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AULA 20 PROCESSO PENAL I DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Questões preliminares. Objeções ou exceções processuais, art. 95 do CPP. O motivo de foro íntimo no CPC. Incompetência (relativa e absoluta), litispendência; ilegitimidade de parte (para a causa e para o processo); Coisa julgada. Distinção entre coisa julgada formal e coisa julgada material (coisa soberanamente julgada e revisão criminal). Limites objetivo e subjetivo da coisa julgada (incidência no crime continuado, no concurso formal e no concurso de agentes). DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Conflito de competência e conflito de atribuições. A competência para julgar os conflitos de competência e decidir os conflitos de atribuições na CRFB. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Exceções A defesa pode ser contra a ação e contra o processo. A defesa contra a ação pode ser direta (negativa de autoria, apresentação de álibi etc.) ou indireta (excludente da ilicitude, arguição da extinção da punibilidade etc.). A defesa contra o processo é feita através das exceções. As exceções podem ser dilatórias, ou seja, atrasam o julgamento do conflito (suspeição e incompetência) e podem ser peremptórias, ou seja, impedem o julgamento do conflito (litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada). DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Caso concreto da semana 11: Carlos é denunciado por homicídio duplamente qualificado, imputando-lhe a inicial a execução material do crime, através da conduta de disparar arma de fogo contra a vítima. Pronunciado nos exatos termos da denúncia, sem outras diligências a serem efetivadas, designa-se data para julgamento pelo Tribunal do Júri. Ao final, Carlos é absolvido, tendo os jurados acolhido a tese da negativa de autoria, e a sentença transita em julgado. Tempos depois, Carlos é surpreendido com nova citação relacionada ao mesmo homicídio, porém, a nova denúncia agora, imputa a Carlos a autoria intelectual do delito, DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 narrando a denúncia que Carlos efetuou promessa de pagamento a Roberto, também denunciado por esta nova inicial e a quem se atribui agora a execução material do crime. O juiz recebe a denúncia oferecida contra Carlos e Roberto. No momento da audição das testemunhas arroladas pela acusação, o réu Carlos diz que o juiz está pretendendo prejudicá-lo e o chama de covarde. Nas alegações finais, a defesa do réu Carlos, argui a suspeição do juiz e a exceção de coisa julgada. Diga se assiste razão a defesa. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 (a) exceção de suspeição O art. 254 do CPP prevê as hipóteses de suspeição. Tourinho Filho entende que o rol é taxativo, mas a jurisprudência admite interpretação extensiva. A exceção de suspeição busca, ao mesmo tempo, garantir às partes um juiz imparcial e salvaguardar o prestígio do magistrado e a credibilidade do Poder Judiciário. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Embora não haja previsão expressa no CPP, o art. 135, parágrafo único, do CPC, pode ser usado por analogia para que o juiz criminal se declare suspeito por motivo de foro íntimo. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Podem ocorrer as seguintes situações: o juiz declarar-se suspeito de forma espontânea; as partes arguirem a sua suspeição e o juiz reconhecê-la; as partes arguirem a sua suspeição e o juiz negá-la, sendo certo que neste caso caberá ao Tribunal de Justiça decidir se o juiz deve ou não continuar no processo. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Se o juiz sair do processo em razão da suspeição, os autos são encaminhados ao seu substituto, ou seja, ao juiz tabelar, o qual é determinado pelas normas de organização judiciária. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Exercício suplementar da semana 11: 1-Assinale a opção correta a respeito da exceção de suspeição. a) Sempre que houver arguição de suspeição de jurado no procedimento do tribunal do júri, deverá o juiz determinar a suspensão do processo principal até que se decida o incidente. b) As partes não poderão arguir de suspeição os serventuários ou funcionários da justiça e os peritos não oficiais, pois tais servidores exercem atividade meramente administrativa. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 c) Caso seja arguida a suspeição de membro do MP, a decisão caberá ao próprio juiz criminal que conduz o processo principal. d) Julgada procedente a exceção de suspeição do juiz pelo tribunal competente, o processo deverá ser remetido ao seu substituto, com aproveitamento dos atos já praticados no processo principal. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 A incompatibilidade em sentido amplo abrange a suspeição, o impedimento e a incompatibilidade em sentido estrito. A suspeição é tratada no art. 254 do CPP. O impedimento e a incompatibilidade em sentido estrito são tratados nos arts. 252 e 253. No impedimento, as funções conflitantes são exercidas contemporaneamente. Na incompatibilidade em sentido estrito as funções conflitantes são exercidas simultaneamente. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 (b) exceção de incompetência A competência é pressuposto processual de validade do processo. A competência pode ser absoluta e relativa. A exceção de incompetência, segundo o art. 108 do CPP, deve ser arguida no “prazo de defesa”, ou seja, em dez dias, de acordo com os artigos 396 e 396-A do CPP. Entretanto, o art. 109 do CPP autoriza que o juiz declare a incompetência, em qualquer momento, seja incompetência relativa, seja incompetência absoluta. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Se a incompetência for declarada, cabe o recurso em sentido estrito do art. 581, II, do CPP. Se não for declarada, é possível provocar o tribunal através de preliminar em apelação ou diretamente através de habeas corpus. Se a incompetência for relativa, serão ratificados os atos não decisórios (inclusive o recebimento da denúncia, segundo o STF) e serão anulados os atos decisórios, que devem ser renovados. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Se a incompetência for absoluta, todo o feito será anulado, sendo oferecida nova denúncia pelo promotor com atribuição. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 (c) exceção de litispendência Para que ocorra litispendência, deve haver identidade de partes (MP ou querelante e réu ou querelado), de pedido (condenatório) e de causa de pedir (fato imputado), sendo imprescindível que os dois processos ainda estejam pendentes de julgamento. Se o juiz acolhe a exceção de litispendência, cabe o recurso em sentido estrito do art. 581, III, do CPP. Se o juiz não acolhe, cabe habeas corpus. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 (d) exceção de ilegitimidade de parte Busca-se garantir a regularidade dos requisitos indispensáveis ao exercício da ação penal, especificamente no que se refere à legitimidade ativa e passiva. A exceção abrange a ilegitimidade ad causam (a vítima ajuíza ação penal de iniciativa pública) e a ilegitimidade ad processum (um promotor de Niterói oferece denúncia na vara criminal de Maricá, faltando-lhe atribuição DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Se o juiz acolhe a exceção de ilegitimidade de parte, cabe o recurso em sentido estrito do art. 581, III, do CPP. Se o juiz não acolhe, cabe habeas corpus. O reconhecimento da ilegitimidade de parte acarreta a anulação do processo desde o início (art. 564, II, do CPP). É possível o oferecimento de outra denúncia ou queixa, desde que sanado o equívoco anterior, salvo se tiver havido decadência ou prescrição. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 (e) exceção de coisa julgada A coisa julgada ocorre quando não se interpõe recurso ou quando são esgotadas as vias recursais. No processo penal,em se tratando de absolvição, existe a chamada coisa soberanamente julgada. Em se tratando de condenação, mesmo após o trânsito em julgado, é possível o ajuizamento das ações de habeas corpus e de revisão criminal. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Para que seja possível a arguição da exceção de coisa julgada, deve haver identidade de partes (MP ou querelante e réu ou querelado), de pedido (condenatório) e de causa de pedir (fato imputado), sendo imprescindível que um dos processos já tenha sido julgado irrecorrivelmente. Deve ser considerado o fato imputado ao réu, e não o tratamento técnico que lhe foi dado. Se o juiz acolhe a exceção de coisa julgada, cabe o recurso em sentido estrito do art. 581, III, do CPP. Se o juiz não acolhe, cabe habeas corpus. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Podem ocorrer situações inusitadas. O réu é condenado irrecorrivelmente no primeiro processo; depois, é ajuizado um segundo processo e não se argúi a exceção de coisa julgada; no segundo processo, o réu é condenado também irrecorrivelmente à pena maior. Qual é a sentença que deve prevalecer? DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 O réu é absolvido irrecorrivelmente no primeiro processo; depois, é ajuizado um segundo processo e não se argúi a exceção de coisa julgada; no segundo processo, o réu é condenado também irrecorrivelmente. Qual é a sentença de que deve prevalecer? DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 O réu é condenado irrecorrivelmente no primeiro processo; depois, é ajuizado um segundo processo e não se argúi a exceção de coisa julgada; no segundo processo, o réu é absolvido irrecorrivelmente. Qual é a sentença que deve prevalecer? DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 A coisa julgada desafia questões bastante interessantes. Em se tratando de concurso formal, se um só dos resultados foi objeto da sentença, é possível a instauração de outro processo quanto ao outro resultado ou quanto aos outros resultados? Se tiver havido condenação no primeiro processo, nada impede o ajuizamento do segundo processo. Se tiver havido absolvição, deve ser considerado o fundamento da absolvição. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Em se tratando de crime continuado, se houve crime continuado antes da sentença e só se apreciou um ato e, após a sentença, se descobrem outros atos, nada impede a instauração de outro processo contra o mesmo réu, cabendo a unificação das penas na execução. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Em se tratando de crime habitual, a sentença transitada em julgado impede o oferecimento de outra denúncia com relação às ações anteriores que se integrem na reiteração delituosa, mas, se houver ações posteriores à sentença em número suficiente para formar novo delito, é possível outra acusação. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Em se tratando de concurso de agentes, havendo a condenação de um dos réus, nada impede a segunda denúncia em face do outro réu, mas, havendo absolvição, é imprescindível examinar o seu fundamento. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Conflito de jurisdição Critica-se a expressão “conflito de jurisdição” porque, na verdade, o CPP trata de verdadeiro conflito de competência. O art. 114 do CPP prevê os casos de conflito de competência: positivo, negativo e relativo à unidade de juízo O art. 115 do CPP prevê os legitimados para suscitar o conflito. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 O art. 102, I, o, da CF, prevê a competência do STF. O art. 105, I, d, da CF, prevê a competência do STJ. Quando a discussão gira em torno da atribuição do órgão do Ministério Público, o caso é de conflito de atribuição. Se os órgãos discordantes pertencerem ao MP do mesmo estado, cabe ao procurador-geral de justiça decidir (art. 10, X, da Lei 8625/93, e art. 11, XVI, da Lei Complementar 106/03). No âmbito federal, cabe ao procurador-geral da república decidir (art. 49, VIII, da Lei Complementar 75/93). DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Se o conflito existir entre órgãos do MP de diferentes estados ou entre o MP estadual e o MP federal, para Marcellus Polastri, deveria haver norma prevendo a atribuição do procurador-geral da república; como não há norma, cabe ao STF decidir, em razão do art. 102, I, f, da CF. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 A jurisprudência trata do chamado conflito de atribuição sui generis. Ocorre quando há dissenso entre o órgão do MP e o juiz. Exemplo: o juiz decreta a prisão preventiva fora do expediente forense; o feito é distribuído para outro juízo; o MP entende que o outro juízo é o competente; o juiz que decretou a prisão se acha competente; prevalece a opinião do MP porque ele é que deve decidir onde oferecer a denúncia; mas o outro juiz pode discordar e declinar da competência. DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA 20 Em regra, o conflito de atribuição ocorre antes do oferecimento da denúncia, mas é possível que ocorra pós- denúncia.
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