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CCJ0058 WL A RA 01 Conceito Características e Evolução dos Direitos Fundamentais

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Turma A – Manhã - 2012.1�� HYPERLINK "http://portal.estacio.br/" \o "Estácio" �� INCLUDEPICTURE "http://portal.estacio.br/img/logo.png" \* MERGEFORMATINET ������Direitos Humanos
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	APRESENTAÇÂO DA DISCIPLINA:
DIREITOS HUMANOS
É do conhecimento de todos que a redemocratização no Brasil deslocou os direitos fundamentais para a centralidade do ordenamento jurídico em detrimento das chamadas razões de Estado. Nesse sentido, a Constituição passa a ser percebida como norma jurídica e, na sua esteira, desponta a tão propalada força normativa da Constituição.
Destarte, estudar a eficácia dos direitos fundamentais nos dias atuais será a linha dominante do nosso aprendizado. Em conseqüência, faz parte da disciplina o entendimento da efetividade dos direitos fundamentais em suas diferentes dimensões, vale dizer, a primeira relativa aos direitos civis e políticos, a segunda relativa aos direitos sociais e econômicos e finalmente a terceira atinente aos direitos coletivos e difusos. A abordagem da disciplina inclui ainda as restrições impostas aos direitos fundamentais em decorrência da implementação dos sistemas constitucionais de emergência (estado de sítio e estado de defesa).
	BIBLIOGRAFIA
Bibliografia básica
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
BARROSO, Luís Roberto. A reconstrução democrática do direito público no Brasil. Rio de Janeiro: Renovar, 2007.
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen&Juris, 2008.
Bibliografia Complementar
ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica. Trad. de Zilda Hutchinson Schild Silva. São Paulo: Landy Livraria Editora e Distribuidora, 2001.
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. São Paulo: Saraiva, 2003.
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. Rio de janeiro: Malheiros, 2004.
ZIMMERMANN, Augusto. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen&Juris, 2006.
	AVALIAÇÃO:
A Avaliação é contínua, com ênfase nos aspectos colaborativos, incluindo tarefas grupais, e contempla o diagnóstico, o processo e os resultados alcançados por intermédio de avaliações diagnóstica, formativas e somativas, considerando os aspectos de autoavaliação.
A avaliação somativa da aprendizagem é realizada presencialmente pelo aluno no Polo de EAD da Estácio e segue a normativa da universidade, se constituindo em AV1, AV2 e AV3, sendo realizada de acordo com o calendário acadêmico divulgado para o aluno.
Durante o Curso, os alunos realizaram atividades propostas compostas de questões objetivas e discursivas referentes ao domínio cognitivo nos níveis de conhecimento, compreensão, aplicação, síntese e avaliação do conteúdo do Curso. Os exercícios discursivos são corrigidos e comentados pelo professor. Os exercícios objetivos possuem resposta automática, o que permite que o aluno saiba imediatamente a sua performance.
	OBJETIVO DA AULA
Aula 1: Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais:
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Reconhecer a questão terminológica envolvendo os conceitos de direitos do homem, direitos humanos e direitos fundamentais.
Identificar as principais características dos direitos fundamentais na atualidade.
Identificar as três fases de evolução dos direitos humanos: fase de pré-história, fase de afirmação dos direitos naturais e fase de constitucionalização dos direitos fundamentais.
==XXX==
Livros Recomendados:
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
GOMES, Luiz Flávio; PIOVESAN, Flávia. O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos e o Direito Brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. São Paulo: Max Limonad, 1997.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
CARVAZERE, Thelma Thais. Direito Internacional da Pessoa Humana: a circulação internacional de pessoas. Rio de Janeiro: Renovar, 1995.
MAIA, Marrielle. Tribunal Penal Internacional: aspectos institucionais, jurisdição.
MELLO, Celso D. Direitos Humanos e Conflitos Armados. Rio de Janeiro: Renovar, 1997.
MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais: comentários aos arts. 1ª a 5ª da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 1997.
Resumo Aula (Waldeck Lemos)
Fonte: Web-Aula Estácio.
	
	1ª AULA – Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais
	
	TELA_01: 1ª AULA – Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais
	TELA-02: Objetivo desta Aula:
Vídeo-01: Fonte:
Versão em Texto: Antes de examinarmos a evolução da proteção e da efetividade dos direitos humanos ao longo da História, é importante compreender, desde logo, a questão terminológica que envolve os conceitos de direitos do homem, direitos humanos e direitos fundamentais, bem como destacar as principais características que tipificam os direitos fundamentais nos dias de hoje.
Para tal, convido você a começar a navegar por esta aula. Vamos lá?
Ao final desta aula, você será capaz de:
Reconhecer a questão terminológica envolvendo os conceitos de direitos do homem, direitos humanos e direitos fundamentais.
Identificar as principais características dos direitos fundamentais na atualidade.
Identificar as três fases de evolução dos direitos humanos: fase de pré-história, fase de afirmação dos direitos naturais e fase de constitucionalização dos direitos fundamentais.
Clique aqui para ver o estudo dirigido desta aula.
ESTUDO DIRIGIDO DA AULA
Leia o texto condutor da aula.
Participe do fórum de discussão Integração e do fórum desta aula.
Leia a síntese da sua aula.
Leia a chamada para a aula seguinte.
Realize os exercícios de autocorreção.
Para entender plenamente a questão terminológica que envolve os conceitos iniciais desta disciplina, é preciso regressar aos tempos da doutrina do direito natural, que surgiu a partir da obra seminal de Hugo Grócio, denominada De iure belli ac pacis (1625), mas que no entanto só se consolidou com a elaboração da corrente contratualista, capitaneada por Thomas Hobbes.
 Hugo Grócio
 Thomas Hobbes
	TELA-03: Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais
 Capa da edição original de Leviatã, de Thomas Hobbes (clique para ampliar). Nesta obra, o autor alega que o ser humano é egoísta por natureza, e tende à autodestruição. Para Hobbes, deveria haver um soberano (Leviatã, título inspirado no nome de um monstro bíblico) para punir quem não obedecesse ao contrato social que estabeleceria a paz.
Com efeito, não há de se negar que o pensamento de Hobbes foi o grande precursor da idéia de que os direitos do homem são a base de legitimação do exercício do poder político e da formação do Estado. Eis aqui um dos pontos nucleares do pensamento de Hobbes: a origem do Estado e a legitimação do poder político têm por fundamento um contrato social, por meio do qual o homem cede seus direitos naturais ao Estado-Leviatã, o único capaz de gerar um contexto depaz e segurança. E com isso Hobbes consegue efetivamente consolidar o valor dos direitos do homem na ciência política, na teoria geral do Estado, na filosofia e no direito.
 Enfim, podemos dizer que a idéia de direitos do homem está muito ligada a esta corrente juscontratualista que fundamenta e legitima o exercício do poder político no campo filosófico a partir da existência de um direito natural, bem como no reconhecimento de um conjunto de valores legítimos universalmente aceitos e que não decorrem da vontade de Deus, mas, sim, da própria natureza humana. Essa concepção antecede, de certa maneira, o próprio Estado e o próprio Direito Positivo, pois têm sua origem associada à idéia de uma justiça inata e universal. São, portanto, direitos supranacionais e atemporais.
	TELA-04: Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais
De olho na doutrina:
É por isso que parte da doutrina é mais específica ainda e faz a separação entre os conceitos de direitos do homem e direitos humanos. A primeira expressão ficaria ligada aos direitos naturais ainda não positivados em nenhum documento escrito, seja internacional, seja interno. Já o conceito de direitos humanos ficaria reservado para aqueles direitos naturais positivados na esfera do direito internacional. Nesse sentido, ensina José Afonso da Silva que a expressão “direitos humanos” é a preferida nos documentos internacionais.
José Afonso da Silva: Curso de direito constitucional positivo. 22. ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 178.
 No mesmo sentido, Ingo Wolfgang Sarlet defende a tese de que a expressão direitos do homem deve ser interpretada no sentido de direitos naturais ainda não positivados, enquanto direitos humanos são aqueles direitos naturais positivados na esfera do direito internacional.
Ingo Wolfgang Sarlet: Os direitos fundamentais, a reforma do judiciário e os tratados internacionais de direitos humanos: notas em torno dos §§ 2º e 3º do art. 5º da Constituição de 1988. In: Revista de direito do estado. Coordenador Luís Roberto Barroso, nº 1, 2006, Rio de Janeiro, Renovar, 2006, p. 63.
ATENÇÃO!
Em suma, podemos associar o conceito de direitos humanos a uma concepção positiva na esfera internacional, ou seja, devemos entender como direitos humanos aquelas posições jurídicas subjetivas reconhecidas expressamente pelo direito internacional como sendo da natureza do ser humano. Antes de continuar navegando pelas telas desta aula, você deverá ler o arquivo Questão terminológica:
Disponível também na biblioteca da disciplina . Nele, você irá ler outras considerações acerca dos conceitos direitos do homem, direitos humanos e direitos fundamentais.
Questão terminológica
O estudioso dos direitos humanos não pode, portanto, deixar de considerar esta questão terminológica envolvendo os conceitos de direitos do homem, direitos humanos e direitos fundamentais. Os dois primeiros muito ligados à aspiração de universalidade, atemporalidade e supranacionalidade. Completamente diferente é a noção de direitos fundamentais, conceito mais restrito e ligado a uma específica Constituição, a um determinado Estado nacional. Destarte, os direitos fundamentais são os direitos naturais que foram efetivamente positivados na Constituição de um determinado Estado nacional. Isto significa dizer por outras palavras que cada Estado tem sua própria concepção de direitos fundamentais. É por isso que os direitos fundamentais são limitados no espaço e no tempo.
Nas palavras de J.J. Canotilho, direitos fundamentais são os direitos do homem, jurídico-institucionalmente garantidos e limitados espaçotemporalmente. É bem de ver que o conceito de direitos fundamentais é função da ideologia, dos valores éticos, sociais e culturais da sociedade de um determinado Estado nacional. Não há falar em universalidade dos direitos fundamentais, o que evidentemente demonstra que os conceitos de direitos humanos e direitos fundamentais não se confundem. Nesse sentido, precisa a lição de Ingo Sarlet, verbis:
Neste contexto, de acordo com o ensinamento de Pérez Luno, o critério mais adequado para determinar a diferenciação entre ambas as categorias é o da concreção positiva, uma vez que o termo "direitos humanos" se revelou conceito de contornos mais amplos e imprecisos que a noção de direitos fundamentais, de tal sorte que estes possuem sentido mais preciso e restrito, na medida em que constituem o conjunto de direitos e liberdades institucionalmente reconhecidos e garantidos pelo direito positivo de determinado Estado, tratando-se, portanto, de direitos delimitados espacial e temporalmente, cuja denominação se deve ao seu caráter básico e fundamentador do sistema jurídico do Estado de Direito.(Cf. A. E. Perez Luño, Los Derechos Fundamentales, p. 46-7). Assim, ao menos sob certo aspecto, parece correto afirmar, na esteira de Pedro Cruz Villalon, que os direitos fundamentais nascem e acabam com as Constituições (Cf. P. C. Villalon, Revista Española de documentación cientifica 25:41-2, 1989) resultando, de tal sorte, da confluência entre os direitos naturais do homem, tais como reconhecidos e elaborados pela doutrina jusnaturalista dos séculos XVII e XVIII, e da própria idéia de Constituição. (Cf. ob.cit.p.63).
Em conclusão, a questão terminológica envolvendo os conceitos de direitos humanos e de direitos fundamentais é importante, pois permite compreender a trajetória lenta e gradual de seu processo de evolução. Direitos humanos e evolução social do Estado caminham na mesma direção quando vislumbrados sob a ótica da positivação. Destarte, a idéia de direitos humanos se cristaliza com a Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos e Culturais, uma vez que tais documentos positivam os direitos naturais em seara internacional, consolidando definitivamente o processo de internacionalização dos direitos do homem, até então situados no plano jusnatural.
Já o conceito de direitos fundamentais se aplica mais especificamente a um catálogo de direitos constitucionais de um determinado Estado nacional, que mediante processo legislativo próprio, optou por garantir positivamente determinados direitos humanos. É a própria constitucionalização que os transforma em direitos fundamentais.
Com isso estamos querendo ressaltar que a positivação dos direitos fundamentais é fruto de lutas sociopolíticas de uma determinada sociedade, ou seja, os direitos fundamentais são conquistados mediante um processo histórico cheio de obstáculos, antes de serem reconhecidos como direitos efetivamente positivados. Como veremos na próxima aula, o caminho percorrido foi longo até alcançar-se esta nossa atual fase de constitucionalização dos direitos humanos.
	TELA-05: Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais
As principais características dos direitos fundamentais:
Podemos agora então identificar as características dos direitos fundamentais. Desde logo impende salientar que aqui também não há consenso com relação à nomenclatura, razão pela qual vamos destacar apenas aquelas características julgadas mais importantes e que são lembradas pela melhor doutrina. São elas:
IMPRESCRITIBILIDADE: O exercício dos direitos fundamentais nunca deixa de ser exigível, isto é, os direitos fundamentais não se perdem pelo decurso do prazo. Não cabe a prescrição de direitos fundamentais e sua consequente perda de exigibilidade.
INALIENABILIDADE: Os direitos fundamentais são inegociáveis, isto é, não podem ser transferidos porque não são direitos econômico-patrimoniais. Ao revés, são direitos indisponíveis que não podem ser negociados economicamente.
IRRENUNCIABILIDADE: Os direitos fundamentais não podem ser objeto de renúncia, podendo, apenas, deixarem de ser exercidos voluntariamente. Ou seja, por serem indisponíveis, não se admite a sua renúncia, podendo entretanto, o titular do direito a seu próprio talantenão exercê-lo. Seria o caso, por exemplo, do direito à imagem em campanha publicitária, em que a cessão do uso da imagem não significa que houve renúncia do direito fundamental.
HISTORICIDADE: Os direitos fundamentais são históricos, ou seja, derivam de uma evolução progressiva no tempo, o que significa dizer que nascem, desenvolvem-se e podem até morrer. A ideia de historicidade dos direitos fundamentais é muito importante no direito constitucional contemporâneo, uma vez que impede que o intérprete fundamente sua decisão em bases meramente jusnaturalistas, sem respaldo científico de uma teoria hermenêutica apropriada. Como veremos ao longo desta disciplina, o neoconstitucionalismo (na qualidade de nova interpretação constitucional) valoriza a dimensão retórica das decisões judiciais como forma de reaproximar o direito e a ética. Porém, como bem salienta José Afonso da Silva, a historicidade dos direitos fundamentais rechaça toda fundamentação baseada no direito natural, na essência do homem ou na natureza das coisas (Cf. José Afonso da Silva, Curso de direito constitucional positivo, p. 181).
UNIVERSALIDADE: Tal característica projeta a ideia de que os direitos fundamentais são consagrados a todas as pessoas, independentemente de sua nacionalidade, raça, sexo, convicção política, inclinação filosófica ou credo. Pela universalidade dos direitos fundamentais, rejeita-se a sociedade estamental de outrora, não se admitindo mais direitos fundamentais voltados especificamente para uma classe ou estamento enquanto subconjunto societal com status jurídico próprio. E mais: pela universalidade dos direitos fundamentais, garante-se a igualdade perante a lei de nacionais e estrangeiros no Brasil (caput do art. 5° da CRFB/88).
EFETIVIDADE: No neoconstitucionalismo, cujo tom central é a busca da normatividade dos princípios, a efetividade talvez seja a característica mais marcante da nova interpretação constitucional, na medida em que simboliza a obrigação dos Poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário) de garantir efetivamente o conteúdo dos direitos fundamentais. É nesse sentido que ganha relevo o princípio da força normativa da Constituição (Konrad Hesse) e da doutrina brasileira da efetividade (Luís Roberto Barroso) que, aliás, vamos estudar com mais detalhes nesta disciplina. Por hora, basta compreender que a efetividade dos direitos fundamentais é o fio condutor do novo direito constitucional, pois visa garantir verdadeiramente sua concretização no plano da eficácia social.
COMPLEMENTARIDADE: Tal característica se interliga com o princípio da unidade da Constituição, que fixa a necessidade de o exegeta interpretar o texto constitucional como um todo, um bloco monolítico sistêmico, capaz de harmonizar aquelas normas constitucionais que se encontram em conflito aparente, como, por exemplo, o valor social do trabalho. Enfim, pela ideia de complementaridade, os direitos fundamentais não serão interpretados isoladamente, mas sim de acordo com o alcance e sentido do conjunto dos objetivos constitucionais fixados pelo legislador constituinte.
RELATIVIDADE OU LIMITABILIDADE: Por tal característica conclui-se que não existem direitos fundamentais absolutos, isto é, todos os direitos fundamentais são relativos e limitados. Nem mesmo o direito à vida é absoluto quando confrontado com a pena de morte em caso de guerra declarada (art. 5 °, inciso XLVII, alínea a da CFRB/88). Da mesma forma que a efetividade, a relatividade dos direitos fundamentais será um dos pilares de sustentabilidade do neoconstitucionalismo, na medida em que a ideia de relatividade induz à percepção de que um determinado caso concreto pode provocar a colisão de direitos fundamentais.
	TELA-06: Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais
Você irá iniciar agora uma atividade que está relacionada aos princípios dos direitos fundamentais. Para tal, você verá uma situação hipotética e, ao final, fazer uma pergunta na qual você deverá eleger qual princípio está sendo referenciado.
Vamos começar?
Clique para avançar =>
Às vésperas de uma eleição para Governador do Estado, um jornal de grande circulação descobre que o principal candidato ao cargo é homossexual e, em consequência, não hesita em preparar matéria sensacionalista a respeito do caso.
Clique para avançar =>
Por intermédio de sua assessoria, o político toma conhecimento do fato e, antes da publicação, impetra mandado de segurança sob a alegação de que a reportagem violará seu direito líquido e certo de privacidade, e que se for publicada tal matéria, ocasionará dano moral irreparável pela via patrimonial.
Clique para avançar =>
Por outro lado, a assessoria jurídica do jornal alega o princípio que assegura a liberdade de imprensa.
Clique para avançar =>
Nessa situação, o decisor judicial tem dois caminhos hermenêuticos possíveis: proibir a publicação da matéria homenageando o direito à privacidade em face da liberdade de imprensa, ou então autorizar a publicação, consagrando a liberdade de imprensa em desfavor da privacidade.
Clique para avançar =>
Diante da situação, você considera que haveria uma colisão de direitos fundamentais?
SIM => RESPOSTA CORRETA. Eis aqui muito bem caracterizada a colisão de direitos fundamentais. O juiz não poderá decidir a causa em nome de um direito absoluto à privacidade ou de um direito absoluto à liberdade de imprensa. É nesse tipo de colisão de direitos fundamentais que surge a importância do princípio da proporcionalidade no sopesamento de valores em tensão. Enfim, o que importa compreender é o fato de que não há direitos fundamentais absolutos. Todos os direitos fundamentais são relativos, e, em caso de conflito, será necessário um juízo de valor para identificar qual direito fundamental deve prevalecer em um determinado caso concreto. Serão os elementos fáticos do caso concreto que indicarão a solução jurídica mais justa para o caso em tela.
NÃO => RESPOSTA ERRADA. Releia a situação hipotética e responda novamente.
Clique para rever <=
	TELA-07: Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais
Três principais fases de evolução dos direitos fundamentais:
A trajetória histórica dos direitos humanos pode ser sistematizada segundo as formulações filosóficas que embasaram sua construção teórica. Inicialmente, vamos conhecer o pensamento dos filósofos gregos: Na Grécia antiga do século V a. C., podemos destacar dois pensadores.
Protágoras
O sofista grego Protágoras já afirmava que “o homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são".
Note-se, pois, a centralidade da pessoa humana dentro do pensamento grego clássico.
Sófocles
Na obra de Sófocles, também há nítida manifestação dos direitos humanos, pois quando Antígona desobedece a um édito de seu tio Creonte no sentido de proibir o sepultamento de Polinice, trava-se um duelo de idéias ressaltando a dicotomia entre o indivíduo e o Estado.
	TELA-08: Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais
Já a Magna Carta, documento inglês de 1215, limitava o poder do Rei João Sem-Terra em relação aos barões em nítida demonstração da presença dos direitos humanos, na medida em que estabelecia o habeas corpus, o direito à propriedade e o devido processo legal.
Em 1628, a Petition of Rights consolidou definitivamente os direitos previstos na Magna Carta de 1215.
 Ilustração do momento em que o Rei João Sem-Terra assina a carta.
Somente a partir do século XVII é que começa a florescer a idéia de afirmação dos direitos naturais com base nas correntes contratualistas lideradas por Hobbes e seguida por Locke e Rousseau. É neste período que ocorre a superação das doutrinas teocráticas do direito divino dos reis. Tal fase perdura até o advento da Revolução Francesa e da Declaração de Virginia de 1776, quando se dá efetivamente a positivação dos direitos do homem em documentos solenes e dotados de hierarquia, transformando-se,como vimos, direitos do homem em direitos fundamentais.
 Na imagem, vemos o famoso quadro de Delacrorix intitulado A liberdade guiando o povo.
	TELA-09: Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais
Visão esquemática da evolução dos direitos fundamentais:
Partindo desta classificação tradicional de Klaus Stern, podemos fazer uma associação com os diferentes modelos de Estado, desde a polis grega até o assim chamado Estado pós-moderno, dos dias de hoje. E assim é que podemos reconfigurar a classificação de Klaus Stern, como a seguir:
Grécia antiga ao século XVI
Fase de pré-história dos direitos humanos: compreende o período da polis na Grécia antiga e vai até o fim do feudalismo e da concepção medieval de Estado (até século XVI).
Início do Absolutismo ao Estado de Direito
Fase de afirmação dos direitos naturais: corresponde ao início do absolutismo e da elaboração da doutrina contratualista (Hobbes, Locke e Rousseau), e acaba com a formação do Estado de Direito (séculos XVI e XVII).
Revolução Francesa à Constitucionalização
Fase de constitucionalização dos direitos fundamentais: nasce com a Revolução francesa de 1789 ou com a Declaração de Virginia de 1776 e corresponde à atual fase de positivação dos direitos humanos, ou seja, a fase onde os direitos naturais são transformados em direitos fundamentais mediante um processo legislativo de ordem constitucional.
	TELA-10: Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais
Você terá duas tarefas antes de encerrar esta aula:
1) Leia o artigo sobre as fases da evolução dos direitos fundamentais, por Guilherme Sandoval, Francisco Tavares e Augusto Zimmermann.
AS FASES DE EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
A pré-história dos direitos humanos
Como já visto, esta fase compreende o mundo antigo (doutrina estóica greco-romana) e a concepção medieval de Estado. Coincide, pois com a antiguidade clássica e o feudalismo. Ingo Sarlet mostra que da doutrina estóica greco-romana e do cristianismo surgiram as teses da unidade da humanidade e da igualdade de todos os homens em dignidade perante Deus, ou seja, “os valores da dignidade humana, da liberdade e da igualdade dos homens encontram suas raízes na filosofia clássica, especialmente na greco-romana, e no pensamento cristão. Saliente-se, aqui, a circunstância de que a democracia ateniense constituía um modelo político fundado na figura do homem livre e dotado de individualidade. Do antigo testamento, herdamos a idéia de que o ser humano representa o ponto culminante da criação divina, tendo sido feito à imagem e semelhança de Deus”. (Cf. Ob. cit. p. 41).
Já no campo teórico do Estado Medieval, destacamos a concepção dual de poder, vale explicitar a luta pelo poder político entre a Igreja e o Estado. O conceito de soberania ainda não é uno, na medida em que há uma disputa por supremacia entre o poder temporal e o poder eclesiástico.
É nesse contexto que sobressai o pensamento de Santo Tomás de Aquino (1225-1274) e em especial sua obra seminal Summa Theologica. É importante aqui destacar que, muito embora Santo Tomás de Aquino já tivesse desenvolvido sua teoria acerca da coexistência harmônica dos poderes temporal e eclesiástico, o fato é que permanecia a idéia de supremacia da autoridade espiritual, não se podendo falar ainda em doutrinas do direito natural da pessoa humana e muito menos ainda em doutrinas eminentemente democráticas acerca da origem e do exercício do poder político.
E assim é que, a constatação inevitável que se faz é a de que, em pleno alvorecer da modernidade, ainda não é possível falar-se nem sequer em afirmação dos direitos naturais do homem. A sociedade encontra-se ainda em uma fase de pré-história dos direitos humanos, caracterizada pela doutrina estóica grego-romana e pela doutrina cristã da igualdade do homem perante Deus. Destacam-se dentro desse contexto histórico-filosófico, dentre outros, o pensamento escolástico de Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, o nominalismo de Guilherme de Ockham e, logicamente, a Carta Magna de 1215 do Rei João Sem-Terra na Inglaterra, principal documento da Idade Média atinente à evolução dos direitos humanos. No entanto, como bem alerta Ingo Sarlet, a Carta Magna não foi nem o único, nem o primeiro documento a tratar sobre direitos do homem, destacando-se, já nos séculos XII e XIII, as cartas de franquia e os forais outorgados pelos reis portugueses e espanhóis, e.g., o documento firmado por Afonso IX em 1188 (Cf. ob. cit.,p. 45).
A fase de afirmação dos direitos naturais
Esta etapa se desenvolve em plena vigência do Estado Absoluto. Realmente, por mais paradoxal que possa parecer, foi durante o absolutismo que a doutrina do direito natural começou a florescer com o surgimento dos grandes filósofos do contratualismo jurídico (Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau).
Antes da obra de Hobbes, a noção de direitos do homem ainda não prevalecia diante da idéia de poder originário divino e supraterreno, que legitimava as monarquias absolutistas. Hobbes constrói dessarte a noção de que o Estado enquanto sociedade política nasce de um contrato celebrado pelos cidadãos que aceitam ceder seus direitos naturais a um poder comum, a cuja autoridade passam a respeitar, sem qualquer tipo de contestação. É o pacto de submissão amparando a formação do Estado–Leviatã, único capaz de gerar paz e segurança no estado societal. Observe, com atenção, que o pacto de submissão é um ato de transferência de direitos inerentes ao homem. A passagem do estado de natureza (caos) para o estado societal (Estado) depende exclusivamente dos direitos naturais do homem.
Nessa mesma linha de pensamento do contratualismo jurídico, porém mais de quarenta anos depois (1692), surge a obra de John Locke. A teorização política de Locke faz avançar a afirmação dos direitos naturais, na medida em que altera o paradigma contratual que passa a ser um “pacto de consentimento” e, não, mais um “pacto de submissão” como na obra hobbesiana. É pelo pacto de consentimento que se legitima a ação do governo civil, porém com o único objetivo de assegurar as liberdades individuais ante a possibilidade de abuso das autoridades estatais.
Na visão de Locke, o que realmente importa saber é se o governo civil está apto ou não a garantir seus direitos à vida, à liberdade e à propriedade, surgindo daí, portanto, o direito de resistência. Tal conceito é ponto nuclear na evolução dos direitos fundamentais, uma vez que reconhece ao cidadão comum a prerrogativa de resistir às autoridades tirânicas, na hipótese de violação de seus direitos naturais. Isto significa dizer por outras palavras que o pacto de consentimento de John Locke não pressupõe a cessão de direitos naturais ao Estado, ao contrário, caracteriza-se em sua obra a retenção de direitos nas mãos de seus verdadeiros titulares.
Em suma, na visão de Locke, o ato de constituição do Estado é um contrato social, no qual cada indivíduo abre mão de realizar a justiça privada em prol do Estado que fica com a obrigação de garantir as liberdades individuais. Não há cessão de direitos naturais, mas tão-somente reconhecimento do governo civil como elemento assegurador de direitos como a propriedade, vida, liberdade religiosa, liberdade de pensamento, etc.
Finalmente, a teorização do contrato social de Jean Jacques Rousseau, terceira e última grande subcorrente do contratualismo moderno. Contrariamente à formulação teórica de Thomas Hobbes, a concepção de Rousseau rejeita a idéia de caos, da guerra de todos contra todos, do homem lobo do homem.
Para Rousseau, o homem nasce livre, feliz e bom; é a sociedade que o torna escravo e mau. E tudo isso acontece em função da divisão do trabalho e da propriedade privada que geram grandes diferenças entre ricos e pobres, desestabilizando a sociedade politicamente organizada. Nesse sentido, o contratualismo de Rousseau entende que no estado da natureza, o homem essencialmente bom só se preocupa com a sua própria conservação. Aordem social é, pois, um direito sagrado que serve de base a todos os demais. (Cf. O Contrato Social. São Paulo: Ed. Cultrix, 1965, Livro I, Cap.III). Assim sendo, na obra de Rousseau, o pacto volitivo constitutivo do Estado já não mais representa a cessão incondicional da totalidade de direitos naturais de liberdade e autodeterminação, ao contrário, a justificação do Estado surge em nome de uma vontade geral, manifestação inconteste da soberania da nação. Com isso, podemos afirmar que, dentre os contratualistas, Rousseau é aquele que assume posição teorizante que mais se aproxima do princípio democrático e da democracia plebiscitária de participação direta do povo.
Enfim, é inquestionável a importância das correntes contratualistas na afirmação dos direitos naturais da pessoa humana e por via de conseqüência na evolução da teoria dos direitos fundamentais como um todo. Vamos em seguida estudar a fase de positivação dos direitos fundamentais, que se estende desde a democracia liberal até os dias de hoje, perpassando antes pela social democracia do welfare state.
A fase de constitucionalização dos direitos fundamentais
Examinadas as correntes do contratualismo jurídico, vale agora iniciar o estudo da última fase de evolução dos direitos fundamentais, qual seja sua atual fase de constitucionalização.
O marco inicial da fase de constitucionalização dos direitos fundamentais é controverso, havendo certa divergência doutrinária acerca de sua paternidade, isto é, se tal homenagem deve ser prestada à Declaração de Direitos do Povo da Virgínia de 1776, ou, à Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. De toda sorte, independentemente de qualquer que seja a posição adotada em relação à paternidade da constitucionalização dos direitos fundamentais, o importante é compreender o papel das Declarações francesa e americana na evolução dos direitos humanos. Com efeito, são os americanos que projetam a idéia de direitos fundamentais, enquanto que os franceses legam ao mundo os direitos humanos.
Esta fase possui três grandes etapas bem definidas que correspondem respectivamente ao estado liberal, ao estado social e ao estado pós-moderno ou estado pós-social. A fase liberal começa com a Revolução francesa de 1789 e vai até a Constituição de Weimar na Alemanha de 1919; já a fase da democracia social se estende de Weimar até o fim da queda do muro de Berlim em 1989 e, finalmente, o atual período correspondente ao estado pós-moderno, que se inicia com o fim da bipolaridade geopolítica e também com o colapso do welfare state.
A primeira etapa da fase de constitucionalização dos direitos fundamentais coincide com o liberalismo político da burguesia francesa em ascensão. Com base na negação do absolutismo, o constitucionalismo liberal fixa uma concepção jurídica de Estado mínimo que rejeita os privilégios estamentais do Estado absolutista. Para tanto, estabelece constitucionalmente um catálogo de direitos negativos com ênfase especial nos direitos civis e políticos.
Diferente é a concepção do welfare state, entre nós, denominado de Estado do Bem-Estar Social ou simplesmente Estado Social. Sem descurar dos direitos civis e políticos, o Estado Social procura ampliar o catálogo de direitos fundamentais do cidadão comum, incorporando uma nova plêiade de direitos sociais, econômicos, culturais e trabalhistas.
Nesse sentido, o Estado social surge como reação ao liberalismo, na medida em que impele o Estado a ampliar suas próprias responsabilidades constitucionais garantidoras da igualdade real ou material.
Sem embargo da sua nobre aspiração, o fato é que o advento da globalização econômica vem pondo em xeque a soberania estatal e a legitimidade do Estado para intervir nas relações jurídicas privadas. A crise do Estado de bem-estar social é, também, a crise do constitucionalismo dirigente. Nesse sentido, é inelutável a argumentação de que a consecução dos objetivos do welfarismo (igualdade material e distribuição da justiça social) é dependente de grandes recursos financeiros do Estado. Da mesma forma, é inquestionável que o fim da bipolaridade geopolítica e o triunfo do capitalismo sobre o socialismo real vêm criando as condições ideais para a formação de um novo paradigma estatal, agora dito pós-moderno ou pós-social.
Enfim, com isso chegamos ao fim da análise das fases de evolução dos direitos humanos, desde sua pré-história, perpassando-se pela fase de afirmação dos direitos naturais dos filósofos contratualistas Hobbes, Locke e Rousseau, até finalmente alcançar-se a fase de constitucionalização e suas três grandes etapas, quais sejam: a democracia liberal, a social democracia e a democracia pós-social ou pós-moderna, ainda em construção.
2 - Leia o texto abaixo, de autoria de Cláudio Pereira de Souza Neto:
“O liberalismo político surge em um contexto em que se passa a propugnar pela limitação do estado absolutista, caracterizado, fundamentalmente, pela centralização do poder político e pela monopolização da produção normativa. (...) O princípio do “estado de direito” surge vinculado e esse conteúdo substantivo, em cujo cerne está a “moderação” no exercício do poder do estado, a contenção do seu arbítrio. Em sua origem, o estado de direito se apresentava como um “antileviatã”. (...) Os jusnaturalistas compreendem que o papel do estado é garantir os direitos naturais dos indivíduos, não podendo, portanto, violá-los. Esta construção está classicamente formulada na obra de J. Locke. Cf. NETO, Cláudio Pereira de Souza. Teoria constitucional e democracia deliberativa: um estudo sobre o papel do direito na garantia das condições para a cooperação na deliberação democrática. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, pp. 22, 24 e 25.
	TELA-11: Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais
Internet: Google.
Nesta aula, você:
Verificou que há uma questão terminológica que envolve os conceitos de direitos do homem, direitos humanos e direitos fundamentais, bem como a fundamentação doutrinária acerca dessa questão;
Reconheceu as principais características dos direitos fundamentais;
Foi apresentado às principais fases dos direitos fundamentais.
Na próxima aula, você vai estudar:
- Na próxima aula vamos estudar a concepção dos direitos fundamentais na constituição de 1988. Antes de começar a Aula 2, não deixe de realizar os exercícios de autocorreção desta aula e de participar do fórum de discussão. Até lá!
	
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1. Analise as afirmativas abaixo e marque a opção CORRETA:
Os direitos fundamentais não se perdem pelo decurso do prazo. Não cabe a prescrição de direitos fundamentais e sua conseqüente perda de exigibilidade;
Sobre os direitos fundamentais podemos afirmar que são absolutos, não podendo ser relativizados em nenhuma hipótese;
Os direitos fundamentais são direitos supranacionais e atemporais, na medida em que válidos para todos os povos e em todos os tempos;
Os direitos fundamentais são os direitos do homem, jurídico-institucionalmente garantidos e limitados espaço-temporalmente.
Somente é CORRETO o que se afirma em:
a) I, II e III;
b) II e III;
c) I, III e IV.
d) I e IV.
Responder| Resposta correta
2. Leia o texto abaixo: (PROVA ENADE 2006)
Não há, em suma, um direito justo no céu dos conceitos platônico, e um direito imperfeito e injusto no nosso pobre eimperfeito mundo sublunar. O problema do Direito Natural não é descobrir esse celestial livro de mármore onde, gravadas a caracteres de puro ouro, as verdadeiras leis estariam escritas, e que, ao longo dos séculos, sábios legisladores terrenos não conseguiram vislumbrar. (CUNHA, Paulo Ferreira da. O ponto de Arquimedes: natureza humana, direito natural, direitos humanos. Coimbra: Almedina, 2001. p. 94) Considerando as reflexões contidas no texto, é possível afirmar sobre os direitos humanos na atualidade:
a) a afirmação histórica dos direitos humanos, desde o jusnaturalismo, se iniciou apenas muito recentemente, no final do século XX, por isso ainda são desconhecidos dos juristas;
b) o grande problema dos direitos humanos é o de que não estão positivados, por isso não são efetivados;
c) o problema atual dos direitos humanos é o de que, apesar de positivados e constitucionalizados, carecem de ser efetivados;
d) os direitos humanos são, em todas as suas manifestações, garantias negativas da cidadania, por isso não carecem nenhum de prestação econômica por parte do Estado.
Responder| Resposta correta
3. Com relação à questão terminológica dos direitos humanos e fundamentais, analise as assertivas abaixo e assinale a resposta CORRETA:
O conceito de direitos fundamentais se aplica mais especificamente a um catálogo de direitos constitucionais de um determinado Estado nacional, que mediante processo legislativo próprio, optou por garantir positivamente determinados direitos humanos. É a própria constitucionalização que os transforma em direitos fundamentais.
A idéia de direitos do homem está muito ligada a corrente juscontratualista que fundamenta e legitima o exercício do poder político no campo filosófico a partir da existência de um direito natural e no reconhecimento de um conjunto de valores legítimos universalmente aceitos e que não decorrem da vontade de Deus, mas, sim, da própria natureza humana.
a) as duas assertivas são falsas;
b) a assertiva I é verdadeira e a assertiva II é falsa;
c) ambas assertivas são verdadeiras;
d) a assertiva I é falsa e a assertiva II é verdadeira
Responder| Resposta correta
	
	SLIDES
	
	Aula 1 - Conceito, Características e Evolução dos Direitos Fundamentais
Professor Doutor Guilherme Sandoval Góes
A RELEVÂNCIA DA DISCIPLINA NO DIREITO CONTEMPORÂNEO
A redemocratização do Brasil deslocou os direitos humanos para o epicentro constitucional, ou seja, nasce um novo paradigma de interpretação do direito, calcado na força normativa da Constituição.
Esta nova interpretação constitucional tem dois grandes pilares de sustentabilidades, quais sejam a reaproximação da ética e do direito e a garantia do princípio da dignidade da pessoa humana.
AVALIAÇÃO DA DISCIPLINA
AV1 = Aulas 1 a 5 (Notas da prova + participação nos fóruns).
AV2 = Todas as aulas (Notas da prova + participação nos fóruns).
AV3 = Todas as aulas (A prova vale 10 pontos).
Aula 1 - Conceito, características e evolução dos direitos fundamentais.
Objetivos da Aula
Reconhecer a questão terminológica envolvendo os conceitos de direitos do homem, direitos humanos e direitos fundamentais.
Identificar as principais características dos direitos fundamentais na atualidade.
Identificar as três fases de evolução dos direitos humanos.
Fases de evolução dos direitos humanos:
fase de pré-história,
fase de afirmação dos direitos naturais,
fase de constitucionalização dos direitos fundamentais.
Destarte, a idéia de direitos humanos se cristaliza com a Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos e Culturais, uma vez que tais documentos positivam os direitos naturais em seara internacional, consolidando definitivamente o processo de internacionalização dos direitos do homem, até então situados no plano jusnatural.
Já o conceito de direitos fundamentais se aplica mais especificamente a um catálogo de direitos constitucionais de um determinado Estado nacional, que mediante processo legislativo próprio, optou por garantir positivamente determinados direitos humanos. É a própria constitucionalização que os transforma em direitos fundamentais.
Características dos Direitos Fundamentais
IMPRESCRITIBILIDADE
INALIENABILIDADE
IRRENUNCIABILIDADE
HISTORICIDADE
UNIVERSALIDADE
EFETIVIDADE
COMPLEMENTARIDADE
RELATIVIDADE
Imprescritibilidade – O exercício dos direitos fundamentais nunca deixa de ser exigível, isto é, os direitos fundamentais não se perdem pelo decurso do prazo. Não cabe a prescrição de direitos fundamentais e sua conseqüente perda de exigibilidade.
Inalienabilidade – Os direitos fundamentais são inegociáveis, isto é, não podem ser transferidos porque não são direitos econômico-patrimoniais. Ao revés, são direitos indisponíveis que não podem ser negociados economicamente.
Irrenunciabilidade - Os direitos fundamentais não podem ser objeto de renúncia, podendo, apenas, deixarem de ser exercidos voluntariamente. Seria o caso, por exemplo, do direito à imagem em campanha publicitária, em que a cessão do uso da imagem não significa que houve renúncia do direito fundamental.
Historicidade – Os direitos fundamentais são históricos, ou seja, derivam de uma evolução progressiva no tempo. A ideia de historicidade é muito importante no direito constitucional contemporâneo, uma vez que impede que o intérprete fundamente sua decisão em bases meramente jusnaturalistas.
Universalidade – Tal característica projeta a idéia de que os direitos fundamentais são consagrados a todas as pessoas, independente de sua nacionalidade, raça, sexo, convicção política, inclinação filosófica ou credo. Pela universalidade dos direitos fundamentais, rejeita-se a sociedade estamental de outrora.
Efetividade – No neoconstitucionalismo, cujo tom central é a busca da normatividade dos princípios, a efetividade talvez seja a característica mais marcante da nova interpretação constitucional, na medida em que simboliza a obrigação dos Poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário) de garantir efetivamente o conteúdo dos direitos fundamentais.
Complementaridade – Pela idéia de complementaridade, os direitos fundamentais não serão interpretados isoladamente, mas sim de acordo com o alcance e o sentido do conjunto dos objetivos constitucionais fixados pelo legislador constituinte.
Relatividade ou Limitabilidade - Por tal característica conclui-se que não existem direitos fundamentais absolutos, isto é, todos os direitos fundamentais são relativos ou limitados. Nem mesmo o direito à vida é absoluto quando confrontado com a pena de morte em caso de guerra declarada (art.5º, inciso XLVII, alínea a da CRFB/88).
Fases de evolução dos direitos humanos:
fase de pré-história, 
fase de afirmação dos direitos naturais,
fase de constitucionalização dos direitos fundamentais.
A FASE DE PRÉ-HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS
A Classificação Tradicional de Klaus Stern
Compreende o período da polis na Grécia antiga e vai até o fim do feudalismo e da concepção medieval de Estado (até século XVI).
Polis Grega = DEMOCRACIA DIRETA.
Concepção Medieval de Estado = Poder Dual entre a IGREJA e o ESTADO (ESTADO TEOCRÁTICO NÃO LAICO).
A FASE DE AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS NATURAIS
Thomas Hobbes e o Estado Leviatã
Nasce a ideia de que o Estado enquanto sociedade política nasce de um contrato celebrado pelos cidadãos que aceitam ceder seus direitos naturais a um poder comum, a cuja autoridade passam a respeitar, sem qualquer tipo de contestação. Legitima o Estado Absoluto.
O pacto de submissão de Hobbes rejeita o conceito de direito de resistência.
John Locke e o Estado Liberal
A teorização política de Locke faz avançar a afirmação dos direitos naturais, na medida em que altera o paradigma contratual que passa a ser um “pacto de consentimento” e, não, mais um “pacto de submissão”como na obra hobbesiana.
O pacto de consentimento de John Locke reconhece o direito de resistência e com isso justifica o Estado liberal.
Jean Jaques Rousseau e a Democracia Plebiscitária
Dentre os contratualistas, Rousseau é aquele que assume posição teorizante que mais se aproxima do princípio democrático e da democracia plebiscitária de participação direta do povo.
A ideia de mandato imperativo aproxima Rousseau da democracia plebiscitária.
Evolução Histórica dos Direitos Humanos
 1648 1789 
Fase de Pré-História
dos Direitos Humanos
Fase de Afirmação
dos Direitos Naturais
Fase de Constitucionalização
dos Direitos Fundamentais
A FASE DE CONSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
A fase de constitucionalização dos direitos fundamentais marca o início do liberalismo político patrocinado pela burguesia francesa em ascensão. Com base na negação do absolutismo, o constitucionalismo liberal fixa uma concepção jurídica de Estado mínimo que rejeita os privilégios estamentais do Estado absolutista.
Nasce o Estado de Direito:
Separação de Poderes e um Catálogo de Direitos Fundamentais acima das Razões de Estado.
 A questão terminológica.
Características dos direitos fundamentais.
Fases de evolução dos direitos humanos.
==XXX==
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0058/Aula-001/WLAJ/DP
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0058/Aula-001/WLAJ/DP
A QUESTÃO TERMINOLÓGICA DOS DIREITOS HUMANOS
DIREITOS DO HOMEM
POSITIVADOS EM UMA DETERMINADA CONSTITUIÇÃO
DIREITOS FUNDAMENTAIS
POSITIVADOS EM DOCUMENTOS INTERNACIONAIS
DIREITOS HUMANOS
Aula 1 - Conceito, características e evolução dos direitos fundamentais.
DIREITOS HUMANOS
Aula 1 - Conceito, características e evolução dos direitos fundamentais.
DIREITOS HUMANOS
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