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Texto 11 - Manual Arbitragem-parte 2

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11
Convenção
de Arbitragem
SUMÁRIO: 1.Obrigatoriedade da arbitragem: 1.1Cláusula
arbitral e cláusula de eleição de foro - 2. Espécies de
convenção de arbitragem: 2.1 Cláusula arbitral ou cláu-
sula compromissória; 2.2 Compromisso arbitral - 3.
Requisitos do compromisso arbitral-4. Autonomia da
cláusula arbitral- Quadro sinótico.
1. Obrigatoriedade da arbitragem
Antes de discorrer acerca da obrigatoriedade
ou não da arbitragem, mister se faz esclarecer que
ninguém é obrigado a se submeter a qualquer
solução alternativa de conflitos. I
1. Se nao houver convenção, inviável a SOlução alter-
nativa do conflito pela arbitragem e, neste sentido,
o seguinte julgado do ST): "Processual civil. SEC
Isto porque a solução arbitral somente pode ser adotada
em razão da vontade das partes. Em outras palavras, somente
se houver um acordo de vontades.
Se houver, em"tazão do princípio da autonomia da vontade
e conseqüentemente da obrigatoriedade das convenções, caso
uma das partes resolva acessar a via judicial o juiz será obrigado
a extinguir o processo sem julgamento de mérito' em razão de
preliminar e em função do que dispõem os arts. 267, VII, e 30 1,
- Sentença Estrangeira Contestada. Homologação. Descabimento.
Eleição dojuízo arbitral. Austncia de manifestação expressa da parte
requerida. Ofensa a princípio de ordem pública. Indeferimento do
pedido de homologação. 1.C..) sociedade constituída e existente de
acordo com as leis da Inglaterra, com sede em Liverpool,lnglaterra,
requer a homologação de sentença arbitral esuangeira, proferida
por Liverpool eouon Association-LCA, que condenou C .. ). a pagar
à requerente a quantia de U$n 231. 776,35 (duzentos e trinta eu"m
mil, setecentos e setenta e seis dólares e trinta e cinco centavos),
além de determinar o faturamento de parte da mercadoria ou o
equivalente a 2.204.600 libras líquidas, em razão de descumprimen-
to de contrato firmado entre as partes. 2. Na hipótese em exame,
consoante o registrado nos autos, não restou caracterizada a ma-
nifestação ou a vontade da requerida no tocante à eleição do juízo
arbitral, uma vez que não consta a sua assinatura nos contratos nos
quais se estabeleceu a cláusula arbitral. 3. A inequívoca demons-
tração da manifestação de vontade de a parte aderir e constituir o
Juízo arbitral ofende a ordem pública, porquanto afronta princípio
insculpido em nosso ordenamento jurídico, que exige aceitação
expressa das partes por submeterem a solução dos conflitos surgidos
nos negócios jurídicos contratuais privados arbitragem. 4. No caso
em exame, não houve manifestação expressa da requerida quanto
à eleição-do juízo arbitral, o que impede a utilização desta via ju-
risdicional na presente controvérsia. 5. Pedido de homologação a
que se nega deferimento" (Corte Especial, SEC 967/EX, re!.Min.
José Delgado,j. 15.02.2006, D) 20.03.2006, p. 175).
2. Segundo)oel DiasFigueira)r. (Arbitragem,jurisdição e execução, p.
183), "a cláusula compromissória reveste-se de natureza vinculante,
porquanto obrigatória para os contratantes. Assim, eleita a via pa-
raestatal da arbitragem para a solução do conflito, as partes não mais
poderão recorrerao PoderJudiciário, ressalvadasas hipóteses previstas
em lei".
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IX, do CPC: "Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução
demérito: "C ..) VII-pela convenção de arbitragem; C.. )"; "Art.
301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:
C.') IX- convenção de arbitragem; C .. ) "134.° Com exceção do
compromisso arbitral,' o juiz conhecerã de ofício da matéria
enumerada neste artigo".. ... . _ ~~
Nesse sentido: "Execução. Arbitragem. Ju[zo arbitral.
Contrato de exportação. Alegação, pela parte contrária, da exis-
tência de cláusula compromissória ou compromisso arbitral.
Impossibilidade do julgamento e processamento do feito pelo
juízo comum. Extinção do processo semjulgamento do mérito.
Inteligência dos arts. 4.° e 9.° da Lei 9.307/I996, c/c os arts.
267, VII, e 301, IX, do CPC" (RT 759/125).
Sendo assim, em razão do contrato, que é um acordo de
vontades, surgem duas obrigações, ou seja, a obrigação de não
fazer, que implica emnão ingressar com pedido junto ao Poder
Judiciário e, conseqüentemente, de fazer,que consiste em levar
os conflitos à solução arbitral.
Emoutras palavras, a arbitragem não éobrigatária vez que
ninguém pode ser compelido a se submeter à arbitragem.
Sequer a lei poderia impor esta obrigação de forma com~
pulsária, como vimos por ocasião da análise da constituciona-
lidade da Lei 9.307/1996.
Todavia, se as partes convencionarem a arbitragem, em
razão damanifestação volitiva livre econsciente, pelo princípio
da autonomia da vontade, o que foi estabelecido entre elas se
torna obrigatário: pacta sunt servanda.
Aautonomia da vontade significa que as partes são livres
para criar suas obrigações, desde que respeitadas as normas
de ordem pública.
3. Aqui, por uma falha, não se alterou o ~ 4.°. Todavia, deve ser com-
preendido, também, como convenção de arbitragem, incorporando
a cláusula e o compromisso arbitral.
Assim, podem criar a obrigação de submeter seus confli-
tos ã arbitragem e, se assim procederem, se vinculam ao que
contrataram.
1. 1 Cláusula arbitral e cláusula de eleição de foro
Ressalte-se que acláusula de eleição de foro nos contratos
não afasta e sequer colide com a cláusula arbitral.
Existem hipáteses, como veremos, que é necessária a
provocação do Poder Judiciário, ainda que haja convenção
arbitral, como, por exemplo, nas hipáteses de:
a) Cláusula arbitral vazia; e,
b) Nulidade da cláusula arbitral ou da sentença arbitral.
Nesse sentido: "Ação de execução de cláusula compromissó-
ria. Contratante que se recusaa se submeter àarbitragem. Cláusula
de eleiçãOdeforo que não retíra a eficácia do compromisso arbitral.
Arts. 6.De 7.°, da Lei 9.307/1996. Desprovimento da apelação. A
inserção de cláusula de eleição de foro no ajuste, por si sá, não
tem o condão de desconstituir a convenção nele estabelecida
em item específico relativo àsperdas e danos, por meio do qual
as partes, expressamente, comprometeram-se a submeter ao
juízo arbitral os conflitos originados da execução do contrato,
com renúncia a qualquer outro. Na verdade, a estipulação de
cláusula compromissária, para solução dos conflitos relativos
a direitos patrimoniais disponíveis, não suprime, de forma
absoluta, a intervenção do Poder Judiciário, que poderá ser
chamado a pronunciar-se na hipátese prevista no art. 6.°, pa-
rágrafo único, e art. 7.° da Lei 9.307/1996, exatamente a aqui
tratada, não sendo de todo despropositada a eleição de um
foro no contrato" (TJMG, Ap. 1.002.405.773.271-11003(1),
reI. Des. Batista de Abreu,j. 30.05.2007).
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2. Espécies de convenção de arbitragem
Convenção de arbitragem é género do qual são espécies
a cláusula arbitral (ou cláusula compromissória) e o compro-
misso arbitral.
Este é o teor do art. 3.° da Lei 9.307/1996: "Aspartes in-
teressadas podem submeter à solução de seus litigios ao juizo
arbitral mediante convenção de arbitragem, assim entendida
a cláusula compromissória e o compromisso arbitral".
Neste sentido, tanto uma como outra podem ser sufi-
cientes para que a arbitragem possa ser instituída.4 Vejamos
as diferenças.
4. "Sentença arbitral estrangeira. Homologação. Requisitos. Lei
9.307/1996 c Resolução 9/2005 do STJ. Contrato de compra e
venda. Convenção de arbitragem. Existência. Cláusula compro-
missória. Análise de controvérsia decorrente do contrato. Juízoarbitral. Possibilidade. Mérito da decisão arbitral. Análise no STJ.
Impossibilidade. Ausência de violação à ordem pública. Precedentes
do STF e STJ. 1. As regras para a homologação da sentença arbitral
estrangeira encontram-se elencadas na Lei 9.30711996, mais espe-
cificamente no seu capítulo VI e na Resolução 9/2005 do ST]. 2. As
duas espécies de convenção de arbitragem, quais sejam, a cláusula
compromissória e o compromisso arbitral, dão origem a processo
arbitral, porquanto em ambos ajustes as partes convencionam
submeter a um juízo arbitral eventuais divergências relativas ao
cumprimento do contrato celebrado. 3. A diferença entre as duas
formas de ajuste consiste no fato de que, enquanto o compromisso
arbitral se destina a submeter ao juízo arbitral uma controvérsia
concreta já surgida entre ~s partes, a cláusula compromissória ob-
jetiva submeter aprocesso arbitral apenas questões indeterminadas
e futuras, que possam surgir no decorrer da execução do contrato.
4. Devidamente observado o procedimento previsto nas regras do
Tribunal Arbitral eleito pelos contratantes, não há falar em qualquer
vício que macule o provimento arbitral. 5. O mérito da sentença es-
trangeira não pode ser apreciado pelo Superior Tribunal de]ustiça,
pois o ato homologatório restringe-se à análise dos seus requisitos
formais. Precedentes do STF e do STJ. 6. Pedido de homologação
deferido" (STJ, Corte Especial, SEC 1.2101EX, reI. Min. Fernando
Gonçalves,j. 20.06.2007, DJ 06.08.2007, p. 444).
2. 7 Cláusula arbitral ou cláusula compromissória
Acláusula arbitral éa espécie de convenção de arbitragem
mediante a qual os contratantes se obrigam a submeter seus
futuros e eventuais conflitos que possam surgir do contrato à
solução arbitral.
Portanto, o que caracteriza uma cláusula arbitral é o mo-
mento de seu surgimento: anterior à existência do conflito.
Não importa, assim, se a cláusula arbitral ou compromis-
sória é contemporãnea ou posterior ao contrato.
Importa, sim, para sua caracterização, que surja antes da
existência de conflitos e contenha a obrigação das partes de
submeter suas eventuais diferenças à solução dos árbitros, nos
termos da Lei de Arbitragem.
O art. 4.° da Lei de Arbitragem trata do assunto: "Acláu-
sula compromissória é a convenção através da qual as partes
em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os
litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. s
1.°Acláusula compromissória deve ser estipulada por escrito,
podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento
apartado que a ele se refira".
Esta cláusula arbitral pode prever uma arbitragem insti-
tucional ou avulsa (ad hoc). Em ambos os casos pode prever
as regras procedimentais ou, então, referir-se às regras de um
órgão arbitral.
2. 7. 7 Cláusula arbitral cheia
Acláusula arbitral cheia éaquela que contém os requisitos
mínimos para que possa ser instaurado oprocedimento arbitral
(as condições mínimas do art. 10da Lei deArbitragem), como,
por exemplo, a forma de indicação dos árbitros, o local etc.,
tomando prescindível o compromisso arbitral.
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Nesse sentido, o julgado do Tribunal de Justiça de São
Paulo:' "Arbitragem. Compromisso arbitral. Intervenção judi-
cial. Desnecessidade. Cláusula compromissória estabelecida
pelas partes do tipo 'cheia', na qual os contratantes elegem o
órgão arbitral e se obrigam a aceitar as normas por ele impos-
tas, preexistentes e de pleno conhecimento dos envolvidos.
Inaplicabilidade do art. 7.° da Lei 9'.307/1996" (TJSP) (Il.r'
8241211)6
Existem duas formas de cláusula arbitral cheia:
a) Cláusula arbitral cheia mediante a qual as partes pac-
tmim todas as condições para a instauração da arbitragem; e
b) Cláusula arbitral cheia que se refere às regras de uma
entidade especializada.
5. Na fundamentaçãodo AI460.034-4/5-00,julgado no dia 21 de
novembrode2006erelatadopeloDes.JoséRobertoBedran,asse-
verou o TJSP: "Tratou-se, sem dúvida, de cláusula compromissória
cheia ou completa (art. 5.O), a dispensar, portanto, na conformidade
de reiterada jurisprudência, a necessidade de recurso ao Judiciário,
na hipótese de resistência ou recusa do outro contratante a firmar
O compromisso arbitral apropriado para o caso de cláusula vazia
(arts.6.°e 7.°e ~~,daLei9.307/1996)".
6. Nomesmo sentido: "Leide Arbitragem. Inconstitucionalidade
afastada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal. Consideração a
respeito da questão. Não cabimento. Recurso não provido. Contrato.
Compromisso arbitral. Cldusula "cheia". Nulidade. Inexistência.
Contratantes que elegeram o órgão arbitral e se obrigaram a aceitar
asnormasporeleimpostas.Aplicaçãodoart.5.°daLei9.307/1996.
Intervenção judicial desnecessária. Art. 7° da mesma lei que trata
decláusula"vazia".Arbitragemjá instituída.Tentativadeparali-
sação da solução da controvérsia. Inadmissível descumprimento
de cláusulas contratuais. Reserva mental. Caracterização. Cláusula
compromissóriaque fixaoobjetodaarbitragem.Cientificacãodo
alegadodescumprimentode cláusulas.Ocorrência.Regulamento
daCãmaradeComércio.Nulidadedacláusula5.9.Nãoverificação.
Regulamento que assegura, em qualquer hipótese, o contraditório.
Recursonãoprovido.EmbargosdeDeclaração.Sentença.Aplicação
de multa. Acerto. Argumentos já usados. Repetição. Intuito ma-
nifestamente protelatório. Caracterização. Recurso não provido"
(Ap.Ov. 296.036-4/4,reI.Des.SousaLima,j.13.11.2003).
Neste último caso, tratar-se-á de arbitragem institucional
e não há necessidade de as partes estabelecerem todo o proce-
dimento, vez que se vinculam ao procedimento regulamentar
da entidade que escolheram.
As cláusulas arbitrais desta natureza, que se referem às
regras procedimentais de uma en!idade arbitral especializada,
sào mais comuns nos contratos, evitando cláusulas extensas e
de procedimentos não confiáveis juridicamente, que poderão
sofrer anulação em razão de eventuais afrontas às normas de
ordem pública.
Ainda assim, se recomenda que as partes anexem o res-
pectivo regulamento da entidade especializada no contrato e
coloquem seu visto nas folhas, atestando que tomaram conhe-
cimcnto das regras.
Por evidente, mesmo que ao depois a entidade especiali-
zada modifique as regras, em razão de a arbitragem encontrar
suporte na obrigação contratual, as regras aceitas pelas partes
serão mantidas.
Trata-se de conclusão que respeita o princípio segundo o
qual se deve respeito ao ato jurídico perfeito (art. 5.°, XXXVI,
da CF), de tal sorte que modificações posteriores no procedi-
mento da entidade escolhida - obviamente não aceitas pelas
partes - não vincula os contratantes.
Não são regras processuais propriamente ditas e, sendo
assim, não estão sujeitas às regras de vigência das normas
processuais que, no âmbito judiciário, entram em vigor ime-
diatamente, atingindo os processos em curso.
2.1.2 Cláusula arbitral vazia - Conceito e execução
específica
Acláusula arbitral vazia (ou em branco) é aquela em que
as partes simplesmente se obrigam a submeter seus conflitos à
arbitragem, sem estabelecer, contudo, as regras mínimas para
desenvolvimento da solução arbitral e, tampouco, indicar as
regras de uma entidade especializada.
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Por exemplo: as partes firmam cláusula arbitral e não es-
tabelecem as regras para instauração da arbitragem, indicação
dos árbitros, local etc. 7
Neste caso, quando do surgimento do conflito, será neces-
sário que as partes firmem um compromisso arbitralestabele-
cendo as regras que utilizarão (art. 10 da Lei de Arbitragem),
indicando o árbitro ou os árbitros.
Portanto, desta assertiva surge naturalmente outra: se
a cláusula arbitral é cheia - já que contém os elementos para
instauração da arbitragem - não há necessidade de as partes
firmarem compromisso posterior.
Seja como for, tratando-se de cláusula arbitral vazia, se
houver discordãncia sobre a instituição da arbitragem, ou seja,
do compromisso arbitral, que depende fundamentalmente do
modo de nomear os árbitros (art. 19 da Lei de Arbitragem),8
7. O TJSP,na Ap. 263 009 4/5-00, j. 14.12.2006, analisou a seguinte
cláusula arbitral: "Fica expressamente convencionado que, caso
surja qualquer controvérsia ou divergência quanto à interpretação
dos termos e condições da presente apólice, assim como na evo-
lução, ajuste elou liquidação de qualquer sinistro, estas deverão
ser submetidas à decisão de um 'arbitro comum' que o segurado e
a seguradora nomearão conjuntamente".
Sobre ela, o reI. Des. Ênio Zuliani, asseverou: "Arbitragem. Cláusula
compromissória estabelecida em contrato de seguro empresarial para
resolução de conflitos decorrentes da interpretaçao dos tennas e con-
dições da apólice, bem como evoluçào, ajuste e liquidação de qualquer
sinistro, o que inclui a discussão quanto à subsunção dofato concreto
aos danos cobertos. Necessidade de instituição daarbítragem, valendo
a sentença como compromisso arbitral, nos te.rmos do art. 7.", S 7.°, da
Lei9.30711996. Não provimento. c. .. ) Assim, não resta dúvida de que
as partes optaram pela arbitragem [cláusula vazia ou em branco]
para a solução dos litígios decorrentes do contrato de seguro em
questão" .
8. "Art. 19. Considera-se instituída a arbitragem quando aceita a no-
meação pelo árbitro, se for único, ou por todos, se forem vários.
"()
"Art. 21. A arbitragem obedecerá ao procedimento estabelecido
pelas partes na convenção de arbitragem, que poderá reportar-se
:(1
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caberá execução específica da cláusula arbitral nos termos dos
arts. 6.° e 7.° da Lei de Arbitragem.
Eis o seu teor: "Art. 6.°Não havendo acordo prévio sobre a
forma de instituir a arbitragem, a parte interessada manifestará
à outra parte sua intenção de dar inicio à arbitragem, por via
postal ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante
comprovação de recebimento, convocando-a para, em dia,
hora e local certos, firmar O compromisso arbitral. Parágrafo
único. Não comparecendo a parte convocada ou, compare-
cendo, recusar-se a firmar o compromisso arbitral, poderá a
outra parte propor a demanda de que trata o art. 7.° desta Lei,
perante o órgão do Poder Judiciário a que, originariamente,
tocaria o julgamento da causa. "Art. 7.0 Existindo cláusula
compromissória e havendo resistência quanto à instituição
da arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação
da outra parte para comparecer em juizo a fim de lavrar-se O
compromisso, designando O juiz audiência especial para tal fim.
3 l.0 O autor indica';á, com precisão, o objeto da arbitragem,
instruindo o pedido com o documento que contiver a cláusula
compromissória. 3 2.° Comparecendo as partes à audiência, o
juiz tentará, previamente, a conciliação acerca do litigio. Não
obtendo sucesso, tentará ojuiz conduzir as partes à celebração,
de comum acordo, do compromisso arbitral. 33. °Não concor-
dando as partes sobre os termos do compromisso, decidirá o
juiz, após ouvir o réu, sobre seu conteúdo, na própria audiência
ou no prazo de 10 (dez) dias, respeitadas as disposições da
cláusula compromissória e atendendo ao disposto nos arts. 10
e 21,32.0, desta Lei. 3 4.°. Se a cláusula compromissória nada.
às regras de um órgão arbitral institucional ou entidade especiali-
zada, facultando-se, ainda, às partes delegar ao próprio árbitro, ou
ao tribunal arbitral, regular O procedimento. "@ 1.0 Não havendo
estipulação acerca do procedimento, caberá ao árbitro ou ao tri-
bunal arbitral discipliná-lo. "@ 2.° Serão, sempre, respeitados no
procedimento arbitral os princípios do contraditório, da igualdade
das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convenci-
mento."
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dispuser sobre a nomeação de árbitros, caberá ao juiz, ouvidas
as partes, estatuir a respeito, podendo nomear árbitro único
para a solução do litígio. ~ 5.° A ausência do autor, sem justo
motivo, à audiência designada para alavratura do compromisso
arbitral, importará a extinção do processo sem julgamento de
mérito. ~ 6.° Não comparecendo o réu à audiência, caberá ao
juiz, ouvido o autor, estatuir a respeito'do 'conteúdo do com-"
promisso, nomeando árbitro único. ~7.°Asentença que julgar
procedente o pedido valerá como compromisso arbitral" .
O procedimento, embora semelhante àquele estipulado
para osJuizados Especiais Cíveis, com este não se confunde.
Sendoassim, com exceção daquilo que está expressamente
disciplinado na Leide Arbitragem, seguir-se-á oprocedimento
comum do CPC quanto à instrução processual, colheita de
provas eprazos, inclusive de apelação, que será de 15 (quinze)
diase
Seja como for, a necessidade deste procedimento em
razão de uma cláusula arbitral vazia é, na verdade, conseqüên-
cia desastrosa, extirpando da arbitragem grande parte de sua
vantagem.
Isto porque as partes, ao firmar a cláusula arbitral vazia e
diante do impasse, terão que se submeter ao Poder Judiciário
(exatamente o que se queria evitar!), para que ojuiz, diante do
conflito quanto às regras, substitua a vontade dos contendores
e imponha, por sentença, as regras que regerão a arbitragem.
Ainda que nos termos do art. 520, VI, do CPC; a apela-
ção não tenha efeito suspensivo e, com isso, a decisão do juiz
quanto às regras para condução da arbitragem sejam passíveis
de aplicação imediata após a sentença, a demora que pode re-
presentar a ausência de regras na cláusula arbitral nos permite
afirmar que se trata de incúria, verdadeira falta de cuidado na
9. "Art.520.Aapelaçãoserá recebidaem seu efeitodevolutivoe
suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo,
quandointerpostadesentençaque:(...) VI - julgarprocedenteo
pedido de instituição de arbitragem."
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redação do contrato, permitir a existência de cláusula arbitral
deste jaez.
Em resumo, a cláusula arbitral vazia demandará, quando
do surgimento do conflito, que aspartes firmem ocompromisso
arbitral, com as condiçóes mínimas do compromisso, estabe-
lecidas pelo art. 10 da Leide Arbitragem.
2.2 Compromisso arbitral
O compromisso arbitral nada mais é que a convenção de
arbitragem mediante o qual as partes pactuam que o conflito
já existente entre elas será dirimido através da solução arbitral
e pode ser:
a) Judicial, na medida em que as partes decidem colocar
termo no procedimento judicial em andamento e submeter o
conflito à arbitragem; e,
b) Extrajudicial, firmado depois do conflito, mas antes da
propositura de ação judicial.
Portanto, o que o caracteriza é o momento de seu nasci-
mento: posterior à existência do conflito, podendo semanifestar
antes ou durante a demanda judicial e, se for antes, impede,
em razão da vontade das partes, o acesso ao Poder Judiciário
para dirimir o conflito.
Assim, não é difícil concluir que, ainda que não decorra
de um conflito contratual, a arbitragem será viável.
Isto porque, tratando-se de direitos patrimoniais e dispo-
. níveis (sujeitos à transação, portanto), nada obsta que outros
conflitos que surgem no seio da sociedade possam ser dirimidos
através da arbitragem.
Nada impede que em razão de um prejuízo, decorrente de
um ato ilícito - como um acidente automobilístico, por exemplo
_ as partes decidam que a arbitragem será omeio de solução da
existência dodever de indenizar e sua quantificação.
Portanto, o compromisso arbitral permite que qualquer
controvérsia decorrente de direitos patrimoniais disponíveis
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" possa ser solucionada através da arbitragem e não somente as
controvérsias contratuais.
. .
3. Requisitos do compromisso arbitral
,
Como se sabe, a validade dos negócios jurídicos requer
a forma prescrita ou não proibida por lei (arts. 104 e 166, IV,
do CC).
Assim, mister se faz observar que o art. 9.0 da Lei de
Arbitragem, estipula: "o.compromisso arbitral é a convenção
através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de
uma ou mais pessoas, podendo serjudicial ou extrajudicial. 9
1.o a compromisso arbitral judicial celebrar-se-ápor termo nos
autos, perante o juízo ou tribunal, onde t~m curso a deman-
da. 9 2.° a compromisso arbitral extrajudiCial será celebrado
por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por
instrumento público". .
Requer-se:portanto', forma esCrita:a) por temio nos autos
no compromisso arbitral judicial, elaborado no curso ciopro-
cesso, mediante o qual as partes se obrigam a encerrar o litígio
judicial e resolver a demanda através da arbitragem; b.l) por
documento particular, com duas testemunhas, no compromisso
arbitral extrajudicial; e, b.2) por documento público, sem a
necessidade de testemunhas, ainda no compromisso arbitral
extrajudicial.
No art. 10 da Lei de Arbitragem, são encontrados outros
requisitos específicos de validade do compromisso arbitral.
Portanto, se faltarem, como requisitos de validade que
são, o resultado será um compromisso arbitral nulo nos ter-
mos do art. 104 do CC, segundo o qual a validade dos negó-
cios jurídicos, além do agente capaz e objeto lícito, possível,
determinado ou determinável, exige a presença inafastável da
forma prescrita em lei.
Se o art. 10 da Lei de Arbitragem prescreve a forma e,
demais disso, a menciona expressamente como obrigatória,
outra não pode ser a conclusão senão a nulidade absoluta do
compromisso arbitral que não a respeite.
Embora o art. 10da Lei de Arbitragem, mencione apenas
o compromisso arbitral, entendemos que Osrequisitos, por
óbvio, se estendem à cláusula arbitral cheia.
Explicamos: não é necessário, sempre, firmar compro-
misso arbitral, depois de instaurado o conflito.
. Acláusula arbitral pode ser cheia e,nesta medida, para que
seja, deve conter os requisitos para instauração da arbitragem
sem a necessidade do compromisso posterior.
Seguindo a doutrina pátria; admitimos a instituição da .
arbitragem independentemente do compromisso, apenas com
a cláusula arbitral cheia, ou seja, com a cláusula arbitral que
contenha os requisitos para instauração do juizo arbitral, que
gera o mesmo efeito do compromisso e dele prescinde.
É preciso esclarecer, também, que não é nula a cláusula
arbitral que não contenha o~requisitos do art. 10. . ,
Todavia,comojá dissemos, nesta eyentualidade acláusula
arbitral será vazia, o que demandará um compromisso arbitral
depois do surgimento do conflito e, havendo discordãncia
acerca das regras aplicáveis, será preciso uma ação para que a
sentença judicial estabeleça as regras do art. 10,nos termos do
art. 7.0, ambos da l,ei de Arbitragem.
Seja como fo~,Oart. 10 da Lei de Arbitragem t~ata dos
requisitos de validade do'compromisso arbitral- que devem
estar presentes na cláusula arbitral cheia - eestáassimredigido:
"Constará, obrigatoriamente, do compromisso arbitral: I - o
nome, profissão, estado civiledomicilio daspartes; lI-o nome,
profissão e domicilio do árbitro, ou dos árbitros, ou, se for o
caso, a identificação da entidade à qual as partes delegaram a
indicação de árbitros".
Portanto, é imprescindível à cláusula arbitral cheia e ao
compromisso arbitral que as partes e os árbitros sejam quali-
ficados, bem como, se for o caso de arbitragem institucional,
que seja declinada aentidade especializada, bem como asregras
para escolha dos árbitros que poderá, se assim estiver especi-
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que os árbitros tenham que preencher as lacunas, nos termos
do art. 21, ~ 1.0, da Lei de Arbitragem. 10
Vamos a eles:
"Art. 11. Poderá, ainda, o compromisso arbitral conter: I
-local, ou locais, onde se desenvolverá a arbitragem" ..
As partes podem estabelecer o local ou locais onde se
realizará a arbitragem, com o desenvolvimento de audiências,
oitiva de testemunhas etc.
"An. 11 (. ..) III - o prazo para apresentação da sentença
arbitral" .
Aspartes podem, inclusive, prever o prazo que terá o árbi-
tro para proferir a sentença arbitral, sob pena de nulidade (art.
32, VIl), da sentença e extinção da convenção arbitral (art. 12,
1Il) aspectos que ainda serão objeto de nossa análise. 11
"Art. 11 (...) II - a autorização para que o árbitro ou os
árbitros julguem por eqüidade, se assim for convencionado
pelas partes" .
Aqui a lei se preocupou com os limites impostos à pos-
sibilidade de o árbitro julgar de acordo com o que lhe parecer
eqüitativo ejusto.
É evidente que se não tiver essa possibilidade, deverá
aplicar a legislação vigente para pautar sua sentença, de tal
sorte que o julgamento de acordo com a eqüidade é apenas
uma possibilidade que deve ser prevista pelas partes.
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"Não havendo estipulação acerca do procedimento, caberá ao
árbitro ou ao tribunal arbitral discipliná-lo."
"Art. 12. Extingue-se o compromisso arbitral: (. ..) I1l- tendo ex-
pirado o prazo a que se refere o a~t.11, inc. IH, desde que a parte
interessada tenha notificado o ároitro, ou o presidente do tribunal
arbitral, concedendo-lhe o prazo de dez dias para a prolação e
apresentação da sentença arbitral."
11.
10.
"Art. la (...) III - a matéria que será objeto da arbitra-
gem."
Aspartes não estão obrigadas a submeter todo' o conflitõ
à arbitragem.
Podem, assim, na cláusula ou no compromisso, estipular
quais conflitos serão submetidos à arbitragem.
No exemplo que demos no conceito de arbitragem, men-
cionamos um contrato que envolvia o fornecimento de futura
safra de laranjas a uma indústria exportadora de suco de la-
ranja.
Neste caso, os contratantes poderão convencionar que
apenas os conflitos técnicos, decorrentes da qualidade das
laranjas que serão entregues, serão objeto de arbitragem.
ficado,se dar de acordo com as regras da entidade arbitral que
administrará o procedimento para as partes.
"Art. la (...) IV-o lugar em que será proferida a sentença
arbitral. "
Aqui a lei requer das partes que digam onde a arbitragem
terá sua solução.
Ea necessidade é patente vez que pretendeu que as partes
determinem se asentença arbitral será ou não estrangeira, para
os efeitos que estudaremos, decorrentes de homologação de
sentença arbitral estrangeira, procedimento que está determi-
nado no art. 35 da Lei de Arbitragem.
Assim, se a sentença for proferida no Brasil por vontade
das partes, ainda que a arbitragem tenha sido desenvolvida no
exterior, será nacional e independerá de homologação pelo
Superior Tribunal de]ustiça.
Outros requisitos, que não são obrigatórios, são trazidos
à colação pela Lei 9.307/1996.
Não são obrigatórios no sentido de invalidar o compro-
misso arbitral por ausência deles, mas, evidentemente, alguns
deles são imprescindíveis para facilitar oprocedimento eevitar
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aoórgão do PoderJudiciário que seria competente para julgar,
originariamente, a causa que os fixe por sentença."
As partes poderão estabelecer quem e como serão remu-
nerados os árbi~ros e a entidade especializada, se houver, que
administrará aarbitragem,além dos honorários dos advogados
que representarem as partes.
Na ausência de convenção, os honorários advocatícios
e as despe~as com a arbitragem serão carreadas ao vencido,
segui'.'do-se, por analogia, os critérios do art. 20 do CpC.l4
Se nada estiver estipulado, quanto aos honorários do
árbitro, ao final, não restará alternativa a ele senão requerer
judicialmente que seja arbitrado o valor devido pelo seu tra-
balho, que não se presume gratuito.
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Não estipulado o prazo, este será de seis meses a teor do
que dispõe o art. 23 da Lei 9.307/1996.12,
"Art. 11 (...) IV- a indicação da lei nacional ou das regras
corporativas aplicáveis à arbitragem, quando assim conven-
cionarem as partes. 1)
Como vimos, as partes podem, desde que não afronte
normas de ordem pública nacional, escolher as regras que
servirão para embasar a solução arbitral do conflito.
Posta assim a questão, colocarão estas regras na convenção
de arbitragem e, se não o fizerem, nos termos do art. 9.o da Lei
de Introdução ao Código Civil," será aplicável a lei nacional,
do local onde a obrigação deve ser cumprida.
"Art. 11 (...) V - a declaração da responsabilidade pelo
pagamento dos honorários edasdespesas com aarbitragem; eVI
-a fixação dos honorários do árbitro, ou dos árbitros. Parágrafo
único. Fixando as partes os honorários do árbitro, ou dos árbi-
tros, no compromisso arbitral, este constituirá título executivo
extrajudicial; não havendo tal estipulação, o árbitro requererá
"Art. 32. É nula a sentença arbitral se: (...) VIl- proferida fora do
prazo, respeitado o dispOSLO no art. 12, inciso lU, desta Lei."
12. "Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado
pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a apre-
sentação da sentença é de 6 (seis) meses, contado da instituição
da arbitragem ou da substituição do árbitro. Parágrafo único. As
partes e os árbitros, de comum acordo, poderão prorrogar o prazo
estipulado."
13. "Art. 9.° Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do
país em que se constituírem.
~ 1.0 Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e de-
pendendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as
peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos
do ato.
~ 2.° A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no
lugar em que residir o proponente."
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14. "Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as
despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Essa verba
honorária será devida, também, nos casos em que o advogado fun-
ciànar em causa própria. ~ 1.°Ojuiz, ao decidir qualquer incidente
ou recurso, condenará nas despesas o vencido. ª 2.° As despesas
abrangem não só as custas dos atos do processo, como também
a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração
do assistente técnico. ª 3.° Os honorários serão fixados entre o
mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento
(20%) sobre o valor da condenação, atendidos: a) o grau de zelo
do profissional; b) o lugar de prestação do serviço; c) a natureza e
importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo
exigido para o seu serviço. ª 4. o Nas causas de pequeno valor, nas
de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou
for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou
não, os honorários serão fixados consoante apreciação eqüitativa do
juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior.ª 5.° Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, Ó valor
da condenação será a soma das prestações vencidas com o capital.
necessário a produzir a renda correspondente às prestações vin-
cendas (art. 602), podendo estas ser pagas, também mensalmente,
na forma do ~ 2.0 do referido art. 602, inclusive em consignação
na folha de pagamentos do devedor."
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15. Dissemos "inicialmente" vez que ao final, será possível deman-
da judicial se houver a nulidade não reconhecida pelo árbitro.
Remetemos o leitor para o item3.3, do Capítulo IV (Procedimento
Arbitral), ressaltando que se aplica o ~ 2.°, do art. 20, da Lei de
Arbitragem, segundo o qual: .•~ 2.° Não sendo acolhida a argüição,
terá normal prosseguimento a arbitragem, sem prejuízo de vir a ser
examinada a decisão pelo órgão do Poder Judiciário competente,
quando da eventual propositura da demanda de que trata o art. 33
desta Lei".
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Cheia: é aquela cláusula que prevê a form3 de instituição da
arbitragem, seja referindo-se às regras de uma entidade espe-
cializada (arbitragem institucional ou administrada), seja ela
mesma prevendo a forma de instituição e desenvolvimento
da arbitragem (arbitragem ad hoc ou avulsa), com as regras
do compromisso (art. 10 da lA), dispensando a assinatura de
posterior compromisso.
Vazia (ou "em branco"): é aquela que, embora preveja a arbitra-
gem, não prevê a forma de sua instituição, notadamente porque
falta a indicação do árbitro ou das demais condições obrigatória
do art. 10 da LA. Em razão dela, se as partes não chegarem a um
acordo quanto à instituição da arbitragem, firmando compro-
misso arbitral (que no caso é imprescindível), caberá execução
específica da cláusula arbitral. pelo procedimento dos arts. 6.°
e 7.° da lA, pela via judicial.
3. Espécies de
cláusula arbitral
(arts. 4.° e 5.° da
LA)
2. Espé.cies de
convenção de ar.
bitragem (arts.
4.° e 9.° da LA)
Este foi o espírito da lei (mens legislo
1. Obrigatoriedade da arbitragem: a arbitragem não é obrigatória se tomarmos como
base que ninguém pode ser obrigado asesubmetera esta forma de solução de conflitos
que, por definição, é alternativa (lei nesse sentido seria inconstitucional). -Todavia,
manifestada a vontade pelas partes (que não são obrigados a manifestá-la), em razão do
princípio da autonomia da vontade, surge uma obrigação de tal sorte que, a partir dela,
a arbitragem é obrigatória (pacta sunl servanda) e, se uma das partes que se obrigou,
levar o conflito ao Poder Judiciário, o processo deve ser extinto sem julgamento do
mérito (arts. 267, Vil e 301, IX, do CPC).
Cláusula arbitral (ou compromissória): escrita no próprio contra-
to, em documento anexo ou em aditivo contratual se caracteriza
pelo pacto de levar futuras e eventuais eon trovérsias decorrentes
de direitos patrimoniais disponíveis à solução arbitral. Portanto,
sua principal característica é nascer antes da controvérsia entre
as partes.
"-Compromisso arbitral: é o pacto entre as partes que, diante de
um conflito já existente, se obrigam a submetê-lo à arbitragem.
Portanto, sua principal caracteristica é nascer quando já existe
um conflito a ser dirimido, permitindo, assim\que a arbitragem,
inclusive, resolva conflitos não contratuais.-des.de que decor~
rentes de direitos patrjmo.n~~J~_4~~.e-~_J.:.i.::~is.O compromisso
pode ser: -- ..._....._.._._....-
a) Judicial: as partes encerram o procedimento judicial e sub-
meter o conflito à arbitragem; e,
b) Extrajudicial, firmado depois do conflito, mas antes da pro-
positura de ação judicial.
Quadro sinótico
4. Autonomia da cláusula arbitral
Nos termos do art. 8.° da Lei 9.307/1996, "a cláusula
compromissória é autónoma em relação ao contrato em que
estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica,
necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória".
Sendo assim, de acordo com o parágrafo único do ;;e~-~o
dispositivo legal, "caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por
provocação das partes, as questões acercada existência, vali-
dade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que
contenha a cláusula compromissória".
Acláusula arbitral ou compromissória não é acessória do
contrato. Portanto, é autõnoma, de tal sorte que a nulidade do
contrato não implica em nulidade da cláusula arbitral.
O significado do dispositivo, portanto, indica que qual-
quer alegação de nulidade do contrato ou da cláusula arbitral,
diante de sua existência e seguindo o espírito da lei, deve ser
dirimida pela arbitragem e não pelo Poder Judiciário.
Aleipretendeu, neste sentido, fechar uma brecha que per-
mitiria às partes, sempre que alegassem anulidade da cláusula
arbitral ou do contrato, ignorar opacto de arbitragem e acessar
o Poder Judiciário para dirimir o conflito.
Emresumo, ainda que o conflito verse sobre anulidade do
próprio contrato ou da cláusula arbitral, a controvérsia deverá
ser decidida inicialmente" pela arbitragem e não pelo Poder
Judiciário, ainda que as partes tenham resilido bilateralmente
o contrato e a controvérsia verse sobre o distrato.
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