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14/03/2017 1 Profa: Marion Vecina A. Vecina O corpo, na Teologia dos pais da Igreja dos primeiros séculos de cristianismo, lida com a concepção de história, mediada pela cultura grego- romana. Roma acolheu as formas artísticas gregas, mas tornou-as mais pesadas, embora sólidas, com uma robustez que lhes dava duração, apesar da banalização em que caíram; As representações artísticas adquiriram maior dramaticidade, evidenciando um contraste entre o nu e o vestido, a vida e a morte, a força e a debilidade física. A força física, demonstrada pelos gladiadores, estava agora associada ao seu destino, à morte, à escuridão. A idealização do corpo Embora tenha sido atribuído ao culto do corpo um valor pagão, a arte romana manteve-se orientada pela expressão do ideal de beleza grego. Nos períodos posteriores, as representações do corpo adquiriram outras dimensões, subjugando-o a temas que potencializavam as questões místicas e religiosas A idealização do corpo Com o cristianismo assiste-se a uma nova percepção de corpo. O corpo passa da expressão da beleza para fonte de pecado, passa a ser “proibido”. O cristianismo e a teologia por muito tempo foram reticentes na interpretação, crítica e transformação das imagens veiculadas do corpo. Um corpo em silêncio, proibido: o cristianismo Perante o Deus cristão, o Deus que estava em toda a parte, os homens e as mulheres deviam ocultar o corpo. Nem entre os casais, na intimidade, ele deveria ser inteiramente desvelado. O pecado rondava tudo. Um corpo em silêncio, proibido: o cristianismo 14/03/2017 2 O cristianismo reprime constantemente o corpo (o “corpo é a abominável vestimenta da alma” diz o papa Gregório Magno). Por outro lado, é glorificado, nomeadamente através do corpo sofredor de Cristo. A dor física teria um valor espiritual. A lição divulgada era a morte de Cristo, o lidar bem com a dor do corpo, que seria mais importante do que saber lidar com os prazeres Um corpo em silêncio, proibido: o cristianismo O cristianismo resume a atitude de recusa; cabia ao homem descobrir-se como mais do que o seu corpo, descobrir-se como alma que deve lutar contra os desejos para escapar da morte e conquistar a eternidade e a salvação, O bem-estar da alma deveria prevalecer acima dos desejos e prazeres da carne Um corpo em silêncio, proibido: o cristianismo Segundo a ENCICLOPÉDIA BRITÂNICA (1999), a Idade Média é o período da história européia que começa com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476. Da formação dos reinos germânicos, a partir do século V, até a consolidação do feudalismo entre os séculos IX e XII, temos o período denominado alta Idade Média. Neste período, a terra era sinônimo de poder e, como complementam , disputada através de constantes batalhas. O estabelecimento da idade média, o conflito entre o sagrado e o mundano A Idade Média teve uma grande influência da Igreja, que era vista como o lugar do mundo terreno onde estava Deus. Como a base da sociedade era o teocentrismo, ou seja, Deus era o centro de todas as coisas, a Igreja influenciava de maneira muito forte o comportamento das pessoas no campo moral, nos relacionamentos interpessoais, na vida familiar e na forma de pensar e vestir. O homem medieval, preocupava-se muito com a salvação eterna da sua alma e, sob influência da Igreja, renunciava seus bens materiais e os prazeres terrenos. Acreditava que, assim, iria para o “paraíso” depois de sua morte na Terra. O estabelecimento da idade média, o conflito entre o sagrado e o mundano A preocupação estética e a cultura física eram contra os dogmas da Igreja e, portanto, foram proibidas. Havia um dualismo entre o corpo, visto como pecaminoso, e a alma, destinada à salvação O imperador romano Teodósio, convertido ao cristianismo, proibiu os Jogos Olímpicos (que seriam retomados somente no final do século XIX ( 1896), vendo neles uma "manifestação pagã". Tal medida expressava as concepções do cristianismo, que comparava os antigos deuses a demônios e qualificava como pecado a exibição dos corpos nus dos atletas. O estabelecimento da idade média, o conflito entre o sagrado e o mundano Os exercícios físicos eram a base da preparação militar dos soldados, que durante os séculos XI, XII e XIII lutaram nas Cruzadas empreendidas pela Igreja, Na Idade Média, a nudez sofreu uma repressão severa. Cobrir o corpo, além de proteger das variações climáticas, era uma questão moral e religiosa, decorrente do cristianismo. O estabelecimento da idade média, o conflito entre o sagrado e o mundano 14/03/2017 3 O homem medieval era extremamente contido, a presença da instituição religiosa restringia qualquer manifestação mais criativa. O cristianismo dominou durante a Idade Média, influenciando, portanto, as noções e vivências de corpo da época. A união da Igreja e Monarquia trouxe maior rigidez dos valores morais e uma nova percepção de corpo. A preocupação com o corpo era proibida, começando-se a delinear claramente a concepção de separação de corpo e alma, prevalecendo a força da segunda sobre o primeiro. O estabelecimento da idade média O contexto histórico cultural da Idade Média foi o responsável pela visão de corpo da época. Além do comportamento da população medieval ter sido extremamente controlado, também seu pensamento foi manipulado pelo poder dominante da época: o clero e a nobreza. Usando o nome de Deus, os poderosos obtinham muitos benefícios, e a população acreditava que, se contrariasse as ordens da Igreja, não teria a salvação da alma; portanto, não reagia. As proibições e privações eram muitas, e praticamente tudo relacionado ao corpo era considerado heresia, pecado. Por isso, o corpo era escondido. Nem mesmo poderia aparecer em pinturas ou esculturas se não estivesse encoberto. E as atitudes do corpo deveriam ser contidas, os gestos deveriam ser discretos. O estabelecimento da idade média, o conflito entre o sagrado e o mundano Porém, no final da Idade Média, com o Renascimento, o corpo foi saindo do anonimato e da escuridão. O período mais obscuro da história foi dando lugar à liberdade de expressão e pensamento O estabelecimento da idade média, o conflito entre o sagrado e o mundano No Renascimento, as ações humanas passaram a ser guiadas pelo método científico, começa a haver uma maior preocupação com a liberdade do ser humano e a concepção de corpo é consequência disso. O avanço científico e técnico produziram, nos indivíduos do período moderno, um apreço sobre o uso da razão científica como única forma de conhecimento . O corpo, agora sob um olhar “científico”, serviu de objeto de estudos e experiências. Passa-se do teocentrismo ao antropocentrismo. O conhecimento científico, a matemática, enfim, o ideal renascentista: O corpo investigado, descrito e analisado, o corpo anatômico e biomecânico Renascimento A redescoberta do corpo, nessa época, aparece principalmente nas obras de arte, como as pinturas de Da Vinci e Michelangelo, valorizando-se, deste modo, o trabalho artesão, juntamente com o pensamento científico e o estudo do corpo A obtenção do corpo sadio dominava o indivíduo: a prática física dominava a vontade, contribuindo para tornar o praticante subserviente ao Estado Renascimento Os ateliês haviam se transformado em pequenos centros de estudo científico 14/03/2017 4 Leonardo da Vinci Em 1452, no dia 15 de abril às 3 da madrugada nasceu Leonardo. Cientista responsável por surpreendentes descobertas, mas nunca as publicou . Um arquiteto, engenheiro, músico, anatomista, matemático, naturalista, astrônomo... Quem foi, afinal, Leonardo da Vinci? A curiosidade e o talento científico associados à excelência na pintura, desenho, escultura e arquitetura são características deste gênio que o mundo reconhece como o "Homem do Renascimento” MONALISA OU LA GIOCONDA Leonardo começou o trabalho em 1503 e só terminou três anos depois Uma mulher introspectiva e tímida, com sorriso misterioso e sedutor seu corpo representa um padrão de beleza para a época de Leonardo. Lillian Schwartz, cientista, sugere que a Mona Lisa é na verdade um auto-retrato de Leonardo, porém, vestido de mulher. Comparando um auto retrato de Leonardo com a mulher do quadro, verifica-se que as características dos rostos alinham perfeitamente. Outros sugerem que é a fusão de suas feições com as de sua mãe Leonardo da Vinci ANUNCIAÇÃO Máquina voadora que se assemelha ao helicóptero projeto de um tanque de guerra MICHELÂNGELO BUONARROTI Nasceu em Florença, março de 1475, de uma família nobre. Ficou órfão de mãe aos seis anos e foi criado por uma ama de leite e por um pai violento. Já na escola, demonstrava aptidão para artes, enchendo os cadernos com desenhos, desligando - se das matérias ensinadas. Motivo da perseguição do pai e irmãos que não aceitavam um artista na família. 14/03/2017 5 Michelangelo se destacou em uma época de ideologias revolucionárias, as quais conhecem hoje como Renascimento, foi um grande pintor fazendo os afrescos da Capela Cistina e como escultor fez várias estátuas famosas como “Davi”, “Pietá”, “Moisés”. Mas o seu maior legado para a humanidade é sem dúvida os afrescos da Capela Cistina, que codificou a Anatomia na arte. Maiêut. dig. R. Fil. Ci. Afins, Salvador, v. 1, n. 2/3, p. 177-195, set. 2006/abr. 2007 Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 121 - Junho de 2008 Psicologia & Sociedade; 23 (1): 24-34, 2011 REFERÊNCIAS
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