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Anestésicos Gerais - Farmacologia

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1 
 
Farmacologia II - Aula 3 - 20.02.2018 - Yala Figueiredo – Medicina XXXIV 
Anestésicos 
gerais 
Prof. Gersika Bittencourt 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A primeira anestesia datou-se em 16 de 
outubro de 1846 utilizando o éter, que foi 
o primeiro anestésico intalatório geral da 
literatura. Durante o procedimento, o Dr. 
William Morton notou que o paciente 
estava indolor, inconsciente, sem memória 
e sem reflexos autônomos. 
 
Anestésicos gerais são considerados pouco 
seguros, com baixo índice terapêutico. 
Atualmente, existem outros tipos de 
medicamentos anestésicos gerais que 
possuem forma de administração e 
monitorização que tornam seu uso mais 
seguro, como, por exemplo, no bloco 
cirurgico, onde existem vários monitores 
cadiacos que tendem a reduzir os 
problemas ocasionados. 
 
Por definição, anestésicos gerais são 
fármacos que inibem de maneira não 
seletiva, porém, reversivelmente, o SNC, 
produzindo analgesia, perda da 
consciência, relaxamento da musculatura 
esquelética e redução da atividade reflexa. 
Eles agem reduzindo a função do SNC, 
mas não atuam em uma região específica – 
atuam em várias regiões do SNC. 
Todo o anestésico geral é baseado em 
quatro pilares princiais: 
 
1. Analgesia. 
2. Amnésia ou perda de consciência. 
3. Relaxamento de musculatura 
esquelética. 
4. Perda de reflexos autônomos (não 
deve ter resposta simpatica ou 
parassimpatica, alteração de FC, 
dilatação de vasos sanguíneos). 
 
Eles são subdivididos em dois tipos: 
 
 Anestésicos endovenosos: são 
bastante utilizados para indução da 
anestesia por terem início de ação 
rápido (são depositados 
diretamente na corrente sanguinea) 
e devido à administração dos 
endovenosos não depender de 
nenhum equipamento específico, 
apenas de uma seringa. São 
considerados mais fáceis e 
vantajosos quando o intuito é 
induzir o processo anestésico. 
 
 Anestésicos inalatórios: mais 
utilizados para manutenção do 
estado anestésico porque na 
Aula 3 – Anestésicos gerais 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 2 
maioria das vezes são líquidos 
voláteis, ou seja, estão no estado 
líquido e precisam se volatilizar 
para que o paciente inspire e tenha 
o seu início de ação. Para isso, é 
necessário um vaporizador que os 
transformem em vapor para que 
haja o efeito anestésico. Têm início 
de ação demorado. 
 
Ressalta-se que isso não quer dizer que 
não se pode utilizar um anestégico inalató 
riopara induzir, da mesma maneira que 
também posso manter o estado anestésico 
com um anestésico endovenoso. 
 
Mecanismo de ação geral 
 
O anestésico geral tem capacidade de 
potencializar as sinapses inibitórias, 
potencializando a ação do GABA e da 
glicina, que também é inibitória, e 
deprimir as sinapses excitatórias. Os 
inalatórios realizam os dois mecanismos e 
os endovenosos potencializam as sinapses 
inibitórias. A exceção é a cetamina, 
anestésico endovenoso que bloqueia as 
sinapses excitatórias. 
 
Anestésico ideal 
 
 Induz anestesia de maneira rápida. 
 Promove recuperação da anestesia 
de maneira rápida após interrupção 
(a demora causa desconforto para o 
paciente e seus familiares). 
 O aprofundamento nos níveis da 
anestesia deve ocorrer de maneira 
sútil e rápida. Ela não deve causar 
sofrimento e, para isso, os níveis de 
depressão do SNC devem 
acontecer gradativamente para 
evitar depressão brusca do SNC. 
 Promove relaxamento satisfatório 
da musculatura esquelética, 
evitando contrações voluntárias 
durante o procedimento. 
 Tem boa margem de segurança. Na 
teoria, deveria ter ampla margem – 
porém, sabe-se que isso não 
acontece. Todo anestésico geral 
tem índice terapêutico baixo. 
 Produz poucos efeitos colaterais 
(geralmente, o paciente não tem 
medo da cirurgia, tem medo da 
anestesia e com razão: o indice 
terapêutico dos anestésicos é baixo, 
ou seja, a dose anestésica é muito 
próxima da dose letal). 
 
Índice terapeutico 
 
Todo o anestésico geral passa por estágios 
até atingir o nivel de anestesia. 
 
 Estagio 1 - analgesia: 
inicialmente, o paciente tem 
analgesia sem amnésia. No final, 
ele passa a ter analgesia e amnésia. 
 Estagio 2 – excitação: aqui, o 
paciente apresenta respiração 
irregular, podendo apresentar 
vômitos, contrações involuntárias e 
até micção involuntária. 
 Estágio 3 – anestesia: é a 
anestesia propiamente dita e é 
quando se deve acontecer o 
procedimento cirúrgico. Ocorre 
interrupção da respiração (por isso 
se intuba o paciente), alteração dos 
reflexos palpebrares e alteração da 
pupila (dilatação). Esses sinais são 
importantes para que o anestesista 
detecte que o paciente esteja neste 
estágio, porém, é importante ter 
cuidado porque eles também 
podem estar acontecendo devido à 
utilização prévia de algum 
medicamento. Por exemplo, 
durante a pré-anestesia, pode-se 
utilizar atropina facilitar intubação, 
causando dilatação. Ainda, o 
monitor também indica quando o 
paciente está na fase de anestesia. 
Aula 3 – Anestésicos gerais 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 3 
 Estágio 4 – depressão bulbar: 
deve-se evitar que o paciente entre 
nesse estágio pós-anestesia porque 
ele terá depressão do centro 
vasomotor da medula oblonga, 
causando dilatação de vasos, 
hipotensão grave e depressão 
respiratória, podendo levá-lo a 
óbito. Destaca-se que o limiar entre 
os dois últimos estágios é muito 
pequeno e curto porque a diferença 
de dose é mínima, tornando-se 
importante o uso de monitores. 
 
Anestesia balanceada 
 
É quando associamos ao anestésico geral 
outro medicamento com o intuito de 
potencialização de ação. Embora os 
anestésicos tenham algumas caracteristicas 
ideias, não existe nenhum que 
isoladamente promova todas as 
características já citadas. Geralmente 
ocorre associação com um analgésico 
opióide (por exemplo, o remifentanil - 
tudo que tem fentanil é analgésico 
opióide), benzodiazepínico (por exemplo, 
diazepam ou midazolam para causar 
amnésia) e relaxante muscular 
(succinilcolina). 
 
Ainda, pode ocorrer associação entre 
anestésicos gerais endovenosos para 
induzir juntamente com um inalatório para 
manter o estado de anestesia. 
 
AVT: anestesia venosa total 
 
É quando, durante uma cirurgia, se utiliza 
apenas fármacos venosos, por exemplo, 
um opióide e um anestésio geral venoso. 
 
AGENTES ANESTÉSICOS 
INTRAVENOSOS 
 
Destacam-se tiopental, propofol, etomidato 
e cetamina. 
 
CLASSE DOS BARBITÚRICOS - 
TIOPENTAL 
 
Embora ainda existam o tamilal e o 
metoexital, o tiopental é o mais utilizado. 
 
Características 
 
Início de ação muito rápido: após sua 
utilização endovenosa, o tiopental inicia 
sua ação em menos de 1 minuto devido à 
sua alta lipossoluibilidade e capacidade de 
atingir o SNC. 
 
Duração de ação curta: em média 15 
minutos após uma enjeção em bolus 
(apenas uma enjeção na corrente 
sanguinea) porque ele sofre redistribuição 
(sai do SNC, volta para a corrente e se 
acumula em tecidos, principalmente 
adiposo). É por esse motivo que ele não 
deve ser utilizado em infusões prolongadas 
para a manutenção do estado anestésico 
quando se deseja uma rápida recuperação 
do paciente, mas pode ocorrer se o 
objetivo for uma recuperação lenta, como 
por exemplo em pacientes encaminhadosà 
UTI. 
 
Alta ligação a proteínas plasmáticas: se 
o pacietne apresentar hipoproteinemia, a 
fação livre do tiopental aumentará 
consideravelmente, potencializando seu 
efeito farmacológico, necessitando, então, 
de ajuste de dose para este paciente. 
 
 É por isso que ele deve ser evitado 
em pacientes com susceptibilidade 
à porfiria intermitente aguda 
porque ele é capaz de induzir a 
síntese de uma enzima chamada 
ALA-sintetase que é responsável 
pela produção de porfirinas que são 
importantes para a síntese do grupo 
heme. A investigação da existência 
acontece durante a anamnese. 
 
Reações adversas 
 
Aula 3 – Anestésicos gerais 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 4 
 Produção de depressão respiratória 
– o paciente pode apresentar apnéia 
durante a recuperação anestésica. 
 Hipotenção arterial por causar 
vasodilatação e por causar 
depressão miocárdica. 
 Diminuição da PIC (pressão 
intracraniana) ao reduzir o 
metabolismo cerebral e também o 
fluxo sanguineo cerebral, se 
tornando um fármaco interessante 
para ser utilizados em pacientes 
cirúrgicos que estão com aumento 
da PIC – como em traumatismos e 
tumor cerebral. 
 Redução da pressão intraocular. 
 
PROPOFOL 
 
É o mais popular devido a uma 
recuperação anestésica mais rápida. 
 
1. Indução anestésica: início de ação 
rápida e boa lipossobulidade. 
2. Manutenção do estado anestésico: 
3. Rapidamente eliminado pelo figado 
(infusão venosa continua). 
4. Sofre extenso metabolismo 
hepático. 
5. Também tem um extenso 
metabolismo extrahepático porque 
a velocidade de eliminação do 
propofol é maior do que o fluxo 
sanguineo hepático de um paciente, 
indicando que o medicamento 
também sofre metabolismo nos 
pulmões e nos rins. 
6. Ação anti-hemética: causa baixas 
crises de náuseas e vômitos, muito 
comuns entre os anestésicos gerais. 
 
Desvantagem 
 
 Possui baixa potência analgésica, 
devendo associar um analgésico 
opióide durante o procedimento. 
 É uma emulsão. Ele vem em uma 
ampola, não é um liquido límpido e 
por esse motivo, depois que a 
ampola é aberta, não se deve deixar 
o propofol em contato com o 
ambiente porque ele sofre 
contaminação bacgeriana muito 
facil, aumentando o risco de 
contaminação no paciente. Não se 
deve reutilizar a ampola. 
 
Reação adversa 
 
 Crises hipotensivas devido à sua 
capacidade de reduzir a resitência 
vascular periférica e, quando 
utilizado em infusão prolongada, 
reduz a força de contração do 
coração, potencializando ainda 
mais o risco de hipotensão. 
 Também causar depressão 
respiratória, porém mais leve que o 
tiopental. 
 Reduz o consumo de oxigênio e o 
metabolismo cerebral e, por 
consequência, reduz a PIC. 
 
ETOMIDATO 
 
Bastante utilizado para indução anestésica. 
 
Indicado para pacientes que tem reserva 
cardiovascular limitada devido à sua dose 
anestésica ser mais distante da dose que 
produz efeitos colaterais e por isso ter 
menos tendência a causar de hipotensão e 
depressão respiratória. 
 
Desvantagem 
 
 Dor durante injeção: por este 
motivo, é comum associar 
lidocaína durante a injeção do 
etomidato. 
 Movimentos involuntários durante 
o processo de indução: podem ser 
reduzidos quando se utiliza uma 
pré-medicação com 
benzodiazepínicos. 
Aula 3 – Anestésicos gerais 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 5 
 Baixa potência analgésica: 
associação a analgésicos opióides. 
 
Reações adversas 
 
Redução de síntese de hormonios 
esteróides pela suprarrenal, diminuindo a 
sintese de cortisol: paciente pode 
apresentar hipotensão e distúrbios 
hidroeletrolíticos após a utilização 
prolongada do etomidato. Quanto maior o 
tempo de uso, menor será a produção de 
hormônios esteróides na suprarrenal. 
 
CETAMINA 
 
Mecanismo de ação: bloqueia os 
receptores de NMDA (que se ligam ao 
glutamato, NT excitatório), impedindo a 
excitabilidade neuronal. 
 
Anestesia dissociativa: acontece quando o 
utiliza isoladamente. O paciente pode 
apresentar alucinações, delírios, sonhos 
vívidos, catatonia (alteração de 
movimentos). É por esse motivo que se faz 
uma pré-medicação com benzodiazepínico 
(diazepam 0,2mg a 0,3mg por kg ou 
midazolam de 0,025mg a 0,05mg por kg) 
para evitar os efeitos adversos causados 
pelo cetamina. 
 
Tem capacidade de aumentar a função 
cardíaca e a pressão arterial do paciente 
por inibir a recaptação da NA na fenda 
sináptica, ativando o sistema nervoso 
autônomo simpático e, por isso, se faz 
interessante usar em pacientes com choque 
circulatório ou choque cardiogênico (aqui 
se precisa aumentar a força de contração 
do paciente) ou paciente com 
broncocosntrição (ADR vai aumentar a 
bronco dilatação). 
 
DIAZOPAM x MIDAZOLAM 
 
Benzodiazepínicos são considerados 
coadjuvantes na anestesia geral porque, 
embora com uma dose alta se consiga 
induzir a anestesia com esse medicamento, 
os efeitos colaterais também aumentarão, 
tornando-se desinteressante utilizar esse 
medicamento para indução anestésica, 
usando-o sempre na pré-anestesia. 
 
O midazolam é o mais indicado por causa 
do seu início de ação rápido, tem uma 
duração de ação mais curta (o paciente se 
recupera mais rápido) e tem uma maior 
potência farmacológica – menor dose 
produzirá o mesmo efeito do diazepam. 
Ainda, sua curva dose-resposta é mais 
inclinada, significando que pequienos 
incrementos de dose do midazolam dará 
uma grande resposta farmacológica, 
permitindo que o paciente passe do estado 
de sedação para a hipnose rapidamente. 
Ele é mais hidrossoluvel que o diazepam. 
Durante a injeção do midazolam, ele causa 
menos irritação no tecido, trazendo menos 
consequencias para o paciente. 
 
AGENTES ANESTÉSICOS 
INALATÓRIOS 
 
São bastante utilizados para manutenção 
do estado anestésico, mas alguns podem 
ser utilizados como indutores – para isso, 
ele não pode ser pungente (irritante) para 
as vias aéreas. Ele também deve ter inicio 
de ação rápido e baixa solubilidade no 
sangue. 
 
Existem duas formas: 
 
 Gasosa: óxido nitroso (N2O), é o 
único que vem em forma de gás. 
Conhecido como gás hilariante 
porque o paciente tem pequenos 
espasmos musculares na face que 
se assemelham ao riso. 
 Liquidos voláteis: classe dos 
halogenados que possui vários 
medicamentos anestésicos 
inalatórios como o halotano, 
enflurano, isoflurano, desflurano e 
sevoflurano. Necessitam de 
Aula 3 – Anestésicos gerais 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 6 
equipamento de vaporização para 
se transformar em gás. São os mais 
utilizados, especialmente o 
sevoflurano. 
 
Concentração alveolar mínima 
 
Também chamada de CAM, nada mais é 
que a concentração necessária do 
anestésico inalatório para promover o 
estado de anestesia em 50% dos pacientes, 
se assemelhando à DE50. 
 
Todo o fármaco inalatório tem um valor de 
CAM e não tem como conhecer um 
anestésico sem conhecer essa 
característica. Nós dizemos que quanto 
menor a CAM do anestésico, mais potente 
ele é. 
 
Analisemos a figura 1, tendo o halotano 
como exemplo. O número 0,75 significa 
que quando o utilizarmos nessa 
concentração, ele promoverá anestesia em 
50% dos pacientes. Já o óxido nitrosotem 
um valor alto e, por isso, isoladamente, 
tem pouca potência. 
 
Normalmente, o valor de CAM para o 
anestésico inalatório promove anestesia 
em 50% dos pacientes, mas podem existir 
indivíduos que necessitem de 0,5 CAM ou 
1,5 CAM para causar efeito – cada 
paciente pode precisar de um valor 
diferente. Normalmente, com 1,1 CAM, 
95% pacientes se encontram em estado de 
anestesia. 
 
Existem situações em que o paciente pode 
necessitar de uma CAM menor, por 
exemplo, pacientes idosos, hipotérmicos 
(devido ao metabolismo reduzido), pré-
medicados com determinadas drogas como 
benzodiazepínicos e fármacos opióides 
(são capazes de produzir sedação e 
consequementemente reduzir a 
concentração desse gás anestésico). Nota-
se que um alto valor de CAM no final não 
é uma grande preocupação porque se pode 
começar aos poucos e ir até onde for 
necessário. 
 
Fatores que influenciam na captação 
(absorção) e início de ação de um 
anestésico inalatório 
 
COEFICIENTE DE PARTIÇÃO E 
EQUILÍBRIO DE CONCENTRAÇÃO: 
é a solubilidade sanguínea. Por exemplo, 
se disser que o coeficiente de partição 
sangue-gás é alto, trata-se de um 
anestésico que tem alta solubilidade 
sanguínea. Ou seja, quanto maior o 
coeficiente de partição sangue-gás de um 
inalatório, mais demorado será o seu 
iniício de ação. 
 
Imagine que existem três compartimentos 
por onde o anestésico precisa passar. O 
primeiro são os alvéolos pulmonares, o 
segundo a corrente sanguinea e o terceiro o 
SNC. Quando o paciente inala o gás, ele 
atingirá primeiro os alvéolos. Depois, será 
captado para a corrente sanguínea e da 
corrente vai para o SNC. Assim, todo o 
anestésico inalatório só inicia sua ação 
quando ele atinge o equilíbrio entre as três 
fases. Se o anestésico inalatório que chega 
aos alvéolos, ao passar para a corrente 
sanguínea, tem uma alta solubilidade, ou 
seja, está em um ambiente em que ele se 
distribui com facilidade, ele será captado 
pelo SNC por algumas moléculas, mas a 
solubilidade maior ainda será no sangue. 
 
Isso significa que o tempo necessário para 
que o anestésico atinja o equiilibro entre as 
três fases é maior e o tempo de indução 
será mais demorado. Essas características 
podem variar de medicamento para 
medicamento. 
 
 Baixo coeficiente de partição 
sangue-gás: óxido nitroso, 
desflurano e sevoflurano, tendendo 
a ter um inico de ação mais rapido. 
É por isso que o sevoflurano é o 
mais utilizado na clinica (sua CAM 
Aula 3 – Anestésicos gerais 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 7 
é mediana) e o óxido nitroso é 
menos recomendado por ter uma 
CAM alta. 
 Maior coeficiente de partição 
sangue-gás: enflurano e 
isoflurano. 
 
Ainda sobre a figura 1, nota-se que o 
halocano tem menor CAM, mas tem um 
alto coeficiente de partição sangue-gás, 
indicando um início de ação mais 
demorado. 
 
CONCENTRAÇÃO DO ANESTÉSICO 
NO AR INSPIRADO: é interessante para 
acelerrar o inicio de ação dos anestésicos 
inalatórios de pacientes com alto 
coeficiente de partição sangue-gás. 
 
Sabe-se que quanto maior a concentração 
do anestésico que o paciente inspira, mais 
rápido será o seu inicio de ação. Então, 
quando sua quantidade aumenta na mistura 
de gases (anestésico inalatório+O2), 
quanto maior for a concentração de 
anestésico inalatório utilizada, mais rápido 
será seu início de ação. 
 
Por isso, uma maneira de acelerar o início 
de ação do anestésico inalatório com alta 
solubilidade no sangue é aumentar a 
concentração no ar insipirado. Porém, não 
adianta aumentar com essa finalidade os 
que têm solubilidade baixa porque eles já 
têm início de ação rápido – se fizermos 
isso, aumentaremos o seu efeito colateral. 
 
TAXA DE VENTILAÇÃO 
PULMONAR: se aumentar, chegará mais 
anestésico inalatório nos alvéolos e, por 
consequência, no SNC. 
 
Também é utilizada para acelerar o início 
de ação de anestésico inalatório com alta 
solubilidade sanguinea. 
 
FLUXO SANGUÍNEO PULMONAR: o 
aumento do fluxo sanguineo pulmonar 
aumenta a duração ou tempo para inicio de 
ação de um anestésico inalatório muito 
solúvel no sangue, retardando ainda mais o 
inicio de ação de um anestésico inalatório 
com alto coeficiente de partição sangue-
gás. 
 
Ou seja, quanto mais aumento o fluxo 
sanguíneo pulmonar, mais ofereço sangue 
para aquele anestésico se solubilizar, 
demorando mais pra entrar em equilibrio 
entre as três fases. Assim, se aumento o 
débito cardíaco e uso um anestésico 
inalatório, a tendência é que eu retarde 
mais o incio de ação porque ofereci mais 
sangue para que o anestésico se distribua. 
 
Imagine que um paciente do bloco 
cirurgico utiliza um anestésico inalatório 
de alta bipartição sangue-gás. Se ele tiver 
choque circulatório, ele terá um início de 
ação mais rápido porque haverá 
diminuição do fluxo sanguíneo pulmonar, 
se solubilizando menos. Ainda, a 
frequência respiratória aumentará, 
aumentando, por consequência, a taxa de 
ventilação pulmonar. 
 
Outra situação: sabe-se que na maioria das 
vezes, na pré-anestesia se usa 
benzodiazepínicos ou analgésicos 
opióides. Como esses medicamentos 
produzem depressão respiratória, a taxa de 
ventilação pulmonar do paciente também 
diminui e por isso, a tendência é que o 
anestésico inalatório tenha inicio de ação 
mais lento. 
 
GRADIENTE DE CONCENTRAÇÃO 
DO ANESTÉSICO NO SANGUE 
ARTERIAL E NO SANGUE VENOSO: 
quanto maior a diferença da concentração 
do anestésico inalatório entre o sangue 
arterial e venoso, mais lento será o início 
de ação do anestésico. Quanto maior a 
captação pelos órgãos periféricos, menos 
anestésico inalatório chegará ao SNC e por 
isso seu início de ação será mais lento. 
 
ÓXIDO NITROSO 
Aula 3 – Anestésicos gerais 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 8 
 
 Alta CAM. 
 Baixa potência. 
 Nunca será utilizado para indução 
anestésica isoladamente. 
 
Efeito do segundo gás 
 
Quando associado a outro anestésico 
inalatório, aumenta a potência do segundo 
anestésico, necessitando-se, então, de uma 
dose menor do segundo gás. 
 
Isso ocorre porque quando o N2O atinge 
os alvéolos pulmonares ocorre uma 
expansão alveolar, aumentando a 
superfície de contato para o segundo gás 
inalado e consequentemente facilitando 
sua captação. 
 
Uma associação comum é com o 
sevoflurano. A princípio, começa-se a 
inalação utilizando óxido nitroso que 
expande os alvéolos. Depois, deve-se fazer 
uma mistura entre os dois e então o 
sevoflurano terá uma superficie maior para 
sofrer captação e, por consequência, a sua 
CAM (potência) aumentará. 
 
Potência anestésica 
 
O óxido nitroso não tem grande potência 
anestésica, mas pode ser utilizado 
isoladamente quando se precisa de 
analgesia e sedação – principalmente 
sedação – para a realização de 
determinados procedimentos. A 
odontologia o utiliza bastante porque 
crianças, por exemplo, têm aversão a 
dentista. 
 
Mistura 
 
70% é o máximo de N2O na mistura 
gasosa e normalmente não precisa passar 
de 50%. 
 
Vantagem 
 
Quase 100% do N2O é eliminado de 
maneira inalterada pelo ar exalado pelo 
pulmão, sem sofrer metabolismo. Ele não 
depende nem do fígado nem do rim, 
tornando-se interessante para pacientes 
com comprometimentos hepáticos e renais.Desvantagem 
 
 Redução da síntese de vitamina 
B12: quando utilizado em tempo 
prolongado (acima de 4h), potendo 
causar anemia megaloblástica no 
paciente. Ele é capaz de oxidar o 
cobalto (de 2+ para 3+) que é um 
cofator para a metionina sintetase, 
reduzindo a síntese de alguns 
aminoácidos, dimuindo a síntese de 
DNA, RNA e da própria vitamina 
B12. 
 
HALOTANO 
 
 CAM baixa. 
 Alta potência. 
 Início de ação lento devido ao seu 
alto coeficiente de bipartição 
sangue-gás. 
 60% eliminado pelo ar exalado e 
40% dependem do fígado para 
sofrer metabolismo. 
 
Ao chegar ao fígado, ele gera metabólitos 
que oxidarão as proteínas hepáticas. O 
metabólito ácido trifluoro acético oxida 
proteínas hepáticas e o paciente pode 
sofrer necrose no tecido hepático, 
principalmente pacientes que sofreram 
procedimentos cirúrgicos próximos um 
dos outros utilizando o halotano como 
anestésico (um em cada 30 mil pacientes 
podem sofrer lesão irreversível e chegar a 
óbito. Única forma de tratamento é 
transplante de fígado). 
 
Ele também é capaz de causar arritmias 
cardíacas porque ao chegar ao miocárdio, 
o halotano sensibiliza o tecido às 
Aula 3 – Anestésicos gerais 
Yala Figueiredo - Medicina UNIFENAS XXXIV 9 
catecolaminas. Isso significa que essas 
catecolaminas se ligam a receptrores do 
miocardio com sensibilidade maior, 
acelerando e alterando a frequência 
cardíaca do paciente. Pacientes com 
feocromocitoma (tumor desenvolvido nas 
glândulas adrenais que pode causar 
hipertensão) e ansiosos não podem usar 
halotano porque já há uma liberação 
aguçada de catecolamina, podendo 
aumentar ainda mais o risco de arritimia 
nesses pacientes. 
 
Ressalta-se que anestésicos inalatórios, de 
maneira em geral, mas principalmente o 
halotano, estão envolvidos na precipitação 
de crises de hipertermia maligna. 
 
Em resumo, o medicamento causa mais 
danos do que vantagens. 
 
Hipertermia maligna 
Doença genética onde o paciente tem uma 
muitação no gene que controla a sintese de 
canais de calcio (rianodina) no reticulo 
sarcoplasmático muscular – além do 
halotano, a succinilcolina também 
desencadeia crises – a partir da saída 
maciça de cálcio para o citoplasma 
muscular, causando aumento súbito da 
temperatura corporal, taquicardia, rigidez 
muscular. O tratamento é retirar o 
medicamento que está causando problema e 
aplicar o medicamento dantroleno, que é 
um bloqueador de canal de cálcio do 
retículo endoplasmático muscular, 
diminuindo a quantidade de cálcio do 
citoplasma. 
 
ISOFLURANO 
 
 Menos reações adversas. 
 Um dos mais usados. 
 Coeficiente de partição sangue-gás: 
de moderado a baixo. 
 Tendência a produzir menos 
problemas no sistema circulatório, 
principalmente cardiodepressão. 
 Alto custo. 
 Causa irritação das vias aéreas e 
por isso é mais interessante ser 
usando pra manutenção do que 
indução. 
 
SEVOFLURANO 
 
Nefrotoxicidade: quando utilizado por 
período de tempo prolongado, pode sofrer 
degradação pelos equipamentos utilizados 
para sua vaporização durante a 
manutenção do anestésico. O problema é 
que durante essa degradação, ocorre a 
formação do composto A que é 
considerado tóxico para os rins. Pode 
causar possivel nefrotoxicidade. 
 
 Pacientes com problema renal. 
 
EFEITOS DOS ANESTÉSICOS 
INALATÓRIOS SOBRE OS 
ÓRGÃOS 
 
1. Todo anestésico inalatório tende a 
causar depressão respiratória 
porque ele diminui o volume 
corrente-respiratório. Alguns 
anestésicos podem até aumentar a 
FR, mas o volume, a expansão do 
tórax, será reduzida. 
2. A maioria dos anestésicos 
inalatórios aumenta a PIC – o que 
menos faz isso é o sevoflurano. 
3. Todo anestésico inalatório tende a 
reduzir a taxa de filtração 
glomerular e, consequentemente, 
reduzir a formação de urina do 
paciente. 
4. Todo o anestésico inalatório reduz 
a pressão arterial a partir de 
mecanismos de ação variados. 
 Halotano e influrano: reduzem o 
DC 
 Isoflurano e sevoflurano: causam 
vasodilação. 
 
 
 
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Figura 1 - Tabela com a CAM dos principais medicamentos 
 
Figura 2 - Efeitos dos anestésicos inalatórios sobre os órgãos

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