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Mandado de Injunção

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Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI)
	O Mandado de Injunção inovou a história do constitucionalismo brasileiro, haja vista a sua inexistência nas constituições anteriores. É o meio de que o indivíduo dispõe para exercer direitos e liberdades constitucionais, bem como prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, que estejam impedidos de serem exercidos por falta de norma regulamentadora. Daí o seu objetivo: tornar as normas constitucionais auto-aplicáveis, aptas a garantir o gozo de qualquer direito privado, coletivo, difuso, individual homogêneo, político, social e econômico.
	É ação constitucional de caráter civil e de procedimento especial, que visa suprir uma omissão do Poder Público, no intuito de viabilizar o exercício de um direito, uma liberdade ou uma prerrogativa prevista na Constituição Federal.
	São requisitos para impetração do MI: a) falta de norma regulamentadora (lei complementar, lei ordinária, regulamento, resolução, portaria, decisões administrativas etc) de um preceito constitucional de natureza mandatória; b) inviabilização do exercício de um direito ou liberdade constitucional, ou prerrogativa inerente á nacionalidade3, à soberania e á cidadania, decorrente (a inviabilização) dessa falta de norma regulamentadora; c) o transcurso de razoável prazo para a elaboração da norma regulamentadora; d) ser o impetrante o beneficiário imediato do direito, liberdade ou prerrogativa reclamada em juízo.
	Deve haver nexo entre a omissão normativa do Poder Público e a inviabilidade do exercício do direito, liberdade ou prerrogativa. Ex.: arts 20, § 2º (impositiva); 20, § único (facultativa ou permissiva)
	Qualquer pessoa, física (natural) ou jurídica, que pretende exercer um direito ou liberdade constitucional, ou ainda, prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, mas esteja impedida, em razão da ausência de norma. O STF admitiu o ajuizamento de Mandado de Injunção Coletivo, sendo legitimadas, por analogia, as mesmas entidades do mandado de segurança coletivo.
	Legitimação passiva: órgão, Poder ou autoridades omissas incumbido de elaborar a norma. Se a omissão for legislativa federal, o mandado de injunção deverá ser ajuizado em face do Congresso Nacional, salvo se a iniciativa da lei for privativa, hipótese em que o MI deverá ser ajuizado em face do detentor da iniciativa privativa (Presidente da República, nas situações do art. 61, § 1º, da CF/88).
	Não comporta liminar, segundo a jurisprudência do STF, uma vez que esse instituto se destina à verificação da ocorrência, ou não, de mora da autoridade ou do Poder de que depende a elaboração da norma regulamentadora do texto constitucional.
No tocante aos efeitos da decisão, tanto a doutrina como a jurisprudência são controvertidas, conferindo diversas decisões diferentes. Vejamos:
Coma promulgação da CF/88, formaram-se duas grandes teses jurídicas acerca dos efeitos da decisão do Poder Judiciário que acolha o pedido na MI: a posição concretista e a posição não concretista.
Posição Concretista: Sempre que presentes os requisitos constitucionais exigidos para o MI, o Poder Judiciário deveria reconhecer a existência da omissão legislativa ou administrativa e possibilitar efetivamente a concretização do exercício do direito, até que fosse editada a regulamentação pelo órgão competente. Essa posição dividi-se em duas: Concretista geral; e Concretista individual.
Para a posição Concretista geral, a decisão do Poder Judiciário deveria ter efeito geral (eficácia erga omnes), possibilitando, mediante um provimento judicial revestido de normatividade, a concretização do exercício do direito, alcançando todos os titulares daquele direito, até que fosse expedida a norma regulamentadora pelo órgão competente.
Pela posição Concretista individual, a decisão do Poder Judiciário deveria produzir efeitos somente para o autor do MI (eficácia inter partes), isto é, a decisão deveria possibilitar a concretização do exercício do direito constitucional apenas para o autor da ação. Por sua vez, esta divide-se em duas: Concretista Individual Direta, o Poder Judiciário, ao julgar procedente o MI, concretiza direta e imediatamente a eficácia da norma constitucional para o autor da ação; Concretista Individual Intermediária, após julgar procedente o MI, o Poder Judiciário não concretiza imediatamente a eficácia da norma constitucional para o autor da ação. Em vez disso, o Poder Judiciário dá ciência ao órgão omisso, fixando-lhe um prazo para a expedição da norma regulamentadora (fala-se no prazo de 120 dias). Ao término desse prazo, se a omissão do órgão permanecer, o Poder Judiciário então fixará as condições necessárias ao exercício do direito por parte do autor do MI.
Pela posição Não Concretista, deverá o Poder Judiciário, apenas, reconhecer formalmente a inércia do Poder Público e dar ciência da sua decisão ao órgão competente, para que este edite a norma faltante. Estribada no princípio da separação dos Poderes, essa corrente entende que não deverá o Poder Judiciário suprir a lacuna, nem assegurar ao impetrante o exercício do direito carente de norma, tampouco obrigar o Poder Legislativo a legislar. Essa última posição, foi inicialmente seguida pela jurisprudência dominante do STF. Na prática, essa tímida orientação conferia pouca efetividade ao MI: o STF apenas reconhecia a existência da omissão e dela dava ciência ao órgão competente, requerendo a edição da norma.
Com a mudança em sua composição, o STF reformulou o entendimento sobre a eficácia de suas decisões em MI, passando a adotar a corrente concretista, a fim de viabilizar o exercício do direito constitucional carente de regulamentação ordinária, afastando as consequências da inércia do legislador.
EXEMPLO 01: MI 721/DF, rel. Min. Marco Aurélio, em 30.08.2007. Nessa ação, uma servidora pública federal pleiteou o reconhecimento do seu direito á aposentadoria especial de que trata o § 4º do art. 40 da CF/88. Esse dispositivo constitucional autoriza, nos termos a serem definidos em leis complementares, a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria no caso de servidores públicos cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Após comprovar ter trabalhado por mais de vinte e cinco anos em atividade considerada insalubre, a servidora requereu o seu direito à aposentadoria especial de que trata o § 4º do art. 40 da CF/88, embora as referidas leis regulamentadoras ainda não tenham sido elaboradas pelo legislador.
	O STF julgou procedente o pedido formulado pela servidora para reconhecer o seu direito à aposentadoria especial, determinando, de forma mandamental, que, em face da inexistência das leis, seja adotada, na concessão do benefício à servidora a regra legal aplicável ao regime geral de previdência social (Lei 8.213/1991, art. 57).
EXEMPLO 02: A mesma posição foi adotada pelo STF ao julgar mandados de injução, em que discutia a falta de norma regulamentadora do direito de greve dos servidores públicos civis, previsto no inciso VII do art. 37 da CF/88. Nessas ações, o STF declarou a omissão legislativa quanto ao dever constitucional de elaborar a lei específica que deve regulamentar o direito de greve, e determinou a aplicação temporária ao setor público, no que couber, da lei de greve vigente no setor privado (Lei nº 7.783/1989), até que o Congresso Nacional edite a mencionada lei regulamentadora.
	O campo material do MI é restrito, pois a omissão deve ser de tal forma que inviabilize o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. É essa restrição que distingue o MI da ADIn por omissão, como também outras a seguir demonstradas. Vejamos: A) Os efeitos da Adin por omissão dá-se erga omnes, enquanto no MI os efeitos da sentença opera-se inter partes; B) A competência para julgar a Adin por omissão é privativa do Supremo Tribunal deFederal, ao passo que no MI poderá ser processada e julgada não apenas pela Corte Suprema, mas também pelo Superior Tribunal de Justiça e pelos Tribunais de Justiça dos Estados; C) A legitimidade para a propositura da Adin por omissão abarca, apenas, os sujeitos enumerados no art. 103, a legitimidade ativa no MI pertence a qualquer pessoa, indivíduo, grupos, partidos, sindicatos, associações etc; D) A legitimidade passiva na Adin por omissão recai sobre a pessoa ou entidade competente para elaborar a norma, a legitimidade passiva no MI recai sobre o sujeito inibidor do exercício do direito; E) O objeto na Adin por omissão cinge-se à garantia da Constituição, impedida de ser aplicada por falta de providência legislativa, o objeto no MI é a satisfação do direito ou liberdade obstaculizada pela inércia do legislador; e F) A Adin por omissão visa garantir a efetividade das normas constitucionais de eficácia limitada, no MI visa defender o exercício do direito, liberdade ou prerrogativa de índole constitucional inerente à cidadania, nacionalidade e soberania.

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