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Resumão Direito Penal II - Valéria; UNICAP

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A HISTÓRIA DA PENA
1. Períodos
Período da Vingança: Neste período (Primitivo), o castigo não estava relacionado à promoção de justiça, mas de vingança, abundando penas cruéis e desumanas. Era dividida em: Vingança Divina, privada e pública.
Vingança Divina: Marcado por ordálio, totens, tabus e proibições de caráter religioso e sagrado. Nesse período, o homem primitivo era guiado pelo seu temor religioso, e o infrator, indivíduo que ofendia os Deuses, era condenado a penas severas, cruéis e desumanas.
Vingança Privada: Nessa fase, a reação punitiva para com o infrator partia da própria vítima ou de pessoas do seu grupo social, não se relacionando mais com as divindades. Por não haver um órgão que regulasse a punição aplicada, ocorria, por inúmeras vezes, desproporcionalidade entre o crime cometido e a pena aplicada, esta passava da pessoa do acusado, atingindo outros indivíduos a ele ligado de alguma forma. Surge, então, a Lei de Talião “Olho por olho, dente por dente”, com a finalidade de proporcionalizar as ações punitivas.
Vingança Pública: Nessa fase, o Estado traz para si o poder-dever de manter a ordem e a segurança social, conferindo aos seus agentes o direito de punir em nome dos seus súditos. As penas eram marcadas pelo seu caráter extremamente terrorista, intimidador e cruel.
Período Pré Científico (1750 - 1850):
Humanismo: Período marcado pela atuação de pensadores que contestavam os ideais do absolutismo. O Humanismo atribui maior importância a dignidade humana. Houve, neste período, duas fases, a da preparação filosófica (Que distinguia o direito, a moral e a religião) e a fase da preparação jurídica, que foi marcada pela atuação de pensadores como:
Cesare Beccaria: Autor da obra “Dos delitos e das penas”, onde lutou contra o fim da tortura e do testemunho secreto, influenciou a reformulação do direito criminal, afim de que fosse promovida uma maior humanização da pena. Sua obra é considerada “Futurista”, pois naquele período, ele já apresentava ideias que podem ser encontradas nos princípios atuais do direito penal, como por exemplo, o princípio da legalidade, da proporcionalidade, da anterioridade da lei penal...
Jhon Howard: Considerado por muitos “O pai da ciência Penitenciária”, por relatar a situação das prisões europeias em seu livro “The state of prision in England”, e sugerir um tratamento mais digno aos presos. Após o conhecimento do seu livro, o parlamento Britânico adotou medidas mais dignas para com o tratamento dos presos.
Período Científico (1850 - Dias atuais):
Fase da Criminologia: Foi marcada pela atuação de alguns autores que se guiaram pelo estudo da criminalidade, suas causas e a personalidade do criminoso.
Lombroso: Acreditava que todas as pessoas nasciam com pré-disposição a criminalidade. “L’uomo delinquente - 1876”.
Ferri: Dizia que apenas fatores sociais permitiriam que o indivíduo se tornasse delinquente. Tentou determinar os tipos de criminosos. “Sociologia criminal – 1880”
Garófalo: Fundador da criminologia. Estudou o homem perigoso. “O delinquente é um se anormal portador de anomalia no sentido moral” “Criminologia – 1885”
Fase da Ciência penal
Carrara: Diz que três fatos constituem a essência do direito penal, o homem, que viola a lei; A lei, que exige que seja castigado esse homem; O juís, que comprova a violação e dá o castigo. “Programa do curso de direito criminal – 1859”
Von Liszt: Defendia a adequação da pena ao tipo de criminoso, devido ao fato de que para ele, o crime é resultante de dois fatores (Primeiro, a natureza individual do delinquente, posteriormente, as condições sociais que o cercam) que somados modificam a gravidade da infração penal. “Tratado de direito penal – 1881”
Binding: Defendia a diferença entre norma penal e lei penal. Para ele, a norma contém caráter proibitivo, enquanto a lei possui apenas caráter descritivo. “Teoria do tipo penal – 1906”
GENERALIDADES SOBRE A PENA
1. Conceito de pena: É uma sanção de caráter aflitivo imposta pelo Estado ao autor do ilícito penal.
2. Teorias sobre a finalidade da pena:
Teoria absoluta: A pena desponta como retribuição estatal justa ao mal injusto provocado pelo condenado. Para essa teoria, a pena não possui finalidade prática, uma vez que não busca reintegrar o criminoso socialmente, mas apenas retribuir o mal que o mesmo causou. Em outras palavras, a pena é apenas um instrumento de vingança do Estado contra os infratores. (Intimidação)
Teoria relativa: Adota-se uma posição totalmente contrária a teoria absoluta. Para essa teoria, a finalidade da pena consiste em prevenir, evitar a pratica de novas infrações penais. A imposição de castigo ao condenado é irrelevante. (Reintegração social)
Teoria mista: Unifica as teorias absoluta e relativa, pois para a teoria mista, a pena deve, simultaneamente, castigar o condenado pelo mal praticado e evitar a prática de novos crimes, tanto em relação ao criminoso como no tocante a sociedade. O código penal Brasileiro, em diversos dispositivos, deixa clara o seu acolhimento a teoria mista.
3. Espécies de pena:
Privativas de liberdade: Retira do condenado o seu direito de locomoção, em razão da prisão por tempo determinado. (Não se permite e privação perpétua da liberdade)
Restritivas de direitos: Limita um ou mais direitos do condenado, em substituição à pena privativa de liberdade.
Pena de multa: Incide sobre o patrimônio do condenado.
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
1. Espécies:
Reclusão: Pode ser cumprida nos regimes fechado, semiaberto e aberto.
Detenção: Pode ser cumprida apenas nos regimes semiaberto e aberto.
2. Regimes penitenciários:
Fechado (+8 Anos): O local adequado para o cumprimento da pena em regime fechado é a Penitenciária. O exame criminológico é obrigatório no início do cumprimento da pena. O preso ficará submetido, obrigatoriamente, a trabalho interno no período. O trabalho externo só será exercido apenas em obras públicas e pelo condenado que já tenha cumprido, no mínimo, 1/6 da sua pena.
Semiaberto (4 a 8 Anos): A pena privativa de liberdade em regime prisional semiaberto deve ser cumprida em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. O exame criminológico é facultativo no início do cumprimento da pena nesse regime. É admissível, no regime semiaberto, que o condenado se submeta a trabalho externo e a estudos, tudo sob vigilância.
Aberto (Até 4 Anos): A pena deve ser cumprida em casa de Albergado. O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias de folga e durante a noite.
	Fechado
	Semiaberto
	Aberto
	Cumprimento de pena em local de segurança máxima ou média. (Penitenciárias)
	Cumprimento de pena em Colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.
	Cumprimento de pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
	Limitação das atividades em comum dos presos.
	Trabalho em comum dos presos.
	Trabalho e estudo fora do estabelecimento e sem vigilância.
	Maior controle e vigilância sobre o preso.
	Mínimo de vigilância sobre o preso.
	Regime reservado para o preso de maior periculosidade.
	Regime reservado ao preso de menor periculosidade
	O preso trabalha no período diurno e fica isolado no período noturno.
	O preso trabalha em comum durante o período diurno.
	O preso trabalha durante o dia e é recolhido durante a noite.
	A realização do exame criminológico (Para a verificação de periculosidade do agente) é obrigatória.
	A realização do exame criminológico (Para a verificação de periculosidade do agente) é facultativa.
	Não existe previsão de exame criminológico nesse regime.
	Permissão de saída.
	Permissão de saída + Saída temporária.
	Saída durante o dia e recolhimento durante a noite.
	Remição (Trabalho e estudo)
	Remição (Trabalho e estudo)
	Remição (Estudo)
3. Estabelecimentos penais
Presídios: Abriga sumariados, isto é, presos que aguardam sentença.
Penitenciárias:
Abriga condenados em regime fechado.
Colônia agrícola, industrial ou similar: Abriga condenados em regime semiaberto.
Prisão albergue: Abriga condenados em regime aberto.
Centro e observação e triagem: Local onde condenados se submetem a exame criminológico e recebem destinação correta.
Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (HCTP): Recolhe doentes mentais que cometeram crimes.
4. Progressão e regressão dos regimes prisionais
Progressão (Fechado >>>> Semiaberto >>>> Aberto): Essa progressão depende de dois requisitos cumulativos, um objetivo (Ter cumprido 1/6 da pena, em casos de crimes comuns, e 2/5 em casos de crimes hediondos, se o autor for primário, e se for reincidente, ele deve cumprir 3/5 da pena para progredir) e outro subjetivo (É o mérito, ou seja, o bom comportamento do preso).
Observações: Não pode haver saltos, a ordem: Fechado > Semiaberto > Aberto, deve ser seguida rigidamente; Em casos de crimes contra a administração pública, além dos requisitos citados, há também a condição de reparar o dano causado ou devolver o produto do ilícito causado, com os acréscimos legais.
	Primariedade
	Reincidência
	Quando o agente comete novo crime após +5 anos de ter sua pena anterior extinta ou cumprida.
Obs: É considerado primário aquele que comete vários crimes em qualquer período de tempo, mas não possui nenhuma condenação transitada em julgado.
	Quando o agente comete novo crime após -5 anos de ter sua pena anterior extinta ou cumprida.
Reincidência Genérica: Crimes de qualquer natureza.
Reincidência específica: Crimes da mesma natureza.
Obs: Não é considerado reincidente aquele que comete vários crimes em um curto período de tempo, mas não possui nenhuma condenação acerca desses delitos transitada em julgado.
Regressão (Aberto >>>> Semiaberto ou Fechado): É a transferência do condenado para regime prisional mais severo que aquele em que se encontra. É permitida a regressão por saltos, ou seja, o condenado pode passar do regime aberto direto para o regime fechado, a depender da infração cometida.
5. Regras para cada regime prisional
Regime especial (Art. 37, CP): Diz respeito ao tratamento das mulheres encarceradas. Essas se submeterão a locais específicos durante o cumprimento da pena; Terão atendimento necessário durante o período gestacional, entre outros direitos trazidos pela Lei de execução penal (7210/1984).
Direitos dos presos (Art. 38, CP): Os artigos 40 e 41 da LEP arrolam diversos direitos dos presos, tais como alimentação, vestuário, atribuição de trabalho e remuneração, assistência jurídica, social, educacional, etc.
Trabalho do preso / Vide remição pelo estudo e por leituras dirigidas (Art. 39, CP): O trabalho do preso, além de remunerado (3/4 Do salário mínimo, que é depositado em 25% para que o preso tenha determinada quantia no momento em que for liberto), é obrigatório. O preso deve trabalhar de 6 à 8 horas por dia, em obras públicas quando estiver cumprindo pena em regime fechado, e em qualquer outra obra quando estiver cumprindo pena em regime semiaberto ou aberto;
Remição: É um benefício que consiste no abatimento de parte da pena privativa de liberdade pelo trabalho ou pelo estudo; Em relação ao trabalho, a remição consiste no desconto de 1 dia de pena para cada 3 dias de trabalho; No estudo, a remição representa o abatimento de 1 dia de pena para cada 12 horas de estudo, divididas em, no mínimo, 3 dias.
Legislação especial (Art. 40, CP): Lei de execuções penais; Apesar de ser uma lei nacional, não impede que cada estado tenha o seu próprio código penitenciário, que serve para punir os presos que desviam a sua conduta durante o cumprimento da pena.
Superveniência de doença mental (Art. 41, CP): Quando isso ocorre, o preso é acolhido em hospital de custódia.
Detração penal (Art. 42, CP): Detração penal é o desconto, na pena privativa de liberdade ou na medida de segurança, do tempo de prisão provisória ou de internação já cumprido pelo condenado. Por exemplo, se alguém foi condenado a 10 anos e permaneceu 5 anos segregado, esse alguém deverá cumprir apenas 5 anos da pena, pois elas são subtraídas.
 
MULTA
1. Conceito
 Consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias multa. Será, no mínimo, de 10 e, no mínimo, de 360 dias multa. 
 O valor do dia multa não poderá ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 vezes esse salário.
 A multa deverá ser paga 10 dias após a sentença transitar em julgado, no entanto, a depender das condições, o juiz pode permitir que esse pagamento seja feito em parcelas.
 A execução da pena de multa será suspensa se sobrevier ao condenado doença mental. 
2. Aplicabilidade
Isolada: Ou seja, apenas a multa, porém, o código penal brasileiro não traz essa possibilidade.
Acumulada: Ou seja, a pena de multa junto e uma pena restritiva de direitos.
Alternada: Ou seja, a pena de multa ou a pena restritiva de direitos. 
3. Espécies de devedor
Solvente: É aquele que pode pagar a multa, mas não o faz esperando a sua prescrição.
Insolvente: É aquele que não pode pagar a multa.
4. Execução da dívida de valor e destinação
 A dívida é executada pelos procuradores da fazenda estadual e é destinada ao fundo penitenciário Nacional.
5. Cálculos dos dias-multa
Baixo poder aquisitivo: Salário mínimo vigente à época do crime, dividido por 30 e multiplicado pelos dias 	que o juiz arbitrar.
Alto poder aquisitivo: 5 vezes o salário mínimo vigente a época do crime por dia multa, multiplicado o produto da operação pelos dias que o juiz arbitrar.
Extraordinário: Consiste no resultado da operação anterior multiplicado por 3.
APLICAÇÃO DA PENA (DOSIMETRIA)
TECNICA DA FIXAÇÃO, Art. 68, CP
 O nome dado ao processo de cálculo da pena é cominação. Aplica-se a pena quando o juiz termina de comina-la, dosa-la. 
1. Fases
1º Fase: Circunstancias judiciais. Nessa fase, o juiz encontra maios liberdade com relação ao estabelecimento da pena.
O juiz fará uma análise do réu, tendo por base todos requisitos dispostos no Artigo 59 do Código Penal (Culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do agente, bem como motivos, circunstâncias e consequências do crime); 
Em seguida, determinará a pena base, aplicando, se houver, as qualificadoras do crime. 
2º Fase: Circunstancias legais
O juiz verá se há atenuantes genéricas no crime, de acordo com o Artigo 65 do Código Penal. Uma atenuante resulta na redução da pena de 6 meses a 3 anos, essa redução dependerá da situação do réu na fase anterior. Quanto pior sua situação jurídica, menor será a redução da pena.
Em seguida, o juiz avaliara as agravantes genéricas, de acordo com o Artigo 61 do Código Penal; Nessa etapa, o juiz deve respeitar o princípio “Non bis in idem”, que consiste no fato de que o que qualifica, não agrava. 
3º Fase: Circunstancias legais
O juiz avaliara as minorantes ou causas de diminuição de pena, essas estão contidas no tipo penal, assim como a quantidade de pena que deverá ser reduzida.
Posteriormente, aplicando-se as mesmas regras, o juiz avaliara as majorantes e as causas de aumento de pena.
Observações: 
	Agravantes
	Qualificadoras do tipo
	Podem ser aplicadas a qualquer crime.
	Só são aplicadas quando estabelecidas no tipo penal.
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
(SURSIS)
1. Origem:
	Surgiu na França, na segunda metade do século 19.
2. Conceito:
	Sursis é a suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade, na qual o réu, se assim desejar, se submete durante o período de prova à fiscalização e ao cumprimento de condições judicialmente estabelecidas.
3. Natureza Jurídica:
	Substitutivo penal.
4. Requisitos Legais:
	A pena privativa de liberdade não superior a 2 anos, poderá ser suspensa, por 2 a 4 anos, desde que:
4.1 O condenado não seja
reincidente em crime doloso; (Requisito subjetivo)
4.2 A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; (Requisito subjetivo)
4.3 Não seja indicada ou cabível a aplicação de pena restritiva de direitos. (Requisito objetivo)
OBS: 
A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício; (Requisito objetivo)
A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 4 anos, poderá ser suspensa, por 4 a 6 anos, desde que o condenado seja maior de 70/60 anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (Requisito objetivo)
5. Sistemas:
5.1 Anglo saxão
5.2 Franco-Belga: Sistema aplicado no Brasil, onde o réu é processado normalmente, e, com condenação, a ele é atribuída uma pena privativa de liberdade. O juiz, entretanto, levando em conta condições legalmente previstas, suspende a execução da pena por determinado período, dentro do qual o acusado deve revelar bom comportamento e atender a condições impostas, pois, caso contrário, deverá cumprir integralmente a sanção penal.
6. Espécies:
6.1 Sursis Simples: Aplicável quando o condenado não houver reparado o dano, injustificadamente, e/ou as circunstâncias do art. 59 não lhe forem inteiramente favoráveis. 
	No primeiro ano do período de prova, o condenado deverá prestar serviços à comunidade ou submeter-se a limitação do fim de semana.
6.2 Sursis Especial: Aplicável quando o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 lhe forem inteiramente favoráveis.
	O juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições:
Proibição de frequentar determinados lugares;
Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
OBS: A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
6.3 Sursis etário e por questões de saúde (Humanitário, profilático ou terapêutico): Aplicável quando a pena privativa de liberdade aplicada não for superior a 4 anos, desde que o condenado seja maior de 60 anos de idade (Etário) ou por questões de saúde (Por questões de saúde).
7. Período de prova:
	É o intervalo de tempo fixado na sentença condenatória concessiva do sursis, no qual o condenado deverá revelar boa conduta, bem como cumprir as condições que lhe foram impostas pelo poder judiciário. 
	Via de regra, o período de prova dura de 2 a 4 anos, porém, nos Sursis etário ou humanitário, o período de prova dura de 4 a 6 anos.
8. Revogação 
	Com a revogação do sursis, o condenado deverá cumprir integralmente a pena privativa de liberdade que se encontrava suspensa, portanto, não se considera o tempo que permaneceu no período de prova.
A revogação poder ser de duas espécies:
8.1 Obrigatória: 
O juiz tem o dever de revogar o benefício quando:
O agente é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso. 
Não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano.
Descumpre a prestação de serviços a comunidade ou de limitação do final de semana no primeiro ano do período de prova.
8.2 Facultativa:
	O juiz tem a liberdade de revogar ou não o benefício quando:
O agente é condenado, em sentença irrecorrível, por crime culposo ou por contravenção penal, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos;
Descumpre qualquer outra condição imposta. (Condições dos arts. 78 e 78)
9. Prorrogação:
	É a situação em que a duração da suspensão condicional da pena excede o prazo do período de prova determinado na sentença condenatória.
	Ocorre a prorrogação quando:
O beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção penal. Portanto, a suspenção durará até o julgamento definitivo;
Quando a revogação for facultativa, ao invés de decreta-la, o juiz pode prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi fixado. 
10. Extinção da pena
	Extingue-se a pena quando o período de prova é integralmente cumprido, sem revogação. 
	
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
1. Conceito
	São todas as consequências que, direta ou indiretamente, atingem a pessoa do condenado por sentença penal transitada em julgado.
2. Efeitos Principais Ou Primários
	A própria condenação, a imposição de sanção penal.
3. Efeitos Secundários
3.1 Penais
	São efeitos que interferem diretamente na situação do condenado em âmbito penal. Como por exemplo, a revogação do período de prova do SURSIS ou do livramento condicional.
3.2 Extrapenais
	Os efeitos extrapenais podem ser genéricos ou específicos.
3.2.1 Genéricos:
Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
A perda em favor da união, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé:
1. Dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito.
2. Do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
OBS:
	Poderá ser decretada a perda de bens e valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior; Nessa hipótese, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação da perda.
3.2.2 Específicos:
Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo quando:
1. Aplicada a pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a administração pública.
2. Aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 anos nos demais casos.
A incapacidade para o exercício do poder pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos a pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado.
A inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.
OBS:
	Os efeitos citados não são automáticos, devem ser declarados na sentença.
	
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
1. Conceito:
	É a modalidade de sanção penal com finalidade exclusivamente preventiva, e de caráter terapêutico, destinada a tratar inimputáveis e semi-imputáveis portadores de periculosidade, com o escopo de evitar a prática de futuras infrações penais.
OBS:
	Não se diz detento ou recluso, mas sim “Paciente”
	Diz-se “Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico”
2. Origem
	No Brasil, em 1984.
3. Pressuposto
	Periculosidade do agente (Conceito dado devido a condições mentais)
4. Natureza jurídica
	Especial tratamento curativo. (Instituto aplicado aquele que no momento do crime era totalmente (Inimputável) ou parcialmente incapaz (Semi-inimputável) de compreender o ilícito. Aos doentes mentais)
5. Sistemas
5.1 Duplobinário (Antes de 1984): O semi-imputável primeiro cumpria a pena privativa de liberdade, depois cumpria a medida de segurança.
5.2 Vicariante ou unitário (Atualmente): O semi-inumputável cumpre ou a medida de segurança ou a pena privativa de liberdade, nunca as duas. 
6. Espécies:
6.1 Detentiva: Aplicada aos inimputáveis, consiste na internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, onde a o paciente tem sua liberdade privada. 
6.2 Restritiva: Aplicada aos semi-inimputáveis, consiste no tratamento ambulatorial, onde o agente permanece livre, mas submetido a tratamento médico adequado.
OBS:
	Se o agente for inimputável e o crime for punível com detenção, poderá o juiz submete-lo a tratamento ambulatorial.
7. Tempo do cumprimento
	O prazo mínimo é de 1 a 3 anos, e o máximo não é estabelecido, pois a medida de segurança permanece sendo executada enquanto persistir a periculosidade do agente.
8. Cumprimento da Pena
Após a liberação, o paciente passará por um período de observação de 1 ano. S ele cometer novo crime, volta a ser internado, se nada acontecer, considera-se cumprida a pena.
9. Conversão da medida de segurança em pena privativa de liberdade
	Não é possível
10. Conversão da pena privativa de liberdade em medida de segurança
	É possível. Uma vez que subsistir doença mental, a pena privativa de liberdade pode ser convertida em medida de segurança. Quando sob medida de segurança, as regras destas passam a ser aplicadas ao ex condenado. 
DA REABILITAÇÃO
1. Conceito
	É o instituto jurídico-penal que se destina a promover a reinserção social do condenado, a ele assegurando o sigilo de seus antecedentes criminais (Restitutio in integrum); Ela permite que após 2 anos de cumprida e extinta a pena, o advogado do condenado peça ao juiz que o sentenciou, o sigilo das condenações (Nada consta). A reabilitação poderá também atingir os efeitos da condenação (Art. 92), exceto os casos dos incisos I e II. Esse sigilo não pode ser quebrado por qualquer membro do judiciário, apenas pelo juiz criminal.
2. Requisitos:
	A reabilitação poderá ser requerida 2 anos após extinta ou executada a pena, desde que o condenado:
2.1 Tenha tido domicílio no país no prazo referido acima;
2.2 Tenha dado, durante esse tempo, demonstração de bom comportamento público e privado;
2.3 Tenha ressarcido o dano, salvo impossibilidade ou apresente documento que comprove a renúncia da vítima ou a novação da dívida. 
3. Revogação
	A reabilitação será revogada, de oficio ou a requerimento do MP, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa.
DA AÇÃO PENAL
1. Conceito
	É o direito de exigir do estado a aplicação do Direito Penal objetivo em face do indivíduo envolvido em um fato tipificado em lei como infração penal. É a “Tutela jurisdicional”, onde só o Estado tem o direito de punir. 
2. Espécies
2.1 Ação Penal Pública: É iniciada mediante denúncia ajuizada pelo Ministério Público.
Incondicionada a representação do ofendido ou representante legal: Sempre que a lei não exigir a representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representa-lo, a requisição do Ministro da justiça ou o cabimento de ação penal privada, poderá o Ministério público oferecer denúncia, se presentes seus requisitos, independentemente de qualquer tipo de provocação. “No silêncio do legislador”
Condicionada a representação do ofendido ou representante legal: É condicionada a ação quando a lei expressamente exigir, como condição para o oferecimento da denúncia, a existência de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representa-lo, ou ainda de requisição do Ministro da justiça. “Somente procede mediante representação.
Condicionada a requisição do Ministro da justiça: É através de petição. “Crimes contra a honra do presidente da república e contra o chefe de governo.
2.2 Ação Penal Privada: A legitimidade para propositura pertence ao ofendido ou a quem legalmente o represente. É iniciada com o oferecimento da Queixa-crime (Petição formulada pelo advogado). 
Personalíssima: A lei confere exclusivamente ao ofendido a titularidade do direito de queixa, intransmissível mesmo na hipótese do seu falecimento. O único exemplo de ação penal privada é o crime de induzimento a erro essencial e ocultação impedimento. Art. 236, CP.
Propriamente dita ou exclusiva: A legitimidade para ajuizamento da queixa-crime é do ofendido ou de seu representante legal; No caso de morte ou ausência do ofendido, a ação poderá seguir através do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. “Somente se procede mediante queixa”
Subsidiária da pública: Em caso de inércia do Ministério público na ação penal pública, o ofendido ou representante legal pode oferecer a queixa subsidiária.
OBS:
	Crime – Inquérito policial – Ministério público (Avalia o caso; Arquiva, se as provas não forem suficientes; Manda de volta para a delegacia, se houver algum erro de elaboração)
DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
1. Origem
	Surgiu na França, na segunda metade do Século 19.
2. Conceito
	É o benefício que permite ao condenado à pena privativa de liberdade superior a 2 anos a liberdade antecipada, condicional e precária, desde que cumprida parte da reprimenda imposta e sejam observados os demais requisitos legais.
3. Natureza Jurídica
	Substitutivo penal.
4. Requisitos
	O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos desde que:
4.1 Cumprida mais de 1/3 da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; (Requisito objetivo)
4.2 Cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; (Requisito objetivo)
4.3 Comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; (Requisito subjetivo)
4.4 Tenha reparado o dano causado, salvo impossibilidade; (Requisito objetivo)
4.5 Cumprido mais de 2/3 da pena em casos de crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e terrorismo, se o condenado não for reincidente especifico em crimes dessa natureza; (Requisito objetivo)
4.6 O condenado em crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça, a concessão do livramento também fica condicionada a constatações de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir. (Requisito subjetivo)
OBS:
	Reincidente específico não tem direito a livramento condicional.
5. Processo
	O livramento condicional deve ser solicitado ao juízo da execução (Ao juiz que sentenciou). E é concedido na audiência Admonitória.
6. Período De Prova:
	No livramento condicional, o período de prova dura o tempo que restar para o condenado cumprir a pena privativa de liberdade.
7. Revogação:
7.1 Facultativa:
	Fica a critério do juiz revogar ou não o benefício se o liberado descumprir qualquer das condições estabelecidas na sentença ou for irrecorrivelmente condenado por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade.
7.2 Obrigatória:
	Por crime cometido antes do período de prova
	Por crime cometido durante o período de prova
	1º Crime = Condenação de 10 anos 
	1º Crime = Condenação a 10 anos
	2º Crime = Condenação de 15 anos 
	2º Crime = Condenação a 15 anos
	
X está cumprindo período de prova devido a condenação pelo 2º crime cometido. No entanto, após cumprir 2 anos dos 4 estabelecidos pelo período de prova, sobrevém a condenação pelo 1º crime, que foi cometido antes da concessão do benefício.
 
	
X está cumprindo período de prova devido a condenação pelo 1º crime cometido. No entanto, após cumprir 2 anos dos 4 estabelecidos pelo período de prova, sobrevém condenação pelo 2º crime, que foi cometido durante o cumprimento do benefício.
	Efeito jurídico = É considerado o tempo que o condenado já cumpriu do período de prova, ficando, assim: 10 + 2 = 14 Anos
	Efeito jurídico = É desconsiderado o tempo que o condenado já cumpriu do período de prova, ficando, assim: 15 + 4 = 19 Anos
8. Extinção da pena:
	Se o livramento não for revogado até o seu término, a pena é extinta.
DAS CAUSAS DE EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE
	Desaparecimento do mundo jurídico do poder punitivo estatal. Ou seja, o estado não pode mais punir, nada obstante a existência concreta e inapagável de um ilícito penal. As causas de extinção de punibilidade podem alcançar a pretensão punitiva ou a pretensão executória, conforme ocorra antes ou depois do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 
1. Morte do agente:
	No Direito Penal é comprovada com a certidão de óbito ou através de petição, em caso de ausência. “Mors amnia solvi-te” = “A morte tudo apaga”
2. Anistia:
	Exclusão, por lei ordinária editada pelo congresso, com efeitos retroativos, de um ou mais fatos criminosos
do campo de incidência do Direito Penal. Essa causa de extinção de punibilidade destina-se, em regra, a crimes políticos, abrangendo, excepcionalmente, crimes comuns. Uma vez anistiado, o agente será considerado primário para efeitos penais, mas os efeitos civis permanecem. “Amnestia” = “Amnesia”
OBS:
	Os que cometeram crimes hediondos não tem direito a anistia.
2.1 Classificação:
2.1.1 Própria: Concedida antes do trânsito em julgado da sentença
2.2.2 Imprópria: Concedida depois do trânsito em julgado da sentença
2.2.3 Condicionada: Quando exige requisito para a concessão. Ex: Ser primário
2.2.4 Incondicionada: Quando não exige requisitos
2.2.5 Especial: Aos que cometeram crimes políticos
2.2.6 Comum: Aos que cometeram crimes comuns conexos com crimes políticos
2.2.7 Restrita: Quando exclui crimes complexos
2.2.8 Irrestrita: Quando não exclui crimes complexos
3. Graça:
	A graça tem por objetivo crimes comuns, com sentença condenatória transitada em julgado, visando benefício a pessoa determinada, portanto, é individual. É um decreto de clemencia aos doentes terminais que deve ser solicitado. Caiu em desuso devido a sua burocratização e demora para sua execução. Na maioria das vezes, quando concedida a graça, o agente já encontrava-se morto. Constitui ato privativo do presidente da república.
4. Indulto:
	É a modalidade de clemencia concedida espontaneamente pelo presidente da república a todo o grupo de condenados que preencherem os requisitos apontados pelo decreto, portanto, é coletivo.
4.1 Espécies:
4.1.1 Total: Quando o agente preencher todos os requisitos do decreto, extingue-se a pena.
4.1.2 Parcial: Quando o agente não preenche todos os requisitos do decreto, poderá receber a comutação, que é a diminuição da pena, se preencher os requisitos da mesma.
OBS: 
	Os que cometeram crimes hediondos não tem direito ao indulto;
	Não há previsão legal para indulto do dia das mães ou pais;
	Indulto papal (No Vaticano, o papa simplesmente perdoa); Indulto Natalino (“Espirito Natalino”); Indulto especial de mulheres (Destinado apenas as mulheres. É novidade no Brasil. Abril, 2017)
5. Abolitio Criminis:
	É a nova lei que exclui do âmbito do Direito Penal um fato até então considerado criminoso.
6. Decadência:
	É a perda do direito de queixa ou de representação em face da inércia do seu titular durante o prazo legalmente previsto; Só é aplicada nas ações penais privadas. (A professora não disse, mas em todos os livros consultados, diz-se que a decadência também é aplicada na ação penal pública condicionada a representação do ofendido ou representação lega).
6.1 Prazo:
	Em regra, o prazo decadencial é de 6 meses, que começa a ser contado a partir do dia em que é reconhecida, sem equívoco, a autoria do crime; O prazo decadencial é cabal, ou seja, não é interrompido nem suspendido, e quando termina não há nenhuma brecha judicial para agir. 
OBS:
	Com relação a vítima menor que não foi representada no prazo legal, o prazo decadencial começa a ser contado a partir das 00:00 do dia em que o jovem completa 18 anos.
7. Perempção:
	É a perda do direito de ação, provocada pela inércia processual do querelante; A perempção só é aplicada em ação penal privada (Menos na ação penal subsidiária da pública).
7.1 Hipóteses em que a ação penal é considerada perempta:
7.1.1 Quando o querelante deixa de promover o andamento da ação penal durante 30 dias, após esta se iniciada.
7.1.2 Quando, falecendo o querelante ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo para prosseguir o processo, dentro do prazo de 60 dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo.
	OBS: A ordem de preferência é: Cônjuge, descendentes, ascendentes e irmão.
7.1.3 Quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais. 
7.1.4 Quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir e não deixar sucessor.
8. Perdão Judicial:
	É o ato exclusivo do poder judiciário que, na sentença, deixa de aplicar a pena ao réu, em face da presença de requisitos legalmente exigidos. Em regra, o perdão judicial é aplicável aos crimes culposos, mas pode ser aplicado também em crime doloso se assim for da vontade do legislador. 
OBS: 
	Em uma contravenção penal, se essa for cometida por erro ou ignorância do agente, o juiz pode deixar de aplicar a pena.
9. Retratação do agente:
	É um ato unilateral, que significa desdizer-se, confessar que errou, revelando o arrependimento do responsável pela infração penal; A retratação deve ocorrer antes da sentença e deve ser total, cabal, ou seja, o agente deve desdizer tudo que disse, e não apenas uma parcela; Há apenas 2 casos em que a lei permite a retratação (Calúnia/difamação e falso testemunho ou falsa perícia). 
10. Renuncia ao direito de queixa:
	É um ato unilateral pelo qual se efetua a desistência do direito de ação pela vítima. “O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente.” Portanto, ela só pode ser exercida antes do oferecimento da queixa; A renúncia pode ocorrer exclusivamente na ação penal privada, mas não na subsidiária da pública; 
10.1 Formas:
10.1.1 Expressa: Constará na declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou por procurados com poderes especiais.
10.1.2 Tácita: Resulta da prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo, que admitirá todos os meios de prova. Por exemplo: Convidar o agente para uma festa em sua residência...
OBS:
	A renúncia ao exercício de direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.
11. Perdão do ofendido ou perdão aceito:
	É ato bilateral, que consiste na desistência manifestada após o oferecimento da queixa; Aplica-se apenas em ação penal privada e pode ocorrer a qualquer momento após o início da ação penal privada até o trânsito em julgado da sentença condenatória.
11.1 Formas:
11.1 Expresso: Ocorre nos altos, lavra-se o termo.
11.2 Tácito: Resulta da prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo, que admitirá todos os meios de prova. Por exemplo: Convidar o agente para uma festa em sua residência...
OBS:
	Por se tratar de ato bilateral, o perdão do ofendido depende da aceitação do querelado, pois a ele pode ser interessante provar a sua inocência.
	O perdão concedido a um dos querelados, aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que recusar.
	O perdão oferecido por um ofendido, em caso de ações onde há pluralidade de querelantes, não atinge a ação penal movida pelo outro. 
12. Prescrição:
	Assunto abordado posteriormente devido a sua extensão.
PRESCRIÇÃO
1. Conceito:
	É a perda da pretensão punitiva ou da pretensão executória em face da inércia do Estado durante determinado tempo legalmente previsto. 
2. Natureza jurídica:
	Causa de extinção de punibilidade
3. Espécies:
	Pode-se dizer que a linha divisória entre os dois grandes grupos é o trânsito em julgado da condenação. 
3.1 Prescrição da pretensão punitiva (PPP): Não há transito em julgado da sentença condenatória para ambas as partes. O estado, por alguma razão, não conseguiu julgar.
3.1.1 Retroativa: Ocorre quando já há um sentença penal condenatória e transito em julgado para a acusação, ou seja, o cálculo da prescrição é feito com uma pena em concreto. O seu termo inicial é o recebimento da denúncia/queixa.
3.1.2 Intercorrente ou superveniente: Ocorre quando já há um sentença penal condenatória e transito em julgado para a acusação. Seu termo inicial é a sentença penal condenatória.
3.2 Prescrição da pretensão executória (PPE): Há trânsito em julgado da sentença condenatória. O estado perde o direito de fazer com que o indivíduo cumpra a pena.
4. Prescrição antecipada ou virtual: Consistia na antecipação da prescrição, fazendo com quem a extinção de punibilidade fosse aplicada mesmo que o crime ainda não estivesse
prescrito. (Não pode mais ser utilizada) 
5. Prazo prescricional:
	
Máximo da pena cominada
	
Prazo prescricional
	Superior a 12 anos
	20 anos
	Superior a 8 anos e inferior a 12 anos
	16 anos
	Superior a 4 anos e inferior a 8 anos
	12 anos
	Superior 2 anos e inferior a 4 anos
	8 anos
	Superior ou igual a 1 ano, até 2 anos
	4 anos
	Inferior a 1 ano
	3 anos
OBS:
	O prazo prescricional cai pela metade se o agente tinha menos que 21 anos na data do crime ou se na data da sentença ele tinha mais que 70/60 anos.
	Em se tratando de réu reincidente, na PPE, o prazo prescricional é aumentado em 1/3.
	Em caso de fuga ou revogação do livramento condicional, o prazo prescricional é calculado com base no tempo em que resta para o cumprimento da pena.
6. Termo inicial antes do transito em jugado da sentença condenatória:
	A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr:
No dia em que o crime se consumou;
No caso de tentativa, no dia em que cessou a atividade criminosa;
No caso de crimes permanentes, no dia em que cessou a permanência;
Nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração do assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido;
Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, da data em que a vítima completar 18 anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. 
7. Termo inicial após transito em julgado da sentença condenatória:
Do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou livramento condicional;
Do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deve computa-se na pena. (No caso da revogação do livramento condicional por crime cometido durante o exercício do benefício)
8. Prescrição das penas restritivas de Direito:
	Aplicam-se os mesmos prazos das penas privativas de liberdade.
9. Prescrição da pena de multa:
	
Em 2 anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada;
No mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou aplicada.
10. Causas impeditivas da prescrição:
	Antes de transitar em julgado a sentença final, a prescrição não ocorre quando:
Enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;
Enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.
OBS:
	Depois de transitada em julgado, a prescrição não ocorre enquanto o condenado estiver cumprindo pena por outro motivo. 
11. Causas interruptivas da prescrição:
	O curso da prescrição interrompe-se: (Interrupção significa voltar a contar do início e desprezar o tempo que já passou)
Pelo recebimento da denúncia ou queixa;
Pela pronúncia; (Decisão que submete o agente a julgamento perante o tribunal do júri. É causa interruptiva apenas dos crimes de competência do tribunal do júri)
Pela decisão confirmatória da pronúncia; (Quando há a pronúncia, a defesa interpõe recurso e este é negado)
Pela publicação da sentença ou acordão condenatórios recorríveis;
Pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
Pela reincidência. 
OBS:
	Nos crimes conexos, que sejam objetos do mesmo processo, estende-se a todos a interrupção relativa a qualquer um deles.
12. Prescrição no concurso de crimes:
	As penas mais leves prescrevem com as mais graves; A extinção de punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.
	
	
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO
1. Conceito
 São também chamadas de “Penas alternativas”, pois têm o propósito de evitar a desnecessária imposição da pena privativa de liberdade nas situações expressamente indicadas em lei.
2. Requisitos
 Os requisitos podem ser subjetivos, quando dizem respeito a pessoa do condenado, e objetivo, quando dizem respeito ao tempo e a pena aplicada.
Pena privativa de liberdade não superior a 4 anos e crime cometido sem grave ameaça ou violência, ou qualquer que seja a pena em crime culposo. 
O réu não ser reincidente em crime doloso. 
A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como o motivo e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
3. Espécies
Prestação Pecuniária: Consiste no pagamento de dinheiro a vítima, a seus dependentes, ou a entidade pública ou privada com destinação social; O valor fixado pelo juiz não pode ser inferior a 1 salário mínimo, nem superior a 360 salários mínimos; Se o beneficiário não puder pagar, aplica-se uma prestação de outra natureza.
Perda de bens e valores: Consiste na transmissão dos bens lícitos do condenado para o fundo penitenciário nacional; Seu valor terá como teto o montante do prejuízo causado ou do proveito obtido pelo agente, depende de qual for maior.
Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas: É aplicável a condenações superiores a 6 meses de privação de liberdade, e consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado; Essas tarefas devem ser cumpridas à razão de 1 hora de tarefa por dia, não atrapalhando a jornada normal de trabalho do condenado; Entretanto, se a pena substituída for superior a 1 ano, o condenado pode cumprir a pena alternativa em menor tempo, aumentando as horas trabalhadas diariamente, porém, o tempo de serviço prestado nunca pode ser menor que a metade da pena privativa de liberdade fixada. 
Interdição temporária de direitos: Essas penas restritivas de direito são especificas, consistem na proibição do exercício de terminadas funções, como por exemplo, dirigir veículos, atuar em função antes desempenhada, frequentar determinados lugares, e outros exercícios elencados no Artigo 47 do Código Penal.
Limitação de fim de semana: Consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 horas diárias, em casa de albergado ou estabelecimento adequado, presenciando atividades educativas.
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
(SURSIS)
1. Origem:
	Surgiu na França, na segunda metade do século 19.
2. Conceito:
	Sursis é a suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade, na qual o réu, se assim desejar, se submete durante o período de prova à fiscalização e ao cumprimento de condições judicialmente estabelecidas.
3. Natureza Jurídica:
	Substitutivo penal.
4. Requisitos Legais:
	A pena privativa de liberdade não superior a 2 anos, poderá ser suspensa, por 2 a 4 anos, desde que:
4.1 O condenado não seja reincidente em crime doloso; (Requisito subjetivo)
4.2 A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; (Requisito subjetivo)
4.3 Não seja indicada ou cabível a aplicação de pena restritiva de direitos. (Requisito objetivo)
OBS: 
A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício; (Requisito objetivo)
A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 4 anos, poderá ser suspensa, por 4 a 6 anos, desde que o condenado seja maior de 70/60 anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. (Requisito objetivo)
5. Sistemas:
5.1 Anglo saxão
5.2 Franco-Belga: Sistema aplicado no Brasil, onde o réu é processado normalmente, e, com condenação, a ele é atribuída uma pena privativa de liberdade. O juiz, entretanto, levando em conta condições legalmente previstas, suspende a execução da pena por determinado período, dentro do qual o acusado deve revelar bom comportamento e atender a condições impostas, pois, caso contrário, deverá cumprir integralmente a sanção penal.
6. Espécies:
6.1 Sursis Simples: Aplicável quando o condenado não houver reparado o dano, injustificadamente, e/ou as circunstâncias do art. 59 não lhe forem inteiramente favoráveis. 
	No primeiro ano do período de prova, o condenado deverá prestar serviços à comunidade ou submeter-se a limitação do fim de semana.
6.2 Sursis
Especial: Aplicável quando o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 lhe forem inteiramente favoráveis.
	O juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições:
Proibição de frequentar determinados lugares;
Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
OBS: A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado.
6.3 Sursis etário e por questões de saúde (Humanitário, profilático ou terapêutico): Aplicável quando a pena privativa de liberdade aplicada não for superior a 4 anos, desde que o condenado seja maior de 60 anos de idade (Etário) ou por questões de saúde (Por questões de saúde).
7. Período de prova:
	É o intervalo de tempo fixado na sentença condenatória concessiva do sursis, no qual o condenado deverá revelar boa conduta, bem como cumprir as condições que lhe foram impostas pelo poder judiciário. 
	Via de regra, o período de prova dura de 2 a 4 anos, porém, nos Sursis etário ou humanitário, o período de prova dura de 4 a 6 anos.
8. Revogação 
	Com a revogação do sursis, o condenado deverá cumprir integralmente a pena privativa de liberdade que se encontrava suspensa, portanto, não se considera o tempo que permaneceu no período de prova.
A revogação poder ser de duas espécies:
8.1 Obrigatória: 
O juiz tem o dever de revogar o benefício quando:
O agente é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso. 
Não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano.
Descumpre a prestação de serviços a comunidade ou de limitação do final de semana no primeiro ano do período de prova.
8.2 Facultativa:
	O juiz tem a liberdade de revogar ou não o benefício quando:
O agente é condenado, em sentença irrecorrível, por crime culposo ou por contravenção penal, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos;
Descumpre qualquer outra condição imposta. (Condições dos arts. 78 e 78)
9. Prorrogação:
	É a situação em que a duração da suspensão condicional da pena excede o prazo do período de prova determinado na sentença condenatória.
	Ocorre a prorrogação quando:
O beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção penal. Portanto, a suspenção durará até o julgamento definitivo;
Quando a revogação for facultativa, ao invés de decreta-la, o juiz pode prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi fixado. 
10. Extinção da pena
	Extingue-se a pena quando o período de prova é integralmente cumprido, sem revogação.

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