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PRÁTICA DE ENSINO: VIVÊNCIA NO AMBIENTE EDUCATIVO Professora Me. Ana Lúcia Sales de Lima Professora Me. Cíntia Mara Bogo Bortolossi Professora Me. Luciene Maria Pires Pereira GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; LIMA, Ana Lúcia Sales de; BORTOLOSSI, Cíntia Mara Bogo; PEREIRA, Luciene Maria Pires. Prática de Ensino: Vivência no Ambiente Educativo. Ana Lúcia Sales de Lima; Cíntia Mara Bogo Bortolossi; Luciene Maria Pires Pereira. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. 238 p. “Graduação - EaD”. 1. Prática. 2. Ensino. 3. História. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 378 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Direção de Operações Chrystiano Mincoff Direção de Mercado Hilton Pereira Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Gerência de Produção de Conteúdo Juliano de Souza Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Coordenador de conteúdo Priscilla Campiolo Manesco Paixão Design Educacional Isabela Agulhon Ventura Iconografia Amanda Peçanha dos Santos Ana Carolina Martins Prado Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa André Morais de Freitas Editoração Victor Augusto Thomazini Revisão Textual Yara Martins Dias Ilustração Bruno Cesar Pardinho Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Diretoria Operacional de Ensino Diretoria de Planejamento de Ensino Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa- zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa- tível com os desafios que surgem no mundo contem- porâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó- gica e encontram-se integrados à proposta pedagó- gica, contribuindo no processo educacional, comple- mentando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproxi- mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi- bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes- soal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cres- cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda- gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi- bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en- quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus- sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professora Me. Ana Lúcia Sales de Lima Graduada em História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM-PR). Especialista em História e Sociedade e Mestre pela mesma Instituição, mediante o Programa de Pós-Graduação em História. Trabalha na Educação Básica como professora de História, desde 2011. Atua nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, vinculada pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná (SEED). Participa do Laboratório de Estudos do Império Português (LEIP-UEM) e, atualmente, integra a Sociedade Internacional de Estudos Jesuíticos (SIEL). Docente no curso de História, modalidade EaD, da Unicesumar. Professora Me. Cíntia Mara Bogo Bortolossi Graduada em História e Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM- PR). Mestre pela mesma Instituição, por meio do programa de Pós- Graduação em Educação. Trabalha com Educação a Distância desde 2013. Participa do Laboratório de Estudos do Império Português (LEIP-UEM). Professora do Ensino Superior. Professora Me. Luciene Maria Pires Pereira Graduada em História pela Universidade Estadual de Maringá. Especialista em História Econômica pela Universidade Estadual de Maringá. Especialista em Educação Especial pelo Instituto Paranaense de Ensino. Especialista em Psicopedagogia Institucional pelo Instituto Paranaense de Ensino. Especialista em Atendimento Educacional Especializado pela Unicesumar. Mestre em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho-UNESP/FCL de Assis-SP. Membro do Grupo de Apoio à Pesquisa e Docência em História (Unicesumar). Membro da Sociedade Internacional de Estudos Jesuíticos. Docente no curso de graduação em História, modalidade EaD, da Unicesumar. A U TO RE S SEJA BEM-VINDO(A)! Caro(a) acadêmico(a)! É com imensa satisfação que apresentamos a você o livro que integra a disciplina de Prática de Ensino: vivência no ambiente educativo. Somos as professoras Ana Lúcia, Cín- tia e Luciene e preparamos, com muita dedicação e afinco, este material didático. Esse conjunto de discussões é imprescindível à prática docente. Além disso, esperamos que seja um convitepara novas discussões e novos posicionamentos acerca das temáticas aqui apresentadas. Este estudo contém cinco unidades que abordam discussões importantes para a prática docente em sala de aula. Tais abordagens são referentes: à organização da legislação brasileira no âmbito da Educação Básica, à formulação das Diretrizes Curriculares Nacio- nais, à introdução de novas abordagens no currículo das escolas, às discussões quanto à inclusão no Ensino Regular e finalizamos com o processo de ensino e aprendizagem de História. Na primeira unidade, você terá acesso aos estudos sobre os trajetos da disciplina de His- tória, desde o período colonial com a educação jesuítica até a implantação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica). São mudanças importantes para você com- preender a organização do sistema educacional brasileiro. Nesse momento, também refletiremos sobre a criação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e o papel das instituições escolares na formação cidadã. Em um segundo momento, colocaremos em pauta as discussões referentes às concep- ções de currículo do ensino em História, às Diretrizes Curriculares Nacionais, assim como os PCNs da disciplina. Essas abordagens são indispensáveis para a prática docente em sala de aula. Na terceira unidade, apresentaremos discussões referentes à implantação das temáticas afro-brasileiras e indígenas no espaço escolar. Você irá compreender que essas mudan- ças são imprescindíveis para o reconhecimento e a valorização da cultura indígena e afro-brasileira em nossa sociedade. Além disso, são reflexões importantes no combate ao preconceito e à discriminação racial. Dando prosseguimento ao estudo, você conhecerá as perspectivas e dificuldades da inclusão no Ensino Regular. Essa unidade é de suma relevância, pois é um tema muito discutido em nosso sistema educacional atualmente. Somado a isso, também compre- enderemos a necessidade de discutir estratégias a fim de garantir que a prática pedagó- gica do professor esteja em conformidade com o que a legislação da Educação Especial estabelece. APRESENTAÇÃO PRÁTICA DE ENSINO: VIVÊNCIA NO AMBIENTE EDUCATIVO Na quinta e última unidade, entenderemos a relevância de apresentar uma análise sobre o processo de ensino e aprendizagem em História. Nesse momento, você terá acesso às discussões referentes ao uso do livro didático em sala de aula, seus limites e possibilidades. Outro ponto importante apresentado nessa unidade se refere ao planejamento das aulas, que precisa ser concebido pelo professor como uma ferra- menta pedagógica facilitadora em sua prática. Após essas discussões, finalizaremos com um debate sobre a avaliação e as formas avaliativas no processo de ensino e aprendizagem. Esse trajeto que percorremos é indispensável tanto para sua formação docente quanto para a compreensão do sistema educacional brasileiro atualmente. Bom estudo! Professoras Ana Lúcia, Cíntia e Luciene. APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA 15 Introdução 16 Os Caminhos do Ensino de História no Brasil 33 Constituição da República Federativa do Brasil e o Ensino Básico 38 A Disciplina de História no Contexto da (Re)Democratização do Brasil 41 Lei de Diretrizes e Bases e o Ensino de História 52 ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente 58 Considerações Finais UNIDADE II AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA O ENSINO DE HISTÓRIA 67 Introdução 68 Concepções de Currículo e Ensino de História 73 Diretrizes Curriculares Nacionais Para o Ensino de História 77 Os PCNs e o Ensino de História 82 Reformulação do Ensino Médio: Trabalhar por Áreas 92 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE III O ENSINO DE HISTÓRIA E A CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA 101 Introdução 102 O Ensino de História e a Cultura Indígena 116 História e Cultura Afro-Brasileira 134 Considerações Finais UNIDADE IV A INCLUSÃO EDUCACIONAL E OS DESAFIOS DA REALIDADE ESCOLAR 141 Introdução 142 Inclusão Educacional: Histórico e Políticas Públicas na Perspectiva da Educação Inclusiva 167 Considerações Finais SUMÁRIO 11 UNIDADE V O PROCESSO DE ENSINO E APENDIZAGEM DE HISTÓRIA E SEUS DESDOBRAMENTOS 175 Introdução 176 Os Livros Didáticos no Processo de Ensino de História 181 Planejamento em História: Etapas da Elaboração de uma Aula 196 A Avaliação Como Processo do Ensino de História: Objetivos, Instrumentos e Critérios 207 Considerações Finais 213 CONCLUSÃO 215 REFERÊNCIAS 225 GABARITO 229 ANEXO U N ID A D E I Professora Me. Ana Lúcia Sales de Lima Professora Me. Cíntia Mara Bogo Bortolossi O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Objetivos de Aprendizagem ■ Analisar a trajetória da disciplina de História. ■ Compreender as mudanças ocorridas no ensino no contexto da redemocratização do país. ■ Entender a importância da Constituição Brasileira de 1988 para a Educação. ■ Observar a relevância da Lei de Diretrizes e Bases para o ensino atualmente. ■ Discutir o Estatuto da Criança e do Adolescente no espaço escolar. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Os Caminhos do Ensino de História no Brasil ■ Constituição da República Federativa do Brasil e o Ensino Básico ■ Lei de Diretrizes e Bases e o Ensino de História ■ ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente INTRODUÇÃO Caríssimo(a) acadêmico(a), daremos início à disciplina de Prática de Ensino: vivência no ambiente educativo em História. Esperamos que as discussões pre- sentes nesta unidade sejam refletidas tanto neste momento de estudo quanto efetivamente na prática docente, pois nosso objetivo é formar professores que levem essas abordagens para o cotidiano escolar. Nesse primeiro momento, elencamos discutir o trajeto da disciplina de História no Brasil. Essa análise inicia-se no cerne da Educação Jesuítica no perí- odo colonial e conclui-se com o final da Ditadura Militar em nosso país. Esse momento é importante para verificarmos como a disciplina de História foi se estruturando ao longo do tempo e ainda perceber o quanto estamos atrelados a discussões e métodos tipicamente tradicionais de ensino. Após o fim da Ditadura Militar, iremos nos deparar com uma realidade dife- rente que se expressa em vários setores de nossa sociedade, sobretudo no campo educacional. Essa segunda etapa de nosso estudo é relevante para compreender- mos as mudanças ocorridas com o decreto da Constituição Brasileira de 1988 e a necessidade de organizar um ensino pautado nos pilares da democracia. Nesse sentido, compreendemos as discussões realizadas no âmbito educacio- nal e, consequentemente, a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1996. Esse momento é de suma importância para o ensino brasileiro, pois organiza e estrutura, pelo menos na base teórica, o tipo de escola e ensino que se pretende implementar em nosso cenário educacional a partir desse contexto. Assim, após concluirmos o estudo dessas temáticas, finalizamos esta uni- dade destacando a relevância do papel do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente no ensino das escolas brasileiras e as possibilidades de trabalhar o Estatuto durante as aulas de História. Desse modo, convidamos você, caro(a) aluno(a), a enfrentar esse desafio conosco. 15 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . ©shutterstock O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IOS CAMINHOS DO ENSINO DE HISTÓRIA NO BRASIL PERÍODO COLONIAL Caríssimo(a) acadêmico(a), este primeiro item apresentará reflexões acerca do trajeto do ensino de História no Brasil. Para isso, compreendemos a importân- cia de retomar algumas características do Ensino no período colonial, quando esse era comandado pelos membros da Companhia de Jesus (1549-1759). Quando os Jesuítas desembarcaram nos trópicos lusitanos, em 1549, junta- mente com o primeiro Governador Geral Tomé de Sousa, integravam um projeto colonizador organizado pelo monarca de Portugal D. João III, em que a centrali- zação política e econômica do território caminharia paralelamente aos assuntos da fé católica. As tarefas eram claras: catequizar os indígenas e protegê-los dos abusos sofridos pelos colonizadores portugueses. Entretanto, os jesuítas não fica- ram limitados à evangelização dos ameríndios e concomitantemente à catequese e organizaram o primeiro sistema de ensino no Brasil por meio da criação de seus colégios. Esse sistema de ensino se tornaria uma realidade intercontinen- tal: do Ocidente ao Oriente. Os colégios jesuíticos surgiram no alvorecer da época Moderna, como uma “instituição global que abrangia toda a vida do estudante. O ensino era concebido para além da aprendizagem dos conteúdos curriculares, abarcando a instru- ção integral” (OLIVEIRA; SANTOS, 2015, p. 21). Nesse sentido, o ensino nos 17 Os Caminhos do Ensino de História no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . colégios abrangia tanto os conteúdos selecionados para o processo de ensino, como elementos importantes para a formação moral dos educandos, quais sejam conteúdos relacionados aos preceitos da Igreja Católica de Roma. Essa forma de organização educacional é de suma relevância, pois esteve presente durante o período de atuação dos inacianos na colônia portuguesa, ou seja, por três séculos. De acordo com os estudos realizados por Saviani (2013), a primeira fase da educação jesuítica contemplava o aprendizado da língua portuguesa (para os nativos) e os ensinamentos dos dogmas cristãos, assim como a escola de primei- ras letras para os filhos dos colonos onde havia o emprego da leitura e da escrita. Como opção, os alunos poderiam se matricular em aulas de canto orfeônico e música instrumental. Além disso, o educando teria condições tanto de se apri- morar profissionalmente nas técnicas agrícolas como investir nos estudos da gramática latina que possibilitava o egresso nas Instituições de ensino superior em Coimbra. Esse primeiro sistema encontrou resistência de alguns membros da Companhia de Jesus e foi paulatinamente substituído pelo Ratio Studiorum que expressava os métodos pedagógicos dos colégios jesuíticos, principalmente entre 1599-1759. A organização das classes dava-se pela reunião de alunos aproximada- mente da mesma idade e com o mesmo nível de instrução aos quais se ministrava um programa previamente fixado composto por um con- junto de conhecimentos proporcionais ao nível dos alunos, sendo cada classe regida por um professor [...] Os mecanismos de incentivo ao es- tudo implicavam castigos corporais e prêmios, louvores e condecora- ções, além da prática da denúncia ou delação (SAVIANI, 2013, p. 52). Durante o século XVI, os Colégios Jesuíticos mais relevantes estavam localiza- dos na Bahia e São Vicente. Além desses, a Companhia de Jesus lançou raízes educacionais também em São Paulo, no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Porto Seguro. Ruckstadter (2015) pontua que esses colégios bem como os cursos por eles ofertados precisam ser compreendidos como antecedentes históricos da organização escolar nos trópicos portugueses e nos oferecem uma explica- ção para a trajetória do que seria a História como disciplina escolar no Brasil, visto que, nesse contexto, “o ensino de História, ainda que ofertado como curso autônomo, integrava o ensino denominado ‘Humanidades’” (RUCKSTADTER; RUCKSTADTER, 2015, p. 156). O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Segundo a análise desenvolvida por Ruckstadter (2015), a concepção de História pode ser visualizada na obra do jesuíta António Maria Bonucci publicada no ano de 1706. De acordo com os autores, “trata-se do primeiro manual de História escrito no Brasil, e com a finalidade de ser utilizado no Colégio Jesuítico da Bahia em fins do século XVII” (RUCKSTADTER; RUCKSTADTER, 2015, p. 154). Não podemos considerar esse manual de História em uma perspectiva científica, pois a História vista como ciência só nasceria ao longo do século XIX. Todavia é de suma relevância compreender os primeiros passos da História quanto disciplina, mesmo que atrelada aos preceitos religiosos presentes na pedagogia jesuítica. É nesse sentido que a concepção de história presente no manual deve ser compreendida: como um material elaborado em uma perspectiva de narrar fatos históricos, sagrados e laicos, com a finalidade de evangelizar, ou ainda, qualquer que fosse a profissão a ser desempenhada na sociedade, visava formar bons cristãos. Além disso, a História tinha por finalidade ser prolegômeno aos estudos de humanidades. Não po- demos, assim, falar ainda em um ensino de História nos parâmetros da história metódica até o século XIX. Todavia, o manual de Bonucci con- tribui para o entendimento dos antecedentes históricos da implantação de cursos autônomos de História no Brasil e, por essa razão, se situa nas origens da educação escolar brasileira, bem como na origem das dis- ciplinas escolares (RUCKSTADTER; RUCKSTADTER, 2015, p. 155). O termo “Humanidades” remonta três tradições ocidentais: à Antiguidade Clássica, à tradição cristã medieval e, por fim, ao Humanismo do século XVI. No primeiro sentido a palavra significava uma preparação para o homem em sua totalidade. Na segunda concepção é herdeira da tradição cristã e na última poderia ser compreendida aos estudos dos pensadores da Antigui- dade Clássica, ou mesmo aos alunos que integravam da 5ª a 8ª séries. Os pa- dres jesuítas atribuíram o termo aos estudos entre a gramática e a retórica. Esta perspectiva humanista almejava formar bons cidadãos, independente de sua função na sociedade. Fonte: Ruckstadter; Ruckstadter (2015, p. 156). 19 Os Caminhos do Ensino de História no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O jesuíta Antônio Maria Bonucci foi direcionado, primeiramente, para lecionar “Humanidades”, no Colégio de Olinda, ficando um breve período. Posteriormente, foi enviado para Recife, onde se fixou por dez anos, e, depois, designado para assumir a mesma disciplina no Colégio da Bahia, em 1696. É interessante pontuar que foi nos colégios jesuíticos que a História passou a ser ensinada pela primeira vez como um curso. Nesse dado momento, as temáticas ensinadas estavam rela- cionadas aos estudos das obras da Antiguidade Clássica: Grécia e Roma, como também nos cursos de Teologia, em que eram estudadas a História da Igreja. Já no século XVIII, observamos uma intencionalidade diferente no ensino de História nos Colégios Jesuíticos do Brasil português, assim afirma Ruckstadter (2015, p. 163): É preciso salientar que, no século XVIII, a História, ainda que não se constituísse como ciência autônoma, foi utilizada nos colégios jesuíticos europeus com a finalidade de legitimar a formação dos Estados Nacionais, especialmente no que diz respeito ao sentimento nacional. A formação de um sentimento nacional no Brasilem fins do século XVII correspondia a reforçar o sentimento de pertencimento a Portugal, sobretudo aos filhos dos colonos e aos futuros membros da Ordem, uma vez que, pelo regime do Padroado, os padres jesuítas que aqui estavam em missão, eram também funcionários da Coroa Portuguesa. Desse modo, caríssimo(a) aluno(a), conhecer a realidade de uma determinada sociedade é imprescindível para compreender como o Ensino foi estruturado naquele dado momento. Assim, por meio da leitura do excerto acima, podemos entender as mudanças ocorridas nas temáticas que integravam as “Humanidades”, visto as contestações que começavam a florescer entre os habitantes da colônia e que eclodiriam no final do século XVIII, com os dois principais movimen- tos de contestação ao poder Real português: a Conjuração Mineira, de 1789, e a Conjuração Baiana, de 1798. Por esse prisma, podemos compreender a neces- sidade de se construir um ideário para reforçar o sentimento de pertencimento a Portugal. O século XVIII ficou marcado na História política de Portugal e, consequen- temente, do Brasil, como a “Era Pombalina”. Sebastião José Carvalho e Melo, conhecido como Marquês de Pombal, foi o Primeiro Ministro lusitano no rei- nado de D. José I (1750 – 1777). Pombal foi “caracterizado como um déspota O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I esclarecido, com mãos de ferro e com espírito nacionalista e um tanto iluminista, foi ele que, de fato, governou Portugal durante esse tempo” (COSTA, 2011, p. 69) e promoveu a expulsão dos padres da Companhia de Jesus da colônia por- tuguesa em 1759. Segundo Boxer (2002), a origem da antipatia de Pombal aos jesuítas é incerta até 1750. Entretanto, cerca de dez anos mais tarde, o ódio se transformou em obsessão. De alguma forma, o primeiro ministro português via na Companhia de Jesus um inimigo em potencial, que deveria ser exterminado das aquisições lusas além-mar. A emissão da Lei de expulsão dos jesuítas do Brasil foi promulgada em setembro de 1759. A partir desse momento os membros da Companhia seriam expulsos da colônia lusa e um novo cenário educacional deveria ser implantado, já que, desde 1549, os inacianos foram os responsáveis pelo sistema educacio- nal dos trópicos portugueses. De acordo com os apontamentos realizados por Costa (2011), o primeiro ministro português promoveu uma reforma no campo educacional, passando a direção dos centros de ensino para o poder do Estado. Assim, criou as aulas régias de Latim, Grego, Filosofia e Retória. Essas mudanças foram promovidas O despotismo esclarecido é uma expressão usada para designar uma forma de governo característica da Europa continental da segunda metade do sé- culo XVIII. Foi uma forma de governo adotada pelos reis com o objetivo de transformar a monarquia absolutista que estava em crise com a popularida- de das ideias iluministas. O despotismo esclarecido tem como principal ca- racterística a forma de governo dos monarcas que, apesar de continuarem a governar suas nações com a concentração do poder, adotaram algumas ideias iluministas. Com isso, contribuíram para o desenvolvimento cultural de suas nações, adotando ainda um discurso paternalista e passando a ser conhecidos como déspotas esclarecidos. Fonte: Petrin (online). 21 Os Caminhos do Ensino de História no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . com o intuito de suprir a lacuna deixada com a desarticulação das escolas jesuí- ticas. Além dessas alterações, a partir desse momento também houve a criação do cargo de Diretor Geral dos Estudos e o subsídio literário. Nesse âmbito, com- plementa Costa (2011, p. 79): A finalidade do Diretor Geral dos Estudos era uniformizar a educação no Brasil, bem como fiscalizar a ação dos professores e o material di- dático utilizado, evitando, com isso, choque de interesses. Já o subsídio literário era um imposto criado para garantir o salário dos professores, a compra de livros, a organização de material didático e multiplicação dos estabelecimentos escolares. De qualquer forma, o grande objetivo da reforma educacional pombalina era centralizar nas rédeas do Esta- do, pautadas na visão científica propagada pelo iluminismo, a definição tanto dos conteúdos quanto dos métodos. Contudo essas mudanças promovidas por Pombal não foram suficientes para assegurar uma “revolução” do sistema educacional colonial ao longo do século XVIII. As aulas régias eram autônomas e isoladas, oferecidas por um único pro- fessor. Desse modo, o que deveria ser um ensino unificado, baseado na seriação dos estudos, passou a ser fragmentado e oferecido por professores que não esta- vam capacitados para lecionar. Além disso, a pedagogia utilizada pelos jesuítas permaneceu sendo aplicada nos centros educacionais, isto é, manteve-se a mesma metodologia e, consequentemente, o programa de estudos já aplicado pelos ina- cianos, porém de maneira desarticulada. Assim, compreende-se que: Pedagogicamente, esta nova organização não representou um avanço. Mesmo exigindo novos métodos e novos livros, no latim a orientação era apenas de servir como instrumento de auxílio à língua portugue- sa, o grego era indispensável a teólogos, advogados, artistas e médicos, a retórica não deveria ter seu uso restrito a cátedra. A filosofia ficou para bem mais tarde, mas efetivamente nada de novo aconteceu devido, principalmente, às dificuldades quanto à falta de recursos e pessoal preparado. As transformações no nível secundário não afetaram o fundamental, que permaneceu desvinculado da realidade, e buscando o modelo de exterior “civilizado”. Quem tinha condições de cursar o ensino superior enfrentava os perigos das viagens, para frequentar a Universidade de Coimbra ou outros centros europeus (SECO; AMA- RAL, 2006, p. 9). Figura 1: Brasão Imperial Fonte: File... (online). O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I NO IMPÉRIO DO BRASIL Caríssimo(a) acadêmico(a), já no século XIX, observamos uma estrutura dife- rente na colônia portuguesa. Esse momento fi cou marcado com a separação defi nitiva entre Brasil e Portugal, em 7 de setembro de 1822, com a proclamação da Independência brasileira realizada pelo príncipe Regente D. Pedro. Além das alterações no campo político, econômico e social, a nação recém-formada pre- cisava desenvolver medidas no cenário educacional que visassem à formação de um caráter tipicamente nacional entre os cidadãos. Contudo essa reformulação só foi efetivada a partir de 1838. No âmbito dessas mudanças, observamos que a disciplina de História foi introduzida no Brasil, a partir de 1838, no Colégio D. Pedro II. Localizado na capital do país, o colégio foi o primeiro centro de ensino de instrução secundária da esfera privada. Para ter acesso aos estudos, os alunos precisavam ser subme- tidos a rigorosos testes que analisavam desde o conteúdo pragmático até o perfi l do educando. Os alunos que ingressavam no colégio pagavam uma matrícula por ano e mensalidades trimestrais. Condições que restringiam o acesso aos estudos no Brasil durante o período Imperial (1822-1889). Quando pensamos na implantação da disciplina de História no Colégio D. Pedro II, precisamos compreender que os estudos de História do Brasil nunca ocuparam um lugar relevante nos pro- gramas de ensino do colégio, confi gurando-se como disciplina autônoma após 1850, todavia de forma polêmica. Segundo Bittencourt (2010, p. 193), “os Programas de Ensino do Colégio eram produzidos de acordocom os programas franceses, assim como seus manuais escola- res, usados tanto em francês como traduzidos”. Desse modo, compreendemos que não existia, no Brasil, um programa curricular nacional, desen- volvido pelos principais órgãos da nação, e sim um manual escolar francês, com uma estrutura educacional europeia. 23 Os Caminhos do Ensino de História no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Caro(a) acadêmico(a), nesse sentido, qual modelo de História era ensinado nesse momento? A metodologia utilizada nos centros de ensino seria pautada na memorização dos principais fatos políticos, datas e personagens considera- dos relevantes para a memória das nações. No que tange ao modelo de História no Brasil, compreendemos a importância do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) que se apresentava, nesse cenário, como espaço intelectual em que se desenvolveria o projeto de uma história tipicamente nacional, atuando como elemento indispensável na consolidação do regime monárquico. Segundo Avelar (2011, p. 21), o IHGB defendia uma ideia evolutiva da História, na qual o Império era o desenvolvimento natural da colonização europeia. Obviamente, essa forma de conceber nosso passado exigia que certos fatos e personagens fossem esquecidos. Isso significa que a própria independência e a ação evangelizadora da Igreja eram exaltadas, em contrapartida, os momentos de repressão aos movimentos sociais e às temáticas que envolviam a escravidão negra eram descartados dos programas de ensino, pois o objetivo era fortalecer e consolidar a monarquia no Brasil. Desse modo, a História eurocêntrica, cronológica e linear passou a ser ensinada como uma verdade pronta e acabada, imune às críticas, pois representava o poder do governo imperial, verdadeiro lugar de realização do nosso passado histórico (AVELAR, 2011, p. 21). De acordo com os apontamentos realizados por Circe Bittencourt (2010), a cria- ção de uma cadeira de História do Brasil, com professor devidamente contratado, se fez a pedidos do Imperador D. Pedro II (1840-1889), no entanto, mesmo com esse espaço reservado às temáticas nacionais, a autonomia da disciplina sem- pre sofreu a concorrência desleal dos conteúdos da História Universal, e esse panorama se estendeu até a década de 1930. Nesse prisma, destaca Bittencourt (2010, p. 193) O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I a análise da trajetória da história escolar nos permite identificar que a História do Brasil, paradoxalmente, nunca ocupou um lugar signi- ficativo nos programas curriculares brasileiros e menos ainda na prá- tica escolar, conforme mostram estudos da história da disciplina. [...] Predominou, no período do Império, o ensino de História Universal e História Sagrada, situação que facilmente se constata ao se comparar a carga didática das cadeiras de História Universal com a História Nacio- nal. A História do Brasil, acompanhada pela Geografia ou Corografia do Brasil era reservada para as séries finais (sexta e sétima), sendo ob- jeto de estudos de um número de alunos bastante reduzido, lembrando que o ensino de nível secundário não era obrigatório para a entrada nos cursos superiores. Desse modo, o ensino de História no Brasil, desde sua implantação nos currícu- los escolares no século XIX até a década de 1930, seguia o modelo estruturado pela tradição de escola francesa, em que obedecia a um esquema quadripartite com a divisão da História em Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea. Já a História do Brasil aparecia atrelada à História Universal, mais precisamente em segundo plano. Na verdade, essa tradição de escola francesa herdada no século XIX foi uma realidade presente nos colégios durante o século XX. ENSINO DE HISTÓRIA NOS PROGRAMAS DE 1855 A 1901: 1855: * Geografia e História Moderna (3º ano). * Geografia e História Moderna e Corografia Brasileira e História Nacio- nal (4º ano). * Geografia e História Antiga (5º ano). * Geografia e História da Idade Média (6º ano). 1857: * História Sagrada (1º ano). * História da Idade Média (3º ano). * História Moderna e Contemporânea e Corografia e História do Bra- sil (4º ano). 25 Os Caminhos do Ensino de História no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . * Corografia e História do Brasil (5º ano). * História Antiga (6º ano). 1862: * História Antiga (2º ano). * História Antiga (3º ano). * História da Idade Média (4º ano). * História da Idade Média (5º ano). * História Moderna (6º ano). * Corografia e História do Brasil (7º ano). 1870: * História Sagrada (1º ano). * História Antiga (4º ano). * História Moderna (6º ano). * História e Corografia do Brasil (7º ano). 1876: * Religião e História Sagrada (1º ano). * História Antiga e Média (4º ano). * História Moderna e Contemporânea (5º ano). * História do Brasil (7º ano). 1878: * História Antiga e Média (4º ano). * História Moderna e Contemporânea (4º ano). * História e Corografia do Brasil (7º ano). 1881: * História Sagrada (1º ano). * História Geral (5º ano). * História do Brasil (7º ano). Figura 2: Proclamação da República de Benedito Calixto Fonte: File... (online). O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I 1901: * História Universal (4º ano). * História Universal (5º ano). * História do Brasil (6º ano). Fonte: (BITTENCOURT, 2008, p. 101-102). PERÍODO REPUBLICANO O final do século XIX ficou marcado na História da nação brasileira com o fim do período monárquico no Brasil. Em 15 de novembro de 1889, o Brasil dei- xou para trás um sistema de governo baseado nas relações monárquicas para se estruturar em uma política republicana. Nos anos iniciais, após a proclama- ção da república brasileira, os debates acerca dos projetos no âmbito geral da nação, bem como no cenário educacional foram discutidos no cenário educa- cional. Todavia, mesmo diante de tantas mudanças que prezavam pelo avanço do Ensino no país, de forma contraditória, a História do Brasil foi extinta como cadeira autônoma do Colégio D. Pedro II. Bittencourt (2010, p. 194) destaca que, em 1901, a “História do Brasil passou a pertencer como apêndice da cadeira de História Universal, com um conteúdo relativamente extenso, mas que dificil- mente era ensinado”, isso acontecia “porque o ano letivo terminava antes dos professores conseguirem chegar, sequer, até o final da colonização”. 27 Os Caminhos do Ensino de História no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Além dessas mudanças, o Brasil republicano carregava uma bandeira no âmbito educacional que pretendia formar cidadãos, que teriam o privilégio de viver em uma nação permeada por valores democráticos. Segundo Avelar (2011, p. 22), o clima era de otimismo pedagógico e de um verdadeiro entusiasmo pela educação “que se refletiu na ampliação do ensino secundário e que culminou na criação do primeiro curso superior de História, na Universidade de São Paulo (USP)”. Mesmo diante dessas reformulações no ensino, o espaço escolar ainda era uma realidade restrita na sociedade brasileira, haja vista que ela atendia quase que exclusivamente as classes médias e altas da sociedade.Por outro lado, as mudanças educacionais empreendidas na fase inicial do período republicano sofreram, do mesmo modo, críticas severas. Um dos epi- sódios mais interessantes desse momento aconteceu após a exclusão da cadeira de História do Brasil, em 1901. Naquele momento, o professor Capistrano de Abreu (um dos nomes mais significativos da historiografia nacional) se recu- sou a ensinar a História do Brasil sob aquelas condições e foi afastado de suas funções no ensino secundário. Ao lado de historiadores, como João Ribeiro e Manoel Bonfim, Capistrano e esse grupo de intelectuais passaram a se debruçar O problema de vencer o conteúdo de História programado para o ano letivo ainda é uma realidade recorrente nas Escolas ou Colégios públicos brasi- leiros. Nesse sentido, podemos considerar três situações distintas, mas que podem justificar esse atraso no conteúdo. No primeiro caso, destacamos o problema relacionado à indisciplina em sala de aula, em que, muitas vezes, o professor chega a perder tempo significativo para deixar o ambiente ade- quado para aprendizagem. Também podemos mencionar a falta de plane- jamento das aulas que serão aplicadas aos alunos, em que os conteúdos poderiam ser estruturados de forma mais organizada. Em último caso, des- tacamos o problema na escolha do livro didático, visto que, muitas vezes, o livro apresenta uma linguagem complexa que dificulta o aprendizado ou ainda com um volume de conteúdos acima da realidade escolar, uma vez que o espaço da disciplina de História na rede escolar se limita a duas ou três aulas na semana. Fonte: as autoras. Figura 3: Getúlio Vargas Fonte: File... (online). O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I nos estudos sobre o Brasil, a fim de compreender as singularidades existentes na formação da nação, mas também para justificar a importância da autonomia da disciplina de História do Brasil para o sistema educacional. NO SÉCULO XX A década de 1930 foi um momento de efervescência da História do Brasil. Presenciamos uma série de mudanças que transitaram pelo cenário político, econômico e social. No campo político, observamos o fim da República “café com leite”, com o Golpe de 1930, dirigido por Getúlio Vargas, que tirou o presidente Washington Luís do governo. No âmbito econômico, as transformações foram drás- ticas, principalmente no que concerne ao mercado internacional com os reflexos negativos da Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque de 1929. Esse incidente norte americano prejudicou o principal produto de exportação brasileira: o café. Em contrapartida, também visualizamos a luta por direitos trabalhistas e a con- solidação do operariado. Já no prisma social, presenciamos alterações relevantes, com a ampliação da cidadania, em 1932, em que as mulheres conquistaram o direito ao voto. Todavia as mudanças não ficaram limitas a esses campos da sociedade. No cenário educacional, medidas importantes foram tomadas a par- tir desse momento de nossa História. Segundo Bittencourt (2010), a década de 1930 representa um momento importante de mudanças na Educação do país, começando pela reforma de Francisco Campos de 1930. Essa reformulação previa a obrigatoriedade do ensino secundário para o ingresso em cursos superiores, tornando possível uma abrangência significativa desse nível de instrução educacional. Além dessas alte- rações, situa-se 29 Os Caminhos do Ensino de História no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . o ensino de História como responsável para a formação do homem moderno preparado para enfrentar o mundo urbano e tecnológico, dentro das concepções de progresso e civilização (BITTENCOURT, 2010, p. 195). Contudo, mesmo com a efetivação dessa Reforma, o esquema quatripartite per- manece, apenas separando os estudos da disciplina de História do Brasil em dois momentos distintos. Na primeira série, os estudos estavam direcionados até o momento da Independência do Brasil de 1822 e, na segunda série, partiam desse episódio e se findavam naquele dado momento, ou seja, na Revolução de 1930. De acordo com os apontamentos realizados por Rodrigues e Amaro (2013), a obrigatoriedade do ensino de História ocorre, apenas, a partir da Era Vargas, com a Reforma Francisco Campos, em que também ficou estabelecido que a disciplina seria ministrada no ensino secundário e organizada de acordo com os conteúdos previstos na História da Civilização, distribuída em cinco momen- tos (RODRIGUES; AMARO, 2013, p. 14). A seguir, vocês podem visualizar o esquema de organização da disciplina: ■ Primeira Série: História Geral. ■ Segunda Série: História da Antiguidade e História da América e do Brasil. ■ Terceira Série: Idade Média e Arqueologia e Etnologia da América e do Brasil. ■ Quarta Série: História Moderna e História da América e do Brasil. ■ Quinta Série: História Contemporânea e História do Brasil. Essa reformulação no campo educacional foi alvo de críticas de alguns estudio- sos que analisavam o sistema de Ensino brasileiro. Segundo Hollanda (1957), o modo como foi estruturada a História da Civilização era algo impossível de se concretizar no cotidiano escolar nacional. O autor justificava sua crítica alegando que havia um número insuficiente de aulas de História na grade curricular das escolas de Ensino Secundário naquele momento, e ainda reforça seu posicio- namento destacando o número de estudantes por turma na segunda série, que poderia chegar a 50 alunos (RODRIGUES; AMARO, 2013 apud HOLLANDA, 1957, p. 77-119). O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Não podemos esquecer que a História ensinada nesse momento é duramente marcada pelas características positivistas, ou seja, sob o modelo civilizatório de Charles Seignobos. Nesse aspecto, precisamos compreender que a História era analisada como um passado distante, morto, sem qualquer relação com o pre- sente. Além disso, as temáticas discutidas eram permeadas pelo eurocentrismo e pelo etnocentrismo, de modo que a linearidade era via de regra das análises históricas (RODRIGUES; AMARO, 2013). Outro ponto que precisamos enfa- tizar é o caráter elitista que o ensino secundário possuía, ou seja, voltado para preparar as elites brasileiras que eram responsáveis pela condução do povo, bus- cando despertar a consciência patriótica da população. Além da Reforma Francisco Campos de 1930, observamos a criação da Reforma Gustavo Capanema de 1942, que ficou conhecida como “Lei Orgânica do Ensino Secundário”. Por meio dessa reforma, houve uma alteração na duração do ensino secundário que passaria de cinco para quatro anos e a criação do curso ginasial, depois conhecido como colegial. Essa reformulação também previa que o colegial não seria um estágio do ensino escolar que preparasse exclusivamente o aluno para o Ensino Superior, mas sim um momento em que os estudantes pudessem obter uma formação geral. Não podemos esquecer que esse momento marcou o sistema educacional do país, por apresentar a versão inicial da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), enviada ao Congresso Nacional em 1948 e promulgada somente em 1961, pelo presidente João Goulart (Lei nº4. 024/61). Contudo é importante pontuar que, devido ao Golpe Militar, instaurado em 1964, a presente Lei da Educação foi paulatinamente modificada (BRANDÃO, 2010). É importante destacar que a Reforma Francisco Campos estruturou o ensino secundário em dois cursos: fundamental, com cinco anos, e complementar,obrigatório para os candidatos ao ensino universitário de Direito, Medicina, Farmácia e Odontologia (com dois anos de trabalho prático além dos estu- dos). Fonte: Rodrigues; Amaro (2013, p. 15). 31 Os Caminhos do Ensino de História no Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Segundo Bittencourt (2010), ao se analisar o percurso da disciplina de História, chega-se a conclusão de que até o início dos anos 70 predominou um estudo de História do Brasil vinculado a uma concepção de ‘genealogia da nação’ com alternâncias entre a valorização do político e econômico (BITTENCOURT, 2010, p. 196). Desse modo, observamos a permanência de uma História política tradicional, em que o Estado Nação se colocava como o sujeito principal das discussões e os feitos dos principais líderes políticos eram exaltados. Isto é, uma História “vista de cima”, desprezando a ação de outros setores sociais. A década de 1960 ficaria duramente marcada na História do povo brasi- leiro. O Brasil de 1964 a 1985 vivenciou uma fase tenebrosa de sua trajetória enquanto nação Latino-americana. Esse momento ficou conhecido pela dura repressão dos órgãos do Governo aos grupos sociais que manifestassem qual- quer tipo de insatisfação para a política empreendida pelos dirigentes da nação. Essa gama de mudanças não ficou restrita ao cenário econômico e político, mas, do mesmo modo, foram expostas no campo educacional, atendendo a uma nova realidade social. Nesse momento, observamos uma série de reformas tanto no ensino secundário (1º e 2º graus), por meio da Lei n 5.692/71, como também na esfera superior, por meio da Lei n. 5.540/68. Assim, podemos considerar que: nos anos 70 assiste-se a uma organização diferente do currículo, crian- do-se o primeiro grau de oito anos e um segundo grau profissionalizan- te. Um currículo de caráter científico, mas entendido em sua formula- ção tecnicista, consegue se impor e as áreas humanas passam por um amplo processo de descaracterização e perda de status. A História do Brasil se mescla a estudos de Geografia, Educação Moral e Cívica e Or- ganização Social e Política do Brasil (OSPB), formando uma amálgama de conhecimentos superficiais e sem base científica. Os avanços da his- toriografia e a introdução da formação de professores, por intermédio de estudos de nível superior, foram diluídos e ignorados neste processo [...] (BITTENCOURT, 2010, p. 197). Assim, em 1971, a disciplina de Estudos Sociais, que integrava as disciplinas de História e Geografia, foi inserida na grade curricular do primeiro grau. Esse pro- fessor poderia, ainda, lecionar a disciplina de Educação Moral e Cívica. Nesse sentido, um mesmo profissional poderia atuar em disciplinas distintas sem ter O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I uma formação específica, algo que comprometeria a compreensão das temáti- cas e dos processos históricos. Tais mudanças repercutiram de forma negativa entre os professores que inte- gravam a Associação Nacional dos Professores Universitários de História (Anpuh) e os docentes da Associação dos Geógrafos do Brasil (AGB). Para amenizar as críticas, o governo permitiu que a disciplina de Estudos Sociais também pudesse ser ministrada por professores com formação em História e Geografia (AVELAR, 2011, p. 24). Entretanto essa realidade permaneceria por vários anos, visto que foi apenas na década de 1990 que a licenciatura de Estudos Sociais foi abolida. No final dos anos 70 e durante a década de 1980, o país, mais uma vez, sofreu uma série de mudanças relacionadas ao âmbito político, econômico e social. Tais transformações também foram importantes para o sistema educacional do país. Segundo Rodrigues e Amaro (2013, p. 18), essas alterações no cenário nacional aconteceram após as eleições de 1982, quando governos de oposição que prioriza- vam mudanças, sobretudo na Educação, assumiram vários Estados e possibilitaram uma nova visão da escola pública. Também podemos destacar os apontamentos realizados por Selva Guimarães Fonseca que considera a década de 1980 como uma realidade “rica e contraditória”, pois, de um lado, existia a preocupação de debater e refletir acerca das problemá- ticas de diferentes áreas e, por outro, lado observava-se a “permanência de uma legislação elaborada em plena ditadura” (FONSECA, 1980, p. 53). Além disso, no que concerne ao processo de redemocratização do país, esse período também foi palco de uma série de contestações das quais podemos citar: movimentos gre- vistas desencadeados por profissionais da Educação, luta pelas eleições diretas e, ainda, uma reformulação nos currículos em grande parte dos Estados brasileiros. Finalmente, em 15 de janeiro de 1985, o Brasil encerra sua fase ditatorial. A oposição chega ao poder comandada por Tancredo Neves que, devido à saúde frágil, morreu antes de assumir a presidência da república. Seu sucessor foi José Sarney, vice-presidente da república, que enfrentou uma série de problemas econômicos e escândalos ligados ao nepotismo e à corrupção. Esse momento da História do Brasil é de suma importância por permitir discussões no âmbito educacional, refletindo em uma preocupação com o tipo de ensino e escola que deveria ser organizada nos Estados brasileiros. 33 Constituição da República Federativa do Brasil e o Ensino Básico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O ENSINO BÁSICO A EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO DE TODOS A posse de um Governo Civil, em 1985, não só finalizou o período ditatorial no Brasil, como também possibilitou, dois anos depois, a “convocação de um Congresso Nacional Constituinte, que escreve uma nova Constituição brasileira, promulgada em 5 de outubro de 1988” (BRANDÃO, 2010, p. 14). Devemos compreender que essa nova Constituição nacional precisava refletir os anseios democráticos presen- tes naquela nova realidade daquele momento. Quando refletimos acerca das alterações nas esferas constitucionais de um país, não podemos esquecer que a Educação também pode sofrer alterações significativas, sobretudo quando tratamos desse dado momento. Dessa maneira, essas discussões possibilitaram debates sobre a construção de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB/1996), porém, antes de iniciarmos essa abordagem, colocaremos em pauta, de maneira breve, questões relevantes que preparavam o terreno para a implementação desta Constituição da Educação cerca de oito anos depois da Constituição Brasileira de 1988. A conjuntura da Constituição Brasileira de 1988 foi marcada por discussões nos anos anteriores, sobretudo em 1987. Nesse presente ano, as reflexões se tornaram mais profícuas, pois a intenção era buscar alternativas e reformular os programas curriculares dos colégios estaduais do país afora. O objetivo era assegurar um ensino de qualidade com o envolvimento direto de educandos e educadores, deixando para trás as amarras do regime ditatorial definitivamente (RODRIGUES; AMARO, 2013). Tais reflexões resultaram no projeto denominado “Escola Cidadã”, em que a insti- tuição educacional se assumia como um centro de direitos e deveres, preparando os alunos para a cidadania e, com isso, sendo coerente com um discurso libertador. Figura 4: Ullysses Guimarães na Constituição de 1988 Fonte: File... (online). O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I A bandeira de luta empreendida pela democratização da escola, pela garantia de acesso e permanência do aluno na escola, aliou-se à da me- lhoria da qualidade de ensino. Para isso, os governantes eleitos colo- caram em prática uma série de programas que, embora diferenciados, apresentavam em comuns duas características básicas: propostas de intervenção que visavam atingir a totalidade dos sistemas escolares; e a congregação de um conjunto de ações que tinha como alvo privilegia- do as primeiras séries do ensino básico, em que era elevado o índice de evasão e repetência (RODRIGUES; AMARO, 2013, p. 18). Nesse sentido, em dezembro de 1988, o até então deputado mineiro, Otávio Elísio, “foi encarregado de apresentar à Câmara dos Deputados uma primeira proposta do projeto de lei para a nova LDB, o qual recebeu o número 1.158-A/88” (BRANDÃO, 2010, p. 14). Essa proposta foi apresentada ao também deputado mineiro Jorge Hage, “relator da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados”. Entretanto a proposta inicial não fora aceita pela Câmera e coube a discussão de um projeto substitutivo. Tais discussões se arrastaram até 1990, quando chegou ao fim o mandato do legislativo (BRANDÃO, 2010, p.14). Caríssimo (a) acadêmico (a), para compreendermos melhor o cenário des- sas discussões, precisamos apresentar alguns pontos que foram colocados em pauta na Constituição Brasileira de 1988 por meio do Capítulo III “Da Educação, da Cultura e do Desporto” – Sessão I: “Da Educação”, que estabelece os deve- res do Estado no âmbito das Escolas, dos alunos e professores da nação democrá- tica em construção. Assim, destacamos: 35 Constituição da República Federativa do Brasil e o Ensino Básico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I. Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III. Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V. Valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na for- ma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por con- curso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI. Gestão democrática do ensino público, na forma de lei; VII. Garantia de padrão de qualidade; VIII. Piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos da lei federal. Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a ga- rantia de: I. Ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiverem acesso na idade própria. II. Progressiva universalização do ensino médio gratuito; III. Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiên- cia, preferencialmente na rede regular de ensino; IV. Educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; V. Acesso aos níveis mais elevados de ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI. Oferta de ensino noturno regular, adequando às condições do edu- cando; VII. Atendimento ao educando, no ensino fundamental, através dos pro- gramas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali- mentação e assistência à saúde. O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Destacamos alguns artigos que foram apresentados na Constituição Brasileira de 1988 no que tange à educação do país. Por meio dessas medidas, podemos observar os anseios do Governo para criar um Estado moderno e democrático, colocando a educação como uma prioridade. Desse modo, entendemos que a Educação é direito de todos e dever do Estado e da Família, no entanto, para que o Ensino seja ofertado nessas preliminares apresentadas anteriormente, faz-se necessário uma combinação de fatores positivos que estão amparados tanto na organiza- ção dessa nova escola como nos investimentos do setor público para a Educação. Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. 2º. Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na edu- cação infantil. 3º. Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fun- damental e médio. Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Esta- dos, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transfe- rências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plu- rianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus di- versos níveis e à integração das ações do poder público que conduzam à: • Lei 10.172/2011 – Aprova o Plano Nacional de Educação. I. Erradicação do analfabetismo; II. Universalização do atendimento escolar; III. Melhoria da qualidade de ensino; IV. Formação para o trabalho; V. Promoção humanística, científica e tecnológica do País. Fonte: Só leis (online). 37 Constituição da República Federativa do Brasil e o Ensino Básico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Além disso, não podemos esquecer que a Educação também compete à família, ou seja, sendo dever do Estado e direito da criança, uma família não pode privar a criança de frequentar uma instituição educacional. Com isso, entendemos que a realidade da sociedade brasileira atual, infelizmente, não reproduz os anseios de uma Constituição que foi pensada em 1988. O Brasil tem mais de 3,5 milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos fora da escola. Destes, metade corresponde a jovens de 15 a 17 anos. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011, divulgada nesta sexta-feira (21), e mostram uma queda em re- lação à pesquisa anterior, de 2009, quando foram registrados 3,7 milhões de crianças e adolescentes fora da escola. O percentual de jovens de 15 a 17 anos frequentando a escola em 2011 foi de 83,7% da população nesta faixa etária. Dos 10,5 milhões de jovens desta idade, 8,8 milhões estão na escola. Isso indica que o restante (16,3%), correspondente a 1,7 milhão de jovens desta idade, estão fora da escola. O número representa a metade do total de brasileiros de 4 a 17 anos fora da escola, que é de 3,5 milhões. Na faixa etária de 4 e 5 anos, correspondente à pré-escola, o país tem 77,4% das crianças inseridas. Já na faixa etária de 6 a 14 anos, que correponde às idades do ciclo de ensino fundamental, a taxa é de 98,2%. A queda na faixa etária de 15 a 17 anos (83,7%) mostra já uma evasão dos jovens na idade esperada para os estudantes cursaremo ensino médio. Fonte: G1 (online). Figura 5: Movimento: Diretas Já Fonte: File... (online). O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I A DISCIPLINA DE HISTÓRIA NO CONTEXTO DA (RE) DEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL As mudanças que ocorriam no cenário educacional brasileiro eram uma resposta à nova realidade social do país. Não podemos esquecer que as transformações não se limitaram no âmbito das competências diretas do Estado no que tange à reformulação dessa nova Escola, mas sim considerar que essas inquietações refletiram na organização dos currículos escolares, sobretudo em São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Esses Estados possuíam uma preocupação em “ampliar o campo de investigação, em incorporar novos temas, novas fontes documentais e novas problemáticas ao ensino de História” (RODRIGUES; AMARO, 2013, p. 18). Essa abertura nas abordagens da disciplina de História se apresentava como uma busca por respostas ao crescente quadro de exclusão escolar presente no ensino fundamental. Desse modo, buscou-se dar voz aos excluídos, tentando romper com a forma tradicional de ensinar História, ora na forma de tratar os conteúdos já existentes, ora procurando a construção de outros conhecimentos, mas sempre se po- sicionando contra a visão historicista de história (RODRIGUES; AMA- RO, 2013, p. 19). O que precisamos compreender é que, após 1985, o Brasil passou por um processo de democratização da escola pública e, nesse contexto de abertura política, tive- mos uma série de debates acerca do sistema educacional implantado no país. Essas discussões foram colocadas de início pelos governos estaduais de oposição e leva- das posteriormente para as cadeiras do Congresso Nacional que, em 1988, votava a Constituição democrática brasileira. Da mesma forma, precisamos considerar 39 A Disciplina de História no Contexto da (Re)Democratização do Brasil Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . que as mudanças não ficaram restritas aos currículos das escolas ou colégios públicos estaduais, mas também foram operadas e sentidas no Ensino Superior, nos cursos de licenciatura em História das principais Universidades Públicas Brasileiras que, nesse contexto, igualmente, lutavam pela ampliação de abordagens e temáticas históricas. Tais preocupações acadêmicas também ambicionavam discussões por novos projetos curriculares da disciplina para a Educação Básica, tendo em vista que o ensino de História ainda estava preso às amarras da História tradicional: linear, fac- tual e memorística. Segundo as reflexões de Rodrigues e Amaro (2013 , p.19), “as reformulações curriculares implantadas ao longo da década de 1980 e início da de 1990 trouxeram, inegavelmente, a influência marcante das novas tendências histo- riográficas: novos problemas, novas abordagens e novos objetos”. Essas mudanças podem ser observadas no estudo das Diretrizes Curriculares da educação básica para a disciplina de História do Estado do Paraná (objeto de estudo da unidade II de nosso livro), assim, destacamos: [...] na segunda metade da década de 1980 e no início dos anos de 1990, cresceram os debates em torno das reformas democráticas na área edu- cacional, processo que repercutiu nas novas propostas de ensino de História. Essa discussão entre educadores e outros setores da sociedade foi resultado da restauração das liberdades individuais e coletivas do país. Isso levou tanto à produção diferenciada de materiais didáticos e paradidáticos quanto à de novas propostas curriculares, em vários Es- tados. A produção de livros didáticos e paradidáticos procurou incor- porar novas historiografias e, em alguns casos, chegou a ditar o currí- culo (DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO PARANÁ, 2008, p. 41). No Paraná, segundo consta nas Diretrizes Curriculares (2008), observamos uma tentativa de aproximar o Ensino Superior com a Educação Básica. A pretensão era estreitar os laços entre a produção acadêmica elaborada nas Universidades ao ensino de História no Primeiro Grau, baseado na pedagogia histórico-crítica (teoria que busca o rompimento com as pedagogias anteriores: tradicional, nova e tecnicista) que se manifesta como uma proposta pedagógica para o ensino na esfera pública até o presente momento, mas que ainda enfrenta muitos obstáculos e resistência por parte dos professores da Educação Básica, muitas vezes, devido à fragilidade na formação acadêmica ou mesmo pela resistência na hora de refletir sobre o plano de trabalho docente. O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Nesse sentido, você deve se perguntar: qual tipo de ensino de História se pretendia aplicar no contexto da redemocratização do país? Um bom exemplo desse novo projeto curricular se expressa no conteúdo de História da 5ª série (atualmente, 6º ano), no qual presenciamos uma organização que parte do estudo da produção do conhecimento histórico, dos tipos de fontes existentes, assim como das temporalidades para as análises históricas. Essas temáticas pensadas nesse contexto ainda aparecem em muitos livros didáticos da disciplina, porém de forma mais analítica (DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO PARANA, 2008). Contudo, mesmo com tantas propostas curriculares para a reestruturação da Educação Básica, o trabalho didático ficou limitado. Isso ocorreu devido a uma série de fatores, porém os mais importantes se referem à falta de orien- tação para a organização e à implantação dessa nova proposta e a escassez de professores que ministrassem, de fato, a disciplina de História. Essas implica- ções ocorreram porque, desde a década de 1970, a disciplina vinha perdendo espaço na grade curricular das Escolas Estaduais em razão da implantação das disciplinas de Estudos Sociais, Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política do Brasil. Por tais motivos, os professores de História estavam “afas- tados” da especificidade do conhecimento histórico, em que a discussão ficava limitada às possibilidades do momento, ou seja, sem questionamento social e obedecendo à estrutura educacional de um governo ditatorial. Segundo Fonseca (2003), a partir da década de 1990, no cerne das discus- sões entre liberais e conservadores, é que as disputas e lutas acerca de uma nova política educacional aconteceram. Esse momento também foi importante para o amadurecimento da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) que foi implanta no cenário educacional brasileiro em 1996. Nesse sentido, presencia- mos: a retirada da disciplina de Estudos Sociais nas quatro primeiras séries (1ª à 4ª série do ensino primário – hoje: 1º ao 5º ano – responsabilidade dos governos municipais) para o retorno das disciplinas de História e Geografia, que voltaram a integrar a grade curricular como disciplinas autônomas. Em contrapartida, mesmo com essas reformulações, ambas continuam sendo ministradas por um professor polivalente, isto é, que possui uma formação ampla, geralmente alguém licenciado em pedagogia. Nas séries finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano ©shutterstock 41 Lei de Diretrizes e Bases e o Ensino de História Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . atualmente), a disciplina de História também ganhou autonomia e, no ensino médio, adquiriu maior carga horária. Além dessas mudanças significativas, o conteúdo ensinado assumiu diferentesdebates, visando à formação de um pen- samento crítico e a construção da cidadania entre os educandos (FONSECA, 2003, p. 26). Assim, após muitas disputas, debates e críticas acerca da implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (pensada desde a década de 1980), os deputados que integravam o legislativo daquele momento aprovaram, com pequenas altera- ções, a nova LDB, em 17 de dezembro de 1996. Esse projeto foi sancionado pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, transfor- mando-o na Lei nº 9.394/96, em 20 de dezembro de 1996, publicado no Diário Oficial da União em 23 de dezembro de 1996, quando efetiva- mente passou a vigorar (BRANDÃO, 2010, p. 16). Desde então, a LDB já sofreu mais de vinte alterações em suas prerrogativas. A seguir, apresentamos os principais artigos que integram a nossa Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI DE DIRETRIZES E BASES E O ENSINO DE HISTÓRIA A LDB E A EDUCAÇÃO BÁSICA NACIONAL Caríssimo(a) aluno(a), neste item, discutiremos alguns artigos presentes na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996, sobretudo no que concerne aos princípios da Educação Básica – aqui enten- dida como o Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e o Ensino Médio (1º ao 3º ano). É importante O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I destacar que a LDB/96 não foi a primeira Constituição da Educação do Brasil. Tais discussões ocuparam o cenário nacional político desde meados do século XX. A LDB aparece no texto constitucional de 1946 como um objeto norma- tivo indispensável na definição de um sistema educacional brasileiro. Contudo, apenas em 1961, durante o governo do presidente João Goulart (1961-1964), a LDB foi definitivamente aplicada. É preciso compreender que a LDB é um conjunto de leis que almeja orga- nizar e estruturar o ensino no Brasil. Por meio dessas leis, mesmo que de forma solúvel, percebemos as concepções, pretensões e os valores para a Educação no Brasil. Um dos pontos levantados por estudiosos da Educação é que a LDB des- taca a função da escola como o ambiente responsável pela formação do cidadão. Qual cidadão? Aquele conhecedor de seus direitos e deveres, o cidadão que precisa se inserir no mercado de trabalho, ou seja, o que ocupa um lugar na sociedade. Entretanto será que nosso sistema educacional idealizado na LDB e estru- turado nas Diretrizes Curriculares Nacionais prepara nossas crianças e jovens para exercer o ofício de cidadão? Como professora da Educação Básica, tenho observado que vivemos em um abismo entre a legislação (LDB) e a realidade presente em nossos centros educacionais de caráter público e isso ocorre devido a uma série de fatores negativos, dentre os quais podemos destacar: a ausência de investimentos na Educação, a escassez de cursos de capacitação aos profis- sionais do ensino, somadas à falta de motivação aos educandos. Segue alguns pontos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação e seus respectivos comentários: Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. 1º. Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominante- mente, por meio do ensino, em instituições próprias. 2º. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. Fonte: LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. Lei 9.394/1996 (2010, p. 35). 43 Lei de Diretrizes e Bases e o Ensino de História Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O artigo primeiro da LDB demonstra a Educação como um direito de todos. Nesse âmbito, ela não se manifesta apenas no espaço escolar, mas sim em todas as relações que o indivíduo estabelece em sociedade. Entendemos, dessa forma, que a educação pode ocorrer na família, na comunidade, no trabalho e, prin- cipalmente, na escola. Além dessas constatações, podemos, ainda, destacar os objetivos da educação no Brasil, que, de acordo com o artigo anterior, estão vol- tados, sobretudo, para o mercado de trabalho e para a vida em sociedade. Isso significa elaborar condições para preparar os alunos para a vida profissional e criar reflexões de seu papel como agente social, conhecendo seus deveres e direitos. Art. 5º. O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, poden- do qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organiza- ção sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo. I. Recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiverem acesso; II. Fazer-lhes a chamada pública; III. Zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. Fonte: LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. Lei 9.394/1996 (2010, p. 37). Nesse item, compreendemos o direito de todos os brasileiros ao ensino fun- damental, independente de sua localização geográfica ou de seu estrato social. Todos possuem os mesmos direitos de acesso. Caso isso não seja uma realidade presente para a criança, os pais, responsáveis ou até mesmo qualquer cidadão comum podem acionar o Poder Judiciário para garantir o acesso da criança ao ensino. Outro ponto relevante desse artigo se refere à frequência do aluno na escola: o educando precisa frequentar 75% do total de horas letivas, quando isso não ocorre, o aluno reprova por faltas, mesmo possuindo nota suficiente para avançar na série (ano). Suas faltas só são desconsideradas se os responsá- veis apresentarem um atestado médico comprovando a ausência da criança e/ ou adolescente, porém essa comunicação entre os responsáveis e a escola pre- cisa ocorrer rapidamente. Por outro lado, é responsabilidade dos professores O ENSINO DE HISTÓRIA E A POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I verificarem a frequência dos alunos e comunicarem a ocorrência de faltas sem justificativa para a equipe pedagógica da escola, esta deverá entrar em contato com a família e avisá-la acerca desse problema. Por isso, é de suma relevância que o cadastro do aluno esteja atualizado com os telefones disponíveis para contato. Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I. Elaborar e executar sua proposta pedagógica; II. Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III. Assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV. Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V. Prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI. Articula-se com as famílias e a comunidade, criando processos de in- tegração da sociedade com a escola; VII. Informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alu- nos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; VIII. Notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Co- marca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido por lei. Fonte: LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. Lei 9.394/1996 (2010, p. 40). Quando analisamos a organização dos estabelecimentos de
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