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COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL OU DA JUSTIÇA ESTADUAL? 
 
EMENTAS (STJ e STF) 
 
Crime contra a Caixa Econômica : JUSTIÇA FEDERAL 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL PENAL. ART. 155, § 4º, I e II, DO CÓDIGO PE-
NAL, CONTRA A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. RESSARCIMENTO POSTERIOR POR EMPRESA DE SE-
GURANÇA. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONDIÇÃO INSUSCEPTÍVEL DE ALTERAÇÃO DO SUJEITO PAS-
SIVO DA INFRAÇÃO PENAL. CONFLITO CONHECIDO PARA DECLARAR COMPETENTE O JUÍZO SUSCI-
TADO. 1. O ressarcimento posterior pela empresa de segurança, já que imputado crime praticado por seu empre-
gado, não retira a propriedade do numerário da Caixa Econômica Federal. 2. Fatos supervenientes à consumação 
do crime são insusceptíveis de alterar-lhe a configuração subjetiva - estranhos que são ao crime já consumado -, 
mantendo-se a competência da jurisdição federal para o furto de seus bens. 3. Conflito conhecido para declarar 
competente o juízo suscitado. (STJ. CC 118.619/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Terceira Seção, j. 13/08/2014, DJe 
21/08/2014) 
 
HABEAS CORPUS. CONCUSSÃO. CRIME PRATICADO CONTRA SUPOSTOS AUTORES DE FURTO DE QUE 
FOI VÍTIMA A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ALEGADA INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. APON-
TADA AUSÊNCIA DE OFENSA A BENS, SERVIÇOS OU INTERESSES DA UNIÃO, SUAS AUTARQUIAS OU 
EMPRESAS PÚBLICAS. CONEXÃO PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 122 DO SUPERIOR TRIBU-
NAL DE JUSTIÇA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. COAÇÃO ILEGAL NÃO DEMONSTRADA. 1. Nos 
termos do inciso III do artigo 76 do Código de Processo Penal, a competência será determinada pela conexão 
"quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra 
infração". 2. Na hipótese de conexão probatória ou instrumental entre delitos estaduais e federais, todos devem 
ser processados e julgados perante a Justiça Federal, nos termos da Súmula 122 deste Sodalício. 3. Constatado 
que o paciente foi acusado de integrar quadrilha voltada à prática de fraudes via internet, cuja principal vítima se-
ria a Caixa Econômica Federal, sendo que, nos termos da denúncia, sua atuação se daria "à margem da 'organi-
zação', extorquindo os crackers e cartãozeiros para tomar-lhes o dinheiro obtido licitamente", evidente a conexão 
probatória ou instrumental entre os delitos da competência estadual e federal. 5. Ainda que não houvesse cone-
xão probatória entre o crime de concussão atribuído ao paciente e o furto supostamente cometido pelos demais 
corréus contra a autarquia federal, a sua absolvição pelo delito de quadrilha não seria suficiente para se afastar a 
competência da Justiça Federal, diante do princípio da perpetuatio jurisdictionis, previsto no caput do artigo 81 do 
Código de Processo Penal. Precedentes. PRISÃO PREVENTIVA. REVOGAÇÃO. INDEFERIMENTO. JUSTA 
CAUSA PARA A SEGREGAÇÃO CAUTELAR. ALEGADA AUSÊNCIA. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA 
CONDENATÓRIA. MANUTENÇÃO DA CUSTÓDIA. NOVOS FUNDAMENTOS. PERDA DO OBJETO. MANDA-
MUS JULGADO PREJUDICADO NESSE PONTO. 1. Tendo o remédio constitucional sido dirigido contra a decisão 
que indeferiu pedido de revogação de prisão preventiva e, verificando-se a superveniente prolação de sentença 
condenatória, na qual a custódia foi mantida por outros motivos, esvazia-se o objeto da impetração nesse ponto, 
uma vez que o encarceramento é agora decorrente de novo título judicial e tem novos fundamentos. 2. Ademais, 
não tendo os argumentos deste novo título embasador da prisão sido objeto de apreciação pela Corte impetrada, 
torna-se impossível conhecer do writ, sob pena de indevida supressão de instância. 3. Writ julgado parcialmente 
prejudicado e, no restante, denegada a ordem. (STJ. HC 132135. Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJ 
03/05/2011, DJe 17/05/2011) 
 
Crime contra o Banco do Brasil (empresa de economia mista) : JUSTIÇA ESTADUAL 
 
PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EMISSÃO DE DUPLICATAS SIMULADAS. CONDUTA PRATICADA 
EM DETRIMENTO DE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. SÚMULA 42/STJ. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
ESTADUAL. 1. O art. 6º da Lei n. 7.492/1986 tutela, especificamente, a inviolabilidade e a credibilidade do merca-
do de capitais, protegendo o Sistema Financeiro Nacional da disseminação de informações fraudulentas, potenci-
almente lesivas a sua estabilidade. 2. Na espécie, a eventual conduta do empresário que emite e desconta títulos 
fraudulentos não o qualifica como sujeito ativo do tipo, já que se trata de crime próprio, que só poderia ser cometi-
do, via de regra, por aqueles que, detendo informação relevante, administram ou controlam instituição financeira. 
3. Excluída a hipótese de crime contra o sistema financeiro, afasta-se a competência da Justiça Federal, sobretu-
do porque a suposta fraude foi praticada em detrimento do Banco do Brasil (sociedade de economia mista), sem 
que ocorresse lesão a bens, serviços ou interesses da União. Inteligência da Súmula 42/STJ. 4. Conflito conheci-
 
 
 
 
 
 
 
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do para declarar a competência da Justiça estadual. (STJ. CC 111.961/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Ter-
ceira Seção, j. 26/10/2011, DJe 09/11/2011) 
 
Crime contra casa lotérica: JUSTIÇA ESTADUAL 
 
Atenção! Casa lotérica é apenas permissionária de serviço público, e crimes contra ela praticados não são 
de competência da Justiça Federal, salvo se os valores forem comprovadamente relacionados à CEF, ou 
se a lotérica for uma das dez únicas existentes que são devidamente controladas pela CEF. 
 
PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FURTO QUALIFICADO DE CASA LOTÉRICA. REGIME DE PERMIS-
SÃO. INTERESSE GENÉRICO E REFLEXO DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. Nos ser-
viços prestados pelas casas lotéricas, apesar de serem realizados sob o regime de permissão, ainda que tenha a 
União o interesse na punição do eventual criminoso, tal seria genérico e reflexo, pois não há ofensa a seus bens, 
serviços ou interesses. 2. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da Vara Criminal de 
Joaquim Távora/PR, ora suscitado. (STJ. CC 98.192/PR, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, j. 
09/09/2009, Dje 08/10/2009) 
 
PROCESSO PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. ROUBO CONTRA CASA LOTÉRICA. PES-
SOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO PERMISSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE LESÃO A 
BENS, SERVIÇOS OU INTERESSE DA UNIÃO OU ENTIDADES FEDERAIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
ESTADUAL PARA PROCESSAR E JULGAR A AÇÃO PENAL. 1. O delito de roubo cometido contra casa lotéri-
ca, pessoa jurídica de direito privado permissionária de serviço público, atingido apenas o seu patrimônio, não tem 
o condão de atrair a competência da Justiça Federal para o processo e julgamento da respectiva ação penal, por 
não lesar bens, serviços ou interesse da União. 2. Conflito conhecido para declarar a competência da Justiça Es-
tadual (STJ. CC 40771 SP 2003/0204765-5, Rel. Min. PAULO GALLOTTI, j. 26/04/2005, Terceira Seção, DJ 
09.05.2005 p. 293) 
 
Crime contra a loteria esportiva: JUSTIÇA FEDERAL 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INQUÉRITO POLICIAL. DIVULGAÇÃO DE LOTERIA NÃO AUTORIZADA NO 
BRASIL. DELITO PREVISTO NO ART. 17, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 5.250/67. SERVIÇO PÚBLICO DA 
UNIÃO EXECUTADO PELA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ART. 109, INCISO IV, DA CONSTITUIÇÃO FE-
DERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. PRESCRIÇÃO DA AÇÃO PENAL. CONFLITO PREJUDICA-
DO. 1. Em tese, quem divulga loteria estrangeira em território nacional comete o crime previsto no artigo 17, pará-
grafo único, da Lei nº 5.250, de 1967. 2. Sendo a exploração de loterias serviço público federal executado pela 
Caixa Econômica Federal, na letra dos artigos 1º e 2º do Decreto-lei nº 204/67, é da competência da Justiça Fede-
ral, a teor do contido no artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal, processar e julgar o crime de divulgação de 
loteria não autorizada.3. Nos termos do artigo 41 da Lei de Imprensa, a prescrição da ação penal dos crimes por 
ela definidos ocorre em dois anos após a data da publicação. 4. No caso, sendo a publicação que contém o anún-
cio de loteria estrangeira datada de dezembro de 2001, e inexistindo qualquer causa interruptiva, pois em trâmite 
ainda o inquérito policial, é de se declarar a extinção da punibilidade pela prescrição. 5. Conflito de competência 
prejudicado. (STJ. CC 38647/SP. Rel. Min. Paulo Gallotti, Terceira Seção, DJ 23/06/2004, Publicação 06/09/2004) 
 
Crime contra o SUS: JUSTIÇA FEDERAL 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE ESTELIONATO PRATICADO CONTRA O SISTEMA ÚNICO DE 
SAÚDE - SUS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. É competente a Justiça Federal para processar e 
julgar crime cometido em detrimento do Sistema Único de Saúde - SUS, a teor do disposto no artigo 109, inciso 
IV, da Constituição Federal. 2. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 2ª Vara de Uber-
lândia/MG, o suscitado. (STJ. CC 95.134 /MG , Rel. Min. Haroldo Rodrigues, Terceira Seção, STJ, DJ: 
14/03/2011, DJe: 01/04/2011) 
 
Crime de concussão. Médico credenciado pelo SUS. Crime contra o particular: JUSTIÇA ESTADUAL 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE CONCUSSÃO. COBRANÇA INDEVI-
DA A PARTICULAR DE SERVIÇOS MÉDICO/HOSPITARES ATENDIDOS PELO SUS. OFENSA A BENS, SER-
VIÇOS OU INTERESSE DA UNIÃO. INOCORRÊNCIA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. PRECE-
DENTES DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. A cobrança indevida de serviços médi-
 
 
 
 
 
 
 
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co/hospitares acobertados pelo SUS, embora possa caracterizar o crime de concussão, não implica prejuízo direi-
to à União ou mesmo indireto via violação da "Política Nacional". 2. "Compete à Justiça Estadual processar e jul-
gar o feito destinado a apurar crime de concussão consistente na cobrança de honorários médicos ou despesas 
hospitalares a paciente do SUS por se tratar de delito que acarreta prejuízo apenas ao particular, sem ofensa a 
bens, serviços ou interesse da União" (CC 36.081/RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, DJ. 
01/02/2005 p. 403) 3. Agravo regimental não provido. (STJ. AgRg no CC 115.582/RS, Rel. Min. Jorge Mussi, Ter-
ceira Seção, j. 27/06/2012, DJe 01/08/2012) 
 
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA CRIMINAL. CRIME DE CONCUSSÃO. ART. 316 DO CÓ-
DIGO PENAL. ACUSADOS: DIRETOR E MÉDICO DE HOSPITAL CREDENCIADO AO SISTEMA ÚNICO DE 
SAÚDE - SUS. DELITO PRATICADO, EM TESE, CONTRA PARTICULAR. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ES-
TADUAL. O recurso extraordinário, interposto com base na alínea "a" do inciso III do art. 102 da Magna Carta, 
apontou violação aos arts. 5º, inciso LIII, e 109, inciso IV, da Lei das Leis. No entanto, não houve manifestação do 
Tribunal a quo quanto aos dispositivos constitucionais tidos por violados, limitando-se o acórdão recorrido a con-
signar a competência da Justiça Federal para o julgamento do caso, em razão da existência de decisão transitada 
em julgado nesse sentido. Patente, no caso, a ausência do requisito do prequestionamento. Todavia, em se tra-
tando de competência absoluta, mostra-se equivocado o entendimento segundo o qual decisão judicial com trânsi-
to em julgado não pode ser reapreciada, especialmente quando caracterizar nulidade absoluta. Com efeito, os 
recorrentes, administrador e médico de estabelecimentos hospitalar privado, ambos credenciados para o atendi-
mento aos usuários do SUS, foram denunciados pela prática, em princípio, do crime definido pelo art. 316, combi-
nado com o art. 327, na forma dos arts. 29 e 71, todos do Código Penal. A conduta ter-se-ia caracterizado pela 
exigência a paciente beneficiária do SUS de vantagem indevida em favor dos acusados. Esta colenda Corte, por 
diversas oportunidades, consignou o juízo de que o delito de concussão, quando praticado nessas condições, 
deve ser julgado pela Justiça Comum estadual. Precedentes: HC 81.912, Rel. Min. Carlos Velloso; HC 56.444, 
Rel. Min. Cunha Peixoto; HC 71.849, Rel. Min. Ilmar Galvão; e o HC 77.717, Rel. Min. Ilmar Galvão, Primeira Tur-
ma, em caso que muito se assemelha ao presente. A competência firmada pelo egrégio Tribunal Regional Federal 
da 4ª Região, considerando que não ficou demonstrado eventual prejuízo a bens ou serviços da União, suas Au-
tarquias ou Empresas Públicas, direcionada a conduta delitiva exclusivamente ao patrimônio particular de paciente 
do SUS, diverge da pacífica jurisprudência desta Casa Maior da Justiça brasileira, o que caracteriza nulidade ab-
soluta. Recurso extraordinário não conhecido. Concedeu-se, contudo, habeas corpus de ofício, para declarar a 
competência da Justiça Comum estadual, para onde o feito deve ser encaminhado com as ressalvas do art. 567 
do Código de Processo Penal. (STF. RE 429.171/RS, Rel. Min. Carlos Britto, Primeira Turma, j. 14/09/2004, DJ 
11-02-2005) 
 
Crime a bordo de aeronave e navio: JUSTIÇA FEDERAL 
 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. COMPETÊNCIA JURISDICIONAL. CRIME DE ROUBO "QUALIFI-
CADO" E FORMAÇÃO DE QUADRILHA. CRIME PRATICADO A BORDO DE AERONAVE. ART. 109, IX, DA 
CF. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. ORDEM DENEGADA. 1. "Aos juízes federais compete processar e 
julgar os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar" (art. 109, 
IX, da CF). 2. O fato de encontrar-se a aeronave em terra não afeta a circunstância de a prática criminosa ter-se 
verificado no seu interior. 3. É indiferente a qualidade das pessoas lesadas, constituindo razão suficiente e autô-
noma para a fixação da competência federal, a implementação da hipótese prevista no inciso IX, do art. 109, do 
Texto Maior. 4. Ordem denegada. (STJ. HC 40913/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, DJ 
19/05/2005, Publicação DJ 15/08/2005.) 
 
Crime contra direitos indígenas: JUSTIÇA FEDERAL 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. DELITO DE HOMICÍDIO PRATICADO CONTRA ÍNDIO. MOTIVA-
ÇÃO VINCULADA À DISPUTA POR DIREITOS DE PESCA EM REGIÃO PRÓXIMA À ALDEIA INDÍGENA. IN-
TERESSE DE TODA A COMUNIDADE INDÍGENA. ART. 109, XI, E ART. 231 DA CF. NÃO INCIDÊNCIA DA 
SÚMULA N. 140/STJ. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. - O enunciado n. 140 da Súmula do STJ dispõe 
que compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima. 
Entretanto, nos casos em que o crime extrapola o interesse individual, ligando-se à disputa sobre direitos indíge-
nas, a competência passa a ser da Justiça Federal, em observância ao art. 109, XI, da Constituição Federal. - A 
denúncia narra que o homicídio foi cometido em razão de uma disputa entre os denunciados e os índios ARARAS 
pelo direito de pesca próximo à aldeia indígena, localizada na Reserva Indígena de Cachoeira Seca. Afirma-se 
que os índios apreenderam alguns instrumentos dos denunciados (pescadores) no dia 13/5/2000, pela manhã. No 
 
 
 
 
 
 
 
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mesmo dia, à tarde, a vítima foi pescar sozinha próximo ao local do conflito, ocasião em que teria sido assassina-
da pelos pescadores, como forma de se vingarem dos índios daquela tribo. - O direito de pesca naquela região 
interessa a toda a comunidade indígena, pois diz respeito à própria subsistência do grupo, que vive, principalmen-
te, da caça e da pesca. O índio Karajá agiu, juntamente com outros membros da tribo, na defesa desse direito e, 
em contrapartida, foi assassinado pelos pescadores, segundo a denúncia. A motivação do delito, portanto, não se 
restringe ao interesse privado individual, alcançando direitos indígenas previstos no art. 231 da Constituição Fede-
ral, o que atrai a competência da Justiça Federal. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Fede-
ral da Vara de Santarém-PA. (STJ. CC 129.704/PA, Rel. Min. Marilza Maynard (Desembargadora Convocada do 
TJ/SE), Terceira Seção, j. 26/03/2014, DJe 31/03/2014)PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA INDÍGENA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDE-
RAL. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 140/STJ. PRISÃO PREVENTIVA. MODUS OPERANDI. REITERAÇÃO 
CRIMINOSA. SEGREGAÇÃO CAUTELAR JUSTIFICADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. ART. 312 DO 
CPP. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. PRECEDENTES DO STJ. ORDEM DENEGADA. 1. Nos termos do art. 109, 
XI, da Constituição Federal, a competência para processar e julgar a "disputa sobre direitos indígenas" é da Justi-
ça Federal. 2. A referida competência não se deve restringir às hipóteses de "disputa de terras". Incide, também, 
aos direitos previstos no art. 231 da Constituição Federal, uma vez que os delitos praticados assumiram propor-
ções de transindividualidade, atingindo diretamente a organização social da comunidade indígena Reserva do 
Guarita/RS, bem como os seus costumes e cultura. Inaplicabilidade do verbete sumular 140/STJ. 3. A prisão pre-
ventiva é medida excepcional e deve ser decretada apenas quando devidamente amparada em fatos concretos 
que demonstrem a presença dos requisitos legais, em observância ao princípio constitucional da presunção de 
inocência, sob pena de antecipar reprimenda a ser cumprida no caso de eventual condenação. 4. Estando o de-
creto preventivo satisfatoriamente justificado, em razão do modus operandi e da reiterada prática delituosa dos 
pacientes, resta evidente a necessidade de proteção da ordem pública, a teor do disposto no art. 312 do CPP. 
Precedentes do STJ. 5. Eventuais condições pessoais favoráveis não garantem o direito subjetivo à revogação da 
custódia cautelar quando a prisão preventiva é decretada com observância do disposto no art. 312 do CPP. 6. 
Ordem denegada. (STJ. HC 77.280/RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, DJ 11/12/2008, DJe 
09/03/2009) 
 
Crime praticado por índio ou contra índio : JUSTIÇA ESTADUAL 
 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. COMPETÊNCIA. PROCESSUAL PENAL. RÉU SILVÍCOLA. 
FURTO QUALIFICADO. AUSÊNCIA DE INTERESSE DA COMUNIDADE INDÍGENA OU DISPUTAS DE TER-
RAS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO. 1. No caso 
em tela, o crime de furto cometido por agente considerado indígena não evidenciou interesse da comunidade ou 
vinculação com disputas por terras silvícolas, mas somente proveito pessoal, o que atrai a competência da Justiça 
comum estadual. 2. Recurso ordinário desprovido. (STJ. RHC 35227/MS, Rel. Min. Laurita Vaz, Quinta Turma, j. 
18/04/2013, DJe 25/04/2013) 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL. CRIME PRATICADO POR ÍNDIO. AUSÊNCIA DE DISPU-
TA SOBRE DIREITOS INDÍGENAS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. Em se tratando de conduta 
sem conotação especial, inapta a revelar o interesse da coletividade indígena, não se vislumbra ofensa a interes-
se da União, pelo que aplicável na espécie o Enunciado Sumular 140 desta Corte que dispõe, verbis: "Compete a 
Justiça Comum Estadual processar e Julgar Crime em que o indígena figure como autor ou vítima." 2. Conflito 
conhecido para determinar a competência do suscitado, Juízo de Direito da 1ª Vara Criminal de Dourados - MS. 
(STJ. CC 43328/MS, Rel. Min. OG Fernandes, Terceira Seção, STJ, DJ: 08/10/2008, DJe 21/10/2008) 
 
Crime contra empresa brasileira de Correio não franqueada (a própria ECT) : JUSTIÇA FEDERAL 
 
PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO PENAL. CRIME DE ROUBO PERPETRADO CONTRA AGÊN-
CIA COMUNITÁRIA DOS CORREIOS, CONSTITUÍDA MEDIANTE CONVÊNIO ENTRE A ECT E O MUNICÍPIO 
DE SÃO JOÃO BATISTA/SC. INTERESSE RECÍPROCO NO SERVIÇO PRESTADO, INCLUSIVE DA EMPRE-
SA PÚBLICA FEDERAL. DANO DE PEQUENO VALOR. IRRELEVÂNCIA. PERDA MATERIAL E PREJUÍZO AO 
SERVIÇO POSTAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. Nos crimes praticados em detrimento das 
agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, esta Corte Superior já firmou o entendimento de 
que a fixação da competência depende da natureza econômica do serviço prestado. Se explorado diretamente 
pela empresa pública - na forma de agência própria -, o crime é de competência da Justiça Federal. De outro vér-
tice, se a exploração se dá por particular, mediante contrato de franquia, a competência para o julgamento da 
 
 
 
 
 
 
 
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infração é da Justiça estadual. 2. A espécie, contudo, guarda peculiaridade, pois a agência alvo do roubo é tida 
como "comunitária". Constituída sob a forma de convênio entre a ECT e a prefeitura municipal, ostenta interesse 
recíproco dos entes contratantes, inclusive da empresa pública federal. 3. Embora noticiado que o ilícito importou 
em pequeno prejuízo à empresa pública, o fato é que houve perda material e prejuízo ao serviço postal; logo é o 
caso de firmar a competência da Justiça Federal para conhecer do feito, nos termos do art. 109, IV, da Constitui-
ção Federal. 4. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo Federal e Juizado Especial de Brusque - 
SJ/SC, o suscitante. (STJ. CC 122.596/SC, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, TERCEIRA SEÇÃO, j. 
08/08/2012, DJe 22/08/2012) 
 
PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ROUBO PERPETRADO CONTRA AGÊNCIA DA EMPRESA BRASI-
LEIRA DE CORREIOS NÃO FRANQUEADA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. CONEXÃO APENAS 
COM O DELITO DE FALSA COMUNICAÇÃO DE CRIME. AUSÊNCIA DE CONEXÃO QUANTO AOS DEMAIS 
DELITOS. DESMEMBRAMENTO. COMPETÊNCIA DE AMBOS OS JUÍZOS. RATIFICAÇÃO DE ATOS PRATI-
CADOS PELO JUÍZO INCOMPETENTE. POSSIBILIDADE. CONFLITO CONHECIDO. I. Hipótese em que o Mi-
nistério Público do Estado do Paraná ofereceu denúncia em face de 15 pessoas, supostas integrantes de organi-
zação criminosa denominada "Quadrilha do Xandi", pela prática de diversos delitos, dando azo à instauração de 4 
ações penais distintas, que restaram distribuídas ao Juízo de Direito da Vara Criminal de Cianorte/PR. II. Ações 
penais que corriam separadamente, tendo sido reunidas na Ação Penal n.º 5000375-55.2010.404.7003, diante do 
reconhecimento da conexão, ocasião em que o Juízo de Direito da Vara Criminal de Cianorte/PR declinou de sua 
competência em favor do Juízo Federal da Vara Criminal e Juizado Especial Criminal de Maringá - SJ/PR, tendo 
em vista o roubo perpetrado contra a Agência dos Correios de Madaguaçu/PR, empresa pública federal, que atrai-
ria a competência da Justiça Federal também com relação aos crimes a ele conexos, nos termos da Súmula 
122/STJ. III. Delito de roubo que foi perpetrado contra agência não franqueada da Empresa Brasileira de Correios 
e Telégrafos, mas contra posto de atendimento da própria EBCT, que tem natureza jurídica de empresa pública, 
atraindo a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF. IV. Não verificada a conexão entre o 
delito de roubo à Agência dos Correios de Mandaguaçu/PR com o crime de quadrilha ou com qualquer dos delitos 
imputados à "Quadrilha do Xandi", salvo com o de falsa comunicação de crime ou contravenção (art. 340 do Códi-
go Penal), as ações penais devem ser desmembradas de forma que seja firmada a competência da Justiça Fede-
ral para o julgamento do crime de roubo contra a EBCT e o previsto no art. 340 do Código Penal a ele conexo, 
mantendo-se a competência da Justiça Estadual para a apuração dos demais crimes narrados nas denúncias. V. 
Reconhecida a incompetência absoluta da Justiça Estadual para processar e julgar os delitos de roubo e de falsa 
comunicação de crime ou contravenção, cumpre examinar se a ação penal deve ser anulada na íntegra, ou se 
podem ser mantidos os atos decisórios não meritórios praticados. VI. Embora o tema seja alvo de controvérsias, 
prevalece nesta Corte atualmente o entendimento de que, constatada a incompetência absoluta, os autos devem 
ser remetidos ao Juízo competente, que pode ratificar ou não os atos já praticados, nos termos do artigo 567 do 
Código de Processo Penal, e 113, § 2º, do Código de Processo Civil. VII. Declarada a competência da Justiça 
Federal para o julgamento do crime de roubo contra a EBCT e o previstono art. 340 do Código Penal a ele cone-
xo, mantendo-se a competência da Justiça Estadual para a apuração dos demais crimes narrados nas denúncias. 
VIII. Conflito de competência conhecido, nos termos do voto do Rel. (STJ. CC 112424, Rel. Min. Gilson Dipp, S3, 
Terceira Seção STJ, DJ, 09/11/2011, DJe 17/11/2011) 
 
Crime praticado CONTRA CARTEIRO da Empresa Brasileira de Correio e Telégrafos : JUSTIÇA FEDERAL 
 
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. ROUBO. SUJEITO PASSIVO. CARTEIRO DA EMPRESA BRASI-
LEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. PROCESSO E JULGAMENTO. JUSTIÇA FEDERAL. 1. O crime de 
roubo praticado contra carteiro da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, no exercício de suas funções, 
atrai, de acordo com o art. 109, IV, da Constituição da República, a competência da Justiça Federal para o pro-
cesso e julgamento da ação penal. 2. Conflito conhecido para declarar a competência da Justiça Federal, o susci-
tante, anulando-se os atos praticados na Justiça Estadual. (STJ. CC 114196, Rel. Min. Jorge Mussi, Terceira Se-
ção, DJ 27/04/2011, DJe 06/05/2011) 
 
Crime contra agência franqueada de Correio : JUSTIÇA ESTADUAL 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FORMAÇÃO DE QUADRILHA E ROUBO COMETIDO CONTRA AGÊNCIA 
FRANQUEADA DA EBCT. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À EBCT. INEXISTÊNCIA DE CONEXÃO. COMPE-
TÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. I. Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento de possível roubo de 
bens de agência franqueada da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, tendo em vista que, nos termos do 
respectivo contrato de franquia, a franqueada responsabiliza-se por eventuais perdas, danos, roubos, furtos ou 
 
 
 
 
 
 
 
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destruição de bens cedidos pela franqueadora, não se configurando, portanto, real prejuízo à Empresa Pública. II. 
Não evidenciado o cometimento de crime contra os bens da EBCT, não há que se falar em conexão de crimes de 
competência da Justiça Federal e da Justiça Estadual, a justificar o deslocamento da competência para a Justiça 
Federal. III. Conflito conhecido para declarar competente Juiz de Direito da Vara Criminal de Assu/RN, o Susci-
tante. (STJ. CC 116386/RN, Rel. Min. Gilson Dipp, Terceira Seção, j. 25/05/2011, DJe 07/06/2011) 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ROUBOS COMETIDOS, INCLUSIVE, CONTRA AGÊNCIA FRANQUEADA DA 
EBCT. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À EBCT. PREVISÃO EM CLÁUSULA CONTRATUAL. INEXISTÊNCIA DE 
CONEXÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. I. Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento 
de possível roubo de bens de agência franqueada da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, tendo em vista 
que, nos termos do respectivo contrato de franquia, a franqueada responsabiliza-se por eventuais perdas, danos, 
roubos, furtos ou destruição de bens cedidos pela franqueadora, não se configurando, portanto, real prejuízo à 
Empresa Pública. II. Não evidenciado o cometimento de crime contra os bens da EBCT, não há que se falar em 
conexão de crimes de competência da Justiça Federal e da Justiça Estadual, a justificar o deslocamento da com-
petência para a Justiça Federal. III. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 4ª Vara 
Criminal de Maceió/AL, o Suscitante. (STJ - CC 46.791, Rel. Min. Gilson Dipp, Terceira Seção, DJ 24/11/2004, 
publicação DJ 06/12/2004) 
 
Crime lavagem de dinheiro : CRIME PRECEDENTE 
 
PENAL. AGRAVOS REGIMENTAIS EM CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO PENAL. CRIME DE LAVAGEM 
E OCULTAÇÃO DE BENS E VALORES. CONTRATO FIRMADO ENTRE PESSOA JURÍDICA E ÓRGÃO ES-
TADUAL. RECURSOS, EM PARTE, PROVENIENTES DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS). INCORPORA-
ÇÃO DA VERBA AO PATRIMÔNIO ESTADUAL. IRRELEVÂNCIA. REPASSE SUJEITO AO CONTROLE IN-
TERNO DO PODER EXECUTIVO FEDERAL E DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. INTERESSE DA UNI-
ÃO. PRECEDENTES DA TERCEIRA SEÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. Por estarem sujeitas 
à fiscalização dos órgãos de controle interno do Poder Executivo federal, bem como do Tribunal de Contas da 
União, as verbas repassadas pelo Sistema Único de Saúde - inclusive na modalidade de transferência "fundo a 
fundo" - ostentam interesse da União em sua aplicação e destinação. Eventual desvio atrai a competência da Jus-
tiça Federal para conhecer da matéria, nos termos do art. 109, IV, da Constituição Federal. 2. Agravos regimentais 
improvidos. (STJ. AgRg no CC 129.386/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, j. 11/12/2013, DJe 
19/12/2013) 
 
PROCESSO PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. TRÁFICO DE DROGAS. ASSOCIAÇÃO PA-
RA O TRÁFICO. RECEPTAÇÃO. LAVAGEM DE CAPITAIS. DELITO ANTECEDENTE. COMPETÊNCIA ESTA-
DUAL. IDÊNTICA COMPETÊNCIA PARA O BRANQUEAMENTO. 1. A competência para a apreciação das infra-
ções penais de lavagem de capitais somente será da Justiça Federal quando praticadas contra o sistema financei-
ro e a ordem econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas enti-
dades autárquicas ou empresas públicas; ou quando o crime antecedente for de competência da Justiça Federal. 
In casu, não se apura afetação de qualquer interesse da União e o crime antecedente - tráfico de drogas - no caso 
é da competência estadual. 2. Conflito conhecido para julgar competente o JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA DE 
INHAPIM - MG, o suscitado. (STJ. CC 96678/MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Terceira Seção, j. 
11/02/2009, DJe 20/02/2009) 
 
Crime de tráfico de drogas interestadual : JUSTIÇA ESTADUAL 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS 
PROBATÓRIOS APTOS A INDICAR A INTERNACIONALIDADE DO DELITO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
COMUM ESTADUAL. 1. A origem estrangeira da droga é apenas uma probabilidade, não sendo possível compro-
var a transnacionalidade do delito de modo a atrair a competência da Justiça Federal. 2. Conflito conhecido para 
declarar a competência do Juízo de Direito da 3.ª Vara Criminal de Marília/SP. (STJ. CC 116156, Min. Laurita Vaz, 
Terceira Seção, DJ, 26/10/2011, DJe 11/11/2011) 
 
HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. TRANSNACIONALI-
DADE NÃO DEMONSTRADA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. Não há provas nos autos de que 
os entorpecentes tenham sido trazidos do exterior, muito embora haja fortes suspeitas de que eram provenientes 
do Peru e da Bolívia, países tidos por tradicionais "produtores" de tais substâncias; tampouco vislumbra-se qual-
quer elemento apto a confirmar a eventual transnacionalidade da organização criminosa. 2 "A mera natureza pre-
 
 
 
 
 
 
 
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sumidamente estrangeira da droga apreendida não basta à configuração da transnacionalidade" 3. Não havendo 
qualquer elemento caracterizador da ocorrência de tráfico de drogas transnacional, fica afastada a aplicação do 
artigo 70 da Lei nº 11.343/2006, razão pela qual o feito deve tramitar perante a Justiça Estadual. DENÚNCIA. AS-
SOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E LAVAGEM DE BENS E VALORES. AUSÊNCIA 
DE INDIVIDUALIZAÇÃO DAS CONDUTAS DO ACUSADO. REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP PREENCHIDOS. 
ESTABELECIMENTO DE LIAME ENTRE A ATUAÇÃO DO PACIENTE E OS CRIMES EM TESE COMETIDOS. 
POSSIBILIDADE DO EXERCÍCIO DA AMPLA DEFESA. CONSTRANGIMENTO NÃO EVIDENCIADO. INÉPCIA 
NÃO EVIDENCIADA. 1. Não pode ser acoimada de inepta a denúncia formulada em obediência aos requisitos 
traçados no art. 41 do Código de Processo Penal, descrevendo perfeitamente os fatos típicos imputados, crimes 
em tese, com todas as suas circunstâncias, atribuindo-os ao paciente, terminando por classificá-los, ao indicar os 
ilícitos supostamente infringidos. 2. Se a vestibular acusatória narra em que consistiu a ação criminosa do réu nos 
delitos em que lhe incursionou, permitindo o exercício da ampla defesa, é inviável acolher-se a pretensão de inva-
lidade da peça vestibular. 3. A denúncia, nos crimes de autoria coletiva, embora não possa ser de todogenérica, é 
válida quando, apesar de não descrever, minuciosamente, as atuações individuais dos acusados, demonstra um 
liame entre o agir do paciente e a suposta prática delituosa, estabelecendo a plausibilidade da imputação e possi-
bilitando o exercício da ampla defesa, caso em que se entende preenchidos os requisitos do art. 41 do Código de 
Processo Penal (Precedentes). TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. MÍNIMO 
RESPALDO INDICIÁRIO E PROBATÓRIO. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. VIA INADEQUADA. 
INEXISTÊNCIA DE COAÇÃO ILEGAL A SER SANADA NA OPORTUNIDADE. 1. O exame da alegada ausência 
de fundamentos mínimos para a deflagração da ação penal demanda aprofundada discussão probatória, enquan-
to que para o trancamento da ação penal é necessário que exsurja, à primeira vista, sem exigência de dilação do 
contexto de provas, a ausência de justa causa para a sua deflagração e/ou continuidade. 2. Em sede de habeas 
corpus, somente deve ser obstado o feito se restar demonstrada, de forma indubitável, a ocorrência de circuns-
tância extintiva da punibilidade, a ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade do delito, e ainda, 
a atipicidade da conduta, o que não se configura na hipótese. 3. Ordem denegada. (STJ. HC 199190/AC, Rel. Min. 
Jorge Mussi, Quinta Turma, STJ, DJ 16/06/2011, DJe 29/06/2011) 
 
Crime contra o INSS : JUSTIÇA FEDERAL 
 
CONSTITUCIONAL. PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE ESTELIONATO. LESÃO A AUTAR-
QUIA FEDERAL. Compete à Justiça Federal processar e julgar infrações penais susceptíveis de causar lesão 
direta a bens, serviços ou interesses da União, suas entidades autárquicas e empresas públicas, ex vi, do que 
dispõe o art. 109, IV da Constituição Federal.- Conflito conhecido. Competência do Juízo Federal da 1ª Vara de 
Niterói - SJ/RJ, o suscitado. (STJ. CC 32676/RJ, Rel. Min. Vicente Leal, Terceira Seção, DJ 09/10/2002, Publica-
ção 28/10/2002) 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. ESTELIONATO. PREJUÍZO A AUTARQUIA FEDERAL (INSS). COMPETÊN-
CIA DA JUSTIÇA COMUM FEDERAL. 1. É de se afirmar a competência da Justiça Comum Federal para o pro-
cesso e julgamento de crime de estelionato, em se evidenciando dos autos a existência de prejuízo suportado 
pela autarquia previdenciária, uma vez pago benefício previdenciário indevidamente. 2. Conflito conhecido para 
declarar competente o Juízo Federal da 8ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Estado de São Paulo, suscitado. 
(STJ. CC 55225/SP, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Terceira Seção, DJ 28/06/2006, Publicação 21/08/2006) 
 
Crime ambiental : JUSTIÇA FEDERAL ou ESTADUAL - competência compartilhada 
 
Atenção! A competência no caso de crimes ambientais dependerá da violação à interesse direto da União. 
Se houver interesse direto, a competência será da Justiça Federal. Caso contrário, da Justiça Estadual. 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. INQUÉRITO. CRIME AMBIENTAL. AUSÊNCIA 
DE INTERESSE ESPECÍFICO DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. O crime ambiental 
consistente em transporte irregular de substância tóxica, na forma como operado no caso vertente, não atrai a 
competência da Justiça Federal. 2. Consta dos autos laudo emitido pela ABACC (Agência Brasileiro-Argentina de 
Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares) informando que o material poderia ser transportado por qual-
quer meio de transporte, exceto por via postal, não requerendo cuidados adicionais. 3. A mera circunstância de o 
bem transportado ser de propriedade da Marinha do Brasil, por si só, não tem o condão de atrair, no âmbito penal, 
a competência da Justiça Federal, já que o bem jurídico tutelado é o meio-ambiente. Ausente o interesse específi-
co da União, o feito deve prosseguir perante a Justiça Estadual. Precedentes. 4. Agravo regimental a que se nega 
 
 
 
 
 
 
 
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provimento. (STJ. AgRg no CC 115.159/SP, Rel. Min. Og Fernandes, Terceira Seção, j. 13/06/2012, DJe 
21/06/2012) 
 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME PRATICADO EM ACRESCIDOS DE TERRENO DE MARINHA. BEM 
DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA DIRETAMENTE PELO 
TRIBUNAL A QUO. SÚMULA N.º 709/STF. ANÁLISE. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL INTERPOS-
TO PELA ALÍNEA "A" E "C" DO INCISO III DO ART. 105 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. INDICAÇÃO 
ADEQUADA DOS DISPOSITIVOS LEGAIS TIDOS POR VIOLADOS E OBJETOS DE DIVERGÊNCIA. AUSÊN-
CIA. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA N.º 284/STF. PRECEDENTES. AGRAVOS REGIMEN-
TAIS DESPROVIDOS. 1. Os crimes ambientais, em regra, são processados e julgados perante a Justiça Estadu-
al, contudo, havendo interesse direto e específico da União, de suas entidades autárquicas e empresas públicas, 
a Justiça Especializada será competente para o processamento e julgamento da demanda. 2. In casu, as instân-
cias ordinárias consignaram que as condutas delitivas ocorrem em acrescidos de terreno da Marinha, bem de 
propriedade da União, sendo que a utilização por particulares ou o funcionamento de órgão da administração 
ambiental estadual, não afasta a titularidade do Ente Federal, sendo, pois, competente para o processo e julga-
mento do feito a Justiça Federal. Precedentes. 3. O recurso especial interposto com espeque na alínea "a" e "c" 
do inciso III do art. 105 da Carta Magna, requer a indicação precisa e correta do dispositivo de lei federal tido por 
violado e objeto de divergência pretoriana que guarde correlação com a matéria objeto de análise no apelo nobre, 
importando referida ausência em deficiência na fundamentação do reclamo nobre. Incidência, mutatis mutandis, 
da Súmula n.º 284/STF. 4. Na espécie, os agravantes a despeito da interposição do reclamo especial para reco-
nhecimento de supressão de instância ante o recebimento da denúncia diretamente pelo Tribunal Regional Fede-
ral da 2ª Região a teor do disposto na Súmula n.º 709/STF, trouxeram como supostamente violados e objeto de 
divergência jurisprudencial os artigos 43 -atual artigo 395 -e 516, ambos do Código de Processo Penal que, por 
sua vez, tratam das hipóteses de rejeição da denúncia, não guardando, pois, correlação jurídica com o pedido 
formulado no apelo nobre. 5. A indicação de Súmula como objeto de divergência pretoriana não dispensa o Re-
corrente de apontar, nas razões de seu recurso especial, o dispositivo infraconstitucional objeto de interpretação 
divergente, já que o apelo nobre tem por objetivo a pacificação da jurisprudência da legislação federal. 6. Agravos 
regimentais a que se nega provimento. (STJ. AgRg no REsp 942.957/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, j. 
19/04/2012, DJe 27/04/2012) 
 
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CÂMARA FOR-
MADA MAJORITARIAMENTE POR JUÍZES DE PRIMEIRO GRAU CONVOCADOS. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO 
DO JUIZ NATURAL. INOCORRÊNCIA. REPERCUSSÃO GERAL. RE Nº 597.133/RS. CRIME AMBIENTAL 
PRATICADO EM FOZ DO RIO AMAZONAS. RIO TRANSNACIONAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDE-
RAL. RECURSO ORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. O Supremo Tribunal Federal, nos autos do 
RE 597.133 /RS, de relatoria do Min. Ricardo Lewandowski, Dje de 05/04/2011, julgado sob o regime de reper-
cussão geral, decidiu que não viola o postulado constitucional do juiz natural o julgamento de recurso por órgãos 
fracionários de tribunais compostos majoritariamente por juízes convocados. 2. Cabe à Justiça Federal o julga-
mento de crime ambiental praticado no Rio Amazonas, pois se cuida de Rio interestadual e internacional, afetan-
do, assim, os interesses da união. 3. Recurso ordinário a que se nega provimento. (STJ. RMS 26.721/DF, Rel. 
Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, j. 12/04/2012, DJe 25/04/2012) 
 
PENAL E PROCESSUAL. CRIME AMBIENTAL. PESCA EM LOCAL PROIBIDO. PROXIMIDADES DE ILHA 
OCEÂNICA. BEM DE PROPRIEDADE DA UNIÃO. RESERVA ECOLÓGICA CRIADA POR DECRETO FEDE-
RAL. INTERESSE DA UNIÃO.COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NEGATIVA 
DE AUTORIA. MATÉRIA DE PROVA. DILAÇÃO. HABEAS CORPUS. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. 
DESCRIÇÃO SUFICIENTE. DIREITO DE DEFESA ASSEGURADO. ORDEM DENEGADA. 1. Segundo o enten-
dimento da Terceira Seção deste Tribunal, os crimes ambientais, em regra, são da competência da Justiça Co-
mum Estadual, a não ser que, como na espécie, haja interesse da União, pois os fatos se deram nas proximida-
des de ilha oceânica, bem de sua propriedade (art. 20 da Constituição Federal), em Reserva Ecológica Marítima, 
assim criada por Decreto Federal, o que justifica a competência da Justiça Federal. 2. A alegação de que a de-
núncia é inepta porque não é o recorrente autor dos fatos, por não se encontrar no local da pesca proibida, não 
pode ser aferida na via angusta do habeas corpus, pois demanda dilação probatória a ser realizada na instrução, 
sob o crivo do contraditório. 3. Increpação que arrima-se em fiscalização do IBAMA, onde demonstrados indícios 
de autoria. 4. Peça devidamente redigida, nos termos do art. 41 do Código de Processo Penal, possibilitando o 
direito de defesa. Inépcia inexistente. 5. Recurso não provido. (STJ. RHC 24.338/AP, Rel. Min. Maria Thereza de 
Assis Moura, Sexta Turma, j. 18/10/2011, DJe 03/11/2011) 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Redução a condição análoga à de escravo: JUSTIÇA FEDERAL 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À 
DE ESCRAVO. ART. 149 DO CÓDIGO PENAL. RESTRIÇÃO À LIBERDADE DO TRABALHADOR NÃO É 
CONDIÇÃO ÚNICA DE SUBSUNÇÃO TÍPICA. TRATAMENTO SUBUMANO AO TRABALHADOR. COMPE-
TÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. Para configurar o delito do art. 149 do Código Penal não é imprescindível a 
restrição à liberdade de locomoção dos trabalhadores, a tanto também se admitindo a sujeição a condições de-
gradantes, subumanas. 2. Tendo a denúncia imputado a submissão dos empregados a condições degradantes de 
trabalho (falta de garantias mínimas de saúde, segurança, higiene e alimentação), tem-se acusação por crime de 
redução a condição análoga à de escravo, de competência da jurisdição federal. (STJ. CC 127.937/GO, Rel. Min. 
Nefi Cordeiro, Terceira Seção, j. 28/05/2014, DJe 06/06/2014) 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 
CRIMES DE REDUÇÃO À CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO, DE EXPOSIÇÃO DA VIDA E SAÚDE 
DESTES TRABALHADORES A PERIGO, DE FRUSTRAÇÃO DE DIREITOS TRABALHISTAS E OMISSÃO DE 
DADOS NA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL. SUPOSTOS CRIMES CONEXOS. RECUR-
SO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA PARTE, PROVIDO. 1. O recurso extraordinário interposto pelo 
Ministério Público Federal abrange a questão da competência da justiça federal para os crimes de redução de 
trabalhadores à condição análoga à de escravo, de exposição da vida e saúde dos referidos trabalhadores a peri-
go, da frustração de seus direitos trabalhistas e de omissão de dados nas suas carteiras de trabalho e previdência 
social, e outros crimes supostamente conexos. 2. Relativamente aos pressupostos de admissibilidade do extraor-
dinário, na parte referente à alegada competência da justiça federal para conhecer e julgar os crimes supostamen-
te conexos às infrações de interesse da União, bem como o crime contra a Previdência Social (CP, art. 337-A), as 
questões suscitadas pelo recorrente demandariam o exame da normativa infraconstitucional (CPP, arts. 76, 78 e 
79; CP, art. 337-A). 3. Desse modo, não há possibilidade de conhecimento de parte do recurso extraordinário in-
terposto devido à natureza infraconstitucional das questões. 4. O acórdão recorrido manteve a decisão do juiz 
federal que declarou a incompetência da justiça federal para processar e julgar o crime de redução à condição 
análoga à de escravo, o crime de frustração de direito assegurado por lei trabalhista, o crime de omissão de dados 
da Carteira de Trabalho e Previdência Social e o crime de exposição da vida e saúde de trabalhadores a perigo. 
No caso, entendeu-se que não se trata de crimes contra a organização do trabalho, mas contra determinados 
trabalhadores, o que não atrai a competência da Justiça federal. 5. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no 
julgamento do RE 398.041 (rel. Min. Joaquim Barbosa, sessão de 30.11.2006), fixou a competência da Justiça 
federal para julgar os crimes de redução à condição análoga à de escravo, por entender "que quaisquer condutas 
que violem não só o sistema de órgãos e instituições que preservam, coletivamente, os direitos e deveres dos 
trabalhadores, mas também o homem trabalhador, atingindo-o nas esferas em que a Constituição lhe confere 
proteção máxima, enquadram-se na categoria dos crimes contra a organização do trabalho, se praticadas no con-
texto de relações de trabalho" (Informativo no 450). 6. As condutas atribuídas aos recorridos, em tese, violam bens 
jurídicos que extrapolam os limites da liberdade individual e da saúde dos trabalhadores reduzidos à condição 
análoga à de escravos, malferindo o princípio da dignidade da pessoa humana e da liberdade do trabalho. Entre 
os precedentes nesse sentido, refiro-me ao RE 480.138/RR, rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 24.04.2008; RE 
508.717/PA, rel. Min. Cármen Lúcia, DJ 11.04.2007. 7. Recurso extraordinário parcialmente conhecido e, nessa 
parte, provido. (STF. RE 541627/PA, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, j. 14/10/2008, public. 21/11/2008) 
 
CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL. REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO. 
OFENSA AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA E AO SISTEMA PROTETIVO DE ORGANIZAÇÃO AO 
TRABALHO. ART. 109, V-A E VI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. 
O delito de redução a condição análoga à de escravo está inserido nos crimes contra a liberdade pessoal. Contu-
do, o ilícito não suprime somente o bem jurídico numa perspectiva individual. 2. A conduta ilícita atinge frontalmen-
te o princípio da dignidade da pessoa humana, violando valores basilares ao homem, e ofende todo um sistema 
de organização do trabalho, bem como as instituições e órgãos que lhe asseguram, que buscam estender o al-
cance do direito ao labor a todos os trabalhadores, inexistindo, pois, viés de afetação particularizada, mas sim, 
verdadeiro empreendimento de depauperação humana. Artigo 109, V-A e VI, da Constituição Federal. 3. Conflito 
conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 11. ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Estado de 
Minas Gerais/MG, ora suscitante. (STJ. CC 113428 /MG 2010/0140082-7, Min. Maria Thereza de Assis Moura, 
Terceira Seção, DJe 01/02/2011) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Competência para processar e julgar crime envolvendo Junta Comercial: Justiça Estadual 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL E JUSTIÇA ESTADUAL. CRIME FALSIDADE 
IDEOLÓGICA CONTRA JUNTA COMERCIAL. INEXISTÊNCIA DE LESÃO DIRETA A BENS, INTERESSES OU 
SERVIÇOS DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. As juntas comerciais subordinam-se ad-
ministrativamente ao governo da unidade federativa de sua jurisdição e, tecnicamente, ao Departamento Nacional 
de Registro do Comércio, conforme termos da Lei n. 8.934/1994. 2. Para se firmar a competência para processa-
mento de demandas que envolvem a junta comercial de um estado é necessário verificar a existência de ofensa 
direta a bens, serviços ou interesses da União, conforme art. 109, IV, da Constituição Federal, o que não ocorreu 
neste caso. 3. Conflito conhecido para declarar competente o JUÍZO DE DIREITO DO DEPARTAMENTO DE IN-
QUÉRITOS POLICIAIS E POLÍCIA JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO/DIPO-3, o suscitado. (STJ. CC 130516/SP, Rel. 
Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, j. 26/02/2014, DJe 05/03/2014) 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CRIME DE FALSIDADE IDEOLÓGICA. INSERÇÃO INDEVIDA DO 
NOME DE TERCEIRO NO CONTRATO SOCIAL DE PESSOAJURÍDICA. ATIVIDADE FEDERAL DA JUNTA 
COMERCIAL NÃO AFETADA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. As Juntas Comerciais exercem 
atividades de natureza federal, porquanto, embora sejam administrativamente subordinadas ao governo da unida-
de federativa em que se encontram localizadas, estão tecnicamente vinculadas ao Departamento Nacional de 
Registro do Comércio, órgão federal integrante do Ministério da Indústria e do Comércio, conforme preceitua o art. 
6º da Lei nº 8.934/1994. 2. Constatada a ausência de ofensa direta a bens, serviços ou interesses da União, tendo 
em vista que o suposto delito de falsidade ideológica foi cometido contra particular e com a finalidade de fraudar 
eventuais credores da sociedade empresária, não havendo qualquer relação com a lisura dos serviços prestados 
pela Junta Comercial do Estado da Bahia, a competência para processar e julgar o feito é da Justiça Estadual. 3. 
Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da 2ª Vara Criminal de Salvador/BA, o susci-
tado. (STJ. CC 119576/BA, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Seção, j. 09/05/2012, DJe 21/06/2012) 
 
 
 
 
 
 
 
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