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CCJ0047-WL-B-LC-Menorias ou Alegações Finais

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MENORIAS OU ALEGAÇÕES FINAIS 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE 
____. 
Processo n.:____, 
CARLITO, já qualificado nos autos do processo criminal em epígrafe, vem à presença de Vossa 
Excelência, dentro do prazo legal, por intermédio do seu advogado (procuração anexada), 
apresentar MEMORIAIS, com fulcro no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, pelas razões 
de fato e de direito a seguir expostas: 
I. DOS FATOS 
Segundo a denúncia, no dia ____, o acusado subtraiu, mediante o emprego de arma de fogo, a 
mochila pertencente à vítima, José, que transportava, naquele momento, a quantia de R$ 10 mil 
pertencentes à empresa em que trabalha. 
Recebida a denúncia, e apresentada, dentro do prazo legal, resposta à acusação, foi designada e 
realizada audiência de instrução e julgamento, em que o réu foi o primeiro a ser ouvido. 
Naquela oportunidade, o acusado confessou o crime, mas afirmou desconhecer o fato de a vítima 
estar transportando a quantia pertencente à pessoa jurídica Valores S.A. 
A vítima, ouvida em seguida, afirmou que o acusado, aparentemente, desconhecia a existência da 
quantia, visto que somente fez referência à existência ou não de um telefone celular no interior da 
mochila. 
A arma do crime, um revólver calibre 38, segundo a perícia de fls. ____/____, é inócua, pois 
possui um defeito que impossibilita o seu uso. 
O Ministério Público, em memoriais, requereu a condenação de Carlito nos termos da denúncia, 
pela prática do crime previsto no artigo 157, § 2º, I e III, do Código Penal. 
II. DO DIREITO 
Entretanto, como veremos a seguir, o entendimento do Parquet não encontra respaldo legal, não 
sendo possível, portanto, a condenação do acusado nos termos da denúncia. 
a) Preliminar – Nulidade 
De acordo com o artigo 400 do Código de Processo Penal, a audiência de instrução e julgamento 
deve seguir a seguinte ordem, sob pena de nulidade: 
“Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, 
proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela 
acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como 
aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, 
interrogando-se, em seguida, o acusado”. 
No presente caso, como já relatado anteriormente, ocorreu a inversão dos atos, tendo ocorrido, 
primeiramente, o interrogatório do acusado, e só após foi ouvida a vítima. 
Portanto, nos termos do artigo 564, IV, do Código de Processo Penal, a audiência de instrução e 
julgamento é nula, devendo ser novamente realizada. 
b) Da Inexistência das Causas de Aumento 
Em relação à causa de aumento referente à vítima que “está em serviço de transporte de valores”, 
é importante ressaltar que o réu desconhecia a situação, como relatou em seu interrogatório. 
A vítima, no mesmo sentido, afirmou que o réu demonstrou desconhecer a existência da quantia 
roubada – em verdade, o interesse maior do réu era, aparentemente, a subtração de um telefone 
celular. 
Segundo o artigo 157, § 2º, III, do Código Penal, é necessário que o agente saiba que a vítima 
está, no momento do crime, realizando o transporte de valores – a subtração do bem 
transportado, destarte, deve ser o objetivo do delito. Contudo, no caso em debate, não se verifica 
tal situação. 
Quanto à causa de aumento do uso de arma, prevista no artigo 157, § 2º, I, do Código Penal, o 
seu afastamento se faz necessário, visto que o laudo de potencial lesivo provou a sua inépcia para 
o disparo de projéteis. 
Destarte, as duas causas de aumento não podem prosperar, visto que, no caso em julgamento, 
não encontram embasamento legal para serem aplicadas. Ademais, a audiência foi realizada em 
desconformidade com os ditames legais, sendo imperiosa a declaração de sua nulidade. 
“Ex positis”, requer seja declarada a nulidade do processo desde o interrogatório do acusado, 
 realizado em inversão à ordem determinada pela legislação, com fulcro no artigo 564, IV, do 
Código de Processo Penal. 
Subsidiariamente, caso Vossa Excelência entenda de forma diversa, requer o afastamento de 
ambas as causas de aumento de pena, haja vista a sua inocorrência, bem como a aplicação das 
atenuantes da confissão espontânea e da menoridade relativa, com base no artigo 65, incisos I e 
II, “d”, do Código Penal. 
Nos termos acima, pede deferimento. 
Comarca, data. 
Advogado, 
OAB/___ n. ____.

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