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1 
- Roteiro da 1ª Aula de Direito Penal IV – 
Prof. Marcio Riski 
TÍTULO XI 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
CAPÍTULO I 
 
DOS CRIMES PRATICADOS 
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
 
1 – Amparo Legal: 
 
Peculato 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor 
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que 
tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito 
próprio ou alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, 
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o 
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito 
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe 
proporciona a qualidade de funcionário. 
 
Peculato culposo 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime 
de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se 
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se 
lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
Peculato mediante erro de outrem 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, 
no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Inserção de dados falsos em sistema de 
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a 
inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente 
dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de 
dados da Administração Pública com o fim de obter 
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar 
dano:(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e 
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de 
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de 
informações ou programa de informática sem autorização ou 
solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e 
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço 
até a metade se da modificação ou alteração resulta dano 
para a Administração Pública ou para o 
administrado.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
2 – Espécies de Peculato: 
 
1º: Peculato Apropriação (ou peculato próprio): 
 
a) Amparo Legal: 
 
“Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem 
a posse em razão do cargo (...)”. 
 
b) Distinção com Crime de Apropriação Indébita: 
 
Apropriação indébita 
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a 
posse ou a detenção: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
-- O Tipo Penal Peculato-Apropriação é norma 
especial com relação ao Tipo Penal de 
Apropriação Indébita (Princípio de Especialidade). 
 ↓↓ Para reflexão em aula: 
Qual então a diferença entre os 2 crimes? 
 
c) Tipo Objetivo: 
 
-- O agente age invertendo a posse, ou seja, age como 
se fosse o dono (animus rem sibi habendi1); 
 
-- A conduta típica é (núcleo do tipo) => apropriar 
(apoderar-se, tomar como propriedade, tomar para si); 
 
-- A apoderação de dinheiro, valor ou qualquer outro 
bem móvel, público ou particular deverá ser indevida; 
 
-- Embora a lei diga que o agente público apropria-se 
daquilo “de que tem posse”, a doutrina manda incluir 
também a “detenção” (interpretação extensiva); 
 
d) Objeto Material: (A conduta pode recair sobre): 
-- Dinheiro: notas ou moedas; 
 
-- valor: qualquer título de crédito; 
 
-- qualquer outro bem móvel: tudo que possa ser 
removido (lembrando que o conceito de bens móveis 
no direito penal é natural). 
 
-- tais objetos podem ser públicos ou privados, 
guardados ou em depósitos temporários. 
 
 -- Deve estar na posse (ou detenção) do agente 
em razão do seu cargo2 (nexo-causal)3. A conduta 
é mais grave pela liberdade sem vigilância. 
 
-- O agente deve ter sido legalmente investido no 
cargo; do contrário, não haverá este crime. 
 
2º => Peculato-Desvio (também peculato 
próprio): 
 
a) Amparo Legal: 
 
“ (...) ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio” 
 
 
1
 Animus => mente; rem => um; sibi => para; habendi => ter. 
2 Segundo a Doutrina, o Peculato-Apropriação é chamado de crime 
funcional impróprio porque só pode ser praticado por funcionário público 
em razão de seu cargo. Não confundir com os crimes próprios (caso do 
peculato) que exigem uma qualidade especial do agente 
3 Do contrário poderá haver apropriação indébita, furto e até peculato furto. 
 2 
 
b) Distinção com o Peculato-Apropriação: 
 
-- Não há no Peculato-Desvio o já citado animus 
rem sibi habendi (vontade de inverter o título da 
posse, atuando como se fosse dono); 
 
-- A vontande do agente público é a de desviar o objeto 
material em proveito próprio ou alheio; logo, haverá 
crime mesmo sem a obteção da vantagem ilícita; 
 
-- Não ocorre quando a própria lei permite a relocação 
da verba pública a outro órgão da A.P.; 
 
-- A restituição do valor material não exclui a ilicitude 
no Peculato doloso (não há o arrependimento posterior 
do art. 16, pois se protege mais o valor da probidade); 
 
3º => Peculato-Furto
4 (Peculato Impróprio) 
 
a) Amparo Legal: 
 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, 
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o 
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito 
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe 
proporciona a qualidade de funcionário. 
 
b) Distinção com o delito de furto e com os 
demais Peculatos (Apropriação e Desvio): 
 
-- Em 1º lugar, a pena do Peculato-Furto (art. 312 
§ 1º - juízo de reprovalidade muito maior) é muito 
maior do que a do tipo penal Furto (art. 155). 
 
-- No Peculato-Apropriação e no Desvio (Caput do 
art. 312, ambos próprios), o agente se apropria ou 
devia o bem de que tinha a posse ou detenção; 
 
-- No Peculato-Furto (art. 312 § 1º) o funcionário 
público não tem a posse, mas se faz valer da sua 
condição de agente público para faze-lo. 
 
c) Tipo Objetivo: 
 
-- A conduta é subtrair ou... 
 
-- Concorrer para que o objeto material seja 
subtraído por 3º. Ex: Vigia que, com intenção, sai do 
local de vigilância para facilitar a subtração por 3º. 
 
d) Classificação Doutrinária: 
 
-- Crime Próprio quanto ao sujeito ativo (qualquer 
peculato só pode ser praticado por funcionário 
público); crime comum quanto ao sujeito passivo. 
 
4
 Aqui também a doutrina chama o Peculato-Furto de delito 
funcional impróprio (embora se trate também de crime próprio), 
pois o agente se faz valer da qualidade de funcionário público para 
facilitar a subtração; do contrário, haveria furto (art. 155). 
-- Crime doloso por regra; culposo, por exceção 
(art. 312, § 1º); 
 
-- Crime Comissivo, mas pode ser praticado por 
omissão imprópria; 
 
-- Crime Material; 
 
-- Crime de Ação Livre; 
 
-- Crime Instantâneo; 
 
-- Crime Monossubjetivo; 
 
-- Crime Plurissubsistente; 
 
-- Crime Transeunte (mas, excepcionalmente, pode 
ser não-transeunte e depender de prova pericial); 
 
e) Sujeito Ativo: 
 
-- Crime Próprio, mas em relação ao co-autor 
particular o crime passa a ser comum (art. 30): 
 
Circunstâncias incomunicáveis 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições 
de caráter pessoal, salvo quando elementares do 
crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
f) Sujeito Passivo:-- Constante: Estado; 
 
-- Eventual: pessoa física ou jurídica 
prejudicadas. 
 
g) Objeto Material: 
 
“(...) dinheiro, valor ou bem (...)”. 
 
h) Objetividade Jurídica: 
 
-- Busca-se tutelar não a Administração Pública 
em seu aspecto material e como também moral; 
 
I) Consumação: 
 
-- No Peculato-Apropriação: com a inversão da 
posse pelo agente, atuando como se fosse dono; 
 
-- No Peculato-Desvio: quando o agente dá a coisa 
destino diverso; 
 
-- No Peculato-Furto: quando ocorre a subtração 
com a posse tranquila (aplica-se a mesma D.D 
sobre a consumação no furto); 
 
 3 
J) Tentativa: 
 
-- Como se trata de crime material (a consumação 
ocorre com o efetivo prejuízo), admite-se a 
tentativa (crime plurissubsistente); 
 
L) Tipo Subjetivo: 
 
-- Os 3 tipos de peculato admitem a forma dolosa. 
 
-- Pratica peculato servidor público que ganha 
salários e não presta o serviço? 
 
M) Extinção da Punibilidade: 
 
Peculato culposo 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o 
crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do 
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a 
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a 
pena imposta. 
 
-- Como se nota, só há a extinção da punibilidade 
no peculato culposo, nunca no doloso. 
 
-- É forma de arrependimento posterior. 
 
-- A reparação deve se dar antes da sentença 
irecorrível. Esta pode ocorrer tanto com o acórdão 
do Tribunal e até com a sentença de 1º grau 
(Greco). 
 
4º => Peculato Culposo (vide amparo legal 
acima): 
 
-- A lei diz que o funcionário “concorre 
culposamente para o crime de outrem” 
 ↓↓ Para Mirabete, 
Não se trata de propriamente de concurso de 
agentes, pois não há participação culposa em crime 
doloso; 
 
-- Logo, há apenas uma interferência (culposa) do 
agente público criando uma oportunidade para que 
outro agente público cometa o peculato doloso. 
 
-- Não é qualquer distração do agente público: a 
inobservância deve gerar concretamente a culpa 
penal 
 ↓↓ 
Deve-se notar a falta de cautela ordinária e 
especial => requisitos da culpa consciente e 
inconsciente. 
 
-- Deve haver estreita relação entre a culpa do 
funcionário público e a ação dolosa do outro 
funcionário. Esta deve decorrer por culpa daquela. 
 
 
 
5º = > Peculato mediante erro de outrem 
 
a) Amparo legal: 
 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer 
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro 
de outrem: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
 
b) distinção e semelhança: 
 
-- embora chamado de Peculato-estelionato, 
aproxima-se muito mais da apropriação indébita 
por erro (art. 169, 1ª parte): 
 ↓↓ 
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou 
força da natureza 
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu 
poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
 
-- Então qual a distinção? Porque o Peculato 
mediante erro exige que o autor seja agente 
público. 
 
-- E se a entrega não se dá espontaneamente (pelo 
erro da vítima), mas sim pela exigência do 
servidor? Haverá crime de Concussão. 
 
 
c) Objetividade Jurídica: 
 
-- Tutela-se não só a Administração Pública em 
seu aspecto material (prejuízo do bem ou qualquer 
valor financeiro), mas também o valor moral; 
 
d) Sujeito Ativo: 
 
-- Qualquer funcionário público em sentido amplo; 
 
-- Pode haver participação de um particular (não 
servidor público) 
 ↓↓Ex: 
Servidor da Receita recebe tributo por erro de 
contribuinte. Ao saber disso, certo particular 
aconselha o funcionário a não devolver, mas sim 
repartir o valor. 
 
 
 
 4 
e) Sujeito Passivo: 
 
-- Constante: o Estado; 
 
-- Eventual: particular estranho ao serviço público 
ou até mesmo outro servidor proprietário do valor. 
 
 
f) Tipo Objetivo: 
 
-- O elemento descritivo (conduta) é apropriar-se 
do objeto do crime, tal como ocorre no peculato-
apropriação (peculato próprio) do art. 212, 1ª 
parte. 
 
-- Só que, desta vez, a posse ocorre pelo erro 
daquele que entregou o objeto material; 
-- É preciso que o servidor beneficiado esteja no 
exercício do cargo, tal como descreve a lei; 
 ↓↓logo, 
Sem esta elementar, o crime será o de apropriação 
indébita por erro (o já citado art. 169 acima); 
 
-- Tal erro (de outrem), que pode ser de fato ou de 
direito, pode versar sobre: 
 
� A coisa que é entregue ao servidor; 
 
� A obrigação que motivou a entrega; 
 
� O servidor que recebeu a entrega; 
 
� A quantidade da coisa devida; 
 
 
-- O erro pode ser do particular ou da 
Administração Pública, mas nunca do servidor que 
se apropria (a lei dispõe sobre “erro de outrem”); 
 ↓↓obs: 
Se o servidor incorrer também em erro, só 
praticaria este peculato se, notificado do erro, não 
devolver o objeto material. 
 
 
-- O erro de outrem deve ser espontâneo e nunca 
provocado pelo servidor beneficiado. Do contrário, 
este responderá por estelionado e não por peculato. 
 
-- Se a apropriação pelo servidor não decorrer de 
erro, haverá Peculato-Apropriação (art. 312) e não 
Peculo mediante erro (este do art. 313); 
 
 
 
 
 
g) Objeto Material: 
 
-- A lei cita “dinheiro” ou “qualquer outra 
utilidade”; 
 
-- Utilidade: pacífico na doutrina que o significado 
é tão-só coisa móvel (excluindo, por exemplo, a 
vantagem moral); 
 
 
h) Tipo Subjetivo: 
 
-- O dolo é a vontade de se apropriar do bem 
móvel ou dinheiro que recebeu por erro de outrem; 
 
-- Tal vontade é identificada quando o servidor, 
mesmo sabendo do erro de outrem, não o corrige, 
tornando seu o objeto (animus rem sibi habendi); 
 
-- Não há que se falar, no crime em tela, em dolo 
superveniente; 
-- Importante que o servidor saiba (tenha

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