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PADRÕES de BELEZA na SOCIEDADE ATUAL Profa. Marion Vecina A. Vecina O corpo belo esteve sempre presente no imaginário e anseio das pessoas que cada vez mais lançam mão de recursos a fim de atingir tal beleza. • Quem nunca sonhou ser amado, respeitado, invejado e idolatrado? Este sonho de ser notado e admirado pela sociedade vem sendo buscado desde os mais remotos tempos e encontra na beleza física uma importante ancoragem. • Beleza esta que já valorizou a magreza, a gordura e, atualmente, parece atribuir maior crédito à quantidade de massa muscular, tanto em homens quanto mulheres. • A busca por um padrão de beleza ideal consiste em uma prática observada nas sociedades ocidentais desde a antiguidade clássica . • Criados e modificados conforme os costumes de cada época, esses padrões de beleza, denominados ideologia do culto ao corpo, encontram-se permeados pela cultura narcísica, que, por sua vez, materializam-se predominantemente pela preocupação do indivíduo com o volume e as formas corporais . • Visto dessa maneira, o corpo é entendido como uma construção, mutável e mutante, suscetível a mudanças e intervenções concernentes ao desenvolvimento científico e tecnológico de cada cultura, suas leis, códigos morais e do modo de produção de significados na vida cotidiana • No capitalismo, no qual o corpo é tomado como um bem de consumo, legitimaram- se as alterações corporais, tornando-as aceitáveis e acessíveis, o que viabiliza aos indivíduos a construção de suas identidades corporais • Entre as formas recorrentes e socialmente 'aceitáveis' de alterações corporais, como tatuagens, piercings e aplicações de botox, nomeadamente, a cirurgia estética amplia a concepção de anatomia para matéria prima a ser modelada, redefinida e submetida ao padrão corporal vigente. • De acordo com a American Society of Plastic Surgeons (ASPS, 2012), busca-se, por meio da realização da cirurgia estética, possibilidade de conferir nova forma a estruturas normais do corpo, visando, sobretudo, à melhoria da aparência física e autoestima do(a) paciente. • Outra situação que chama a atenção para os motivos que levaram à realização de cirurgias estéticas pelas jovens é a influência da sugestão de seus respectivos médicos, como se percebe na fala de uma das informantes: [...] inicialmente, busquei um cirurgião plástico visando a fazer a lipoaspiração, pois minha barriga sempre me incomodou. Não tinha problemas com meus seios. Achava eles normais, sabe. Então, no consultório, fui convencida a fazer também o implante de silicone nas mamas. O médico me ofereceu uma espécie de pacote que valeu muito a pena [...]. • No Brasil, a adequação a um padrão corporal socialmente imposto atingiu um limiar de fugacidade que, traz a sensação de que o corpo entra e sai de moda em ritmo semelhante às tendências das roupas de determinada estação. Trata-se de um padrão estético 'ideal' que historicamente associa mulher e beleza e, por sua vez, coloca-se avesso à feiura, hoje intimamente ligada à gordura e ao envelhecimento • Ainda que se tenha observado o aumento da adesão pelo público masculino por procedimentos cirúrgicos estéticos nas últimas décadas, ainda é o sexo feminino que compõe quase a totalidade (cerca de 90%) das intervenções cirúrgicas com fins estéticos no Brasil . • Os procedimentos mais procurados, encontram-se a lipoaspiração, prótese e redução mamária, plástica de abdômen e rejuvenescimento da face. Estas mulheres têm, em geral, entre trinta e quarenta anos; contudo, a procura por parte de adolescentes vem-se acentuando nos últimos dez anos • Estudo de Anzai, descreveu o padrão de beleza ocidental preconizado pela publicidade e pela mídia, como o “da figura longilínea, tipo físico das modelos Claudia Schiffer, Cindy Crawford e Naomi Campbell, ou o das estrelas de cinema como Sharon Stone, Julia Roberts ou Demi Moore [...]”. • É desta maneira que a sociedade assiste deslumbrada à passagem destes corpos perfeitos que invadem progressivamente os espaços da vida moderna tornando-se alterados, ampliados, reduzidos trabalhados nas academias e reproduzidos artificialmente. • Freitas et al. realizaram um estudo, no qual 88,4% dos sujeitos identificou o corpo magro como o mais belo, enquanto o corpo obeso, o menos belo. Neste sentido, os autores ainda comentaram que há um sentimento de negação em relação à obesidade, sendo o corpo magro mais desejado pelos sujeitos. • Neste universo, enquanto as mulheres se sentem insatisfeitas com as regiões do corpo que lhes parecem “grandes demais”, os homens se preocupam com as partes do seu corpo que eles acreditam ser “pequenas demais”. Esta “dominação masculina”, como Bourdieu descreve, obriga os homens a serem fortes, potentes e viris. Na visão do autor, os homens sacrificam aspectos importantes de suas vidas para se exercitarem de forma compulsiva nas academias, ocupando horas do seu dia em busca de um modelo de corpo caracterizado pela musculatura saliente e definida. • O grande impasse é quando esta obsessão vira doença e a insatisfação com a aparência, leva os indivíduos a desenvolverem distúrbios psicológicos representados pela anorexia, bulimia e vigorexia. Os motivos mais aparentes são a pressão social pelo corpo perfeito, a influência do mercado da moda e da televisão, circulação de revistas ligadas ao corpo e/ou de informação e a publicidade de modo geral. • Sendo assim, o culto ao corpo da atualidade, apresenta-se como um espetáculo de corpos construídos e diz a todo instante que, para o indivíduo ser socialmente aceito, deve se preocupar com a sua aparência. Parece possível afirmar que os meios de comunicação em massa reforçam esta ideia, levando a sociedade a acreditar nela e a buscar padrões ideais que são vistos como naturais. • Porém, Vigarello (2006) sustenta que o belo depende de vários aspectos, tais como: biografia genética, cultura, valores familiares, educação, higiene coletiva e individual, religião e também dos diferentes segmentos sociais no interior de um mesmo grupo. • Portanto, o belo seria a harmonia entre a fantasia de cada um e o que lhe é imposto, tanto no âmbito do comportamento individual quanto no do coletivo, o que sugere que a beleza não depende apenas da vontade, mas da própria existência no mundo. PADRÃO DE BELEZA E A INFLUÊNCIA DA MÍDIA https://www.youtube.com/watch?v=dG-dnvA5_UI REFERÊNCIAS • Jairo A P , Maria F L. Alterações corporais como fenômeno estético e identitário entre universitárias* Saúde debate vol.38 no.101 Rio de Janeiro Apr./June 2014http://dx.doi.org/10.5935/0103-1104.20140024 • Zanetti Marcelo Callegari, Moiolli Altair, Schiavon Mauro Klebis, Rebustini Flávio, Machado Afonso Antonio. Corpos belos nos ambientes virtuais: estudo por meio da sociologia visual. Rev. educ. fis. UEM [Internet]. 2012 Sep [cited 2016 Apr 03] ; 23( 3 ): 411-420. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983- 30832012000300009&lng=en. http://dx.doi.org/10.4025/reveducfis.v23i3.16987 • AMERICAN SOCIETY OF PLASTIC SURGEONS (ASPS) [internet]. What is the difference between cosmetic and reconstructive surgery? Disponível em:<http://www.plasticsurgery.org/FAQ-What-is-the-difference- betweencosmetic-and-reconstructive-surgery.cfm.>. • VIGARELLO, G. História da beleza: o corpo e a arte de se embelezar do renascimento aos dias de hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. • Bourdieu P. A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 1999. • SANTOS ARM, SILVA EAPC, MOURA PV, DABBICCOP, SILVA PPC, FREITAS CMSM. A busca pela beleza corporal na feminilidade e masculinidade. R. bras. Ci. E Mov 2013;21(2): 135-142. • Freitas CMSM, Lima RBT, Costa AS, Lucena Filho A. O padrão de beleza corporal sobre o corpo feminino mediante o IMC. Rev bras educ fís esp. 2010; 24(3): 389-404.
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