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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Direito Penal I – Professor: Tomás Grings Machado GRAU A PROPEDÊUTICA PENAL DP OBJETIVO: Representa as normas penais incriminadoras e não incriminadoras. DP SUBJETIVO: É o direito de punir do Estado. DP DO FATO: Punição apenas em relação a algo que a pessoa fez (fato), e não ao que ela é. DP DO AUTOR: Pune as pessoas por uma característica ou condição pessoal, e não por algo que tenham praticado. DP DO FATO QUE CONSIDERA O AUTOR: Punição do fato mas com a utilização de qualidades do autor como critério de apenamento (conduta social, antecedentes). DP PRIMÁRIO: É aquele constante no CP DP SECUNDÁRIO: Contido nas leis penais especiais. VELOCIDADES: Jesús-Maria Silva Sánchez. • 1: DP Nuclear: garantia de pena + possibilidade de prisão • 2: Garantia de flexibilidade • 3: DP do Inimigo por Günther Jakobs – garantias flexibilizadas (quase inexistente) + prisão. • 4: Tribunal Penal Internacional – inimigos relacionados à ex-chefes de Estado violadores de direitos humanos. DP DE EMERGÊNCIA: Simbólico e proporcional FUNÇÕES DO DP: • Proteção de bens jurídicos • Garantia da vigência da norma • Outras funções: prevenir vingança privada, garantia contra excessos do estado. FONTES DO DP: • Material o União • Formal o Imediata: Lei, norma o Mediata: Costumes, princípios gerias, atos administrativos. MINIMALISMO BARATTA: Sistema penal traz problemas maiores; criminalidade gera status à certos indivíduos; criminalização primária – bens dignos da tutela do DP; criminalização secundária – indivíduos a serem estigmatizados como criminosos (camada mais carente); a lei penal não se aplica a todos; bens não interessam a todos. GARANTISTA FERRAJOLI: Direito penal compatível com estado democrático de direito mais com a dignidade humana; estabelece critérios para assegurar a observância dos direitos e garantias individuais; modelo intermediário de DP mínimo, mais garantidor dos direitos fundamentais, logo, mais legítimos. MODERNA CRIMINOLOGIA: crime, criminoso, vítima e o controle social. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Direito Penal I – Professor: Tomás Grings Machado PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL LEGALIDADE: princípio da reserva legal; nullum crimen nulla poena sine lege; surge pós revolução burguesa; base estrutural do Estado de direito; disposto na CF (art. 5º, XXXIX) e no CP (art. 1º): “Não haverá crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. Esse príncipio inclui a pena cominada; impede a coerção estatal. INTERVENÇÃO MÍNIMA: duas características do DP: fragmentariedade (tema presente no estudo a parte especial do DP; superação de lacunas) e subsidiariedade (outros ramos do direito). Ultima ratio. LESIVIDADE: alteridade e exterioridade; “só pode ser castigado aquele comportamento que lesione direitos de outras pessoas e que não é simplesmente um comportamento pecaminoso ou imoral” (ROXIN); possui quatro principais funções de proibir a incriminação: (a) de uma atitude interna: ninguém pode ser punido por suas ideias, pensamentos, ... assim essa atitude interna precisa se envolver externamente; (b) de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor: veda a punibilidade da autolesão, isso é, a conduta externa que embora vulnerando formalmente um bem jurídico. Não ultrapassa o âmbito do próprio autor (suicídio, automutilação...); (c) de simples estados ou condições existenciais: “o homem responde pelo que faz e não pelo que é” (CUNHA); (d) de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico: “condutas desviadas” em referência a algo fortemente desaprovado pelo coletivo. Isso é, o direito penal só pode punir atos relevantes à sociedade e que afetem um bem jurídico, o qual não possa ser tutelado por outra esfera. HUMANIDADE: esse princípio determina que as penas sejam racionais e proporcionais aos atos cometidos. Montesquieu se referia à “justa proporção das penas com os crimes”. Esse princípio intervém na cominação, na aplicação e na execução da pena. CULPABILIDADE: o princípio da culpabilidade impõe a subjetividade penal. Assim, a responsabilidade penal sempre é subjetiva. A personalidade da responsabilidade penal, da qual deriva duas consequências: a intranscendência (impede que a pena ultrapasse o autor do crime) e a individualização da pena (a responsabilidade penal sempre é pessoal). INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL • Quanto ao sujeito: o Autêntica: legislador o Judicial: juízes o Doutrinária: estudiosos • Quanto aos métodos: o Gramatical o Teleológica: História; sistemático; direito comparado; elementos extra jud. • Quanto ao resultado: o Declaratório: Texto = vontade da lei. o Extensiva: Texto < vontade da lei. o Restritiva: Texto > vontade da lei. • Progressiva: Avanço da tecnologia • Analógica: Existe lei regulando (fórmula casuística + genérica) UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Direito Penal I – Professor: Tomás Grings Machado TEMPO DO CRIME TEORIAS • Conduta: aplicável no Brasil art. 4, CP. • Resultado • Mista (Conduta + Resultado) SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO • Novatio legis: incriminadora – não retroage • Abolitio criminis: retroage (art. 2, CP) • Novatio legis “in mellius”: retroage (art. 2, parágrafo único, CP) • Novatio legis “in pejus”: não retroage. CRIME PERMANENTE/CONTINUADO – Sequestro extorsão (art. 159 CP) + Súmula 711 STF CRIME CONTINUADO - (art. 71, CP) SUCESSÃO DE LEIS TEMPORÁRIAS OU EXCEPCIONAIS (ultratividade) • Temporárias: expressamente em seu texto o dia do início, bem como o do término de sua vigência. (Ex. Lei FIFA – 12.663/12). • Excepcionais: editada em virtude de situações anormais, cuja vigência é limitada pela própria duração da aludida situação. (Ex. estado de guerra/calamidade pública). COMBINAÇÃO DE LEIS – LEX TERTIUS – Súmula 501 STJ Atender aos princípios da ultratividade e da retroatividade in mellius, ao julgador é conferida a possibilidade de extrair de dois diplomas os dispositivos que atendam aos interesses do agente, desprezando aqueles outros eu o prejudiquem. Criar um terceiro tipo de lei (lex tertius) é vedado (usurpação da função do poder Legislativo). Exemplo: Lei n. 6368/76 e n. 11343/06, em que a pena mínima cominada ao delito de tráfico de drogas era de 3 anos (revogado art. 12), sendo que a novatio legis a aumentos para 5 (atual art. 33). No entanto, a nova lei previu, em seu art. 33, §4º, uma causa especial de redução de pena, dizendo que, “os delitos definidos no caput e no §1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de 1/6 a 2/3, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não de dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa”. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Direito Penal I – Professor: Tomás Grings Machado LUGAR DO CRIME – ART. 6, CP. TEORIAS • Conduta • Resultado • Mista (Ubiquidade) – aplicada BR TERRITORIALIDADE – ART. 5, CP. • Absoluta • Temperada – aplicada (abre exceções à tratados, convenções, etc) TERRITÓRIO NACIONAL (art. 5, §1, §2, CP) • Solo • Subsolo • Mar territorial (12 milhas náuticas) • Espaço aéreo correspondente EXTRATERRITORIALIDADE – ART. 7, CP. • Princípio da proteção real: Art. 7, I, A, B e C. • Princípio da justiça universal: Art. 7, I, D. • Princípio da justiça universal: Art. 7, II, A. • Princípio da nacionalidade ativa: Art. 7, II, B. • Princípio da representação: Art. 7, II, C. • Princípio da nacionalidade passiva: Art. 7, II, §3 §1: INCONDICIONADA; §2: CONDICIONADA;§3: CONDICIONADA UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Direito Penal I – Professor: Tomás Grings Machado GRAU B LEI PENAL CARACTERISTÍCAS • Imperativa • Exclusiva (criar crimes + penas) • Genérica (se dirige a todos) • Impessoal (se dirige a todos) ESPÉCIES • Incriminadora (crimes + penas) o Proibitiva: crimes comissivos → ação/fazer o Mandamental: crimes omissivos → omissão socorro (art. 135, CP) o Preceito primário: descrição → ex. homicídio (art. 121, CP) o Preceito secundário: sanção → ex. pena • Não incriminadora o Explicativas – art. 327, CP (funcionário pública, explicação) o Permissivas – art. 25 CP (legítima defesa, permissão) LEI PENAL EM BRANCO: interpretação com outro material. Ex. art. 33, CP + portaria 348/98 da ANVISA. • Homogênea (sentido amplo): lei + lei. • Heterogênea (sentido estrito): lei + portaria, decreto, ato normativo, etc. LEI PENAL INCOMPLETA: preceito secundário: utiliza-se uma segunda lei para verificar a pena. Ex. lei n. 2889/56 (Genocídio); art. 304, CP (documentos falsificados). CONFLITO APARENTE DE NORMAS: duas ou mais normas que podem recair sobre determinado fato. Principais princípios: • Especialidade: norma especial > norma geral, isso é, tem todas características da geral + suas especialidades. Ex.: infanticídio x homicídio • Subsidiariedade: a lei que for + ampla e grave absorverá a – ampla e grave. Ex.: o Expressa: art. 132 CP e 307 CP o Tácita (Implícita): 146 CP em relação ao 158 CP • Consunção: relação meio-fim (crime fim absorve crime meio) o “antefactum” impunível: fato antecedente praticado pelo agente para conseguir levar a efeito o crime por ele pretendido inicialmente. Ex.: invadir residência e furtar, prevalece o furto. o “postfactum” impunível: exaurimento do crime principal praticado pelo agente, assim, não pode ser punido. Ex.: 163 cp é absolvido pelo 155 cp. Isso é, destruir um celular furtado, prevalecerá o crime de furto (155) e não o de dano (163). o Crime progressivo: conduta única. Ex.: matar alguém com lesões, o crime de homicídio prevalece por ser a intenção desde o começa e o de lesão corporal é absolvido. o Progressão criminosa: começa com uma intenção mas acaba mudando – responde o crime final + grave. Ex.: Aborto, infanticídio. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Direito Penal I – Professor: Tomás Grings Machado O FATO PUNÍVEL CONDUTA: evento humano, núcleo do crime, pode ser uma ação ou omissão TIPICIDADE: adequação de uma conduta a uma norma penal incriminadora, elemento descritivo do crime, é quando o fato humano se torna típico. Objetiva: face externa, fática. Ex. matar alguém. Subjetiva: face interna, psicológica. Ex. querer matar; ANTIJURIDICIDADE: contrariedade ao direito, essência do crime, a partir daqui, há crime, há indenização. CULPABILIDADE: pressuposto da pena, aspecto moral da conduta, juízo de valor. Possibilidade de uma sanção PUNIBILIDADE: possibilidade de o agente sofrer uma sanção penal, efeito do delito CRIME: fato previsto em uma lei penal incriminadora; lesão/perigo de lesão a um bem-jurídico-penal. FORMAL: forma MATERIAL: conteúdo • Bipartido: crime = fato típico + antijurídico (ilícito). Culpabilidade é pressuposto de pena. • Tripartido: crime = fato típico + antijurídico (ilícito) + culpável. Periculosidade é pressuposto de pena. Crime pode ser dividido em dois sujeitos: ativo – quer cometer o crime – passivo – vítima do crime; além de ter duas divisões em objetos: material – pessoa ou coisa a qual recai a conduta criminosa – jurídico – bem jurídico tutelado. FATO TÍPICO CLASSIFICAÇÃO DO CRIME I. Quanto ao elemento subjetivo – intenção/vontade: • Dolosos • Culposos • Preterdolosos (dolo; culpa) II. Quanto ao sujeito • Sujeito ativo – pessoa jurídica • Sujeito passivo – prejudicado III. Quanto ao resultado • Naturalístico o Material – ação e resultado o Formal – ameaça, injúria, difamação... o Mera conduta – são crimes em que apenas encontramos descrita a conduta que o agente deve praticar para consumar o crime • Jurídico o Dano (lesão) – prejuízo ao bem jurídico protegido pela norma penal. o Perigo de dano (perigo de lesão) – consumam independentemente da efetiva lesão ou dano ao bem jurídico ▪ Perigo concreto – necessidade de comprovação da ocorrência ▪ Perigo abstrato – próprio tipo penal se considera prejudicial UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Direito Penal I – Professor: Tomás Grings Machado IV. Quanto a ação • Comissivo – um fazer quando a lei diz para não fazer • Comissivo por omissão/impróprios – não observância de um dever jurídico de evitar o resultado • Omissivo – omissão do sujeito • Mistos – quando podem ser comissivo e omissivo (art. 330) V. Quanto ao tempo da ação • Instantâneo – uma vez praticado o crime, a sua realização, a continuação da sua consumação não poderá ser mantida pelo agente (furto) • Instantâneo de efeitos permanentes – aquele cuja consumação ocorre imediatamente • Permanente – a todo momento • Habitual – prática de forma habitual (ex. art. 282 CP) VI. Quanto a estrutura do crime • Crimes complexos – mais de um bem jurídico • Crimes simples – apenas um bem jurídico • Crimes unissubsistentes – omisso – por meio de uma única ação • Crimes plurissubsistentes – quando permite fragmentar a ação; permite a tentativa. • Crimes de concurso necessário/obrigatório – participação de duas ou mais pessoas • Crimes de concurso eventual VII. Nexo Causal – é o vínculo que une a conduta do agente ao resultado, diz se o resultado é produto da ação praticada pelo agente. FURTO: doloso, ação, material, dano, concurso eventual, plusubssistentes, simples. TEORIA DO TIPO: “Tipo é o modelo genérico e abstrato, formulado pela lei penal, descritivo da conduta criminosa ou da conduta permitida” (MASON). • Tipo incriminador ou legal: estão definidos na parte especial do CP. • Tipo permissivo ou justificador: descrição legal da conduta permitida. ELEMENTOS DO TIPO • Objetivos: perceptivos pelos sentidos. Ex.: “alguém” • Normativos: exigem juízo de valor. Ex.: “ato obsceno” • Subjetivos: intenção/finalidade do agente. Ex.: art. 159 cp. FUNÇÕES DO TIPO • Garantidora • Fundamentadora • Seletividade • Indiciária da ilicitude • Delimitadora do “item criminis” (caminho do crime) o Cogitação o Preparação o Execução o Consumação UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Direito Penal I – Professor: Tomás Grings Machado CONCAUSAS condições que não se identificam com a conduta do agente mas podem dar causa ao resultado. ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES nenhum vínculo com a ação do agente. Nesses casos, o agente responde somente pelos atos provocados. • Preexistentes • Concomitantes • Supervenientes RELATIVAMENTE INDEPENDENTES auxiliam ou reforçam o processo causal iniciado com o comportamento do sujeito. Nesse caso, o agente responde pelo resultado. • Preexistentes • Concomitantes • Supervenientes CRIME DOLOSO DOLO DIRETO Quer cometer o crime e gerar o resultado DOLO EVENTUAL Não quer cometer o crime ou gerar o resultado, mas assume o risco CRIME CULPOSO CULPA CONSCIENTE Não quer cometer e não assume o crime ou gerar o resultado mas, consciente do risco, age acreditando que irá evita-lo CULPA (INCONSCIENTE) Não quer cometer e não assume o crime ou gerar o resultado mas acaba causando o resultado porque agiu com imprudência, negligência ou imperícia NÃO É DELITO FATALIDADE/ACIDENTE Não quer cometer o crime, não quercgerar o resultado, mas acaba gerando o resultado por causa de circunstância alheia à sua vontade e sobre a qual não tinha controle. CONCEITOS EXTRA RESERVA LEGAL: A lei é a única fonte do DP quando se quer proibir ou impor condutas sob a ameaça de sanção. ADEQUAÇÃO SOCIAL: Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente condicionada. PROPORCIONALIDADE: O legislador valora as condutas, cominando penas que variam de acordo com a importância do bem a ser tutelado. TOLERÂNCIA ZERO = LEI E ORDEM = JANELAS QUEBRADAS (broken windows)
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