figura 04: 7. Aspectos a serem considerados na aplicação da metodologia Nosso trabalho deverá levar em conta a preocupação com o funcionamento da administração pública em especial levando em consideração que a administração pública é infl uenciada por princípios tais como a hierarquia, a uniformidade, a impessoalidade e o formalismo que tem sido censurados pela ausência de resposta às demandas da sociedade, cuja dinâmica e plura- lismo exigem respostas rápidas, sensíveis e em constante evolução, como é o caso do sistema de custos que constitui, como comprovado no inicio deste relatório, uma exigência legal e, mais que isso, uma necessidade dos administradores para auxiliá-los no processo de tomada de decisões. Análise, Diagnóstico e Verifi cação FASE 1 FASE 2 FASE 3 FASE 4 Assessorar no desenvolvimento de indicadores Sugestões para aperfeiçoamento Diretrizes para disseminação da cultura de custos Estabelecer uma visão clara da estrutura das informações geradas. Entender os atributos de satisfação das partes interessadas. Reuniões com áreas estabelecidas; Conhecer necessidades de informações de custo Identifi cação de ações de curto prazo Defi nição do modelo e dos objetos de custo. Sugestões de aperfeiçoamento do SIC. Plano de transição e implementação. Plano de trinamento. Recomendações para impementação a médio e longo prazo. Revisão e homologação da consultoria. PRODUTOS 1 E 2 PRODUTO 3 PRODUTOS 4 E 5 Figura 04 – Metodologia do trabalho I - P LA N O D A S A TI V ID A D ES A S ER EM D ES EN V O LV ID A S 20 Entretanto, no desenvolvimento de qualquer sistema de informações de custos é preciso levar em conta uma relação ótima entre a velocidade de sua obtenção e a precisão de seus elementos componentes. Uma informação conhecida rapidamente, mesmo que não muito rigorosa, é muito mais útil do que quando essa mesma informação é obtida por intermédio de um processo rigoroso, preciso e detalhado, mas cujo conhecimento só ocorra várias se- manas ou meses depois. 8. Bases para utilização de indicadores O respaldo legal e conveniência de uma avaliação e controle da atuação das entidades pú- blicas esta apoiada nos seguintes fundamentos • Principio da economicidade, efi ciência e efi cácia constantes da Constituição Federal e que orientam no sentido de que a administração pública deve ser gerida de maneira que possa utilizar os recursos públicos da melhor forma possível. • Principio da responsabilidade constante não só da Constituição, como também da Lei de Responsabilidade Fiscal ao estabelecer que as pessoas que administram os negócios públicos devem ser responsáveis por uma gestão prudente e efi ciente dos recursos que lhe são confi ados e ao fi nal de períodos determinados devem prestar contas de suas ações. Para cumprir os fundamentos acima a administração pública deve utilizar indicadores cuja construção depende dos seguintes requisitos: (i) Concentração nos aspectos essenciais (seletivo); (ii) Facilidade de compreensão, de cálculo e de uso (simplicidade); (iii) Representativo do fenômeno observado (cobertura); (iv) Existência, acessibilidade e disponibilidade das informações para seu cálculo, em qualidade adequada e em tempo útil; (v) Estabilidade conceitual dos componentes do indicador e do próprio indicador; (vi) Baixo custo de geração, manutenção e disponibilização Conhecidos os requisitos acima os responsáveis pelas áreas escolhidas precisam estabelecer as etapas a serem cumpridas para o desenvolvimento dos indicadores, a saber: • Identifi cação de atividades a serem medidas; • Estabelecimento de metas para cada atividade; • Defi nição dos objetos de custos • Determinação dos indicadores de custos. • Identifi cação de responsáveis para cada etapa do processo de mensuração; • Identifi cação da necessidade de ações corretivas; • Implantação de mudanças para realinhamento do desempenho; • Identifi cação da necessidade de novas metas. I - PLA N O D A S A TIV ID A D ES A SEREM D ESEN V O LV ID A S21 Durante as etapas acima, aprovadas pelas respectivas áreas, devem ser identifi cados os indi- cadores mais característicos de cada programa, fazendo uma classifi cação segundo o objeto a mensurar e segundo o ambito de atuação. Classifi cação segundo o objeto a mensurar A classifi cação segundo o objeto a mensurar implica no estabelecimento de prioridades rela- cionadas com o objetivo da administração. Assim temos como principais tipos os seguintes: • Indicadores de resultado. Compreende a medição dos resultados obtidos em comparação com os esperados, vale dizer dos produtos ou serviços produzidos; • Indicadores de processo: correspondem aos indicadores que tratam das atividades e, portanto, do processo de transformação de insumos em produtos ou serviços. • Indicadores de estrutura: tratam de medir aspectos relacionados com o custo e a utilização dos recursos e, por sua natureza, estão relacionados com o principio da economicidade. Esquematicamente as relações entre os diferentes indicadores e os elementos de sua men- suração podem ser representadas como na Figura 05, a seguir: Figura 05 – Tipos dos indicadores segundo o objeto Em face do esquema acima as organizações podem apresentar duas perspectivas comple- tamente diferentes que devem ser levadas em consideração por parte das equipes setoriais de custos: Primeira perspectiva – é um conjunto de atividades que transformando recursos vão produ- zir um resultado, indicando que a êssencia é a transformação dos recursos e, neste caso, o produto é o meio que viabiliza a existencia de uma atividade; Segunda perspectiva – é um resultado que será produzido através de atividades transforma- doras de recursos, indicando que a essencia é o resultado produzido e, portanto, a atividade é o meio que possibilita a realização do produto. Neste aspecto, ao estabelecer os indicadores é preciso que os mesmos sejam classifi cados segundo o objeto que se pretende mensurar. Isto evita a ocorrência de uma armadilha quando da sua defi nição pois existe uma tendência para a visão do interior do sistema (ati- vidade) em face da difi culdade para uma visão do produto a ser entregue ao benefi ciário das ações do governo (resultado). Fatores externos Indicadores estratégicos Indicadores de estrutura (economicidade) Recursos fornecidos (inputs) Atividades de transformação (outputs intermediários) Resultados produzidos (outputs fi nais e outcomes) Indicadores de processo (efi ciência) Indicadores de Resultado (efi cácia) I - P LA N O D A S A TI V ID A D ES A S ER EM D ES EN V O LV ID A S 22 Estas caracteristicas estão sendo incluidas no relatório, apenas, para que na modelagem dos indicadores sejam bem defi nidos o tipo de indicador, vale dizer, não cair na armadilha, muito comum em instituições altamente burocratizadas, de confundir os meios com os fi ns e vice-versa. Classifi cação segundo o âmbito de atuação Já a classifi cação segundo o âmbito de atuação implica no conhecimento dos indicadores internos e externos. No âmbito interno devem fazer referencia a variáveis relacionadas com o funcionamento da entidade enquanto noâmbito externo os indicadores devem referir-se à repercussão que produzem para fora da entidade. 9. Fatores criticos de sucesso Para a construção dos indicadores é preciso que as equipes envolvidas estejam conscientes dos seguintes fatores-chave de sucesso: • Comprometimento com o processo de mudança. • Envolvimento e participação dos servidores • Capacidade para reestruturar o serviço de atendimento, orientado para o cliente, missão, metas e objetivos • Indicadores de desempenho mensuráveis - Fazer benchmarking em outras entidades • Implementar e gerenciar um projeto piloto • Capacidade para vencer o obstáculo da burocracia 10. Proposta de metodologia para construção dos indicadores A metodologia proposta para a construção de indicadores envolve as seguintes etapas: (a) Identifi cação das atividades (b) Conhecimento das necessidades de informação por parte da administração nos diversos níveis (estratégico, tático e operacional); (c) Seleção dos indicadores segundo os objetos a serem mensurados. A Figura 06 mostra as etapas desse processo de construção: I - PLA N O D A S A TIV ID A D ES A SEREM D ESEN V O LV ID A S23 11. Plano de visitas e atividades a serem desenvolvidas A partir da aprovação da metodologia por parte da equipe dos responsáveis técnicos da Secretaria do Tesouro Nacional e das visitas para coleta dos elementos necessários junto às áreas priorizadas (Saúde, Educação e Defesa) estaremos dando inicio à leitura do material coletado para o cumprimento das etapas seguintes. Figura 06 Etapas do processo de construção de indicadores Identifi car atividades Conhecer os atributos de qualidade. (O que espera o cidadão?) Conhecer os objetivos (O que esperam os gestores?) Conhecer as necessidades de informação Seleção dos indicadores Idoneidade, utilidade e facilidade Adequação aos objetivos Ciclo dos processos Referências internas e externas Formalização do sistema de indicadores Informação para os gestores Técnicas do BSC Subsídios para a prestação de contas 25 II – RELA TÓ RIO PRELIM IN A R D A S V ISITA S E A TIV ID A D ES D ESEN V O LV ID A S II RELATÓRIO PRELIMINAR DAS VISITAS E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 26II – RE LA TÓ RI O P RE LI M IN A R D A S V IS IT A S E A TI V ID A D ES D ES EN V O LV ID A S 1. Preliminares No dia 14 de outubro participamos de reunião com a equipe setorial do Ministério da Saúde quando foi apresentada uma pauta que incluía como foco os seguintes temas: (i) Programas e ações relevantes (ii) Existência de sistemas internos de gestão (INFRASIG) (iii) Percepção do Comitê sobre o apoio da Alta Administração do órgão (iv) Entendimento pelos integrantes do Comitê do modelo conceitual e de dados do SIC. (v) Percepção do Comitê sobre os possíveis usos da informação de custos e potenciais usuários internos e externos. 2. Desenvolvimento da Reunião Durante a reunião fi cou claro, desde logo, que o Ministério da Saúde já mantém em sua estrutura um órgão que se insere no tema de custos, mas que está focado no âmbito da economia da Saúde tratando, de modo especifi co, do Sistema Único de Saúde (SUS). Ficou claro, portanto, não existir um software que padronize os procedimentos de coleta dos elementos de custo tendo em vista que tais iniciativas vêm sendo adotadas de modo independente pelos participantes do SUS nas diversas esferas de Governo. Foi apresentado o Sistema de Informações de Custos e verifi cada uma carência de informa- ções relacionada com o não preenchimento do Sistema de Planejamento (SIGPLAN) exata- mente nos campos relacionados com os indicadores físicos que são de fundamental impor- tância para a implementação do sistema de custos. Os representantes do Comitê do Ministério da Saúde acordaram em identifi car dois ou três programas relevantes que possam servir de piloto para estabelecer as atividades e produtos que permitam a construção de indicadores No desenvolvimento da escolha desses programas é importante identifi car: (a) Objetivos e metas da área selecionada; (b) Defi nição sobre o modo como os gestores pretendem alcançar as metas estabelecidas; (c) Demonstrar de que modo o indicador escolhido medirá as ações e/ou produtos Durante a reunião também foi esclarecido sobre a necessidade de envolvimento dos execu- tivos e administradores para implementação de indicadores dos programas. Neste sentido, o dirigente principal deve estar ativamente envolvido na criação e implementação de siste- mas necessários à organização que dirige. Também é relevante considerar que não basta o dirigente estar pessoalmente envolvido com a missão e as metas dos diversos níveis da organização, mas sim na disseminação das expectativas de desempenho e dos resultados para a organização. 27 II – RELA TÓ RIO PRELIM IN A R D A S V ISITA S E A TIV ID A D ES D ESEN V O LV ID A S 3. Atividades a serem desenvolvidas Com base na reunião com o Comitê do Ministério da Saúde podemos propor uma orien- tação metodológica para a construção dos indicadores na administração pública nos três aspectos já abordados no primeiro relatório, quais sejam: (a) Indicadores de resultado. (b) Indicadores de processo (c) Indicadores de estrutura Para melhorar o processo de comunicação sugere-se que o Núcleo de Custos da STN adote um cardápio terminológico a ser utilizado por todos os usuários e comitês setoriais. Desta forma pretende-se que não ocorram confl itos interpretativos que podem prejudicar o en- tendimento e, por via de conseqüência, a construção dos indicadores de custo. Na escolha dos indicadores piloto para as atividades selecionadas os membros dos Comitês devem responder às seguintes questões básicas: • Para que serve a atividade ou programa? • O que se deseja medir? (seleção de prioridades) • Qual o impacto das informações na gestão do negócio? • Sob quais perspectivas se deseja analisar e avaliar os custos? (comparabilidade) • Quais serão os principais usuários da informação? • Qual a periodicidade desejada para obter as informações? Nossa sugestão é que a análise, diagnóstico e abrangência das informações de custos do Governo Federal leve em consideração os seguintes fatores a serem levantados e identifi ca- dos pelos Comitês Setoriais para cada área escolhida como piloto: Principais atribuições - Subordinação técnica - Subordinação administrativa - Usos de informática - Materiais - Recursos Humanos - Planejamento e Administração dos recursos fi nanceiros. Organograma e quadro de pessoal (quantidades) - Chefi a - Setores segundo os níveis na estrutura. - Servidores à disposição de outros órgãos - Servidores de outros órgãos à disposição do setor. Fornecedor interno Fornecedor externo Cliente interno Cliente externo Insumo Insumo Produto Produto Processos de negócio - Desenvolvidos por terceiros; - Desenvolvidos pela própria área. - Sistemas necessários. - Sob gestão do setorSistema de informações - Informações necessárias, mas não disponíveis em sistema - Informações existentes em sistema, mas não disponíveis imediatamente. 28II – RE LA TÓ RI O P RE LI M IN A R D A S V IS IT A S E A TI V ID A D ES D ES EN V O LV ID A S Após o levantamento acima serão estabelecidas as prioridades das atividades ou progra- mas, os destinatários das informações, os critérios de periodicidade e o estabelecimento das referenciais comparativas, como mostram os quadros a seguir: Indicadores de desempenho e/ou de custos. - Atuais - Necessários- Possibilidade de comparação de custos com outras entidades (Benchmarks) Objetos de Custeio - Atuais - Necessários PRIORIZAÇÃO DAS ATIVIDADES/PROGRAMA Atividade/Programa Prioridade (0 – 10) % de tempo gasto na atividade/projeto DESTINATÁRIOS DA INFORMAÇÃO DE CUSTOS Atividades/Programas prioritários Estratégico Tático Operacional Usuários PERIODICIDADE DAS INFORMAÇÕES Atividades/programas prioritários Anual Semestral/trimestral Mensal/semanal ESTABELECIMENTO DE REFERENCIAIS Atividades/programas prioritários Referencias (qualidade, quantidade, tempo e custo) 29 II – RELA TÓ RIO PRELIM IN A R D A S V ISITA S E A TIV ID A D ES D ESEN V O LV ID A S Os indicadores devem ser coerentes com os critérios gerais do próprio órgão e por isso é recomendável que o desenho dos mesmos seja realizado a partir das áreas operacionais até atingir os objetivos e metas estratégicas. Em geral pode recomendar-se a adoção dos seguintes focos na construção dos indicadores que devem ser distribuídos a todos os membros dos Comitês de Custos dos Ministérios da Saúde, Educação e Defesa: No estudo para a construção dos indicadores é imprescindível identifi car, na medida do possível, as atividades que agregam valor aos programas e às organizações mediante a se- gregação daqueles que possam ser repensados ou até eliminados por não afetarem nem a qualidade e nem a efi cácia da ação desenvolvida. Este entendimento é fundamental tendo em vista que estamos tratando de um projeto cujo objetivo principal é a geração de infor- mações de custos e a melhoria da qualidade dos gastos, Todos sabemos que as organizações sempre podem ter atividades que não apresentam qualquer valor agregado e que podem ser decorrentes de inúmeros fatores entre as quais podem ser destacados os seguintes: a) Exigências de natureza tecnológica b) Exigências de natureza política c) Exigências da autoridade reguladora. Metas Estratégicas Unidade Administrativa ENTIDADE ou PROGRAMA Atividades/ Programas Custos População atendida Indicadores 30II – RE LA TÓ RI O P RE LI M IN A R D A S V IS IT A S E A TI V ID A D ES D ES EN V O LV ID A S 4. Sistemas de avaliação por meio de indicadores Os sistemas de custos e informações gerenciais de qualquer entidade do Setor Público de- vem, além da delimitação do seu objeto (função, programa, projeto, produto) atender as seguintes características: • O nível de custeamento • O conteúdo do custo • O momento em que o custo deve ser calculado. Os indicadores a serem construídos devem levar em conta os aspectos físicos e fi nanceiros de modo a observar, numa primeira abordagem, os resultados das instituições e dos pro- gramas segundo critérios defi nidos pela administração. Nada impede, entretanto, que no futuro, além destes aspectos, a administração possa avançar em análises mais detalhadas incluindo os produtos e os clientes. 5. Considerações sobre nossa visão do problema No nosso relatório 1 foram incluídos diversos dispositivos legais que induzem num primeiro momento à obrigatoriedade de implantação de um sistema de custos no setor público (art. 50, § 3° e legislações anteriores). Num segundo momento a análise criteriosa e sistemática do normativo legal revelará, por derradeiro, que um sistema de custos para a administração pública só será possível com a implementação da contabilidade patrimonial. É a própria Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal) que no inciso III, § 2o ao criar o Anexo de Metas Fiscais esclarece que o mesmo deve conter: III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a a lienação de ativos; Nível Conteúdo Momento Custos completos Custos parciais (diretos e variáveis) Custo pleno ou integral Custo de produção Custo de distribuição Custo real/Custo histórico Custo pré-determinado Custo padrão. 31 II – RELA TÓ RIO PRELIM IN A R D A S V ISITA S E A TIV ID A D ES D ESEN V O LV ID A S Neste sentido não será demais perguntar qual seria o motivo da LRF incluir demonstrativo da evolução do patrimônio liquido, já que o mesmo é resultante do confronto entre ativos (bens e direitos) e passivos (obrigações). Portanto, não teria sentido implantar sistema de custos sem a avaliação integral dos elementos componentes do patrimônio liquido. Por último cabe destacar, no que se referem aos usuários das informações, dois aspectos importantes a serem considerados antes de qualquer discussão sobre o tema: • o sistema de custos e informações gerenciais é corporativo, devendo, portanto atender, em primeiro lugar, a instituição como um todo (visão horizontal ou de processos) e não departamentos isolados (visão vertical ou funcional); • o nível de detalhe das informações fornecidas pelo sistema, para a sua implantação inicial, não deverá ser sufi ciente para que a média gerência e o pessoal envolvido na operação seja medido, pelo menos não diretamente ou com o refi namento necessário para análises mais profundas. • A nosso juízo o que se pretende é a criação de um sistema que traga respostas práticas dentro do menor espaço de tempo possível e que a necessidade do detalhamento ou foco em aspectos específi cos seja percebida durante a vida útil deste sistema, ocasião em que poderá ser dado tratamento apropriado. • A história da implantação de sistemas de custos está repleta de situações em que o refi namento do sistema foi gradual de forma a que não sejam concentrados esforços e recursos em aspectos não relevantes, muitas vezes, identifi cados erroneamente em uma primeira abordagem, e sim que aqueles possam ser mais bem avaliados e tratados de forma adequada quando da real justifi cativa de sua necessidade. A abordagem acima proposta esta relacionada com idéia de custos parciais que não são específi cos das empresas industriais ou comerciais, mas são bastante utilizados nas empre- sas prestadoras de serviços e, neste sentido, é relevante buscar o referencial teórico que dá respaldo à idéia de custos parciais que eliminam a inconveniência e os defeitos da busca do custo integral e completo para as Entidades do Setor Público. Assim, Patrick Gibert1 depois de observar que “a precisão dos valores obtidos é falaciosa, já que a confi abilidade das regras de repartição dos custos é limitada”, critica sobretudo o método dos custos completos por conduzir a “resultados de difícil utilização”. Pelo que temos observado o propósito da implantação do sistema de custos é a obtenção de uma solução prática tendo em vista que uma solução de custos totais, além de dispen- diosa e demorada, seria de difícil consecução e desnecessária diante da realidade e das necessidades do Governo Federal. Consideramos que a implementação de uma contabilidade de custos totais no setor pú- blico não deve tornar-se, ironicamente, mais um desperdício. Estamos convencidos de que seja no setor público ou no setor privado, a contabilidade de custos integrais nunca foi concebida para auxiliar os gestores no processo decisório. 1 PATRICK Gibert. Le Contrôle Dans Les Organisations Publiques. Ed. Les Editions D`Organisation (coleção Management Public). 32II – RE LA TÓ RI O P RE LI M IN A R D A S V IS IT A S E A TI V ID A D ES D ES EN V O LV ID A S Conclusões e próximas ações • Conclusão Um ponto crucial que colocamos a titulo de conclusão é que o sistema de custos não deve gerar controles ou requisitar informações que impliquem mais trabalho e portanto, mais custos, para os órgãos, departamentose unidades orçamentárias ou administrativas medi- das, sendo assim, fundamental que, na identifi cação dos objetos de custo e também dos indicadores não-fi nanceiros se considere a disponibilidade de dados para o seu cálculo. Deve fi car claro que, quando se fala da geração de mais trabalho ou esforço por uma área ou indivíduo, a preocupação é com a criação de novas rotinas periódicas como análises, pesquisas, alimentação de informações etc. Esta recomendação não inclui, naturalmente, as alterações ou melhorias dos dados já existentes nos sistemas estruturantes que tenham o propósito de recuperação ou tratamento de informações necessárias para o cumprimento do cronograma de implementação inicial do piloto selecionado para construção do sistema de informações de custo do governo Federal (SIC) • Próximas ações Uma vez aprovado o presente Relatório fi camos à disposição para marcar reunião com as Equipes Setoriais dos Ministérios selecionados, em especial, Educação e Defesa, com o ob- jetivo de dar inicio ao levantamento e estudo das etapas seguintes. 33 II – RELA TÓ RIO PRELIM IN A R D A S V ISITA S E A TIV ID A D ES D ESEN V O LV ID A S III ÁREAS ESTABELECIDAS NO DESENVOLVIMENTO DE INDICADORES 34III – Á RE A S ES TA BE LE C ID A S N O D ES EN V O LV IM EN TO D E IN D IC A D O RE S 1. Preliminares No primeiro relatório apresentado (produto 1) alinhamos nosso entendimento sobre as ne- cessidades do Governo Federal e indicamos a relevância na efetivação dos objetivos cons- tantes da Constituição Federal que indica como instrumentos de planejamento: a) O Plano Plurianual que estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada; b) As Diretrizes Orçamentárias que compreende as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercicio fi nanceiro subsequente, orientando a elaboração da lei orçamentária anual, dispondo sobre as alterações na legislação tributária e estabelecendo a política de aplicação das agencias fi nanceiras ofi ciais de fomento. c) A Lei orçamentária anual que compreende: (i) O orçamento fi scal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; (ii) O orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; (iii) O orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Naquela oportunidade enfatizamos que nossa visão sobre as necessidades da administração pública tem origem em período anterior à Constituição de 1988 quando a Lei 4.320/64, o Decreto-lei 200/67 e a Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceram que a administração pú- blica deveria implementar sistema de custos com o objetivo de avaliar a efi ciência dos progra- mas e das ações do Governo. Naquela oportunidade concluímos que o propósito do presente trabalho é a busca de soluções com o objetivo de reduzir o défi cit de informações de custos com a fi nalidade de identifi car as diversas potencialidades para o efetivo uso do Sistema de Informações de Custos do Governo Federal (SICGOV), entre as quais se destacam: (i) Ausência de instrumentos que permitam a identifi cação dos objetos de custo. (ii) Identifi cação de indicadores baseados nas informações geradas; (iii) Ausência de diretrizes para disseminação da cultura de custos na Administração Pública Federal; No curso do trabalho participamos de reuniões com representantes das áreas selecionadas com o objetivo de conhecer quais os programas escolhidos para serem incluídos no projeto piloto relativo à criação de indicadores de custos que, aliados aos indicadores qualitativos existentes servirão de base para a implementação efetiva do sistema de custos no Governo Federal. Assim, nosso entendimento sobre o escopo do trabalho corresponde à identifi cação do tipo de indicadores que podem ser aplicados favorecendo a medição de custos nas áreas selecio- nadas. Portanto, uma vez apresentados os relatórios será necessário e imprescindível que o Núcleo de Informações de Custos – NUINC – juntamente com as respectivas áreas efetue a validação dos indicadores mediante classifi cação nos seguintes tipos: 35 III – Á REA S ESTA BELEC ID A S N O D ESEN V O LV IM EN TO D E IN D IC A D O RES (i) indicador-chave: expressa o conceito ou dimensão mais relevante do objetivo proposto. Todos os Programas, particularmente os fi nalísticos (que ofertam bens e/ ou serviços para a sociedade), devem possuir pelo menos uma medida desse tipo; (ii) indicadores complementares: são medidas que expressam tanto a dimensão mais relevante quanto as demais dimensões inseridas no objetivo. Por exemplo, em um programa cujo objetivo seja “a formação inicial e continuada à distância” deverá incluir indicadores que expressem o nível de ocupação dos benefi ciados após sua formação. (iii) indicadores específi cos: expressam necessidades próprias de determinados interessados no Programa e são identifi cados principalmente quando os dois anteriores não atenderem ao que se deseja mensurar. 2. Características do sistema Contábil A implementação de indicadores exigirá que o sistema contábil possibilite, a partir da visão orçamentária, uma visão dos elementos de custo necessários à mensuração dos objetos de custo. Para isso deve possuir as seguintes características: a) Proporcionar uma clara separação entre custos de investimentos e custos operacionais; b) Permitir uma apropriação dos custos operacionais aos objetos de custo que forem defi nidos. c) Permitir a identifi cação dos custos variáveis (diretos e indiretos) a serem apropriados aos objetos de custo. Em relação a cada uma das características cabem as seguintes observações: a) Separação entre custos de investimento e custos operacionais Os custos de investimentos e os custos operacionais devem ser claramente separados, porque eles são administrados de modo fundamentalmente diferente. Os custos de investimentos, uma vez acumulados, dão origem a um ativo gerador de benefícios efetivos ou potenciais futuros indicando sua disponibilidade para serem utilizados em mais de um ciclo produtivo. É importante considerar que a classifi cação dos custos de investimentos não pode ser in- fl uenciada pelo conceito dual de despesas correntes x despesas de capital vez que o relevan- te, neste caso, sempre será o produto fi nal a ser obtido. Assim, todos os custos associados com a aquisição de equipamentos e instalações devem ser apropriados em contas do ativo. São custos das quais resultam ativos cujos benefícios serão acumulados para utilização e consumo em mais de um ciclo de produção de bens e serviços. Por sua vez os custos operacionais medem os recursos consumidos em um determinado período de tempo, um mês ou um ano, na operação de uma atividade. Eles incluem os custos com a força de trabalho, materiais consumidos pelo uso e serviços recebidos. São incorporados aos objetos de custo e fazem parte do resultado do exercício, produzindo uma variação diminutiva no patrimônio liquido da entidade. b) Permitir uma apropriação dos custos operacionais aos objetos de custo que forem defi nidos. 36III – Á RE A S ES TA BE LE C ID A S N O D ES EN V O LV IM EN TO D E IN D ICA D O RE S Ao realizar uma tarefa, qualquer que seja ela, ocorre o consumo de recursos. A despesa é a medida monetária dos recursos consumidos. A institucionalização de um sistema de custos e de indicadores correspondentes implica em nova visão do fl uxo de informações por meio de um elemento intermediário entre a visão orçamentária e a visão fi nanceira na forma constante da fi gura 1 c) Permitir a identifi cação dos custos variáveis (diretos e indiretos) a serem apropriados aos objetos de custo. Os estudos de custos e de seus indicadores revelam não existir qualquer duvida sobre a ne- cessidade da coleta dos custos diretos de cada programa, ação ou unidade representadas pelos custos de mão de obra e encargos sociais além do custo dos materiais consumidos e do custo dos serviços básicos. Entretanto, nos estudos de custos públicos, sempre ocorrem dúvidas sobre a validade da utilização de critérios de rateio para os custos indiretos tendo em vista o grande volume de rateios que serão necessários quando se trata da administração pública. SISTEMA ORÇAMENTÁRIO UNIDADE ORÇAMENTÁRIA CRÉDITOS DISPONÍVEIS DESPESA EMPENHADA DESPESA LIQUIDADA DESPESA PAGA CENTROS DE RESPONSABILIDADE UNIDADE DE DESPESA OBJETO DE CUSTOS Unidades Físicas Unidades Monetárias SISTEMA FINANCEIRO FUNÇÕES DESPESAS CORRENTES DESPESAS DE CAPITAL Integração RESULTADO VARIAÇÕES DIMINUTIVAS VARIAÇÕES QUALITATIVAS Aquisição de Bens RESULTADO VARIAÇÕES AUMENTATIVAS Despesas de Custeio Outras despesas Investimento Inversões PATRIMÔNIO ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE (+) Bens PASSIVO NÃO VITVULANTE (-)Dívida PATRIMÔNIO LÍQUIDO RESULTADO Figura 1 - Fluxo contábil e de custos com afetação aos resultados quantitativos e qualitativos. 37 III – Á REA S ESTA BELEC ID A S N O D ESEN V O LV IM EN TO D E IN D IC A D O RES Neste aspecto todo o referencial teórico indica que, no setor público, deve ser utilizado o critério dos custos parciais, ou seja, dos custos variáveis diretos que apropria os custos de estrutura (fi xos) e os variáveis indiretos, ao período em que ocorram. Assim, o método do custo variável escapa das críticas efetuadas ao método do custo pleno ou completo que determina a “estocagem” dos custos estruturais. O método do custo variável direto está em consonância com a idéia de que o custo tem origem no esforço interno da entidade e seu calculo e análise independem do resultado fi nal que tem relação de dependência com ações oriundas do mundo externo da entidade, seja pela arrecadação da receita tributária, seja pela venda ou distribuição dos produtos ou serviços produzidos. A fi gura 2 indica o critério de apropriação utilizado no método dos custos variáveis diretos: Custos Variáveis Custos de Estrutura Custos de Produtos e Serviços Conta de Resultados Variação Patrimonial Diminutiva CUSTOS VARIÁVEIS DIRETOS CUSTOS VARIÁVEIS DIRETOS CUSTOS FIXOS Figura 2 – Método dos custos variáveis diretos A aplicação do método dos custos diretos tanto na administração pública, como na área empresarial decorre da defi ciência do método dos custos completos para auxiliar o processo decisório. Este aspecto foi defendido por GILBERT1 depois de anotar que “a precisão dos valores obtidos é falaciosa, já que a confi abilidade das regras de repartição dos custos é limitada” e apresentar uma crítica severa ao método dos custos completos que apresentam resultados de difícil utilização gerencial. A partir de um exemplo simplifi cado de serviço público ele demonstra que o responsável do serviço pode basear-se nos custos completos para propor um preço de um serviço a ser fornecido para a administração. Entretanto, não pode determinar, a partir desses custos in- tegrais, quanto deverão aumentar os seus recursos se, por exemplo, o volume dos serviços aumentarem em 10%. Claro que ele pode acompanhar a evolução do percentual físico de execução mas, sem uma análise complementar, este acompanhamento não permite o con- trole da efi ciência dos serviços. Após tal refl exão o mesmo autor conclui “Na maior parte dos casos, daqui resulta que os decisores não sabem o que fazer com os resultados de uma contabilidade analítica, cuja existência se torna, ironicamente, mais um dos vários desperdícios”. 1 GILBERT, Patrick. Le controle de gestion dans lês organisations publiques. Ed. Les Editions d`organization (coleção “Management Public). 38III – Á RE A S ES TA BE LE C ID A S N O D ES EN V O LV IM EN TO D E IN D IC A D O RE S Outros autores, especializados na gestão hospitalar, A. Genom e G. Pinson2 denunciam es- pecifi camente as carências da contabilidade de custos tradicional no setor da saúde e recor- dam que a contabilidade de custos hospitalares é uma contabilidade de custos completos que tende a uma repartição cada vez mais apurada, e em cascata dos encargos comuns. Recordam ainda que esta contabilidade de custos tem duplo objetivo: (i) O controle da gestão, através de um conhecimento dos custos integrais o mais verdadeiros possível; (ii) A defi nição de preço das diárias que traduzam a verdade dos preços. Após tais refl exões perguntam se estes objetivos são conciliáveis e denunciam a perversão que tem origem no objetivo de tarifação levando o diretor de um hospital a operar uma transferência de encargos para os serviços menos vigiados (serviços recentemente implan- tados). Concluem seus estudos afi rmando que a contabilidade de custos completos não é o utensílio de que os administradores necessitam e enumeram como razões: (i) Ela revela-se de um manuseio pesado e moroso (os administradores necessitam de tomar decisões rápidas). (ii) Baseia-se em divisões arbitrárias dos custos indiretos, quer ao nível da apropriação dos encargos indiretos, quer ao nível da transposição dos setores de apoio (cozinha, lavanderia, administração, etc.) para os setores principais. (iii) Alem da complexidade verifi ca-se normalmente a base anual enquanto os gestores necessitam informações plurianuais. No fi nal esses autores destacam, em especial, que os custos fi xos se reportam muito mais a um período de tempo do que a um produto especifi co e, por isso, recomendam a utilização do custo direto. A principal razão para exclusão dos custos indiretos é a manutenção de um sistema mais simples pois a alocação dos custos indiretos exigiria procedimentos adicionais tanto para os Contadores como um esforço adicional para os administradores sem que tal medida eviden- cie benefi cio compensador para o processo decisório da administração pública. Certamente num estagio posterior, após a assimilação dos conceitos de custos, é possível o refi namento dos custos com a introdução gradativa dos custos totais. A fi gura 3 evidencia o fl uxo do sistema de custos e a etapa relacionada com o estabeleci- mento dos indicadores de custos. 2 Gestions Hospitalieres, no 180, Novembro de 1978. 39 III – Á REA S ESTA BELEC ID A S N O D ESEN V O LV IM EN TO D E IN D IC A D O RES Bens de uso comum Bens do Patrimônio Administrativo INVESTIMENTOS Dados Orçamentários Dados Financeiros Execução Orçamentária e Financeira Classifi cação Legal das Despesas Critérios de apropriação COMPARAÇÃO INSTITUCIONAL (por órgão) FUNCIONAL PROGRAMÁTICA Função Programa Projetos/ Atividades Reconhecimento dos Elementos de Custos CUSTOS VARIÁVEIS (DIRETOS) Materiais Pessoal Serviços Outros CUSTOS VARIÁVEIS (INDIRETOS) Identifi cados com os objetos de custosDepreciação Amortização Exaustão CUSTOS ACUMULADOS POR OBJETO DE CUSTO Metas previstas x Metas realizadas Mensuração Física Avaliação dos Resultados Indicadores selecionados Custos Operacionais RESULTADO: Variações Patrimoniais Balanço Patrimonial Ativo não fi nanceiro Figura 3 - Fluxo do sistema contábil integrado ao sistema de custos POR NATUREZA Pessoal e Encargos Material de Consumo Serviços de Terceiros Obras e Instalações Equipamento e Material Permanente 40III – Á RE A S ES TA BE LE C ID A S N O D ES EN V O LV IM EN TO D E IN D IC A D O RE S 3. Indicadores como mecanismo de avaliação da gestão – utilizando a experiência acumulada. Um indicador é defi nido por diversos autores como uma relação racional associada a um programa, uma ação ou um produto que, através de sua comparação com determinados padrões, permite conhecer as mudanças estabelecidas nas principais variáveis em diferentes momentos de sua execução. Alem disso permite comparações com indicadores de outras entidades, programas ou serviços com características similares, possibilitando o estabeleci- mento de um controle seletivo das informações relevantes da entidade. Em geral a utilização de indicadores permite saber quanto e como foram gastos os recursos, permitindo avaliar adequadamente a ação dos responsáveis pela implementação dos pro- gramas e projetos estabelecidos. Dentre as vantagens da implementação de um sistema de indicadores qualitativos e quan- titativos podem ser elencadas: • Clareza nos objetivos • Obtenção de informação sobre as atividades realizadas • Conhecimento dos resultados • Melhoria na prestação de contas • Controle e melhoria na utilização dos recursos • Motivação dos funcionários a partir da possibilidade de incentivos em função dos resultados alcançados. Nas entidades públicas, onde o controle é sempre prioritário, a realização de medições por meio de indicadores constitui uma ferramenta para que o gestor possa tomar decisões corretas em relação à continuidade não só da entidade como também de cada programa ou ação isoladamente considerada. A utilização de indicadores permite além do controle fi nanceiro um aprendizado valioso para a melhoria continua dos sistemas gerenciais da instituição. Portanto, os indicadores podem ser defi nidos como unidades de medida que permitem o acompanhamento e avaliação periódica das variáveis chaves de uma organização mediante comparação com outros indicadores tanto de origem interna como de origem externa. No âmbito da União é relevante considerar a publicação do Guia Metodológico que apre- senta uma síntese conceitual e uma metodologia de construção de indicadores de desem- penho de Programas, no intuito de auxiliar gestores e dirigentes na compreensão e escolha de medidas que de fato expressem os resultados esperados. Tal guia inclui as seguintes conseqüências positivas esperadas: (i) melhor entendimento dos papéis desempenhados pelos atores envolvidos; (ii) melhoria na qualidade do planejamento, implementação e avaliação de Programas; (iii) fortalecimento dos resultados na ótica da efi ciência e efi cácia das ações governamentais; 41 III – Á REA S ESTA BELEC ID A S N O D ESEN V O LV IM EN TO D E IN D IC A D O RES (iv) uniformidade em conceitos, abordagens e diretrizes sobre indicadores; (v) otimização da comunicação dos resultados das ações de governo. O referido guia defi ne indicador como: Um indicador é uma abstração que expressa uma dada realidade, mas não é a única; sempre que possível o gestor de uma política pública deve buscar outras formas de medição (pesquisas amostrais, contratação de avaliações externas, auditorias etc.) dos efeitos esperados no público-alvo do Programa. (MP 2010:p. 19) (nosso grifo) O foco do Guia Metodológico são os Indicadores de Programa que tem o propósito de medir os efeitos ou benefícios no público alvo, decorrentes dos produtos e serviços entre- gues pelas ações empreendidas no contexto do Programa, ou seja, expressam a resultante dos projetos e atividades implementadas. Assim, à luz do objetivo proposto, os indicado- res são os principais instrumentos (mas não necessariamente os únicos) para verifi car se os resultados do Programa foram satisfatórios ou insatisfatórios, daí a necessidade de uma boa defi nição do que se pretende entregar (ações) e alcançar (objetivo). Conforme defi nição acima, o indicador é tratado como uma abstração, vale dizer, envolve uma visão qualitativa da gestão. Assim, tendo em vista o esforço já efetuado na construção de indicadores qualitativos por parte da Administração Pública Federal, julgamos convenien- te que a construção dos indicadores de custos com foco em aspectos quantitativos estejam em consonância com o Modelo Lógico de Programas evitando, deste modo, duplicidade de esforços e inconsistências na sua formulação. Para garantir tal conformidade será preciso que na estruturação de indicadores de custos seja observado o mesmo referencial conforme fi gura 4 Figura 4 – Etapas para estruturação dos indicadores segundo o Guia Metodológico. Ação 1 Ação 2 Ação 3 Resultado Indicadores Objetivo Público-alvo Problema 42III – Á RE A S ES TA BE LE C ID A S N O D ES EN V O LV IM EN TO D E IN D IC A D O RE S Também é de signifi cativa importância seguir as recomendações sobre as grandes ciladas quando da implantação de indicadores de custos. Tais refl exões têm o objetivo de evitar es- forços que não agreguem valor ao processo ou aos produtos esperados pela administração. Entre as ciladas ou mitos o referido Guia indica os seguintes: a) Deve-se medir tudo - Quem quer medir tudo acaba não medindo nada; deve-se medir o que é relevante, signifi cativo, útil; medir custa tempo e dinheiro. b) A Medição deve ser absoluta - Raramente uma medida consegue atender a todas as propriedades dos indicadores como validade, confi abilidade, simplicidade, especifi cidade, disponibilidade, economicidade e outras. Uma boa prática é trabalhar com aproximações a partir de dados já existentes. c) Medir por medir - As medidas devem ter signifi cância, não devem ser operacionalizadas por obrigação ou imposição legal, mas por constituírem ferramentas úteis a todo o ciclo de gestão das políticas públicas. Medir e depois decidir o que fazer com as medidas não faz sentido. d) Dependência tecnológica - Primeiro deve ser concebida a sistemática, depois o sistema de informações. O sistema de suporte não precisa, necessariamente, ser perfeito ou baseado no “estado da arte” da tecnologia, mas deve ser funcionalmente útil e agregar valor à análise. 4. Abordagens mais utilizadas em relação aos indicadores. Nas abordagens de natureza organizacional podem ser encontradas três visões por parte de diversos autores: a) A primeira visão defende um modelo de medição que abranja toda a organização e, portanto, defende sua generalização para todas as organizações. b) A segunda visão acreditam que o modelo de indicadores deve levar em conta as características intrínsecas de cada organização e, consequentemente, tem como preocupação os aspectos de implementação dos indicadores e dos correspondentes sistemas de medição. c) A terceira visão inclui os que se destacam pela preocupação de contribuir para a pesquisa do tema de uma forma mais generalizada e, portanto, sem experiências práticas. Esses estudos levaram a dois modelos de indicadores: O primeiro denominado SMART – Strategic Measurement Analysis and Reporting Techni- que, foi desenvolvido por Richard Lynch e Kelvim Cross com o objetivo de permitir a im- plementação de
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