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CURSO DE MATERIAIS ELÉTRICOS Curso : Engenharia Elétrica Professor : Ronaldo Alves Soares 1. – SISTEMAS DE LIGAÇÃO ATÔMICA DOS METAIS Átomo formado por prótons, nêutrons e elétrons, as quais ocupam posições definidas num átomo. Caberá aos elétrons o processo de ligações atômicas por serem os elementos externos que farão o contato com átomos adjacentes. Tipos de interligações: Ligação iônica: corresponde à ligação entre um átomo com um número de elétrons superior a quatro, com outro átomo, inferior a quatro, perfazendo nessa ligação, os oito elétrons máximos. Os elétrons que participam desta ligação são chamados elétrons de valência. Ligação atômica:além dos movimentos circulares ao redor do núcleo, os elétrons possuem um movimento helicoidal em torno de seu próprio eixo, chamado de spin. Dois elétrons com movimentos helicoidais opostos representam um par de elétrons. A ligação atômica aparece quando dois elementos eletronegativos se combinam. Ligação metálica: os metais são do grupo eletropositivos, ou seja, seus átomos tendem a perder ou ligar os elétrons da camada de valência. 2. – MATERIAIS SOB O PONTO DE VISTA ELÉTRICO Baseado no valor da resistividade transversal, os materiais se classificam em: a) Materiais condutores: 10-2 a 10 Ω.mm2/m b) Materiais semicondutores: 10 a 1012 Ω.mm2/m c) Materiais isolantes: 1012 a 1024 Ω.mm2/m A circulação de corrente elétrica aparece notadamente nos materiais sólidos e líquidos. Sob condições favoráveis, também aparece nos materiais gasosos. Na prática do nosso dia a dia, utilizamos condutores sólidos, em especial os metálicos. Quando utilizamos os líquidos, o destaque é para o mercúrio , que é o único metal que na temperatura ambiente é líquido (o mercúrio solidifica-se a -39oC). Quanto aos gasosos, estes adquirem característica condutora sob a ação de campos intensos, como, por exemplo, na abertura de chaves, onde existe o aparecimento de um arco, formando o meio condutor conhecido como PLASMA, onde existe o deslocamento de elétrons e íons. Lembrando o conceito, que sempre as partículas elementares que compõe o átomo, elevam o nível de energia ( se distanciam do núcleo), tornam-se mais condutoras, através de diferentes origens como: elétrica ( ddp); térmica; magnética; luminosa; etc. 3. – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS CONDUTORES Podemos listar como características importantes para os materiais condutores: Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 2 resistividade ou condutividade elétricas, coeficientes de temperatura, condutividade térmica, potencial de contato, força termoelétrica, comportamento mecânico. Vamos descrever algo sobre cada uma destas características: 3.1 – Condutividade ou resistividade elétricas: =( R . A )/ l dado em Ω.mm2/m Onde: é a resistividade do material. R é a resistência elétrica. A é a área transversal. l é o comprimento do corpo condutor. A resistividade de um material depende do número de elétrons livres por unidade de volume do material e da mobilidade do elétron dentro deste material. 3.2 – Coeficiente de temperatura e condutividade térmica: Utilizando a 1ª. Lei de Ohm, onde a resistência elétrica é correlacionada com a corrente elétrica que circula sob um potencial aplicado. Podemos concluir que a mesma (resistência elétrica) pode ser usada como uma medida indireta da quantidade de energia absorvida por imperfeições cristalinas e outros fatores. Em zero absoluto (- 273oC) a estrutura é perfeitamente simétrica sem que seus átomos vibrem, a resistência é teoricamente igual a ZERO! Aumentando-se a temperatura, as partículas vibram, interferindo no movimento dos elétrons. Esta interferência causa perdas de deslocamentos dos elétrons, com consequente aumento da temperatura do condutor. Observe na curva a seguir R= f (T) , que a mesma não é linear em todo o trecho. Figura 1: representação da variação da resistência R com a temperatura T Define-se com α T1 = tg α / R1 , como coeficiente de temperatura da resistência Normalmente a temperatura inicial, que serve de referência, é tomada em 20oC ou 25oC. T R A B T2 T1 R2 R1 α Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 3 Assim para corrigir o valor da resistência em função da temperatura usa-se a seguinte expressão: A tabela a seguir fornece os valores característicos de α (coeficiente de temperatura da resistência) para 20oC: Observe que se o metal é puro, com uma estrutura cristalina perfeita, a sua resistividade é reduzida. Com impurezas, mesmo quantidades mínimas, alteram a perfeição da estrutura, elevando consequentemente a resistividade do corpo. NOME DO METAL RESISTIVIDADE (ρ) COEFICIENTE DE TEMPERATURA (α ) Ouro 0,0240 0,0037 Prata 0,0162 0,0036 Cobre 0,0169 0,004 Alumínio 0,0262 0,0042 Níquel 0,072 0,006 Zinco 0,059 0,0036 Chumbo 0,205 0,0041 Ferro 0,098 0,0057 Tungstênio 0,055 0,0052 Quando se realiza a liga de dois metais, a resistividade aumenta, pois vão existir alterações nas disposições das redes cristalinas do produto resultante, cuja irregularidade dificulta a passagem dos elétrons. Os materiais mais utilizados em eletricidade possuem elevada condutividade ou elevada resistividade. A escolha depende da sua aplicação. Os primeiros são utilizados quando desejam-se as menores perdas possíveis e o segundo destinam-se à transformação de energia elétrica em térmica. Materiais condutores com elevada condutividade elétrica: Os principais materiais de elevada condutividade elétrica são os metais nobres, acrescidos de algumas adições de ligas. Os metais de condutividade elétrica mais elevada e que podem ser utilizados também sob o ponto de vista econômico são: Cobre Alumínio Prata Chumbo Platina Algumas características dos materiais mais usuais em eletricidade: COBRE (Cu) e suas ligas: RT2 = R20 [1 + α (T – 20)] Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 4 Algumas vantagens do cobre em relação aos outros metais: a) Pequena resistividade – somente a prata tem resistividade menor, porém seu preço inviabiliza seu uso em grandes quantidades. b) Características mecânicas favoráveis. c) Baixa oxidação – quando em presença de umidade , sua oxidação é bem lenta. d) Fácil deformação a quente e a frio. A condutividade do cobre é muito influenciada pela presença de impurezas, mesmo em pequenas quantidades. O cobre resiste bem a ação da água, de fumaça, de sulfatos. Quando aquecido em presença do ar, à temperatura acima de 120oC, o cobre oxida, formando uma camada escura. Também permite fácil soldagem, o que era um fator importante na decisão de usar o alumínio na indústria ( soldagem mais difícil). O cobre encruado ou duro é usado nos casos em que se exige elevada dureza, resistência à tração e pequeno desgaste, como no caso de redes aéreas de cabo nu em tração elétrica, particularmente, para fios telefônicos, para peças de contato, para anéis coletores e coletores de lâminas. O cobre recozido ou mole é usado em enrolamentos, barramentos e cabos isolados. BRONZE: Tem como características ser resistente ao desgaste poratrito, facilidade na usinagem, são elásticos. São utilizados em rolamentos, partes das máquinas, engrenagens, trilhos de contato, molas condutoras, fios finos e peças fundidas. ALUMÍNIO E SUAS LIGAS: É o segundo metal mais utilizado na eletricidade. Existe uma tendência de substituir cada vez mais o cobre pelo alumínio devido os seguintes aspectos: O preço internacional do cobre historicamente tem sido de 2 a 3 vezes maior que o do alumínio. Mesmo apurando-se as compensações, o peso do metal alumínio fica a praticamente a metade do cobre, reduzindo o custo final. No Brasil as jazidas de minérios de alumínio ( bauxita) são bem mais frequentes do que o minério de cobre. Como pontos de desvantagens temos: fragilidade mecânica e sua rápida, porém não profunda, oxidação. Relativo à oxidação , o alumínio apresenta uma oxidação extremamente rápida, formando uma película de óxido de alumínio, que tem a propriedade de evitar que a oxidação se amplie. Entretanto esta película apresenta uma resistividade elétrica elevada, com uma Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 5 tensão de ruptura de 100V a 300V, o que dificulta a soldagem do alumínio, exigindo pastas especiais. O Alumínio com teor máximo de 0,5% de impurezas é usado em eletrotécnica. Sendo mais puro, com pureza perto de 99,5% é usado nas folhas e eletrodos de capacitores. Ainda comparando-se o Alumínio com o cobre temos: Condutividades: Cobre: 58m/Ω.mm2 Alumínio: 38m/Ω.mm2 Breve definição de corrosão galvânica: é uma situação particular , própria dos metais afastados na série galvânica dos elementos. Este grande afastamento traz uma consequente diferença de potencial entre o cobre e o alumínio, isto faz a corrosão aparecer entre o cobre e o alumínio, na presença de umidade (a umidade faz o papel do eletrólito). Por esta razão, se você necessitar fazer um contato entre Al-Cu, deve-se providenciar o isolamento contra a influência do ambiente (uso de massa isolante). Aplicações do Alumínio: Devido seu pequeno peso específico (e de suas ligas), na área da eletrotécnica temos as seguintes aplicações: a) Em equipamentos portáteis ( redução de peso). b) Em partes de equipamento elétrico em movimento, redução da massa, da energia cinética e do desgaste por atrito. c) Peças e equipamentos sujeitos a transporte. d) Estruturas de suporte de materiais elétricos (cabos, por exemplo). e) Em locais com elevada corrosão, com o uso particular do manganês. PRATA (Ag): É usado principalmente em peças de contato. É o metal nobre de maior uso na indústria. A cor prateada brilhante vai se escurecendo com o tempo, devido ao óxido de prata ou de sulfito de prata que se forma em contato com o ar. OURO (Au): Apresenta uma condutividade elétrica bastante boa, tem como principais vantagens suas características: estabilidade química; a resistência à oxidação, sulfatação, etc. Possui boas qualidades mecânicas. Sua limitação está no preço. Aplicações: o ouro é encontrado em peças de contato na área de correntes muito baixas, em que qualquer oxidação poderia levar à interrupção elétrica do circuito. É o caso de peças de contato de telecomunicações e eletrônica. Não é utilizado em formas de ligas, assim é sempre usado puro. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 6 PLATINA (Pt): Também é um metal nobre utilizado em eletricidade. Devido suas propriedades antioxidantes, seu uso em elétrica é em peças de contato; anodos e fios de aquecimento. Também aparece muito utilizado na fabricação de termelementos e termômetro resistivos até 1000oC, pois até esta temperatura não sofre transformações estruturais, garantindo que a resistividade varie na mesma proporção da temperatura. A platina também pertence ao grupo de metais de elevado ponto de fusão, que lhe traz certas aplicações em peças de contato, sobretudo na forma de liga, com rutênio, sódio, paládio, ósmio e irídio, cujas temperaturas de fusão todas se localizam acima de 1500 oC. MERCÚRIO (Hg): È o único metal líquido à temperatura ambiente. É usado em termômetros resistivo para leituras entre 0oC e 100oC, bem como em chaves basculantes usadas conjuntamente com sistemas mecânicos, sobretudo em relógios e lâmpadas de vapor de mercúrio. CHUMBO (Pb): Possui oxidação superficial, bem rápida. O metal é mole e plástico. Apresenta elevada resistência contra a ação da água. O Chumbo é atacado pela água destilada; é venenoso e permite soldagem. Nas aplicações elétricas, é frequentemente utilizado em finas chapas ou folhas, como nas blindagens de cabos com isolamento de papel, acumuladores de chumbo-ácido, nos elos de fusíveis e em material de solda. ESTANHO (Sn): O metal é branco-prateado, mole, porém mais duro que o chumbo. A resistividade elétrica é bastante elevada, o que faz esperar um elevado aquecimento perante a passagem da corrente. Acima de 160oC o material se torna quebradiço e se decompõe na forma de pequenos cristais. À temperatura de ambiente normal, o estanho não se oxida; a água não o ataca. Por isso, o estanho é muito utilizado em revestimento e está presente em ligas, como no bronze. O estanho também aparece como material de solda. ZINCO (Zn): È o metal que possui o maior coeficiente de dilatação entre os metais. È quebradiço à temperatura ambiente. Entre 100oC e 150oC torna-se mole e maleável, o que permite sua utilização em chapas bem finas. Nas aplicações elétricas, o Zinco usado tem pureza de 99,99% em forma de liga com AL e Cu, uma liga que adere fácil à soldagem. O uso de zinco como metal condutor é limitado a elementos galvânicos ( pilhas) e a certos elementos de ligação em forma de fios e contatos.. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 7 CÁDMIO (Cd): O cádmio é mais mole do que o Zinco e é venenoso, no resto, suas propriedades são muito parecidas com a do Zinco. Por seu brilho, tem sido usado como metal de recobrimento, na proteção da oxidação. Por ser mais caro do que o Zinco, hoje esta aplicação do Cádmio é quase que totalmente substituída pela zincagem. Sua aplicação fica restrita à fabricação das baterias de Ni-Cd. NÍQUEL (Ni): Tem propriedades ferromagnéticas. Puro é usado em forma gasosa em tubos e para revestimentos de metais de fácil oxidação. É resistente a sais, gases, materiais orgânicos, sendo sensível à ação do enxofre. Seu uso para fios de eletrodos, anodos, grades, parafusos,etc. CROMO (Cr): O cromo é utilizado para proteger outros metais que se oxidam com maior facilidade.pois quando imerso em uma solução salina, se recobre com uma camada de óxido que o protege de outros ataques. TUNGSTÊNIO (W): O tungstênio é obtido por um processo quimicamente complexo, na forma de pó, e comprimido em barras. Possui alto custo. Uma vez que o tungstênio não permite corte, usinagem ou furação convencional, devido sua dureza e ao fato já mencionado de ser quebradiço, o método indicado é o usado para fabricar filamentos de lâmpadas incandescentes, que operam a temperaturas em torno de 2000 oC . O tungstênio ainda é usado em ligas sujeitas a temperaturas elevadas, como por exemplo, contatos com arcos voltaicos intensos. 4. – MATÉRIAS-PRIMAS PARA PEÇAS DE CONTATO Com exceçãodo funcionamento com semicondutores, todos os demais sistemas necessitam de peças de contato, composto por um ou mais contatos fixos ou móveis. A ação conjunta dos contatos fixos ou móveis traz a necessidade do estudo do comportamento entre dois metais ou ligas metálicas. Quando o contato é feito por dois metais iguais é chamado de simétrico. Quando é feito com dois metais diferentes é chamado de assimétrico. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 8 Quando se analisa o comportamento destes contatos deve-se observar dois fenômenos: físicos e químicos. Entre os físicos estão a resistividade do material, a transferência dos elétrons de um contato a outro, a razão da existência e os efeitos do arco voltaico, a influência da temperatura e a capacidade térmica. Entre os fenômenos químicos estão os efeitos da oxidação, da sulfatação e de gases explosivos. O ambiente influencia estes fenômenos, assim os problemas que ocorrem com seccionadoras e disjuntores, não são os mesmo que ocorrem com os contatos de telefonia e às aplicações industriais. Os ambientes corrosivos, ácidos, salinos atuam de maneiras diferentes sobre os metais, oxidando-os ou sulfatando-os. Os dois metais que predominam como peças de contato são o cobre e a prata. Entre os contatos aparece uma diferença de potencial, uma queda de tensão, que eleva a temperatura. Existem outras fontes de aquecimento, como: arco voltaico, que aparecem no momento da interrupção. As peças de contato devem suportar este aumento de temperatura. A propriedade chama-se Capacidade Térmica, sendo uma das características principais para as peças de contato. Um par de peças para contato destina-se a executar com segurança a ligação e o desligamento de um sistema. O par de contatos deve realizar um número elevado de manobras de interrupção. Assim a exigência econômica às peças de contato, além do seu preço, prende-se assim à continuidade, por um longo espaço de tempo. Esta exigência é conhecida por durabilidade ou vida das peças de contato. A durabilidade ou vida das peças de contato depende de uma série de fatores: Mecanismo de fechamento, Dureza do metal, Condições da corrente de interrupção, Extinção do arco voltaico Meio que envolve as peças de contato. Os dispositivos que possuem um número elevado de manobras são os contatores (chaves magnéticas). Já os seccionadores ( interruptores sem carga) e os disjuntores geralmente não são acionados com tanta frequência. Sempre que um circuito tem sua corente elétrica interrompida, forma-se um arco voltaico entre os contatos fixos e os móveis. A intensidade de arco é uma função da tensão e da corrente de desligamento. O arco voltaico apresenta temperaturas da ordem de 6000 oC, suficientemente elevada para fundir ou mesmo volatilizar o metal dos contatos. Para prevenir a destruição das peças de contato, usamos mão de câmaras de extinção de tipos diversos, que alongam, deslocam, subdividem e extinguem o arco. Procura-se reduzir a duração do arco e, durante o tempo de sua permanência, as peças de contato devem suportar as temperaturas que aparecem. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 9 ESCOLHA DOS MATERIAIS PARA PEÇAS DE CONTATO: As qualidades da matéria-prima devem ser: Adequada condutibilidade Comportamento adequado perante o arco voltaico Elevado ponto de fusão Pequena tendência à soldagem Elevada resistência à queima Pequena tendência à volatização Reduzida tendência à oxidação Suficiente estabilidade química PEÇAS DE CONTATO DE CARVÃO PARA FINS ELÉTRICOS A matéria prima básica costuma ser a grafita natural ou o antracito, que é reduzido a pó e prensado na forma desejada, contando com o acréscimo de um aglomerante. As peças compactadas são em seguida tratadas termicamente. Se a temperatura for muito elevada, o carvão passa à grafita. Peças de carvão são utilizadas eletricamente em: a) Peças de contatos; b) Escovas coletoras que podem ser divididas nos seguintes tipos: Escovas de carvão-grafita Escovas de grafita Escovas eletrografitadas Escovas cobre-grafita Escovas bronze-grafita Quem possui menor resistência elétrica são as escovas de cobre-grafita e bronze-grafita, que proporcionam uma pequena queda de tensão entre o coletor e a saída do porta-escovas. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 10 DADOS TÉCNICOS DE ESCOVAS ELÉTRICAS ( VALORES MÉDIOS) TIPO Densidade de corrente admissível (A/mm2) Velocidade admitida do rotor (m/s) Resistividade elétrica Ω.mm2/m Escovas de carvão-grafita 7 10-15 20-60 Escovas de grafita 9 10-25 10-50 Escovas eletrografitadas 10 25-45 10-60 Escovas cobre-grafita 10-20 15-25 0,05-10 Escovas bronze-grafita 20 20 0,5-1,0 Outras aplicações do Carvão: Em microfones de carvão: usa-se geralmente a antracita. A resistência do pó de carvão depende do tamanho do grão, do tratamento térmico e da compactação do pó. Em resistores sem fio: seu uso é bastante amplo na eletrônica e nas telecomunicações. Esses resistores se caracterizam por não variarem acentuadamente com a tensão e não mudam suas características perante temperaturas e umidades elevadas. Também encontramos o carvão em diversos semicondutores. 5.– CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DOS SEMICONDUTORES a) Semicondutor eletropositivo ou p: se ao átomo do germânio, que possui 4 elétrons de valência, acrescentarmos átomos de valência III, ou seja, tem três elétrons na camada de valência, um dos elétrons do Germânio ficará sem ligação dupla. Esta lacuna formada poderá ser preenchida por elétrons de um átomo vizinho, abrindo-se consequentemente uma lacuna nesse átomo, e assim subsequentemente. Tais deslocamentos dão origem a um movimento de lacunas, permanecendo uma falta de elétrons e consequentemente, uma falta de cargas negativas. b) Semicondutor eletronegativo ou n:se ao átomo de germânio, que possui 4 elétrons de valência, acrescentarmos átomos de valência V, ou seja, tem cinco elétrons de valência, se associarão ao átomo de Valencia IV, havendo consequentemente, sobra de 1 elétron por átomo acrescentado, um excesso de cargas negativas. Nos semicondutores podemos encontrar simultaneamente elétrons condutores e lacunas. O que estiver em menor número recebe o nome de portador minoritário de cargas. Elétrons e lacunas vão se recombinando, de modo que a vida dos portadores minoritários tem duração Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 11 limitada, variável com o tipo de material e extremamente importante para as aplicações industriais. Podemos concluir que os semicondutores podem ser do tipo: a) SEMICONDUTORES INTRÍNSECOS: as impurezas estão presentes numa porcentagem muita pequena e a condutibilidade é devida a igual número de elétrons livres na camada superior e de lacunas livres na camada inferior, produzidos por ativação térmica dos elétrons através da zona ou camada proibida. b) SEMICONDUTORES COM IMPUREZAS E EXCESSO DE ELÉTRONS: a condutibilidade depende destes elétrons na camadasuperior, como resultado da ativação de elétrons livres de ligações doadoras, de átomo de valência IV + V, e sua indicação é feita por n. c) SEMICONDUTORES COM IMPUREZAS E EXCESSO DE LACUNAS: a condutibilidade resulta da combinação de valências III +IV, portanto, com falta de elétrons, e um excesso assim de cargas positiva. Seu tipo é eletropositivo, sua indicação é p, e é chamado de ligação receptora. Os métodos de impurezas, ou dopagem, pode ser feita de quatro maneiras: DURANTE O CRESCIMENTO DO CRISTAL POR LIGA POR DIFUSÃO POR IMPLANTAÇÃO IÔNICA DURANTE O CRESCIMENTO DO CRISTAL: o material de base sofre um aquecimento até se transformar em massa cristalina fundente, estado em que se efetua o acréscimo do material de dopagem. Durante esse processo térmico, o nosso cristal vai “crescendo”, posicionando-se os átomos da dopagem na própria cadeia cristalina que se forma. POR LIGA: o material de base é levado à fusão conjuntamente com o de acréscimo, formando- se, assim, uma liga. Após essa formação e resfriamento, os dois materiais estão agregados entre si. POR DIFUSÃO: vários discos de material tetravalente básico (por exemplo: silício) são elevados a temperaturas da ordem de 1000 oC e, nessas condições, colocados na presença de metais em estado gasoso (por exemplo boro). Os átomos do metal em estado gasoso se difundem no cristal sólido. Sendo o material sólido do tipo n, cria-se, assim, uma zona tipo p. POR IMPLANTAÇÃO IÔNICA: átomos eletricamente carregados ( com íons) de material dopante em estado gasoso são “acelerados” por um campo elétrico e “injetados” na cadeia cristalina do semicondutor. O método da implantação iônica é o mais preciso e o mais sofisticado entre os mencionados, permitindo um ótimo controle tanto de posicionamento quanto de concentração da dopagem feita. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 12 6. – ELEMENTOS SEMICONDUTORES: 6.1) CARBONO: apesar de apresentar característica de semicondutor, o carbono é muito utilizado como condutor e também como isolante. Como matéria-prima básica é usada o grafita natural, o antracito e o negro de fumo. a) Uso para escovas de máquinas girantes: as escovas destinam-se a estabelecer o contato entre a parte rotativa da máquina (rotor), onde se induz uma certa diferença de potencial, e o circuito externo, sendo, portanto, um elemento de certo modo fixo posicionado por pressão sobre o coletor ou comutador ou anéis coletores da máquina, que são de metais.As características de uma escova de carvão não são puramente elétricas e sim eletromecânicas. b) Carvão para microfones: fabricados com o tipo de carvão chamado de antracito. A resistência elétrica oferecida pelo carvão depende do tamanho de grão presente no pó, da temperatura em que é tratado e da densidade. c) Resistores de carvão: são resistores, geralmente para baixas potências, formados por uma camada de carvão, a qual é aplicada sobre um corpo isolante, geralmente de porcelana. O seu uso se concentra na área das telecomunicações. d) Contatos de carvão: em algumas aplicações de eletrotérmicas especiais em que, os comandos elétricos se realizam perante arcos voltaicos intensos e frequentes, alguns fabricantes preferem usar pastilhas ou peças de contato de carvão, pois estas não oxidam e suportam bem os efeitos térmicos do arco. É o caso de certos equipamentos de tração elétrica, tais como elevadores, ônibus elétricos e outros. Nestes casos a compactação do carvão deve suportar as condições de trabalho. e) Eletrodos: são bastões de formato geralmente cilíndrico, que operam sob condições rigorosas de natureza térmica ou química. No caso térmico, os eletrodos de fornos elétricos e de lâmpadas especiais, nos quais se forma um arco que fornece calor ou luz, pelo efeito térmico ou luminoso. A razão pelo qual a opção recai sobre o carvão é que nestas temperaturas de 4000oC a 5000oC, o carvão mostra-se muito favorável perante arcos voltaicos 6.2) GERMÂNIO: é um dos materiais semicondutores mais antigo que existe. A extração do germânio é muito difícil e onerosa, aparecendo em pequenas quantidades com o zinco, pó de carvão e mesmo em águas do mar. É uma substância dura, porém quebradiça, não suportando qualquer tipo de esforço mecânico. Oxida-se na presença do ar, formando uma finíssima película de óxido. O processo de purificação do germânio é feira através de Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 13 fusão, sendo muito importante para utilizá-lo na fabricação de componentes semicondutores. 6.3) SILÍCIO: material básico de valência IV usado frequentemente na área de semicondutores. Seu processo de obtenção e de dopagem é muito parecido com o germânio. Como vantagens temos que o silício é termicamente mais estável do que o germânio, podendo, por isso, ser usado em temperaturas ambientes até 150oC. Permite reduzir a corrente inversa, o que reduz as perdas, fato que eleva o rendimento e simplifica os métodos de refrigeração. Estes aspectos justificam a ampla utilização do silício como matéria-prima na construção dos semicondutores. O Silício é o elemento mais frequentemente encontrado na natureza (atrás apenas do hidrogênio), corresponde aproximadamente a ¼ da crosta terrestre. Na forma natural é encontrado nas rochas e em minérios. A areia é composta por silício, entrando assim, na composição de diversos isolantes, como por exemplo, o vidro. Sua temperatura de fusão é de 1415 oC. Na presença de ar se recobre de uma película fina de camada de óxido. 7. – COMPONENTES SEMICONDUTORES TÍPICOS: As características dos semicondutores variam de acordo com a presença de diversos tipos de energia, por exemplo, elétrica, magnética, luminosa, etc. Daí resulta diversos componentes que podem ter comportamentos diferentes. Os semicondutores mais antigos são de Selênio e dióxido de cobre. Atualmente temos o germânio e o silício. Os materiais semicondutores são usados na forma de pares np . Recordando: durante a fase de dopagem e na subsequente cristalização, os átomos de índio penetram na zona de borda do cristal de germânio, formando um semicondutor do tipo p, enquanto a parte inalterada do cristal de germânio mantém a propriedade n . A combinação assim obtida ao longo da junção determina a característica de condutividade em um só sentido (o de condução) do diodo, no que se baseia seu efeito retificante. Outro tipo de diodo é o de silício, associado ao alumínio. Silício tipo n e o alumínio do tipo p associados em junção formam este par. Uma condução do tipo p é formada quando os átomos Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 14 de alumínio penetram na borda do corpo de silício, enquanto a parte do silício livre de difusão mantém sua condutividade n. Funcionamento de um diodo: quando uma fonte externa de tensão é aplicada a um diodo, com terminal positivo em p e, logicamente, o negativo em n, a barreira de potencial se reduz, elevando sensivelmente o fluxo de difusão de p para n. Este estado é de condução do diodo. Na situação inversa, a barreira de potencial é elevada, na junção passam poucas cargas e estamos perante o sentido de bloqueio. Podemos colocar as seguintes considerações: a) Diodos de silício têmmaior estabilidade térmica, mas a queda de tensão através dele é maior. b) Diodos de silício admitem maior densidade de corrente, o que significa menor número de diodos em paralelo quando a corrente a ser retificada ultrapassa a admissível para um único diodo. c) Competindo com o diodo de germânio na faixa até 400V de pico inverso,o silício é mais favorável na retificação de tensões superiores a 400V, quando então o número de elementos precisam ser ligados em série. DIODOS DE CAPACITÂNCIA ( VARICAPS): Estes diodos tem um comportamento igual aos diodos retificadores comuns. O diferencial esta que nestes diodos a sua capacitância, quando polarizados no sentido inverso varia com a tensão aplicada. Assim podemos ter um comportamento deste diodo como capacitores variáveis controlados por uma tensão. São utilizados em circuitos de sintonia fina automática, em circuitos de sintonia eletrônica, em acoplamentos capacitivos em filtros, etc. A capacitância da junção depende da tensão inversa aplicada no diodo. Você deve lembrar que nos varicaps este assume uma capacitância maior quando a tensão inversa aplicada e menor. A medida que a tensão inversa aplicada aumenta, sua capacitância diminui. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 15 TERMISTORES: são dispositivos semicondutores cujo valor resistivo é alterado acentuadamente cm a variação da temperatura. Apresentam um valor de resistência elétrica para cada temperatura absoluta. A resistência elétrica dos termistores pode variar tanto de forma proporcional ou inversa com o aumento de temperatura, ao qual o sensor for exposto. Por essa característica é feita uma classificação do termistores, sendo NTC (negative temperature coeficiente) e PTC (positive temperature coeficiente). O NTC é mais utilizado do que o PTC, devido a maior facilidade de ser manufaturado. O PTC tem como sua peculiaridade possuir um ponto de transição, somente a partir de uma determinada temperatura, exibirá uma variação ôhmica com a variação da temperatura. São muito usados para controlar/alterar a temperatura em dispositivos eletroeletrônicos, como alarmes, termômetros, "relógios", circuitos eletrônicos de compensação térmica, dissipadores de calor, ar-condicionados, etc. Também ao usados para simples medição de temperatura nos casos abaixo: a) Relés de proteção de motores: o efeito térmico da corrente passante tem correlação com a corrente nominal admissível. Em caso de sobrecorrente, o termistor comanda um circuito elétrico capaz de desligar o motor. b) Partida de motores: utilizado em motores pequenos onde o efeito térmico da corrente de partida é controlada pelo termistor. c) Medição e controle automático de temperatura: em fornos, motores a explosão e outros. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 16 VARISTORES: também conhecido como VDR (voltage dependente resistor). É um semicondutor cuja resistência tem sue valor nominal variando em função da tensão aplicada em seus terminais. A elevada não linearidade do varistor é utilizada na eliminação de picos de tensão introduzidos nas linhas de alimentação durante as operações de ligação e desativação de aparelhos, descargas atmosféricas, acionamento de termostatos, fundição de fusíveis, etc. Os varistores são, em geral, ligados em paralelo com o circuito a ser protegido. Quando um transitório ocorre, o valor nominal da resistência reduz-se drasticamente, absorvendo assim os eventuais picos de corrente que, caso contrário, seriam injetados no circuito. Os varistores encontram aplicação em computadores, televisores, automóveis, brinquedos, etc. Um dos materiais utilizados na construção dos varistores é o óxido de zinco (ZnO). FOTOELEMENTOS: são componentes semicondutores que variam acentuadamente sua resistência elétrica perante variações da intensidade de luz presente. a) Fotocélulas: são elementos controladores de feixe de luz, usados em iluminação pública, comando de máquina, contagens de unidades, etc. A sensibilidade apresentada depende do material usado. b) Fotoreceptores: convertem sinais luminosos em corrente elétrica e sinais de tensão. c) Fotodiodos: a luz incidente libera elétrons de suas estruturas atômicas, gerando elétrons livres e lacunas. Os elétrons se movem na região de depleção e aumentam a corrente reversa (fotocorrente) proporcional à intensidade luminosa. Tem como aplicações: medição de intensidade luminosa (fotografia), posicionamento de máquinas de corte, controle remoto com radiação infravermelha, detecção de sinais luminosos de alta frequência. d) Célula fotovoltaica: como no fotodiodo, a luz incidente gera portadores de carga. A diferença básica é que na célula fotovoltaica nenhuma tensão é aplicada na junção pn. Quando os elétrons e lacunas atingem a junção pn, eles são separados pelo campo interno da região de depleção. O elemento fotovoltaico força a corrente a fluir no circuito externo, portanto a energia luminosa é convertida em energia elétrica. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 17 Aplicações: em geração de energia elétrica como células solares (eficiência em torno de 11%). e) Fototransistores: o transistor atua da mesma maneira que o fotodiodo, só que amplificando o seu sinal. A junção pn, base-coletor, constitui um fotodiodo; a fotocorrente gerada nessa junção passa também pelo emissor. Devido ao efeito transistor, a corrente do emissor é aproximadamente 500 vezes maior que a fotocorrente original. Aplicações: equipamentos de controle de luz na leitura de cartões perfurados e fitas, em acopladores ópticos. f) Diodos emissores de Luz (LED): converte corrente elétrica em luz visível ou em radiação infravermelha. Funciona de maneira inversa do efeito fotodiodo. Elétrons livres e lacunas se combinam emitindo luz. Os diodos emissores de luz consistem em cristais com uma junção pn. Quando a polarização direta é aplicada, elétrons da região n e da região p atravessam a junção pn e se recombinam, isto é, os elétrons livres começam novamente a ser capturados. A energia dissipada neste processo é dissipada em forma de luz. A coloração da luz é determinada pelo tipo de cristal e sua dopagem: Infravermelho – GaAs Vermelho e amarelo - depende da concentração de fósforo – GaAsP Verde ou amarelo – GaP com dopagem de nitrogênio. Vermelho – GaP com dopagem de Zn e oxigênio. 7. - DIELÉTRICOS E SUAS PROPRIEDADES ELÉTRICAS Entende-se por dielétrico um meio no qual é possível produzir e manter um campo elétrico com pequeno ou nenhum suprimento de energia de fontes externas. A energia requerida para produzir o campo elétrico pode ser recuperada, no total ou em parte, quando o campo elétrico é removido. Dielétrico perfeito: é um dielétrico no qual toda a energia requerida para estabelecer um campo elétrico no mesmo é recuperada quando o campo ou a tensão aplicada é removida. Desta forma, possui condutibilidade nula. Dielétrico imperfeito: é aquele no qual uma parte da energia requerida para estabelecer um campo elétrico no dielétrico não retorna ao sistema elétrico quando o campo é removido. A energia é dissipada no dielétrico, em forma de calor. Absorção dielétrica: é o fenômeno que ocorre em dielétricosimperfeitos pelo qual cargas positivas e negativas são separadas e estão acumuladas em certas regiões dentro do volume do dielétrico. Este fenômeno manifesta-se, por si próprio, como uma corrente que decresce gradualmente com o tempo, após a aplicação de uma corrente contínua e constante. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 18 Corrente de condução: a corrente de condução através de uma superfície em um dielétrico imperfeito é aquela proporcional ao gradiente de potencial. Ela não depende do tempo durante o qual o campo elétrico é aplicado ao dielétrico. Constante dielétrica: a constante dielétrica (relativa) de qualquer meio é a razão entre a capacitância de uma dada configuração de eletrodos, tendo tal meio como dielétrico, para a capacitância da mesma configuração, considerando-se o vácuo como dielétrico. Comportamento do dielétrico no campo elétrico: uma propriedade fundamental de todos os dielétricos é a polarização de suas partículas elementares, quando sujeitas à ação de um campo elétrico. A polarização é um deslocamento das cargas positivas e negativas, na direção do campo elétrico externo aplicado. Baseado na constante dielétrica, podemos antever o comportamento de um material quanto à sua polarização, envolvendo o fator de perdas dielétricas ou, simplesmente, fator de perdas, no caso em que a polarização existente em um isolante traz consigo uma elevação de temperatura, resultante do consumo e energia. 7.1 - Propriedades de materiais dielétricos (isolantes): Os isolantes são caracterizados por uma série de propriedades, cujos valores numéricos os identificam em termos quantitativos e cuja variação informa aspectos qualitativos. Essas propriedades variam o seu valor numérico de acordo com as condições físicas de seu uso (como por exemplo, variações de temperatura e umidade, tensão elétrica aplicada, etc). Assim, para sabermos se uma dada condição de serviço influi, e até que grau, sobre as características do material, é imprescindível comentar de que modo, e em função de que grandezas, as características dos isolantes podem variar. A constante dielétrica de gases, líquidos e sólidos A constante dielétrica varia em função da polarização e como os gases tem um afastamento intermolecular bastante grande, e apresentam baixa densidade, a sua polarização é pequena e a constante dielétrica é praticamente igual a um. Os gases apresentam puramente polarização eletrônica, ou uma combinação de polarização eletrônica e dipolar. A constante dielétrica é tanto maior quanto maior o raio molecular. A variação da constante dielétrica de gases com a temperatura e a pressão é justificada pela mudança do número de moléculas por unidade volume, quando a pressão e a temperatura variam. Isolantes líquidos podem ser constituídos de moléculas polares ou não polares. O valor numérico das constantes dielétricas não é elevado (geralmente <2,5). A variação de a constante dielétrica g, em função da temperatura, pode ser explicada pela redução do número de moléculas por unidade de volume (densidade) quando a temperatura se eleva. Nos líquidos polares, a polarização é determinada por um deslocamento nas camadas eletrônicas das partículas elementares (polarização eletrônica) e orientação dos dipolos na direção do campo aplicado (polarização dipolar). Como consequência, a constante dielétrica de líquidos polares é tanto maior, quanto maior é o número de moléculas por unidade de volume. Em relação ao valor da constante dielétrica de isolantes sólidos a diversidade estrutural e as variações de matérias-primas neste grupo levam a valores bastante diferenciados de r. Assim os sólidos podem se caracterizar por polarizações eletrônicas, iônicas estruturais ou espontâneas bem definidas. A menor constante dielétrica é encontrada em dielétricos sólidos, constituídos de moléculas não polares, e que assim apresentam uma polarização eletrônica pura. A Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 19 temperatura influi sobre o valor de er, devido à variação com a temperatura do número de partículas por unidade de volume. Isolantes polares sólidos com estrutura cristalina ou amorfa, bem como isolantes iônicos amorfos, tais como resinas polares, baquelite, ebonite, cloreto de polivinila (PVC), goma-laca e outros, e ainda celulose e seus produtos derivados (papel, tecido) e vidros inorgânicos, constituem um grupo de isoladores em que encontramos simultaneamente as polarizações eletrônicas, iônicas e de estrutura. Classifica-se esse grupo em geral nos 2 subgrupos a seguir: · 1° Subgrupo: Constitui-se de dielétricos amorfos, como o caso dos vidros inorgânicos. Sua polarização de estrutura é resultante de uma mudança de orientação de áreas iônicas inteiras, devido à ação da temperatura. A constante dielétrica é relativamente grande, entre 4 e 20, seu coeficiente de temperatura é positivo. · 2° Subgrupo: Constitui-se de sólidos polares cristalinos e amorfos, nos quais encontramos uma polarização dipolar, semelhante à dos líquidos polares, porém com tempos próprios de polarização bem diferentes. Essa polarização dipolar deriva da existência de grupos polares acentuada influência da ação de campos externos, que introduzem no sólido uma agitação térmica. Exemplo de tais grupos é a celulose devido à presença do radical (OH). As constantes dielétricas desses materiais variam acentuadamente com a temperatura e com a frequência do campo externo aplicado, obedecendo as mesmas leis dos isolantes líquidos polares. Tipos de dielétricos As particularidades da polarização permitem dividir todos os dielétricos em vários grupos. · Ao primeiro grupo pertencem os dielétricos que possuem somente a polarização eletrônica, por exemplo, as substâncias sólidas não polares ou debilmente polares em estado cristalino ou amorfo cujas moléculas apresentam ausência ou fraco momento dipolar (parafina, enxofre, poliestireno), assim como os líquidos e gases não polares ou debilmente polares (benzeno, hidrogênio e outros). · Ao segundo grupo pertencem os dielétricos que possuem ao mesmo tempo de polarização eletrônica e dipolar. São estas as substâncias polares (dipolares) orgânicas, semilíquidas e sólidas (algumas resinas, celulose, resinas sintéticas termofixas, alguns hidrocarbonetos cloretados, etc). · Ao terceiro grupo pertencem os dielétricos inorgânicos sólidos com polarização eletrônica, iônica e íon-eletrônica dipolar (de estrutura). Este grupo pode ser dividido no subgrupo 1) com polarização eletrônica e iônica ao qual pertencem principalmente as substâncias cristalinas com empacotamento denso de íons (quartzo, mica, sal e óxido de alumínio) e o subgrupo 2) com polarização eletrônica, iônica de dipolos ao qual pertencemos materiais que contem fase vítrea (porcelana) e os dielétricos cristalinos com empacotamento não denso. · No quarto grupo pertencem os componentes ferroelétricos, que tem polarização espontânea (nos campos elétricos alternados, os materiais com polarização espontânea se caracterizam por uma considerável dissipação de energia), eletrônica e iônica combinadas. Seriam estes materiais o sal de Rochelle, titanato de bário e outros. Esta classificação dos dielétricos permite que suas propriedades elétricas sejam até certo ponto pré-determinadas. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 20 Materiais dielétricos de maiorutilização e suas constantes dielétricas Um considerável número de cerâmicos e polímeros é usado como material isolante. Muitas das cerâmicas, inclusive vidro, porcelana, esteatita e mica, têm constantes dielétricas na faixa 6 a 10. Estes materiais também exibem um grau alto de estabilidade dimensional e resistência mecânica. Aplicações típicas incluem isolamento elétrico de Linhas de Transmissão, bases de chaves seccionadoras (e/ou interruptores), e receptáculos de lâmpadas. O óxido de titânio (TiO2) e as cerâmicas de titanato, tais como titanato de bário (BaTiO3), podem ser fabricadas para ter constantes dielétricas extremamente altas que as fazem especialmente úteis para algumas aplicações capacitivas. A magnitude da constante dielétrica para a maioria dos polímeros é menor que para as cerâmicas, uma vez que estas últimas podem apresentar os maiores momentos de dipolo; os valores da constante dielétrica para polímeros geralmente situam-se entre 2 e 5. Estes materiais geralmente são utilizados para isolamento de fios, cabos, motores, geradores, e assim por diante, e, além disso, para alguns tipos de capacitor. Outros Materiais dielétricos e suas aplicações Outros exemplos de materiais isolantes são: vernizes isolantes, compostos isolantes, tintas isolantes, diluentes e solventes e gases isolantes. Vernizes isolantes Podem ser classificados conforme sua finalidade: · para impregnação; · para esmaltação; · adesivos. Consistem de resinas sintéticas, fenólicas, poliésteres puros ou modificados, epóxis e asfálticas, diluídas com solventes voláteis que são eliminados pela secagem ao ar ou estufa. Devem ser escolhidos com cuidado a fim de características de resistência à temperatura, bem como os sistemas de isolamentos. São usados especialmente como materiais aglutinantes, como material de enchimento e para revestimento. Normalmente os vernizes estão definidos em 4 categorias: · Classe A - Secagem ao ar ou estufa até 105°C; · Classe B - Secagem em estufa a 135°C; · Classe C - Secagem em estufa a 155°C; · Classe D - Secagem em estufa a 180°C. Compostos isolantes Os compostos têm por finalidade a impregnação de materiais porosos, tais como: madeiras, fibras, telas de papel, etc. Esta impregnação preenche os poros do material, eliminando o ar, a umidade e outras substâncias, melhorando assim sua rigidez dielétrica e auxiliando na melhoria de outras características do material. Geralmente são de base asfáltica, do tipo termoplástico ou de base epóxi do tipo termofixo. Tintas isolantes As tintas isolantes são utilizadas para cobrir superfícies isoladas ou protegê-las contra possíveis danos, contra os efeitos de atmosfera corrosiva e umidade. Estas tintas devem ser aplicadas, atendendo as especificações dos fabricantes. Nem todas as tintas são isolantes, pois algumas são formuladas com componentes condutores, como é o caso das tintas metálicas. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 21 Diluentes e solventes Os diluentes ou agentes dissolventes são usados para a fabricação e aplicação de vernizes e tintas. Devido às diversas bases ou resinas básicas empregadas na fabricação, dos diversos tipos de tintas ou vernizes, deve-se ter o cuidado de utilizar o tipo de solvente recomendado pelo fabricante, para cada tipo de tinta, ou corre-se o risco de destruir as qualidades do produto ou comprometer os resultados. Aplicação dos dielétricos O algodão, a seda, o papel e vários polímeros e líquidos são usados quando a temperatura não excede 90ºC. Materiais inorgânicos como a mica e o absteto e materiais orgânicos são utilizados a temperaturas de até 130ºC. Aglutinantes de silicone podem ser usados até a temperatura de 180ºC. Aplicações em temperaturas superiores requerem isolantes de mica, porcelana, vidro e outros materiais inorgânicos similares. Estes últimos são utilizados em aplicações que envolvem alta tensão, pois são menos sensíveis a rupturas. Neste caso é necessário que o dielétrico não absorva a umidade de modo a manter elevada rigidez dielétrica. Para diminuir a absorção de umidade, e ainda eliminar têm a sua superfície vitrificada. Materiais isolantes sólidos Isolante elétrico é todo material de tão baixa condutividade que a pequena corrente que passa por ele, quando submetido a uma diferença de potencial, pode ser desprezada. Isolador é um corpo constituído por material isolante. Corrente de fuga é a corente que flui pelos materiais isolantes. Propriedades dos materiais isolantes Ao escolhermos um material isolante, temos que levar em conta as seguintes propriedades: · propriedades mecânicas: resistência à tração, à compressão, à esforços cortantes, à fricção, absorção de umidade e gases, e ainda, dureza, fragilidade, ductibilidade, dilatação e contração. · propriedades elétricas: resistência de isolamento superficial, resistência de isolamento volumétrica, rigidez dielétrica, resistência à impulsão, absorção dielétrica, perda de potência, fator de potência, resistência ao arco. · propriedades químicas: estabilidade de composição, resistência aos ácidos, álcalis, óleo, luz solar, corrosão e umidade, ponto de inflamação, combustibilidade. · propriedades térmicas: resistência térmica, calor específico, coeficiente de dilatação térmica e ponto de fusão, ebulição, de solidificação e viscosidade. Resistência de isolamento Quando dois condutores são separados por um material isolante, a aplicação de uma diferença de potencial elétrico entre os dois condutores corresponde à circulação de uma corrente de fuga. A resistência elétrica oferecida à circulação desta corrente é a Resistência de Isolamento. Em geral, temos dois caminhos possíveis para a corrente de fuga nos isolantes: · através do corpo do isolante; · sobre a superfície do isolante. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 22 Estes caminhos apresentam, cada um, sua própria resistência. Logo temos: · resistência de isolamento volumétrica; · resistência de isolamento superficial. Conforme o tipo de aplicação, uma ou outra destas resistências de isolamento é de maior importância. Na prática, a fuga superficial aumenta em função da deposição de matérias estranhas que, originando uma película, prejudicam o isolamento. . 7.2 - MATERIAIS ISOLANTES DE USO INDUSTRIAL MAIS FREQUENTE A área de materiais isolantes é a que mais tem se desenvolvido devido o avanço tecnológico. Vamos iniciar o estudo pelos isolantes gasosos, passando aos líquidos, aos plásticos e aos sólidos. 7.2.a – ISOLANTES GASOSOS: O isolante gasoso mais comum é o ar, excetuando-se algumas aplicações de gases especiais. Notadamente o SF6 - hexafluoreto de enxofre. O ar, como isolante, é usado nas redes elétricas de transmissão e eventualmente na distribuição, onde os condutores são fixados a certa altura através de cruzetas, ou de braços, os quais, fixos a postes ou torres , são equipados com isoladores (de porcelana, de vidro ou resina de borracha). O afastamento entre fios é função da Rigidez Dielétrica do Ar. Porém a rigidez dielétrica decresce rapidamente sob a ação da umidade, de contaminações provenientes de poluição; da pressão atmosférica e da elevação da temperatura. Assim o afastamento entre condutores não é apenas função das características elétricas, mas também das mecânicas e de agentes, como ventos e outros, que vão determinar a menor distância entre os dois cabos. O ar atmosférico As características isolantes do ar atmosféricovariam com a umidade relativa. Quando seco suas propriedades se aproximam muito com as do vácuo. Nas proximidades de um condutor sujeito a uma diferença de potencial o ar se ioniza, resultando em gás condutor. Se a renovação do ar não se efetuar ou se a diferença de potencial crescer, rapidamente o poder dielétrico do ar poderá ser rompido, causando assim uma perfuração do isolamento. É o ar o isolante natural, entre os condutores de uma linha aérea, fora dos apoios. Nitrogênio É um gás de elevada estabilidade química, bom poder dielétrico. É utilizado para manter a pressão interna dos tanques de transformadores, reatores e outros equipamentos, acima da pressão atmosférica e dessa forma evitar a penetração de umidade. Sua elevada estabilidade química faz com que seja pouco reagente, não afetando os demais meios isolantes. O gás SF6 Sintetizado pela primeira vez no ano de 1900, em Paris, teve suas pesquisas para aplicação industrial iniciadas em 1937. Em 1939, o uso em cabos e capacitores foi patenteado. Pesquisas para sua utilização como meio interruptor são de 1950 e equipamentos blindados e isolados à SF6 surgiram a partir de 1970. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 23 O SF6 gás é um dos gases de maior densidade (6,16 kg/m³), quase 5 vezes maior que a do ar. É um gás incolor, inodoro, não tóxico, quimicamente inerte, estável e não inflamável. Estrutura molecular do SF6. O gás apresenta propriedades térmicas e elétricas notáveis: · elevada rigidez dielétrica: a 1 atm, é mais que 2 vezes a do ar ou donitrogênio, e a 3 atm é igual ao do óleo isolante. · alta eficácia como supressor de arco: comparativamente ao ar é 10 vezesmais eficiente, num tempo 100 vezes menor. · produz enorme redução do número de elétrons livres (grande afinidadeeletrônica do flúor), restabelecendo a rigidez dielétrica. . 7.2.b – ISOLANTES LÍQUIDOS Os isolantes líquidos atuam geralmente em duas áreas, ou seja, refrigeração e a isolação. Seu efeito refrigerante é o de retirar o calor gerado internamente ao elemento condutor, transferindo-o aos radiadores de calor, mantendo o aquecimento do equipamento dentro de níveis admissíveis. O ÓLEO MINERAL: é processado através de uma rigorosa purificação. Seu uso está concentrado nos transformadores, cabos, capacitores, porém ao tempo estão sendo gradativamente substituídos, face ao desenvolvimento de novos produtos com melhores características. Estes óleos devem ser altamente estáveis, ter baixa viscosidade (ser bastante líquido), pois além de sua função dielétrica de impregnação, devem trocar o calor. Este é um dos problemas típicos de transformadores, onde o óleo transfere o calor gerado pelos enrolamentos para as paredes do tanque e seus radiadores. Outro caso é nos dispositivos de comando, onde o óleo deve fluir rapidamente entre os contatos entreabertos, para extinguir rapidamente o arco voltaico. Para equipamentos que usam o óleo mineral, os sistemas de manutenção preveem a retirada periódica de amostras de óleo e verificação de suas características isolantes. Deve-se verificar a tensão de ruptura ou da rigidez dielétrica. Nota-se que entre 2 e 3 anos o processo de envelhecimento já influencia bastante as características isolantes do óleo. Para reduzir o processo de envelhecimento é utilizado inibidores de envelhecimento. O ÓLEO DE SILICONE: utilizando-se das características básicas do silício, os silicones permanecem neutros perante a maioria dos elementos, o que lhes confere uma elevada estabilidade química e consequentemente, uma ausência de envelhecimento. Ainda apresentam a característica de serem repelentes à água, evitando assim, a perda das características isolantes. Tem como desvantagem que seu preço é muito superior ao preço do óleo mineral. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 24 7.2.c – ISOLANTES PASTOSOS E CERAS As pastas e ceras utilizadas eletricamente se caracterizam por baixo ponto de fusão, podendo ter uma estrutura cristalina, baixa resistência mecânica e baixa higroscopia. Temos os tipos abaixo: 1) Ceras propriamente ditas: são materiais fracamente polares, de estrutura química complexa. Como principais exemplos, podemos citar: cera de abelha, cera de carnaíba e de outras. O seu uso industrial é bastante reduzido. 2) Matérias-primas pastosas não polares: apresentam baixa constante dielétrica e alta resistividade elétrica. Exemplo: parafina na forma natural ou sintética. 3) Matérias-primas pastosas polares: em geral, são produtos sintéticos de constante dielétrica mais elevada do que a anterior, com menor resistividade. PARAFINA: é o material pastoso não polar mais usado e mais barato. A constante dielétrica () se reduz com a elevação de temperatura, mudando bruscamente seu valor quando passa do estado sólido ao líquido. É altamente anti-higrocópico ou repelente de água. O que mantém elevada sua rigidez dielétrica, sua resistividade superficial e sua resistividade transversal, Por isto recomenda-se como material de recobrimento de outros isolantes. PASTAS DE SILICONE: estrutura semelhante à dos óleos de silicone, guardando as mesmas propriedades. As pastas de silicone são usadas mais com a finalidade lubrificantes do que elétricas, quando frequentemente recebem o acréscimo do pó de grafita para melhorar suas características antifricção. Eletricamente são usadas para proteção de partes onde se deve reduzir a oxidação, tal como peças de contato, em articulações condutoras e outras. Também são usadas como pastas recobrimento de partes isolantes expostas que devem manter elevada resistividade superficial. Lembre que a pasta de silicone é repelente à água. RESINAS E VERNIZES: Um verniz é aplicado na forma líquida e se solidifica durante a aplicação, passando ao estado sólido em sua fase final. As resinas são classificadas em naturais e sintéticas: Resinas naturais são de origem animal (como a goma-laca) ou vegetal. Resinas sintéticas são obtidas por processos químicos, reunindo diversas matérias-primas. Dentro deste grupo destacam-se as resinas polimerizadas, as condensadas e as à base de celulose. GOMA-LACA : resina natural de origem animal, que se apresenta como resíduo de insetos tropicais sobre galhos de árvores. A goma-laca se caracteriza por uma aderência a outros isolantes notadamente a mica, o vidro, a madeira e certos metais. Amolece a 50oC , tornando- se líquida se a temperatura aumentar ainda mais. Se a temperatura elevada ficar aplicada por um longo tempo, a goma-laca se torna rígida e insolúvel. Quanto maior a temperatura, tanto menor o tempo para o endurecimento. Assim, a goma-laca pertence ao grupo dos termofixos. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 25 COPAL: é uma resina natural de origem vegetal, obtida de certas árvores. Possui elevado ponto de fusão. Em baixas temperaturas apresenta brilho característico, elevada dureza e se dissolve com facilidade. PVC – POLICLORETO DE VINILA: é uma resina polimerizada (sintética). A umidade influi unicamente sobre os valores da resistividade superficial, não afetando a rigidez dielétrica. O PVC é ainda resistente à ácidos diluídos, álcool, gasolina e óleos. Essas propriedades são importantes em uma série de aplicações, para materiais instalados ao ar livre. POLIETILENO:É a resina não polar de maior uso. POLISTIROL: tal como o polietileno, o polistirol é formado unicamente de átomos de carbono e hidrogênio. A resina de polistirol é encontrada na forma de vernizes e filmes, como por exemplo, nos capacitores tipo Stiroflex. Há desvantagem, na baixa temperatura de serviço, uma vez que amolece à temperaturas que variam de 50 a 80oC. BAQUELITE: é um termofixo de elevada estabilidade mecânica. È dura, pouco elástica e apresenta elevada resistência contra a ação da água. Apresenta uma resistividade superficial relativamente baixa, tendendo à formação de descargas superficiais. Foi bastante usada como matéria-prima de acessórios e peças isolantes de baixa tensão, mas atualmente outras formas plásticas predominam. RESINA EPÓXI: A resina epóxi se caracteriza por uma elevada aderência à outros materiais sólidos , não tem cheiro, permanece inalterada até 130oC, tem pequena higroscopia e suporta bem o ataque de agentes químicos. Apresenta-se na forma de vernizes para impregnação e colagem ou massa isolante. 7.2.d – PAPEL PAPÉIS PARA CAPACITORES: são os de melhor qualidade, maior compactação e menor espessura. Esses papéis de celulose sulfatada suportam elevada densidade de campo elétrico. PAPÉIS PARA CABOS: comparados com os anteriores apresentam características isolantes menos elevadas que as anteriores. São de custo menor e suportam bem as solicitações mecânicas que não existem nos capacitores. Sua espessura geralmente é maior. AGLOMERADO DE PAPEL: papéis são aglomerados com mica e outros materiais, coma finalidade de atender a casos em que o isolamento deve também suportar esforços mecânicos elevados. PAPEL AGLOMERADO: é um papel semelhante ao usado em cabos, porém, com menor densidade, e por isso, com maior capacidade de absorção de verniz, impregnando-se, assim, mais profundamente. PAPELÕES ISOLANTES: são particularmente encontrados na isolação de ranhuras, fabricação de carretéis, suportes isolantes, etc. 7.2.e – CERÂMICAS: Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 26 Grupo de materiais que possuem elevado ponto de fusão. As matérias-primas mais importantes são: quartzo, feldspato, o caolim e a argila. Materiais cerâmicos se caracterizam geralmente pelo preço baixo, por um processo de fabricação relativamente simples, e devido às boas características elétricas, térmicas e físicas vantajosas que podem apresentar. A característica térmica é influenciada pelo quartzo. Quanto maior a sua porcentagem, maior é a temperatura suportada por esta porcelana. A característica do dielétrico é definida pelo feldspato. O aspecto mecânico é consequência da argila e o caolim presentes na massa cerâmica. Algumas aplicações: a) Porcelana de isoladores: destinada à fabricação de isoladores de baixa, média e alta tensão, para redes elétricas, dispositivos de comando, transformadores, etc. b) Cerâmica de capacitores: distingue-se pela elevada constante dielétrica, aplicando-se em capacitores de baixa e alta tensão. Não são solicitados por esforços mecânicos elevados. c) Cerâmica porosa: próprios para receber fios resistivos, destinados à fabricação de resistores de fornos elétricos e de câmaras de extinção. 7.2.f – VIDROS: O vidro é uma solução mais moderna para diversos problemas anteriormente só resolvidos com porcelana, e que hoje já encontram também soluções mediante o uso de resinas ( epóxi) e aglomerados de resina com borracha. O vidro é encontrado em duas formas: a normal e a temperada. 7.2.g – MICA: A mica é um mineral cristalino, que se apresenta em forma de pequenas lâminas, com baixa força de coesão entre os diversos planos cristalinos. Em termos de composição química, a mica é um silicato de alumínio. Quando misturado com verniz, pode ser flexível ou rígido, dependendo das características do verniz. Aguenta altas temperaturas (maior temperatura de serviço), atingindo temperaturas de até 1000 oC. Apresenta valores bastante altos de resistência à tração, compressão, porém é muito sensível à flexão (quebradiço). As placas de mica são utilizadas em alguns tipos de capacitores. Também são utilizadas em aparelhos térmicos como aquecedores e ferro de passar roupas, nestes casos um fio resistivo é envolto por placas de mica. Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 27 Lâminas de mica são as mais comuns. Estas lamelas ( lâminas) são coladas entre si, formando uma fita, chapa ou tubo. Usados par isolar as ranhuras das máquinas elétricas e também para isolar as lâminas de um coletor. Pó de mica pode ser usado como aditivo a outras massas e pós, podendo ser moldados, dando origem às peças de micanite. 7.2.h – AMIANTO: O amianto se destaca pela sua elevada estabilidade térmica e alta temperatura de serviço, mantendo sua resistência e flexibilidade praticamente inalteradas. 7.2.i – BORRACHA: A borracha natural é obtida a partir do látex. Atualmente com o desenvolvimento de borrachas sintéticas, a borracha natural perdeu importância. Para fins elétricos atualmente somente são usadas as borrachas sintéticas. A borracha sintética foi desenvolvida para resolver alguns problemas da borracha natural. a) Rápido envelhecimento: a borracha natural se torna dura e quebradiça. b) É extremamente sensível à gasolina e ao óleo, inchando acentuadamente. c) É atacada pelo cobre e manganês. d) Não permite temperaturas de serviço acima de 75 oC. Acima deste valor, a borracha perde sua elasticidade. e) É também sensível à ação dos raios solares e da ozona. 8. – MATERIAIS MAGNÉTICOS Cada vez mais o desenvolvimento tecnológico destes materiais é demandado. Os núcleos ferromagnéticos estampados estão sendo substituídos lentamente por núcleos fabricados através de sinterização, que é a compactação do pó de metal magnético, com a vantagem de permitir qualquer configuração do núcleo. Conceito de domínio: os materiais podem pertencer magneticamente ao grupo dos materiais ferromagnéticos, diamagnéticos ou paramagnéticos. Para aplicações elétricas os materiais que nos interessam são os ferromagnéticos. Um material ferromagnético abaixo de uma temperatura crítica, chamada de Temperatura de Curie, observa-se que o mesmo é composto de um grande número de pequenas seções conhecidas por domínios, cujos contornos podem ser perfeitamente determinados, e que se caracterizam por possuir uma única orientação magnética, ou seja, são dotados, cada um, de um vetor de campo magnético unitário próprio. Longe de um campo magnético externo, o somatório de todos estes vetores é igual a zero. Cada imã natural ou artificial apresenta uma subdivisão de partículas, de forma que cada Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 28 uma ainda é um imã completo, ou seja, possui carga positiva e carga negativa de igual valor, mas de ação oposta. Essas duas cargas magnéticas iguais formam um dipolo. A permeabilidade magnética é definida como a relação entre a indução magnética e a intensidade magnética do campo magnético: Diamagnéticos são materiais que se magnetizam muito fracamente, com orientação contrária ao campo magnético aplicado. Paramagnéticos são materiais que se magnetizam muito fracamente, com orientação nomesmo sentido do campo magnético aplicado. A permeabilidade relativa dos materiais Diamagnéticos e Paramagnéticos é próxima de 1. Já os materiais ferromagnéticos são os materiais de maior interesse na área elétrica. São materiais com valores altos de permeabilidade magnética, e que quando estão na presença de um campo magnético externo, magnetizam-se na mesma direção do campo aplicado. Incluem- se neste grupo o ferro, o níquel, o cobalto, o cromo e outros, e suas respectivas ligas. O processo de magnetização de um material ferromagnético é normalmente é representado por curva, chamada de curva normal de magnetização. No eixo das abscissas coloca-se a grandeza intensidade de campo magnético He, no eixo das ordenadas o valor da indução magnética B. Ao invés de serem montados com chapas, às quais nem sempre propiciam a configuração ideal, devido à própria limitação mecânica de corte e problemas de montagem, surgem os núcleos compactados, fabricados com pós metálicos e aditivos, colocados em moldes adequados, que lhes dão a necessária configuração. Esses pós metálicos apresentam características de resistividade elétrica bastante elevada, o que reduz as correntes parasitas. Porém existe uma limitação técnica e econômica de fabricação de tais núcleos. De acordo com a aplicação, a matéria prima para confecção do núcleo: 8.1) IMÃ PERMANENTE: Deve apresentar um elevado magnetismo residual, o que é típico de materiais magnéticos ditos “duros”. O laço de histerese deve ser largo e bastante alto. O magnetismo residual deve manter-se por longo tempo, sem alterações sensíveis em função de temperatura e de ação de força mecânicas. São materiais aços-carbono de textura fina e ligas sem carbono que sofrem tratamento térmico. B = . H Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 29 a) Ligas de aço-carbono: com cerca de 3% de cromo. Tais aços sofrem uma têmpera, por volta de 800 oC. Para evitar os efeitos do envelhecimento, adiciona-se silício no mesmo. O envelhecimento magnético é consequência da ação de campos alternados, variações de temperatura, ação de forças mecânicas e outros fatores que influem sobre o posicionamento dos domínios, previamente orientados para apresentar elevado Br ( residual). A adição de cobalto, aço-cobalto também auxilia na questão do envelhecimento, porém com preço muito maior. O Cobalto influi favoravelmente no magnetismo residual e no ponto de saturação. Acrescentando-se cromo, tungstênio, molibdênio, magnésio, o magnetismo residual e a força coercitiva podem ser elevado mais ainda. Na prática usa-se, ligas mais baratas que contêm: ferro, alumínio, níquel, que são ligas livres de carbono. b) Ligas de aço sem carbono: são basicamente de ligas de ferro, níquel e alumínio, com acréscimos de cobre e outros metais. Elevando-se a porcentagem de níquel e de alumínio, ocorre uma sensível elevação da força coercitiva, que supera em dez vezes o valor apresentado pelos aço-carbono. Ligas com 53% de ferro; 14% de alumínio e 33% de níquel apresentam um valor de campo coercitivo maior que 50000 A/m . O magnetismo residual se reduz com o aumento da porcentagem no ferro. 8.2 -) MATERIAIS COM ELEVADO NÍVEL DE SATURAÇÃO: O ferro na sua forma mais pura, apresenta uma saturação elevada ( da ordem de 1 Wb/m2). Acrescentando outros metais, com exceção do cobalto, o fluxo de saturação se reduz. O cobalto acrescentado ao ferro, numa proporção de 30 a 40%, eleva o fluxo de saturação em cerca de 10%. Por outro lado, pequenas quantidades de carbono, óxido, etc, influem negativamente sobre as propriedades magnéticas do material. 8.2.1) - FERRO E AÇO FUNDIDO PARA MÁQUINAS GiRANTES: A forma mais barata é o tipo de ferro fundido normal, composto de carbono e ferrita, com uma taxa admissível de tração de 120 N/mm2 . Pode-se também optar pelo ferro fundido temperado, que apresenta características mecânicas e magnéticas. O aço fundido, mais caro que os dois anteriores, consiste em uma solução tecnicamente ainda melhor quanto aos valores de indução e de taxa admissível de tração, mantendo praticamente a ordem de grandeza da força coercitiva. 8.2.2) - CHAPAS DE FERRO SILICIOSO: O ferro silicioso é usado na fundição de peças, sendo fornecido como produto da laminação, em espessuras entre 0,3 e 2 mm. A razão destas reduções nas espessuras, é a intenção de redução nas perdas magnéticas de Foucault. Estas chapas possuem adição de silício ao ferro, pois, graças às propriedades isolantes do silício, obtém-se um material eletricamente bastante resistente, o que reduz as perdas. Além disto, o acréscimo de silício permite eliminar o carbono e a quase total eliminação do oxigênio, Curso de materiais elétricos - Engenharia Elétrica UNISANTA professor: Ronaldo Soares 30 o que eleva a permeabilidade inicial, reduz a força coercitiva e reduz também as perdas por histerese. Como desvantagens, a adição de silício endurece o material, o que dificulta a estampagem. 8.2.3) - LIGAS DE FERRO –NÍQUEL: Apresentam elevada permeabilidade perante baixas intensidades de campo. Uma liga com 70% a 90% de níquel e o restante de ferro é uma das ligas ferromagnéticas mais conhecidas, recebendo o nome de PERMALLOY. Uma desvantagem do PERMALLOY é a sua resistência elétrica baixa, o que eleva a circulação de correntes parasitas. Pode-se melhorar este fato adicionando-se cobre e/ou cromo. Comparativamente com as chapas de ferro silicoso, o Permalloy apresenta, perante baixas intensidades de campo magnético, permeabilidades 15 a 20 vezes superiores as das chapas anteriores citadas. 8.2.4) - LIGAS DE ALUMÍNIO-FERRO-SILÍCIO As ligas AL-Si-Fe recebem o nome geral de ALSIFER. Para as aplicações correntes, o maior uso possui 10% de Si, 5% de Al e o restante de Fe. Como peça fundida é encontrada em instrumentos de medição. Em forma de pós, o ALSIFER é também utilizado na fabricação de núcleos sinterizados (ferrites). 8.2.5) - LIGAS DE FERRO-COBALTO: A principal característica destas ligas é o seu elevado ponto de saturação, que se move em torno de 2,5T. Contem de 50% a 70% de Cobalto. São utilizadas em alto-falantes, membranas de cápsulas telefônicas, oscilógrafos,etc. Materiais ferromagnéticos para frequência elevadas: Os núcleos sinterizados de ferrite se compõem de uma mistura de pós, basicamente Fe2O3, com acréscimos de alumínio, silício, cromo, níquel, etc, com uma resina aglomerante, geralmente do tipo polistirol, goma-laca e outros. Um núcleo sinterizado se caracteriza por uma elevada resistividade elétrica ( devido à presença da resina), por uma elevada estabilidade térmica e permeabilidade de valor constante durante um tempo de uso bastante elevado. As perdas de tais núcleos podem ser classificadas em: perdas por histerese; perdas por efeitos parasitas; perdas secundárias e perdas na resina aglomerante. As perdas por histerese e as secundárias dependem da natureza do material, ou seja, do tipo de estrutura e do comportamento dos domínios, sendo proporcionais à frequência, de modo linear, enquanto as perdas parasitas variam como quadrado da frequência. As perdas dielétricas, provenientes do trabalho de polarização do isolante usado, em geral somente se fazem presentes perante frequência muito elevada. Tais núcleos são utilizados em bobinas de filtros, geradores, circuitos emissores e transmissores, caracterizando-se por pequeno volume
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