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O que é direito pra você meu amigo

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RESUMO. O presente artigo tem como objetivo explanar os conceitos 
dados por diversos autores do que vem a ser Direito. É bom frisar que cada um viveu 
em época diferente, tempos que, por muitas vezes, eram marcados por perseguições 
e conflitos de Estado. 
Tratar do assunto Direito não é tão simples como parece, já que, por 
muitas vezes, temos conceitos errôneos a respeito do tema, o que dificultaria bastante 
em chegarmos a um denominador comum para a questão apresentada, fato é que o 
Direito está em tudo e é imposto para todos, seja o direito natural, que para Aristóteles 
está em todo lugar tal qual o fogo que queima por toda parte, ou o direito positivo, que 
tem eficácia apenas nas comunidades políticas singulares em que é posto. Assim, 
buscarei apresentar a questão: o que é direito para você, meu amigo?, de forma 
simples e descomplicada para que todos possamos entender um pouco mais sobre 
essa ciência tão bela, que por muitas vezes nos confunde com as diversas opiniões 
formadas. 
 
2 
 
 
O que é direito para você, meu amigo1? 
Uma pergunta simples cuja resposta é tão complexa! Não devemos ficar 
desesperados com as várias respostas que encontramos para tão problemática 
pergunta, já que definições é o que não nos faltam. 
Se essa famosa questão fosse feita em sala de aula, certamente teríamos 
inúmeras respostas diferentes, isso se deve ao fato de que o conceito de direito varia 
de pessoa para pessoa e de época para época, conforme ideais filosóficos e políticos. 
Como nossos grandes pensadores responderam essa pergunta: O que é Direito2? 
Platão afirma que “Direito consiste na busca de justiça, ou seja, é definido 
como regra que indica o justo. O princípio fundamental é dar a cada um aquilo que ele 
merece. Esse princípio deve ser garantido pelo Estado. Platão considera que o Estado 
deve se estruturar conforme os três tipos da natureza humana: há pessoas movidas 
pelo desejo, outras movidas pela coragem e outras movida pela razão” (DIMOULIS, 
2011, p. 23). As pessoas movidas pelo desejo são o povo, as movidas pela coragem 
são os militares e os filósofos seriam os movidos pela razão, intelectualidade, estes 
deveriam concentrar o poder de decisão do Estado, e é por isso que, para Platão, 
“direito significa, então, dar a cada um aquilo que corresponde a sua natureza e 
função na sociedade” (DIMOULIS, 2011, p. 24). 
Segundo Aristóteles, o direito só pode ser definido pelo Estado e deve ser 
empregado o critério de Justiça, “O Direito é justo quando protege os interesses gerais 
da sociedade e, em particular, quando trata de maneira igual as pessoas que se 
encontram em situação igual” (DIMOULIS, 2011, p. 24). Para Aristóteles, há duas 
formas de igualdade: aritmética, que exprime a justiça comutativa (sinalagmática), e a 
geométrica, que representa a justiça distributiva (ou atributiva). 
A Justiça comutativa deve ser aplicada em caso de contratos ou danos. 
Segundo o princípio da igualdade aritmética, “um por um” (DIMOULIS, 2011, p. 24), 
todos devem cumprir suas promessas e indenizarem pelos danos causados na 
proporção de suas promessas ou danos causados a terceiros. 
 
1 Geilton Gomes de Assis, aluno do curso de Direito do Instituto de Ensino Superior de Brasília (IESB). 
2 Todas as páginas indicadas são do livro Manual de Introdução ao Estudo do Direito, 4ª Edição, 2ª 
tiragem, Dimitre Dimoulis. 
3 
 
A justiça distributiva é uma forma elevada de justiça, fundamentada na 
proporcionalidade e aplica-se na distribuição de ofícios e das honrarias, a fim de 
determinar a posição social das pessoas. “O resultado da justiça distributiva é a 
desigualdade social. Cada um deve ter uma posição correspondente ao seu mérito e 
valor” (DIMOULIS, 2011, p. 24). 
Na ótica de Aristóteles, o direito se confunde com a justiça. Mas, por haver 
duas formas, deve ser decidido em cada caso se é aplicada a justiça comutativa ou a 
distributiva, sendo os resultados muito diferentes, ou seja, ora a justiça será 
comutativa, ora distributiva. 
Domitiu Ulpianus afirma que o direito é o mesmo para todos, “há um direito 
natural (ius naturale) que a natureza ensina a todos os animais, incluindo os seres 
humanos” (DIMOULIS, 2011, p. 25), ou seja, o direito natural dá um tratamento igual á 
todos. Para Ulpianos, há também o direito das gentes (ius gentium) que é aplicado 
especificamente aos seres humanos, o direito das gentes dá um tratamento 
diferenciado a determinado grupo, distinguindo, segundo a origem e a condição social 
da pessoa, e permitindo, por exemplo, a distinção entre os livres e os escravos. 
Temos, finalmente, o “direito civil” (ius civile), que é composto pelas normas 
específicas de determinada sociedade (DIMOULIS, 2011, p. 25). 
A mais famosa definição sobre direito pertence a Celso que diz: “O direito 
constitui a arte do bem e do justo: ‘Ius est ars boni et aequi’. (DIMOULIS, 2011, p. 26) 
Celso indica que o direito vincula-se à busca pela justiça (o bem e o justo), isto é, aos 
princípios que permitem ordenar corretamente a sociedade (DIMOULIS, 2011, p. 26). 
Tomás de Aquino afirma que as “leis são mandamentos da boa razão, 
formulados e impostos por aquele que cuida do bem da comunidade, isto é, pelo 
Monarca: ‘definitio legis, quae nihil est aliud quam quaedam rationis ordinatio ad 
bonum commune, ab eo qui curam comunitatis habet, promulgata’”. 
Trata-se do direito estatuído e escrito, do ius positivum. Porém, o príncipe 
não possui plena liberdade na criação do direito. Deve respeitar os mandamentos 
divinos, que constituem a lei eterna (lex aeterna). Essa lei eterna encontra-se nos 
ensinamentos da Igreja Católica e inclui o direito natural. 
Assim sendo, o príncipe é obrigado a criar normas que derivem da Lei 
eterna e protejam o bem comum. Se houver conflito entre a lei positiva e a eterna, isso 
significa que a lei positiva é ‘corrupta’, ‘tirânica’, ‘perversa’ ou ‘simples violência’. Em 
tais casos, os súditos são liberados do dever de obediência à lei positiva. 
4 
 
Mas o filósofo católico se apressa em observar que tais casos são 
extremamente raros, já que o príncipe sempre cuida do bem comum e respeita os 
mandamentos divinos e, em todo caso, o respeito da lei ‘corrupta’ pode ser necessário 
para evitar as desordens e as revoltas. “Essa complacência com os governantes e o 
direito da época chega a ponto de o autor defender a legitimidade da escravidão” 
(DIMOULIS, 2011, p. 26). 
Do ponto de vista de Baruch Spinoza, “o direito significa força, poder, 
potência (pontentia)” (DIMOULIS, 2011, p. 28). Spinoza diz que cada pessoa possui 
de alguma forma poder e direito, que é o que corresponde ao seu poder. Seria um 
absurdo a ideia de que o direito dependa do Estado ou da Justiça, “o direito indica 
somente uma relação de forças. O direito é o poder de cada um” (DIMOULIS, 2011, p. 
28-29). Afirma, também, que o poder dos governantes encontra um contrapeso no 
poder/direito das massas (povo), certamente podem se rebelar se o governante 
impuser regras contrárias à natureza dos seres humanos. 
Jean-Jacques Rousseau, com sua teoria de autolegislação, acredita que o 
mesmo direito desigual de Hobbes poderia ser igualitário, a fim de proteger o povo dos 
abusos do Estado. Rousseau fundamenta um pacto social democrático, no qual o 
direito deve expressar a soberania do próprio povo e garantir a ordem e a segurança 
sem abolir a liberdade dos membros da sociedade, em outras palavras, o direito deve 
resultar de decisões da própria coletividade e defender seus interesses. “O direito 
aparece, assim, como produto de uma vontade política de mudança. Os homens, que 
são desiguais por natureza, divididos emopressores e oprimidos, podem tornar-se 
iguais graças à criação de um direito igualitário e democrático” (DIMOULIS, 2011, p. 
29). Isso evitaria que a classe rica dominasse a classe pobre e que, se o governo não 
fosse corrupto, o povo influenciaria nas decisões e o direito garantiria a harmonia 
social e a igualdade de todos. 
Para Immanuel Kant, direito é o conjunto de regras estabelecidas pelo 
Estado para garantir a liberdade de todos os indivíduos, e não somente sua 
sobrevivência. Direito não é simplesmente o útil, mas o certo. O Direito é aceitável 
somente quando respeita a regra de outro e preserva a liberdade de todos. Para Kant 
o objetivo do direito é conciliar a liberdade de cada um com a liberdade dos demais, de 
forma que a liberdade possa prevalecer como regra geral, em outras palavras, “não 
devemos fazer aquilo que não gostaríamos que os outros fizessem conosco” (p. 29), 
essa é a grande regra de Kant que impõe limites aos indivíduos e cria uma ética 
5 
 
universal, em que todos são respeitados como seres humanos dentro do que é certo 
ou errado. 
Para Dante, direito é uma proporção real e pessoal, de homem para 
homem, que, mantida, conserva a sociedade; corrompida, corrompe-a. O direito não é 
uma relação qualquer entre os homens, mas sim aquela relação que implica uma 
proporcionalidade, cuja medida é o próprio homem. 
Hegel expõe que não é possível dar uma única definição ao Direito, pois 
cada época elabora um direito com finalidades e características diversas. O direito 
moderno é o mais elaborado de todos, porque exprime os valores supremos do gênero 
humano, “O Estado é a liberdade e a moralidade. Dessa forma, o direito moderno 
exprime o espírito de uma sociedade, que se realiza na história mediante contínuas 
conquistas e melhorias éticas. O direito moderno é a plena liberdade, definida e 
garantida pelo Estado” (DIMOULIS, 2011, p. 30). 
Karl Magnus Bergbohm, assevera que “todo direito é positivo e somente o 
direito positivo é direito”, para ele somente as normas criadas pelo Estado têm poder, 
sob pena de sanção, caso não cumpridas. Assim, as normas criadas por outras 
autoridades sociais (igreja, família, etc.) não vinculam o indivíduo juridicamente. 
Hans Kelsen define direito como organização da força ou ordem de 
coerção. Segundo o autor, o direito é uma ordem normativa social, que regula a 
conduta humana em relação a outras pessoas e que pode prescrever ou proibir 
condutas. A conduta oposta àquela normativamente prescrita pressupõe uma sanção, 
uma punição para o agente que se comporta contrariamente aos interesses da 
comunidade jurídica. 
Portanto a definição de direito varia de época para época e conforme 
movimentos políticos. Se vivemos em um período em que o Estado impõe mais 
obrigações, a definição do direito é tendenciosa para o lado da coerção e, se vivemos 
em um Estado humanitário, a definição tende a ser social. O que devemos ter certeza 
é de que a definição de direito nunca será a mesma para toda a humanidade e para 
todos os tempos, assim dizia um autor do início do século XX, “o ordenamento jurídico 
encontra-se em permanente fluxo” (Kohler, 1919, p.2). 
Grande exemplo de que o pensamento sobre a definição direito muda de 
acordo com o momento vivido, bem como sua época, é a visão de Hans Kelsen que 
define o direito como organização da força ou ordem de coerção, provavelmente 
Kelsen tenha essa definição pelo fato de ter sido perseguido por ser judeu na época 
6 
 
da segunda guerra mundial e, após várias aventuras, encontrou refúgio nos Estados 
Unidos, “as normas jurídicas são obrigatórias e aplicam-se mesmo contra a vontade 
dos destinatários por meio do emprego de força física” (DIMOULIS, 2011, p. 33). 
Thomas Hobbes, por sua vez, Filósofo inglês e escritor de várias obras 
como Leviatã3, tem opinião adversa ao conceito de Kelsen, acreditando que a 
imposição estatal do direito corresponde ao efetivo e racional interesse de todos, 
sendo ele requisito para evitar conflitos sociais, provando assim que a definição muda 
de acordo com a experiência vivida de cada um. 
No início deste estudo, a pergunta que era tão complexa, nos parecia ser 
muito simples de ser respondida, de modo que não devemos nos equivocar sobre 
cada conceito aqui exposto, haja vista que foi somente uma explanação da definição a 
que almejamos chegar. Se estudarmos a fundo o que cada autor quis demonstrar com 
suas definições, iremos muito além do que esperamos. 
O Direito, no meu ponto de vista, é a forma imposta pelo Estado de tratar 
igualmente os indivíduos, de modo que haja um tratamento desigual às relações 
jurídicas desiguais, em outras palavras, Direito é a forma de o Estado organizar e 
tratar os iguais igualmente e os desiguais desigualmente, de forma que todos sejam 
alcançados pela justiça garantida de forma subjetiva. Por exemplo: o direito de todos 
serem assistidos por um advogado, incluindo os pobres ao defensor público. O Estado 
equilibra esse direito de forma que a balança da Justiça sempre esteja em igual para 
todos e jamais seja tendenciosa a nenhum dos lados, a justiça deve ser cega para 
poder aplicar o correto e jamais desviar a atenção ao mal, seja o Estado ou o Povo o 
direito deve ser sempre justo e jamais ímpio, ou seja, ao passo que o Estado tem o 
dever de aplicar sanções a fim de coibir os excessos de direito, tem a obrigação de 
não cometer os erros da injustiça. 
Referência: 
DIMOULIS, Dimitri. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. 4. São 
Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. 
 
3 Livro publicado por Thomas Hobbes no período da tomada do poder da Inglaterra por Oliver 
Cromweel, quando a Inglaterra deixa de ser uma monarquia e passa a ser uma república governada por 
um militar (1651). Hobbes identificava o "Leviatã" como um monstro bíblico, uma espécie de grande 
hipopótamo de que fala o livro de Jó, precisando "que não há poder sobre a terra que se possa 
comparar". Hobbes vivia numa época de grande instabilidade política, assim, toda a sua mecânica foi 
direcionada na busca da paz pessoal, social e política. Vale ressaltar que no livro, Hobbes faz um estudo 
do comportamento do homem no estado de natureza até seu encontro com o homem artificial.

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