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DIREITO EMPRESARIAL PROFESSORA ELISABETE VIDO SUMÁRIO 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA 2. TEORIA DA EMPRESA 3. ATIVIDADE EMPRESARIAL 4. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 5. ATIVIDADE RURAL 6. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL REGULAR X EMPRESÁRIO INDIVIDUAL IRREGULAR 7. ESTABELECIMENTO 1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA a) 1ª fase - Na idade media, criaram-se as corporações. Antes da idade média, havia comércio e moeda, mas somente nesse momento é que teremos uma organização do Direito Empresarial. Antes, cada burro/feudo tinha sua própria regra e sua própria moeda. A corporação vai regulamentar determinada atividade. Tínhamos a corporação dos artesãos, dos ferreiros, etc. OBS.: No Brasil, essa fase não tem correlação. b) 2ª fase - Num segundo momento, em 1807/1808, na França, tivemos o surgimento do Código Comercial. Este Código Comercial Francês adota a Teoria dos Atos de Comercio, em que havia uma lista de atividades que eram consideradas comerciais (rol taxativo). No Brasil, em 1850, tivemos nosso Código Comercial Brasileiro, o qual adotou a teoria dos atos de comércio. Este ordenamento esteve em vigor até 2002. c) 3ª fase - Num terceiro momento, em 1942, na Itália, surgiu o Código Civil Italiano, com dois objetivos: a unificação do Direito Privado e a adoção da Teoria da Empresa. Em 2002, tivemos, no Brasil, a edição do novo Código Civil, que tentou a unificação do Direito Privado. Apenas tentou, por conta das diversas leis esparsas, ainda vigentes. A partir desse momento, adotamos a Teoria da Empresa. 2. TEORIA DA EMPRESA Para que surja empresa, é necessária uma soma de elementos: • Sujeito que realize a atividade empresarial; • Atividade empresarial (atividade realizada); e • Conjunto de bens (estabelecimento). 3. ATIVIDADE EMPRESARIAL “Art. 966 do CC. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.” São três as características da atividade empresarial, a saber: a) ECONÔMICA: realizada com objetivo lucrativo; b) PROFISSIONALISMO: a atividade deve ser exercida com profissionalismo, ou seja, com certa habitualidade, deve ser realizada de forma continuada; c) ORGANIZADA: o dono do negocio deve gerir os fatores de produção, ou seja, ele deve preocupar-se com tudo o que envolve a atividade, os funcionários, o horário, o custo, a qualidade, etc. Esta atividade organizada pode ser de prestação de serviços, ou de circulação ou produção de bens. PERGUNTA: Como sei que uma atividade não é empresarial? A atividade não empresarial pode ser econômica, pode ser exercida com profissionalismo, mas é exercida com pessoalidade, o que a difere da atividade empresarial. NÃO são atividades empresariais: a atividade profissional intelectual, de natureza cientifica, literária ou artística. Se essas atividades não empresariais constituírem elemento de empresa (fator de produção), a atividade será empresarial. Ex.: pet shop. “Art. 966, parágrafo único do CC. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.” 4. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL O empresário individual é a pessoa física que decide realizar atividade empresarial, mesmo que sem registro. O legislador, contudo, determinou que ele possui a obrigação de registrar-se antes de começar sua atividade, ou seja, no momento em que ele realiza a atividade ele já é empresário, mas tem o dever de se registrar antes de iniciar a atividade. O registro de empresário individual é ato declaratório, e não constitutivo. A competência para esse registro é do Registro Publico de Empresas Mercantis (Junta Comercial) "Art. 1.150 do CC. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.” Quando o empresário individual registra-se na Junta Comercial, ele faz jus ao CNPJ, mas não adquire personalidade jurídica. “Art. 44 do CC. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas V - os partidos políticos. VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.” O empresário individual tem um único patrimônio, que responde tanto por suas dívidas pessoais quanto pelas dívidas empresariais. Assim, o empresário individual sempre assume o risco integral de sua atividade. OBS.: Não há sentido falar em desconsideração da personalidade jurídica do empresário individual. São requisitos para ser empresário individual: a) Capacidade; e b) Ser livre de impedimentos. “Art. 972 do CC. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.” PERGUNTA: O incapaz pode realizar atividade empresarial? “Arts. 974 do CC. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. § 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser totalmente integralizado; III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais.” “Art. 975. Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. § 1o Do mesmo modo será nomeado gerente em todos os casos em que o juiz entender ser conveniente. § 2o A aprovação do juiz não exime o representante ou assistente do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos dos gerentes nomeados.” “Art. 976. A prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a de eventual revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. O uso da nova firma caberá, conforme o caso, ao gerente; ou ao representante do incapaz; ou a este, quando puder ser autorizado.” O incapaz só pode continuar a atividade empresarial, ele não pode inicia-la. Isso significa que ou a empresa foi objeto de herança, ou que seu dono sofreu interdição (incapacidade superveniente). No entanto, para essa continuação é necessário autorização judicial (no processo de interdição ou inventário). Esta autorização é revogável e genérica, para toda a atividade empresarial. O juiz também nomeará assistente ou representante. O incapaz tem proteção patrimonial, isto é, seus bens, que não tem relação com a atividade empresarial, não serão atingidos pelas dívidas empresariais. A doutrina fala em patrimônio de afetação. O juiz entãoexpedira alvará, em que constará: a autorização judicial, o nome do representante ou assistente e a lista dos bens protegidos. O alvará será averbado ou registrado na Junta Comercial. PERGUNTA: O que é ser livre de impedimentos? • Servidor Publico Federal (juiz, Ministério Público) tem proibição restrita, ou seja, não pode ser empresário individual nem administrador de uma sociedade. “Art. 117, X, da Lei 8.112/90. Ao servidor é proibido: (...) X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário” • Falido – é aquele que teve a decretação de sua falência. “Arts. 102 da Lei 11.101/05. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei.” O impedimento começa com a decretação da falência. E perdura por 5 anos após o encerramento, se não houver condenação em crime falimentar, o que pode aumentar esse prazo para 10 anos. “Art. 158 da Lei 11.101/05. Extingue as obrigações do falido: I – o pagamento de todos os créditos; II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo; III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei; IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei.” A pessoa impedida responde por seus atos, se praticá-los. “Art. 973 do CC. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.” 5. ATIVIDADE RURAL Quem exerce atividade rural tem a faculdade de registrar-se na Junta Comercial. Aqui, o registro é ato constitutivo, pois, apenas no momento em que há o registro, a atividade é considerada empresarial. “Art. 971 do CC. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.”
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