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958 Pesq. Vet. Bras. 30(11):958-967, novembro 2010 RESUMO.- O objetivo deste trabalho é descrever os prin- cipais aspectos epidemiológicos e clínico-patológicos das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Vete- rinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para servir como base para veterinários de campo ou que trabalham em laboratórios de diagnóstico. Esses dados foram buscados em trabalhos publicados pela equi- pe do LPV-UFSM ou retirados dos arquivos do laboratório. As principais doenças do sistema nervoso diagnosticadas em bovinos foram a raiva, a encefalopatia hepática decor- rente de insuficiência hepática por ingestão de Senecio spp., a meningoencefalite por herpesvírus bovino, a babe- siose cerebral, a intoxicação por Solanum fastigiatum, a febre catarral maligna e a polioencefalomalacia. Em ovi- nos foram diagnosticadas a cenurose, a meningoencefali- te por Listeria monocytogenes, o tétano, os abscessos encefálicos ou vertebrais e a raiva. Meningoencefalite por L. monocytogenes foi a única doença do sistema nervoso descrita em caprinos. Equinos foram afetados pela leuco- encefalomalacia, tripanossomíase e tétano. TERMOS DE INDEXAÇÃO: Doenças de ruminantes, doenças de equinos, doenças do sistema nervoso, neuropatologia. INTRODUÇÃO O Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universi- dade Federal de Santa Maria (UFSM) foi o laboratório de referência do Programa Nacional de Vigilância das Ence- falopatias Espongiformes Transmissíveis do Ministério da Tópico de Interesse Geral Abordagem diagnóstica das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos no Brasil1 Daniel R. Rissi2, Felipe Pierezan2, José C. Oliveira-Filho2, Ricardo B. Lucena2, Priscila M.S. Carmo2 e Claudio S.L. Barros3* ABSTRACT.- Rissi D.R, Pierezan F., Oliveira-Filho J.C., Lucena R.B., Carmo P.M.S. & Barros C.S.L. 2010. [Diagnostic approaches for the main neurological diseases of ruminants and horses in Brazil.] Abordagem diagnóstica das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos no Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira 30(11):958-967. Departamento de Patologia, Universidade Federal de Santa Maria, Camobi, Santa Maria, RS 97105-900, Brazil. E-mail: claudioslbarros@uol.com.br The epidemiological, clinical, and pathological hallmarks of neurological diseases of ruminants and horses diagnosed in the Laboratory of Veterinary Pathology (LVP) of the Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) are herein described. This paper is intended to work as a compiled database for practitioners or veterinarians working in diagnostic laboratories. Data was gathered from papers published by the LVP-UFSM faculty and staff or retrieved from the laboratory archives. The most important neurological diseases of cattle included rabies, hepatic encephalopathy due to ingestion of Senecio spp., meningoencephalitis by bovine herpesvirus, cerebral babesiosis, poisoning by Solanum fastigiatum, malignant catarrhal fever, and polioencephalomalacia. Sheep were affected mostly by coenurosis, meningoencephalitis by Listeria monocytogenes, tetanus, encephalic or vertebral abscesses, and rabies. Goats were affected by meningoencephalitis by L. monocytogenes. Leukoencephalomalacia, trypanosomiasis by Trypanosoma evansi, and tetanus were important neurological diseases of horses. INDEX TERMS: Diseases of ruminants, diseases of horses, diseases of the nervous system, neuropathology. 1 Recebido em 27de abril de 2010. Aceito para publicação em 18 de maio de 2010. Trabalho inteiramente financiado com verba de projeto Universal do CNPq (Proc.478779/2007-0). 2 Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, área de concentração em Patologia Veterinária, Centro de Ciências Rurais (CCR), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Camobi, Santa Maria, RS 97105-900, Brasil. 3 Departamento de Patologia, CCR, UFSM, Santa Maria, RS. *Autor para correspondência: claudioslbarros@uol.com.br Pesq. Vet. Bras. 30(11):958-967, novembro 2010 Abordagem diagnóstica das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos no Brasil 959 Agricultura, Pecuária e Abastecimento durante sete anos (2000-2007). Nesse período, muito esforço foi realizado com o objetivo de gerar informações relevantes sobre as doenças do sistema nervoso (SN) de ruminantes que pu- dessem contribuir no diagnóstico dessas doenças. Duran- te a vigilância da encefalopatia espongiforme bovina (BSE) e da scrapie, o exame dos encéfalos de ruminantes tornou possível que várias outras doenças fossem estudadas (já que nenhum diagnóstico dessas encefalopatias espongi- formes transmissíveis foi realizado). Além disso, esses estudos abriram portas para que os métodos de avaliação do encéfalo fossem aplicados sistematicamente a outras espécies (como por exemplo, equinos). Toda essa organi- zação na avaliação do material remetido ao LPV-UFSM gerou um grande número de trabalhos científicos relacio- nados às doenças do SN dessas espécies. O objetivo deste trabalho foi compilar e organizar as informações geradas a partir do serviço de diagnóstico das doenças do SN de ruminantes e equinos no LPV-UFSM. Para isso serão discutidos os métodos de avaliação e de remessa das amostras ao laboratório e os aspectos epide- miológicos e clínico-patológicos das principais doenças do SN diagnosticadas em bovinos, ovinos, caprinos e equi- nos. Os dados aqui gerados destinam-se a servir como orientação aos veterinários de campo que trabalham com diagnóstico de doenças de animais de produção e tam- bém como uma contribuição aos veterinários ou técnicos de laboratórios de diagnóstico. Não serão apresentados os dados detalhados de cada doença e essas informa- ções devem ser consultadas nas publicações referenciadas durante a discussão. MATERIAL E MÉTODOS Foram compilados os dados de todos os trabalhos científicos publicados pela equipe do LPV-UFSM referentes às doenças do SN de ruminantes e equinos diagnosticadas pelo laborató- rio. As informações geradas por esses trabalhos foram anali- sadas e agrupadas de maneira sistemática para avaliação das principais características concernentes à epidemiologia, aos sinais clínicos, à patologia e ao diagnóstico de cada doença. Quadro 1. Características epidemiológicas associadas às principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Espécies/doenças Nº de Epidemiologia casos Bovinos Raiva 197 Animais de várias idades em contato com morcegos (bovinos próximos a áreas de encosta, morros ou furnas). A maioria dos casos ocorreu na primavera e verão. Encefalopatia hepática 122 Animais de várias idades. Os casos usualmente ocorrem entre agosto e dezembro. No Rio Grande do Sul esses casos resultam da intoxicação por Senecio spp. Meningoencefalite por 57 Bezerros submetidos a situações de estresse (principalmente desmame, transporte, troca de alimentação) e agrupados (alimentação no cocho). Ocasionalmente animais adultos. Babesiose cerebral 44 Geralmente animais de dois a oito anos. Ocasionalmente bovinos mais jovens. Ocorre principalmente nos meses mais quentes devido ao aumento do parasitismo pelo carrapato transmis- sor nessas épocas. Intoxicação por 40 Animais adultos e ingerindo grandes quantidades da planta durante meses. Solanum fastigiatum Febre catarral maligna 21 Animais de várias idades, mas geralmente acima de dois anos e em contato com ovinos (principalmente na época de parição dos cordeiros). Polioencefalomalacia 20 Animais jovens até aproximadamente três anos. A causa quase sempre não pode ser determinada, mas fontes de chumbo e enxofre devem ser pesquisadas. Outras causas importantes incluem intoxicação por sal, privação de água e infecção por herpevírus bovino. Ovinos Cenurose15 Animais de várias idades. Contato com fezes de cães. Meningoencefalite por 9 Animais de várias idades. Contato com outros animais, alimento contaminado. Listeria monocytogenes Listeriose relacionada ao consumo de silagem contaminada foi um achado inconsistente e não comprova- do na maioria dos casos. Tétano 8 Animais submetidos a processos invasivos (principalmente castração e tosquia) e após o parto. Abscessos no sistema 7 Animais jovens com onfaloflebite ou feridas de castração ou caudectomia contaminadas. nervoso central Raiva 2 Contato com morcegos (ovinos próximos a áreas de encosta, morros ou furnas). Caprinos Meningoencefalite por 3 Contato com outros animais e alimento contaminado. Listeria monocytogenes Equinos Leucoencefalomalacia 8 Animais de várias idades alimentados com milho mofado. Ocorre usualmente nos meses mais frios e úmi- dos. Ocorre principalmente de junho a setembro. Tripanossomíase 7 Presença de animais reservatórios (cães e capivaras). A transmissão ocorre pela picada de insetos hema- tófagos ou carrapatos ou ainda de um equino a outro por meio de agulhas contaminadas. Tétano 4 Animais submetidos a processos invasivos (principalmente castração e parto) e com feridas perfurantes (principalmente na sola do casco). Pesq. Vet. Bras. 30(11):958-967, novembro 2010 Daniel R. Rissi et al.960 Q u ad ro 2 . C ar ac te rí st ic as c lín ic o -p at o ló g ic as d as p ri n ci p ai s d o en ça s d o s is te m a n er vo so d e b o vi n o s d ia g n o st ic ad as n o L ab o ra tó ri o d e P at o lo g ia V et er in ár ia d a U n iv er si d ad e F ed er al d e S an ta M ar ia D o e n ça s P rin ci pa is s in ai s cl ín ic os P at ol og ia R ai va In co or de na çã o, f eb re , si al or ré ia , fra qu ez a, o lh ar a le rta e f i- M ac ro : hi pe re m ia d os v as os le pt om en ín ge os e m a pr ox im ad am en te 5 0% d os c as os . xo , pa ra lis ia f lá ci da d os m em br os , qu ed as , op is tó to no , hi - M ic ro : m en in go en ce fa lit e nã o- su pu ra tiv a pr in ci pa lm en te n o tr on co e nc ef ál ic o. E m a pr ox im ad am en - pe re xc ita bi lid ad e, t re m or es , di fic ul da de d e ap re en sã o do s te 8 5% d os c as os f or am o bs er va da s in cl us õe s eo si no fíl ic as i nt ra ci to pl as m át ic as e m n eu rô ni o (c or - al im en to s, a ta xi a, c eg ue ira , co nv ul sõ es , di sp né ia , de cú - pú sc ul os d e N eg ri) . G an gl io ne ur ite n ão -s up ur at iv a do g ân gl io d e G as se r, c om n ec ro se n eu ro na l e bi to , m ov im en to s de p ed al ag em , pa ra lis ia f lá ci da d a ca ud a. ne ur on of ag ia , fo i ob se rv ad a em 9 0% d os c as os . In cl us õe s fo ra m o bs er va da s em q ua se 1 00 % d os gâ ng lio s. E nc ef al op at ia A gr es si vi da de , em ag re ci m en to p ro gr es si vo , di ar re ia e s- M ac ro : fíg ad o br an co -a ci nz en ta do e f irm e, e de m a da s pr eg as d o ab om as o e do m es en té rio , di st en - he pá tic a cu ra , te ne sm o e pr ol ap so r et al , ap at ia , in co or de na çã o, sã o e ed em a da v es íc ul a bi lia r (c om n ód ul os n a m uc os a) , em ac ia çã o, e de m a su bc ut ân eo v en tr al e tr em or es m us cu la re s, s al iv aç ão e c eg ue ira . E vo lu çã o de as ci te . po uc os d ia s at é um a no . A pó s o in ic io d os s in ai s ne ur o- M ic ro : fib ro se h ep át ic a co m h ep at om eg al oc ito se e p ro lif er aç ão d e de d uc to s bi lia re s. E nc ef al op at ia ló gi co s, n o en ta nt o, a e vo lu çã o é m ai s rá pi da . he pá tic a (d eg en er aç ão e sp on jo sa d a su bs tâ nc ia b ra nc a do e nc éf al o) é q ua se s em pr e ob se rv ad a . M en in go en ce fa lit e D ep re ss ão , co rr im en to n as al e o cu la r se ro so o u m uc o- M ac ro : hi pe re m ia d os v as os l ep to m en ín ge os , tu m ef aç ão e a ch at am en to d as c irc un vo lu çõ es d as po r he rp es v ír us pu ru le nt o, e m ag re ci m en to , fe br e, r an ge r de d en te s, t re m o- po rç õe s ro st ra is d o te le nc éf al o, c om á re as m ar ro m -a m ar el ad as e a m ol ec id as ( m al ac ia ). bo vi no re s, c eg ue ira , an da r em c ír cu lo s, i nc oo rd en aç ão , pr es sã o M ic ro : m en in go en ce fa lit e nã o- su pu ra tiv a e ne cr os an te ( em o rd em d ec re sc en te d e in te ns id ad e: c ór - da c ab eç a co nt ra o bj et os , ni st ag m o, q ue da s, m ov im en - te x te le nc ef ál ic o fr on ta l, nú cl eo s da b as e, t ál am o, t ro nc o en ce fá lic o, c ór te x pa rie ta l, có rt ex o cc ip i- to s de p ed al ag em , op is tó to no e c on vu ls õe s. E vo lu çã o ta l e c er eb el o) , gl io se , ed em a, n ec ro se n eu ro na l (n eu rô ni o ve rm el ho ), in cl us õe s ba so fíl ic as i nt ra nu cl e- de 1 -1 0 di as . ar es e m a st ró ci to s e ne ur ôn io s (2 1, 05 % d os c as os ) e ne ur on of ag ia . N as á re as a m ol ec id as h av ia n e- cr os e do c om po ne nt e ne ur oe ct od ér m ic o e m an ut en çã o da s es tr ut ur as m es en qu im ai s (v asos e m i- cr óg lia ), c om i nf ilt ra do d e cé lu la s gi tte r. N os c as os c rô ni co s ap en as e st ru tu ra s va sc ul ar es e p ou - ca s cé lu la s gi tte r pe rm an ec ia m ( le sã o re si du al ). C as os h ip er ag ud os s em a lte ra çõ es m ac ro e m i- cr os có pi ca s sã o co m un s. B ab es io se In co or de na çã o, o pi st ót on o, c eg ue ira , tre m or es , hi pe rm et ria , M ac ro : co lo ra çã o ve rm el ho -c er ej a de t od a a su bs tâ nc ia c in ze nt a do e nc éf al o, i ct er íc ia , ur in a e rin s ce re br al pa ra lis ia d os m em br os p él vi co s, m ov im en to s de p ed al a- ve rm el ho -e sc ur os , fíg ad o ve rm el ho -a la ra nj ad o e co m a um en to d e vo lu m e, h em or ra gi as n o ep ic ár di o ge m , pr es sã o da c ab eç a co nt ra o bj et os , an da r em c ír - e en do cá rd io e e m be bi çã o he m og lo bí ni ca n as s er os as . N o es fr eg aç o de e nc éf al o se o bs er va m c a- cu lo s e ag re ss iv id ad e. H em og lo bi nú ria é o bs er va da n a pi la re s re pl et os d e er itr óc ito s pa ra si ta do s po r B . bo vi s. m ai or ia d os c as os . M ic ro : co ng es tã o e ed em a pe riv as cu la r e pe rin eu ro na l, ne fr os e he m og lo bi nú ric a, n ec ro se h ep át i- ca c en tr ol ob ul ar e b ile st as e ca na lic ul ar . In to xi ca çã o po r S o- E m ag re ci m en to p ro gr es si vo , hi pe rm et ria , in co or de çã o, q ue - M ac ro : he m or ra gi as n o en cé fa lo ( se cu nd ár ia s a tr au m at is m o) . A tr of ia c er eb el ar é r ar am en te o b- la nu m f as tig ia tu m da s, t re m o re s m us cu la re s, c on vu ls õe s. O s si na is a pa - se rv a d a . re ci am q ua nd o os b ov in os e ra m m ov im en ta do s. A lg un s M ic ro : de ge ne ra çã o e pe rd a do s ne ur ôn io s de P ur ki nj e (fi na v ac uo liz aç ão d o pe ric ár io , co m p er da d a bo vi no s er am p os iti vo s no h ea d ra is in g te st ( ap re se nt a- su bs tâ nc ia d e N is sl e e os in of ili a ci to pl as m át ic a) , pr ol ife ra çã o do s as tr óc ito s de B er gm an n, e sf er ói - va m c on vu ls õe s ap ós t er em a c ab eç a er gu id a du ra nt e um fe ró id es a xo na is ( na c am ad a de c él ul as g ra nu la re s e na s ub st ân ci a br an ca d o ce re be lo ). m in ut o e so lta e m s eg ui da ). A pó s as c ris es , al gu ns b o- pe rm an ec ia m c om o s m em br os e m p os iç ão d e ba se a m - pl a, p ar a te nt ar m an te r o eq ui líb rio . A m or te o co rr e us ua l- m en te p or t ra um as a pó s as c ris es . F eb re c at ar ra l Fe br e, c or rim en to n as al e o cu la r se ro so q ue n or m al m en te M ac ro : le sõ es e ro si vo -u lc er at iv as n as m uc os as n as al e d o tr at o al im en ta r (c om n ec ro se d as p a- m al ig na ev ol ui p ar a m uc o- pu ru le nt o, o pa ci da de d a có rn ea , co nj un ti- pi la s ru m in ai s) , úl ce ra s na t ra qu éi a, a um en to d e vo lu m e de l in fo no do s. vi te , si al or ré ia , ne cr os e da s pa pi la s bu ca is , úl ce ra s na c a- M ic ro : va sc ul ite e n ec ro se f ib rin oi de d a pa re de d e pe qu en as a rt ér ia s e ar te rio la s as so ci ad as a i n- vi da de o ra l, lin fa de no pa tia e d ia rr éi a. S in ai s ne rv os os i n- fil tr ad o in fla m at ór io l in fo -h is tio pl as m oc itá rio , pr in ci pa lm en te n a re te m ira bi le c ar ot íd ea , si st em a ne r- cl ue m i nc oo rd en aç ão , hi pe rm et ria , ap at ia , tre m or es , ag re s- vo so c en tr al e r im . N ec ro se e pi te lia l a ss oc ia da a in fil tr ad o in fla m at ór io m on on uc le ar n a lâ m in a pr ó- si vi da de , qu ed as , op is tó to no , m ov im en to s de p ed al ag em pr ia d a m uc os a de v ár io s ór gã os ( es pe ci al m en te d os t ra to s al im en ta r e re sp ira tó rio ) e hi pe rp la si a e co nv ul sõ es . lin fo id e em li nf on od os . P ol io en ce fa lo m al ac ia In co or de na çã o, d ec úb ito , ce gu ei ra , op is tó to no , m ov im en - M ac ro : tu m ef aç ão c om a ch at am en to d as c irc un vo lu çõ es t el en ce fá lic as , ár ea s am ol ec id as e a m a- to s de p ed al ag em , an da r em c írc ul os , at ax ia , qu ed as , ra n- re la s, fo co s de h em or ra gi a e he rn ia çã o ce re be la r. ge r de d en te s, s ia lo rr ei a e ni st ag m o. E vo lu çã o de 2 -8 d ia s. M ic ro : ne cr os e ne ur on al l am in ar s eg m en ta r, co m e sp on gi os e, t um ef aç ão do nú cl eo d as c él ul as e n- do te lia is , as tr óc ito s A lz he im er t ip o II e in fil tr aç ão d e cé lu la s gi tte r. C as os c om i nf ilt ra do l in fo -h is tio - ci tá rio , ne ut ro fíl ic o ou e os in of íli co t am bé m oc or re m . E ss as l es õe s oc or re m p rin ci pa lm en te n o có r- te x te le nc ef ál ic o oc ci pi ta l, pa rie ta l e f ro nt al e m en os f re qu en te m en te n o hi po ca m po , nú cl eo s ba sa is , tá la m o, m es en cé fa lo e c er eb el o. Pesq. Vet. Bras. 30(11):958-967, novembro 2010 Abordagem diagnóstica das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos no Brasil 961 Quadro 4. Características clínico-patológicas das principais doenças do sistema nervoso de equinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Doenças Principais sinais clínicos Patologia Leucoencefalomalacia Anorexia, incoordenação, depressão, andar Macro: áreas multifocais ou focalmente extensas de amolecimento e em círculos, pressão da cabeça contra ob- amarelamento da substância branca subcortical do telencéfalo e tronco jetos, cegueira, hiperexcitação, quedas e mo- encefálico. vimentos de pedalagem. Micro: tumefação endotelial, com áreas de hemorragia e/ou edema peri- vascular e necrose do parênquima com infiltração de células gitter. Tripanossomíase Emagrecimento progressivo, letargia, inco- Macro: edema e malacia da substância branca e cinzenta do encéfalo, ordenação, instabilidade dos membros pél- esplenomegalia, linfadenomegalia, hiperplasia linfoide e atrofia muscu- vicos, atrofia muscular nos membros pélvi- lar. cos, fraqueza e palidez de mucosas. Micro: panencefalite não-supurativa (com grande número de células de Mott), com marcado edema. A medula espinhal também pode ser afetada. Trypanosoma evansi é detectado em seções de encéfalo pe- la imuno-histoquímica. Tétano Hiperexcitabilidade, posição de cavalete e Usualmente não há alterações macroscópicas ou histológicas, mas prolapso de terceira pálpebra. alguns cavalos podem desenvolver hemorragia no músculo psoas. Quadro 3. Características clínico-patológicas das principais doenças do sistema nervoso de ovinos e caprinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Espécies/doenças Principais sinais clínicos Patologia Ovinos Cenurose Depressão, isolamento do rebanho, andar Macro: achatamento das circunvoluções do telencéfalo, herniação sub- cambaleante, cegueira, desvio da cabeça, tentorial ou cerebelar e atrofia do parênquima adjacente secundaria- incoordenação, movimentos de pedalagem, mente à presença de cistos revestidos por fina cápsula transparente e quedas, andar em círculos, deficiência pro- repletos por líquido translúcido. Estruturas brancas e levemente alonga- prioceptiva nos membros torácicos e pél- das de 1mm (escólices) são observadas aderidas à face interna da vicos, estrabismo, midríase, opistótono, tre- cápsula. mores e rigidez dos membros. Micro: cistos compostos por duas membranas eosinofílicas com nume- rosos escólices esféricos evaginados da membrana interna. Os cistos eram revestidos por áreas de necrose, infiltrado granulomatoso e áreas de mineralização. Mais externamente havia infiltrado linfo-histioplasmoci- tário perivascular em meio a fibroblastos e vasos. Meningoencefalite por Desvio da cabeça, andar em círculos, de- Macro: usualmente não há alterações. Listeria monocytogenes cúbito, cegueira, taquipneia, febre e sialor- Micro: meningoencefalite não-supurativa (predominantemente no tronco reia. encefálico e cerebelo), com microabscessos e/ou infiltração de células gitter ou infiltrado piogranulomatoso. Tétano Andar rígido, opistótono, rigidez muscular, Usualmente não há alterações macroscópicas ou microscópicas. posição em base ampla, sialorreia, decúbi- to, movimentos de pedalagem, hiperexcita- bilidade e ranger de dentes. Abscessos no sistema Paresia dos membros pélvicos (abscessos Macro: nos abscessos medulares pode haver também osteomielite nervoso central medulares), desvio lateral da cabeça, andar purulenta do corpo da vértebra. No encéfalo havia abscessos preen- em círculos, movimentos de pedalagem, ran- chidos por material purulento. ger de dentes, cegueira, opistótono e decú- Micro: áreas de necrose de liquefação preenchidas por neutrófilos dege- bito (abscessos encefálicos). nerados, agregados bacterianos e focos de mineralização. Essas áreas eram circundadas por uma cápsula de tecido fibrovascular e infiltrado inflamatório linfo-histioplasmocitário. Raiva Incoordenação, decúbito, convulsões, opis- Macro: usualmente não há alterações. tótono e febre. Micro: meningoencefalomielite e ganglionite (gânglio de Gasser) não- supurativa com inclusões eosinofílicas intracitoplasmáticas em neurô- nios (corpúsculos de Negri). Caprinos Meningoencefalite por Anorexia, desvio lateral da cabeça, incoor- Macro: usualmente não há alterações. Listeria monocytogenes denação, quedas, decúbito e movimentos Micro: meningoencefalite não-supurativa (predominantemente no tronco de pedalagem. encefálico e cerebelo), com microabscessos e/ou infiltração de células gitter ou infiltrado piogranulomatoso. Pesq. Vet. Bras. 30(11):958-967, novembro 2010 Daniel R. Rissi et al.962 Todas as informações julgadas importantes e necessárias para o diagnóstico de cada doença em cada espécie foram resumi- damente agrupadas nos Quadros 1-5. RESULTADOS E DISCUSSÃO A lista das principais doenças do sistema nervoso de ru- minantes e equinos diagnosticadas no LPV-UFSM entre 1964 e 2008 está no Quadro 1. Os principais dados epide- miológicos e clínico-patológicos dessas doenças estão nos Quadros 1-4 e nas Figuras 1-18. Para uma descrição deta- lhada de cada doença o leitor pode acessar as publica- ções correspondentes às doenças de bovinos (Sanches et al. 2000, Langohr et al. 2003, Garmatz et al. 2004, Rech et al. 2004, 2006a,b,c, Rodrigues et al. 2005a, Rissi et al. 2006a, 2007, 2008b, Sant’Ana et al. 2009a,b, Lucena et al. 2010), ovinos (Rissi et al. 2008a,c, 2010a,b), caprinos (Rissi et al. 2006b) e equinos (Barros et al. 1984, Rodrigues et al. 2005b, 2009, Pierezan et al. 2007, 2009). Como ocorre em qualquer sistema, para o diagnóstico das doenças do SN é necessário um histórico epidemioló- gico e clínico completo e, quando for o caso, uma comple- ta descrição dos achados macroscópicos. Além disso, o material enviado deve ser adequadamente preservado e acondicionado (em formol a 10% e/ou gelo). Com base nessas informações o patologista poderá manter parte do material para possíveis exames adicionais (microbiológi- co ou molecular) e realizar os testes necessários de acor- do com a suspeita clínica. Não é incomum que materiais Quadro 5. Métodos de diagnóstico das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria Espécies/doenças Diagnóstico Bovinos Raiva As inclusões intracitoplasmáticas eosinofílicas (corpúsculos de Negri) em neurônios são diagnós- ticas, mas na sua ausência é necessária a confirmação pela imunofluorescência indireta, inocu- lação em camundongos (material resfriado ou congelado) ou por imuno-histoquímica (em material fi- xado em formol e/ou emblocado). Encefalopatia hepática Correlação da degeneração esponjosa com as alterações de insuficiência hepática (no Brasil, prin- cipalmente fibrose hepática decorrente de intoxicação poralcaloides pirrolizidínicos). A microscopia eletrônica demonstra o edema intramielínico, mas esse exame não é necessário para o diagnóstico. Meningoencefalite por herpesvírus bovino A histopatologia é sugestiva e as inclusões eosinofílicas intranucleares em astrócitos e raramente em neurônios confirmam a infecção por herpesvírus bovino. A reação em cadeia da polimerase (PCR) em material resfriado ou congelado (detecção do gene da glicoproteína B) confirma a infecção. A partir de cultivo e isolamento viral a tipificação do vírus (1 ou 5) é realizada pela PCR e amplificação de uma região da glicoproteína C específica para cada um dos tipos. A imuno-histoquímica não parece ser satisfatória. Babesiose cerebral A coloração vermelho-cereja da substância cinzenta encefálica observada macroscopicamente é diagnóstica para a condição causada por B. bovis. Em alguns casos essa alteração pode não ser observada (a fixação em formol também prejudica a observação). Nesses casos, o diagnóstico é confirmado pelos achados macroscópicos e microscópicos (esfregaço de córtex encefálico e histo-patologia). Intoxicação por Solanum fastigiatum Alterações histopatológicas associadas à presença de grande quantidade da planta na pastagem. Febre catarral maligna Epidemiologia, achados clínico-patológicos (principalmente histopatologia). A confirmação é rea- lizada pela detecção de herpesvírus ovino-2 na PCR. Polioencefalomalacia Alterações características no encéfalo. Deve ser feito o diagnóstico diferencial de infecção por her- pesvírus bovino. A causa especifica não é definida na maioria dos casos de polioencefalomalacia. Ovinos Cenurose Os achados macroscópicos são diagnósticos. Meningoencefalite por Listeria Os achados histopatológicos são característicos (porém casos atípicos podem ser observados). A monocytogenes confirmação pode ser feita por cultivo (material resfriado), imuno-histoquímica (mais indicada) ou PCR. Tétano A ausência de alterações macroscópicas e histopatológicas associada aos achados epidemioló- gicos e clínicos é sugestiva e, na maioria dos casos, o diagnóstico é feito dessa maneira. A con- firmação é realizada por inoculação de líquido cefalorraquidiano em camundongos. Também pode ser realizada imunofluorescência e cultura (em esfregaços de baço ou da ferida). Abscessos no sistema nervoso central Os achados macroscópicos são diagnósticos. O cultivo bacteriano de conteúdo resfriado do absces- so revelará o agente envolvido. Raiva O mesmo que para bovinos. Caprinos Meningoencefalite por Listeria O mesmo que para ovinos. monocytogenes Equinos Leucoencefalomalacia Os achados macroscópicos e histopatológicos são diagnósticos. Pode ser realizada a detecção da toxina fumonisina B1 de Fusarium verticillioides em amostras do milho. Tripanossomíase Os achados epidemiológicos e clínico-patológicos são sugestivos. A confirmação é feita pela imuno- histoquímica em cortes de encéfalo e detecção do agente na neurópila. Tétano O mesmo que para bovinos. Pesq. Vet. Bras. 30(11):958-967, novembro 2010 Abordagem diagnóstica das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos no Brasil 963 Fig.1. Neurônio com quatro inclusões eosinofílicas intracito- plasmáticas (corpúsculos de Negri) em bovino afetado pela raiva. HE, obj.100x. Fig.3. Encéfalo de bovino afetado por meningoencefalite por herpesvírus bovino. Há marcada hiperemia leptomeníngea e hemorragia subpial. As porções deprimidas distribuídas pelo córtex telencefálico (principalmente nas porções rostrais) correspondem a áreas de malacia características dessa infecção. Fig.5. Seção de córtex telencefálico de bovino afetado por meningoencefalite por herpesvírus bovino (lesão mais avan- çada que a demonstrada na Fig.4). Observe o infiltrado linfoplasmocitário perivascular, a fragmentação da neuró- pila e a infiltração de macrófagos espumosos (células gitter). HE, obj.10x. Fig.2. Junção da substância branca e cinzenta telencefálica de bovino com encefalopatia hepática (intoxicação por Senecio sp.). Note os vacúolos característicos que corres- pondem a áreas de edema intramielínico. HE, obj.40x. Fig.4. Seção de córtex telencefálico de bovino afetado por meningoencefalite por herpesvírus bovino evidenciando necrose neuronal, com encarquilhamento e eosinofilia ci- toplasmático e picnose nuclear. HE, obj.10x. Detalhe: as- trócito com inclusão eosinofílica intranuclear (centro). HE, obj.10x. Fig. 6. Corte sagital de encéfalo de bovino afetado por babesi- ose cerebral. A substância cinzenta (mais evidente no córtex) está difusamente vermelho-cereja devido ao aprisi- onamento de eritrócitos parasitados por Babesia bovis nos capilares. 5 3 1 2 4 6 Pesq. Vet. Bras. 30(11):958-967, novembro 2010 Daniel R. Rissi et al.964 Fig.7. Amostra de esfregaço de córtex telencefálico demons- trando capilar sanguíneo repleto de eritrócitos parasitados por grande número de exemplares de Babesia bovis.. Fig.9. Fina vacuolização citoplasmática de neurônios de Purkin- je em um bovino afetado pela intoxicação por Solanum fastigiatum. HE, obj.40x. Fig.11. Encéfalo de ovino afetado por cenurose. Há um grande cisto revestido por parede fina e transparente no lobo occi- pital do hemisfério cerebral direito. Esse cisto está repleto de líquido translúcido e numerosos escólices de Coenurus cerebralis. Fig.8. Artéria leptomeníngea de bovino afetado por febre catarral maligna. A infiltração linfoplasmocitária das cama- das adventícia e média caracteriza a vasculite tipicamente observada nesses casos. HE, obj.40x. Fig. 10. Telencéfalo parietal de bovino afetado por polioence- falomalacia. Observe a fenda contínua que separa a por- ção média da sustância cinzenta. Essa fenda está preen- chida por líquido claro (edema) e macrófagos espumosos (células gitter). Fig.12. Seção de tronco encefálico (ponte) de caprino afetado por listeriose. Há numerosos focos de aglomerados de neutrófilos (microabscessos) que são característicos des- sa doença. HE, obj.20x. 7 9 11 12 10 8 Pesq. Vet. Bras. 30(11):958-967, novembro 2010 Abordagem diagnóstica das principais doenças do sistema nervoso de ruminantes e equinos no Brasil 965 Fig.13. Seção de tronco encefálico de caprino afetado por lis- teriose. Abundante quantidade de antígeno de Listeria sp. (em marrom) é marcada no interior do citoplasma de ma- crófagos espumosos (células gitter). Imuno-histoquímica, avidina-biotina, obj. 20. Fig.15. Corte sagital de encéfalo de eqüino afetado por leuco- encefalomalacia. Observe a área bem demarcada, depri- mida e hemorrágica de malacia na substância branca do hemisfério cerebral esquerdo. Fig.17. Seção de encéfalo de equino afetado por tripanosso- míase. Há marcado infiltrado inflamatório perivascular linfo- histioplasmocitário. HE, obj.10x. Fig.14. Bovino afetado por tétano apresentando membros es- tendidos e rígidos e marcado opistótono. Fig.16. Aspecto submacroscópico da mesma lesão mostrada na Fig. 14. Grande parte da substância branca está frag- mentada e forma uma cavidade preenchida por líquido (edema), eritrócitos (hemorragia) e macrófagos espumo- sos (células gitter). HE, obj.2x. Fig.18. Numerosos exemplares de Trypanosoma evansi (em marrom) são observados na neurópila de equino com tri- panossomíase. Imuno-histoquímica, avidina-biotina, obj.40x. 14 16 1817 13 13 Pesq. Vet. Bras. 30(11):958-967, novembro 2010 Daniel R. Rissi et al.966 remetidos aos laboratórios de diagnóstico sejam recebi- dos com dados vagos e/ou equivocados ou até mesmo sem nenhuma dessas informações. Nesses casos, a cor- reta avaliação do caso e consequentemente o diagnóstico serão prejudicados. Os dados conseguidos a partir de uma boa observação dos achados epidemiológicos e clínico- patológicos podem ser comparados aos descritos nos Quadros 1-4. A avaliação macroscópicado encéfalo (e, quando for o caso, da medula espinhal ou dos nervos periféricos) pode fornecer pistas substanciais para o diagnóstico de uma doença neurológica. É importante que uma avaliação mi- nuciosa seja realizada tanto pelo veterinário de campo, que vai enviar o material ao laboratório, como pelo patolo- gista, ao receber o material. A correta avaliação e descri- ção das alterações pelo veterinário são importantes, pois algumas lesões podem desaparecer após a fixação no formol e assim passarão despercebidas pelo patologista. Parâmetros que sempre devem ser incluídos na avaliação macroscópica do encéfalo incluem (1) a distribuição das lesões; (2) a cor; (3) a textura; e (4) a simetria (Barros et al. 2006). Esses parâmetros obviamente podem ser extra- polados para qualquer descrição macroscópica de qual- quer outro órgão. A distribuição pode ser bilateral e simé- trica (por ex., encefalomalacia focal simétrica em ovinos com enterotoxemia), focal (abscessos ou neoplasmas), multifocal (abscessos), afetando a substância branca (leu- coencefalomalacia) ou cinzenta (meningoencefalite por herpesvírus bovino ou polioencefalomalacia). A cor pode indicar aspectos como maior quantidade de sangue nos vasos leptomeníngeos (hiperemia em casos de encefalite viral ou bacteriana), em vasos da substância cinzenta (ba- besiose cerebral) ou em casos de hemorragias (desde petéquias em casos de septicemia até grandes hemato- mas por traumatismo). Adicionalmente, focos amarelos ou marrom-amarelados no encéfalo são sugestivos de necro- se (malacia). A textura do encéfalo também fornece evi- dências importantes, como em focos amolecidos de mala- cia e em coleções de pus contidas em abscessos, ou em áreas sólidas, como no caso de inflamação granulomato- sa ou neoplasmas. Assimetria revela que algo foi adicio- nado (edema, neoplasmas e hemorragia) ou retirado (atrofia ou hipoplasia) de alguma porção do órgão. Esse ítem pode ser facilmente avaliado no encéfalo quando se toma por base os dois hemisférios (isto é, quando há simetria, o que há em um hemisfério deve ser repetido do outro lado, em igual volume). Após uma completa descrição do caso, a avaliação histológica será mais facilmente interpretada e os exames adicionais serão direcionados de uma forma mais precisa, principalmente em casos onde não se observam achados típicos que poderiam ser utilizados como ferramenta no diagnóstico final de uma determinada doença (inclusões virais, o próprio agente etiológico, etc). Os métodos mais eficientes de diagnóstico de cada uma das principais do- enças do SN de ruminantes e equinos no LPV-UFSM po- dem ser consultados no Quadro 5. Neste trabalho foram apresentadas as principais doen- ças do SN de ruminantes e equinos diagnosticadas pelo LPV-UFSM. Apesar de representar a experiência de um único laboratório de diagnóstico, não há uma grande varia- ção nas doenças aqui mostradas e das doenças diagnos- ticadas no restante do Brasil. Todos os aspectos de cada doença apresentada foram descritos em publicações pré- vias e podem ser consultados para visualização de dados mais detalhados. REFERÊNCIAS Barros C.S.L., Barros S.S., Santos M.N. & Souza M.A. 1984. Leucoen- cefalomalacia em eqüinos no Rio Grande do Sul. Pesq. Vet. Bras. 4:101-107. Barros C.S.L., Driemeier D., Dutra I.S. & Lemos R.A.A. 2006. Doen- ças do sistema nervoso de bovinos no Brasil. Agnes, Montes Claros. 207p. Garmatz S.L., Irigoyen L.F., Rech R.R., Brown C.C., Zhang J. & Barros C.S.L. 2004. Febre catarral maligna em bovinos no Rio Grande do Sul: transmissão experimental para bovinos e caracte- rização do agente etiológico. Pesq. Vet. Bras. 24:93-106. Langohr I.M., Irigoyen L.F., Lemos R.A.A. & Barros C.S.L. 2003. Aspectos epidemiológicos, clínicos e distribuição das lesões his- tológicas no encéfalo de bovinos com raiva. Ciência Rural 33:125- 131. Lucena R.B., Pierezan F., Kommers G.D., Irigoyen L.F., Fighera R.A. & Barros C.S.L. 2010. Doenças de bovinos no Sul do Brasil: 6.706 casos. Pesq. Vet. Bras. 30(5):428-434. 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