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GRADUAÇÃO ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS Núcleo de Educação a Distância Administração da Produção. ARAUJO, Prof.ª Me. Solange Limberger Foz do Iguaçu - PR 2015. 108 p. Administração - EaD CDU: 658.5 NEAD – Núcleo de Educação a Distância Av. Bartolomeu de Gusmão, 1324 - Centro – CEP: 85.852-130 Foz do Iguaçu – Paraná / ead.udc.br / 3574-6900 2 APRESENTAÇÃO Prezado(a) Acadêmico(a), Bem-vindo(a) à Graduação na modalidade a distância, ofertado pelo Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – UDC. Sabemos que o seu percurso de aprendizagem necessita ser acompanhado e orientado, para que você obtenha sucesso nos estudos e construa um conhecimento relevante à sua formação profissional e acadêmica. Preparamos este material didático, possibilitando, assim, guiá-lo no autoestudo da disciplina e na realização das atividades. Além disso, você conta com o ambiente virtual de aprendizagem como espaço de estudo e de participação ativa no curso. Nele você encontra as orientações para realizar atividades e avaliações online, além de recursos que vão enriquecer a proposta deste material didático, tais como links para sites da Internet, vídeos gravados pelo professor e outros por ele sugeridos, textos, animações, ilustrações, dentre outras mídias. Lembre-se, no entanto, de que você deve se organizar para criar sua própria autonomia de estudo. Isso inclui o planejamento do seu tempo de dedicação ao estudo individual e de participação colaborativa no ambiente virtual. Este material é o seu livro-texto e apoio importante no percurso de aprendizagem! Bom estudo! Reitoria UDC 3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 1 UNIDADE I – CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ..................... 5 1 CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO ....................................................................... 5 1.1 A FUNÇÃO PRODUÇÃO .................................................................................... 7 1.2 MODELO DE TRANSFORMAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ..... 11 1.2 HIERARQUIA DE PROCESSOS ........................................................................ 14 1.3 DIMENSÕES DA PRODUÇÃO ........................................................................... 16 UNIDADE II – GESTÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO ..................................... 19 2. POR QUE ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES ........................................................ 19 2.1 OBJETIVOS DE DESEMPENHO ........................................................................ 25 2.2 CRITÉRIOS COMPETITIVOS ............................................................................. 30 2.3 PROJETO DE PRODUTO E PROCESSO .......................................................... 33 2.3.1 Projeto De Processo ...................................................................................... 33 2.3.2 O Que faz um bom Projeto de Produto? ...................................................... 40 2.3.3 Etapas Do Projeto De Produto ...................................................................... 44 2.3.4 Geração do conceito ...................................................................................... 45 2.3.5 Filtragem ......................................................................................................... 47 2.3.6 Projeto Preliminar .......................................................................................... 49 2.3.7 Avaliação e Melhoria ...................................................................................... 51 2.3.8 Prototipagem e Projeto final ......................................................................... 51 UNIDADE III – PLANEJAMENTO DE CAPACIDADE PRODUTIVA ........................ 52 3 O QUE É A GESTÃO DA CAPACIDADE? ............................................................ 52 3.1 MEDIÇÃO DA DEMANDA E DA CAPACIDADE ................................................. 56 3.2 ESTRATÉGIAS DE CAPACIDADE ..................................................................... 60 3.3 PLANEJAMENTO DE LOCALIZAÇÃO................................................................ 65 3.3.1 Porque Planejar a Localização? .................................................................... 65 3.3.2 Fatores de Localização .................................................................................. 69 3.3.3 Métodos de Planejamento De Localização .................................................. 74 UNIDADE IV – PREVISÃO DE GESTÃO DE DEMANDA ........................................ 81 4. PORQUE PREVER? ............................................................................................. 81 4.1 TÉCNICAS DE PREVISÃO ................................................................................. 83 4 4.2 MÉTODOS QUANTITATIVOS ............................................................................ 85 4.3 MEDIDAS DE PRODUTIVIDADE ........................................................................ 92 4.3.1 O Que são e para que Servem? .................................................................... 92 4.3.2 Como Medir a Produtividade? ....................................................................... 94 4.4 PPC PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO ................................... 97 4.4.1 Conceitos Fundamentais Planejamento e Controle .................................... 97 4.4.2 Carregamento, Sequenciamento ................................................................101 4.4.3 Programação E Controle .............................................................................103 REFERÊNCIAS .......................................................................................................107 5 UNIDADE I – CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO “O homem que empenha todo o seu trabalho e imaginação em oferecer por um dólar o mais possível, em vez de menos, está condenado ao sucesso.” Henry Ford. 1.1 CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO Primeiramente precisamos quebrar um paradigma que envolve esta disciplina de Administração da Produção que irá iniciar seus estudos. Provavelmente quando viu em sua matriz que teria esta disciplina pensou em aprender algo relacionado à gestão de empresas industriais, como fabricantes de veículos ou eletrodomésticos. E que não serviria para outras atividades. E este é um erro comum de quem ainda não estudou a fundo este conteúdo. Quando falamos em administrar a produção estamos falando em qualquer organização que possui um processo produtivo e você verá mais adiante que todas as empresas têm um processo, com algumas particularidades, mas podem ser gerenciadas sob os conceitos desta disciplina. Você sabe que existem empresas de prestação de serviços, e a estas os autores da área como Slack, et.al. (2012), Correa & Correa (2009), Martins & Laugeni (2005) dentre muitos outros denominam operações. São empresas de consultoria, salões de beleza, consultórios médicos, restaurantes e muitas outras. E as empresas industriais, também chamadas de empresas de manufatura os autores denominam produção. Empresas de manufatura são, por exemplo, a indústria automobilística de eletroeletrônicos. Por este motivo que em alguns livros você encontra a nomenclatura de Administração da Produção e Operações. Veja alguns exemplos citados por Slack, et. al (2013) no quadro 1. 6 Quadro1 – Exemplos de Organizações e a Gestão de Produção EMPRESA CONTRIBUIÇAO DA PRODUÇÃO Médico clínico geral O recurso principal da produção, o médico, usa seu conhecimento para diagnosticar eficazmente as condições para solucionar as preocupações reais e percebidas pelos clientes. Linha de Montagem de Automóveis Neste caso as máquinas são usadas para montar eficientemente produtos que satisfaçam as demandas atuais dos clientes. Consultoria Gerencial Usa pessoas para criar eficazmente os serviços que atenderão ás necessidades atuais e potenciais dos clientes. Agência de propaganda Usa conhecimento e a experiência de seus funcionários para apresentar idéias criativas que encantem clientes e solucionem suas necessidades reais. Fonte: Slack, et. al. (2013) No Brasil segundo dados do IBGE são mais de 900.000 empresas de serviços. Mais de 1.500.000 empresas de comércio. E um parque industrial que produz volumes significativos de produtos manufaturados. Todas estas empresas necessitam ser gerenciadas para obter resultado positivo, ou seja, lucro. Além disso, as empresas do terceiro setor também precisam de gestão, apesar de não visarem lucro precisam ser eficientes para garantir a sobrevivência da empresa. E para atingir este objetivo temos as ferramentas da administração da produção. Entender isso é muito importante para que você possa aplicar tudo que vai aprender em qualquer empresa. Assim como a administração começou a ser estudada por volta de 1900 com Frederick W. Taylor, na área industrial, o desenvolvimento dos estudos relacionados à administração da produção também iniciaram-se nestas empresas. O foco de estudo de Taylor foi a produtividades e a eficiência que são dois princípios básicos que regem a atividade do gestor de produção. Falaremos mais sobre estes princípios adiante. E nesta época a produção que era chamada de chão de fábrica era um lugar sujo onde tínhamos funcionários de baixo nível e que traziam apenas problemas às empresas. Taylor e seus seguidores através dos seus estudos chamaram atenção ao que hoje se considera um setor estratégico. 7 Mas afinal o que é a administração da produção? Toda e qualquer empresa necessita de recursos para o seu funcionamento e a função produção serve justamente para gerenciar esses recursos a fim de produzir produtos e/ou serviços que possam ser entregues aos consumidores. Os gerentes de produção são funcionários responsáveis sobre algum ou todos os recursos que fazem parte da função produção. Você pode encontrar várias denominações para este cargo: Gerente de tráfego em uma empresa de distribuição, Gerente administrativo em um hospital ou hotel ou Gerente de loja em um supermercado. Independente do nome que se dá todos são gerentes de produção. 1.2 A FUNÇÃO PRODUÇÃO Assim vamos começar a entender então como funciona este sistema tão complexo que é a empresa. Em uma empresa existem várias funções, setores ou departamentos, dependendo do porte da organização. Destas funções segundo o que determina Slack, et. al. (2013) temos as funções centrais e as funções de apoio. Não esqueça que independente do porte da empresa – média, grande, pequena ou microempresa - todas as ferramentas que você irá aprender aqui podem ser utilizadas. Claro que teremos que fazer a adaptação ao contexto de cada empresa, mas com certeza útil para o desenvolvimento da empresa. As funções centrais da empresa são: marketing, desenvolvimento de produto/serviço e a função produção. A função marketing é responsável por analisar as necessidades do cliente e traduzi-las em um conceito de produto que irá satisfazê-lo, bem como disponibilizar este produto ou serviço ao mercado consumidor através dos diferentes canais de distribuição, como por exemplo, a venda no varejo. A função desenvolvimento de produto/serviço analisa o conceito de produto do marketing e desenvolve o projeto capaz de colocar em prática tal ideia. Veja que esta função já necessita de informações do marketing para que seu trabalho seja realizado, vemos por tanto uma inter-relação. Esta função está em constante atividade na organização para que possa sempre oferecer o melhor para o consumidor. 8 A função produção, portanto é responsável pela operacionalização do projeto, ou seja, é “a mão na massa”. Onde a essência das operações acontece, o produto é fabricado ou o serviço é prestado, mediante a proposta da função de desenvolvimento de produto/serviço e sendo comunicada ao cliente pela função de marketing. Mas observe que sem a função produção as demais perdem a sua utilidade. E se algum erro for cometido na função produção às demais também não atingem seu objetivo. Já as funções de apoio dão o suporte para as funções centrais possam desempenhar suas atividades de forma satisfatória. São funções de apoio: Contabilidade/Finanças: a empresa não funciona sem capital, sem dinheiro e muito menos se este dinheiro não é bem gerenciado. Você Sabia... Que este é um dos setores que as empresas têm muita dificuldade. Muitas vezes sequer tem um controle de fluxo de caixa, que significa o controle das entradas e saídas de dinheiro de uma empresa. Empresas fecham por falta de capital de giro, dinheiro necessário para sustentar a empresa enquanto as vendas não chegam. Assim você pode ver que apesar de ser uma função de apoio é fundamental para o bom desempenho. Tecnológica: a tecnologia traz agilidade, melhora o desenvolvimento das atividades, responde ao cliente com maior velocidade e com maior competência. É importante você saber que tecnologia não se refere apenas a máquinas, equipamentos, computadores, softwares de gestão. Tecnologia também é o conhecimento da empresa no andamento das atividades, na forma de fazer o produto de atender o cliente. É o que chamamos de Know How 9 Observe esta publicação da revista Exame: Ragazzo herda know-how do Habib´s - “A rede de fast-food Ragazzo, do Habib's, tem franquias em operação desde 2006. Apesar do enfoque na comida italiana, a empresa fatura com a venda de salgados, só a coxinha de frango tem um volume de vendas que ultrapassa 1 milhão de unidades/mês.”1 Habibs é uma rede conhecida pela venda de produtos com baixo valor, mas que são vendidos em quantidades exorbitantes e que resultam em um lucro significativo. Recursos Humanos: este setor é indispensável para que as atividades aconteçam, a empresa é um sistema social e, portanto é feito de pessoas que precisam ser recrutadas, selecionadas, treinadas para o bom desempenho de suas funções contribuindo para o que o objetivo seja atingido. Observe a figura 1. O que você vê é a definição ampla da produção onde todas as funções estão interligadas e são interdependentes, uma depende da outra. Alcançar a eficácia com as outras funções é uma responsabilidade da função produção. A função produção além da eficácia deve objetivar a eficiência na produção dos bens/serviços que satisfaçam seus clientes, ao mesmo tempo em que deve ser criativa, inovadora e vigorosa para estar sempre em busca das melhores práticas. Figura 1 – Definição ampla da função produção Fonte: Slack et.al., (2013) 1 Disponível em: http://exame.abril.com.br/pme/galerias/franquias/ragazzo-herda-know-how-habib-s-603548 10 Não esqueça: Eficácia é atender as necessidades dos clientes e Eficiência é usar adequadamente os recursos, buscando ser eficaz.“Imagine que você tenha uma meta a cumprir mediante as tarefas que desempenha no seu ambiente de trabalho. Caso as cumpra na sua totalidade, significa que você foi eficaz, visto que a eficácia resulta em atingir o objetivo proposto, em executar algo de acordo com o determinado. Muito bem, você foi eficaz, mas será que foi eficiente? Às vezes, apesar da sua desenvoltura, pode ser que algo não tenha ficado assim tão perfeito. Um errinho aqui, outro ali, e pronto! Ser eficaz é cumprir com todas as obrigações sem que haja qualquer contratempo, seja ele financeiro, relacionado ao tempo, enfim, ligado a vários outros aspectos. Podemos dizer que a pessoa eficiente vai além daquela que se mostrou eficaz, executando tudo na mais perfeita ordem, sem falhas.” (BRASIL ESCOLA, 2014).2 Correa & Correa (2009) traduz o conceito da gestão da produção na atualidade como a gestão estratégica dos recursos escassos (humanos, tecnológicos, de informação e outros), de sua interação e dos processos que produzem e entregam bens e serviços visando a atender necessidades e ou desejos de qualidade, tempo e custo de seus clientes. Além disso, deve também compatibilizar este objetivo com as necessidades de eficiência no uso dos recursos que os objetivos estratégicos da organização requerem. Preste atenção nas palavras em negrito: Gestão Estratégica: é preciso que produção tenha uma visão de longo prazo, não mais imediatista. Antever-se ao que esta por vir, estar a frente do concorrente. É fazer diferente ter uma vantagem competitiva. Recursos Escassos: os recursos para as empresas são muitas vezes escassos. Pense quando há necessidade de contratação de mão de obra qualificada, nem sempre há temos disponível, às vezes falta no mercado profissionais competentes e isso resulta em salários mais caros, já esta ai um recurso que deve ser aproveitado ao máximo. 2 Disponível em: http://www.brasilescola.com/gramatica/eficacia-eficiencia.htm 11 Interação: refere-se à interdependência que comentamos nos parágrafos anteriores. Entrega de bens e serviços: já colocada pelo autor anterior como uma função da produção. Mas que necessita de estratégia, de recursos. Qualidade, tempo e custo: Não basta fabricar o produto ou prestar o serviço. É preciso que seja entregue na qualidade esperada pelo cliente, no tempo certo determinado pelo cliente e num preço que ele esteja disposto a pagar, cabe a produção entregar este pacote. Eficiência: objetivo maior da função produção como já comentamos anteriormente. Slac, et. al. (2013) complementa no Quadro 2 o que significa gerenciar a produção. Quadro 2 – A administração da Produção A administração da produção utiliza... Recursos Experiência Pessoas Máquinas Conhecimento Parceiros Para Criar Produzir Mudar Vender Montar Movimentar Curar Moldar Apropriadamente Eficazmente Eficientemente Criativamente Outputs Ideias Produtos Serviços Que Preencham Igualem Satisfaçam Excedam Encantem Exigências Sonhos Demandas Necessidades Preocupações De mercado De cidadãos De clientes De consumidores Da sociedade Definidas Potenciais Percebidas Correntes Emergentes Reais Fonte: Slack, et.al. (2013) 1.3 MODELO DE TRANSFORMAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Muito bem sabendo então o que é administrar produção precisamos conhecer os elementos que compõem as empresas. As empresas são consideradas sistemas abertos onde é possível que haja trocas de matéria e energia com o ambiente. Assim este sistema sofre influências do meio e por meio de suas ações 12 também o influencia. Em função destas características há necessidade de adaptação contínua com o ambiente onde está inserido, desta forma o sistema está em constante aprendizagem e auto- organização. Observem na figura os elementos que compõe este sistema. Figura 2 – Elementos do Sistema Aberto Vamos explicar os elementos do sistema aberto que você pode observar na figura: Inputs: como você pode observar podemos encontrar várias denominações para este elemento, e este significa que do meio o sistema extrai o que é preciso para que ele funcione; Processamento: os recursos que foram extraídos devem ser processados pelos subsistemas a fim de serem modificados e oferecem os resultados; Outputs: que também podem ser encontradas outras denominações é o que o sistema coloca no meio, o resultado do processamento; Feedback: que pode também ser chamado de retorno ou retroalimentação são informações que voltam ao sistema indicando seu comportamento; e Ambiente: onde estão as variáveis que influenciam o sistema. Se você pensar no funcionamento de uma empresa verá que ela é um exemplo de um sistema aberto. Vamos explorar! As empresas pela sua constituição funcionam como sistemas abertos. Vamos analisar sob esta ótica uma empresa conhecida no mercado a rede de lanchonetes McDonalds. Vamos descrever seus elementos na figura. Ambiente Feedback Inputs / Recursos / Insumos / Entradas Processamento: Subsistemas Saídas / Outputs / Exumos 13 Figura 3 – Empresa como um sistema aberto Observe que de fato todos os elementos do sistema aberto são encontrados em uma empresa. O que está demonstrado na figura 3 é o que chamamos de modelo de transformação da administração da produção. Vamos conhecer as características de cada um desses elementos. Iniciando pelos inputs, entradas ou recursos necessários para que o sistema funcione. Os recursos são classificados em recursos transformados e de transformação. Os recursos transformados podem ser Materiais, Informações ou Consumidores. E os recursos de transformação são as instalações e funcionários. As empresas que processam materiais podem mudar: Propriedades físicas (manufatura) Localização (entrega de mercadorias) Posse (supermercado) Estocagem (depósitos) As que processam Informações podem mudar: Propriedades informativas (contadores) Posse (empresas de pesquisa de mercado) Ambiente: variáveis políticas, econômicas, sociedade, meio ambiente, concorrentes, clientes, fornecedores, etc. Feedback Feedback Controle exercido pela administração Inputs / Recursos / Insumos / Entradas Processamento: Subsistemas Setor RH Setor Finanças Setor Marketing Setor Produção (é o que você vê: a produção do sanduíche) Saídas / Outputs / Exumos Pessoas Materiais (pão, hambúrguer, saladas, molhos, utensílios, etc.) Máquinas e equipamentos Energia Capital Bens: Sanduíche que você compra Serviços: atendimento as suas solicitações 14 Estocagem (biblioteca) Localização (telecomunicações) E as que processam consumidores podem mudar: Propriedades físicas (cabeleireiros) Estocagem (hotéis) Localização (transporte aéreo) Estado fisiológico (hospitais) Estado psicológico (teatro) Como você pode observar cada empresa tem um processo predominante, o recurso transformado através do recurso de transformação produzem outputs de bens e/ou serviços. 1.4 HIERARQUIA DE PROCESSOS Observe que todas as empresas são coleções de processos e que obedecem a uma hierarquia de processos. Pense em uma empresa de móveis sob medida definida comomacroprocesso ou macrooperação que faz parte de uma rede de suprimentos que são seus fornecedores, por exemplo. Essa empresa (macroprocesso) por sua vez é dividida em processos menores denominados de microprocessos como, por exemplo, a função de projeto de produto, a linha de produção que podem ainda ser subdividas e chegar ao nível de atividade, como o ato de cortar a madeira para que o móvel seja feito. A importância de conhecermos este conceito é que como preconiza a teoria de sistemas todos os subsistemas, neste caso os microprocessos, devem ser interdependentes, ou seja, devem trabalhar em sintonia para que os objetivos organizacionais possam ser atingidos. Cada setor ou função deve olhar o setor subsequente (aquele que depende do seu desempenho) como um cliente interno. Este por sua vez deve considerar que não estão em um “mercado livre” assim não podem trocar de fornecedor por um mau desempenho. Portanto, cada indivíduo deve ser responsável pelo bom 15 desempenho da sua atividade, pois é um fornecedor interno, que vai afetar as demais e consequentemente o desempenho geral. Por exemplo, se o projeto de produto da fábrica de móveis não for bem executado vai prejudicar a linha de produção e na sequência a satisfação do cliente externo. Ou se na linha de produção o corte da madeira não for feito exatamente como no projeto atrasa a produção, provoca desperdícios ou retrabalho e pode resultar em perda de qualidade do produto final afetando o cliente externo. Inevitavelmente a relação de cliente e fornecedor interno deve ser foco da gestão para atingir padrões de qualidade no processo que irá refletir em produtos de qualidade. Observe no Quadro 3 alguns exemplos citados por Slack et. al, (201/) de empresas e seus respectivos inputs (recursos), os microprocessos que ocorrem para entrega do output – bens e/ou serviços a que se propõe. Operação Inputs Microprocessos Outputs Linha aérea Avião Pilotos e tripulação Equipes de terra Passageiros e carga Check-in dos passageiros Embarcar passageiros Transportar passageiros e carga pelo mundo Cuidar dos passageiros Passageiros e Cargas transportadas Loja de departamentos Produtos a venda Equipe de vendas Sistemas de informação Clientes Comprar e estocar os bens Exibir os bens Aconselhar compradores Vender bens Consumidores e bens organizados em conjunto Fabricante de comida congelada Comida fresca Operadores Tecnologia de processamento de alimentos Ambientes congelados para o estoque de alimento Compra de insumos Preparação da comida Congelamento da comida Empacotamento Comida congelada Fonte: adaptado de Slack et. al., (2013) 16 1.5 DIMENSÕES DA PRODUÇÃO Vimos que cada empresa tem seus inputs, processos e outputs, ou seja, apesar de seguirem o mesmo modelo tem características que são diferentes. Quatro características distinguem as organizações, estes são denominados de quatro “V’s” como você pode verificar na figura 4. Figura 4 – 4 V’s da produção Fonte: Adaptado de Slack et.al., (2013) Vamos analisá-los: Volume: como você viu na figura o volume refere-se à quantidade de atividade ou de produção de uma empresa. Vamos pensar em dois opostos para que você possa entender as características que diferenciam as empresas neste aspecto. BAIXO VOLUME DE PRODUÇÃO ALTO VOLUME DE PRODUÇÃO Cadeia Mc’donalds Pequeno restaurante Grau de repetição (as tarefas são repetidas, pois os sanduíches são os mesmos, n° 1, n° 2) Sistematização (manual, padronização das atividades, só há uma forma de fazer Pratos variados cardápio (são diferentes opções para o consumidor) Repetição menor (o cozinheiro terá que fazer diferentes pratos) Quantidade de funcionários menor – 17 o hambúrguer, de colocar o pão, a salada, de organizar a bandeja) Equipamentos especializados (o uso de equipamentos da agilidade a produção e consegue produzir mais) Custos unitários baixos variedade tarefas Menor padronização Menor sistematização Custo unitário maior Variedade: é o número de itens que a operação pode produzir, ou o número de serviços que podem ser ofertados. BAIXA VARIEDADE ALTA VARIEDADE Serviço de ônibus Empresa de táxi Rotas definidas Horários definidos Baixa flexibilidade (segue somente as rotas definidas, não fazem outro percurso) Padronizado e regular Custo unitário baixo Flexível (o cliente determina a rota) Motoristas eficazes – habilitados para comunicar-se com os clientes Rotas e horários diversificados Custo unitário alto Variação: esta variação está relacionada a capacidade de mudar em relação ao comportamento da demanda. BAIXA VARIAÇÃO ALTA VARIAÇÃO Hotel executivo Hotel resort – férias de verão Padrão de demanda nivelada Planejar com antecedência (demanda dificilmente muda significativamente) Rotineiro e previsível Alta utilização dos recursos Baixo custo unitário Lotação máxima – somente na temporada Demanda fora de estação – ocupa uma fração de sua capacidade Padrão de demanda altamente variável Custo unitário alto Visibilidade: representa o grau de contato com o consumidor, este contato feito através do corpo de funcionários da empresa. BAIXA VISIBILIDADE ALTA VISIBILIDADE Venda pela internet Loja tipo butique Visibilidade menor Tempo de espera pedido – consumo tolerado Tarefas padronizadas Pouca habilidade de contato (não tem contato direto com o consumidor) Alto nível de utilização dos funcionários (podem fazer várias atividades) Custo unitário menor Alta visibilidade Grau de tolerância a espera baixo Julgamento pela percepção Funcionários com boa habilidade interpessoal Baixa produtividade dos recursos (funcionários têm dedicação maior) Custo unitário alto 18 Verifique que todas estas características são definidas pela demanda. Não há como dizer que temos um padrão nas empresas, mas uma proximidade entre empresas de características próximas que repercutem no custo e consequentemente no resultado da organização: Alto volume, baixa variedade, baixa variação, e baixa visibilidade - levam ao custo de produção baixo; Baixo volume, alta variedade, alta variação e alta visibilidade – levam ao custo de produção alto; Saber ou não gerenciar estas características pode levar a empresa ao lucro ou prejuízo. Assim terminamos a unidade 1, você conhece agora os conceitos principais para uma boa gestão de produção. Na próxima unidade vamos ver então como podemos utilizar as ferramentas da produção como um diferencial estratégico. 19 UNIDADE II – GESTÃO ESTRATÉGICA DA PRODUÇÃO 2.1 POR QUE ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES Você já consegue compreender como funciona o modelo de transformação das empresas. Agora vamos aprender como usar isto estrategicamente. A palavra estratégia segundo Dicionário: “s.f. Militar Arte de planejar operações de guerra. / Arte de combinar a ação das forças militares, políticas, morais, econômicas, implicadas na condução de uma guerra ou na preparação da defesa de um Estado. / Arte de dirigir um conjunto de disposições: estratégia política. / Fig. Habilidade, astúcia, esperteza: contornou a dificuldade com estratégia.”3 Ou seja, assim como na guerra você precisa vencer o inimigo, no mercado você precisa ser melhor que seus concorrentes, para tanto você precisa combinarseus recursos para atingir seus objetivos da melhor forma. Então vamos ver nesta unidade o que devemos fazer, quais pontos devemos gerenciar para que façamos a diferença no mercado. Além da necessidade de termos um diferencial no mercado a gestão estratégica de operações traz ainda outras justificativas, vamos explorá-las: As operações envolvem grande investimento em capital. Pense num consultório onde esta o seu recurso de maior valor, no médico que estudou anos a fio para desenvolver a competência e habilidade para exercer a medicina. E sem ele a produção não acontece. Pense na indústria automobilística, o seu maior capital esta nas máquinas, equipamentos e tecnologias que compõem o chão de fábrica, onde os carros são fabricados. Se o maior capital esta investido na produção, sem dúvida temos ter um gerenciamento diferenciado, estratégico. Veja o caso da Ambev, o volume de investimentos para sua linha de produção: “A Ambev inaugurou nesta sexta-feira, 21, as linhas de produção da marca Budweiser na unidade de Piraí, no Estado do Rio de Janeiro, com 3 Disponível em: http://www.dicio.com.br/estrategia/ 20 investimentos de R$ 165 milhões. A fábrica terá produção em duas linhas, sendo a primeira com capacidade de produzir 60 mil garrafas long neck por hora e a outra, 90 mil latas de 350 ml por hora.” Leia a reportagem completa.4 Os recursos físicos têm inércia decisória. Quando você toma uma decisão o resultado não acontece no mesmo momento. Observe a figura 5, considerando que as decisões A, B e C foram tomadas hoje. Todas têm inércias diferentes, tempos ou momentos distintos em que irão acontecer concretizar ou tomar efeito. Figura 5 – Inércia Decisória Fonte: Adaptado de Correa & Correa (2009) No caso da decisão A – aquisição de materiais - você precisa encontrar o fornecedor, cotar os preços, fazer a compra, aguardar a entrega e então os materiais estarão disponíveis para uso, ou seja, eu decido que aquisição hoje, mas os materiais estarão disponíveis depois de um tempo de curto prazo. 4 Disponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/ambev-inaugura-linhas-de-producao-da- budweiser-no-rio 21 No caso da decisão B – contratação de executivo – esse é um cargo de suma importância da empresa, então requer processos de recrutamento e seleção diferenciados, negociações de contratação entre outros e estas atividades podem levar certo tempo de médio prazo. No caso da decisão C – ampliação da fábrica – essa decisão requer projeto de construção, ampliação ou reforma, requer adequação aos procedimentos legais, e o principal o levantamento do capital, e com certeza é uma decisão que leva tempo para tomar efeito, um tempo de longo prazo. As decisões em operações, depois de concretizadas, são difíceis e caras de serem revertidas. Imagine ter que desfazer uma ampliação da fábrica, é inviável ou custa muito caro. Impactam a forma de como a empresa será capaz de competir no futuro. Decisões estratégicas farão a diferença no Mercado. Como citado por Slack, et. Al.(2013), “estratégia é o padrão total de decisões e ações que influenciam a direção em longo prazo da empresa” No entanto apesar da comprovada necessidade de desenvolver estratégias de produção na prática é bem mais complicada, pois como já dissemos na aula anterior a empresa é um sistema social, e por isso complexo. Requer muito trabalho para que seja efetivada a estratégia. Hayes e Weelwright apud Slack, et al. (2013) diz que encontramos no mercado empresas em estágios diferentes de implantação da estratégia. Na figura 6 você pode observar a evolução do pensar a estratégia nas empresas. 22 Figura 6 – Modelo de 4 estágios Fonte: Adaptado de Slack et.al. (2013) Estágio 1 – Neutralidade interna x impedindo o desenvolvimento da organização – neste estágio a empresa pensa somente em corrigir os piores problemas. A produção quer ser ignorada e, portanto evita cometer erros ou os corrige. Estágio 2 – Neutralidade externa x tão boa quanto os concorrentes – neste estágio a produção evolui procurando adotar as melhores práticas contribuindo mais para o diferencial da empresa. Estágio 3 – Apoio interno x claramente o melhor do setor – neste momento aumenta a contribuição das operações, o impacto estratégico e a capacidade das operações, este é um dos melhores momentos da gestão estratégica de operações que demonstra a efetividade desta prática. Estágio 4 – Apoio externo x redefinir as expectativas da indústria – estas empresas são inovadoras, criativas e proativas, sempre um passo à frente dos concorrentes. 23 Como observamos as empresas passam por um processo de evolução para então aplicar a estratégia de forma plena. E as empresas quando buscam a estratégia chegam a colocar em xeque os padrões de produção definidos por seus idealizadores como Ford, por exemplo. Pense no caso das indústrias. Em reportagem da revista Exame, comenta- se sobre a customização deste setor, o que seria inaceitável a tempos atrás. Como cita a matéria “carros, geladeiras, cosméticos, chocolates. Empresas dos mais variados setores fabricam produtos sob medida — e invertem a lógica de produção consagrada pela Ford há um século”. Vale a pena ler a matéria completa.5 A estratégia de produção advém segundo Slack et. al., (2013) de quatro perspectivas definidas na figura 7. Figura 7 – Perspectivas da Estratégia de Operações Fonte: Slack et.al. (2013) 5 Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1021/noticias/um-item-de-cada-vez 24 A perspectiva de cima pra baixo (top down) reflete a influência da administração no desenvolvimento da estratégia. A perspectiva de baixo pra cima (bottom-up) é resultado das melhorias da produção que constroem a estratégia. A perspectiva requisitos do mercado traduz o que o cliente quer, o que os concorrentes estão fazendo para decidir as estratégias. A perspectiva capacitações dos recursos de produção indica o que os recursos disponíveis podem fazer para a aplicação da estratégia. O conjunto destas influências reproduz as estratégias. Nas figuras 8, adaptadas de Slack et. al., (2013), vocês podem ver exemplos das perspectivas top down e bottom up. Figura 8 – Exemplo da perspectiva top down e bottom up. Fonte: Adaptado de Slack et. al. (2013) Estratégia corporativa de um grupo de serviços de impressão Especializar-se em negócios de embalagem Tornar-se um ator importante em todos os seus mercados Estratégia de negócios de embalagem ao consumidor Rápido crescimento de volume Serviço rápido Economias de escala Estratégia de produção Expansão da capacidade Tolerar alguma sobrecapacidade a curto prazo Novas localizações estabelecidas Opção de oferta de serviços mais rápido por preço mais alto Capacidade excedente permite serviço rápido. Nova divisão de serviço rápido estabelecida 25 Observe a relação das estratégias corporativas que só acontecem se aplicadas as estratégias de produção e que ao mesmo tempo potencialidadesda produção podem desenvolver estratégia de diferenciação no mercado. Lembre-se que no dia a dia a aplicação da estratégia é muito mais complicada. Leia uma reportagem da revista exame que fala desta dificuldade admitida por gestores de grandes empresas. 44% dos planos estratégicos das empresas fracassam. 6 2.2 OBJETIVOS DE DESEMPENHO Você já sabe que como ocorre o desenvolvimento da estratégia, o porquê é importante focarmos na gestão estratégica de operações. E agora nesta aula você vai aprender como competir, por onde começar, o que deve priorizar. Para tanto é imprescindível que tenhamos conhecimento de duas informações cruciais: as necessidades específicas dos grupos de consumidores da empresa e as atividades dos concorrentes da empresa. São informações que irão demonstrar os requisitos do mercado, e como vimos na aula anterior uma das perspectivas que formam a estratégia. Para identificar estes requisitos utilizamos os objetivos de desempenho ou critérios competitivos. Segundo Correa & Correa (2009) temos 5 grandes objetivos de desempenho: qualidade, flexibilidade, confiabilidade, velocidade e custo. Estes objetivos dividem-se em muitos outros demonstrados no quadro 4. 6 Disponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/por-que-boas-estrategias-falham-saiba-como- tira-las-do-pape 26 Quadro 4 – Objetivos de Desempenho Fonte: Correa & Correa (2009) São critérios definidos pelos consumidores no momento que escolhem uma empresa ou decidem pela compra de um produto. E os mesmos objetivos passam a ser a base para o desenvolvimento dos produtos e das estratégias dos concorrentes. Conhecer essas informações leva uma maior assertividade na tomada de decisão. Vamos explorar cada um deles: Qualidade – é fazer certas as coisas, e, portanto resulta na diminuição dos desperdícios e consequentemente redução de custos para a operação. Outro benefício para o mercado é o aumento da confiabilidade – se está certa da primeira vez gera confiança na aquisição do produto. Os produtos/serviços saem sob especificação, ou seja, conforme foi definido em projeto baseado nos requisitos definidos pelo consumidor. Grandes objetivos Sub-objetivos Descrição Preço/custo Custo de produzir Custo de produzir o produto Custo de servir Custo de entregar e servir o cliente Velocidade Acesso Tempo e facilidade para ganhar acesso à operação Atendimento Tempo para iniciar o atendimento Cotação Tempo para cotar preço, prazo, especificação Entrega Tempo para entregar o produto Confiabilidade Pontualidade Cumprimento de prazos acordados Integridade Cumprimento de promessas feitas Segurança Segurança pessoal ou de bens do cliente Robustez Manutenção do atendimento mesmo que algo dê errado Qualidade Desempenho Características primárias do produto Conformidade Produto conforme as especificações Consistência Produto sempre conforme especificações Recursos Características acessórias do produto Durabilidade Tempo de vida útil do produto Confiabilidade Probabilidade de falha do produto no tempo Limpeza Asseio das instalações da operação Conforto Conforto físico do cliente oferecido pelas instalações Estética Características (das instalações e produtos) que afetam os sentidos Comunicação Clareza, riqueza, precisão e frequencia da informação Competência Grau de capacitação técnica da operação Simpatia Educação e cortesia no atendimento Atenção Atendimento atento Flexibilidade Produtos Habilidade de introduzir/modificar produtos economicamente Mix Habilidade de modificar o mix produzido economicamente Entregas Habilidade de mudar datas de entrega economicamente Volume Habilidade de alterar volumes agregados de produção Horários Amplitude de horários de atendimento Área Amplitude de área geográfica no qual o atendimento pode ocorrer 27 Num supermercado, por exemplo, qualidade significa: os produtos estão em boas condições; a loja é limpa e organizada; a decoração é adequada e atraente; os funcionários são corteses, agradáveis e solícitos; Velocidade – o foco da operação passa a ser na entrega rápida e, portanto internamento os processos devem se desenvolver rapidamente, dentro do padrão de produção sem prejudicar a qualidade do produto ou serviço que está sendo produzido. Esta ação reduz estoques e riscos de perdas de capital com muito capital imobilizado em estoques. Num serviço de ônibus coletivo, por exemplo, o tempo total de jornada para o usuário atingir seu destino é mínimo. Confiabilidade – quando uma operação tem um bom desempenho neste objetivo significa que a entrega é confiável, o produto vai ser entregue no prazo e condições combinadas. Para que isso seja possível internamente os processos devem acontecer de forma ajustada cumprindo suas atribuições dentro dos prazos e condições estabelecidos lembrando-se da interdependência das funções, somente assim manteremos a confiabilidade que economiza tempo, consequentemente dinheiro. Uma empresa confiável mantém estabilidade. Como exemplo um hospital: a proporção de consultas canceladas é mínima, as consultas são realizadas em horário programado, os resultados dos exames são entregues como prometido. Flexibilidade – são três formas de se trabalhar: flexibilidade produto/serviço – oferecendo produtos e serviços inovadores; flexibilidade do composto de produto/serviço – oferecendo ampla variedade de produtos/serviços; flexibilidade de volume/entrega – habilidade de alterar o prazo e a quantidade de produtos e serviços. Internamente a operação tem que ter habilidade para mudar dentro daquilo que se propõe. 28 Em uma fábrica de automóveis: Flexibilidade de Produto/Serviço – introdução de novos modelos; Flexibilidade de Composto (mix) – ampla variedade de opções disponíveis; Flexibilidade de Volume – habilidade de se ajustar ao número de veículos fabricados; Flexibilidade de Entrega – habilidade de reprogramar as prioridades de produção. Custos - os custos são afetados por todos os outros objetivos de desempenho. Internamente os demais objetivos produzem alta produtividade total isso dá possibilidade da empresa vender seus produtos a preços mais baixos ou margens de lucro maiores. E os custos são diferentes em cada operação vejam o caso da empresa de ônibus coletivo. Observe que no caso da empresa de ônibus o seu maior custo é com os funcionários – motoristas, cobradores, administrativo etc. Contudo é importante ressaltar que não podemos ser excepcionais em tudo, ou seja, não podemos ter excelente desempenho em todos os critérios, e nem mesmo é necessário. Este é o conceito de trade-offs. Correa & Correa, (2009) traz a analogia da gangorra descrita por Slack. Observe a Figura 9. Custos com tecnologias e instalações Custos com materiais e serviços Custos de funcionários 29 Figura 09: Analogia da Gangorra Vamos imaginar que estamos falando de um banco de varejo que atende seus clientes no caixa. No inicio de suas atividades o gerente abre 3 posições/caixas que garante uma eficiência em custo, nesta situação dos custos de produção são baixos. No entanto, os clientes esperam por 15 min para serem atendidos indicando um desempenho baixo em velocidade. Sabe-se que o tempo de tolerância do cliente é de 10 min, assim o cliente espera mais efica insatisfeito. Para resolver a situação o gerente decide abrir mais posições e na situação dois temos as 5 posições funcionando verifique que modificamos o desempenho dos objetivos. Aumentando os caixas estamos pagando mais funcionários e utilizando a estrutura para atender ao mesmo número de clientes, o desempenho em custo diminui. Mas, por outro lado, o tempo de espera volta para 10min o que deixa o cliente satisfeito e o desempenho em velocidade elevado. Neste caso eu tenho um trade-off, ou um conflito entre objetivos de desempenho, a priori teria que escolher entre um ou outro objetivo, custo versus velocidade. Se optar por custo tem maior rentabilidade, mas cliente insatisfeito. Se optar por velocidade os clientes ficam satisfeitos, mas os custos de produção são maiores. Nível de desempenho em “velocidade” Nível de desempenho em “custo” Nível de desempenho em “custo” Nível de desempenho em “velocidade” Situação 1: três posições; 15 minutos de espera Situação 2: cinco posições; 10 minutos de espera Ação rápida (posição da gangorra) 30 E agora? Nestas situações a gestão da produção deve se antever a estas situações e desenvolver ações mais elaboradas para tentar mudar esse panorama. Na condição da situação 2, podemos treinar os funcionários para que possam desenvolver suas atividades com mais habilidade e aumentar a produtividade (atender mais clientes por hora), possibilitar empowerment (empoderamento) dos funcionários para que eles tenham autonomia decidindo por atividades que possam aumentar a velocidade de atendimento. Outra ação possível que inclusive os bancos estão fazendo hoje é “tirar o cliente da agência” oferecendo serviços nas centrais de atendimento automático e na internet, onde o custo de produção para o banco é bem menor. 2.3 CRITÉRIOS COMPETITIVOS Você viu na aula passada que precisamos identificar os objetivos competitivos das operações para que possamos saber quais ações devemos focar, aquelas que serão de fato diferenciais para a organização. Neste caso precisamos determinar a importância de cada fator e dividi-los em: fatores ganhadores de pedido, qualificadores e ganhadores de pedido. Vamos entender cada um deles observe na figura 10. Nível de desempenho em “custo” Situação 2: cinco posições; 10 minutos de espera Nível de desempenho em “custo” Nível de desempenho em “velocidade” Situação 3: três posições; 10 minutos de espera (desejável) Ação mais elaborada (posição do pivô) Nível de desempenho em “velocidade” 31 Figura 10 – Critérios competitivos Na situação a temos os critérios ganhadores de pedido, esses critérios são os que definem a compra. A decisão de comprar ou não se baseia na avaliação deste critério. Observe que conforme aumenta o desempenho neste critério aumenta também o benefício competitivo. Na situação b encontram-se os critérios qualificadores, como o próprio nome diz estes critérios qualificam a empresa a competir. Caso a empresa ao tenha um desempenho pelo menos igual ao dos seus concorrentes o cliente se quer considera esta empresa no momento da escolha. Na situação c estão os critérios menos importantes que ainda não são considerados pelo cliente, mas podem vir a ser, portanto um nível de desempenho inferior ao do concorrente pode ser arriscado, o melhor e que o desempenho seja igual. Neto et.al. (2003) fizeram um estudo numa empresa da construção civil e observe o resultado no quadro 5. Quadro 5 - Critérios competitivos x desejo dos clientes Fonte: Neto et. al. (2003) 32 Observe que foram identificados o que os clientes consideram como importante, ou seja, quais critérios são levados em consideração para o cliente e o que a produção (empresa) deve oferecer, deve gerenciar para poder atendê-los. Uma das formas de visualizar o nível de desempenho dos objetivos é denominada de representação polar. Inclusive pode-se comparar o desempenho atual e o desempenho exigido. Lembre-se da descrição que fizemos na avaliação dos 4v´s do serviço de táxi e do serviço de ônibus? BAIXA VARIEDADE ALTA VARIEDADE Serviço de ônibus Empresa de táxi Rotas definidas Horários definidos Baixa flexibilidade (segue somente as rotas definidas, não fazem outro percurso) Padronizado e regular Custo unitário baixo Alto volume de produção Baixa variação Baixa visibilidade Flexível (o cliente determina a rota) Motoristas eficazes – habilitados para comunicar-se com os clientes Rotas e horários diversificados Custo unitário alto Baixo Volume de Produção Alta variação Alta visibilidade 33 Vamos averiguar sob a ótica dos objetivos de desempenho desenhados na representação polar. A figura que você vê a representação polar, cada linha que você verifica com a discriminação dos objetivos de desempenho encontra-se no centro onde está o ponto zero e conforme vai avançando a linha vai aumentando, surgindo, portanto o desempenho do objetivo. Vamos analisar o serviço de táxi. Você pode observar que os objetivos: rapidez, qualidade e flexibilidade têm um desempenho superior ao serviço de ônibus. Justamente os objetivos que se destacam são aqueles valorizados pelos clientes. O que você espera de um serviço de táxi? Que seja rápido, que te leve a qualquer lugar e que tenha um serviço de qualidade no atendimento. O custo não é um fator relevante para quem escolhe o serviço de taxo, já sabe que irá pagar mais caro que o ônibus por exemplo. No caso do serviço de ônibus os objetivos que se destacam são a confiabilidade e o custo, critérios estes esperados pelos clientes. Quando você usa o serviço de ônibus, o faz sabendo que o custo será menor e precisa confiar que cumprirão horários e rotas. Os demais objetivos principalmente, rapidez e flexibilidade não são requisitos necessários para esta operação e, portanto não precisam ter desempenho superior. Você observou como é fácil visualizar onde você precisa agir. É crucial que você tenha em mãos quais são os objetivos que os clientes dão importância e comparar o seu desempenho com o dos concorrentes, faz-se uma análise simultânea e definem-se prioridades de ação. 2.4 PROJETO DE PRODUTO E PROCESSO 2.4.1 Projeto De Processo Você já conhece os conceitos fundamentais, você já sabe desenvolver a estratégia e definir prioridades de ação. Então vamos agora aprender sobre uma 34 importante ferramenta para os gestores de todas as áreas que o desenvolvimento de projetos e naquilo que pertence a produção o projeto de processo e o projeto de produto. E conforme definido por Slack et.al. (2013) quando os gerentes de produção compram ou rearranjam a posição de um equipamento ou quando alteram o modo de trabalhar dentro de um processo eles estão projetando. Produtos e serviços devem ser projetados de forma que possam ser produzidos eficientemente ao passo que os processos devem ser projetados de forma que possam produzir todos os produtos e serviços que serão produzidos. Vamos nesta aula detalhar o projeto de processo. O projeto de processo basicamente vai indicar a forma como as atividades serão feitas e devem estar vinculadas aos objetivos de desempenho. Veja no quadro 5 exemplos extraídos de Slack et.al. (2013). Quadro 5 – Impacto dos objetivos de desempenho nos objetivos do projeto de processo PRIORIDADES COMPETITIVASO QUE SE DEVE FAZER NO PROCESSO BENEFÍCIOS PARA O PROCESSO QUALIDADE Oferecer os recursos adequados para que o produto ou serviço seja realizado. Processo deve ser livre de erros Produto segue as especificações (que características ele deve ter no final do projeto mediante o que foi planejado). Menos esforço perdido dentro do processo corrigindo problemas de qualidade. RAPIDEZ Tempo de atravessamento mínimo (tempo médio que os inputs levam para passar pelo processo e resultar em outputs) Taxa de output adequada a demanda Tempo curto de espera do consumidor Estoque em processo baixo (que são os produtos inacabados) CONFIABILIDADE Fornecer recursos de processos confiáveis (materiais de qualidade adequada, entregues no tempo certo) Volume e programação Entrega pontual de produtos e serviços Menos interrupção, confusão e reprogramação no processo ( o que pode 35 de output do processo confiáveis (capazes de atender ao fluxo de demanda) ocasionar atrasos) FLEXIBILIDADE Fornecer recursos com uma gama apropriada de capacitações (para poder mudar) Mudar facilmente entre estados de processamento ( o que, como e quanto está sendo processado) Habilidade de processar ampla variedade de produtos e serviços Alteração rápida e de baixo custo de produtos e serviços Alteração rápida e de baixo custo de tempos e volumes Habilidade de lidar com eventos inesperados (falhas no processo ou atrasos na entrega de recursos) CUSTO Capacidade adequada de atender á demanda Eliminar desperdícios de processos em termos de capacidade excessiva, atrasos no processo, erros no processo, erros no processo, inputs inadequados no processo. Custo de processamento baixo Custo de recursos baixos ( custo de capital) Custo de atrasos e de estoque baixos (custo de capital de giro) Fonte: Adaptado de Slack et. al. (2013) Veja que para cada objetivo o desenho do processo deve ser observado e consequentemente benefícios serão colhidos. Até mesmo é oportuno considerar a concepção de projetos ambientalmente sensíveis, a empresa é cobrada legalmente por isso e também pela própria sociedade. Desenvolver projetos que causem o mínimo de impacto ambiental. Você lembra que falamos nas aulas anteriores que precisávamos entender os processos no que tange ao volume e variedade? Voltaremos a esse conceito agora, pois a relação volume-variedade determina o tipo de processo que será desenhado. Observe a figura 11 e na descrição de cada tipo de processo voltaremos a ela. Processos de projeto: este processo deve ser utilizado para produtos customizados e que por consequência de baixo volume, fabricado em poucas 36 unidades ou únicas, geralmente longo tempo de execução. Como se segue a determinação do cliente para a concepção do produto o processo resulta em alta variedade de produtos. O fluxo do processo é intermitente, pode ser “parado” e requer tarefas diversas e complexas. Exemplos de processo de projeto são: construção naval, civil, aeronáutica. Leia reportagem completa na Revista Exame sobre a construção de novos submarinos no Brasil. Observe o porte do produto, o volume de produção, a variedade e o tempo de execução do processo. “Em Itaguaí, 70 km ao sul do Rio de Janeiro, fica o complexo de 540 mil metros quadrados onde a empreiteira brasileira Odebrecht, a estatal francesa de Defesa DCNS e a Marinha do Brasil trabalham em conjunto para cumprir um cronograma que se estende até 2025. Na unidade fabril, o primeiro submarino convencional (SBR1), previsto para lançamento ao mar em 2017, está 45% concluído, e o segundo (previsto para 2019) começa a ser construído. Os demais ficarão prontos a cada 18 meses. As dimensões do complexo impressionam: na fábrica, com 38 metros de altura, operários trabalham nas enormes chapas de aço que, unidas, formarão o casco resistente dos submarinos convencionais que, prontos, terão 75 metros de comprimento e pesarão 2.000 toneladas. A alguns metros de distância, 3.000 pessoas trabalham em ritmo acelerado para erguer o estaleiro, com inauguração prevista para novembro, onde as seções dos submarinos serão montadas. A infraestrutura terá ainda um estaleiro de manutenção, uma base naval e um complexo radiológico, onde será feita a troca do combustível nuclear. O submarino nuclear (SNBR), com 100 metros de comprimento e 6.000 toneladas, começará a ser construído em 2017 e será lançado em 2025.”7 Processos de jobbing: Neste processo tem se como característica a variedade alta e baixos volumes. Cada produto deve compartilhar os recursos de operação com diversos outros, o que os diferencia dos processos de projeto. Contudo, ainda muitos trabalhos serão únicos, mas em quantidade maior e tamanho menor do que os processos de projeto. Também requerem fluxos intermitentes e atividades diversas e complexas. Por exemplo, alfaiates que trabalham sob encomenda e gráficas que imprimem ingressos para um evento social local. 7 Disponível em: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/brasil-avanca-na-construcao-de-submarinos 37 As empresas têm seus processos definidos, mas precisam se adequar muitas vezes as exigências do mercado consumidor, da entrada de produtos substitutos. Veja o caso da gráfica AlphaGraphics. É uma gráfica expressa que cresce com marketing customizado, a empresa conseguiu aumentar as vendas ao oferecer serviços exclusivos a preços acessíveis. Leia a reportagem completa na Revista Exame.8 Processos em lotes ou bateladas: com este processo é possível fabricar variedade de produtos e volumes de produção médios. Os lotes de produtos usam os mesmos equipamentos respeitando o sequenciamento de operações. Há repetição enquanto “lote” de produto, pode ter lotes menores ou grandes lotes de produtos e assim o processo tem ampla variedade de níveis de volume e de variedade. Exemplos são: Metalúrgicas, ind. Alimentícias, farmacêuticas, cosméticos. Uma indústria bem característica deste tipo de processo é a indústria de cosméticos. Pense na quantidade considerável de famílias de produtos desta indústria. Perfumes de diferentes fragrâncias, maquiagens de diferentes cores, cremes para todos os tipos de pele, entre outros, fabricados em lotes. Outro exemplo a indústria farmacêutica também produz em lotes. Veja uma reportagem da Revista Exame sobre problemas com lotes específicos de medicamentos, mas que são produzidos em uma unidade industrial.9 Processos de produção em massa: estamos chegando ao outro extremo de nossa análise, volte a figura 11. Este processo é característico de operações de alto volume e baixa variedade de produtos. Portanto requerem operações repetitivas, divididas, e assim operações previsíveis. O fluxo do processo tende a ser contínuo. Exemplos são: Bens duráveis: automóveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos. 8 Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame-pme/edicoes/0058/noticias/grafica-expressa-cresce- com-marketing-customizado 9 Disponível em: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/anvisa-suspende-venda-de-quatro-lotes-de- medicamentos 38 A produção em massa foi desenvolvida por Henry Ford, por isso o melhor exemplo de produção em massa são as montadoras de veículos. Na época com poucos concorrentes e hoje com uma concorrência agressiva as montadoras procurar aperfeiçoar os seus processos para ganharmercado nas pequenas diferenças e comemoram aumentos mínimos de vendas. Veja a reportagem da Revista Exame que fala da liderança da Volkswagen na venda de veículos.10 Processos contínuos: são processos de alto volume com baixa variedade de produtos. A diferença deste processo é que a produção é ininterrupta em equipamentos especializados e em fluxo contínuo e altamente previsível. As atividades são repetitivas e divididas. De capital intensivo e tecnologias sedimentadas relativamente inflexíveis. O fluxo ocorre sem interrupções de uma parte a outra do processo. Exemplos: Refinarias petroquímicas, ind. Químicas de base, fábricas de papel, cimento, siderúrgicas. A fábrica de papel é um bom exemplo de processo contínuo. A Suzano é uma grande produtora de papel, mas que as vezes também passa por condições de mercado desfavoráveis e tem que parar o seu processo produção. Observe na reportagem da Revista Exame.11 Veja também no site da Suzano a descrição do processo de fabricação do papel: http://ri.suzano.com.br/static/ptb/processo-de-producao.asp?language=ptb Serviços profissionais: são operações/processos de alto contato com o consumidor, alta customização, alto uso de pessoas, pela necessidade de atendimento para atender as necessidades individuais dos clientes e exige habilidade interpessoal e capacidade de tomar decisões. Exemplos são: Consultores, advogados, arquitetos. Por exemplo, a demanda por consultorias ambientais cresce consideravelmente. E neste processo o atendimento é único de acordo 10 Disponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/volkswagem-ultrapassa-toyota-e-comeca-2014- na-lideranca 11 Disponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/suzano-para-producao-de-2-fabricas-por- condicoes-de-mercado 39 com as necessidades dos clientes. Leia a reportagem da Revista Exame que fala deste mercado bilionário.12 Lojas de serviços: são processos de alto contato, customizados. A oferta depende da combinação das atividades de linha de frente e de retaguarda. Exemplos: Lojas comerciais; restaurantes, hotéis. Veja o exemplo do Slack et. al. (2013), no aluguel e venda de equipamentos os produtos fica a mostra nos pontos de venda enquanto que na retaguarda operações compram e administram. Os vendedores recebem treinamento técnico para atender as necessidades dos clientes, ou seja, customiza-se o atendimento. Serviços de massa: apresenta processos de alto volume, de baixa customização. São muitos clientes sendo atendidos e o contato é limitado. Podem ser utilizados equipamentos e a maior parte das operações acontece na retaguarda. Exemplos: Supermercados, aeroportos. É importante ressaltar que nem sempre encontramos processos puros que em alguns casos se misturam, não existem fronteiras claras entre os tipos de processos. A operacionalização do projeto de processo se dá por meio do desenho das atividades individuais, utilizando símbolos comuns. A sequência das atividades é então indicada pela sequência de símbolos que representam as atividades. Como você pode ver na figura 12 um exemplo simples de descrição da atividade de assar o pão. 12 Disponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/22-empresas-de-consultoria-lideram-mercado- verde-bilionario 40 Figura 12 – Processo “Assar o pão” Fonte: http://www.cristiancechinel.pro.br/my_files/algorithms/bookhtml/node15.html Outro elemento importante que não devemos deixar de considerar são as implicações humanas. A empresa é um sistema social e as pessoas é que executam o processo e, portanto na montagem do projeto de processo deve-se considerar: Divisão do Trabalho; ergonomia; rotação das tarefas; enriquecimento das tarefas, empowerment e trabalho em equipe. 2.4.2 O Que faz um bom Projeto de Produto? Decathlon transforma ideia de clientes em um novo produto A Oxylane, dona da rede varejista de material esportivo Decathlon, acaba de lançar no Brasil uma plataforma por meio da qual os clientes podem sugerir novos produtos ou melhorar os já fabricados pela empresa. É a Open Oxylane. Para contribuir, cada pessoa deve se cadastrar no site e, a partir daí, propor uma criação. As sugestões, vindas de todos os lugares do mundo, ficam reunidas em uma caixa de ideias por 30 dias — tempo disponível para que elas mostrem se têm ou não potencial para se tornar um produto real. Nessa caixa, os clientes da empresa encontram espaço para votar e debater sobre cada uma das propostas apresentadas. Em seguida, as melhores "invenções" são selecionadas e discutidas em um evento aberto, que é transmitido pela plataforma online. É uma espécie de reunião entre equipe da empresa, autores de ideias e público. A Open Oxylane começou a funcionar no dia 1º de abril e já recebeu mais de 41 100 ideais. Entre elas, cinco foram garimpadas para a primeira escolha pública, que foi realizada nesta terça-feira, na unidade da Decathlon no Morumbi, em São Paulo. Na ocasião, ficou decidido que uma das sugestões será fabricada pela companhia e chegará ao mercado: a de um carrinho de bebê que pode ser acoplado a uma bicicleta. A proposta foi feita pelo francês Fabien D. As outras quatro, que não foram acatadas, consistiam em um skate produzido com plástico reciclado, uma bicicleta para ser conduzida por duas pessoas, uma bicicleta com "teto" (contra chuva) e um contador de voltas para natação. A participação dos consumidores não fica só na idealização dos produtos. Eles também podem opinar sobre a concepção dos projetos. Na hora de escolher o design da criação, por exemplo, a empresa disponibiliza vários modelos na plataforma online e cada usuário pode votar nos seus três preferidos. "Se ninguém gostar de nada, o designer precisa abrir o olho", brinca Vincent Textoris, diretor responsável pela Open Oxylane. Além do design, o público poderá dar palpites nas embalagens, cores, slogans e até mesmo os preços dos itens. Depois do produto totalmente elaborado, a empresa pede que os clientes estipulem 4 preços para ele: um pelo qual jamais pagariam, um que eles acham baixo demais, um justo e outro que eles consideram alto, mas possível. Ao cruzar essas respostas, a companhia cria faixas de preço para negociar com fornecedores. Depois de encontrado um valor viável, os internautas são novamente consultados para saber se, vendido por aquela quantia, o artigo encontrará compradores. "O produto só vai para a loja se houver mercado para ele", explica Textoris. O que o cliente ganha com isso? Para cada participação na criação de uma novidade, os usuários da plataforma recebem uma pontuação. Quem tem uma ideia que vira produto recebe 30 mil pontos. Cada 100 deles equivalem a 1 euro e se o cliente for brasileiro, por exemplo, o valor é convertido para Real. É possível receber o dinheiro a cada 80 mil pontos acumulados (ou seja, a partir de 80 euros). "Quisemos que fosse em dinheiro e não em vale-presente pra que as pessoas pudessem fazer o que quiserem, inclusive comemorar tomando uma cerveja com os amigos", brinca Textoris. Sem medo da concorrência. Uma vez que o processo de elaboração dos produtos estará totalmente disponível online, a Oxylane sabe que, provavelmente, eles não serão fabricados exclusivamente por ela. "Como é tudo público, não teremos patentes. Então, a nossa solução é fazer mais rápido do que os concorrentes", afirma Textoris. No primeiro ano de funcionamento da plataforma, a empresa espera fazer 5 produtos. Para isso, a rede precisará crescer— e muito. A cada 200 mil acessos, devemos ter 2 mil pessoas cadastradas no site, que devem sugerir cerca de 200 ideias, que devem resultar em 20 projetos interessantes, que devem se transformar em 2 produtos. É a regra dos 10%", explica o diretor. A companhia não informa quantos internautas aderiram ao projeto nesse primeiro mês.13 13 Disponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/projeto-da-decathlon-transforma-ideia-de- cliente-em-produto 42 O caso da Dechatlon é abordagem de projetos utilizando a tecnologia a seu favor. O cliente influenciando diretamente não só na composição de ideias, mas no próprio desenvolvimento do projeto. Utilizar o projeto de produto como ferramenta da gestão não é comum nas organizações principalmente nas pequenas e micro empresas. E a realidade revela que muitos produtos novos fracassam, e por quê? Algumas vezes os novos produtos provêm de ideias dos executivos ou donos da empresa que “acham” que o produto vai dar certo, sem qualquer respaldo das pesquisas de mercado, para realmente ter um panorama do consumidor e sua aceitação a determinada ideia ou saber de quais são suas necessidades não satisfeitas. Ou em alguns momentos superestima-se o mercado. Achando que irão vender mais do que realmente o mercado suporta, ou seja, o produto encalha e os custos aumentam. Maus projetos também podem resultar em fracasso. Posicionar-se incorretamente no mercado também pode resultar em fracasso, você desenvolve um produto bom, mas oferece para o mercado errado. Alguns projetos são muito caros para serem desenvolvidos. O lançamento do produto dá certo, para mercado certo, mas a reação da concorrência é muito forte e acaba vendendo mais. Além destas situações ainda temos muitos desafios a serem enfrentados para que possamos desenvolver novos produtos: Escassez de ideias – apesar de o Brasil ser considerado um país criativo, as empresas não promovem um ambiente propício para o desenvolvimento de ideias, muito pelo contrário tanto no sistema educacional como nas empresas somos forçados a pensar “dentro da caixa”, e as novas ideias ficam pra traz. Muitas vezes boas ideias são inclusive ficam “abafadas” pelo autoritarismo dos sistemas hierárquicos. Mercados fragmentados – estes mercados dificultam a identificação de mercados latentes e então pode resultar em posicionamento errado. Restrições sociais e governamentais. 43 Custo – geralmente elevados para o desenvolvimento. Escassez de capital – o capital é escasso e muito caro quando se depende de terceiros. Necessidade de rapidez – ações da concorrência pode exigir da empresa ações rápidas que muitas vezes não tem tempo hábil para o desenvolvimento de projetos de produtos. Menores ciclos de vida dos produtos – ciclos de vida de produtos que duravam vários anos no passado hoje não ultrapassam 6 meses. Mesmos com todas as dificuldades é imprescindível que o gestor aplique estes conceitos que com certeza obtém melhores resultados operacionais e financeiros. Você leu no início desta aula o resultado da Dechatlon com a aplicação dos princípios do bom projeto. Conforme definido por Slack et.al. (2013) “o projeto ajuda os negócios a se conectarem fortemente com seus clientes ao antecipar suas necessidades reais”. E dá a oportunidade de se destacarem em mercados cada vez mais difíceis. Na figura 12 você observa como acontece a relação entre os setores de produção e marketing e o desenvolvimento de projetos. O marketing tem a função de ir ao mercado através de ferramentas de pesquisa e identificar quais são as expectativas dos clientes, quais são suas necessidades latentes. Cabe a esta função interpretar essas informações e repassá-las aos desenvolvedores de projetos que através do desencadear de suas etapas criam a especificação do produto ou do serviço, como o produto deve ser fabricado ou o serviço prestado. Essas informações são enviadas a produção que a transforma em um produto tangível ou no serviço entregue ao cliente. Figura 12 – Aspectos do projeto de produto e serviço Fonte: Slack et. al. (2002) 44 Mas o que é projetado? Todos os projetos resultam em três elementos: O conceito – conjunto de benefícios esperados O pacote – conjunto de componentes que proporcionam os benefícios O processo – onde é definida a inter-relação dos componentes. Na próxima aula vamos analisar cada etapa. 2.4.3 Etapas Do Projeto De Produto As etapas do projeto de produto/serviço estão descritas na figura 13. Figura 13 – Etapas do Projeto de Produto e Serviço Fonte: Adaptado de Slack et. al. (2013) Vamos explorar cada uma delas. 45 2.4.4 Geração do conceito Clientes compram conceitos, compram o conjunto de benefícios que o produto ou serviço oferece. Nos exemplos citados pelo Slack et.al. (2002) fica claro o que o cliente busca os benefícios: Aquisição de uma máquina de lavar, o cliente busca: o Um gabinete atraente; o Que caberá em um espaço normalmente disponível na área de serviço de casas e apartamentos; o Proporcionará os meios de limpar as roupas; o Durante um longo período de tempo; o No conforto da própria casa do consumidor; Aquisição de uma refeição no restaurante, o cliente busca: o Um ambiente atraente; o No qual se consome uma refeição bem preparada e apresentada; o Em uma atmosfera relaxante. Como você pode observar nos exemplos não são citados componentes físicos dos produtos do que são feitos e sim o que eles proporcionam ao cliente na sua utilização. Ainda é importante dize que nem os produtos nem os serviços são puros, na maioria das vezes temos um conjunto de bens e serviços que são oferecidos ao consumidor, o que denominamos de pacotes de valor. Veja nos dois casos: Refeição no Restaurante oferece: o Produto com “comida” e “bebidas”; o Serviços como “o fornecimento da comida à mesa” e “as atenções do garçom ou garçonete” Compra máquina de lavar: o O produto, que é “a própria máquina de lavar”; 46 o Serviços como “garantias”, “serviços pós-venda” e “serviços da pessoa que vende a máquina”. Alguns dos produtos ou serviços no pacote são essenciais (comida no restaurante, máquina de lavar na loja) e outras partes servirão para melhorar a parte principal (servir no restaurante, garantias e serviço pós venda no caso da máquina de lavar). Para gerar o conceito precisamos das informações do mercado, saber quais são as necessidades dos clientes. Para esta finalidade temos que utilizar de diferentes fontes de informações. Observe a figura 13. Figura 13 – Geração do Conceito Temos fontes internas e externas para coleta de informações, como descrito na figura. Internamente temos sugestão de quem tem contatos com o cliente – atendentes, vendedores que rotineiramente conversam com os clientes e conseguem muitas vezes identificar necessidades ainda não satisfeitas. Quando a empresa tem um setor específico de pesquisa e desenvolvimento às ideias também podem prover deste departamento, uma vez que constantemente está analisando e desenvolvidos novos produtos. As fontes externas são informações da atividade de pesquisa de mercado, elaboram-se pesquisas para identificar as necessidades e expectativas
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