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Exame parasitológico de fezes (EPF) Técnicas sanguíneas Colheita e preservação de amostras biológicas A maioria dos parasitas intestinais é diagnosticada pelo exame das fezes, embora outros materiais, como urina, escarro, secreções urogenitais, aspirados, tecidos, conteúdo duodenal e espécimes obtidos por biópsia possam ser utilizados para a identificação de certas espécies. Os estágios usuais de diagnóstico são os ovos e as larvas de helmintos e os trofozoítas, cistos e oocistos de protozoários. Na realidade, uma identificação segura e correta de um parasita depende de critérios morfológicos, os quais estão sujeitos a uma colheita bem-feita. e a uma boa preservação dos espécimes fecais. Não pode ser esquecido que um material fecal inadequadamente colhido, velho ou mal preservado, será de pequeno valor para o diagnóstico. Os espécimes submetidos ao exame em condições ótimas deverão ser coletados recentemente, sem contaminação, e convenientemente preservados Colheita e preservação de amostras biológicas O bolo fecal normal é composto quase que exclusivamente de fezes, mas em certas situações uma porção do bolo pode ser constituída de sangue e muco, ou ter considerável quantidade de tecido morto. Neste caso, essas porções da massa fecal evidenciam uma infecção parasitária, quando não obstante, o exame das fezes pode fornecer um resultado negativo. Adultos de Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, proglotes de Taenia e de Dipylidium caninum podem ser encontrados no bolo fecal, sem que a presença de ovos seja identificada. Por esta razão o exame macroscópico deve sempre preceder o exame microscópico. Todas as amostras devem ser transportadas com cuidado desde que esses espécimes representam uma fonte em potencial de infecção (bactérias, vírus, fungos e parasitas) Colheita e preservação de amostras biológicas Frequentemente fragmentos de alimentos, células vegetais, grãos de pólen, leucócitos, células de tecido animal e outros artefatos presentes nas fezes podem assemelhar-se a certas espécies de parasitas, mas um cuidadoso exame revelará características que determinarão o diagnóstico do parasita Colheita e preservação de amostras biológicas Procedimentos 1. Receber as fezes em recipiente adequado. 2. As amostras devem ser correta e completamente identificadas com: o nome do paciente; idade, número de identificação do laboratório; hora da colheita e hora da chegada da amostra ao laboratório. As instruções, sobre a coleta de fezes devem ser claras e passadas ao paciente. É importante verificar se o paciente as entendeu, pois é na coleta adequada que se inicia a qualidade do exame parasitológico. 3. Para um trabalho rotineiro em Parasitologia é recomendável que se realize três exames parasitológicos em dias alternados. 4. Todos os parasitas observados devem ser relatados pelo nome científico, incluindo gênero e espécie, quando possível, e o estágio que estão. Determinados elementos celulares (GV, GB ou outras células), fungos ou cristais de Charcot-Leyden devem ser assinalados de modo semiquantitativo como: poucos cristais, moderados ou muitos. Também, deverão constar os métodos executados e a consistência das fezes 5. Fezes líquidas devem ser examinadas dentro de 30 minutos; semissólidas dentro de 1 hora e formadas dentro de 24 horas. Se o exame for realizado depois de 24 horas a amostra deve ser mantida em conservadores tais como: formol a 10%, álcool polivinílico (PVA); o MIF conservador muito difundido composto de mertiolato ou mercurocromo, iodo e formol e o SAF que é um fixador usado para conservar cistos e trofozoítos. A proporção utilizada é de três partes de qualquer um dos conservadores para uma parte de fezes. Essa mistura deve ser bem homogeneizada. * O formol e o MIF preservam ovos, cistos e trofozoítos para exames a fresco; PVA e o SAF preservam trofozoítos para coloração permanente. Procedimentos Fezes Emitidas Espontaneamente A detecção e a identificação dos parasitas intestinais estão em relação direta com a qualidade da amostra entregue ao laboratório. Na colheita dos espécimes fecais, vários fatores devem ser considerados: tipo do recipiente, volume, idade da amostra, as drogas e os compostos químicos que podem interferir na realização do exame. O paciente deve receber instruções impressas para facilitar a colheita das fezes. Cada amostra deverá apresentar no mínimo as seguintes informações: • nome do paciente, • número de identificação, • nome do médico, data e horário da colheita, a qual deverá ser acompanhada de uma requisição médica, indicando o procedimento laboratorial a ser seguido. O recipiente deve ser limpo e seco, com boca larga, de capacidade aproximada de 250 ml, para que possa receber uma amostra significativa e que tenha vedação hermética, para impedir o derrame, permitindo a preservação da umidade. Fezes Emitidas Espontaneamente As fezes devem ser colhidas diretamente no frasco, ou em urinol, ou, ainda, em jornal ou em papel limpo, e transferidas diretamente para o recipiente. O pote deve estar livre de antissépticos, de agentes germicidas, de gotas de óleo e de urina, para evitar a destruição das formas vegetativas. As fezes excretadas no solo não devem ser usadas, pois larvas de vida livre e outros contaminantes provenientes do solo poderiam confundir o diagnóstico. Fezes obtidas de privadas (latrinas) não podem ser aproveitadas, não somente devido ao risco de contaminação, mas porque a água e a urina poderiam destruir as formas trofozoiíticas Para permitir exames macro e microscópico satisfatórios todo o bolo fecal deve ser enviado ao laboratório; Fezes Emitidas Espontaneamente As fezes pastosas ou mucosas são indicadas para a preparação de esfregaços corados e as porções formadas são empregadas nas técnicas de concentração. Os espécimes fecais nunca devem ser incubados (37°C) ou congelados antes do exame. Certos medicamentos e produtos químicos podem tornar a amostra insatisfatória para a análise ou para a pesquisa dos protozoários intestinais. Entre estes, citam-se os antidiarréicos, os antibióticos. os antiácidos, derivados de bismuto e do bário, a vaselina e os óleos minerais. A pesquisa parasitológica deve ser realizada, antes do paciente ser submetido a um exame radiológico, com a administração do contraste sulfato de bário. As amostras excretadas que contenham bário ou bismuto são inaceitáveis para o exame, visto que partículas desses produtos podem interferir no exame pelo excesso de substâncias, cristalinas, as quais podem destruir os trofozoítas devido à sua ação abrasiva. A coleta deve ser retardada por um período de 7 a 10 dias. Fezes Emitidas Espontaneamente Os antibióticos, como tetraciclina, afetam a flora intestinal normal e frequentemente causam diminuição ou ausência temporária dos organismos nas fezes, visto que esses parasitas se alimentam de bactérias intestinais, e um diagnóstico seguro não é possível antes de 2 a 3 semanas. O número de amostras necessárias para a identificação de parasitas intestinais varia de acordo com a qualidade do espécime, com a análise que será realizada e com a gravidade da infecção. Os recipientes com amostras fecais, recebidos de pacientes imunocomprometidos (sindrome da imunodeficiência adquirida - SIDA) deverão ser protegidos por um invólucro de plástico e identificados com etiqueta vermelha ou HIV positivo Fezes Emitidas Espontaneamente Amostras Múltiplas A possibilidade de encontrar organismos aumenta pelo exame de amostras múltiplas,em razão: (a) da intermitência da passagem de certos parasitas a partir do hospedeiro; (b) da distribuição não uniforme dos ovos dos helmintos; (c) dos estágios dos protozoários; (d) das limitações das técnicas de diagnóstico. Em uma única passagem normal são revelados somente de um terço à metade das espécies presentes na massa fecal. Em geral os nematóides como A. lumbricoides, ancilostomideos e Trichuris trichiura emitem ovos com certa continuidade, os quais podem ser detectados diariamente nas fezes. Em outras espécies de parasitas, especialmente nos protozoários, a emissão dos estágios é irregular. O número de cistos de E. histolytica que passam junto com as fezes apresenta oscilações diárias, e com picos cíclicos que ocorrem entre 7 e 10 dias. Os cistos de G. Iamblia apresentam intermitência de passagem com intervalos que variam de 2 a 3 dias para 7, 8 ou mais dias. A produção de ovos também é irregular em certos helmintos, particularmente no gênero Schistosoma. As proglotes das espécies de Taenia passam com interrupções, sendo preferível obter as proglotes em intervalos de 2 a 3 dias. Não existe uma uniformidade de conduta relacionada com o número de amostras que devam ser colhidas. Como a maioria dos estágios de diagnóstico não aparece no material fecal em número constante todos os dias, a colheita das fezes em dias alternados propiciará uma porcentagem maior de resultados positivos. Amostras Múltiplas Um procedimento aconselhável é colher, em dias separados, uma série de três espécimes em não mais de 10 dias ou uma série de seis amostras, em dias alternados, dentro de 14 dias. Fezes emitidas espontaneamente apresentam uma probabilidade maior de conter cistos, os quais podem ser identificados com maior confiabilidade do que os trofozoítas. O número de amostras necessárias para a demonstração de parasitas intestinais varia de acordo com: a qualidade dos espécimes submetidos ao estudo; a exatidão das análises realizadas; e a gravidade da infecção. Alguns autores recomendam, no mínimo, a colheita de três amostras antes de iniciar o tratamento, duas obtidas através de evacuações normais e a terceira depois da administração de um laxante (Sawitz & Faust, 1942). Após o tratamento, deverão ser colhidas três amostras. Um novo exame deverá ser realizado 3 a 4 semanas após o tratamento dos pacientes que receberam medicação para protozoários. Nos casos de infecções por helmintos o controle se efetuará 1 a 2 semanas após o tratamento, enquanto que, para as tênias, um novo exame será necessário após 5 a 6 semanas Fezes Emitidas Através de Laxantes Em alguns casos, fezes liquefeitas, obtidas pela administração de laxantes, são necessárias para estabelecer e confirmar os diagnósticos de amebíase, giardiase e estrongiloidose. O uso de laxantes (requer solicitação médica) é indicado nos casos em que uma série de exames for negativa. São recomendados laxantes salinos como o fosfato de sódio e o sulfato de sódio tamponado, porque causam menos danos morfológicos aos parasitas. Não são indicados os óleos minerais, os compostos de bismuto e de magnésio, pois os glóbulos de óleo interferem no exame, os restos de cristais de bismuto e de magnésio podem obscurecer os organismos, ou afetar a aparência dos trofozoítas. Todas as fezes induzidas por purgativos devem ser totalmente colhidas e levadas imediatamente ao laboratório. Caso este procedimento não possa ser obedecido, uma fração do material deverá ser preservada com o fixador álcool polivinílico (fixador APV). A prática do uso de purgativos é indicada para clínicas e hospitais, onde teoricamente os espécimes fecais são recebidos pelo laboratório imediatamente após a colheita. Estabilidade das Amostras O tempo de colheita das amostras fecais influi de maneira direta na identificação dos parasitas. Desde que os trofozoítas de protozoários não se multiplicam ou se encistam fora do corpo humano, eles morrem e se degeneram depois da passagem. O tempo de exame recomendado para os espécimes líquidos é de 30 minutos, enquanto que as amostras pastosas devem ser examinadas dentro de uma hora após a evacuação; não sendo possível observar esta orientação, o material deverá ser preservado. Os limites de tempo não são críticos quando se trata de amostras sólidas, podendo ser estudadas dentro de 24 horas após a passagem. Neste caso, uma porção do espécime pode ser preservada e outra refrigerada. Quando os critérios indicados para a colheita e exame das amostras fecais não puderem ser observados, o laboratório deverá solicitar uma amostra adicional Para preservar a morfologia dos protozoários e prevenir um continuo desenvolvimento de alguns ovos e larvas de helmintos, as amostras fecais que não forem entregues ao laboratório imediatamente após a passagem deverão ser fixadas. A preservação dos espécimes poderá ser temporária pela refrigeração (3- 5ºC) em recipientes hermeticamente fechados para evitar o dessecamento. Nessas temperaturas os ovos, as larvas e os cistos mantêm-se viáveis durante vários dias, e as larvas de S.. stercoralis e dos ancilostomideos poderão sofrer alterações morfológicas. Preservação Soluções de Formaldeído A solução de formaldeido (formalina) é usada para a fixação dos estágios de diagnóstico de protozoários e helmintos. Duas concentrações são recomendadas: 5% para a fixação de cistos de protozoários e 10% para ovos e larvas de helmintos. Na rotina, a solução a 5% é preferida à solução a 10%, porque os cistos e os ovos de Hymenolepis nana, Hymenolepis diminuta e larvas de S. stercoralis poderão ser distorcidos e/ou alterados. Os ovos de A. lumbricoides e algumas vezes ovos de T. trichiura continuam o seu desenvolvimento nas concentrações de 5%, não havendo interferência na identificação dessas espécies. A solução de formaldeído a quente (600C) pode também ser usada para espécimes que contenham ovos, desde que a fixação a frio não impede o desenvolvimento embrionário de muitos ovos, os quais tomam-se infectivos e permanecem viáveis por longos períodos. A formalina não é recomendada para a fixação de trofozoítas. A solução de formaldeido neutra é mais eficaz na manutenção das características morfológicas, especialmente na fixação de cistos. Por esta razão é indicada a solução de formaldeido tamponada com fosfato de sódio. Preservação da Amostra Misturar uma porção de fezes em três volumes de solução de formaldeído A solução aquosa de formaldeído permite somente o exame a fresco, não sendo indicada para a preparação de esfregaços corados para a identificação de protozoários intestinais. Certos protozoários e helmintos apresentam problemas à fixação; entre eles estão os cistos de E. histolytica ovos de H. nana e larvas rabdiformes de S. stercoralis. Os outros parasitas são facilmente fixados e permanecem por longos períodos em ótimas condições para análise. Observação: O formaldeído comercial apresenta a concentração de 37-40% de solução de HCHO, embora para a diluição consideram-se 100% Fixador de Schaudinn O fixador de Schaudinn (1903) é frequentemente usado na preservação de fezes frescas ou amostras da superfície da mucosa intestinal. Esta solução fixadora é usada para a preparação de esfregaços permanentes corados para a demonstração de protozoários intestinais. O grande problema do fixador de Schaudinn é a presença do cloreto de mercúrio-II na sua fórmula, substância tóxica ao homem e ao meio ambiente. Os frascos deverão ser etiquetados como VENENO. O cloreto de mercúrio-II (HgCl2) pode ser substituído pelo sulfato de cobre (CuSO4.5H2O) na formulação,também quando é usado na preparação do fixador álcool polivinilico (fixador APV). O APV se dissolve mais rapidamente do que no convencional fixador de Schaudinn. Preparação das Soluções 1.Solução Aquosa Saturada de Cloreto de Mercúrio-II Cloreto de mercúrio-II 110 g Água destilada-deionizada 1.000 ml Dissolver o HgC12 em água quente. Aquecer em banho de água até a completa dissolução do sal. Deixar esfriar e filtrar a solução. Estocar em recipiente de vidro com tampa esmerilhada 2.Solução Estoque Solução aquosa de cloreto de mercúrio-II 600 ml Álcool etílico a 95% 300 ml Glicerina 15 ml 3.Solução Fixadora1(Adicionar o ácido acético glacial, imediatamente, antes do uso.) Solução estoque 100 ml Ácido acético glacial 5 ml Preservação da Amostra Esfregaços estirados devem ser preparados com as amostras fecais frescas. Após a preparação, mergulhar as lâminas durante 30 minutos no fixador. Terminada. a fixação, os esfregaços estão prontos para serem corados, montados e examinados. Observação: Os esfregaços fixados pelo Schaudinn apresentam excelentes resultados de coloração quando corados pela hematoxilina férrica, segundo Heidenhain, ou pelo tricrômio. Fixador de Schaudinn Modificado (Horen, 1981) Fixador Álcool Polivinilico (Fixador APV) Brooke & Goldman (1949) desenvolveram a solução fixadora álcool polivinilico (fixador APV). O álcool polivinilico é uma resina solúvel em água que é incorporada ao fixador de Schaudinn. Quando fezes e o fixador APV são misturados e estirados sobre uma lâmina de microscopia, o pó APV age como um adesivo para o material fecal. A adesão é devida aos componentes da resina e a fixação ao líquido de Schaudinn. A solução fixadora APV é indicada para cistos e trofozoítas, os quais são conservados de meses a anos. A grande vantagem do uso do fixador APV está na preparação de esfregaços permanentemente corados, sem que os organismos sejam danificados, como nas técnicas de concentração (sedimentação) que poderão ser realizadas a partir de fezes preservadas. A solução fixadora APV é estável por 6 meses a 1 ano, quando conservada em frasco hermeticamente fechado. O frasco deverá conter uma etiqueta com a data de validade e a identificação do fixador como VENENO. O APV é fabricado por diferentes produtores 2, mas os graus de hidrólise e a baixa ou média viscosidade são importantes para a preparação da solução fixadora. Fixador de Schaudinn 93,5 ml Ácido acético glacial 5,0 ml Glicerina 1,5 ml APV,pó 5,0 g Fixador de Schaudinn 125,0 ml Ácido acético glacial 10,0 ml Glicerina 3,0 ml Álcool etílico a 95% 62,5 ml APV,pó 10,0 g Reagentes 2. Álcool etílico a 95% (C2H6O) (V/V) 3. Ácido acético glacial (C2H4O2) 4. Glicerina (C3H8O3) 5. Álcool polivinilico (APV), pó Preparação das Soluções 1.Fixador APV (Burrows, 1965) 2. Fixador APV (Brooke & Goldman, 1949 3. Preparação da Solução Fixadora APV 1. Misturar em um béquer os componentes líquidos. 2. Adicionar lentamente, sem agitação, o pó APV. 3. Deixar a mistura em repouso de 18 a 24 horas para permitir que o pó APV seja embebido pelos líquidos. Cobrir o béquer com uma tampa de placa de Petri ou com papel alumínio. 4. Após, aquecer a solução lentamente até 75ºC. Quando a temperatura for atingida, remover o béquer do aquecimento e agitar a mistura até uma completa homogeneização. Uma solução viscosa clara e levemente esbranquiçada é obtida em 30 segundos. 5. Estocar o fixador APV em frasco de plástico com tampa de rosca ou em um frasco de vidro com tampa esmerilhada. Observação: Pequenas quantidades do fixador APV podem ser mantidas em frasco conta- gotas para a rotina diária. Preservação da Amostra Para obter todas as vantagens do APV como fixador, as amostras fecais devem ser vigorosamente misturadas com a solução fixadora imediatamente após a passagem, antes que os organismos alterem as suas características morfológicas. Usar aproximadamente três partes do fixador para uma parte de fezes. O material fecal pode ser misturado com o fixador APV em lâminas de microscopia para a preparação de esfregaços ou em frascos. A preparação e fixação direta em esfregaços é indicada quando a quantidade de material é pequena e/ou quando os trofozoítas são identificados em esfregaços salinos, havendo a necessidade de uma coloração permanente para a confirmação final do diagnóstico. A preservação do material fecal em frascos é aconselhada para a rotina diária, quando o laboratório recebe uma quantidade satisfatória de fezes. 1. Preservação Direta em Esfregaços Colocar três gotas do fixador APV em uma lâmina de microscopia e emulsificar uma gota de fezes com o fixador. Preparar um esfregaço fino, estirando a mistura sobre um terço da superfície da lâmina e, após, colocá-la na posição horizontal para secar à temperatura ambiente ou na estufa a 37 º C. Os esfregaços secos permanecem viáveis para a coloração durante meses. Melhores resultados são obtidos quando a coloração é realizada dentro de um período de 2 meses após a preparação dos esfregaços. A solução do fixador APV não é recomendada para espécimes de pacientes com SIDA. Os oocistos de coccídios preservados com o fixador APV não apresentam bons resultados quando corados pelos métodos derivados da fucsina fenicada. 2. Preservação em Frascos Uma parte da amostra é vigorosamente misturada em um frasco com três ou mais partes do fixador APV. O método de preservação em frascos é um excelente procedimento para enviar material fecal preservado para um laboratório central de referência ou com propósitos de ensino e/ou de treinamento. Observação: Os esfregaços fixados pelo fixador APV apresentam excelentes resultados de coloração quando corados pela hematoxilina férrica, segundo Heidenhain, ou pelo tricrômio Solução Mertilolato-Iodo-Formaldeido, (MIF) O corante-fixador mertiolato-iodo-formaldeido (MIF). Este método permite obter ao mesmo tempo a preservação e a coloração de quase todos os estágios dos protozoários, de ovos e larvas de helmintos que se encontram nas fezes. Este procedimento possibilita também um exame direto a fresco imediato do material fecal ou depois de várias semanas, sem a necessidade de outra coloração. Entretanto. com frequência, esta conduta não apresenta bons resultados no diagnóstico de todos os protozoários intestinais, sendo necessária a preparação de outros esfregaços para uma coloração permanente. Este processo de fixação apresenta certas desvantagens, como a precipitação do iodo da solução conservadora. O corante-fixador MIF é composto por duas soluções estoques mantidas separadamente em frascos âmbar e misturadas imediatamente antes do uso. Este método é indicado para o exame do sedimento resultante da centrifugação do material fecal preservado pelo MIF apresenta melhores resultados do que o exame direto a fresco com o MIF na pesquisa de protozoários e ovos de helmintos intestinais. Glicerina 2 ml Formaldeido 37-40% 10 ml Tintura de mertiolato, 1:1.000 3 80 ml Água destilada-deionizada 100 ml Reagentes 1. Formaldeido 37-40% (HCHO) 2. Tintura de mertiolato (Timerasol), nº 99, 1: 1.000, Lilly 3. Glicerina (C3H8O3) 4. Iodeto de potássio, forma cristalina (KI) S. lodo, forma cristalina (I2) Preparação das Soluções 1. Solução I (Solução Estoque MF, Estável) lodo, cristais 5g Iodeto de potássio 10 g Água destilada-deionizada 100 ml 2. Solução II (Solução de Iodo de Lugol) *O iodeto de potássio é dissolvido em água e o iodo é adicionadolentamente com agitação até a sua completa dissolução. Filtrar e manter a solução em frasco âmbar. Preservação da Amostra Misturar 9,4 ml da Solução I com 0,6 ml da Solução II, imediatamente antes do uso, pois o iodo pode causar uma densa precipitação, impedindo uma boa coloração dos protozoários. Misturar, vigorosamente, uma parte de fezes frescas, para duas a três partes da solução MIF. Para examinar, colher uma gota do líquido junto ao sedimento ou na fase intermediária. Observação: A solução conservadora MIF é instável; é recomendado preservar as fezes na Solução I (MF) e adicionar a Solução II ao sedimento, no momento do exame. Coutinho (1956) substituiu o mertiolato na Solução I por igual volume de mercurocromo a 0,2%. Fixador Acetato de Sódio – Ácido Acético-Formaldeido (SAF) A solução fixadora SAF, originalmente descrita por Junod (1972) e desenvolvida por Yang & Scholten (1977), é o resultado de uma pesquisa intensa para obtenção de uma técnica de utilidade ampla, com bom rendimento ao diagnóstico de trofozoítas e cistos de protozoários e ovos de helmintos, através de esfregaços permanentes e de preparações concentradas a fresco. O fixador SAF é uma combinação de formaldeído com o acetato de sódio, o qual age como tampão. Esta combinação é estável e não é tóxica, assegurando uma excelente fixação dos organismos com a manutenção de suas características morfológicas. A grande vantagem dessa solução preservadora é não possuir na sua fórmula o cloreto de mercúrio- II . Quando o sedimento é usado para a preparação de esfregaços permanentes, a albumina fixadora de Mayer e/ou o soro de cavalo inativado (56ºC por 30 min) são indicados como adesivos do material à lâmina de microscopia. As lâminas depois de secas podem ser fixadas em álcool a 70% . Acetato de sódio 1,5 g Ácido acético glacial 2,0 ml Formaldeído 37-40% 4,0 ml Água destilada-deionizada 92,5 ml Reagentes 1. Acetato de sódio (C2H3O2Na.3H2O) 2. Ácido acético glacial (C2H4O2) 3. Formaldeído 37-40% (HCHO) Preparação do Fixador 1.Fixador Acetato de Sódío-Ácido Acético Formaldeído (SAF) Preservação da Amostra Misturar uma parte da amostra com três partes do fixador. O sedimento é usado para a preparação de esfregaços permanentes. Observação: Os esfregaços fixados pelo SAF apresentam excelentes resultados de coloração quando corados pela hematoxilina férrica, segundo Heidenhain. De acordo com algumas características tanto das amostras como dos fixadores, podemos sugerir uma classificação de utilização conforme o seguinte: 1. Formol 10%: é utilizada para fixar ovos e larvas, cistos e oocistos. Não deve ser utilizada quando for realizar técnicas de coloração permanente. 2. MIF (Mercúrio – Iodo – Formol): fixador mais utilizado para exame direto e de concentração por já promover a coloração dos organismos. Não é recomendado quando for realizar coloração permanente do material. 3. PVA (Álcool de Polivinila): resina plástica combinada com Schaudinn, que possibilita excelente adesão das fezes na lâmina. Útil para processar fezes líquidas. O corante de escolha neste caso para realizar coloração permanente é o Tricromo. 4. SAF (Acetato de Sódio – Ácido acético – Formalina): pode ser usado para métodos de concentração e esfregaços de coloração permanente. Fixador de Schaudinn: pode ser realizada a fixação assim que a amostra chegar ao laboratório. Não deixar o esfregaço secar antes de imergir no fixador. A maioria dos parasitas intestinais é diagnosticada pelo exame das fezes. Entretanto, certos enteroparasitas podem ocasionalmente localizar-se em diferentes órgãos, como no fígado, nos pulmões, na mucosa intestinal e nos tecidos. Outras amostras, como urina. escarro, secreções urogenitais, raspados anais, aspirados de abscessos, conteúdo duodenal, ou material de retossigmoidoscopia, favorecem com frequência o diagnóstico de vários parasitas. Outras Amostras Urina O exame do sedimento urinário é indicado para o diagnóstico de infecções causadas pelo Trichomonas vaginalis, Schistosoma haematobium e de certas filárias. O diagnóstico do T. vaginalis é realizado na urina recente, de preferência na primeira micção matinal. Os ovos de S. haematobium são detectados com maior frequência na urina colhida após o meio-dia do que nas primeiras porções matinais. Nas amostras com sangue e pus, os ovos são observados com maior intensidade. Sendo a passagem dos ovos do esquistossoma intermitente, as colheitas das amostras deverão ser realizadas durante 3 dias consecutivos. A ocorrência de microfilárias na urina, como a da Onchocerca volvulus, tem aumentado em frequência na África. Escarro No escarro podem ser encontrados estágios de larvas de A. lumbricoides, S. stercoralis e de ancilostomideos, ovos de Paragonimus westermani, escólex deEchinococcus granulosus, protozoários como E. histolytica, Entamoeba gingivalis, Trichomonas tenax, C. parvum e o organismo parasita P. carinii. Os trofozoiítas da E. gingivalis, comensal da cavidade bucal, devem ser corretamente diferenciados da E. histolytica. A E. gingivalis pode fagocitar leucócitos polimorfonucleares, enquanto que a E. histolytica apresenta hemácias no citoplasma. O escarro é usualmente examinado através de preparações diretas a fresco com solução salina isotônica. (0, 15 M) ou com solução de iodo. O escarro mucoso ou espesso deve ser centrifugado com igual quantidade de hidróxido de sódio a 3% e o sedimento examinado pelo exame direto a fresco. Este procedimento não é indicado para a pesquisa de E. histolytica ou de T. tenax. As amostras não deverão ser concentradas antes da preparação dos esfregaços a fresco. O escarro pode ser fixado com formaldeido a 10% para a conservação de ovos e larvas de helmintos ou com o fixador APV para a pesquisa de protozoários em esfregaços permanentes corados. Secreção Urogenital O T. vaginalis é diagnosticado na secreção urogenital do homem e da mulher. No homem devem ser examinados, também, o material uretral, o sêmen, o sedimento centrifugado da urina matinal, a secreção prostática. e o material subprepucial. Na mulher, o matenal é usualmente colhido na vagina e, quando houver sinais clínicos, deverão ser examinadas a uretra, as grandes glândulas vestibulares e as parauretrais Métodos e Técnicas para a Identificação de Trichomonas vaginalis). Swabs Anais Os vermes adultos de E. vermicularis vivem no ceco, cólon, apêndice e na região anal. A maioria dos autores afirma que as fêmeas grávidas não realizam ovoposição. Os ovos são libertados pelo rompimento (ação mecânica) ou dessecação do parasita. Faust & Russell (1964) relataram que os ovos são detectados nas fezes em não mais de 5% dos indivíduos infectados. Aspirados de Abscessos O exame do material de aspirados de abscessos para o diagnóstico das infecções parasitárias é de extrema importância, quando os métodos de rotina não são suficientemente sensíveis para estabelecer um diagnóstico final. O exame do material aspirado de abscessos pulmonares pode demonstrar a presença de P. carinii e de E. histolytica, e os abscessos hepáticos podem revelar a presença de E. histolytica. A aspiração do liquido hidático deverá ser realizada somente no momento da cirurgia para a extirpação do cisto (hidátide). O material de gânglios linfáticos, baço, fígado medula óssea, liquido cefalorraquidiano e úlceras cutâneas pode ser examinado para diagnosticar a tripanossomose americana ou doença de Chagas (Trypanosoma cruzi); tripanossomose africana (T. brucei); leishmaniose visceral ou calazar (complexoLeishmania donovani); leishmaniose tegumentar americana (complexo L. braziliensis); leishmaniose cutânea (complexo L. mexicana) e meningoencefalite amebiana primária (Naegleria fowleri. Conteúdo Duodenal A colheita e o exame do conteúdo duodenal são uma forma de recuperar e diagnosticar larvas de S. stercoralis, ovos de Clonorchi sinensis, Opisthorchis viverrini ou Fasciola hepática e protozoários como G. lamblia, Isospora bellí, C. parvum. Esse procedimento revela com frequência aqueles organismos quando o exame parasitológico das fezes é negativo Estudos comparativos de várias técnicas usadas para o diagnóstico da giardose mostraram que o exame do fluido duodenal é mais seguro do que o exame das fezes no diagnóstico dessas infecções. Material de Retossigmoidoscopia O material obtido pela retossigmoidoscopia trouxe a oportunidade de diagnosticar e monitorar o curso da amebíase e da esquistossomose mansônica. Quando o exame das fezes é negativo para casos suspeitos de amebíase, as amostras poderão ser obtidas do intestino pela retossigmoidoscopia. Todo paciente, antes de ser submetido a essa conduta, deverá realizar no mínimo três exames de fezes para a confirmação do diagnóstico. As principais vantagens da biópsia da mucosa retal para o diagnóstico da esquistossomose mansônica são: (a) maior sensibilidade do método; (b) capacidade de determinar a viabilidade dos ovos pela observação dos movimentos das larvas; (c) verificação rápida do efeito da quimioterapia. As amostras devem ser analisadas macroscópica e microscopicamente. A análise macroscópica permite detectar as características do material assim como a presença de parasitos adultos: Áscaris, Oxiúrios e anéis de Taenia. Além disto, permite a observação de fezes muco-sanguinolentas (disenteria catarral) dos amebianos ou as fezes amareladas espumosas ou gordurosas de alguns indivíduos com giardíase. O exame microscópico direto ou a fresco, entre lâmina e lamínula, pode ser realizado com solução fisiológica, lugol ou MAT (Azul de Metileno Tamponado) basicamente para evidenciar formas vegetativas (trofozoítos) móveis, apesar de também poder demonstrar a presença de cistos, ovos e até larvas caso estes sejam muito numerosos. Outro aspecto importante é a observação de elementos anormais como cristais, leucócitos e hemácias no exame direto. EXAME DIRETO 1. Observar a consistência da amostra. Fezes moles ou líquidas sugerem a possível presença de trofozoítos de protozoários intestinais. Cistos de protozoários são encontrados com mais frequência em fezes formadas. Ovos e larvas de helmintos podem ser encontrados tanto em fezes líquidas quanto em fezes formadas. 2. Examinar a superfície da amostra para observar a presença de proglotes de tênias, ancilostomídeos ou oxiúros adultos, por exemplo. Examinar a amostra fecal com auxílio de um palito (sorvete) para verificar a presença de outros helmintos adultos. EXAME MACROSCÓPICO Procedimentos 3. Examinar as fezes quanto à presença de sangue e/ou muco. a) sangue fresco (vermelho vivo) indica hemorragia aguda no trato intestinal. b) muco sanguinolento sugere ulcerações e uma porção desse material deve, de preferência, ser examinada, ao microscópio, para a procura de trofozoítos. c) Os vermes adultos, quando encontrados, devem ser imediatamente examinados e identificados. As tênias são identificadas especificamente pelo exame das proglotes grávidas. As proglotes devem ser fixadas em formol a 10% e depois clarificadas por imersão em glicerina ou solução de lactofenol (1:1). Procedimentos Permite a visualização de trofozoítos, cistos e oocistos de protozoários e de ovos e larvas de helmintos. É recomendável, como rotina, o emprego de 03 procedimentos distintos a) exame direto a fresco, para observação dos movimentos do trofozoítos, b) técnicas de concentração de parasitas c) um esfregaço de fezes com coloração permanente O exame pode ser quantitativo ou qualitativo. Os métodos quantitativos são aqueles nos quais se faz contagem de ovos para avaliação da carga parasitária. O mais conhecido é o de Stoll, mas, o mais empregado atualmente é o de Kato-Katz. Os métodos qualitativos são os mais utilizados para a demonstração da presença das formas parasitárias. Frequentemente o número das formas parasitárias é pequeno, assim é necessário recorrer a processos de enriquecimento dessas formas para concentrá-las. EXAME MICROSCÓPICO As colorações permanentes são necessárias para diferenciar ou demonstrar algumas espécies de protozoários, identificação de cistos quando seu reconhecimento apresenta dúvidas em material fresco e identificação de trofozoítos de amebas ou flagelados. COLORAÇÕES PERMANENTES Hematoxilina Férrica Modificada Este método é mais usado quando se pretende diagnosticar a amebíase em pacientes portadores de síndromes diarréicas ou disentéricas, ou quando as fezes são obtidas após a aplicação de purgativo salino ou enema. A coloração deve ser feita preferencialmente nos primeiros 20 minutos após a evacuação. Na impossibilidade disto, conservar o material no fixador de Schaudinn, refrigerado. 1. Centrifugue o material fixado a 1500 – 2000 rpm durante 2 minutos e faça uma lâmina em esfregaço não muito espesso. Caso o material seja fresco, faça a lâmina e deixe fixando em Schaudinn por no mínimo 1 hora. 2. Transfira a lâmina para uma solução de Álcool iodado 70% por 5 minutos para remover os cristais de cloreto de mercúrio (a solução de álcool iodado é feita adicionando-se algumas 2ml tintura de iodo 2% a 98 ml de álcool 70%). 3. Passe a lâmina em álcool 95% por 5 minutos. 4. Passe a lâmina em álcool 70% por 5 minutos. 5. Transfira a lâmina para uma jarra de Koplin e permita que água corrente flua delicadamente pela lâmina por aproximadamente 10 minutos. 6. Coloque a lâmina na solução de trabalho da coloração de Hematoxilina Férrica por 4 a 5 minutos. 7. Transfira para jarra de Koplin e lave com água por 10 minutos. 8. Passe novamente pelo álcool 70% por 5 minutos. 9. Passe novamente pelo álcool 90% por 5 minutos. 10. Passe a lâmina em álcool absoluto por 5 minutos. 11. Passe a lâmina em xilol por 10 minutos. 12.Cubra a lâmina com resina sintética ou bálsamo do Canadá diluídos e com lamínula, e deixe secar para leitura microscópica. Durante o processo de coloração, a lâmina não deve secar em nenhum momento. O bálsamo deve ser aplicado enquanto a lâmina ainda está úmida com xilol. Solução de trabalho de Hematoxilina Férrica Misturar cuidadosamente 15 ml da solução 1 e 15 ml da solução 2. Esta solução é válida por uma semana. 1) Hematoxilina 10 g em 1000 ml de álcool absoluto. Esta solução é válida por uma semana. Conservar em frasco âmbar. 2) Sulfato de Amônio Ferroso .................. 10 g Sulfato férrico de Amônio ................... 10 g Ácido clorídrico concentrado .............. 10 ml Água Destilada .................................... 1000 ml Esta solução é válida por aproximadamente 6 meses LUGOL Os cistos de protozoários e as larvas de helmintos necessitam ser corados para uma correta identificação na microscopia. Para essa finalidade utilizamos a solução de lugol, cuja fórmula é a seguinte: Iodo 2 g Iodeto de potássio 4g Água destilada 100 mL Metodo de Safranina modificada (Kinyuon) Este método é também usado para a coloração de oocistos de Cryptosporidium parvum, Isospora belli e Qclospora cayetanensis. Os oocistosse coram em vermelho-alaranjado, sobre um fundo azul ou verde, sendo que os oocistos de Cycl. cayetanensis coram-se uniformemente, o que não acontece nas colorações derivadas do Ziehl-Neelsen. 1. Preparar um esfregaço delgado com parte do material obtido após concentração (método de MIFC, com centrifugação por oito a dez minutos, ou método de Sheather). 2. Deixar secar a temperatura ambiente. 3. Mergulhar as lâminas em uma solução aquosa de safranina a 1% e aquecer no forno de microondas, com potência total (650W), por 30 segundos. 4. Lavar em água corrente por 30 segundos. 5. Mergulhar as lâminas em solução aquosa de azul de metileno a 1% ou em solução aquosa de verde malaquita, por um minuto. 6. Lavar em água corrente por 30 segundos e secar. 7. Montar com resina sintética. Diferentes espécies de elementos microscópicos encontrados em secreções e excreções do homem são erroneamente identificadas e confundidas com parasitas humanos. Esses pseudoparasitas apresentam características semelhantes às dos parasitas como também aos seus estágios de desenvolvimento, embora não sejam parasitas ou parasitem o hospedeiro em consideração. Muitos objetos, como pequenas células intestinais, fragmentos de carne e de vegetais ingeridos como alimento e pólen contaminando os alimentos, podem assemelhar-se morfologicamente aos ovos de parasitas humanos nas fezes. Ácaros e seus ovos são frequentemente encontrados nas fezes humanas. Eles podem ser diferenciados dos ovos dos parasitas por suas diferentes formas, superfície irregular de casca, ou pela estrutura semelhante à casca, e pelo conteúdo que difere das células dos ovos segmentados e não segmentados. Artefatos que Podem Ser Confundidos com Organismos Parasitas O esfregaço de sangue pode ser realizado de duas maneiras: esfregaço em camada delgada ou gota espessa. No esfregaço de camada delgada a distorção do parasita é mínima (vantagem), mas há a desvantagem de ter que examinar muitos campos para se encontrar parasitas, quando estes estão em pequeno número. Na gota espessa apesar da distorção das formas parasitárias serem maior, a probabilidade de detecção de parasitas aumenta porque a quantidade de sangue a ser examinada é cerca de três ou quatro vezes maior do que o esfregaço e a área examinada (1cm2) menor. Esfregaços de sangue ou gota espessa, com sangue capilar, devem ser feitos com gota de fluxo espontâneo e não contaminado com álcool. Estas técnicas são utilizadas para a pesquisa e o diagnóstico dos parasitas da malária, tripanossomos, microfilárias, babésias e Leishmania chagasi. ESFREGAÇOS DE SANGUE E COLORAÇÃO DE PARASITAS DO SANGUE. Os derivados do Romanowsky são os mais utilizados. Destes os mais comuns são o Giemsa e o Leishman. Giemsa (solução estoque) Leishman O corante de Leishman é uma mistura de azul de metileno e eosina, pode ser adquirido no comércio e é um pó. Corantes Para a confecção de esfregaço (em camada delgada e gota espessa) devem-se utilizar lâminas de vidro limpas e desengorduradas Esfregaço em camada delgada Uma pequena gota de sangue é colocada próximo de uma extremidade da lâmina; com auxílio de outra lâmina (segurar por cima com a mão direita), em ângulo de 30º, colocada adiante da gota, o sangue vai se espalhar pela superfície de contato das duas lâminas. Com suavidade e rapidez deslizar esta segunda lâmina para frente de modo a espalhar o sangue até o fim da lâmina. Deixar secar ao ar. Fixar e corar. Preparação do esfregaço Esfregaço em gota espessa Colher 2 a 3 gotas de sangue em uma lâmina. Utilizando o canto de outra lâmina, espalhar o sangue numa camada circular com 15 mm de diâmetro. Deixar secar ao ar por uma noite. Colocar a lâmina com a gota espessa num recipiente com água para a desemoglobinização (lise) das hemácias. Com a ruptura das hemácias a cor vermelha da hemoglobina desaparece da mancha de sangue e dá lugar a uma área esbranquiçada. Retirar a lâmina com cuidado e deixar secar. Fixar e corar. Existem vários fixadores disponíveis, porém o mais utilizado é o álcool metílico. Para a fixação deve-se cobrir a lâmina com álcool metílico (PA) e deixar fixando por um minuto. Em seguida cobrir o esfregaço com corante Giemsa diluído, deixando-o agir por 30’ minutos. Escorrer o corante e lavar em água corrente; deixar secar e examinar em microscópio. Se o corante utilizado for o de Leishman proceder da seguinte maneira: cobrir o esfregaço com sete ou oito gotas de corante; deixar o corante agir durante 15 segundos (no máximo), em seguida adicionar 15 gotas de água; com auxílio de uma pipeta homogeneizar (soprando o corante) a mistura. Deixar corar por 20 minutos, escorrer o corante, lavar em água corrente, deixar secar e examinar em microscópio. O esfregaço corado pelo Leishman não necessita de fixação prévia pelo álcool metílico, pois este já faz parte da fórmula do corante. As lâminas coradas por este método não são tão boas e duráveis quanto pelo método de Giemsa, no entanto, é uma técnica muito utilizada devido à rapidez e facilidade de execução. Fixação do material e coloração Todos os parasitos encontrados no EPF deverão ser relatados, sejam eles patogênicos ou não. Deverão ser cautelosos e como precisão das formas parasitárias observadas (ovo, larva, cisto, trofozoíto, oocisto, verme adulto) e o nome científico do parasito, incluindo o gênero e espécie, sempre que possível. Também deverá constar o(s) método(s) executado(s) e a consistência das fezes, tendo em vista que os métodos rotineiramente empregados não permitem o encontro de trofozoítos de protozoários em fezes diarréicas. Observações sobre o numero de amostras colhidas devem ser relatadas. Apresentação dos resultados EPF Referências http://www.bibliomed.com.br/bibliomed/bmbooks/clinica/livro1/cap/cap01.htm DE CARLI, G. A. Parasitologia clínica: seleção de métodos e técnicas de laboratório para o diagnóstico das parasitoses humanas. 2ª ed. São Paulo: Aheneu, 2007. NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 9º e 10º ed - São Paulo: Atheneu, 1998 e 2000 CHIEFFI, P. P. Parasitoses intestinais: diagnóstico e tratamento. São Paulo: Lemos Editorial, 2001. TIERNEY, L.M.; MCPHEE, S. J. & PAPADAKIS, M. A. Diagnóstico & Tratamento. São Paulo: Atheneu Editora São Paulo Ltda, 2004.
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