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Escrituração e o Ciclo Contábil. Sociedades. Considerações sobre as Mudanças nas Demonstrações Financeiras – Lei n. 11.638/2007 Profa. Ma. Juliana Leite Kirchner Sociedades Contrato em que duas ou mais pessoas se obrigam a conjugar esforços e recursos para a consecução de um fim comum, ou seja, o exercício da atividade econômica e a partilha dos resultados. É regida pelo Código Civil. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. Sociedades O Código Civil, em vigor a partir de 11/1/2003, trouxe evolução e modernização no que tange às Sociedades, em decorrência da substituição do antigo Código Comercial de 1850 e do Decreto n. 3.708, de 1919, aplicável às sociedades limitadas. Teoria dos Atos do Comércio x Teoria da Empresa Classificação O Código Civil estabelece a classificação das sociedades conforme Empresário e Não Empresário. • Empresário: exerce profissionalmente a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços. Deve possuir inscrição na Junta Comercial. Estão relacionados a atividades empresariais: indústria, comércio, prestações de serviços em geral. • Não empresário: exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, mesmo que com concurso de auxiliares e colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Classificação • Sociedade não personificada: constituída de forma oral ou documental, mas não possui registro em órgão competente. Subdivide-se em Comum e em Conta de Participação. • Sociedade personificada: é legalmente constituída e registrada em órgão competente, adquirindo personalidade formal. É também denominada pessoa jurídica. Subdivide-se em Empresária e Simples. Classificação Observe! Antes do novo Código Civil, a divisão de sociedades era comercial (atividades mercantis) ou civil (vinculadas à prestação de serviços). Atualmente, as sociedades dividem-se em empresárias e em simples. Classificação Sociedade Não Personificada • Sociedade Comum: explora uma atividade econômica, mas não possui registro. Denominada Sociedade de Fato ou Sociedade Irregular. • Sociedade em Conta de Participação: duas ou mais pessoas se reúnem para a exploração de uma atividade econômica. É um contrato de investimento comum. Há dois sócios: ostensivo (empreendedor que dirige o negócio e é responsável perante terceiros) e o investidor (investidor: apenas participantes na condição de investidores – sócios participantes). Classificação Sociedade Personificada • Empresária: sociedade que tem por objetivo o exercício de atividade própria de empresário. Tem seus instrumentos de constituição e alterações registrados na Junta Comercial. Visa explorar atividades da empresa. É a antiga Sociedade Comercial. • Simples: é aquela que explora a atividade de prestação de serviços decorrentes de atividade intelectual e de cooperativa, com registro no Cartório Civil. São as antigas Sociedades Civis. Classificação Sociedade Personificada A Sociedade Empresária subdivide-se em: 1. Sociedade em Nome Coletivo: Pessoas físicas. Os sócios respondem solidários e ilimitadamente pelas obrigações sociais. A administração das sociedades compete exclusivamente aos sócios. A responsabilidade dos sócios é ilimitada. 2. Sociedade em Comandita Simples: sócios (comanditados e comanditários) difere a responsabilidade de cada um. É aplicável às normas das sociedades em nome coletivo. Aos comanditados cabe os direitos e as obrigações dos sócios da sociedade em nome coletivo. Está em desuso. Classificação Sociedade Personificada A Sociedade Empresária subdivide-se em: 3. Sociedade Limitada – LTDA: Maioria das empresas. Responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integração do capital social. É administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social. 4. Sociedade Anônima – Sociedade por Ações: O capital divide-se em ações. A responsabilidade de cada sócio limita- se ao preço de emissão das ações que subscrever. É regida pela Lei n. 6.404/1976. Classificação Sociedade Personificada A Sociedade Empresária subdivide-se em: 5. Sociedade em Comandita por Ações: Capital dividido em ações. É regida pelas normas da Sociedade Anônima. Opera sob firma ou denominação. Pode ser administrada somente pelo acionista. Está em desuso. Sociedade Simples É constituída para a exploração de atividade de prestação de serviços decorrentes de atividade intelectual: advogados, médicos, contadores. Atividades de natureza científica, literária, artística e intelectual. Deve ser registrada no cartório de registro civil de pessoas jurídicas. Pode ser estabelecida segundo os mesmos tipos que as sociedades empresariais: Sociedade limitada, Sociedade em Nome Coletivo ou Sociedade em Comandita Simples. Sociedade Cooperativa É regida pelo Novo Código Civil e por legislação especial – Lei n. 5.764/1971. Características: dispensa do capital social. Responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. • Limitada: responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção de sua participação nas mesmas operações. • Ilimitada: responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. Objetivo Social no Nome Empresarial O Código Civil determina que conste no nome empresarial a designação do objetivo da sociedade, ou seja, qual atividade a sociedade exerce. Se a empresa possui mais de um objeto social, deve conter no nome empresarial a atividade preponderante entre as exercidas. Objetivo Social no Nome Empresarial Exemplo: uma sociedade empresária limitada, cujo objeto social é a construção de imóveis, deverá ter nome empresarial semelhante: X Construção de Imóveis Ltda. Essa exigência legal vem sendo aplicada pelas Juntas Comerciais responsáveis pelo registro de documentos societários, ao analisar os contratos sociais elaborados após o NCC. Mudanças nas Demonstrações Financeiras A Lei n. 11.638/2007 introduziu alterações na Lei n. 6.404/1976 (lei das sociedades por ações) e na Lei n. 6.385/1976, no que refere-se à elaboração e à divulgação das demonstrações financeiras. - Surgimento de uma nova realidade econômica no Brasil (bem diferente da existente em 1976, quando a Lei n. 6.404/1976 foi editada). - Processo de globalização das economias, de abertura de capitais, com expressivo fluxo de capitais ingressando no país e empresas arrecadando recursos no exterior. Mudanças nas Demonstrações Financeiras Objetivos das Mudanças • Informação contábil transparente e de qualidade. • Convergências às práticas internacionais. • Eliminação de dificuldade de interpretação e aceitação das informações contábeis. • Redução de custo (taxa de risco). Mudanças nas Demonstrações Financeiras • Criação da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) em substituição à Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR): atividades operacionais, dos financiamentos e dos investimentos. Demonstra o Fluxo de Caixa – é mais simples e difundida internacionalmente. Mudanças nas Demonstrações Financeiras • Eliminação da Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados. Restou apenas o grupo “Prejuízos Acumulados”: todo o lucro do exercício deverá ser destinado. Deverá haver uma conta para registrar as destinações do lucro e as eventuais reversões das reservas de lucros, e essa conta deve aparecer na DMPL. • Criação da Demonstraçãodo Valor Adicionado (DVA) – companhias abertas: demonstra quanto de riqueza a empresa adicionou a seu produto final e de que forma essa riqueza foi distribuída entre os vários fatores de produção (empregados, acionistas, governo, financiadores). Mudanças no Balanço Patrimonial • Criação do subgrupo “Intangível” (bens imateriais), desdobrado do subgrupo “Imobilizado” (bens materiais). • Classificação, no Imobilizado, dos bens corpóreos. • Extinção da possibilidade de reavaliação dos bens do Ativo Imobilizado (Reserva de Avaliação foi extinta). • Extinção do subgrupo Diferido pela Lei n. 11.941/2009. • Eliminação da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados: restou apenas a conta “Prejuízos Acumulados”. Mudanças no Balanço Patrimonial • Criação, no Patrimônio Líquido, do subgrupo “Ajustes de Avaliação Patrimonial”. • Em Reservas da Capital, somente são inclusos os ganhos relacionados a Capital Social da empresa (exclui doações e prêmios na emissão de debêntures). • Criação da verba Reserva de Incentivos Fiscais no subgrupo das Reservas de Lucros. • Reserva de Lucros a Realizar. • Resultado de Exercícios Futuros. Estrutura de Balanços ATIVO PASSIVO Circulante Disponível e Realizável no Curto Prazo Circulante Valores a Pagar no Curto Prazo Não Circulante Realizável a Longo Prazo Investimentos Imobilizável Intangível Não Circulante Exigível a Longo Prazo ____________________ Patrimônio Líquido Capital Social Reservas Mudanças nos Critérios de Avaliação • Duas hipóteses de avaliação a preço de mercado ou valor justo: 1. Aplicação em instrumentos financeiros e em direitos e títulos de crédito. 2. Nas operações de transformação, incorporação, fusão ou cisão. • Títulos de crédito a aplicações no Ativo Circulante que não sejam destinados à negociação ou disponíveis para venda devem ser expressos pelo valor de custo de aquisição. Mudanças nos Critérios de Avaliação Os elementos do Ativo e Passivo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados ao valor presente. Sociedade deve efetuar, periodicamente, uma análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado, no intangível. Mudanças nas Demonstrações de Resultado do Exercício • Nova redação ao inciso VI, do artigo 187, com exclusão da menção às partes beneficiárias. • Devem constar na DRE: 1. Ajustes a valor presente. 2. Parcela já realizada e não destinada à formação da Reserva de Incentivos Fiscais. 3. Os prêmios na emissão de debêntures. Outras Mudanças As companhias devem registrar os efeitos das disposições da lei tributária ou especial na própria escrituração contábil, sem a utilização de livros especiais: Ressalva: desde que efetuem ajustes na própria escrituração por meio de lançamentos complementares, a fim de se chegar ao resultado contábil. Outras Mudanças Criação da figura das Sociedades de grande porte, cujo Ativo deve ser superior a R$ 240 milhões ou ter Receita Bruta superior a $ 300 milhões. A ela se aplicam as disposições sobre Demonstrações Financeiras contidas na Lei n. 6.404/1976: escrituração e elaboração das Demonstrações Financeiras. Harmonização das Normas: as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. Vigência da Lei n. 11.638/2007 Esta lei entrou em vigor no primeiro dia do exercício seguinte ao de sua publicação. Lei foi publicada no dia 28/12/2007. Ela já está vigorando para as demonstrações financeiras do exercício social iniciado a partir de janeiro de 2008. Comitê de Pronunciamentos Contábeis Criado pela Resolução CFC n. 1.055/2005. Objetivo: o estudo, o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos sobre procedimentos de contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção. Comitê de Pronunciamentos Contábeis Importante: está em consonância à convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionacionais. Entidades atuantes: Bolsa de Valores de São Paulo; Conselho Federal de Contabilidade; Associação Brasileira de Companhias Abertas; Instituto de Auditores Independentes do Brasil, entre outras. Exercício As Sociedades são regidas pelo Código Civil e caracterizam-se quando duas ou mais pessoas obrigam-se a conjugar esforços e recursos para a consecução de um fim comum ou celebram um contrato de sociedade em que se obrigam a contribuir, com bens e serviços, para o exercício da atividade econômica, bem como para a partilha, entre si, dos resultados. Identifique qual a alternativa correta acerca da classificação de Sociedades: a) Sociedade Não Personificada é legalmente constituída e registrada em órgão competente, adquirindo personalidade formal. É também denominada pessoa jurídica. Subdivide-se em Empresária e Simples. b) Sociedade Empresária é aquela que explora a atividade de prestação de serviços decorrentes de atividade intelectual e de cooperativa, com registro no Cartório Civil. c) Sociedade Simples é aquela que explora uma atividade econômica, mas não possui registro. Também denominada Sociedade de Fato ou Sociedade Irregular. d) Sociedade Não Personificada é aquela constituída de forma oral ou documental, mas que não possui registro em órgão competente. Subdivide-se em Comum e em conta de Participação. e) Sociedade Não Empresária é aquela que exerce profissionalmente a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços. Deve possuir inscrição na Junta Comercial. Resposta Alternativa d. Exercício Diz-se não personificada a sociedade constituída de forma oral ou documental, porém não inscrita no Registro do Comércio. Não são personificadas a sociedade comum (atua sem registro e também é conhecida como sociedade irregular ou de fato) e a sociedade em conta de participação (os sócios se unem para explorar uma atividade mediante um contrato em que há um sócio ostensivo, responsável por dirigir o empreendimento e também perante terceiros, e sócios participantes, que são apenas investidores e beneficiários dos resultados). Exercício A partir do texto exposto, observa-se que uma característica que distingue as sociedades personificadas das não personificadas é: a) Contribuição para o exercício da atividade. b) União de esforços entre os sócios. c) Registro no órgão competente d) Partilha dos resultados entre os sócios. e) O objetivo de lucro. Resposta Alternativa c. Exercício O artigo 982 estabelece existir dois grandes gêneros de sociedades, quais sejam: Sociedade empresária (tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro) e Sociedade Simples. Constitui atividade própria de sociedade simples: a) A do lojista que exerce o comércio com habitualidade. b) A do industrial que se inscreve no Registro das Empresas Mercantis, antes do início da atividade. c) A exploração de atividade de prestação de serviços decorrente de atividade intelectual e de cooperativa. d) A do empresário individual que admite sócios para contribuir com o exercício de sua atividade. e) A da empresa rural que se inscreve no Registro das Empresas Mercantis, antes do início da atividade. Resposta Alternativa c. Considerações Finais • Foram introduzidas diversas mudanças nas demonstrações financeiras, por intermédio da Lei n. 11.638/2007. • Os principais aspectos das mudanças na Lei das Sociedades Anônimas – Lei n. 6.404/1976 partiram com os objetivos de: Considerações Finais • Adequar a Contabilidade brasileira aos padrões internacionais.• Harmonizar a lei com as melhores práticas contábeis internacionais. • Aceitação das nossas demonstrações contábeis por outros países, em face do grande número de empresas multinacionais no país. Considerações Finais As mudanças principais são: • A criação da Demonstração do Fluxo de Caixa em substituição à DOAR. • Criação do Ativo Intangível, possibilitando a escrituração separada dos bens materiais e imateriais. • Exclusão do Ativo Diferido, Ativo Permanente e Conta Lucros/Prejuízos Acumulados, entre outros. Considerações Finais • O Novo Código Civil trouxe inovações com relação ao nome ou denominação social das empresas. • Há cinco tipos de sociedades no Direito Brasileiro: Sociedade comum, Sociedade em Conta de participação, Sociedade empresária, Sociedade simples e Cooperativa. Considerações Finais • O grande diferencial se dá para quem exerce profissionalmente a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços e para quem exerce profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o auxílio de colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
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