Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
PERTURBAÇÃO DE PÂNICO E AGORAFOBIA Discentes: Ana Bárbara Silva nº 12104 Filipa Ramos nº 12085 Inês Baptista nº 12123 Inês Pereira nº 12101 Marta Vieira nº 8518 Sílvia Lourenço nº 12069 Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa Unidade Curricular: Estudo de Casos Clínicos 4 de Maio 2016 ATAQUE DE PÂNICO PODE OCORRER: Qualquer perturbação da ansiedade Perturbações mentais (e.g., perturbação depressiva) Algumas condições médicas (e.g., cardíaca) Período abrupto de medo e/ou desconforto intensos, que atinge um pico em minutos e durante o qual ocorrem 4 ou mais dos sintomas: ATAQUE DE PÂNICO Um ataque de pânico pode surgir quer de um estado calmo quer de um estado ansioso Interpretação Errada de Eventos Internos Sinal de catástrofe imediata Sensações do corpo ou experiências mentais ATAQUE DE PÂNICO Medo de morrer Medo de perder o controlo PERTURBAÇÃO DE PÂNICO Ataques de Pânico Inesperados Recorrentes Presentes 4 ou mais Sintomas de Ataque de Pânico Mais do que um ataque inesperado para o qual não há uma pista ou desencadeante óbvio na altura em que ocorre Pelo menos um dos ataques foi seguido por um 1 mês (ou mais) de um ou de ambos: Preocupação persistente acerca de ter novos ataques de pânico ou das suas consequências Uma alteração significativa desadaptativa relacionada com os ataques 5 AGORAFOBIA Medo ou ansiedade intensos desencadeados pela exposição real ou pela antecipação a um conjunto de situações: Acreditam que a fuga das situações agorafóbicas será difícil (e.g., “não consigo sair daqui”) ou que ajuda estará indisponível (e.g., “não há ninguém para me ajudar”) AGORAFOBIA Se ocorrerem sintomas do tipo pânico (e.g., tonturas, desmaios ou medo de morrer) ou outros sintomas incapacitantes ou embaraçosos (e.g., vómitos, sensação de se perderem, desorientação, ou medo de cair) AGORAFOBIA Evitamento de Situações Agorafóbicas Natureza cognitiva (e.g., usar distrações para evitar passar por situações agorafóbicas) Natureza comportamental (e.g., alterar rotinas diárias, escolher um emprego próximo de modo a evitar a utilização de transportes públicos, entrega de alimentos em casa para evitar entrar em supermercados) AGORAFOBIA Muitas vezes, o indivíduo consegue enfrentar uma situação temida se estiver acompanhado por alguém (e.g., um parceiro, familiar, amigo ou profissional de saúde) O medo ou ansiedade são desproporcionais em relação ao perigo real que as situações agorafóbicas pressupõem e ao contexto sociocultural O medo, ansiedade ou evitamento são persistentes e causam mal-estar clinicamente significativo ou um défice social, escolar, ocupacional ou noutras áreas importantes de funcionamento AGORAFOBIA A uma fobia específica A situações sociais A obsessões A falhas ou defeitos percecionados na aparência A recordações de acontecimentos traumáticos Ao medo de separação O medo e a ansiedade não estão confinados: Trigger interno/externo Ameaça percebida Ansiedade Interpretações erradas Sintomas cognitivos/físicos Comportamentos de evitamento e de segurança MODELO COGNITIVO DO PÂNICO MODELO COGNITIVO DO PÂNICO “Vou pedir-lhe que se recorde de um ataque de pânico recente que tenha tido, para que possamos monitorizar o que aconteceu. Quando é que ocorreu o seu mais recente ataque de pânico?” Entrevista para a formulação de caso do ataque de pânico MODELO COGNITIVO DO PÂNICO 1. “Pense no momento mesmo antes de entrar em pânico: qual foi a primeira coisa que reparou, que lhe indicou que possivelmente iria entrar em pânico? Foi um pensamento, uma sensação ou uma emoção?” Pensamento Emoção Sensação Ciclo 1.1 “Quando se apercebeu desse pensamento, como é que o fez sentir? 1.2 “Quando se apercebeu dessa sensação, o que é que pensou?” 1.3 “Quando teve esse pensamento, como é que isso o fez sentir emocionalmente? MODELO COGNITIVO DO PÂNICO Ansiedade 3. Avaliação de interpretações erradas “Na altura, quanto acredita nesse pensamento, numa escala de 0 a 100%?” “O que aconteceu à ansiedade quando pensou que (…)?” 2. Avaliação de sintomas Físicos/Cognitivos “Quando se apercebeu dessa ansiedade qual foi a sensação que teve?” “Quando se apercebeu dessa sensação, que pensamento lhe passou pela cabeça?” 4. Avaliação de Comportamentos de Evitamento e Segurança “Fez alguma coisa para prevenir (…). O quê?” “Fez alguma coisa para diminuir a ansiedade? O quê?” “Desde que desenvolveu o pânico, foca mais a atenção no corpo/pensamentos? De que forma? CASO MARGARIDA 15 A Margarida tem 24 anos e vive com os pais em Almada. Acabou o curso de Gestão e atualmente está a estagiar numa empresa em Lisboa. Queixa-se da dificuldade em deslocar-se para o local de estágio devido ao ataque de pânico que ocorreu no primeiro dia de estágio, há 3 semanas. Nesse dia, estava a passar a Ponte 25 de Abril, de carro, e começou a sentir palpitações, tremores, sensação de asfixia, medo de perder o controlo e de morrer. Pensava “vou morrer e não tenho ninguém para me ajudar”. Assim que teve oportunidade, parou o carro, tentou relaxar respirando fundo e telefonou ao pai para a ir buscar. Após esta situação, relata ter dificuldade em deslocar-se de carro sozinha, procurando companhia para este percurso. Assim, afirma ser um problema visto que organiza a sua vida em função da dos outros, pois só vai ao estágio nos dias em que tem companhia. Tem sido chamada a atenção pelo orientador por faltar ao estágio, sendo que isto a preocupa. Além disso, relata sentir-se “impotente, dependente dos outros, envergonhada e com raiva por ser diferente”. Desta forma, sentiu necessidade de procurar ajuda psicológica. Há 2 anos, a Margarida foi apanhada de surpresa quando teve o primeiro ataque de pânico. Diz que estava atrasada para apanhar o comboio e teve de correr para chegar a tempo, porque nesse dia tinha um exame. Encontrava-se nervosa e cansada porque tinha passado a noite a estudar, daí ter bebido 2 cafés. Segundo a Margarida, quando as portas do comboio fecharam, sentiu o coração acelerado, as mãos suadas, tonturas, sufocada e “fora de si”. Pensava que “queria sair dali o mais rapidamente possível e não podia, porque o comboio não iria parar a meio da ponte, estava cheio e toda a gente iria reparar em mim”. Após esta situação, a Margarida realizou exames médicos porque achava ter algum problema cardíaco. Contudo, os resultados mostraram-se negativos e, desde aí, passou a “ter medo de ter medo”. Passavam-se meses sem ter outro ataque de pânico, contudo, sempre que voltava a ter um sentia que regredia, ficando ainda com mais medo de voltar a ter ataques. Esta situação fez com que a sua vida tenha sofrido alterações que a perturbam. Por exemplo, deixou de correr por ficar fisicamente ativada, evitava andar de transportes públicos e começou a evitar locais os quais considerava serem difíceis de sair e de obter ajuda (e.g., centros comerciais, concertos, cinema, teatro, autoestradas). Procurou lidar com estas situações, fazendo-se acompanhar por livros e revistas para se distrair, por um ansiolítico, pelo telemóvel carregado para poder falar com as pessoas e fazer-se acompanhar, sempre que possível, por alguém. Adotou, também, rituais para apanhar transportes tais como ir sempre com antecedência para a estação, nunca correr para os apanhar mesmo que isso significasse perdê-los, respirar fundo antes de entrar para se acalmar e, já la dentro, ir de pé junto à porta por dar uma sensação de maior controlo. A Margarida relata ter crescido num meio pequeno, no seio de uma família compreensiva e protetora, de nível socioeconómico médio alto. Desde pequena que os pais evitaram colocá-la “fora da zona de conforto”, como campos de férias e atividades extracurriculares. Além disso, o pai sempre fez questão de a acompanhar e dar boleias quando precisava. Relativamente às relações interpessoais, afirma ter uma rede de amigos pequena, unida e sensível ao seu problema. A Margarida refere que sempre foi “ansiosa” e com necessidade de se sentir “protegida e segura”. Considera que o “mundo é um local perigoso” e que a religião lhe dá alguma “tranquilidade”. Relata que a sua mãe tem ataques de pânico em ocasiões de mais stress, que o tio tem problemas de ansiedade e de coração e que a tia tem fobia social. Dificuldade em deslocar-se para o estágio, particularmente de carro e sozinha. Dependência de outras pessoas, organizando a sua vida em função dos outros. Sentimentos de impotência, vergonha e raiva por ser diferente. Ter ataques de pânico. Alterações/impacto que os ataques de pânico têm causado na sua vida (e.g., deixou de correr, evitar locais que considera serem difíceis sair ou obter ajuda, evita andar de transportes públicos). Preocupação com o absentismo LISTA DE PROBLEMAS Dificuldade em deslocar-se para o estágio, devido ao ataque de pânico QUEIXA CONCEPTUALIZAÇÃO DE CASO Trigger Atenção aos sintomas: - Coração acelerado - Mãos suadas Medo de ter um Ataque de pânico Ansiedade “Vou morrer e não tenho ninguém para me ajudar” Aumento de tremores, sensação de asfixia, palpitações; atenção seletiva Parou o carro mal passou a ponte Relaxou (respirou fundo) Telefonou ao pai para a ir buscar 19 Recursos Origens Pais protetores Mãe com ataques de pânico Tio com ansiedade e problemas de coração Tia com fobia social Características/ personalidade Vinculação – insegura preocupado, ansioso Precipitantes Nervosismo e cansaço Café Exame 1º dia de estágio Primeiro ataque de pânico: sensações Estar em locais de difícil saída Medo de ter ataques de pânico “Medo de ter medo” Crenças “Mundo é um lugar perigoso” A Tonturas Sentir-se “fora de si” : desrealização Pensar que as pessoas olham para ela Vontade de sair do comboio B Rituais Ansiolítico e telemóvel Evitar andar de transportes públicos Evitar locais que considerava serem difíceis de sair e de obter ajuda Atenção dos pais (ganho secundário inconsciente) Ficar em casa Chamadas de atenção do orientador Deixou de correr Despiste médico Religião Disponibilidade dos pais Fatores socioeconómicos Rede de amigos Capacidades cognitivas C Integrámos o modelo ABC ao modelo cognitivo do pânico, em que associámos os antecedentes (A) ao trigger, ou seja, o desencadeador dos ataques de pânico, os comportamentos (B) aos pensamentos e aos sintomas físicos e os (C) consequentes associámos ao que ela faz para lidar com os ataques de pânico ou até para que eles não apareçam A – antecedentes – influencia o comportamento aumentando ou diminuindo a probabilidade da sua ocorrência B – comportamentos C - acontecimento que fortalece ou enfraquece um comportamento 20 Recursos Origens Pais protetores Mãe com ataques de pânico Tio com ansiedade e problemas de coração Tia com fobia social Características/ personalidade Vinculação – insegura preocupado, ansioso Precipitantes Nervosismo 1º dia de estágio cansaço Exame Primeiro ataque de pânico: sensações Estar em locais de difícil saída Café Medo de ter ataques de pânico “Medo de ter medo” Crenças “mundo é um lugar perigoso” A Tonturas Sentir-se “fora de si” : desrealização Pensar que as pessoas olham para ela Vontade de sair do comboio B Rituais Ansiolítico, revistas, telemóvel Evitar andar de transportes públicos Evitar locais que considerava serem difíceis de sair e de obter ajuda Ter atenção dos pais Ficar em casa Chamadas de atenção do orientador Deixou de correr Despiste médico Religião Proteção dos pais Fatores socioeconómicos Rede de amigos Capacidades cognitivas C Meio Pequeno, Pais Protetores Grupo de Amigos Também integrámos o modelo ecológico para compreender a influência do meio no problema , e como o problema se manifesta nos diferentes contextos. 21 Origens Pais protetores Mãe com ataques de pânico Tio com ansiedade e problemas de coração Tia com fobia social Características/personalidade Vinculação insegura – preocupado, ansioso Precipitantes Nervosismo e cansaço Café Exame Primeiro ataque de pânico: sensações 1º dia de estágio Estar em locais de difícil saída Medo de ter ataques de pânico “Medo de ter medo” Crenças “mundo é um lugar perigoso” A: Antecedentes Origens (fatores predisponentes), estão mais relacionadas com um passado distal O facto de os pais protegerem demasiado a Margarida pode fazer com que ela ache que é vulnerável. O facto da mãe ter tido ataques de pânico pode ter levado a que a Margarida tenha aprendido por modelagem Tio e tia com problemas de ansiedade, isto está relacionado com a predisposição genética O facto de ela desde sempre ser ansiosa também pode colocá-la numa posição de maior predisposição ao problema O facto de ter estilo de vinculação insegura faz com que tenha sentimentos de vulnerabilidade e necessidade de estar emocionalmente próxima dos outros Precipitantes O facto de estar nervosa por ser o 1º dia de estágio O cansaço O exame Aquilo que sentiu no primeiro ataque de pânico, O facto de estar em locais de difícil saída pode desencadear um ataque de pânico porque ela não se sente segura café 22 Vontade de sair do comboio Tonturas Pensar que as pessoas olham para ela Sentir-se “fora de si” : desrealização B: Comportamentos Rituais para apanhar transportes Ansiolítico, telemóvel Evitar andar de transportes públicos Evitar locais que considerava serem difíceis de sair e de obter ajuda Atenção dos pais (ganho secundário inconsciente) Ficar em casa Deixou de correr Despiste médico C: Consequentes FATORES DE MANUTENÇÃO ESTRATÉGIAS DE COPING ADAPTATIVAS E DESADAPTATIVAS Pais protetores Amigos Crenças Possível esquema de vulnerabilidade Ficar em casa Evitar andar de transportes Rituais para apanhar transportes Evitar locais que considerava serem difíceis de sair e de obter ajuda “Medo de ter medo” Medo de voltar a ter ataques de pânico Revistas e livros Telemóvel sempre com bateria Companhia no carro e nos transportes Ficar em casa Rituais para apanhar transportes Ir com antecedência Nunca correr para os apanhar Respirar fundo antes de entrar Ir junto à porta Religião Disponibilidade dos pais Fatores socioeconómicos Rede de amigos Capacidades cognitivas RECURSOS HIPÓTESES Será que a proteção dos pais poderá ter levado a Margarida a desenvolver um esquema desadaptativo de vulnerabilidade do self? Existirá algum esquema desadaptativo de vulnerabilidade por detrás dos ataques de pânico da Margarida? Será que o facto de a Margarida se preocupar com a opinião dos outros poderá resultar de crenças e esquemas desadaptativos de vulnerabilidade? Poderá o facto de ter ataques de pânico consistir num ganho secundário para a Margarida (por não ter que ir ao estágio)? 26 Considerando a dependência que a Margarida parece ter de pessoas mais próximas, poderá vir a estabelecer uma relação de dependência com o terapeuta? Será que o facto de a Margarida ir para o 1º dia de estágio, que é um local novo e com pessoas desconhecidas, poderá estar a intensificar a sua ansiedade? Dada a importância que a Margarida parece dar aos outros (opinião e relação), será que esta tem tendência a ser dependente dos mesmos? HIPÓTESES Será que o facto de os ataques de pânico terem acontecido a caminho do 1º dia de estágio e também no dia de um exame poderá estar relacionado com uma baixa perceção de auto-eficácia? Será que o facto de a Margarida não possuir qualquer problema físico (suspeita de problemas cardíacos) poderá ter piorado a situação, devido à baixa perceção de controlo que pode ter? Será que houve modelagem por parte da mãe, relativamente à forma como a Margarida processa a informação e se relaciona com o mundo? HIPÓTESES O QUE FALTA QUESTIONAR? O Que é a Ansiedade para a Margarida? 1º O QUE FALTA QUESTIONAR? OBSTÁCULOS Possível desistência do processo terapêutico A Margarida poderá desenvolver uma possível dependência do psicólogo A Margarida poderá ter dificuldade em deslocar-se para o local da consulta - A Margarida poderá desenvolver uma possível dependência do psicólogo – vinculação insegura preocupada/ansiosa; parece dar grande importância aos outros; parece ter uma certa dependência dos outros. - A Margarida poderá ter dificuldade em deslocar-se para o local da consulta – alta averiguar se a Margarida se consegue deslocar de carro, se tem que ter companhia, se tem que apanhar transportes públicos. - Possível desistência do processo terapêutico – na história da Margarida parece que evita estar em situações fora da sua “zona de conforto”, tendo ainda o apoio dos pais nesta decisão 31
Compartilhar