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AULA 4 TGP JUIZADOS

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1 
 
Noções Gerais sobre juizados especiais 
 
 
Segundo Carneiro (2003, p. 52) essa lei procurava atender a uma série de finalidades para facilitar o 
acesso à Justiça, como: 
 
 descentralizar a justiça, para que ficasse mais próxima da população em geral; 
 privilegiar a conciliação extrajudicial como meio de resolução de conflitos; 
 ser o palco de resolução de conflitos de pequena monta, que praticamente não eram levados à 
Justiça tradicional; 
 incentivar a participação da população na administração da Justiça, através da contribuição de 
pessoas do próprio bairro na resolução de conflitos; 
 ser gratuita, rápida, desburocratizada, informal e efetiva; 
 desafogar a Justiça tradicional. 
 
Em 1988, a Constituição previu expressamente que deveriam ser criados Juizados Especiais, pela 
primeira vez com essa nomenclatura, e manteve as atribuições conferidas aos Juízes de Paz. 
 
Assim, os Juizados Especiais Cíveis tiveram como principal fonte jurídica a Constituição, que, em seu 
art. 24, X, atribui competência concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal para legislar 
sobre a criação, funcionamento e processo dos Juizados Especiais. Trata-se, portanto, de uma exceção 
à regra da competência privativa da União para legislar sobre direito processual, prevista no inciso I do 
art. 22 da CF. 
 
Ademais, o art. 98 da CF atribuiu competência aos Estados para criar Juizados Especiais no âmbito da 
Justiça Estadual e, à União, no âmbito da Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. 
 
Apesar da previsão constitucional, a regulamentação dos Juizados Especiais somente se verificou no 
âmbito estadual com o advento da Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, que previu a criação dos 
Juizados Especiais no âmbito da Justiça Estadual. 
 
Em março de 1999, a EC n. 22 passou a prever os Juizados Especiais também no âmbito da Justiça Federal, a 
serem regulamentados por lei específica. 
 
Já em 2001, a Lei n. 10.259 veio a regulamentar o dispositivo constitucional que previa a criação dos 
Juizados Especiais no âmbito da Justiça Federal. Não se tratava de uma instituição nova, mas apenas da 
simples adaptação às peculiaridades da esfera federal, da experiência dos Juizados Especiais. Passou-se 
 
 
 
 2 
a somar, portanto, no que fosse compatível, as disposições da Lei n. 9.099/95 aos Juizados Federais. 
 
Em 22 de dezembro de 2009, adveio a Lei n. 12.153, prevendo a criação de Juizados Especiais da 
Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, sendo que estes, junto 
com os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, passaram a integrar o “Sistema dos Juizados Especiais”. 
 
A referida Lei entrou em vigor dia 23 de junho de 2010, 6 meses após a sua publicação, com o intuito 
de realizar uma das previsões do II Pacto Republicano como forma de facilitar o acesso à Justiça, 
permitindo que o rito dos juizados no âmbito estadual não ficasse restrito às causas entre particulares. 
 
As demandas em face da Fazenda Pública, no âmbito estadual e municipal, também poderiam vir a ser 
processadas e julgadas de acordo com os princípios e procedimentos dos Juizados Especiais, previsão 
esta que, até então, só era possível no âmbito da Justiça Federal. 
 
Os Juizados da Fazenda Pública seriam criados em um prazo de até dois anos da entrada em vigor da 
lei, com competência absoluta para processar, conciliar, julgar e executar as causas cíveis, de 
interesse dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cujo valor não ultrapasse 60 salários 
mínimos. 
A sua instalação dependeria da iniciativa de cada Estado, sendo que, no Rio de Janeiro, já havia 
sugestão de projeto de lei para a instalação desses juizados. 
 
Em 16 de outubro de 2012 foi editada a Lei n. 12.726, que acrescentou parágrafo único ao art. 95 da 
Lei n. 9.099/95, a fim de viabilizar a criação e a instalação dos Juizados Especiais itinerantes, que 
deveriam se dedicar a dirimir, prioritariamente, os conflitos existentes nas áreas rurais ou de menor 
concentração populacional. 
 
Principiologia 
 
A concepção clássica de processo é incompatível com grande parte dos direitos da sociedade atual, em 
especial de situações típicas da sociedade moderna, como os direitos transindividuais, as relações 
pulverizadas no conjunto social e os direitos não patrimoniais. 
 
Problemas como o custo e a duração excessiva do processo, bem como sua incapacidade para tutelar 
determinadas situações de direito substancial, todos ligados ao acesso à Justiça, têm levado à busca 
por meios alternativos de solução de conflitos. 
 
Paralelamente, o Estado se preocupa em fornecer meios alternativos de solução de disputas, 
direcionados a atender particularidades de determinadas situações litigiosas, abandonando o 
 
 
 
 3 
formalismo e aproximando-se do cidadão. 
 
Os Juizados Especiais emergem, como vimos, a partir dos Juizados de Pequenas Causas. Dentro dessa 
nova tendência, objetivam apontar ao jurisdicionado um caminho de solução de controvérsia mais 
rápido, capaz de atender às necessidades do cidadão e do direito postulado. Abrindo-lhe, assim, a 
oportunidade de obtenção de tutela para pretensões que dificilmente poderiam encontrar solução 
dentro dos mecanismos complexos e onerosos do processo tradicional. 
 
Os Juizados Especiais aliviam os tribunais de 2º grau e os tribunais superiores da apreciação dessas 
causas através da criação de um sistema recursal próprio e sumário, em que sobressaem a 
irrecorribilidade das decisões interlocutórias e a limitação de recursos das suas decisões para aqueles 
tribunais. 
 
Hoje, esses tribunais estão restritos ao recurso para o: 
 
 Supremo Tribunal Federal – estritamente em matéria constitucional, que apresente repercussão 
geral; 
 Superior Tribunal de Justiça – na remotíssima hipótese em que a orientação acolhida pela 
Turma de Uniformização dos Juizados Federais contrarie súmula ou jurisprudência dominante 
desse mesmo Tribunal. 
 
O Juizado Especial é órgão de jurisdição estatal, constituindo verdadeira estrutura vinculada ao Poder 
Judiciário, por expressa determinação constitucional. 
 
Privilegiando a conciliação e a arbitragem, os Juizados Especiais, em função de sua gratuidade, de sua 
rapidez e de sua informalidade, foram criados para se aproximar da realidade de inúmeros litígios 
existentes no seio social. 
 
O Juizado Especial representa uma Justiça coexistencial, em que, antes de recompor o direito do 
indivíduo lesado, age-se para aliviar situações de ruptura ou de tensão, com o fim de preservar a 
pacífica convivência dos sujeitos envolvidos. Trata-se de uma Justiça que leva em conta o episódio 
contencioso que está inserido e que se destina a curar a situação de tensão. 
 
Dentro dessa situação, os Juizados Especiais possibilitam a composição pacífica dos litigantes. Possuem, 
em seus quadros, além do juiz togado e de seus tradicionais auxiliares de foro, a colaboração de outros 
agentes saídos do seio da sociedade, como os conciliadores e os juízes leigos. Estes trazem para o órgão 
judicante a influência do ambiente social e de suas aspirações comuns. 
 
 
 
 
 4 
Os princípios fundamentais que norteiam os Juizados Especiais estão previstos no art. 2º da Lei n. 
9.099/95. Lei esta que instituiu os Juizados Especiais no âmbito estadual, devendo ser aplicados 
também aos Juizados Federais e da Fazenda Pública, até mesmo porque estão previstos no art. 1º do 
Provimento n. 7 dos Juizados Especiais, que define medidas de aprimoramento relacionadas aos 
sistemas dos Juizados Especiais. 
 
São eles: a oralidade, a simplicidade, a informalidade, a economia processual e a celeridade,e o 
estímulo à conciliação ou à transação, seguindo a linha traçada pelas ondas renovatórias de Mauro 
Cappelletti (1988) em seu movimento universal de acesso à Justiça. 
 
O procedimento dos Juizados Especiais é eminentemente oral, minimizando a burocratização e 
acelerando a solução de controvérsia, embora, na prática, os atos processuais acabem sendo 
estritamente escritos. Prega-se a oralidade como princípio, reduzindo-se ao máximo as peças escritas e 
as reduções a termos das declarações orais. 
 
A oralidade contribui para acelerar o ritmo do processo e para se obter uma resposta mais fiel à 
realidade. O contato direto com os sujeitos do conflito, com as provas e com as nuanças do caso 
permite ao magistrado ter uma visão mais ampla diante da controvérsia. 
 
Assim, o pedido da tutela jurisdicional poderá ser feito por escrito ou oralmente (art. 14 da Lei n. 
9.099/95), a resposta do réu pode ser oral (art. 30 da Lei n. 9.099/95) e as provas orais produzidas não 
precisam ser reduzidas a termo (art. 36 da Lei n. 9.009/95). 
 
A oralidade deve, porém, ser combinada com outros princípios, só podendo existir quando o magistrado 
que julga o conflito preside a colheita de provas (identidade física do juiz), quando então será possível 
ao juiz a recordação do litígio. O que somente ocorrerá se o curso do processo não for interrompido ou, 
na hipótese de interrupção, que seja através de prazos exíguos. 
 
Outro princípio fundamental é a simplicidade. A compreensão do procedimento judicial é um 
importante fundamento para aproximar o cidadão da tutela jurisdicional do Estado. E o juizado 
objetiva facilitar essa compreensão, instituindo procedimento simplificado e facilmente assimilável às 
partes, em que se dispensam maiores formalidades e se impedem certos incidentes do procedimento 
tradicional. 
 
Não se admitem, nos Juizados Especiais, a reconvenção, a ação declaratória incidental ou inúmeros 
recursos, típicos do processo clássico, para se evitar trâmites excessivamente formais. 
 
A informalidade também é outra marca dos Juizados Especiais para tornar menos burocrático e mais 
 
 
 
 5 
rápido o processo. Assim, atendidas as garantias fornecidas aos litigantes, todo ato processual deve ser 
reputado como válido, desde que atinja sua finalidade (art. 13 da Lei n. 9.099/95). 
 
A ação proposta não depende de maiores formalidades além do nome, qualificação e endereço das 
partes, objeto da pretensão e seu valor em linguagem simples e acessível (art. 14, § 1º, da Lei n. 
9.099/95). 
 
As intimações podem ser por qualquer meio idôneo de comunicação (art. 19 da Lei n. 9.099/95). O 
Juizado poderá, ainda, funcionar em horário noturno (art. 12 da Lei n. 9.099/95), desde que 
recomende a situação específica da comarca do Estado. 
 
As causas submetidas aos Juizados Especiais exigem, ainda, solução célere, garantindo uma resposta 
tempestiva ao cidadão, para evitar os efeitos do tempo do processo sobre o direito postulado. 
 
Os princípios da economia processual e da celeridade contribuem para a efetividade do processo, a 
qual será atingida através de uma resposta jurisdicional mais barata e rápida, em perfeita harmonia 
com a menor complexidade das causas que lhe são submetidas. 
 
Prioriza-se a conciliação das partes ou a transação entre elas como forma de atingir a pacificação 
social, fim último da jurisdição. 
 
Deve ser ressaltado que os Juizados Especiais Cíveis também estão subordinados à observância dos já 
estudados princípios do contraditório e do devido processo legal, bem como aos demais princípios 
fundamentais do direito processual, como a imparcialidade, a persuasão racional e o juiz natural. 
 
Assim, o rito dos Juizados Especiais, na verdade, não diminui a garantia do jurisdicionado, mas apenas 
se adequa melhor a determinadas situações concretas. Suas limitações não são inconstitucionais, mas 
apenas compatibilizam garantias constitucionais que presidem a atuação do autor e do réu no processo.

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