Unidade 02 Petição inicial com pedido de tutela cautelar (tutela de urgência incidental)

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Unidade II - Petição inicial com pedido de tutela cautelar (tutela de urgência incidental) 
1. Procedimento da tutela de urgência cautelar incidental – A tutela cautelar se distingue da tutela antecipada por visar a uma medida de proteção à eficácia do processo que não se confunde com o pedido principal.
É o caso, por exemplo, da medida de arresto em relação à ação de cobrança. O objetivo da ação de cobrança é o recebimento do crédito pelo autor. O arresto se presta apenas a garantir que os bens do devedor não se dissipem de forma a garantir que, caso o Autor vença a causa, haverá patrimônio do devedor para ser penhorado na fase de cumprimento da sentença.
2. Requerimento de tutela de urgência cautelar em caráter incidental 
a) A causa de pedir da tutela de urgência cautelar. A causa de pedir será a demonstração do preenchimento dos requisitos legais pelo autor, decorrente da descrição dos fatos, da seguinte forma:
	Requisito
	Demonstração
	Exemplo
	Probabilidade do direito
	Estabelecer que os fatos e suas consequências jurídicas são plausíveis, ou seja, que a versão do autor seja consistente, de acordo com a prova unilateral. Deve dar a impressão de que o autor tem o direito que almeja ver reconhecido.
	Houve a expedição de nota promissória em favor do exequente, que deveria ter sido paga e não foi. 
Em diligências de cobrança, verificou o Credor que o Réu está se desfazendo de todo seu patrimônio, com o objetivo de se reduzir à insolvência.
	Perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. 
	Estabelecer que o direito do autor pode perecer, caso se aguarde o término da demanda, devendo ser imediatamente atendido. 
	Caso o devedor se desfaça de todo seu patrimônio, há risco real de o crédito do credor restar não atendido e, por isso, deve ser imediatamente adotada providência judicial para impedi-lo de tal intento.
b) O pedido de tutela de urgência cautelar. Demonstrada a presença dos requisitos legais, deverá o autor deduzir pedido específico referente a tutela cautelar.
3. Tipos de providência que podem ser determinadas para cumprimento da tutela cautelar: Qualquer providência idônea poderá ser determinada, sendo exemplificativo o rol do art. 301, CPC atual. Abaixo seguem algumas delas, baseadas no CPC/73:
	Providência
	Definição
	Exemplo
	Arresto
	Constrição de bens para garantir futura execução de quantia, quando há justo receio de dilapidação do patrimônio do devedor por ato doloso dele. Na fase apropriada, o arresto se converte em penhora e deverá, por isso, seguir as normas que regem esta última.
	Cobrança de dívida na qual se notícia que o réu está vendendo todo o seu patrimônio e assim, se tornando insolvente. 
	Sequestro
	Constrição de bem (ou bens) certo e determinado, para garantir a futura entrega de coisa certa, quando há justo receio que o bem se extravie por dolo ou culpa do réu. O sequestro se converte em depósito, e por isso, está sujeito ao regime jurídico deste último. 
	Ação de tutela específica de entrega de um carro.
	Arrolamento
	Consiste na elaboração de um rol de bens que esteja em poder de uma das partes, quando houver justo receio que os bens se extraviem. No arrolamento, será nomeado um depositário para os bens.
	Demandas nas quais se discute a divisão de patrimônio, como o divórcio judicial e a dissolução de sociedade empresarial.
	Busca e apreensão
	Localizar um bem ou pessoa em poder do réu ou de terceiro, apreendê-lo para devolvê-lo ao autor.
	Demanda em que se discute a posse de bem ou a guarda de pessoa incapaz, havendo o risco de o bem se perder ou incapaz não ser o bem cuidado.
	Caução cautelar
	Requerer ou ofertar garantia, quando determinado na lei material ou processual.
	Caução do objeto da prestação, nos contratos sinalagmáticos, quando o cumprimento da prestação depender da demonstração de pagamento da parte autora. 
Caução a ser dada por litigante não residente no país e que aqui não tenha em de raiz. 
	Protesto contra a alienação de bens
	Notícia de que não se concorda com a venda ou qualquer outra forma de alienação de um bem. Não se presta a questionar ou invalidar a venda.
	Em ação de inventário, que um dos herdeiros não concorda que o inventariante venda um bem.
Art. 301 do NCPC – A tutela de urgência de natureza de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra a alienação de bem e qualquer outra medida idônea para a asseguração do direito. 
4. Importante: Há providências que eram previstas no CPC/73 como medidas cautelares típicas que continuam previstas no CPC atual, seja como incidentes processuais (como é o caso da produção antecipada de provas), seja como procedimento especial (homologação do penhor legal e as notificações e interpelações). 
	Se para o cumprimento da ordem judicial for necessário ingressar na casa do Réu ou devedor, deverá haver pedido específico ao juiz com este intento, nos termos do art. 5º, XI, CF e art. 212, §2º, CPC.
5. Exemplo: Posto isto, requer de Vossa Excelência: a) a concessão de tutela de urgência, na categoria cautelar, ao autor, no sentido de determinar o arresto dos bens do devedor, já que caracterizada sua intenção de se reduzir à insolvência;
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR (autoridade competente – regras CF e CPC)
(Espaço de 10 linhas para despacho judicial)
	Autor, nacionalidade, estado civil, indicação de união estável, se existir, profissão, RG, CPF, endereço eletrônico, residente e domiciliado no endereço (...) pelo advogado abaixo assinado, que receberá intimações no endereço (...), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência ajuizar a presente 
Ação (nome da demanda), com pedido de tutela de urgência cautelar
em face de Réu, nacionalidade, estado civil, indicação de união estável, se existir, profissão, RG, CPF, endereço eletrônico, residente e domiciliado no endereço (...)
ou
em face de Réu, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita no CNPJ/MF sob o n. (...), com sede no endereço (...), pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
(Espaço de 2 linhas)
I – DOS FATOS
(Espaço de 1 linha)
(Narrar os fatos como descritos no problema, respondendo as questões Como? Onde? Por quê? Quando? Quanto? Para quê?
(Espaço de 2 linhas)
II – DO DIREITO
(Espaço de 1 linha)
(Apresentar o fundamento jurídico do pedido, fazendo a relação entre os fatos e sua qualificação jurídica de forma a apresentar como conclusão a necessidade de ser atendida a pretensão do autor)
(Espaço de 2 linhas)
III – DA TUTELA CAUTELAR
(Espaço de 1 linha)
(Demonstração do preenchimento dos requisitos da tutela cautelar, nos termos dos fatos narrados)
	Como acima exposto, foi constatado por meio de testemunhas que o Réu está liquidando seu patrimônio, tendo até mesmo demitido alguns de seus empregados.
	Sendo assim, deverá ser concedida, nos termos dos artigos 300 e 301, do Código de Processo Civil, a concessão de tutela de urgência de natureza cautelar, consistente no arresto de bens do devedor, já que estão presentes os requisitos legais que autorizam a medida.
	Isto porque há probabilidade do direito, consistente na realização do contrato, existência de valor devido e do inadimplemento do devedor; e há risco ao resultado útil do processo, consistente na prática de atos de liquidação de patrimônio por parte do devedor, que o reduzirão futuramente à insolvência, o que inviabiliza o recebimento do crédito.
(Espaço de 2 linhas)
IV- DO PEDIDO
(Espaço de 1 linha)
	De todo o exposto, requer-se:
a) a concessão de tutela cautelar ao autor, já que preenchidos seus requisitos legais, no sentido de (providência pleiteada), além de ser concedida autorização ao Sr.Oficial de Justiça, nos termos do artigo 212, §2º, in fine, CPC, para ingressar na casa do Réu afim de cumprir a ordem judicial;
b) a citação do réu por carta/oficial de justiça, para comparecer à audiência do art. 334 do CPC/para apresentação de defesa no prazo de 15 dias, sob pena de sofrer os efeitos da revelia;
c) a procedência do pedido para (...);
d) a condenação do réu nos ônus da sucumbência e honorários de advogado;
e) (manifestação de interesse ou desinteresse na audiência prévia de conciliação).
(Espaço de 2 linhas)
	Protesta provar o alegado, por todos os meios de prova em direito admitidos, consistentes nos documentos juntados, oitiva do réu em depoimento pessoal, oitiva de testemunhas, perícias e todas as que se fizerem necessárias ao longo da presente demanda. 
(Espaço de 1 linha)
	Dá-se à causa o valor de R$ (...) (conforme regras do artigo 291 e 292, CPC)
(Espaço de 1 linha)
Termos em que,
Pede deferimento.
(Espaço de 1 linha)
Local e data.
(Espaço de 1 linha)
Advogado.
6. Caso concreto – 
Carlos Bezerra teve uma união estável com Beatriz Gonçalves no período compreendido entre 2012 a 2017. O casal teve uma filha: Sophia Gonçalves Bezerra que possui 4 anos de idade. 
Em maio de 2017, depois de diversos desgastes, a união de Carlos e Beatriz chegou ao fim por mútuo acordo. Carlos apesar de ter concordado com a separação não perdeu as esperanças de reconquistar Beatriz. 
O casal fez a dissolução da união estável partilhando os bens e homologou o acordo no cartório. Entretanto, o casal silenciou sobre a guarda da filha, pois foram informados que precisavam contratar um advogado para ajuizar uma ação de guarda.
Então, por comum acordo o casal passou a exercer a guarda compartilhada da filha, sem homologação judicial, sendo que a base da moradia da menor passou a ser a casa da mãe em Águas Claras já que é mais perto da escola Cresce. A guarda ocorria da seguinte forma: os pais passavam com a filha os finais de semana alternados e durante a semana: um dia com o pai e um dia com a mãe. Os pais de Sophia não conversaram sobre como seria a guarda nas férias escolares e nos dias comemorativos.
Acontece que no último final de semana que Sophia esteve com seu pai, Carlos não quis cumprir com o acordo e não devolveu a filha para a mãe. Beatriz foi buscar Sophia na casa do pai e ele disse que não iria permitir que a filha ficasse perto de outro homem e que como Beatriz estava namorando ela não teria direito de ter a guarda da filha.
Desde então, Carlos tem impedido o contato de Sophia com Beatriz inclusive deixou ordens expressas na escola para que não deixassem a mãe chegar perto da filha.
Beatriz procurou você advogado para fazer a medida judicial cabível. Ela explicou que realmente esta namorando, mas que sempre foi uma mãe presente e afetuosa e está com saudades da filha que não vê há uma semana. Que Carlos é um bom pai e também tem condições de cuidar de Sophia. Ademais, a menor estava acostumada com a guarda compartilhada.
DICA – É cabível: Ação de guarda compartilhada c/c pedido de tutela cautelar incidental consistente na busca e apreensão de menor.
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