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Scanned by CamScanner Çiïlpltulłj 2 O s ŕndios łlii& A m éricö poltut*e£d T upis e tapuias em tem pos de m udança N ão cabe aqui abordar a controvertida qLtestão sobre o nnero de indios habitantes do B rasil no m om ento d3 che gada dos p°rtugueses M onteiro, p°deLn v ariar entre 2 e 4 m ĺ ihö es cle habitantes Inıporta, n o entanto , adm itir que era1T L m uitcs, sobretudo se com parados à reduzĺ da p°pulaçāo portuguesa calculada encı cerca de 1 5 0 0 0 0 0 habitantes no século X V I Im porta tam bém assinalar que era um a população extrem am eLìte di versiń cada, com estim ativas, segundo aryon rodrigues. de m ais de ı0 0 0 etnias no te Lupo da conquista E m 19 94 , se gundo dados do C edilinstituto S ocioam biental (IS A ), hav ia 2 7 0 0 0 0 ĺ ndios e 2 0 6 etnias N o censo de 2 0 0 1 , esses dados subiram para 7 0 1 m il indios, evidenciando o cresc im ento an teriorm ente apontado A s incertezas desses m im eros não nos im pedem de constatar o ĺ ınpacto violento da co nquista e da colonização sobre os índios, que resultou E m m ortalidade al tíssim a e extinção de centenas de etnias l t A s estim ativas, de acordo coLT I John Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner O s índios na história dtı Brast : L ." L E quem eram eles? D i ficil questão, se con siderarm n s a LìI . versidade de grup°s etno hnguĺ sticos da A m érica portL tguesa cujo conhecim ento nos chegou atrav és das descrições lim ita das e preconceituosas de cron istas e m issionários que, grosso m odo. Nio coLnpreendiam bem suas línguas e culturas E m toda a A m érica, havia inūm eios pov os distintos que foram todos cham ados indios pelos europeus que aqui chegaram D esde cedo, no entaLI to, gw)rtiliğuëś preocuR aram W ļ ssiĤ car osiJĵ d E stabelecendo distinç õ es entre eles H iti i m diiiiguiıos era im portante para os obìeti vos da colonização O s portugueses fizejam isso de acordo com suas form as de com preensão e co m critérios relacio nados aos seus interesses iinié que os índias foram , e gera1 , điiviidiidōs emm dċíi. Ggraíiđess ggrurupos os aliiados? eses e os inim rgö s TA pesar dos etn ocentrism os, precotì ceitos e confu sõ es que faziam coın os vocábulos indĺ ges !Ĵ m uitos desses n arradores do sécuıo X V I foram ohservado ŕe cuidadosos e descreveram o suficientepara perm itir que e 5 5 tudos posteriores n ão só desvendasse】n , a inda que de form a lim itada, a ıógica e o funcionaLtiento de a lgum as dessas 5 o ciedades, sobretudo dos tupis, com o tam bém classi ficassem os grup°s de acordo com critérios lingu ĺ sticos, reu Lrinclo, em um a classe, povos de m esm a origem ıinguistica N o século X V I, os tupis predom inavam ao longo da costa brasileira e na bacia do P aranáP araguai E stabeleceram con 陰 严 曝 型 巴 tato m ais estreito com os portugueses e foram os m ais bem co nhecidos e descritos por eles C onsequentem ente, foram tam bém os m ais bem estudados por antropó1ogòs e historiadores D e acordo com as classificações etno lingulsticas, o tupi é um dos quatro grandes troncos linguĺ sticos indĺgenas presentes no B rasiJ, com posto por im im eros grupos subclivididos em vár ios subgrupos com 1fnguas e culturas bastante sem eıhantessubgrupos com tĺ nguas e culturas bastante sem elhantes į Scanned by CamScanner 甲$ 12 F G V de B olso N ão é o caso de aprofundar aqui essa com plexa questão, m as im porta ressaltar que o quadro de classificaçõ es étnicas esboçado a partir das inform ações dos cronistas e m issionários pode com E , um a consi derável dose de invenção C om o se sabe, a im ensa diversidade de grupos étnicos reduziu se, grosso m odo, na descrição de cronistas e m issionários, ao fam oso binôm io tupitapuia A paıavra " tapuia " na lingua tupi quer dizer " bárbaro" e foi utilizada p°r esse grupo para designar todas as naçõ es estran geiras A prática foi adotada tam bém pelos p°rtugueses, que u savam o term o para designar todos os grupos n ão tup i O s tapuias eram con siderados arredios e de difíci l contato E ram , enı geral, definidos em op°siç ão aos tupis e aprese ntados a partir de caracterisūcas extrem am ente neg ativas : eram bá baros e selvagens, ocupavam os sertõ es ' e falavam um a língua estraiıha e inconıpreensĺvel F oram tam bém frequentem ente cham ados de p°vos de lingua travada A con siderável hom ogeneidade linguística e cultural dos tupis facilitou o coJatato e o conhecim en to sobre eles, nıas deu m argem a descriç õ es sim plistas M uitos cron istas e m issioná rios reconheciam e apontavam as diferen ças entre eles, m as tendiam a acentuar as sem elhan ças O m esm o se dava com os chanıados tapuias A pesar das generalizaçö es, m u itos grup°s foram bem conhecidos e retratados F oi o caso dos kariris, p°r exem plo D o tronco lingu ĺ sticĹ m acro jê e habitantes do seF tão do S ão F rancisco, os kariris tiveram seus costum es descri tos por jesuítas e capuchinhos que, inclusive, escreveram ca tecism os em slıa 1ĺ ngua O utros grupos tam bém contaram com descriçõ es especificas ; nada, porém , com parado à r iqueza de inform açõ es contidas nos diversos relatos sobre os tupis ı O s sertões no perĺ odo colonial eram os espaços não ocupados pela adm inistração lusa e eram considera? s espaqos da barbárie, onde habitavam os indios bravos ) ortar, com o observou John M onteiro Scanned by CamScanner O s indios na história do B rasıı lj O s avanços nas pesquisas arqueológicas têm evidenciado as intensas interaçõ es existentes entre os vários grupos in dígenas que habitavam o continente antes da chegada dos europeus A pesar da escassez e im precisão de fontes sobre o periodo, é possível afirLn ar que eles interagiam e influencia vam se Lnutuam ente L onge de terem sido grupos isolados, estabeleciam redes de relaçōesí bélicas, culturais e com erciais entre si O s conhecim entos sobre essas relaçōes ainda são bas tante lim itados e baseados, em grande parte, em hipóteses a serem com provadas S obre os m ovim entos m igratórios dos tupis, por exem plo, há m uitas controvérsias S em intenção de abordar o debate, cabe destacar que a hipótese m ais am plam ente aceita sugere sua dispersão a partir da bacia P aranáP araguai que, de acoF do com A lfred M étraux , teria ocorrido pouco antes da con quista N esse processo de expans ão, os tupis teriam expul sado grup°s tapuias da costa brasileira, su bdividindo se em dois gran des subgrupos : os tup inam bás, habitantes da região costeira do C eará até C ananeia, e os guaranis, que dom inavam o htorał daĺ para o sul, estendendo se pela bacia P aranáP a raguai O s guaranis, tam b ém cham ados carijós, foram , grosso m odo, catequizados p°r jesuitas espanhóis e incorporados aos 3 0 povos das M issõ es da P rov ĺ ncia do P araguai T al quaı os tupinam bás dividianı se tam bém em v ários subgrup°s S obre o term o " tupinam bá " , cabe ressaltar seu duplo senti do, na m edida em que, com o destacou C arıos F austo, po de ser utilizado tanto para designar o grande subgrupo que s e dis tingue dos guaranis e reúne vários subgrupos que habitavam o litoral até C ananeia, com o para referise especificam en te a alguns desses subgrupos, com o é o caso dos tam o ios no R io de Janeiro, que eram tam bém cham ados tupinam b ás, e dos tupinam bás da B ahia, do M aranhão e de várias outras reg iões Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner F G V de B olso algum as lógicas socioculturais dos grupos tupis que são es senciais para entenderm os as relaç õ es por eles estabelecidascom os europeus G uerras e trocas entre os tupinam bás A o analisar a função social da guerra entre os tupinam bás (entendidos aqui com o o grande subgrup° tupi que inclui vários outros), F 1orestan F ernandę s considerou a elem ento básico na organizaç ão e reproduç ão social dos grupos E 1a construía sentido e coesão social D e sua preparação ao des fecho, com o sacrificio do prision eiro, envolvia n ã o apenas todos os m em bros da aldeia, com o tam bém os aliados c ircun vizinhos que, se não participavam diretam ente da guerra, eram convidados para a grande festa que culrainava no ritual antropofägico E ra prin c ipalm ente através da guerra que os chefes exerciam e conń rm avam seu prestĺgio junto ao grupo C abia a eles incentivar seus seguidores ao em preen dim ento guerreiro que, além de trazer honra e glória, reforçaria os laços de sohdariedade en tre os elem entos do próprio grup° e seus aliados de fora A principal m otivação para a guerra intertribal era, segun do os relatos, o ritual da vingança P ara realizálo, os inim i g°s deviam ser capturados e m ant idos em cativeiro por certo tem po, até serem executados ńa cerim ôn ia antropofágica O relato m ais detalhado sobre isso foi feito p°r H ans Sta den , m erce? rio alem ão Q ue, lutando ao lado dos p°rtugueses, caiu prisioneiro dos tupinam bás perm aneceu entre e les por oito m eses, tendo finalm ente escapado e relatado suas expe ri ências com riqueza de detalhes 2 2 Sua obra foi publicada na E uropa ainda no século xvI tendo sido am plam ente divu lgada Seu rela o Já serviu de base o roteiro de dois film es brasileiros (" C om o era G ostoso m eu Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner O s índios na história do B rasil ram ao estabelecim ento dos portugueses em suas respectiv as regiōes A m bos se casara m coITı as filhas de grandes chefes guerreiros e se tornaralr ı lideranças im portantes nos grupos indígenas nos quais se inser iram (os tupiniquins em S ão P au lo e os tupinam bás na B ahia) C onvém considerar, no entanto, que a posição de destaque por e les alcançada nos respectivos grupos deve se, sem diłvidai a seu com por tam ento m eritó rio, conform e as regras e cosinım es dos grupos A final, m ui tos degredados vieranı ter às costas brasileiras e ao inv és de tornarem se grandes lideres, acabaram executados nas ceri nıônias antrop°figicasO s chefes indfgenas tinham seu poder baseado no prestigio e só eram obedecidos pela vontade de seus liderados Isso evidencia terem os citados degredados realm ente in corporado os novos costu】Jaes C aso contrário, di ñ ciłnıente seriam tão bem aceitos e m uito m enos m anterianı a posiçã o de lideran ça A ssim , é hıstigante perceber tam bém a abertura desses eiıropeus em reıação aos costum es dos in dios C onsiderada seıvagem p°r algiıns, a vida entre os in dios p°dia ser atraente para outros C abe ainda constatar que João R am alho e C aram uru tom aram se personagens históricos es senciais no processo da conquista graças ao papeı que foi confeń do a eles pelos grup°s indígenas T orn aram se im pop tantes porque agiam com o in dios e estes, ironicanaente, aca bariam p°r ocupar lugar sectın dário em nossa história N as três prim eiras décadas do s éculo X V I, a presença po tuguesa na costa era esporá dica A s relaç õ es com os indios não eram ainda m uito intensas e traum áticas, porém já con tribu ĺ am para alterar seus relacionam entos e organizaçõ es sociais N esse perĺ odo, a principal riqueza da colô nia era o pau brasil e os franceses frequentavam a costa quase ou tão intensam ente quanto os portugueses H avia rivalidades en tre eles e am bos estabeleciam com os indios relaçōes de troca # ) Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner O s Indios na hlstö rla do B rasiı larga escal o que levou à violenta reaçâo por parte dos in dios C onĤ itos vioıentos entre diferentes povos indigenas e europeus de nacionalidades diversas explodiram em várias regiĉ ies A s guerras intertribais. Q ue já se intensificavam por efeitos do contato. A tingiriam proporçõ es inusitadas A s ri L Talidades entre os gıupos indios que se posicionavam bém aıianças que satisfizessem seus interesses P orém , nesse processo, polarizavam suas próprias hostilidades E m toda a costa. os vários grupos indígenas enfrentavam se, aliavaLï ıse e dividiam se em torno das rivalidades entre os estrangeiros que tanıbém disputavam suas alianças Iam e v inham de um lado pala o outro, com o já era seu costum e, porém os poderes coloniais iľ ıstitucionalizavam tais divisõ es em m ilitarism os, acennıando- as E nı O uro V erT ?ıelìıo, John H em m ing nos dá a dim en são dos inūm eros e sangrentos conflitos que envolve ram a ocupação do território brasileiro europeus eram percebidas peıos em relação a elas, buscando tam Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner 4 6 F G V de B oıso N o século X V I, o auge das guerras indĺgenas ocorreu na costa brasileira entre as décadas de 1 5 3 0 e 1 5 6 0 , quando os p°vos nativos reagiram violentam ente ao in crem ento das es cravizaçõ es forçadas para atender às necessidades da coloni zação m ais sisteınática iniciada com as capitanias hereditá rias A criação do governo geral veio atender à necessidade da C oroa em m anter a soberania sobre a colô nia contra os ataques estrangeiros e, principalm ente, em subm eter os ín dios inim igos e integrar os aliados O R egim eLJ to do prim eiro g°Vernadogeral, T om é de souza, já incluía as diretrizes bá sicas da polftica indigenista que, giosso m odo, iria se m anter durante todo o período colonial R ecom endava a guerra justa para os indios inim ig°s qu e, um a vez ven cidos, se tornariam escravos ; e os aldeam erıtos para os aliados C om T om é de S ou za, vieram os seis prim eiros jesuitas que, cheliados por M an oel da N óbrega, tornaram se respon sáveis pelo estabelecim ento das aldeias coloniais S u a prin cipal fu n ção seria a de reu nir os ĺ n dios aliados em grandes aldeias próxim as aos núcleos p°rtugueses n as quais iriam se tornar sūditos cristã os para garan tir e expandir as fronteiras por tuguesas na colônia E ra preciso m anter os indios aliados e derrotar os inim igos de form a a seguir adiante com o projeto da colonizaçã o Isso se fez às custas de inń m eras gu erras bastante vio lentas que se estenderiam até o século X IX A lgum as delas tom aram grande vulto e alcançaram vastas extensõ es territo riais, tendo envolvido enorm es contingentes m ilitares e gru p°s indígenas variados A lém dessas, houve inūm eras outras guerras de resistência localizada e cotidiana de vários grupos indĺgenas que se recusavam a colaborar com os portugueses O corriam , grosso m odo, nas fronteiras internas da colônia, nos sertõ es, onde habitavam os " ĺ ndios bravos" D o sécuıo Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner 5 Į F G V de B olso conhecido C aram uru , que alcan çara grande prestĺgio entre os indios, porém os conflitos não tardaram em consequência das escravizaçõ es indevidas, abusos e traiçõ es E m reação, os ĺ ndios expulsaram os portugueses que, indo para o sul, foram bem acolhidos pelos tupirıiquins, para logo retornarem dian te da inform ação de que os tupinam bás, por interm ediação de C aram uru , estariam dispostos, novam ente, a recebêlos um naufrágio, foram todosde C aram uru E m ı 5 4 9 , tal vez de novo influ enciados por C aram uru , os tupinam bás de ram boas vindas ao prim eiro governador geral, T om é de S ou za E ssa paz, no entanto, m ais um a vez não seria duradotıra O terceiro govern ador geral, M em de Sá, ao chegar à B ahia, n ã o teve a sorte de seu antecessor E n controu os tupin am bás em pé de guerra e não teve dúvidas sobre a necessidade de aniquilálos O s tupiniquin s da capitania de I1héu s qu e, por su a vez , tinham recebido bem os portugueses, n ão tardaram a m udar de atitude A S doen ças im portadas, o trabalho extenuante, as escravizaçõ es e atitudes traiçoeiras dos portugueses logo os levaram a voltar se contra eles N o decorrer da década de 1 5 5 0 , desencadearam forte reação contra os antig°s aliados P ara o seu grande azar, no entanto, sua revolta ocorreu quan do M em de Sá já havia vencido os tupinam bás, que passaram a auxiıiáıo na guerra contra eles P aralelo às cam panhas m iti tares, o terceiro goverriä dor im punha novas regras aos fndios aliados, ao m esm o tem po em que os reunia em grandes al deias, satisfazendo o pr ojeto dos jesuĺtas N óbrega e A nchieta exultavam com a nova politica que enchia as aldeias de índios A terrorizados com a situação de guerra enfrentada nos sep tões, eles pediam a paz e se aldeavam A ssim , num espaço de aproxim adam ente 10 anos, o terceiro governador conseguiu S urpreendidos, n o entanto, por m ortos e com idos, com ex ceção Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner 뇨 區 O s índios na história do B rasiı 四国■ m es, a esses qualificativos A final, com bateram os colonos enquanto puderam U m a vez vencidos, voltariam a colaborar com os portugueses, aldeando se e buscando novas alterna tivas para sobreviver na colônia C onquistadas essas regiô es, estava aberto o cam inho para a gran de investida contra os tam oios e os franceses Lıo R io de Janeiro A conquista da G uanabara A conquista da G u an abara deu se após intensos e violen tos com bates qu e envolveram grupos indĺgenas, fran ceses e portug ueses N ela se eviden ciam tam bém a flexibilidade de relaçõ es entre os grup°s envolvidos e os vários interesses que os m otiv avam C abe. p°is, questionar a tradicional divisão dos com batentes em cam pos nitidam ente delim itados : portu gu eses e tem im inós, de u m lado, e franceses e tam oios, de ou tro U m a análise m ais cuidadosa da docum entaçã o , levan do se em con ta os interesses e açōes dos ĺ ndios, revela relaçõ es m uito m ais com plexas O s tupin am bás da G uanabara (tam oios) nem sem pre fo ram inimigos dos portugueses P ero L opes de S ouza inform a terem sido acolhidos com m uita gentileza quando a expedi ção de seu irm ão, M artim A fonso de S ouza, ali perm aneceu por três m eses para cónstruir em barcaçõ es D esde 1 5 2 5 , no , entanto, essċ s ĺ ndios já m antinham relaçõ es continuas com os franceses D e acordo com A n chieta, voltaram se contra os portugueses por inj ustiças e m aus tratos e receberam bem os franceses que não lhes causavam agravo O estabelecim ento dos portugueses em S ão V icente e suas reĮações de am izade com os tupiniquins, contrários aos ta m oios, devem , evidentem ente, ter acentuado as hostilidades destes últim os S om e se a isso o contato cada vez m ais estreito 8 dos tam oios com os franceses que com pravam a m adeira p°r Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Ę i ťio FG V de Boıso tuaç âo de conflito com seus vizinhos Afinal , de inicio, elesaparecem nos docum entos apenas com o os ĺ ndios do G ato ouM aracajá C abe aqui retom ar V arLrhagen que, ao tratar dasauto denom inações dos ĺ ndios dessa região, referiu se aos que por não quererem " esquecer sua procedência dos ta m oios (avós), cham avam se tem im inós (netos) " , enquanto outros se cham ariam tupinam bás D isse, ainda, que alguns , ' vizinhos os tratavam por tupiniquins, ou quando contra e1ıes assanhados e em guerra, por M aracayás ou G atos bra vos " (V arnhagen , 5/d : 19 , v 1) E ssa inform ação som ada à escassez de m aiores inform açõ es sobre os tem im inás da G uanabara perm ite pen sar n a possibi lidade de estarm os diante de um a recon stru ção identitária a partir das relaçõ es e dos interesses tanto dos ĺ ndios qtıan to dos estrangeiros A pontam tam bém para a im precisão das classificaçõ es étnicas já anteriorm ente abordadas A s deno m inaçõ es étnicas, com suas respectivas qualiń caçōes (m an sos ou selvagens) e caracterĺ sticas, principalm ente de aliaiıças e ininıizades entre un s e outrosı constr uiam se, nessas conjun turas de guerra, estim uladas p°r interesses e m otivaçõ es tan to dos portugueses quanto dos ĺ ndios E studos recentes, e】oì diferentes regiõ es e tem poralidades, têlm dem onstrado que ? o são p°ucos os grupos indĺgenas que, ao reconstruirem reıaçõ es, reconstruíam tam bém suas form as de identificação com os grupos com os quais se relacionavam A s inform açõ es im precisas e m uita vezes contraditórias dos docum entos não nos perm item acom panhar passo a pas so a trajetória dos tem im inós, nem tam pouco a de A rariboia, sobre o qual as controvérsias são inúm eras N ão é possĺvel se quer saber ao certo quando teria regressado ao R io de Janeiro P orém , m uito m ais do que buscar verdades sobre a trajetória de A rariboia ou dos tem im inós, im porta reconhecer nessas inform ações as possibilidades de rearticulação e construção Scanned by CamScanner O s índios na história do B rasiı 6 1 de alianças, inim izades e identidades que iam surgindo nas diversas situaçõ es, sobretudo em épocas de guerras intensas, com o as da costa brasileira em m eados do século X V I para os ındios do G ato, a alian ça com os portugueses e a nova condiç ão de ĺ ndios aldeados significou, com certeza, a seguran ça, cada vez m ais dificil de ser alcan çada nos sertõ es onde as guerras e escravizaçõ es se intensiñ cavam S e assum i ram um a nova identidade étnica perante os europeu s, podem não ter abdicado de outras form as de identificação entre si e com os dem ais grupos com os quais interagiam Afinal, se as identidades étnicas são histó】Cas e m últiplas, nio há razõ es para du vidar de qu e os ĺ n dios p°diam adotar para si próprios e para os dem ais identidades variadas, conform e circun stân eias e interesses M ais i】Ĵ aportante do que tentar descobrir quem eram origin alm ente os ĺ ndios do G ato, qu estão prati cam ente inıp°ssĺ vel de ser desven dada, cabe reconhecer o processo com plexo e din âm ico do contato e de rearticulaç ão constante de interesses e alian ças F ossem eles quem fosse】n antes das relaç õ es estreitas com os portugu eses, torn aram se, dep°is delas, os tem im inós de A rariboia E ram os gran des ini nıĺgos dos tam oios e, principalm ente, os fiéis aliados dos por tugueses, caracterĺ stica básica do grupo qu e, se foi proposta ou ínventada pelos portugueses, parece ter sido am planıente assum ida pelos ĺ ndios que ń zeram qu estão de m antêla até, pelo m enos, o ń nal do século X V III , conform e verem os m a is adiante F oi essa identidade que lhes deu ganhos na violenta situação de guerra da costa brasileira S eu apoio foi fundam ental para a vitória iìos portugueses V encida a guerra e criada a capitania do R io de Janeiro, pep tencente à coroa, era preciso recom pensar ou castigar seus protag°nistas e ao m esm o tem po garantir a soberania p°rtu guesa na região A rariboia queria regressar a sua aldeia, m as Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner 6 4 F G V de Bolso de atrair os grupos que os com batiam , aproveitando asboasrelaç õ es que tinham com os vaqueiros A autora cita váriostestem unhos da convivência pacílica dos índios dos sertô es com os m oradores A s com plexas relaçõ es entre grupos indígenas das aldeias e dos sertõ es, entre si, e com os não índios, nas várias situa çõ es de guerra, desconstroem a ideia de oposição rígida entre o sertão e a colô nia, entre índios m ansos e índios selvagens ou entre os cham ados estados de barbárie e de civilização E ssas divisõ es estavam m ţ ıito m ais presentes na ıegislação e n os disctırsos de autoridades, colon os, m issionários e até das próprias lideran ças indfgenas do que n o cotidĺ ano dos ser tô es, aldeias e vilas, on de as m isturas eram gran des O s ĺ ndios dos sertö es não viviam absolutam ente isolados do m un do colonial E ntravam e saíam dele conform e possi bihdades e circun stâncias V ários estudos sobre regiõ es de fronteiras intern as e externas revelam as m últiplas e variadas relaçõ es bélicas, culturais e com erciais entre in dios aldeados, indios dos sertōes e n ão ĺ ndios T ais relaçõ es alteravam se consideravelm ente pela intensificação de conflitos e avanços sobre novos espaços N o século X V III, tornaram se nıu ito m ais acentuadas, já sob a influência da legislação pom balina que incentivava m isturas e interaçõ es N a capitania de M ato G rosso, as relaç õ es inter étnicas e de poder entre os caiapós, guaicurus e paiaguás a lteravam se diante das investidas dos portugueses sobre seu s territó rios, conform e dem onstrou G loria K ok C om o tantos outros já citados, esses grupos tam bém passavam dos conflitos às alianças e igualm ente jogavam com o antagonism o politico dos eiıropeus C urioso é perceber sua inserção esporádica nos circuitos m ercantis da colônia, na m edida em que com ercia vezes roubadaslizavam gado e outras m ercadorias, m uitas Scanned by CamScanner O s indios na história do B rasiı 6 5 num a região e vendidas em outra O s paiaguás, por exem plo, iam . M uitas vezes ricam ente vestidos, " vender portugueses, m am elucos, negros e m ulatos na cidade do P araguai " (K O K , 2 0 0 4 14 0 ) T áticas de guerra europeias foram tam bém am pla m ente apropriadas por esses fndios que aprenderam a m ane jar arm as e a fazer uso do cavalo, prática essa que notabilizou os guaicuru s com o exim ios cavaleiros N os sertōes de G oiás, as relaçõ es entre os xavantes, xe rentes, caiapós e avácanoeiros, no ñ m do século xvm e no X IX , nã o eram m uito diferentes, com o dem onstraram M ary cl K arach e D avid M ccreery A tenaz resistência desses grupos contra a invasão de suas terras im plicou tam bém em conflitos sangrentos, alian ças esporádicas, acordos com autoridades, traiç õ es, apropriaçõ es culturais, idas e vindas entre sertões e aĮdeias e, in clusive, reconstruçõ es identitárias A docum enta ção an alisada pelos autores inform a que xavantes e xerentes deviam ser o m esm o grupo que, no in ĺ cio do século X IX , teria se dividido no contexto das guerras O grupo que se aldeara D assou a ser cham ado xerente e a coıaborar no com bate aos já 11 o inicio do sé culo X IX , quando a reputação dos xerentes foi se tornando cada vez m ais positiva, se com parada a dos xavantes P or vol ta de 1 8 3 0 , no entanto, essa boa im agem com eçou a desapare cer quando os xerentes retornaram as hostilidades e voltaram a ser dem onizados M ais um a vez se constata a ūuidez das relaçõ es e tam bém das qualiĥ caçõ es atribu ĺ das aos grupos in dfgenas que de m ansos passavam a selvagens e vice versa A s guerras indĺgenas se estenderiam pelo século X IX O m aior exem plo dessa continuidade foi, sem dúvida, a decla ração de guerra j usta do prĺ ncipe R egente D João, em 18 0 8 , contra os botocudos, logo estendida aos kaingangs O s ser tõ es de M inas G erais e do E spírito Santo (botocudos), bem \ xavantes ainda hostis Isso teria ocorrido, Scanned by CamScanner Scanned by CamScanner 团团固■回回 0 5 fndios na hıstória do B rasiı pressão de co lonos e autoridades para obter da C oroa a san ç ã o ońcial para investidas que nunca haviam cessado N o entanto, se ela não iniciou a vio lência, teve o efeito de am pliála G uido M ar lière, resp°nsável pela cham ada " paci ficaçāo " dos botocudos, não cansou de denunciar as inju» tiças e atrocidades contra eles com et idas, alertando para o fato de que as açõ es dos indios eram , em gran de parte, de sencadeadas pela violência dos colonos e m ilitares D e 18 0 8 a ı8 2 1 , inúm eras expediçö es foram enviadas para com batê los N a m edida em que cresciam os conflitos com os indios, m ultiplicavam se as descriçõ es negativas sobre os botocudos A im agencı de ferocidade veiculada em discursos dos polfticos e na im pren sa estim ulava as açõ es de violência contra eles e aciıT ava os ânim os O s botocudos, por sua vez, opunham se às invasōes, de senvolvendo estratégias variadas entre com bates, acordos e cooperaç õ es O s ataqu es desses ĺ ndios, no entanto , não de vem ser vistos com o m eras respostas às violên cias contra eles perpetradas N a com plexa anáhse de L angfur, os indios nào aparecem com o sel vagens, nem tam pouco com o vitinıas inde { fesas das bandeiras S em aprofundar a discussão sobre os bo tocudos, cabe situálos com o p°vos de lingua m acrojê, que, com o tantos outros, dividiam se em vários subgrupos sobre os quaĺ s ainda não há consenso a respeito de algum as de slias cara cterĺ sticas e identificações Izabel M issagia apontou as ri vaĮidades entre os subgrup°s botocudos e diferenças de com portanıento quanto às relações que estabeleciam com os pop tugueses A lguns se aliavam , enquanto outros se m antinham hostis, o que näo os im pedia de unirem se, eventualm ente, para com bater um inim igo com um A s guerras dos botocudos, ram especial atcnçäo da C ort nos sertões do leste, desperta e p°rtuguesa no B rasil, porém Scanned by CamScanner 彆 em sertõ es m ais distantes, outros grupos tam bém desafiavam, com suas guerras, a expansão das fronteiras lusitanas : os m u ras e os ww ndurukus no A m azonas, os kayapós nas fronteiras entre M inas G erais e G oiás e m uitos outros, incluindo os kain gangs contra os quais tam bém se decretou gu errajusta Sobre eles construiram se tam bém im agens extrem am en te negati vas e estereotipadas que incentivavam a vio lência de colonos e m ilitares A carta regia de 18 0 8 foi f inalm ente revogada em ı8 3 1 , m as as guerras indĺgenas cont inuariam no decorrer do oitocentos, in cluindo inúm eros g rup°s já aldeados, erıtre os quais os próprios botocudos que, em 1 8 9 3 , desencadeara】m um grande levante n a aldeia de Itam bacuri, c om o destacou 0 qu adro aqui ap resentado n ã o deixa dìİ vidas sobre a ex tensão e a violên cia das inūm eras gu erras in digen a s coloniais e pós colonia is O s diferentes p°vos in dĺ gen as da A m érica , guerreiros em su a grande m aioria, v iram se envolvidos em guerras m uito m ais am plas e participaram delas inten sa H ıen Lc F c ı u L « ı n ão do as alian ças que 】Jneıhor p°r interesses pr óprios, buscan lhes servissem , razão pela qual m u davam de lado com tan ta frequência N ão foram ap enas os indios aldeados, ou os " m ansos " das aldeias que colaboraram co m os portuguese s os cham ados " selvagens " dos sertōes não estavam tão dis tantes do m undo colonial E ntravam e saiam dele, fosse para roubar, para negociar, ou para estar num a aldeia p°r algum tem po e depois abandonála E ssa part icipação im plicava em aproxim açðes e alianças com vários outros ag entes, tais com o indios(aldeados ou não), com erciantes, autoridades, m issio nários etc , o que conduz à desconstrução da ideia de blocos m onoliticos para se pensar sobre ĺ ndios dos sertõ es, ĺ ndios das aldeias e não ĺ ndios A s alianças e hostilidades entre eles Scanned by CamScanner
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