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MANDATO De início, não confundam mandato com mandado. Mandato é contrato, é representação. Enquanto mandado é ordem. Então deputado tem mandato (representa o povo) e advogado também (representa o cliente). Já Juiz expede mandado (= ordem) de segurança, mandado de prisão, mandado de reintegração de posse, etc. ARTIGOS 653 a 692 CONCEITO: Mandato é representação, ou seja, uma pessoa (mandante) autoriza outra (mandatário) a praticar atos ou administrar interesses em seu nome. Assim, os atos praticados pelo segundo devem ser entendidos como se praticados pelo primeiro. Art. 653 do Código Civil: Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato. A representação em questão é contratual, decorrente de um contrato de mandato. Em Direito, a representação possui duas espécies (115): a) legal ou judicial: deriva da lei ou da ordem do Juiz (ex: o pai representa o filho menor, o tutor o órfão e o curador o incapaz; o inventariante representa o espólio, etc.); b) consensual ou voluntária: decorre do contrato de mandato, é a representação que nos interessa este semestre. Na representação legal não há mandato, não há contrato. PARTES - Mandante, outorgante, comitente: aquele que concede, outorga poderes. Ele é representado pelo contratado. - Mandatário, outorgado, comissionário, procurador: quem recebe tais poderes. Ele representa o contratante. CARACTERÍSTICAS Unilateral - Gera obrigações somente para o mandatário. Havendo remuneração, passa a ser bilateral. Gratuito ou oneroso - Presume-se gratuito quando não for estipulada retribuição ( fazer a inscrição de um concurso a um familiar ou amigo), exceto se seu objeto corresponder àquele em que o mandatário atua por ofício ou profissão lucrativa (ex.: advogado, despachante). ARTIGO 658 E p.u Intuitu personae ou Personalissimo- Leva-se em consideração a idoneidade técnica e moral do mandatário (fidúcia: mútua confiança). (682, II) Consensual e não solene - Torna-se perfeito com a simples manifestação de vontade das partes, não havendo forma especial. Há casos em que se exige formalismo (ex.: compra e venda de bens imóveis). Revogabilidade - As partes podem pôr fim ao contrato sem justificativa: revogação pelo mandante ou renúncia pelo mandatário. REQUISITOS SUBJETIVOS Todas as pessoas capazes são aptas a dar procuração, ou seja, aquelas que possuam suficiente discernimento para a prática dos atos civis e as maiores de 18 anos (ou emancipadas). Art. 654 do Código Civil: Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. Os maiores de 16 e menores de 18 anos poderão dar procuração se devidamente assistidos pelo representante legal ou até mesmo sem assistência, em alguns casos específicos como outorgar mandato para reclamação trabalhista ou requerer registro de nascimento. Os menores de 16 anos nunca poderão ser mandantes ou mandatários, vez que são "representados" por seu responsável. Art. 666 do Código Civil: O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores. Os cônjuges podem ser procuradores um do outro. Os pródigos e falidos também podem exercer mandato. REQUISITOS OBJETIVOS Pode ser objeto do mandato quaisquer atos que possam ser praticados pela própria pessoa do mandante, exceto aqueles que se fazem personalíssimos, não praticáveis por outra pessoa (o mandatário). São exemplos de atos personalíssimos: - voto - depoimento pessoal - exercício do poder familiar REQUISITOS FORMAIS (656 e 657) Não se exige forma especial para a execução de um mandato, podendo ser tácito ou expresso por mímica, escrita ou verbalmente. Art. 656 do Código Civil: O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito. De acordo com o art. 657 do Código Civil, deve- se obedecer à forma exigida por lei para o ato a ser praticado, ou seja, para aquele ato que demanda forma escrita, deve também o mandato a ele referente ser realizado de forma escrita. Art. 657 do Código Civil: A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito. Ex: As escrituras de venda e compra devem ser públicas, portanto, a procuração para realizá-las também o devem ser. PROCURAÇÃO PUBLICA OU PARTICULAR Procuração: é o instrumento do mandato, é o elemento exterior do mandato. É com a procuração que o mandatário prova a terceiros que é o representante do mandante (118). O contrato de mandato pode ser verbal (656), mas a procuração precisa ser escrita (PUBLICA OU PARTICULAR) e com a firma reconhecida (654, 657). Procuração Pública ou por instrumento público é aquela feita em livro especial do cartório, no qual será escrito o mandato. A particular é feita em papel, na sua casa ou no escritório do seu advogado, de modo manuscrito ou de modo impresso . Exemplos de mandato em que se determinam forma pública são aqueles nos relacionados ao fato de um contrato de compra e venda de bem imóvel, o mandante ser cego ou analfabeto ou menor de 18 anos, os pactos antenupciais, adoções, reconhecimento voluntário de filho, etc. A procuração, feita por instrumento público ou particular, deve conter o nome do outorgante, sua assinatura, a qualificação completa do outorgado (nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência) e a natureza e extensão dos poderes a ele conferidos e, ainda, a data, que é requisito essencial à validade da procuração. E para que tenha legitimidade contra terceiros é necessário que tenha a firma reconhecida do outorgante. ARTIGO 654 SUBSTABELECIMENTO O mandatário pode transferir o exercício dos poderes a ele conferidos a um terceiro que venha executar, por ele, o mandato que lhe havia sido outorgado. A esta substituição dá-se o nome de SUBSTABELECIMENTO, que é ato do mandatário que se faz substituir por outrem na execução do mandato. Todos os mandatos podem ser substabelecidos, salvo declaração expressa em contrário, o mandato pode permitir o substabelecimento, proibi-lo ou não se manifestar a este respeito. Se o mandato proíbe o substabelecimento e, ainda assim o mandatário o realiza, responderá por todos os prejuízos causados pelo substituto, mesmo que sem culpa deste. Se o mandato permite o substabelecimento, o mandatário não se responsabiliza pelos atos praticados pelo substabelecido, apenas se responsabiliza pelos danos causados por seu substituto se se provar que escolheu pessoa incapaz. Vejamos os artigos 655 e 667 Tipos de Substabelecimento: - com reserva de poderes: o mandatário se faz substituir pelo substabelecido, mas não renuncia ao mandato, conservando seus poderes para exercê-lo quando necessário. - sem reserva de poderes: a substituição do mandatário pelo substabelecido é total e definitiva, cessando por completo os poderes conferidos aoprimeiro. Sobre aceitação do Mandato vejamos o artigo 659 A aceitação expressa se dá, mais comumente, de maneira verbal (através de palavras) ou mímica (por meio de gestos ou expressões corporais). A forma escrita é mais rara. Já a aceitação tácita pressupõe o início da execução pelo mandatário, ou seja, ele pratica qualquer ato que indica o seu consentimento, como por exemplo, anunciar um carro que lhe foi dado poderes para vender. Mandato pode ser ainda GERAL é relativo a todos os negócios do mandante, conferindo ao mandatário poderes de administração, ESPECIAL para os os atos que importem em diminuição patrimonial (compra, venda, doação, etc) mudança do seu estado civil ( casamento). Artigos 660 e 661 Codigo Civil Os atos praticados que extrapolem os poderem que lhe forem conferidos são ANULAVEIS e PODEM ser IMPUGNADOS ou RATIFICADOS, Uma vez ratificados terão efeito retroativo nos termos do artigo 662. OBRIGAÇÕES DO MANDATÁRIO (668 a 674) 1) É também obrigação do mandatário exibir a procuração às pessoas com quem contratar, como forma de garantia para terceiro que passa a conhecer os poderes reportados no mandato. 2) aplicar toda sua diligência/capacidade em favor do mandante no cumprimento do mandato, observando as instruções recebidas; 3) prestar contas de sua gestão (668 a 671). O mandatário deve prestar contas de sua gestão, de suas funções ao mandante, repassando-lhe os benefícios provenientes de seus atos. Art. 668 do Código Civil: O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja. Art. 669 do Código Civil: O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte. Art. 670 do Código Civil: Pelas somas que devia entregar ao mandante ou recebeu para despesa, mas empregou em proveito seu, pagará o mandatário juros, desde o momento em que abusou. Art. 671 do Código Civil: Se o mandatário, tendo fundos ou crédito do mandante, comprar, em nome próprio, algo que devera comprar para o mandante, por ter sido expressamente designado no mandato, terá este ação para obrigá-lo à entrega da coisa comprada. 4) pôr fim ao mandato já começado em caso de morte ou incapacidade do mandante, tendo em vista o perigo de prejuízo pela demora do negócio. Art. 674 do Código Civil: Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante, deve o mandatário concluir o negócio já começado, se houver perigo na demora. OBRIGAÇÕES DO MANDANTE: (675 a 681) 1) passar a procuração; 2) prover os meios necessários para a execução do mandato como por exemplo, transmitir ao mandatário a importância gasta na sua execução, previamente ou posteriormente, por meio de reembolso. (ex: o valor da inscrição no concurso); artigo 675 3) para com o mandatário deverá remunerar-lhe de acordo com o ajustado ou pelo que for arbitrado pelo juiz, se o contrato for oneroso (676); 4) pagar as despesas tidas pelo mandatário em virtude do mandato, com juros, se houver sido pactuado que o mandante adiantaria a importância necessária e não o fez. (677) 5) recompensar o mandatário pelos prejuízos advindos da execução do mandato, ainda que fortuitos, desde que este tenha agido sem culpa e sem excesso de poderes.(678) 5) O mandatário pode exercer direito de retenção sobre bens do mandante, para forçar o mandante a cumprir suas obrigações (681) EXTINÇÃO DO MANDATO pode ocorrer - por termino de prazo - por conclusão do negócio - por mudança de estado de uma das partes, que importa na suspensão da capacidade contratual, que a inabilita a conferir poderes ou exercê-los (ex: interdição). A mudança de estado extingue o mandato, deixando ressalvados os direitos de terceiros de boa-fé. - por morte de uma das partes por ser intuitu personae, baseado na confiança consignada pelo mandante no mandatário. Porém, se falecido o mandatário, devem seus herdeiros realizar os atos impreteríveis, dentro dos limites estabelecidos pelo mandato, sob pena de responderem por perdas e danos. (689, 690 e 691) - pela RENÚNCIA (688) - pela REVOGAÇÃO que pode ocorrer a qualquer tempo 682, I pois basta o mandante perder a confiança no procurador para revogar a procuração); II é contrato personalíssimo); III (ex: advogado que passa no concurso de Juiz não pode mais exercer mandato judicial; outro ex: deixa de ter valor a procuração de pessoa solteira para alienar imóvel se essa pessoa contrai matrimônio); IV (este é o objetivo do contrato).
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