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TIPOS DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS Tipos de Estudos Epidemiológicos: Descritivos Analíticos Estudos Descritivos: São aqueles em que o observador descreve as características de uma determinada amostra, Características de um grupo de pacientes são descritas. Vantagem: rápidos e de baixo custo, sendo muitas vezes o ponto de partida para um outro tipo de estudo epidemiológico. Sua limitação é o fato de não haver grupo-controle Impossibilita os achados serem comparados com os de uma outra população. É possível que alguns desses achados aconteçam simplesmente por chance e, portanto, também aconteceriam no grupo-controle. Epidemiologia Descritiva: Tempo: Transversal Longitudinal Retrospectivo Prospectivo Tipologia dos Desenhos de Investigação em Epidemiologia: Estudos Ecológicos Definição: Unidade de observação é um grupo de pessoas e não o indivíduo Grupo pertence a uma área geográfica definida : estado, cidade, setor censitário Frequentemente realizados combinando-se arquivos de dados existentes em grandes populações: geralmente mais baratos e mais rápidos SINASC, SIM Objetivos: Gerar hipóteses etiológicas a respeito da ocorrência de uma determinada doença; Testar hipóteses etiológicas; Avaliar a efetividade de intervenções na população: testar a aplicação de nosso conhecimento para prevenir doença ou promover saúde em grupos populacionais Análise: Em uma análise ecológica, todas as variáveis são medidas agrupadas. Estas medidas não discriminam, por exemplo, indivíduos expostos que adoeceram. Em um estudo transversal pode-se saber quem é exposto e doente ou não-exposto e não doente. Vantagens: Rápidos e baratos Utilizam dados já existentes (SIM, SINASC, etc.) Mede exposições para um grande nº de indivíduos Podem avaliar efeitos contextuais (poluição, etc) Geram novas hipóteses Testam rapidamente novas hipóteses Diminuição de acidentes fatais no trânsito após lei obrigando uso do cinto de segurança Desvantagens: Não é possível associar exposição e doença no nível individual Dificuldade de controlar fatores de confusão As exposições são medidas médias da população e não valores individuais reais Utilizam dados secundários Baixa qualidade Poucas informações Estudos ecológicos A prevalência de catarata em 97 povoados no Nepal com diferentes altitudes foi determinada. F= fator (Altitude) D= Desfecho (prevalência de catarata) Como pode ser visto pela figura não se sabe individualmente quem tem catarata e mora em determinada altitude. Sabe-se apenas a prevalência de catarata nas várias altitudes. Estudos Analíticos: Estudos analíticos são aqueles delineados para examinar a existência de associação entre uma exposição e uma doença ou condição relacionada à saúde. (Lima-Costa; Barreto, 2003) Principais delineamentos: - Seccional - Coorte - Caso-Controle - Ensaios Clínicos randomizados Estudos Seccionais Também conhecidos como Transversais ou de Prevalência; Estudo epidemiológico no qual o fator e o efeito são observados num mesmo momento histórico; Investigações que produzem instantâneos da situação de saúde de uma população ou comunidade, com base na avaliação individual do estado de saúde de cada um dos membros do grupo; Aplicações: Determinar um “diagnóstico rápido” da relação exposição-doença na saúde de uma população em um determinado momento Quais são as frequências do fator de risco e da doença? A exposição ao fator de risco e a doença estão associadas ? Exemplo: Investigação da associação de desmame e diarreia em <1 ano: Desmame Diarréia Sim Não Total Taxa de Prevalência (%) Sim Não 124 20 276 380 400 400 31 5 Total 144 656 800 18 Análise: Razão de Prevalência (Risco relativo): Prevalência das doenças dos expostos________= a/(a+b) Prevalência da doença nos não expostos c/(c+d) No Exemplo: 124/400 = 124 = 6,2 (>1) 20/400 20 O Desmame parece ser fator de risco para a diarreia naquele dado momento na população. Razão de Prevalências: Quantas vezes mais provável é as pessoas expostas a um fator se tornarem doentes que as não expostas. RP > 1 - fator de risco RP < 1 - fator de proteção RP = 1 - não há associação Vantagens: Simplicidade e baixo custo Rapidez: todos os dados coletados num único momento Objetividade na coleta dos dados Não há necessidade de seguimento dos participantes Facilidade para obter amostra representativa da população Alto potencial descritivo (subsídio para planejamento) Único tipo de estudo possível de realizar, em numerosas ocasiões, para obter informação relevante, em limitações de tempo e de recursos Limitações: Condições de baixa prevalência exigem amostras de grande tamanho A relação cronológica entre os eventos pode não ser facilmente detectável (ex:desnutrição X diarréia) Não determina risco absoluto (ou seja, a incidência) Interpretação dificultada pela presença de fatores de confundimento Vulnerabilidade a viéses(especialmente de seleção) Baixo poder analítico (inadequados para testar hipóteses causais) Estudos de Coorte O que é Coorte? O termo Coorte vem do latim cohorte e designava originalmente as unidades de combate das legiões dos antigos romanos, identificadas nos campos de batalha pelo uniforme padronizado. Hoje o termo é utilizado para designar grupos homogêneos da população. O que é Estudo de Coorte Estudo realizado com a criação de dois grupos de indivíduos: os expostos ao fator de risco em estudo e os não expostos. São então observados ao longo do tempo para verificar em quais ocorre o desfecho (ou doença). Assim, é possível comparar os dois grupos e determinar diretamente o risco da exposição levar ao desfecho. Pergunta-se: Quais são os efeitos da exposição? Aplicações: Estudos de Coorte são os únicos capazes de abordar hipóteses etiológicas produzindo medidas de incidência, e por seguinte, medidas diretas de risco. Bem utilizados para averiguar associação causal de exposições – desfechos que não poderiam ser feitas em estudos experimentais (riscos do tabagismo, obesidade, radiações etc.) Exemplo: Investigação da associação de sedentarismo e Insuficiência Aguada do Miocárdio (IAM) em adultos de média idade: Sedentarismo IAM Sim Não Total Total de IAM por mil Sim Não 400 80 4600 1920 5000 2000 80 40 Total 480 6520 7000 Exposição COM Desfecho SEM Desfecho Total Sim Não a c b d (a+b) (c+d) Total (a+c) (b+d) Risco Relativo (RR) RR= __incidência de doenças nos expostos__ Incidência de doenças nos não expostos RR= a/(a+b) = 400/5000 = 80 = 2,0 c/(c+d) 80/2000 40 - Se RR = 1 – Não há associação entre exposição e doença - Se RR > 1 – Associação entre exposição e doença é possivelmente causal (de risco) - Se RR < 1 – Associação entre exposição e desfecho é possivelmente de proteção. Risco Atribuível (RA): É a incidência adicional do desfecho (doença) relacionada à exposição, ou seja, o risco atribuível à exposição. RA = Incidência de desfechos nos expostos – incidência de desfechos nos não expostos = _a__ - _c__ (a+b) (c+d) RA = 80 – 40 = 40 - Ou seja, o risco atribuível ao sedentarismo é de 40 óbitos (IAM) por 1000 sedentários. Vantagens: Produz medidas diretas de risco Possibilidade de análise de vários desfechos Simplicidade de desenho Ausência de problemas éticos dos estudos experimentais Facilidade de análise Limitações: Vulnerabilidade a perdas de integrantes Variáveis de confundimento Inadequado para doenças de baixa freqüência Alto custo relativo Na maioria das vezes, os resultados são obtidos somente após longo prazo de acompanhamento Estudos Caso- Controle O que é Estudo de Caso-Controle? Estudo que parte do “efeito” (doença) para chegar às “causas” (exposição ao risco), sendo uma pesquisa etiológicaretrospectiva. Realizada a partir do “fato consumado”. Pergunta-se: Quais são as causas da doença? Aplicações Estudo de causas de doenças ou agravos, principalmente doenças raras (não possíveis de serem investigados por estudos de coorte ou ensaios clínicos) Delineamento Exemplo: Investigação sobre associação entre toxoplasmose e debilidade mental em crianças: Sexologia (+) para Toxo _______________Deficiência Mental_______________ Sim (casos) Não (controle) Sim Não 45 255 15 285 Total 300 300 Exposição COM Desfecho SEM Desfecho Total Sim Não a c b d (a+b) (c+d) Total (a+c) (b+d) Odds Ratio (OR): - Razão de Chances ou Razão de Produtos Cruzados. - Quanto mais elevado o OR mais forte a associação de causa-efeito. OR = a x d = 45 x 285 = 3,35 b x c 15 x 255 * Aponta para associação entre toxoplasmose e debilidade mental. Vantagens: Resultados obtidos rapidamente (não precisa esperar a doença acontecer) Baixo custo Muitos fatores de risco podem ser investigados Não há necessidade de acompanhamento dos participantes Método prático para investigação da etiologia (causas) de doenças raras Limitações: A seleção do grupo controle é uma grande dificuldade, ocorre falta de comparabilidade entre as características dos casos e controles Os dados de exposição no passado podem ser inadequados (incompletos nos prontuários ou falhos na memória das pessoas) Os dados de exposição podem ser viciados (as pessoas que tiveram a doença podem lembrar mais dos fatores de risco ou “supervalorizar”) Ensaios Clínicos Radomizados O que é Ensaio Clínico Randomizado? Estudo onde os participantes são colocados em dois grupos: o “de estudo” e o “de controle”, feito “aleatoriamente” para gerar grupos com características semelhantes. No grupo de estudo realiza-se a “intervenção” que se quer pesquisar, sendo o grupo controle utilizado para comparar os resultados. Pergunta-se: Quais são os efeitos da intervenção? Aplicações: Avaliação da eficácia ou efetividade de procedimentos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos; Comparação de novas terapêuticas medicamentosas; Avaliação de novas vacinas; Exemplo: Investigação da eficácia de uma vacina: Grupos Casos da doença Sim Não Total Total de Incidência (%) Vacinados Não-Vacinados 20 100 980 900 1000 1000 2 10 Total 120 1880 2000 6 Exposição COM Desfecho SEM Desfecho Total Sim Não a c b d (a+b) (c+d) Total (a+c) (b+d) Análise – Risco relativo (RR): RR = __incidência de desfechos nos expostos__ Incidência de desfechos nos não expostos RR = a/(a+b) = _2_ = 0,2 c/(c+d) = 10 Se RR = 1 – Não há associação entre exposição e desfecho Se RR > 1 – Associação entre exposição e desfecho é possivelmente causal Se RR < 1 – Associação entre exposição e desfecho é possivelmente de proteção. Neste caso inverte-se os fatores para determinar o RR dos não expostos em relação aos expostos. No exemplo 10/2 = 5. Vantagens: Alta credibilidade como produtor de evidência científica; Os grupos de estudo e controle são homogênios (randomizados), evitando os fatores de confundimento; Não há dificuldade na formação do grupo controle; Pode-se fazer uso de placebo e técnica duplo-cega de modo a não influenciar examinados e examinadores; Muitos desfechos clínicos podem ser investigados simultaneamente;
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