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11 Convenção de Arbitragem SUMÁRIO: 1.Obrigatoriedade da arbitragem: 1.1Cláusula arbitral e cláusula de eleição de foro - 2. Espécies de convenção de arbitragem: 2.1 Cláusula arbitral ou cláu- sula compromissória; 2.2 Compromisso arbitral - 3. Requisitos do compromisso arbitral-4. Autonomia da cláusula arbitral- Quadro sinótico. 1. Obrigatoriedade da arbitragem Antes de discorrer acerca da obrigatoriedade ou não da arbitragem, mister se faz esclarecer que ninguém é obrigado a se submeter a qualquer solução alternativa de conflitos. I 1. Se nao houver convenção, inviável a SOlução alter- nativa do conflito pela arbitragem e, neste sentido, o seguinte julgado do ST): "Processual civil. SEC Isto porque a solução arbitral somente pode ser adotada em razão da vontade das partes. Em outras palavras, somente se houver um acordo de vontades. Se houver, em"tazão do princípio da autonomia da vontade e conseqüentemente da obrigatoriedade das convenções, caso uma das partes resolva acessar a via judicial o juiz será obrigado a extinguir o processo sem julgamento de mérito' em razão de preliminar e em função do que dispõem os arts. 267, VII, e 30 1, - Sentença Estrangeira Contestada. Homologação. Descabimento. Eleição dojuízo arbitral. Austncia de manifestação expressa da parte requerida. Ofensa a princípio de ordem pública. Indeferimento do pedido de homologação. 1.C..) sociedade constituída e existente de acordo com as leis da Inglaterra, com sede em Liverpool,lnglaterra, requer a homologação de sentença arbitral esuangeira, proferida por Liverpool eouon Association-LCA, que condenou C .. ). a pagar à requerente a quantia de U$n 231. 776,35 (duzentos e trinta eu"m mil, setecentos e setenta e seis dólares e trinta e cinco centavos), além de determinar o faturamento de parte da mercadoria ou o equivalente a 2.204.600 libras líquidas, em razão de descumprimen- to de contrato firmado entre as partes. 2. Na hipótese em exame, consoante o registrado nos autos, não restou caracterizada a ma- nifestação ou a vontade da requerida no tocante à eleição do juízo arbitral, uma vez que não consta a sua assinatura nos contratos nos quais se estabeleceu a cláusula arbitral. 3. A inequívoca demons- tração da manifestação de vontade de a parte aderir e constituir o Juízo arbitral ofende a ordem pública, porquanto afronta princípio insculpido em nosso ordenamento jurídico, que exige aceitação expressa das partes por submeterem a solução dos conflitos surgidos nos negócios jurídicos contratuais privados arbitragem. 4. No caso em exame, não houve manifestação expressa da requerida quanto à eleição-do juízo arbitral, o que impede a utilização desta via ju- risdicional na presente controvérsia. 5. Pedido de homologação a que se nega deferimento" (Corte Especial, SEC 967/EX, re!.Min. José Delgado,j. 15.02.2006, D) 20.03.2006, p. 175). 2. Segundo)oel DiasFigueira)r. (Arbitragem,jurisdição e execução, p. 183), "a cláusula compromissória reveste-se de natureza vinculante, porquanto obrigatória para os contratantes. Assim, eleita a via pa- raestatal da arbitragem para a solução do conflito, as partes não mais poderão recorrerao PoderJudiciário, ressalvadasas hipóteses previstas em lei". 65 ~ :2 g.,.,,,",c s::... ">- S: :;". i , I~ , I I I 1 ], , ;\ t~.f; li !1.lil !~L I t I, I:, ~I ., Il! 66 ~ ~ «: ~ <=; ;:: '"'":;;; IX, do CPC: "Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução demérito: "C ..) VII-pela convenção de arbitragem; C.. )"; "Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar: C.') IX- convenção de arbitragem; C .. ) "134.° Com exceção do compromisso arbitral,' o juiz conhecerã de ofício da matéria enumerada neste artigo".. ... . _ ~~ Nesse sentido: "Execução. Arbitragem. Ju[zo arbitral. Contrato de exportação. Alegação, pela parte contrária, da exis- tência de cláusula compromissória ou compromisso arbitral. Impossibilidade do julgamento e processamento do feito pelo juízo comum. Extinção do processo semjulgamento do mérito. Inteligência dos arts. 4.° e 9.° da Lei 9.307/I996, c/c os arts. 267, VII, e 301, IX, do CPC" (RT 759/125). Sendo assim, em razão do contrato, que é um acordo de vontades, surgem duas obrigações, ou seja, a obrigação de não fazer, que implica emnão ingressar com pedido junto ao Poder Judiciário e, conseqüentemente, de fazer,que consiste em levar os conflitos à solução arbitral. Emoutras palavras, a arbitragem não éobrigatária vez que ninguém pode ser compelido a se submeter à arbitragem. Sequer a lei poderia impor esta obrigação de forma com~ pulsária, como vimos por ocasião da análise da constituciona- lidade da Lei 9.307/1996. Todavia, se as partes convencionarem a arbitragem, em razão damanifestação volitiva livre econsciente, pelo princípio da autonomia da vontade, o que foi estabelecido entre elas se torna obrigatário: pacta sunt servanda. Aautonomia da vontade significa que as partes são livres para criar suas obrigações, desde que respeitadas as normas de ordem pública. 3. Aqui, por uma falha, não se alterou o ~ 4.°. Todavia, deve ser com- preendido, também, como convenção de arbitragem, incorporando a cláusula e o compromisso arbitral. Assim, podem criar a obrigação de submeter seus confli- tos ã arbitragem e, se assim procederem, se vinculam ao que contrataram. 1. 1 Cláusula arbitral e cláusula de eleição de foro Ressalte-se que acláusula de eleição de foro nos contratos não afasta e sequer colide com a cláusula arbitral. Existem hipáteses, como veremos, que é necessária a provocação do Poder Judiciário, ainda que haja convenção arbitral, como, por exemplo, nas hipáteses de: a) Cláusula arbitral vazia; e, b) Nulidade da cláusula arbitral ou da sentença arbitral. Nesse sentido: "Ação de execução de cláusula compromissó- ria. Contratante que se recusaa se submeter àarbitragem. Cláusula de eleiçãOdeforo que não retíra a eficácia do compromisso arbitral. Arts. 6.De 7.°, da Lei 9.307/1996. Desprovimento da apelação. A inserção de cláusula de eleição de foro no ajuste, por si sá, não tem o condão de desconstituir a convenção nele estabelecida em item específico relativo àsperdas e danos, por meio do qual as partes, expressamente, comprometeram-se a submeter ao juízo arbitral os conflitos originados da execução do contrato, com renúncia a qualquer outro. Na verdade, a estipulação de cláusula compromissária, para solução dos conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis, não suprime, de forma absoluta, a intervenção do Poder Judiciário, que poderá ser chamado a pronunciar-se na hipátese prevista no art. 6.°, pa- rágrafo único, e art. 7.° da Lei 9.307/1996, exatamente a aqui tratada, não sendo de todo despropositada a eleição de um foro no contrato" (TJMG, Ap. 1.002.405.773.271-11003(1), reI. Des. Batista de Abreu,j. 30.05.2007). 67 () o ~ ";:: '"$:l,o ••••">- ~ -~ ~ '" -":.v 1;: ;ii j, ,j i' :1 :1 i, 68 E W ~«: ~ '"e "::: '"::2 2. Espécies de convenção de arbitragem Convenção de arbitragem é género do qual são espécies a cláusula arbitral (ou cláusula compromissória) e o compro- misso arbitral. Este é o teor do art. 3.° da Lei 9.307/1996: "Aspartes in- teressadas podem submeter à solução de seus litigios ao juizo arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral". Neste sentido, tanto uma como outra podem ser sufi- cientes para que a arbitragem possa ser instituída.4 Vejamos as diferenças. 4. "Sentença arbitral estrangeira. Homologação. Requisitos. Lei 9.307/1996 c Resolução 9/2005 do STJ. Contrato de compra e venda. Convenção de arbitragem. Existência. Cláusula compro- missória. Análise de controvérsia decorrente do contrato. Juízoarbitral. Possibilidade. Mérito da decisão arbitral. Análise no STJ. Impossibilidade. Ausência de violação à ordem pública. Precedentes do STF e STJ. 1. As regras para a homologação da sentença arbitral estrangeira encontram-se elencadas na Lei 9.30711996, mais espe- cificamente no seu capítulo VI e na Resolução 9/2005 do ST]. 2. As duas espécies de convenção de arbitragem, quais sejam, a cláusula compromissória e o compromisso arbitral, dão origem a processo arbitral, porquanto em ambos ajustes as partes convencionam submeter a um juízo arbitral eventuais divergências relativas ao cumprimento do contrato celebrado. 3. A diferença entre as duas formas de ajuste consiste no fato de que, enquanto o compromisso arbitral se destina a submeter ao juízo arbitral uma controvérsia concreta já surgida entre ~s partes, a cláusula compromissória ob- jetiva submeter aprocesso arbitral apenas questões indeterminadas e futuras, que possam surgir no decorrer da execução do contrato. 4. Devidamente observado o procedimento previsto nas regras do Tribunal Arbitral eleito pelos contratantes, não há falar em qualquer vício que macule o provimento arbitral. 5. O mérito da sentença es- trangeira não pode ser apreciado pelo Superior Tribunal de]ustiça, pois o ato homologatório restringe-se à análise dos seus requisitos formais. Precedentes do STF e do STJ. 6. Pedido de homologação deferido" (STJ, Corte Especial, SEC 1.2101EX, reI. Min. Fernando Gonçalves,j. 20.06.2007, DJ 06.08.2007, p. 444). 2. 7 Cláusula arbitral ou cláusula compromissória Acláusula arbitral éa espécie de convenção de arbitragem mediante a qual os contratantes se obrigam a submeter seus futuros e eventuais conflitos que possam surgir do contrato à solução arbitral. Portanto, o que caracteriza uma cláusula arbitral é o mo- mento de seu surgimento: anterior à existência do conflito. Não importa, assim, se a cláusula arbitral ou compromis- sória é contemporãnea ou posterior ao contrato. Importa, sim, para sua caracterização, que surja antes da existência de conflitos e contenha a obrigação das partes de submeter suas eventuais diferenças à solução dos árbitros, nos termos da Lei de Arbitragem. O art. 4.° da Lei de Arbitragem trata do assunto: "Acláu- sula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. s 1.°Acláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira". Esta cláusula arbitral pode prever uma arbitragem insti- tucional ou avulsa (ad hoc). Em ambos os casos pode prever as regras procedimentais ou, então, referir-se às regras de um órgão arbitral. 2. 7. 7 Cláusula arbitral cheia Acláusula arbitral cheia éaquela que contém os requisitos mínimos para que possa ser instaurado oprocedimento arbitral (as condições mínimas do art. 10da Lei deArbitragem), como, por exemplo, a forma de indicação dos árbitros, o local etc., tomando prescindível o compromisso arbitral. 69 C) c "<: 9 '"."c ~ >- S= i !iJ' I,. .1 ,} ;,~'t, '1 11III li "f:: il :1 II, . ~,l 1'" i I " il \I l: I ! :~ l., 70 f ~-o:: ~ ";:<se ~ Nesse sentido, o julgado do Tribunal de Justiça de São Paulo:' "Arbitragem. Compromisso arbitral. Intervenção judi- cial. Desnecessidade. Cláusula compromissória estabelecida pelas partes do tipo 'cheia', na qual os contratantes elegem o órgão arbitral e se obrigam a aceitar as normas por ele impos- tas, preexistentes e de pleno conhecimento dos envolvidos. Inaplicabilidade do art. 7.° da Lei 9'.307/1996" (TJSP) (Il.r' 8241211)6 Existem duas formas de cláusula arbitral cheia: a) Cláusula arbitral cheia mediante a qual as partes pac- tmim todas as condições para a instauração da arbitragem; e b) Cláusula arbitral cheia que se refere às regras de uma entidade especializada. 5. Na fundamentaçãodo AI460.034-4/5-00,julgado no dia 21 de novembrode2006erelatadopeloDes.JoséRobertoBedran,asse- verou o TJSP: "Tratou-se, sem dúvida, de cláusula compromissória cheia ou completa (art. 5.O), a dispensar, portanto, na conformidade de reiterada jurisprudência, a necessidade de recurso ao Judiciário, na hipótese de resistência ou recusa do outro contratante a firmar O compromisso arbitral apropriado para o caso de cláusula vazia (arts.6.°e 7.°e ~~,daLei9.307/1996)". 6. Nomesmo sentido: "Leide Arbitragem. Inconstitucionalidade afastada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal. Consideração a respeito da questão. Não cabimento. Recurso não provido. Contrato. Compromisso arbitral. Cldusula "cheia". Nulidade. Inexistência. Contratantes que elegeram o órgão arbitral e se obrigaram a aceitar asnormasporeleimpostas.Aplicaçãodoart.5.°daLei9.307/1996. Intervenção judicial desnecessária. Art. 7° da mesma lei que trata decláusula"vazia".Arbitragemjá instituída.Tentativadeparali- sação da solução da controvérsia. Inadmissível descumprimento de cláusulas contratuais. Reserva mental. Caracterização. Cláusula compromissóriaque fixaoobjetodaarbitragem.Cientificacãodo alegadodescumprimentode cláusulas.Ocorrência.Regulamento daCãmaradeComércio.Nulidadedacláusula5.9.Nãoverificação. Regulamento que assegura, em qualquer hipótese, o contraditório. Recursonãoprovido.EmbargosdeDeclaração.Sentença.Aplicação de multa. Acerto. Argumentos já usados. Repetição. Intuito ma- nifestamente protelatório. Caracterização. Recurso não provido" (Ap.Ov. 296.036-4/4,reI.Des.SousaLima,j.13.11.2003). Neste último caso, tratar-se-á de arbitragem institucional e não há necessidade de as partes estabelecerem todo o proce- dimento, vez que se vinculam ao procedimento regulamentar da entidade que escolheram. As cláusulas arbitrais desta natureza, que se referem às regras procedimentais de uma en!idade arbitral especializada, sào mais comuns nos contratos, evitando cláusulas extensas e de procedimentos não confiáveis juridicamente, que poderão sofrer anulação em razão de eventuais afrontas às normas de ordem pública. Ainda assim, se recomenda que as partes anexem o res- pectivo regulamento da entidade especializada no contrato e coloquem seu visto nas folhas, atestando que tomaram conhe- cimcnto das regras. Por evidente, mesmo que ao depois a entidade especiali- zada modifique as regras, em razão de a arbitragem encontrar suporte na obrigação contratual, as regras aceitas pelas partes serão mantidas. Trata-se de conclusão que respeita o princípio segundo o qual se deve respeito ao ato jurídico perfeito (art. 5.°, XXXVI, da CF), de tal sorte que modificações posteriores no procedi- mento da entidade escolhida - obviamente não aceitas pelas partes - não vincula os contratantes. Não são regras processuais propriamente ditas e, sendo assim, não estão sujeitas às regras de vigência das normas processuais que, no âmbito judiciário, entram em vigor ime- diatamente, atingindo os processos em curso. 2.1.2 Cláusula arbitral vazia - Conceito e execução específica Acláusula arbitral vazia (ou em branco) é aquela em que as partes simplesmente se obrigam a submeter seus conflitos à arbitragem, sem estabelecer, contudo, as regras mínimas para desenvolvimento da solução arbitral e, tampouco, indicar as regras de uma entidade especializada. 7l C) c;:< ""'";:< '""',c ~;,. ~ ~;; "~~ I'."li ~, t'.''to" ,';" ,, ! "'1 .' . ~ N ~ ••{ li f ~;' , I i '! 72 t;e «: ""'"g ;:: ~ Por exemplo: as partes firmam cláusula arbitral e não es- tabelecem as regras para instauração da arbitragem, indicação dos árbitros, local etc. 7 Neste caso, quando do surgimento do conflito, será neces- sário que as partes firmem um compromisso arbitralestabele- cendo as regras que utilizarão (art. 10 da Lei de Arbitragem), indicando o árbitro ou os árbitros. Portanto, desta assertiva surge naturalmente outra: se a cláusula arbitral é cheia - já que contém os elementos para instauração da arbitragem - não há necessidade de as partes firmarem compromisso posterior. Seja como for, tratando-se de cláusula arbitral vazia, se houver discordãncia sobre a instituição da arbitragem, ou seja, do compromisso arbitral, que depende fundamentalmente do modo de nomear os árbitros (art. 19 da Lei de Arbitragem),8 7. O TJSP,na Ap. 263 009 4/5-00, j. 14.12.2006, analisou a seguinte cláusula arbitral: "Fica expressamente convencionado que, caso surja qualquer controvérsia ou divergência quanto à interpretação dos termos e condições da presente apólice, assim como na evo- lução, ajuste elou liquidação de qualquer sinistro, estas deverão ser submetidas à decisão de um 'arbitro comum' que o segurado e a seguradora nomearão conjuntamente". Sobre ela, o reI. Des. Ênio Zuliani, asseverou: "Arbitragem. Cláusula compromissória estabelecida em contrato de seguro empresarial para resolução de conflitos decorrentes da interpretaçao dos tennas e con- dições da apólice, bem como evoluçào, ajuste e liquidação de qualquer sinistro, o que inclui a discussão quanto à subsunção dofato concreto aos danos cobertos. Necessidade de instituição daarbítragem, valendo a sentença como compromisso arbitral, nos te.rmos do art. 7.", S 7.°, da Lei9.30711996. Não provimento. c. .. ) Assim, não resta dúvida de que as partes optaram pela arbitragem [cláusula vazia ou em branco] para a solução dos litígios decorrentes do contrato de seguro em questão" . 8. "Art. 19. Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a no- meação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários. "() "Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se :(1 'I: caberá execução específica da cláusula arbitral nos termos dos arts. 6.° e 7.° da Lei de Arbitragem. Eis o seu teor: "Art. 6.°Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte interessada manifestará à outra parte sua intenção de dar inicio à arbitragem, por via postal ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante comprovação de recebimento, convocando-a para, em dia, hora e local certos, firmar O compromisso arbitral. Parágrafo único. Não comparecendo a parte convocada ou, compare- cendo, recusar-se a firmar o compromisso arbitral, poderá a outra parte propor a demanda de que trata o art. 7.° desta Lei, perante o órgão do Poder Judiciário a que, originariamente, tocaria o julgamento da causa. "Art. 7.0 Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em juizo a fim de lavrar-se O compromisso, designando O juiz audiência especial para tal fim. 3 l.0 O autor indica';á, com precisão, o objeto da arbitragem, instruindo o pedido com o documento que contiver a cláusula compromissória. 3 2.° Comparecendo as partes à audiência, o juiz tentará, previamente, a conciliação acerca do litigio. Não obtendo sucesso, tentará ojuiz conduzir as partes à celebração, de comum acordo, do compromisso arbitral. 33. °Não concor- dando as partes sobre os termos do compromisso, decidirá o juiz, após ouvir o réu, sobre seu conteúdo, na própria audiência ou no prazo de 10 (dez) dias, respeitadas as disposições da cláusula compromissória e atendendo ao disposto nos arts. 10 e 21,32.0, desta Lei. 3 4.°. Se a cláusula compromissória nada. às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especiali- zada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou ao tribunal arbitral, regular O procedimento. "@ 1.0 Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao tri- bunal arbitral discipliná-lo. "@ 2.° Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convenci- mento." It: ; 73 tf- jino ;:: "" I";::.•... I$:l.o I""'-">-... Is:~ ª , i l- i I, :I ',I,. t. 74 i ~-.: ~ <; '"'"'":::s dispuser sobre a nomeação de árbitros, caberá ao juiz, ouvidas as partes, estatuir a respeito, podendo nomear árbitro único para a solução do litígio. ~ 5.° A ausência do autor, sem justo motivo, à audiência designada para alavratura do compromisso arbitral, importará a extinção do processo sem julgamento de mérito. ~ 6.° Não comparecendo o réu à audiência, caberá ao juiz, ouvido o autor, estatuir a respeito'do 'conteúdo do com-" promisso, nomeando árbitro único. ~7.°Asentença que julgar procedente o pedido valerá como compromisso arbitral" . O procedimento, embora semelhante àquele estipulado para osJuizados Especiais Cíveis, com este não se confunde. Sendoassim, com exceção daquilo que está expressamente disciplinado na Leide Arbitragem, seguir-se-á oprocedimento comum do CPC quanto à instrução processual, colheita de provas eprazos, inclusive de apelação, que será de 15 (quinze) diase Seja como for, a necessidade deste procedimento em razão de uma cláusula arbitral vazia é, na verdade, conseqüên- cia desastrosa, extirpando da arbitragem grande parte de sua vantagem. Isto porque as partes, ao firmar a cláusula arbitral vazia e diante do impasse, terão que se submeter ao Poder Judiciário (exatamente o que se queria evitar!), para que ojuiz, diante do conflito quanto às regras, substitua a vontade dos contendores e imponha, por sentença, as regras que regerão a arbitragem. Ainda que nos termos do art. 520, VI, do CPC; a apela- ção não tenha efeito suspensivo e, com isso, a decisão do juiz quanto às regras para condução da arbitragem sejam passíveis de aplicação imediata após a sentença, a demora que pode re- presentar a ausência de regras na cláusula arbitral nos permite afirmar que se trata de incúria, verdadeira falta de cuidado na 9. "Art.520.Aapelaçãoserá recebidaem seu efeitodevolutivoe suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quandointerpostadesentençaque:(...) VI - julgarprocedenteo pedido de instituição de arbitragem." ;'fth redação do contrato, permitir a existência de cláusula arbitral deste jaez. Em resumo, a cláusula arbitral vazia demandará, quando do surgimento do conflito, que aspartes firmem ocompromisso arbitral, com as condiçóes mínimas do compromisso, estabe- lecidas pelo art. 10 da Leide Arbitragem. 2.2 Compromisso arbitral O compromisso arbitral nada mais é que a convenção de arbitragem mediante o qual as partes pactuam que o conflito já existente entre elas será dirimido através da solução arbitral e pode ser: a) Judicial, na medida em que as partes decidem colocar termo no procedimento judicial em andamento e submeter o conflito à arbitragem; e, b) Extrajudicial, firmado depois do conflito, mas antes da propositura de ação judicial. Portanto, o que o caracteriza é o momento de seu nasci- mento: posterior à existência do conflito, podendo semanifestar antes ou durante a demanda judicial e, se for antes, impede, em razão da vontade das partes, o acesso ao Poder Judiciário para dirimir o conflito. Assim, não é difícil concluir que, ainda que não decorra de um conflito contratual, a arbitragem será viável. Isto porque, tratando-se de direitos patrimoniais e dispo- . níveis (sujeitos à transação, portanto), nada obsta que outros conflitos que surgem no seio da sociedade possam ser dirimidos através da arbitragem. Nada impede que em razão de um prejuízo, decorrente de um ato ilícito - como um acidente automobilístico, por exemplo _ as partes decidam que a arbitragem será omeio de solução da existência dodever de indenizar e sua quantificação. Portanto, o compromisso arbitral permite que qualquer controvérsia decorrente de direitos patrimoniais disponíveis 75 n """" ~ '"$:>, " """-;,.... ~" â O'Q ~ --{-. ,; l~ 'I, ,.' ij ", J i {. r1 76 5 ~•...-~ '<: ~ <; '" ~ " possa ser solucionada através da arbitragem e não somente as controvérsias contratuais. . . 3. Requisitos do compromisso arbitral , Como se sabe, a validade dos negócios jurídicos requer a forma prescrita ou não proibida por lei (arts. 104 e 166, IV, do CC). Assim, mister se faz observar que o art. 9.0 da Lei de Arbitragem, estipula: "o.compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo serjudicial ou extrajudicial. 9 1.o a compromisso arbitral judicial celebrar-se-ápor termo nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde t~m curso a deman- da. 9 2.° a compromisso arbitral extrajudiCial será celebrado por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público". . Requer-se:portanto', forma esCrita:a) por temio nos autos no compromisso arbitral judicial, elaborado no curso ciopro- cesso, mediante o qual as partes se obrigam a encerrar o litígio judicial e resolver a demanda através da arbitragem; b.l) por documento particular, com duas testemunhas, no compromisso arbitral extrajudicial; e, b.2) por documento público, sem a necessidade de testemunhas, ainda no compromisso arbitral extrajudicial. No art. 10 da Lei de Arbitragem, são encontrados outros requisitos específicos de validade do compromisso arbitral. Portanto, se faltarem, como requisitos de validade que são, o resultado será um compromisso arbitral nulo nos ter- mos do art. 104 do CC, segundo o qual a validade dos negó- cios jurídicos, além do agente capaz e objeto lícito, possível, determinado ou determinável, exige a presença inafastável da forma prescrita em lei. Se o art. 10 da Lei de Arbitragem prescreve a forma e, demais disso, a menciona expressamente como obrigatória, outra não pode ser a conclusão senão a nulidade absoluta do compromisso arbitral que não a respeite. Embora o art. 10da Lei de Arbitragem, mencione apenas o compromisso arbitral, entendemos que Osrequisitos, por óbvio, se estendem à cláusula arbitral cheia. Explicamos: não é necessário, sempre, firmar compro- misso arbitral, depois de instaurado o conflito. . Acláusula arbitral pode ser cheia e,nesta medida, para que seja, deve conter os requisitos para instauração da arbitragem sem a necessidade do compromisso posterior. Seguindo a doutrina pátria; admitimos a instituição da . arbitragem independentemente do compromisso, apenas com a cláusula arbitral cheia, ou seja, com a cláusula arbitral que contenha os requisitos para instauração do juizo arbitral, que gera o mesmo efeito do compromisso e dele prescinde. É preciso esclarecer, também, que não é nula a cláusula arbitral que não contenha o~requisitos do art. 10. . , Todavia,comojá dissemos, nesta eyentualidade acláusula arbitral será vazia, o que demandará um compromisso arbitral depois do surgimento do conflito e, havendo discordãncia acerca das regras aplicáveis, será preciso uma ação para que a sentença judicial estabeleça as regras do art. 10,nos termos do art. 7.0, ambos da l,ei de Arbitragem. Seja como fo~,Oart. 10 da Lei de Arbitragem t~ata dos requisitos de validade do'compromisso arbitral- que devem estar presentes na cláusula arbitral cheia - eestáassimredigido: "Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral: I - o nome, profissão, estado civiledomicilio daspartes; lI-o nome, profissão e domicilio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o caso, a identificação da entidade à qual as partes delegaram a indicação de árbitros". Portanto, é imprescindível à cláusula arbitral cheia e ao compromisso arbitral que as partes e os árbitros sejam quali- ficados, bem como, se for o caso de arbitragem institucional, que seja declinada aentidade especializada, bem como asregras para escolha dos árbitros que poderá, se assim estiver especi- 77 n ~g """."c ~ ~ ~ i que os árbitros tenham que preencher as lacunas, nos termos do art. 21, ~ 1.0, da Lei de Arbitragem. 10 Vamos a eles: "Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter: I -local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem" .. As partes podem estabelecer o local ou locais onde se realizará a arbitragem, com o desenvolvimento de audiências, oitiva de testemunhas etc. "An. 11 (. ..) III - o prazo para apresentação da sentença arbitral" . Aspartes podem, inclusive, prever o prazo que terá o árbi- tro para proferir a sentença arbitral, sob pena de nulidade (art. 32, VIl), da sentença e extinção da convenção arbitral (art. 12, 1Il) aspectos que ainda serão objeto de nossa análise. 11 "Art. 11 (...) II - a autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por eqüidade, se assim for convencionado pelas partes" . Aqui a lei se preocupou com os limites impostos à pos- sibilidade de o árbitro julgar de acordo com o que lhe parecer eqüitativo ejusto. É evidente que se não tiver essa possibilidade, deverá aplicar a legislação vigente para pautar sua sentença, de tal sorte que o julgamento de acordo com a eqüidade é apenas uma possibilidade que deve ser prevista pelas partes. ,I 1~; i j '1,r 1i,1 "1 79 j- l()c:;; 'l '""'""",c s::>.. '">-;;.. ~. '"" "Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao tribunal arbitral discipliná-lo." "Art. 12. Extingue-se o compromisso arbitral: (. ..) I1l- tendo ex- pirado o prazo a que se refere o a~t.11, inc. IH, desde que a parte interessada tenha notificado o ároitro, ou o presidente do tribunal arbitral, concedendo-lhe o prazo de dez dias para a prolação e apresentação da sentença arbitral." 11. 10. "Art. la (...) III - a matéria que será objeto da arbitra- gem." Aspartes não estão obrigadas a submeter todo' o conflitõ à arbitragem. Podem, assim, na cláusula ou no compromisso, estipular quais conflitos serão submetidos à arbitragem. No exemplo que demos no conceito de arbitragem, men- cionamos um contrato que envolvia o fornecimento de futura safra de laranjas a uma indústria exportadora de suco de la- ranja. Neste caso, os contratantes poderão convencionar que apenas os conflitos técnicos, decorrentes da qualidade das laranjas que serão entregues, serão objeto de arbitragem. ficado,se dar de acordo com as regras da entidade arbitral que administrará o procedimento para as partes. "Art. la (...) IV-o lugar em que será proferida a sentença arbitral. " Aqui a lei requer das partes que digam onde a arbitragem terá sua solução. Ea necessidade é patente vez que pretendeu que as partes determinem se asentença arbitral será ou não estrangeira, para os efeitos que estudaremos, decorrentes de homologação de sentença arbitral estrangeira, procedimento que está determi- nado no art. 35 da Lei de Arbitragem. Assim, se a sentença for proferida no Brasil por vontade das partes, ainda que a arbitragem tenha sido desenvolvida no exterior, será nacional e independerá de homologação pelo Superior Tribunal de]ustiça. Outros requisitos, que não são obrigatórios, são trazidos à colação pela Lei 9.307/1996. Não são obrigatórios no sentido de invalidar o compro- misso arbitral por ausência deles, mas, evidentemente, alguns deles são imprescindíveis para facilitar oprocedimento eevitar 78 ~~;e «: ""'"<l._~;2 -T-._~ ~ aoórgão do PoderJudiciário que seria competente para julgar, originariamente, a causa que os fixe por sentença." As partes poderão estabelecer quem e como serão remu- nerados os árbi~ros e a entidade especializada, se houver, que administrará aarbitragem,além dos honorários dos advogados que representarem as partes. Na ausência de convenção, os honorários advocatícios e as despe~as com a arbitragem serão carreadas ao vencido, segui'.'do-se, por analogia, os critérios do art. 20 do CpC.l4 Se nada estiver estipulado, quanto aos honorários do árbitro, ao final, não restará alternativa a ele senão requerer judicialmente que seja arbitrado o valor devido pelo seu tra- balho, que não se presume gratuito. 80 ~~;e «<: ""'"<;; '" ~ Não estipulado o prazo, este será de seis meses a teor do que dispõe o art. 23 da Lei 9.307/1996.12, "Art. 11 (...) IV- a indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem, quando assim conven- cionarem as partes. 1) Como vimos, as partes podem, desde que não afronte normas de ordem pública nacional, escolher as regras que servirão para embasar a solução arbitral do conflito. Posta assim a questão, colocarão estas regras na convenção de arbitragem e, se não o fizerem, nos termos do art. 9.o da Lei de Introdução ao Código Civil," será aplicável a lei nacional, do local onde a obrigação deve ser cumprida. "Art. 11 (...) V - a declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários edasdespesas com aarbitragem; eVI -a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros. Parágrafo único. Fixando as partes os honorários do árbitro, ou dos árbi- tros, no compromisso arbitral, este constituirá título executivo extrajudicial; não havendo tal estipulação, o árbitro requererá "Art. 32. É nula a sentença arbitral se: (...) VIl- proferida fora do prazo, respeitado o dispOSLO no art. 12, inciso lU, desta Lei." 12. "Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apre- sentação da sentença é de 6 (seis) meses, contado da instituição da arbitragem ou da substituição do árbitro. Parágrafo único. As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar o prazo estipulado." 13. "Art. 9.° Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. ~ 1.0 Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e de- pendendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. ~ 2.° A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente." I'111 ~.I, '11I fi 14. "Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Essa verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado fun- ciànar em causa própria. ~ 1.°Ojuiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido. ª 2.° As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico. ª 3.° Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos: a) o grau de zelo do profissional; b) o lugar de prestação do serviço; c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. ª 4. o Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior.ª 5.° Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, Ó valor da condenação será a soma das prestações vencidas com o capital. necessário a produzir a renda correspondente às prestações vin- cendas (art. 602), podendo estas ser pagas, também mensalmente, na forma do ~ 2.0 do referido art. 602, inclusive em consignação na folha de pagamentos do devedor." 81 r -- no ::! ~ 1(,1 g' ~ >- 'il ...• "'" _. "~'";; t 'li, ~ \) . I" i li., \ :1" , 11' 'I 15. Dissemos "inicialmente" vez que ao final, será possível deman- da judicial se houver a nulidade não reconhecida pelo árbitro. Remetemos o leitor para o item3.3, do Capítulo IV (Procedimento Arbitral), ressaltando que se aplica o ~ 2.°, do art. 20, da Lei de Arbitragem, segundo o qual: .•~ 2.° Não sendo acolhida a argüição, terá normal prosseguimento a arbitragem, sem prejuízo de vir a ser examinada a decisão pelo órgão do Poder Judiciário competente, quando da eventual propositura da demanda de que trata o art. 33 desta Lei". ';1 .H t ,li II1 "ti j I I í I '\11: ',1 t,I ~ I i." 1'.;~~.pf.", " '~;~I ';0 83 n O ~ '"::>' O """->- ~ i Cheia: é aquela cláusula que prevê a form3 de instituição da arbitragem, seja referindo-se às regras de uma entidade espe- cializada (arbitragem institucional ou administrada), seja ela mesma prevendo a forma de instituição e desenvolvimento da arbitragem (arbitragem ad hoc ou avulsa), com as regras do compromisso (art. 10 da lA), dispensando a assinatura de posterior compromisso. Vazia (ou "em branco"): é aquela que, embora preveja a arbitra- gem, não prevê a forma de sua instituição, notadamente porque falta a indicação do árbitro ou das demais condições obrigatória do art. 10 da LA. Em razão dela, se as partes não chegarem a um acordo quanto à instituição da arbitragem, firmando compro- misso arbitral (que no caso é imprescindível), caberá execução específica da cláusula arbitral. pelo procedimento dos arts. 6.° e 7.° da lA, pela via judicial. 3. Espécies de cláusula arbitral (arts. 4.° e 5.° da LA) 2. Espé.cies de convenção de ar. bitragem (arts. 4.° e 9.° da LA) Este foi o espírito da lei (mens legislo 1. Obrigatoriedade da arbitragem: a arbitragem não é obrigatória se tomarmos como base que ninguém pode ser obrigado asesubmetera esta forma de solução de conflitos que, por definição, é alternativa (lei nesse sentido seria inconstitucional). -Todavia, manifestada a vontade pelas partes (que não são obrigados a manifestá-la), em razão do princípio da autonomia da vontade, surge uma obrigação de tal sorte que, a partir dela, a arbitragem é obrigatória (pacta sunl servanda) e, se uma das partes que se obrigou, levar o conflito ao Poder Judiciário, o processo deve ser extinto sem julgamento do mérito (arts. 267, Vil e 301, IX, do CPC). Cláusula arbitral (ou compromissória): escrita no próprio contra- to, em documento anexo ou em aditivo contratual se caracteriza pelo pacto de levar futuras e eventuais eon trovérsias decorrentes de direitos patrimoniais disponíveis à solução arbitral. Portanto, sua principal característica é nascer antes da controvérsia entre as partes. "-Compromisso arbitral: é o pacto entre as partes que, diante de um conflito já existente, se obrigam a submetê-lo à arbitragem. Portanto, sua principal caracteristica é nascer quando já existe um conflito a ser dirimido, permitindo, assim\que a arbitragem, inclusive, resolva conflitos não contratuais.-des.de que decor~ rentes de direitos patrjmo.n~~J~_4~~.e-~_J.:.i.::~is.O compromisso pode ser: -- ..._....._.._._....- a) Judicial: as partes encerram o procedimento judicial e sub- meter o conflito à arbitragem; e, b) Extrajudicial, firmado depois do conflito, mas antes da pro- positura de ação judicial. Quadro sinótico 4. Autonomia da cláusula arbitral Nos termos do art. 8.° da Lei 9.307/1996, "a cláusula compromissória é autónoma em relação ao contrato em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória". Sendo assim, de acordo com o parágrafo único do ;;e~-~o dispositivo legal, "caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões acercada existência, vali- dade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória". Acláusula arbitral ou compromissória não é acessória do contrato. Portanto, é autõnoma, de tal sorte que a nulidade do contrato não implica em nulidade da cláusula arbitral. O significado do dispositivo, portanto, indica que qual- quer alegação de nulidade do contrato ou da cláusula arbitral, diante de sua existência e seguindo o espírito da lei, deve ser dirimida pela arbitragem e não pelo Poder Judiciário. Aleipretendeu, neste sentido, fechar uma brecha que per- mitiria às partes, sempre que alegassem anulidade da cláusula arbitral ou do contrato, ignorar opacto de arbitragem e acessar o Poder Judiciário para dirimir o conflito. Emresumo, ainda que o conflito verse sobre anulidade do próprio contrato ou da cláusula arbitral, a controvérsia deverá ser decidida inicialmente" pela arbitragem e não pelo Poder Judiciário, ainda que as partes tenham resilido bilateralmente o contrato e a controvérsia verse sobre o distrato. 82 i ~ ~ ~ g -,--1':-<:--- '"::8
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