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a nr 18 como instrumento de gestao saude higiene do trabalho e qualidade de vida

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DANIEL ZARPELON 
LEOBERTO DANTAS 
ROBINSON LEME 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A NR-18 COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DE SEGURANÇA, 
SAÚDE, HIGIENE DO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA PARA OS 
TRABALHADORES DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
Leme, Robinson 
A NR-18 como instrumento de gestão de segurança, saúde, 
higiene do trabalho e qualidade de vida para os trabalhadores 
da indústria da construção / R. Leme, D. Zarpelon e L. Dantas. -- 
São Paulo, 2008. 
122 p. 
 
Monografia (Especialização em Higiene Ocupacional). Es- 
cola Politécnica da Universidade de São Paulo. Programa de 
Educação Continuada em Engenharia. 
 
1. Construção civil (Medidas de segurança) 2. Saúde ocu- 
pacional 3. Qualidade de vida no trabalho I. Zarpelon, Daniel II. 
Dantas, Leoberto III. Universidade de São Paulo. Escola Politéc-
nica. Programa de Educação Continuada em Engenharia IV. t. 
 
DANIEL ZARPELON 
LEOBERTO DANTAS 
ROBINSON LEME 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A NR-18 COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO DE SEGURANÇA, 
SAÚDE, HIGIENE DO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA PARA OS 
TRABALHADORES DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Escola 
Politécnica da Universidade de São 
Paulo para a obtenção do título de 
Especialista em Higiene Ocupacional 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2008 
RESUMO 
 
O principal objetivo deste trabalho é analisar a aplicação e implementação da 
NR-18 como instrumento de gestão de segurança, saúde, higiene do trabalho e 
qualidade de vida para os trabalhadores da Indústria da Construção. O setor é 
caracterizado por seu potencial de empregabilidade e absorção de mão-de-obra não 
qualificada, porém traz em seu perfil o retrato de um setor desorganizado, com 
dificuldades em utilizar novas abordagens de gestão: construtivas, gerenciais e de 
segurança e saúde, impossibilitando a modernização e melhoria da produtividade, 
em detrimento ao crescimento profissional dos trabalhadores. Os canteiros de obras 
são considerados locais perigosos e com pouca qualidade de vida para os 
trabalhadores. A NR-18, por sua vez, é uma legislação discutida e aprovada de 
forma tripartite (empregadores, trabalhadores e governo), que revisada em 1995 traz 
em seu texto medidas para a melhoria das condições e meio ambiente de trabalho 
na Indústria da Construção. Apesar de 12 anos de sua publicação, a NR-18 ainda 
não é aplicada e implementada em sua totalidade, principalmente nas pequenas 
construções e nas localidades com pouca fiscalização do trabalho e atuação dos 
sindicatos dos trabalhadores. A norma é considerada: detalhista, minuciosa e técnica 
por alguns profissionais das áreas de engenharia civil e de segurança e saúde do 
trabalho. Com isto, buscou-se analisar que embora a NR-18 apresente algumas 
deficiências, mas através da aplicação e implementação de suas diretrizes e do 
Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção é 
possível avançar nas questões de segurança e saúde, o que resultará na redução 
dos acidentes de trabalho, com maior produtividade e melhoria contínua da 
qualidade de vida para os trabalhadores do setor. 
 
Palavras-chave: Construção civil (Medidas de Segurança); Saúde ocupacional; 
Qualidade de vida no trabalho. 
 
ABSTRACT 
 
The present paper aims at analyzing the application and implementation of NR-18 as 
an instrument of security management, health, and work hygiene and life quality to 
the workers from Construction Industry. Such sector is characterized by its potential 
for employment of workforce which is not qualified, although bringing in its profile the 
portrait of a disorganized sector, with some difficulties when using new approaches of 
management: constructive, health and security ones. These difficulties make 
impossible the modernization and improvement of productivity, being harmful to the 
professional improvement of the workers. The places where they work are 
considered dangerous and with little life quality to the workers. The NR-18 is a 
legislation discussed and approved by the employers, workers and government, 
which was revised in 1995 and it brings in its text measures to improve the conditions 
and environment of the work in the Construction Industry. Although it has been 12 
years since its publication, the NR-18 is still not applied and implemented in its 
totality, mainly in the small constructions and in the places with little work supervision 
and labor union performance. The norm is considered detailed and technical by some 
professionals from civil engineering area and work security and health area. Based 
on that, it was analyzed that, although the NR-18 presents some deficiencies, it is 
possible to move forward in the issues concerning health and security through the 
application and implementation of its rules and the Program of Conditions and 
Environment of Work in the Construction Industry, which will result in a reduction of 
work accidents, with a bigger productivity and continuous improvement of life quality 
to the workers of the sector. 
 
Key words: civil construction (security measures); occupational health; life quality in 
the work. 
SUMÁRIO 
 
LISTA DE FIGURAS 
LISTA DE TABELAS 
LISTA DE QUADROS 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
LISTA DE SÍMBOLOS 
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 12 
1.1 Objetivos..................................................................................................... 14 
1.2 Justificativa.................................................................................................. 14 
2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................ 15 
2.1 Acidentes de Trabalho................................................................................ 18 
2.2 Conceito Legal do Acidente de Trabalho.................................................... 21 
2.3 Conceito Prevencionista do Acidente de Trabalho..................................... 22 
2.4 NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da 
Construção........................................................................................................
 
25 
3. METODOLOGIA........................................................................................... 28 
3.1 Análise Setorial da Indústria da Construção............................................... 28 
3.2 Estatísticas de Acidente de Trabalho......................................................... 33 
3.3 Estatísticas de Acidentes de Trabalho no Brasil......................................... 34 
3.4 Estatísticas de Acidentes de Trabalho na Indústria da Construção........... 36 
3.5 Autuações de Segurança e Saúde do Trabalho na Indústria da 
Construção no Estado de São Paulo (NR-18) - 2001 a 2007........................... 
 
42 
3.6 Metodologias de Proteção.......................................................................... 43 
3.6.1 Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC’s.......................................... 44 
3.6.2 Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s......................................... 45 
3.7 Programas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho....................... 47 
3.8 Riscos Ambientais na Indústria da Construção.......................................... 49 
3.8.1 Riscos Físicos.......................................................................................... 50 
3.8.2 Riscos Químicos......................................................................................52 
3.8.3 Riscos Biológicos..................................................................................... 56 
3.8.4 Riscos Ergonômicos................................................................................ 57 
3.8.5 Riscos de Acidentes ou Mecânicos......................................................... 59 
3.9 Reconhecimento dos Riscos na Indústria da Construção por Fase da 
Obra.................................................................................................................. 
 
60 
3.9.1 Demolição................................................................................................ 61 
3.9.2 Movimentação de Terra........................................................................... 63 
3.9.3 Fundações e Estruturas........................................................................... 66 
3.9.4 Coberturas............................................................................................... 70 
3.9.5 Fechamento e Alvenaria.......................................................................... 72 
3.9.6 Instalações e Acabamentos..................................................................... 74 
3.9.7 Máquinas de Elevação............................................................................. 76 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................. 79 
4.1 A Implementação da NR-18 como Instrumento de Gestão de Saúde, 
Segurança e Higiene do Trabalho.................................................................... 
 
79 
4.2 A Aplicação Prática da NR-18 nos Canteiros de Obras............................. 83 
4.3 Qualidade de Vida na Indústria da Construção – Áreas de 
Vivência.............................................................................................................
 
85 
4.3.1 Dimensionamento das Áreas de Vivência............................................... 87 
4.3.1.1 Instalações Sanitárias........................................................................... 88 
4.3.1.2 Vestiário................................................................................................ 89 
4.3.1.3 Alojamento............................................................................................ 90 
4.3.1.4 Local para as Refeições....................................................................... 91 
4.3.1.5 Cozinha................................................................................................. 93 
4.3.1.6 Lavanderia............................................................................................ 94 
4.3.1.7 Área de Lazer....................................................................................... 94 
4.3.1.8 Ambulatório........................................................................................... 95 
4.4 A Aplicação e Implementação da NR-18 nos Canteiros de Obras............. 97 
4.5 Propostas de Revisões na NR-18............................................................... 100 
5. CONCLUSÕES............................................................................................. 104 
6. RECOMENDAÇÕES.................................................................................... 106 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 108 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 Relação Comprimento X Diâmetro de Partícula........................... 53 
Figura 2 Obra de Demolição....................................................................... 63 
Figura 3 Movimentação de Terra e Terraplenagem................................... 66 
Figura 4 Operação de Bate-estacas........................................................... 66 
Figura 5 Operação de Concretagem.......................................................... 70 
Figura 6 Serra Circular de Bancada........................................................... 70 
Figura 7 Andaime Tubular Móvel................................................................ 72 
Figura 8 Operação de Cobertura de Telhado............................................. 72 
Figura 9 Operação de Fechamento e Alvenaria Interna............................. 74 
Figura 10 Quadro de Força em Canteiro de Obras...................................... 75 
Figura 11 Elevador com Sistema de Pinhão e Cremalheira......................... 77 
Figura 12 Grua.............................................................................................. 77 
Figura 13 Canteiro de obra que implementa a NR-18.................................. 83 
Figura 14 Canteiro de Obra que não implementa a NR-18.......................... 83 
Figura 15 Vaso Sanitário.............................................................................. 88 
Figura 16 Lavatório e Mictório...................................................................... 88 
Figura 17 1 Chuveiro para cada grupo de 10 trabalhadores........................ 89 
Figura 18 Piso provido de estrados de madeira........................................... 89 
Figura 19 Vestiário com armários individuais, bancos e iluminação natural 90 
Figura 20 Alojamento em canteiro de obra................................................... 91 
Figura 21 Local destinado às refeições (refeitório)....................................... 92 
Figura 22 Lavatório instalado dentro do refeitório........................................ 92 
Figura 23 Aquecimento de refeições............................................................ 92 
Figura 24 Lavanderia com tanques coletivos............................................... 94 
Figura 25 Televisão colocada no refeitório................................................... 95 
Figura 26 Área de lazer organizada no canteiro de obra............................. 95 
Figura 27 Ambulatório.................................................................................. 96 
Figura 28 Medicamentos destinados a primeiros socorros.......................... 96 
Figura 29 Fornecimento de vestimenta de trabalho..................................... 96 
Figura 30 Fornecimento de vestimenta de trabalho e EPI’s......................... 96 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 3.1 Distribuição dos trabalhadores do setor de Construção, 
segundo classe de atividade em 2006 - São Paulo e Brasil........ 
 
29 
Tabela 3.2 PIB Brasil e participação da Indústria da Construção Civil no 
PIB 2004 a 2006...........................................................................
 
30 
Tabela 3.3 Distribuição dos ocupados na construção, segundo a posição 
na ocupação no trabalho principal - Brasil – 2006....................... 
 
33 
Tabela 3.4 Acidentes de Trabalho ocorridos no Brasil, de 1999 a 
2006..............................................................................................
 
36 
Tabela 3.5 N° de Trabalhadores da Indústria da Construção – Brasil e São 
Paulo – 1999 a 2006.................................................................... 
 
39 
Tabela 3.6 Acidentes do Trabalho na Indústria da Construção – Brasil – 
1999 a 2006..................................................................................
 
39 
Tabela 3.7 Acidentes do Trabalho na Indústria da Construção – Brasil – 
Afastamentos e Incapacidades de 1999 a 2006.......................... 
 
40 
Tabela 3.8 Acidentes de Trabalho na Indústria da Construção no Estado 
de São Paulo – 1999 a 2006........................................................ 
 
40 
Tabela 3.9 Acidentes de Trabalho na Indústria da Construção no Estado 
de São Paulo – 1999 a 2006........................................................ 
 
41 
Tabela 3.10 Taxa de Mortalidade – Brasil e Estado de São Paulo – 1999 a 
2006..............................................................................................41 
Tabela 3.11 
 
Subitens mais autuados da NR-18 pelo MTE no Estado de São 
Paulo - 1999 a 2006..................................................................... 
 
43 
Tabela 3.12 Riscos Físicos na Indústria da Construção.................................. 51 
Tabela 3.13 Riscos Químicos na Indústria da Construção.............................. 54 
Tabela 3.14 Riscos Biológicos na Indústria da Construção............................. 56 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ACGIH American Conference of Governmental Industrial Hygienists 
ADC Investigação e Análise de Acidentes de Trabalho Pelo Método 
da Árvore de Causas 
AF Acidente Fatal 
ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar 
APAEST Associação Paulista de Engenheiros de Segurança do 
Trabalho 
ART Anotação de Responsabilidade Técnica 
AT Acidente de Trabalho 
CAT Comunicação de Acidente de Trabalho 
CBO Código Brasileiro de Ocupações 
CID Código Internacional de Doença 
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 
CF/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
CLT Consolidação das Leis do Trabalho 
CNAE Código Nacional de Atividade Econômica 
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente 
CNTI Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria 
CPN Comitê Permanente Nacional Sobre Condições e Meio 
Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção 
CPR/SP Comitê Permanente Sobre Condições e Meio Ambiente do 
Trabalho na Indústria da Construção do Estado de São Paulo 
CREA/SP Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Estado de 
São Paulo 
CTPP Comissão Tripartite Paritária Permanente 
CTPS Carteira de Trabalho e Previdência Social 
DOU Diário Oficial da União 
EPC’s Equipamentos de Proteção Coletiva 
EPI’s Equipamentos de Proteção Individual 
EPR Equipamento de Proteção Respiratória 
FAP Fator Acidentário Previdenciário 
FETICOM-SP Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e 
do Mobiliário do Estado de São Paulo 
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço 
GPL Gás Liquefeito de Petróleo 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia Estatística 
MS Ministério da Saúde 
IN Instrução Normativa 
INSS Instituto Nacional de Seguro Social 
MPAS Ministério da Previdência e Assistência Social 
MTE Ministério do Trabalho e Emprego 
NR Norma Regulamentadora 
NR-4 Norma Regulamentadora – Serviços Especializados em 
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – 
SESMT 
NR-5 Norma Regulamentadora – Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes – CIPA 
NR-9 Norma Regulamentadora - Programa de Prevenção de Riscos 
Ambientais – PPRA 
NR-15 Norma Regulamentadora – Atividades e Operações Insalubres 
NR-17 Norma Regulamentadora – Ergonomia 
NR-18 Norma Regulamentadora - Condições e Meio Ambiente do 
Trabalho na Indústria da Construção 
NR-24 Norma Regulamentadora - Condições Sanitárias e de Conforto 
nos Locais de Trabalho 
NR-31 Norma Regulamentadora – Segurança e Saúde no Trabalho 
na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e 
Aqüicultura 
NTEP Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário 
OIT Organização Internacional do Trabalho 
OMS Organização Mundial da Saúde 
ONU Organização das Nações Unidas 
PAIC Pesquisa Anual da Indústria da Construção 
PCMAT Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na 
Indústria da Construção 
PCMSO Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional 
PED Pesquisa de Emprego e Desemprego 
PIB Produto Interno Bruto 
PPP Perfil Profissiográfico Previdenciário 
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais 
PTA Plataforma de Trabalho Aéreo 
PVC Poli Cloreto de Vinila 
SAT Seguro de Acidente de Trabalho 
SEBRAE/RJ Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado 
do Rio de Janeiro 
SESMT Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em 
Medicina do Trabalho 
SINDUSCON-SP Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São 
Paulo 
SGSST Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho 
SST Segurança e Saúde do Trabalho 
 
LISTA DE SÍMBOLOS 
 
m2 Metro quadrado 
µm Micrômetro 
 
 12
1. INTRODUÇÃO 
 
A Indústria da Construção é um dos ramos de atividade mais antigos do 
mundo, em que desde quando o homem vivia em cavernas até os dias de hoje 
passou por um grande processo de transformação, seja na área de projetos, de 
materiais, de equipamentos, seja na área de pessoal (SAMPAIO, 1998a). 
Nos últimos 200 anos grandes obras foram construídas, com construções que 
atualmente são símbolos de muitas cidades e países, as quais se sobressaem pela 
beleza, pelo tamanho, pelo custo, pela dificuldade de construção, como também 
pelo arrojo do projeto (SAMPAIO, 1998a). 
No Brasil podem-se destacar como grandes obras a Hidroelétrica de Itaipu, a 
Rodovia dos Imigrantes, a Cidade de Brasília e o Estádio do Maracanã (Sampaio, 
1998a), e mais recentemente a construção da pista sul da Rodovia dos Imigrantes. A 
obra foi construída em quatro anos e três meses e inaugurada 150 dias antes do 
prazo contratual. Esta exigiu investimentos de U$ 300 milhões e transformou-se em 
referência para a engenharia nacional, por utilizar soluções tecnológicas inéditas, 
aliada a sofisticadas práticas de gestão ambiental, valendo o Certificado Ambiental 
ISO-14001 à Concessionária ECOVIAS (JORNAL PERSPECTIVA, ed. 115, 2002). 
A construção civil representa um dos segmentos empresariais de maior 
absorção de mão-de-obra e forte poder econômico que gera grande oportunidade de 
emprego. Com característica de não continuidade do processo industrial, pois a cada 
obra as equipes são mobilizadas e desmobilizadas, e sofrendo com a pouca 
profissionalização da sua mão-de-obra, a integridade física do trabalhador e a 
continuidade ao trabalho de prevenção de acidentes na construção civil é um 
desafio, e o processo de transformação cultural para empresários, trabalhadores e 
entidades envolvidas devem ser sistematicamente incorporados no cotidiano das 
pessoas e das instituições e ao processo produtivo da Construção Civil 
(SINDUSCON/SEBRAE, 2003 apud GONÇALVES, 2006). 
O setor, em todo o mundo, está sujeito a riscos devido às suas singularidades 
características de indústria sem linha de montagem e destinada a gerar produtos 
sem as condições aparentemente mais seguras das fábricas industriais. Por tais 
características, há bastante tempo, a Indústria da Construção tem se destacado na 
geração de acidentes do trabalho (POZZOBON, HEINECK, PROTEÇÃO, 2006). 
 13
Para Pozzobon, Heineck (Proteção, 2006), a Indústria da Construção 
brasileira é, igualmente detentora de significativa contribuição no perfil acidentário 
nacional, respondendo por elevado índice de acidentes graves e fatais e suas 
conseqüências incapacitantes. 
De acordo com Ministério da Previdência Social - MPS (Brasil, 2008), no ano 
de 2006 foram registrados 31.529 Acidentes de Trabalho – AT no setor da 
construção, sendo 27.147 típicos, 3.417 de trajeto e 965 doenças ocupacionais. 
As estatísticas resumem-se às ocorrências informadas através da 
Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT, a qual é emitida para os trabalhadores 
que possuem registro em Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS, pois de 
acordo com a Organização Internacional do Trabalho - OIT, no Brasil estima-se que 
as ocorrências provocadas por AT podem ser multiplicadas por três. 
O setor da construção possui um alto índice de acidentes graves e fatais, no 
qual 33,30% dos acidentes registrados no ano de 2006 referem-se às ocorrências 
com lesões mais graves ou que geraram algum tipo de incapacidade, como a perda 
de membros ou a redução da capacidade de trabalho. 
Vários fatores contribuem para afalta de informação e o não preenchimento 
da CAT, entre eles pode-se citar a subnotificação, a não emissão do documento e o 
fato de que aproximadamente 70% dos trabalhadores do setor não contribuem para 
a Previdência Social (DIEESE, 2001), diminuindo o número dos registros e 
ocorrências acidentárias no setor. 
O setor possui algumas características que desafiam a melhoria das 
condições de Segurança e Saúde do Trabalho - SST, entre elas: transitoriedade de 
processos e instalações; opera sob intensa pressão de tempo e custos; emprego 
intensivo de mão-de-obra; precariedade na contratação de trabalhadores; 
terceirização; excesso de jornada de trabalho; baixa qualidade de vida nos canteiros 
de obras e pouco investimento em SST e formação profissional (NASCIMENTO, 
2002). 
De acordo com Barkokébas Jr. et al (Proteção, 2007), as condições e meio 
ambiente de trabalho na construção civil podem ser citadas como fator de risco para 
a ocorrência de acidentes, pois apresentam diversos riscos devido à mutação 
constante do ambiente de trabalho e a confusão que se faz em acreditar que o 
provisório significa improvisado, no qual cada canteiro de obras tem a sua 
 14
particularidade, as obras de edificações levam a mudança constante do ambiente de 
trabalho. 
Ainda, segundo Barkokébas Jr. et al (Proteção, 2007), deve-se ter em mente 
que promover a Segurança do Trabalho é economicamente vantajoso, além de ser 
obrigação legal e moral devido aos aspectos sociais envolvidos, pode causar danos 
a todos os segmentos: empresas, trabalhadores e sociedade, e se aplicada resultará 
em menor custo econômico e humano. 
 
1.1 Objetivos 
 
 O trabalho tem como objetivo geral, analisar a aplicação e implementação da 
Norma Regulamentadora 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria 
da Construção (Brasil, 1995) como instrumento de gestão de segurança, saúde, 
higiene do trabalho e qualidade de vida para os trabalhadores da Indústria da 
Construção, bem como gerar subsídios para que a melhoria da SST seja um 
processo contínuo e duradouro. 
 O trabalho também se propõe a analisar a que riscos ambientais os 
trabalhadores da Indústria da Construção podem estar expostos, e que medidas a 
NR-18 (Brasil, 1995) estabelece para sua prevenção. 
 
1.2 Justificativa 
 
A discussão da NR-18 (Brasil, 1995) como instrumento de gestão de 
segurança, saúde, higiene ocupacional e qualidade de vida para os trabalhadores da 
Indústria da Construção, foi escolhido no intuito de valorizar a aplicação e 
implementação da norma nos canteiros de obras, não só por ser exigência legal 
estabelecida pela Portaria n° 3.214 (Brasil, 1978), mas para proporcionar uma visão 
crítica dos benefícios que podem ser produzidos para a redução dos acidentes de 
trabalho, o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade de vida dos 
trabalhadores. 
 Espera-se contribuir, através da bibliografia pesquisada para a melhoria das 
condições de trabalho na Indústria da Construção, e estimular outros pesquisadores 
a buscarem maior entendimento sobre o tema, bem como contribuir para a formação 
de opiniões críticas dos profissionais do setor. 
 15
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
 A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto Lei n° 
5.452, de 1 de maio de 1943 (Brasil, 1943) estabelece como preceito as normas que 
regulam as relações individuais e coletivas de trabalho no Brasil, a qual atinge os 
trabalhadores urbanos, rurais, domésticos e funcionários da União, dos Estado e dos 
Municípios, estes, quando não de regimes próprios de proteção ao trabalho. 
 A CLT (Brasil, 1943) é o estatuto que regula as relações de capital e trabalho 
no Brasil, a qual estabelece os direitos e deveres do empregador1 e do empregado2. 
Na década de 70, com a necessidade de reduzir o número de Acidentes de 
Trabalho é publicada a Lei n° 6.514 de 22 de dezembro de 1977, a qual altera o 
Capítulo V do Título II da CLT (Brasil, 1943) e estabelece princípios mínimos 
relativos à Segurança e Medicina do Trabalho. 
Com a finalidade de atender a Lei n° 6.514 (Brasil, 1977), o Ministério do 
Trabalho e Emprego – MTE publica a Portaria n° 3.214 de 8 de junho de 1978, a 
qual aprova as Normas Regulamentadoras – NR’s relativas à Segurança e Medicina 
do Trabalho. Atualmente a portaria contempla 33 (trinta e três) NR’s. 
As Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho – NR’s 
aprovadas pela Portaria n° 3.214 de 8 de julho de 1978 estabelecem as condições 
mínimas de SST que devem ser aplicadas e implementadas nos ambientes de 
trabalho no Brasil, com a finalidade de proteger a vida e a saúde dos trabalhadores, 
sendo que atualmente existem 33 NR’s 
As ações de Segurança e Saúde do Trabalho na Indústria da Construção 
devem seguir as diretrizes estabelecidas pela NR-18 (Brasil, 1995), que traz em sua 
revisão ocorrida no ano de 1995 avanços significativos para a melhoria dos 
ambientes de trabalho. 
Saurin (1997) reconhece que a revisão da NR-18 (Brasil, 1995) representa um 
avanço importante no sentido de que o problema de segurança seja tratado 
seriamente pelas empresas, no qual ele espera que a norma atue como agente 
 
1 Conforme a CLT (Brasil, 1943), considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, 
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de 
serviços. 
 
2 De acordo com a CLT (Brasil, 1943), considera-se empregado toda pessoa física que prestar 
serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. 
 16
difusor de uma nova consciência sobre o assunto, de tal modo que se dispense à 
segurança a mesma importância dispensada aos assuntos da produção. 
Para Saurin (1997) a NR-18 (Brasil, 1995) é prescritiva e limitada, que são 
reflexos do atual estágio da normalização técnica no Brasil, a qual ainda está 
bastante atrasada em relação aos países desenvolvidos. 
A norma é dinâmica e tem evoluído de acordo com as inovações tecnológicas 
da Indústria da Construção, na qual esta mudança rápida é mérito do Comitê 
Permanente Nacional – CPN e dos Comitês Permanentes Regionais – CPR’s. 
 Considera-se importante à necessidade de elaborar e implementar o 
Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção – 
PCMAT e observa que as exigências do programa pode ser um excelente ponto de 
partida para a elaboração de programas abrangentes de segurança do trabalho 
(SAURIN, 1997). 
 A prevenção dos riscos, a informação e o treinamento dos operários podem 
ajudar a reduzir as chances dos acidentes e reduzir suas conseqüências quando são 
produzidos, e prioriza as questões voltadas ao projeto e aos métodos de execução 
da obra (SAMPAIO, 1998a). 
 O PCMAT tem como objetivo principal garantir a saúde e a integridade dos 
trabalhadores, sendo que os riscos devem ser previstos e controlados no processo 
de execução de cada fase da obra (SAMPAIO, 1998a). Em sua elaboração, deve-se 
priorizar o envolvimento de todos os profissionais que terão responsabilidade direta 
pelo resultado do programa: direção da empresa, gerentes, engenheiros de 
produção, engenheiros e técnicos de segurança, médicos do trabalho, projetistas, 
orçamentistas, mestres-de-obras e encarregados (SAMPAIO, 1998b). 
 Segundo Sherique (Proteção, 2003) durante a elaboração do PCMAT, os 
riscos de acidentes de trabalho devem ser priorizados, principalmente os 
relacionados com elevadores, lesões perfurantes, máquinas e equipamentos sem 
proteção, queda de altura, soterramento e choque elétrico, no qual as doenças do 
trabalho são aspectos importantes na elaboração do programa, em que deve existirinterface com o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, Programa de 
Controle Médico e Saúde Ocupacional - PCMSO e a análise ergonômica dos postos 
de trabalho. 
 O PCMAT deve contemplar as exigências contidas na NR-9 (Brasil, 1994), o 
qual visa preservar a saúde e a integridade dos trabalhadores através da 
 17
antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais existentes 
ou que venham a existir no ambiente de trabalho, através da elaboração do PPRA. 
 O PPRA deve contemplar obrigatoriamente os riscos físicos, químicos e 
biológicos, no qual os riscos ergonômicos e de acidentes podem ser inseridos no 
programa, ou serem identificados através do Mapa de Riscos3. 
 Em relação aos riscos ergonômicos, além de identificados, deve ser 
elaborada uma análise ergonômica do trabalho, com a finalidade de avaliar as 
condições ambientais e de organização dos postos de trabalho com as 
características psicofisiológicas dos trabalhadores. 
 As áreas de vivência para a qualidade de vida dos trabalhadores da Indústria 
da Construção, não só garantem a qualidade de vida, condições de higiene e 
integração dos operários na sociedade, mas também refletem na produtividade da 
empresa. As áreas de vivência é uma das mais importantes conquistas dos 
trabalhadores da Indústria da Construção, sendo estas responsáveis por garantir as 
boas condições humanas para o trabalho, influenciando o bem-estar do trabalhador, 
e conseqüentemente, o número de acidentes do trabalho (MENEZES; SERRA, 
2003). 
 Para Araújo (Proteção, 2005), Pontes (Proteção, 2005), Paiva (Proteção, 
2005), Ramalho (Proteção, 2005) e Rosa (Proteção, 2005) a NR-18 (Brasil, 1995) 
mudou o perfil de Segurança e Saúde do Trabalho na Indústria da Construção, 
porém existem vários pontos que devem ser revistos, os quais atingem a qualidade 
de sua implementação e a forma descritiva e detalhada de seu texto. 
 As Bancadas que compõem os comitês tripartites e os profissionais da área 
de Segurança e Saúde do Trabalho devem ter uma participação mais efetiva na 
discussão da NR-18 (Brasil, 1995) e em sua aplicação e implementação nos 
canteiros de obras (PEREIRA, PROTEÇÃO, 2005). 
 Outro aspecto discutido após a reedição da NR-18 (Brasil, 1995) é em relação 
à dificuldade de aplicação e implementação da norma nos canteiros de obras, 
devido ao ônus que ela provoca no custo final do empreendimento. 
 
3 O mapa de riscos é a representação gráfica dos riscos: físicos, químicos, biológicos e ergonômicos 
presentes nos locais de trabalho, inerentes ou não ao processo produtivo, de fácil visualização e 
afixado em locais acessíveis no ambiente de trabalho, para informação e orientação de todos os que 
ali atuam e de outros que eventualmente transitem pelo local, quanto às principais áreas de risco 
(SESI, 1994). 
 18
Em pesquisas realizadas por Araújo (2002), a autora cita que o custo de 
implementação da NR-18 (Brasil, 1995) não ultrapassa 1,5% do custo total da obra, 
porém, em contrapartida um canteiro bem organizado e planejado pode levar a uma 
economia de 10%. 
A certificação das organizações em Sistemas de Gestão de Segurança e 
Saúde do Trabalho – SGSST pode auxiliar as empresas a darem maior 
confiabilidade às partes interessadas (colaboradores, terceiros, sociedade) de que 
existe um comprometimento com a Segurança e Saúde do Trabalho e que é dada 
ênfase à prevenção, porém não garante a redução de acidentes e doenças 
ocupacionais (PROTEÇÃO, 2007b). 
De acordo com Barkokébas Jr. et al (Proteção, 2007), a implementação das 
diretrizes sobre sistemas de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho – ILO-OSH 
2001 (FUNDACENTRO, 2005) em uma empresa de grande porte, apresentou a 
redução de 97% nos riscos de acidentes de trabalho. Segundo os autores, o passivo 
trabalhista da empresa que em 2003 atingiu a cifra de R$ 305 mil, em 2005 chegou 
a R$ 18 mil, o que confirma a eficácia dos investimentos para a implementação de 
sistemas de gestão. 
A NR-18 (Brasil, 1995) foi pensada e elaborada para atender as obras de 
construção civil, deixando alguns setores da Indústria da Construção descobertos, 
como a construção pesada, porém, entende-se que os profissionais da área de 
engenharia e SST, bem como a sociedade pode apresentar suas propostas de 
melhoria e alteração da norma através do CPN e dos CPR’s (PROTEÇÃO, 2007a). 
 
2.1 Acidentes de Trabalho 
 
O acidente de trabalho convive com toda a história da humanidade, ao lado 
dos métodos e formas de produção. Porém, como fenômeno social ampliado e 
reconhecido, é fruto do capitalismo que pode ser entendido como uma forma de 
organização econômica da sociedade que se fundamenta no trabalho livre e na 
extração de mais-valia, excedente em valor, fruto do trabalho, apropriada pelos 
proprietários dos meios de produção (BAUMECKER, 2000 apud GONÇALVES 
2006). 
 19
As determinações que incidem sobre a saúde do trabalhador na 
contemporaneidade estão fundamentalmente relacionadas às novas modalidades de 
trabalho e aos processos mais dinâmicos de produção implementados pelas 
inovações tecnológicas e pelas atuais formas de organização do trabalho (RBSO, 
FUNDACENTRO, 2007). 
Profundas transformações que vêm alterando a economia, a política e a 
cultura na sociedade por meio da reestruturação produtiva e do incremento da 
globalização, entre outros motivos, implicam também mudanças nas formas de 
gestão do trabalho que engendram a precariedade e a fragilidade das questões que 
envolvem a relação entre saúde e trabalho e as condições de vida dos trabalhadores 
(RBSO, FUNDACENTRO, 2007). 
Os acidentes de trabalho constituem o principal evento mórbido entre os 
trabalhadores brasileiros no exercício do seu ofício. A morte de indivíduos causada 
por acidentes de trabalho, em plena fase produtiva de suas vidas, traz corrosivas 
repercussões para a qualidade de vida de suas famílias e, por extensão, para a 
economia brasileira (WÜNSCH, 1999 apud GONÇALVES, 2006). 
No Brasil, já no início da década de 70, quando as atenções se voltaram para 
a construção da Ponte Rio-Niterói, o país conquistou o triste recorde de detentor da 
maior taxa mundial de acidentes fatais na construção civil (PROTEÇÃO, 2005). 
Em 1972, quase 1/5 da força de trabalho formal, ou seja, trabalhadores 
inscritos na Previdência Social, havia se acidentado, e isso foi a pior marca na 
história acidentária do Brasil (USP, 2007f). 
Diante dos números elevados de Acidentes do Trabalho, o Governo Federal 
promulgou a Lei n° 6.514 (Brasil, 1977), que deu a redação atual aos artigos 154 a 
201, que constituem o Capítulo V: Da Segurança e da Medicina do Trabalho, do 
Título II: Das Normas Gerais de Tutela do Trabalho da Consolidação das Leis do 
Trabalho - CLT (Brasil, 1943). 
 A partir da alteração da CLT (Brasil, 1943), inicia-se a intensificação em 
escala nacional dos cursos de formação de profissionais em SST, os quais devem 
compor os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do 
Trabalho - SESMT, que ao exemplo das Comissões Internas de Prevenção de 
Acidentes - CIPA’s, devem ser organizados e mantidos em funcionamento nas 
empresas públicas e privadas que possuam empregados sujeitos ao regime da CLT, 
 20
conforme o grau de risco e o número de empregados que possuam, sempre 
objetivando a prevenção dos infortúnios laborais. 
No Brasil, o Sistema de Seguro de Acidente de Trabalho tem o monopólio 
Estatal, através do Instituto Nacional de Seguro Social – INSS, com a taxação da 
empresas de acordo com a probabilidade de ocorrer acidente de trabalho para 
aquela atividade econômica (USP, 2007c). 
Com a publicação do Decreton° 6.042 de 12/02/2007, que altera o 
Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio 
de 1999 cria-se o Fator Acidentário de Prevenção - FPA e do Nexo Técnico 
Epidemiológico Previdenciário – NTEP. 
O FPA consiste em um multiplicador variável num intervalo de 0,5 a 2,0 que 
será aplicado no Seguro de Acidente de Trabalho – SAT, o qual tem seu percentual 
definido no mesmo Decreto de acordo com a atividade preponderante da empresa, 
ou seja, se a empresa investe em SST, esta poderá ter sua alíquota reduzida, 
porém, se ela não coloca esta questão como prioridade terá sua alíquota elevada. 
O NTEP é a evidência causal entre a doença adquirida pelo trabalhador e o 
CNAE do segmento econômico a qual pertença, presumindo-se que seja 
ocupacional àquele beneficio cujo CID (Código Internacional de Doença) possua 
nexo epidemiológico com o CNAE da empresa empregadora do segurado, sem a 
necessidade da emissão da CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho. 
A Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT é a principal fonte de 
informação sobre Acidentes de Trabalho existente no Brasil, a qual é processada 
pela Previdência Social para fins de benefícios aos trabalhadores acidentados (USP, 
2007c). 
Os sistemas de registro de acidente de trabalho existentes fornecem uma 
informação não suficientemente explorada. Seu aprofundamento requer estudos 
interdisciplinares específicos; práticas de vigilância, com busca ativa de casos, 
identificação e implementação de serviços de referência; análises epidemiológicas e 
de alternativas tecnológicas, bem como, o dimensionamento das repercussões 
sociais dos acidentes e, principalmente dos óbitos por acidente de trabalho 
(MACHADO E GOMEZ, 1994). 
 
 
 
 21
 
2.2 Conceito Legal do Acidente do Trabalho 
 
Conforme o Art. 2º da Lei n° 6.367 (MPAS, 1976), “Acidente do trabalho é 
aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando 
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução, 
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. 
Integram o conceito de acidente o ato lesivo à saúde física e mental, o nexo 
causal entre este e o trabalho e a redução da capacidade laborativa. A lesão é 
caracterizada pelo dano físico-anatômico, ou mesmo psíquico. A perturbação 
funcional implica dano fisiológico ou psíquico nem sempre aparente, relacionada 
com órgãos ou funções específicas. Já a doença se caracteriza pelo estado mórbido 
de perturbação da saúde física ou mental, com sintomas específicos em cada caso. 
Por seu turno, com a nova definição dada pela nova Lei nº 8.213 (MPAS, 1991), 
dispõe o Art. 19 deste Diploma Legal, “verbis”: 
 
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a 
serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados 
referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou 
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, 
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. 
 
Analisando os dispositivos em comento infere-se que o conceito é sempre o 
mesmo. A diferença que se nota está na abrangência que a Lei n° 8.213 (MPAS, 
1991) deu a uma classe especial de segurados4, até então sem direito aos 
benefícios pagos pela Previdência Social em caso de Acidentes de Trabalho. 
 É preciso que para a existência do acidente do trabalho exista um nexo entre 
o trabalho e o efeito do acidente. Este nexo de causa-efeito é tríplice, pois envolve o 
trabalho, o acidente com a conseqüente lesão, e a incapacidade resultante da lesão. 
Deve haver um nexo causal entre o acidente e o trabalho exercido. Inexistindo esta 
relação de causa-efeito entre o acidente do trabalho, não se poderá falar em 
acidente do trabalho. Mesmo que haja lesão, mas que esta não venha a deixar o 
 
4 Conforme a Lei n° 8.213 (MPAS, 1991), como segurados especiais para fins do inciso VII são 
considerados o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro, o pescador 
artesanal e o assemelhado, que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de 
economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos 
cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 14 (quatorze) anos ou a eles equiparados, desde que 
trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo. (O garimpeiro está excluído por força 
da Lei nº 8.398, de 7.1.92, que alterou a redação do inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24.7.91). 
 
 22
segurado incapacitado para o trabalho, não haverá direito a qualquer prestação 
acidentária. 
De acordo com a Lei n° 6.367 (MPAS, 1976) no seu art. 2º, o acidente do 
trabalho tem que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa. Tem que 
haver casualidade para que haja infortúnio do trabalho. Para isso a causa do 
acidente ou doença tem que ter relação com o trabalho e tem que ser no exercício 
da atividade para que se tenha relevância jurídica. 
Dando uma interpretação legal do acidente do trabalho, resta-nos entender o 
que reza o inciso XXVIII do artigo 7º da CF (Brasil, 1988) “verbis”: 
 
Art. 7º “São direito dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social”. 
XXVIII – seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do empregador, 
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em 
dolo ou culpa; 
 
No artigo 194 da CF (Brasil, 1988) tratou o legislador de Seguridade Social 
destinada a assegurar os seus direitos relativos à saúde, à previdência e assistência 
social. Por seu turno, o inciso I do artigo 201, ao tratar da Previdência Social, 
mediante contribuição, atenderão nos termos da Lei, a: 
 
I – cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte, incluídos os 
resultantes de acidentes do trabalho, velhice e reclusão; 
 
Na realidade, a Lei n° 8.213 (MPAS, 1991) estabeleceu as regras para o 
segurado ter direito aos benefícios da Previdência Social, trazendo significativas 
mudanças em matéria de acidente do trabalho, doenças profissionais e do trabalho 
(tecnopatias e mesopatias) e quanto à forma de indenizar a incapacidade laborativa. 
 
2.3 Conceito Prevencionista do Acidente de Trabalho 
 
O acidente do trabalho definido pelo conceito prevencionista aborda o 
acidente do trabalho como uma ocorrência não programada, inesperada ou não, que 
interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de 
tempo útil e/ou lesões nos trabalhadores, e/ou danos materiais (GONÇALVES, 2002 
apud RAGASSON 2002). 
 23
Segundo Pandaggis (2003), algumas visões e conceitos do acidente de 
trabalho contradizem o seu verdadeiro significado e seu entendimento como uma 
ocorrência multicausal, o qual depende de vários fatores para que este se 
materialize. Ainda, segundo o autor, a empresa deve ser considerada como um 
sistema, que interligada em toda a sua estrutura organizacional, processo produtivo, 
e sociedade, incluindo o trabalhador, o acidente é caracterizado como uma anomalia 
manifestada no sistema, revelando um não funcionamento ou um funcionamento 
defeituoso do seu processo de produção. 
O conceito prevencionista definido por Pandaggis (2003) torna-se mais 
abrangente na relação existente entre o trabalhador e o meio ambiente de trabalho 
que este está inserido, sendo que proporcionará melhores ferramentas para a busca 
de soluções de prevenção e não coincide com o conceito legal, o qual tem a 
finalidade de amparar o trabalhador na ocorrência de acidentes e doenças do 
trabalho. 
Historicamente, as causas dos acidentes de trabalho têm sido entendidascomo as circunstâncias ou os fatores que, se removidos a tempo, teriam evitado a 
ocorrência do infortúnio laboral. Por décadas, as causas acidentárias têm sido 
agrupadas em duas categorias básicas: Condições Inseguras e Atos Inseguros. 
Certamente, tal agrupamento possui relevância para fins didáticos, posto que muito 
simplista e, portanto, insuficiente para a efetiva compreensão da problemática 
(GONÇALVES, 2000 apud RAGASSON 2002). 
Condições Inseguras correspondem às deficiências, aos defeitos ou às 
irregularidades técnicas existentes nas instalações físicas, máquinas ou 
equipamentos, possíveis de ocasionar acidentes de trabalho. É da responsabilidade 
patronal a eliminação ou a neutralização das condições inseguras existentes nos 
locais de trabalho (GONÇALVES, 2000 apud RAGASSON 2002). 
Atos Inseguros são atitudes, ações ou comportamentos dos trabalhadores em 
desacordo com as normas preventivas e que põem em risco a sua saúde e/ou 
integridade física, ou a de outros companheiros de trabalho. Atos inseguros são 
geralmente definidos como causas dos acidentes que residem, predominantemente, 
no fator humano (GONÇALVES, 2000 apud RAGASSON 2002). 
De acordo com Almeida (1995), as análises das causas de infortúnio laboral 
sob a dualidade de condições e atos inseguros encontram-se superada pelos 
estudiosos da segurança e saúde no trabalho, que desenvolveram várias correntes 
 24
ou teorias abordando a questão de forma mais abrangente como outros métodos de 
análise, como árvore de causas. 
Modelos mais complexos de investigação de acidentes estão associados à 
conjugação de vários fatores, pode-se utilizar o método de análise como da Árvore 
de Causas – ADC, segundo Blinder, Almeida, Monteau (2003), que propõem uma 
abordagem sistêmica das causas dos acidentes observando distúrbios funcionais da 
empresa. 
Pode-se verificar que no processo iniciado na cadeia de incidentes 
intermediários descritos no sistema, este processo evolui até chegar à lesão do 
indivíduo. O método ADC possibilita a identificação de fatores de acidentes na 
categoria de fatores organizacionais que não estão previstos nas NR’s, e pode vir a 
constituir ferramenta de contraposição à cultura da culpa, tão enraizada nas 
investigações de acidentes de trabalho. O método também permite visualizar as 
medidas preventivas que devem ser adotadas para evitar a ocorrência de outros 
acidentes. Esse método tem sido recomendado pelo Ministério da Saúde - MS para 
análise de Acidentes de Trabalho (BLINDER, ALMEIDA, MONTEAU, 2003). 
Segundo Dwyer apud Gonçalves (2006), a noção de acidentes, de sua 
prevenção e indenização é produto de uma complexa articulação de processos 
sociais. O reconhecimento de que os custos dos acidentes do trabalho de todos os 
tipos estão estimados em 4% do Produto Interno Bruto - PIB nos países avançados 
e o fato de que os custos dos grandes acidentes recaem sobre a sociedade como 
um todo é outro fator que está influenciando as mudanças. Uma certeza: forças 
sociais já estão operando para fazer com que o futuro dos acidentes seja muito 
diferente do seu passado. 
Uma das causas da produção de acidente do trabalho é o nível de rendimento 
de incentivos financeiros, excesso de carga horária e incapacidade dos 
trabalhadores mal nutridos de executar tarefas com segurança. Para que o incentivo 
seja eficaz, as pessoas têm que ser orientadas a trabalhar mais para ganhá-los; para 
que os incentivos produzam mais acidentes, os trabalhadores precisam assumir 
riscos maiores para obtê-los. No trabalho extra, as pessoas trabalham um número 
maior de horas do que é seguro, trabalham além das suas capacidades físicas e, 
conseqüentemente, se acidentam (DWYER, 1994 apud GONÇAVES, 2006). 
Outro fator que também leva a incidência de acidentes segundo Dwyer apud 
Gonçalves (2006), é quando os trabalhadores não têm conhecimentos adequados 
 25
para evitar os efeitos produzidos fora do alcance da própria tarefa, pode-se dizer que 
seu trabalho está sendo gerenciado pela relação social de desorganização. Esta 
teorização é baseada na hipótese de que a gerência do relacionamento entre o 
trabalhador e os perigos de seu trabalho em cada nível está associada à produção 
de acidentes naquele nível. Em conseqüência, uma mudança neste gerenciamento 
seria associada a uma mudança na produção de acidentes. 
Como também, os sindicatos sendo forte o suficiente para exigir segurança no 
trabalho, a relação do autoritarismo produzirá menos acidentes. Os trabalhadores 
estarão menos sujeitos ao trabalho extra, quando o salário for suficiente para o 
sustento adequado. E nas empresas onde o empresário relacionar a prevenção dos 
acidentes à produtividade, pode-se esperar menos falta de qualificação e menos 
desorganização (DWYER, 1994 apud GONÇAVES, 2006). 
O pagamento de prêmios e o aumento de horas extras pelas empresas, 
maximizando sua eficácia produtiva e minimizando o custo de trabalho são fatores 
preponderantes no aumento do número de acidentes de trabalho, conduzindo a 
descentralizar um número crescente de tarefas e condições cada vez menos 
protegidas a cada vez mais precárias, incrementando o número de indivíduos que 
passam a buscar sua subsistência por meio de um trabalho informal (OLIVEIRA, 
2004). 
 
2.4 NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da 
Construção 
 
A legislação sobre Segurança e Medicina do Trabalho no Brasil teve um 
significativo avanço no ano de 1978 com a elaboração e a publicação das Normas 
Regulamentadoras, tendo como específica para o setor da construção a NR-18 
(Brasil, 1995). Esta norma foi aprovada pela Portaria nº 3.214 (Brasil, 1978), com o 
título de “Obras de Construção, Demolição e Reparos” e definia as regras de 
prevenção de acidentes de trabalho para a Indústria da Construção, porém, devido 
aos progressos tecnológicos e sociais seu texto tornou-se defasado, necessitando 
de modificações legais. 
 A reedição da NR-18 (Brasil, 1995) introduziu inovações conceituais que 
aparecem a partir de sua própria formulação, com a inovação da criação dos 
 26
Comitês Tripartites, uma vez que é a primeira norma discutida e aprovada através de 
negociação nos moldes prescritos pela Organização Internacional do Trabalho - OIT. 
A discussão NR-18 (Brasil, 1995) deu-se início em meados de 1994, através 
de 10 (dez) grupos de trabalho formado por técnicos do Governo (Delegacia 
Regional do Trabalho) e FUNDACENTRO. 
A partir de um modelo técnico, várias reuniões foram realizadas com o 
objetivo de consolidar todas as propostas de alteração encaminhadas pela 
sociedade, representada por entidades de classe, empresas e profissionais. 
Em atendimento a recomendação da OIT, estas propostas foram rediscutidas 
em caráter tripartite, onde trabalhadores, empregadores e governo apresentaram o 
texto final para publicação, sendo então publicada pela Portaria nº 4 (Brasil, 1995). 
Pela primeira vez no Brasil, uma norma foi toda negociada com a participação de 03 
bancadas, sendo estas compostas por representantes dos trabalhadores, 
empregadores e governo, cujo objetivo comum é a melhoria das Condições e Meio 
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, contribuindo assim para melhorar 
a qualidade de vida dos trabalhadores. 
 Com a alteração do título inicial da norma de “Obras de Construção, 
Demolição e Reparos” para “Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria 
da Construção” foram instituídas alterações importantes. A norma deixou de 
abranger apenas os canteiros de obras, passando para todo o ambiente de trabalho 
da Indústria da Construção. Esta nova norma estabelece o seu caráter preventivo, 
cujo objetivo é “estabelecer diretrizes de ordemadministrativa, de planejamento e de 
organização, que objetivam implementar medidas de controle e sistemas preventivos 
de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na 
Indústria da Construção” (NR-18, BRASIL, 1995). 
Os objetivos da NR-18 (Brasil, 1995) são colocados em prática através do 
Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção - 
PCMAT, o qual implementado contribui para a padronização das instalações de 
segurança, sendo um excelente ponto de partida para a gestão de Segurança e 
Saúde do Trabalho - SST na Indústria da Construção. 
Atualmente a NR-18 (Brasil, 1995) sofre alterações constantes que são 
realizadas através das discussões no Comitê Permanente Nacional – CPN e nos 
Comitês Permanentes Regionais – CPR’s, os quais são constituídos por Unidades 
 27
da Federação. Essas alterações buscam adequar à implementação da norma nos 
canteiros de obras, bem como estabelecer condições mínimas de segurança às 
novas tecnologias que surgem na Indústria da Construção, inclusive com a 
eliminação de equipamentos que provocam acidentes e podem lesar os 
trabalhadores. 
As alterações somente são introduzidas no texto da NR-18 (Brasil, 1995) após 
intensa discussão realizada no CPN e nos CPR’s, onde as propostas são advindas 
dos próprios Comitês Regionais ou do Nacional, porém todas essas instâncias 
tripartites discutem o assunto, fazendo-se emendas ou rejeitando as propostas. No 
âmbito de cada proposta, são formados Grupos de Trabalhos específicos que vão 
discutir exaustivamente o assunto, adequando-o ao texto técnico da norma e 
levando em consideração sua aplicabilidade nos canteiros de obras. 
Depois de aprovada a proposta pelos CPR’s e CPN, o texto é encaminhado à 
Comissão Tripartite Paritária Permanente – CTPP, a qual é constituída de forma 
tripartite e paritária com as principais representações sindicais, patronais e do 
governo (MTE e FUNDACENTRO), contanto também com a participação de 
membros dos Ministérios da Saúde e Previdência e Assistência Social. Os membros 
da CTPP tem direito a voz e voto em igualdade de condições, cumprindo um 
mandato de dois anos, podendo ser reconduzidos. Cada bancada pode convidar 
para as reuniões três assessores técnicos, que podem fazer uso da palavra, mas 
não tem direito a voto. 
A CTPP foi criada pela Portaria SSST/MTb n° 02 (MTE, 1996), com a 
finalidade de tornar as discussões de Segurança, Saúde e Medicina do Trabalho 
acessíveis a toda a sociedade. Somente depois de discutida e aprovada pela CTPP, 
a proposta é encaminhada a Secretaria de Inspeção do Trabalho do MTE para ser 
publicada no Diário Oficial da União e ser introduzida no texto da NR-18 (Brasil, 
1995). 
A NR-18 é parte integrante de um conjunto mais amplo de iniciativas no 
sentido de preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores, devendo estar 
articulada com o disposto nas demais normas regulamentadoras. 
 
 28
3. METODOLOGIA 
 
O trabalho foi produzido através de pesquisas bibliográficas de forma 
qualitativa, analisando-se a interação que a Indústria da Construção impõe sobre o 
meio acadêmico e as diferentes opiniões que muitos autores oferecem sobre o tema. 
 
3.1 Análise Setorial da Indústria da Construção 
 
Numa visão macro-setorial, a Indústria da Construção pode ser classificada 
em três setores distintos: construção pesada, montagem industrial e edificações 
(LIMA, VALCÁREL, DIAS, 2005). 
A construção pesada compreende as seguintes categorias: obras viárias, 
obras hidráulicas, obras de urbanização e obras diversas. Pode-se considerar que 
as principais atividades desse setor compreendem, sobretudo, a construção de 
pontes, viadutos, contenção de encostas, túneis, captação, adução, tratamento e 
distribuição de água, redes coletoras de esgoto, emissários, barragens hidrelétricas, 
dutos e obras de tecnologia especial como usinas atômicas, fundações especiais, 
perfurações de petróleo e gás (LIMA, VALCÁREL, DIAS, 2005). 
Segundo Lima, Valcárel, Dias (2005), o setor de montagem industrial 
compreende a categoria de obras de sistemas industriais. Resumidamente, temos: 
montagens de estruturas mecânicas, elétricas, eletromecânicas, hidromecânicas, 
montagem de sistema de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, 
montagem de sistemas de telecomunicações, montagem de estruturas metálicas, 
montagem de sistema de exploração de recursos naturais e obras subaquáticas. 
As edificações compreendem a construção de edifícios residenciais, 
comerciais, de serviços e institucionais, construção de edificações modulares 
verticais e horizontais e edificações industriais. As empresas que se autoclassificam 
nessa área podem ainda exercer trabalhos complementares e auxiliares como 
reformas e demolições (LIMA, VALCÁREL, DIAS, 2005). 
Nos trabalhos de edificações, os serviços são normalmente executados por 
subempreitada, contratando-se empresas especializadas nas diversas etapas da 
obra. Suas peculiaridades, entre outras, são altos índices de rotatividade de pessoal, 
baixa qualificação profissional, pequena duração das obras e/ou serviços, porte das 
 29
empresas pequeno, precarização na contratação dos trabalhadores, etc (LIMA, 
VALCÁREL, DIAS, 2005). 
Além desses três setores, pode-se dizer que há outro setor de serviços 
especiais e/ou auxiliares que engloba atividades bastante diferenciadas, dentre as 
quais se destacam, além de projetos, consultorias diversas em qualidade, meio-
ambiente, segurança do trabalho, entre outras (LIMA, VALCÁREL, DIAS, 2005). 
Na tabela 3.1, apresenta-se à distribuição dos trabalhadores do setor no ano 
de 2006 no Estado de São Paulo e no Brasil, sendo possível observarmos que em 
São Paulo o setor de Construção de Edifícios emprega 37,26% do total de 
trabalhadores, contra 40,67% da média brasileira, o que significa que as empresas 
paulistas terceirizam mais as atividades do setor. 
 
Tabela 3.1 - Distribuição dos trabalhadores do setor de Construção, segundo classe de 
atividade em 2006 - São Paulo e Brasil. 
Nº. Trabalhadores 
Atividade São 
Paulo Brasil 
Incorporação de empreendimentos imobiliários 13.134 45.267
Construção de edifícios 138.968 585.143
Construção de rodovias e ferrovias 24.154 112.991
Construção de obras de arte especiais 5.307 39.615
Obras de urbanização - ruas, praças e calçadas 9.030 25.238
Obras para geração e distribuição de energia elétrica e para 
telecomunicações 18.407 105.728
Construção de redes de abastecimento de água, coleta de esgoto e 
construções correlatas 4.404 15.714
Construção de redes de transportes por dutos, exceto para água e esgoto 560 4.568
Obras portuárias, marítimas e fluviais 631 3.342
Montagem de instalações industriais e de estruturas metálicas 23.159 65.755
Obras de engenharia civil não especificadas anteriormente 38.224 141.562
Demolição e preparação de canteiros de obras 933 6.034
Perfurações e sondagens 1.041 5.094
Obras de terraplenagem 8.018 35.016
Serviços de preparação do terreno não especificados anteriormente 177 1.258
Instalações elétricas 16.180 45.255
Instalações hidráulicas, de sistemas de ventilação e refrigeração 9.075 23.005
Obras de instalações em construções não especificadas anteriormente 15.725 42.384
Obras de acabamento 28.110 63.676
Obras de fundações 6.919 22.560
Serviços especializados para construção não especificados anteriormente 10.830 49.508
Total 372.986 1.438.713
Fonte: MTE - RAIS 2006 
Elaboração: DIEESE 
 
 30
O segmento da construção é determinante para o desenvolvimento 
sustentado da economia brasileira. No ano de 2006, o setor foi responsável por 
4,68% do Produto Interno Bruto - PIB nacional e ocupou 5.741.064 pessoassegundo dados do IBGE (PNAD, 2006). A dimensão territorial do Brasil, e o tamanho 
da sua população determinam alto potencial de crescimento, principalmente no ramo 
das edificações. Observa-se que o crescimento do setor vem ocorrendo ano a ano. 
Na tabela 3.2, mostra-se à evolução do PIB nacional e do PIB da Indústria da 
Construção no período de 2004 a 2006, visto que segundo o SINDUSCON-SP 
(2007) a Indústria da Construção terminará 2007 com o seu melhor nível histórico já 
registrado nos últimos 20 anos. 
 
 
Tabela 3.2 - PIB Brasil e participação da Indústria da Construção 
Civil no PIB 2004 a 2006. 
Período PIB Total em R$ (milhões) 
PIB indústria 
construção 
civil em R$ 
(milhões) 
 PIB 
Indústria da 
Construção 
Civil em % 
2004 1.941.499,00 84.868,00 4,37% 
2005 2.147.239,00 90.217,00 4,20% 
2006 2.322.936,00 103.239,00 4,43% 
Fonte: Contas Trimestrais Nacionais - IBGE 
Elaboração: DIEESE 
 
De acordo com a Pesquisa Anual da Indústria da Construção - PAIC (IBGE, 
2008), no ano de 2005 existiam no Brasil 105.459 empresas no CNAE 45 (Código 
Nacional de Atividades Econômicas - Versão 1.0), o qual engloba todo o setor da 
Indústria da Construção, sendo que 72,66% do total são empresas que possuem até 
4 pessoas ocupadas; 20,18% são empresas que tem entre 5 e 29 pessoas 
ocupadas e somente 7,16% são empresas com mais de 30 pessoas ocupadas, onde 
68% dos trabalhadores ocupados no período estão empregados nas empresas com 
mais de 30 pessoas ocupadas. 
Segundo o DIEESE (2001), quando se pensa no macro setor da construção 
civil, incluindo desde os subsetores de materiais de construção às atividades 
imobiliárias e de manutenção a participação do PIB passa a 14,8%, visto que em 
outras palavras, pode-se dizer que, a cada 100 postos de trabalho gerados na 
Indústria da Construção outros 285 são abertos nos demais setores econômicos. 
 31
O DIEESE (2001), elaborou estudo setorial – “A Reestruturação Produtiva na 
Construção Civil” que além de informações de âmbito nacional, contém dados 
comparativos de seis regiões metropolitanas: São Paulo, Porto Alegre, Recife, 
Salvador, Belo Horizonte e Distrito Federal. Relacionam-se a seguir, alguns dados 
importantes do estudo que caracterizam o setor. 
A maior parte das empresas (71%) e dos empregados (72%) atuam na 
construção de edifícios e obras de engenharia civil, sendo que cerca de 1/3 das 
empresas e 35,4% dos postos de trabalho encontram-se no Estado de São Paulo. 
Os vínculos de trabalho são tênues na construção civil, sendo que cerca de 
60% dos assalariados estão à margem da legislação trabalhista, sem contar que 
quase 2 milhões de trabalhadores atuam por conta própria. 
Em torno de 50% dos trabalhadores do setor ultrapassam a jornada semanal 
de 44 horas e mais de 22% trabalham mais de 49 horas, isto sem considerar que 
grande parte da categoria faz trabalhos extras nos finais de semana. 
Os trabalhadores da construção civil têm baixa remuneração, onde 85% deles 
ganham menos de 5 salários mínimos e 44% recebem menos que dois salários 
mínimos. 
Nas regiões onde a pesquisa de emprego e desemprego é realizada, entre 
3,9% e 8,3% dos ocupados atuam na construção civil, sendo que o percentual de 
desempregados cuja última atividade se deu no setor, porém é bem maior, e supera 
10% em quatro regiões. 
Os dados do PED (Pesquisa e Emprego e Desemprego) confirmam que, no 
final dos anos 90 menos da metade da categoria contribuía para a Previdência, 
sendo que este dado indica uma alteração ocorrida ao longo da década. Na grande 
São Paulo, em 1988/1989 39,1% não pagava a Previdência, visto que dez anos 
depois esse percentual passou para 64,4%. 
Mais de 2/3 dos trabalhadores em construção, em São Paulo e Porto Alegre, 
atuam por conta própria ou não têm CTPS (Carteira de Trabalho e Previdência 
Social) assinada. A falta de vínculos formais contribui para rendimentos mais baixos 
no setor. Os autônomos têm rendimentos entre 20% a 40% menores que os 
assalariados, sendo que, além disso, há grandes diferenças entre o montante pago 
por região. Os maiores rendimentos estão em São Paulo e os menores em Recife. 
 32
Pela própria característica da construção civil, a rotatividade é muito grande 
no setor, visto que mais da metade dos trabalhadores está no emprego há menos de 
um ano e mais de 1/3 deles não completou 6 meses no emprego. 
O trabalhador da construção civil tem entre 35 e 38 anos e uma escolaridade 
média inferior ao do conjunto dos ocupados. O percentual de analfabetos chega a 
ser três vezes maior entre o total de pessoas trabalhando. 
A proporção de negros na construção civil é sempre superior à registrada no 
conjunto dos ocupados. Mesmo em regiões com São Paulo e Porto Alegre, onde 
metade da população quê está trabalhando é negra, a parcela deste segmento na 
construção é significativa e supera a encontrada no total de ocupados. 
A maior parte dos trabalhadores da construção civil é constituída por 
migrantes (somente em Recife o percentual de migrantes é inferior a 50%). No 
entanto, a maioria já se encontra na região metropolitana onde vive há mais de três 
anos. 
Entre 52% e 63% dos trabalhadores da construção civil exercem funções de 
pedreiro ou servente. Em ambas, a escolaridade média é a mesma (entre 3 e 5 anos 
de estudo), mas os pedreiros são normalmente mais velhos (39/40 anos) e ganham 
aproximadamente o dobro dos serventes. 
O estudo revela, que apesar de ter sido realizado com dados do Instituto 
Brasileiro de Geografia Estatística - IBGE de 1999, não existe contradição com as 
características atuais do setor, onde, a baixa remuneração, o baixo nível de 
escolaridade, a grande rotatividade da mão-de-obra, a precarização do contrato de 
trabalho e a segmentação do setor, sejam através da terceirização, ou mesmo pelo 
grande emprego de mão-de-obra são fatores marcantes, os quais prejudicam a 
evolução social dos trabalhadores. 
Na tabela 3.3 observa-se que no ano de 2006, cerca de 51% dos 
trabalhadores declarados empregados continuam informais, ou sejam, sem registro 
na CTPS, bem como cerca de 42% dos ocupados na Indústria da Construção são 
autônomos ou trabalharam por conta-própria e não contribuem para a Previdência 
Social. Totalizando, em 2006 cerca de 70% dos ocupados na Indústria da 
Construção não contribuem para a Previdência Social. 
 
 
 
 33
Tabela 3.3 - Distribuição dos ocupados na construção, segundo a 
posição na ocupação no trabalho principal - Brasil – 2006. 
Freqüência 
Posição na Ocupação 
Absoluta Relativa 
Empregado com carteira 1.437.310 25,0% 
Empregado sem carteira 1.484.486 25,9% 
Conta-Própria 2.403.708 41,9% 
Empregador 250.384 4,4% 
Outros 165.176 2,9% 
Total 5.741.064 100% 
Fonte: PNAD 2006 
Elaboração: DIEESE 
 
Para os trabalhadores, o processo de terceirização já não é uma simples 
tendência, mas uma realidade no setor. Esse processo significa precarização, sobre 
o eufemismo da “flexibilização” das condições de trabalho, perda de renda e 
dificuldades de fiscalização por parte do sindicato (DIEESE, 2001). 
 
 3.2 Estatísticas de Acidentes de Trabalho 
 
As estatísticas de acidentes de trabalho no Brasil são divulgadas pela 
Previdência Social, sendo que esta leva em consideração a quantidade de acidentes 
de trabalho registrados1 e liquidados2 em cada ano, os quais têm indicado quais 
setores ou atividades sofrem mais acidentes. 
As estatísticas de acidentes de trabalho são utilizadas para mensurar a 
exposição dos trabalhadores aos níveis de riscos inerentes à atividade econômica, 
viabilizando o acompanhamento das flutuações e tendências históricas dos 
acidentes e seus impactos nas empresas e na vida dostrabalhadores. Além disso, 
fornecem subsídios para o aprofundamento de estudos sobre o tema e permitem o 
planejamento de ações nas áreas de segurança e saúde do trabalhador. As 
estatísticas de acidentes de trabalho orientam entidades e empresas no 
 
1 Acidentes Registrados correspondem ao número de acidentes cuja Comunicação de Acidentes do 
Trabalho – CAT foi cadastrada no INSS. Não são contabilizados: o reinício de tratamento ou 
afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença do trabalho, já 
comunicados anteriormente ao INSS (INSS, 2008). 
 
2 Acidentes Liquidados correspondem ao número de acidentes cujos processos foram encerrados 
administrativamente pelo INSS, depois de completado o tratamento e indenizadas as seqüelas (INSS, 
2008) 
 34
planejamento e elaboração de programas de Segurança e Saúde do Trabalho 
(INSS, 2008). 
 
3.3 Estatísticas de Acidentes de Trabalho no Brasil 
 
Os dados estatísticos de acidentes do trabalho no Brasil ocorridos nestes 
últimos 36 anos revelam um fato trágico e ao mesmo tempo preocupante na 
condição em que o país vivia na década de 70 como campeão mundial de acidentes 
do trabalho. 
Iniciou-se uma verdadeira operação para o decréscimo dos acidentes do 
trabalho. Com a participação dos profissionais da SST foi criado o Serviço 
Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT nas empresas com 
pessoal qualificado para a época em estudar os motivos e as formas de prevenir 
acidentes, através do uso de técnicas e equipamentos de proteção. 
Analisando-se a série histórica dos registros de acidentes do trabalho no 
Brasil junto a Previdência Social de 1970 até hoje, percebe-se a redução dos 
acidentes típicos3, acompanhada do aumento do tempo de incapacidade dos 
acidentados e a letalidade (USP, 2007c). 
A proporção dos acidentes notificados em relação ao número de 
trabalhadores segurados identifica uma queda vertiginosa na incidência dos 
acidentes do trabalho no país. Em 1970, ocorriam 167 acidentes para cada grupo de 
1.000 trabalhadores; em 1980, esta relação reduz-se a 78 por 1.000; em 1990, a 30 
por 1.000 e em 2.000 para 16 por cada 1.000 trabalhadores (USP, 2007c). 
A explicação para a queda dos acidentes de trabalho registrados são várias: 
sub-notificação dos acidentes, em especial dos acidentes leves, as variações 
cíclicas da economia brasileira no período, a terceirização com a diminuição dos 
trabalhadores registrados nas atividades mais perigosas e o crescimento do setor 
terciário da economia (WÜNSCH FILHO, 2000 apud USP, 2007c). 
O MPAS em parceria com o MTE vem disponibilizando o anuário estatístico 
de acidentes do trabalho edição 2006, a qual apresenta detalhes sobre os acidentes 
laborais no Brasil, trazendo detalhes do perfil acidentário município por município. 
Vêem-se nos dados à redução de óbitos como um dado significativo. De um ano 
 
3 Acidentes Típicos: são os acidentes decorrentes da característica da atividade profissional 
desempenhada pelo acidentado (INSS, 2008). 
 35
para o outro, as mortes foram reduzidas em 1,8% (de 2.766 óbitos em 2005 caiu 
para 2.717 em 2006). 
Conforme o INSS (2008), no ano de 2006 foi registrado pela Previdência 
Social o total de 503.980 acidentes do trabalho. Comparando-se com 2005, o 
número de acidentes de trabalho registrados aumentou em 0,8%. Os acidentes 
típicos representaram 80% do total de acidentes; os de trajeto 14,7% e as doenças 
do trabalho 5,3%. As pessoas do sexo masculino participaram com 79,9% e as 
pessoas do sexo feminino 20,1% nos acidentes típicos e nos de trajeto, a faixa etária 
decenal com maior incidência de acidentes foi constituída por pessoas de 20 a 29 
anos com, respectivamente 39,1% e 40,9% do total. Nas doenças de trabalho a faixa 
de maior incidência foi a de 30 a 39 anos, com 31,7% do total. 
Em 2006, os subgrupos do Código Brasileiro de Ocupações - CBO com maior 
número de acidentes típicos foram os trabalhadores de funções transversais, com 
13,3% do total; nos acidentes de trajeto foram os trabalhadores de serviços, com 
19,6%; e nas doenças do trabalho foram os escriturários, com 13,9% (INSS, 2008) 
Em 2006, a análise por setor de atividade econômica revela que o setor 
agrícola participou com 6,9% do total de acidentes registrados; o setor de indústrias 
com 47,4% e o setor de serviços com 45,7%, excluídos os dados de atividade 
“ignorada”. Nos acidentes típicos os subsetores com maior participação nos 
acidentes foram produtos alimentares e bebidas com 10,6%; saúde e serviços 
sociais com 8,3% do total. Nos acidentes de trajeto, as maiores participações foram 
do comércio varejista e dos serviços prestados principalmente às empresas, com 
respectivamente 12,4% e 11,9% do total. Nas doenças do trabalho foram os 
subsetores intermediários financeiros, com participação de 10% e o comércio 
varejista com 8,6% (INSS, 2008) 
A tabela 3.4 apresenta a evolução dos Acidentes de Trabalho no Brasil 
registrados pela Previdência Social nos últimos 9 anos (INSS, 2008). 
 
 
 
 
 
 36
 
Tabela 3.4 – Acidentes de Trabalho ocorridos no Brasil – 1999 a 2006. 
Ano Total Típico Trajeto Doenças Ocupacionais Óbitos 
1998 414.341 347.738 36.114 30.489 3.793 
1999 387.820 326.404 37.513 23.903 3.896 
2000 363.868 304.963 39.300 19.605 3.094 
2001 340.251 282.965 38.799 18.487 2.753 
2002 393.071 323.879 46.881 22.311 2.968 
2003 399.077 325.577 49.642 23.858 2.674 
2004 465.700 375.171 60.335 30.194 2.839 
2005 499.680 398.613 67.971 33.096 2.766 
2006 503.980 403.264 73.981 26.645 2.717 
Fonte: INSS (2008) 
 
3.4 Estatísticas de Acidentes de Trabalho na Indústria da Construção 
 
Apesar dos inúmeros esforços que vêm sendo feitos no Brasil, a partir de 
campanhas de prevenção de acidentes, de comissões de estudo tripartites 
(representantes do Governo, Empregadores e Trabalhadores) e de estudos 
acadêmicos, o índice de acidentes do trabalho e doenças profissionais continua 
elevado em relação aos índices encontrados em outros países, principalmente na 
Indústria da Construção, o que causa inúmeros problemas sociais e econômicos. 
A Indústria da Construção é um dos setores de atividade econômica que mais 
registra acidentes de trabalho e onde o risco de acidentes é maior. De acordo com 
as estimativas da Organização Internacional do Trabalho - OIT, dos 
aproximadamente 355 mil acidentes mortais que acontecem anualmente no mundo, 
pelo menos 60 mil ocorrem em obras de construção (LIMA, VALCÁREL, DIAS, 
2005). 
O tema da segurança e saúde na construção é relevante não só por se tratar 
de uma atividade perigosa, mas também é, sobretudo porque a prevenção de 
acidentes de trabalho nas obras exige enfoque específico, tanto pela natureza 
particular do trabalho de construção como pelo caráter temporário dos centros de 
trabalho (obras) do setor. Essa circunstância ganhou destaque com a adoção pela 
OIT em 1988 da Convenção n° 167 sobre segurança e saúde na construção, a qual 
foi promulgada pelo Decreto Federal nº 6.271 (Brasil, 2007) juntamente com a 
 37
Recomendação nº 175 da OIT sobre Segurança e Saúde na Construção (LIMA, 
VALCÁREL, DIAS, 2005). 
A ação do programa Safework da OIT, em matéria de segurança e saúde na 
construção, que se baseia na colaboração com os países na formulação, execução 
e reexame periódico das políticas e dos programas de ação nessa área, propícia: (a) 
a consideração da Indústria da Construção como uma das prioridades das políticas 
nacionais de SST; (b) a incorporação do tema da SST nas políticas nacionais de 
desenvolvimento da Indústria da Construção; (c) a especificidade da

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