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DESAFIO URBANO (cáp.9)

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9.O DESAFIO URBANO
Na viradado século,quasemetadedo mundoestarávivendoem
áreasurbanas- desdecidadezinhasatéimensasmegal6poles.lO
sistemaeconômicomundialtoma-secadavez maisurbano,com
redesjustapostasde comunicações,deproduçãoe decomércio.2
Tal sistema,com seusfluxos de informações,energia,capital,
comércioe pessoas,fornecea colunadorsaldo desenvolvimento
nacional.As perspectivasde umacidade- grandeou pequena-
dependemessencialmentedo lugarqueela ocupano sistemaur-
bano,nacionale internacional.O mesmosepodedizerdodestino
do interior,comsuasatividadesagrícolas,florestaise deminera-
ção,dequeo sistemaurbanodepende.
Em muitasnações,certostiposde indústriase deempresasde
serviçosestãosedesenvolvendoatualmenteemáreasrurais.Mas
essasáreasestãorecebendoserviçose infra-estruturadealtaqua-
lidade,comsistemasavançadosde telecomunicações,quefazem
comquesuasatividadessejamparteintegrantedo sistemaurba-
no-industrialnacional(e global).De fato, o interiorestásendo
"urbanizado".
9.10 CRESCIMENTO DAS CIDADES
Nossoséculoé o da"revoluçãourbana". Nos 35 anosap6s1950,
o númerodepessoasquevivemnascidadesquasetriplicou,tendo
aumentadoem 1,25 bilhão. Nas regiõesmaisdesenvolvidas,a
populaçãourbanaquasedobrou,passandoqe 447 milhõespara
838 milhões.No mundomenosdesenvolvid~,quadruplicou;au-
mentandode286 milhõespara1,14bilhão.(Ver tabela9.1.)
No períodode apenas60 anos,a populaçãourbanado mundo
em desenvolvimentoaumentou10 vezes,passandode uns 100
milhõesparacercade 1 bilhãoem 1980. Ao mesmotempo,sua
populaçãoruralmaisdoquedobrou.
o Em 1940, apenasumaentreoitopessoasviviacmumcentrour-
bano, ao passoque cercade umaentre100 vivia numacidade
com1milhãodehabitantesoumais("cidade-milhão").
9 Em 1960, de cincopessoas,maisde umavivia emumcentro
urbano,eumaentre16,numa"cidade-milhão"
e Em 1980, quaseumaemtrêspessoaseraumhahitanteurbanoe
umaem10eraumhabitantede"cidade-milhão".:\
262
Tabela9.1
Populaçãoresidenl~emáreasurbanas,1950-2000
Região
195019852000
(%)Totalmundial
29,241,046,6
RegiõesmaisdesenvolVIdas
53,871,574,4
l)egiõesmenosdesenvolvidas
17,031,239,3
Africa
15,729,739,0
AméricaLatina
41,069,076(3
(AméricadoSul temperada)
(64,8)(84,3)(88,6)
(f\méricadoSul tropical)
(35,9)(70,4)(79,4)
Asia
16,428,135,0
(Çhina)
(11,0)(20,6)(25,1)
(Jndia)
(17,3)(25,5)(34,2)
MilhõesTotalmundial
734,21.982,82.853,6
RegiÕesmaisdesenvolvidas
447,3838,8949,9
~egiõesmenosdesenvolvidas
286,81.144,01.903,7
Africa
35,2164,5340,0
AméricaLatina
67,6279,3419,7
,{
Ásia 225,8791,11.242,4
Fonte:Urbanandruralpopulationprojections,1984.New York, United
Nations,PopulationDivision.(Avaliaçãonãooficial.)
A populaçãode muitasdasmaiorescidadesda África subsaa-
rianaaumentoumaisdesetevezesentre1950e 1980- entreelas, ,
Nair6bi,Dar-es-Salaam,Nuakchott,Lusaca,Lagos e Kinshasa.4
(Ver tabela9.2.) Duranteessesmesmos30anoS,as populações
emmuitascidadesdaÁsiae daAméricaLatina(comoSeul,Bag-
dá, Daca,Amã, Bombaim,Jacarta,Cidadedo México, Manilha,
São Paulo, Bogotá e Manágua)triplicaramou quadruplicaram.
Nessascidades,a imigraçãolíquida em geral temcontribuído
maisparaessequadroqueo aumentonaturalda populaçãodos
últimosdecênios.
Em muitospaísesemdesenvolvimento,as cidadestêrncresci-
do, portanto,muitoalémdo quejamaisse poderiaimaginarhá
apenasalgumasdécadas- e a umritmosemprecedentesnahistó-
ria. (Ver box 9.1.) Mas algunsespedalistasduvidamqueasna-
çõesemdesenvolvimentovenh$11a urbanizar-setãorapidamente
no futuroquantonosúltimos3040anos,ou queasmegalópoles
263
. Tabela9.2
ExemplosderápIdoaumentopopulacionalemcidadesdo
TerceiroMundo
(emmilhões)
Cidade 1950CiframaisProjeçãoda
recente
ONUpara2000
CidadedoMéxiço
3,0516,0(1982)26,3
SãoPaulo
2,712,6(1980)24,0
Bombaim
3,0 (1951)8,2(1981)16,0
Jacarta
1,456,2 (1977)12,8
Cairo
2,58,5 (1979)13,2
NovaDélhi
1,4 (1951)5,8 (1981)13,3
Manilha
1,785,5 (1980)11,1
Lagos
0,27(1952)4,0 (1980)8,3
Bogotá
0,613,9 (1985)9,6
Nairóbi
0,140,83(1970)5,3
Dar-es-Salaam
0,15(1960)0,9 (1981)4,6
GrandeCartum
0,181,05(1978)4,1
Amã
0,030,78(1978)1,5
Nunkchott
0,00580,25(1982)1,1
Manaus
0,110,51(1980)1,1
SantaCruz
0,0590,26(1976)1,0
Fonte:os dadosderecenseamentosrecentesforamusadossempreque
possfvcl;casocontdrio,usou-seumaestimativafeita.pelogoverno"local
ouporumgrupodepesquisalocal.AsprojeçõesdaONUparaoano2000
sãode:Departmentof InternationalEeonornicandSocialAffairs.Esti-
nmtesand projectionsof urban,rural and citypopulations1950-2025.
ST/ESA/SER.R/58.NewYork,1985.(Avaliaçãode1982.);ede:United
Nations.Urban,rural andcitypopulation1950-2000.NewYork, 1980.
(Populationsstudiesn.68;Avaliaçãode1978.)Outrosdados,comalgu-
mascifrasatualizadaspordadosderecenseamentosmaisrecentes,provêm
-de;Hardoy,J.E. & Satterthwaite,D.Shelter:needandresponse.Chiches-
ter,UK, JohnWiley,1981.
vep'-hama crescertantoquantosugeremasprevisõesdasNações
UT\idas.Argumentamquemuitosdosestímulosmaisfortesàrápi-
daurbanizaçãodopassadonãotêmtantainfluênciahoje,equese
as políticasdo governomudassempoderiareduzir-sea atração
comparativadascidades,emespecialasgrandescidades,e assim
desacelerarastaxasdeurbanização.
A taxade aumentopopulacionalurbanonospafscsemdesen-
volvimentotemdiminuído- de5,2%aoanoemfins elael~caclaele
50 para3,4%nosanos80.5Espera-sequeeladecline;lillelamais
naspróximasdécadas.Apesardisso,sesemantivemlllHS IClldên-
264
";
~
-31!'
Box9.1Cômodominarascidades
Nair6bi,Quênia:em1975,Nairóbidetinha57%detodos-os
empregosna atividademanufatureirado Quênia,e dois ter-
ços de suasindústrias.Em 1979,Nairóbicontinhacercade
5% dapopulaçãonacional.
Manilha,Filipinas:a Manilhametropolitanaproduzumter-
çbdo PNB do país,manipula70% de todasas importações
e contém60% das instalaçõesde manufaturas.Em 1981,a
cidadecontinhacercade 13%dapopulaçãonacional.
Lima,Peru:a áreametropolitanadeLimaéresponsávelpor
43% do PIE, por quatroquintosdo créditobancárioe da
produçãodebensdeconsumo,e por maisde novedécimos
da produçãode bensdecapitaldo Peru.Em 1981,abrigava
cercade 27%dosperuanos.
Lagos,Nigéria:'em 1978,a áreametropolitanade Lagos
negociavamaisde 40% do comércioexteriordo país,con-
tavacom'57%do valoradicionadototaldaatividademanu-
fatureira e continhamais de 40% dos trabalhadoresalta-
mentequalificadosdaNigéria.Contémapenascercade 5%
dapopulaçãodo E..aís. "
Cidadedo México,México:em 1970,com cercade 24%
dos mexicanosvivendonacapital,estacidadecontinha30%
dos empregosna atividademanufatureira,28% dos empre-
gos no comércio,38%dosempregosemserviços,69%dos
empregospúblicos,62% do investimentonacionalemedu-
caçãosuperiore 80%dasatividadesde pesquisa..Bm 1965,
continha44% dos depósitosbancáriosdo país e 61% dos
créditosnacionais.
SãoPaulo, Brasil:a GrandeSão Paulo, comcercade um
décimoda populaçãodo Brasil em1980,contribuíacomum
quartodo produtonacionallíquido e commaisde 40% do
valoradicionadoindustrialdo país.
Fonte:Hardoy,J.E. & Satterthwaite,D. Shelter,infrastructureand
servicesinThirdWorldcities.HabitatInternational,10(4),1986.
cias atuais, as cidadesdo Terceiro Mundo poderiamfazer au-
mentarem trêsquartosde 1 bilhão suapopulaçãopor voltado
anO2000.Duranteo mesmoperíodo,a populaçãodascidadesdo
mundoindustrializadoterácrescidoemmais111milhões.6
Essasprevisõesrepresentamumgrandedesafioparadspaíses
em desenvolvimento.No espaçode apenas15anoS(ou cercade
5.500 dias), o mundoemdesenvólvimentoteráde aumê~tarem
65% a capacidadede produzire administrarsuainfra-estrutura,
265
"Diante da distribuiçãoda renda,da disponibilidadeprevisível
de recursos- nacionais,locaise do mundointeiro- da tecnolo-
gia atual, da atualdebilidadedosgovernoslocaise dafalta de
interessedos governosnacionaispelos problemasde assenta-
mentoshumanos,não vejoqualquersoluçãopara as cidadesdoTerceiroMundo.
As cidadesdoTerceiroMundoserãocadavezmaiscentrosde
competiçãoacirrada por um pedaço de terra onde se possa
construirumabrigo,por umquartopara alugar,pot umleitode
hospital,por umlugarnumaescolaou numônibus,e sobretudo
por lurlavaganospoucosempregosestáveisadequadamentere-
munerados,e mesmopelo espaçonumapraça ou calçadaonde
sepossaexporevenderrrzercadorias,atividadedequedependem
tantasfamaias.
Os pr6priospobresorganizame ajudama .construirmuitos
dosnovosconjuntoshabitacionaisdascidadesdoTerceiroMun-
do, e ofazemsema assistênciadearquitetos,planejadoreseen-
genheiros,ou dosgovernoslocaisou nacionais.Alémdisso,em
muitoscasososgovernoslocaise nacionaisimportunambastante
eSfesgrupos.Os pr6prioscidadãosestãose tornando,cadavez
mais, os verdadeirosprojetistase construtoresdas cidadesdo
TerceiroMundo,e muitasvezesos administradoresdeseuspr6-
prios bairros."
JorgeHardoy
InstitutoInternacionalpara oMeioAmbienteeoDesenvolvimento
AudiênciapúblicadaCMMAD,SãoPaulo,28-29deoutubróde1985
seusserviçose habitaçõesurbanos- só p~ manterascondições
atuais.E emmuitospaísesissoteráde se'rfalizar numquadrode
grandesprovaçõese incertezaseconômicas~comrecursosabaixo
dascrescentesnecessidadeseexpectativas.
9.1.1A crisenascidadesdo Terceiro Mundo
Poucos governosdas cidadesdo mundoem desenvolvimento,
cujaspopulaçõescrescema umritmoacelerado,dispõemdepo-
deres,recursose pessoaltreinadoparafornecer-Ihcsasterras,os
serviçose os sistemasadequadosa condiçõeshumanaselcvida:
águapotável,saneamento,escolase transportes,O resultadodis-
so é a proliferaçãodeassentamentosilegaiselehabitaç()Cstoscas,
aglomeraçõesexcessivase mortalidadedesenfreada(kcorrentede
ummeioambienteinsalubre.
266
,.
,.
; .~
Na maioriadascidadesdo TerceiroMundoas pressões("ulllf
nuaspor moradiae serviçosdesgastaramasedificaçõcsurhallil:;
Muitascasasondehabitampobresestãoemcondiçõesprc(':'ílí:I';
É comumhaveredifíciospúblicosemfrancadecadência,m"',",';
sitandoreformas.O mesmoacontececoma infra-estrutura(':;:;('11
cial da cidade;veículoscoletivossuperlotadose em mau('sl:\(")
de conservação,assimcomoestradas,ônibuse trens,cst:Il,~ÕCS(i<'
transportes,e banheirose lavatóriospúblicos.Com os va/,alllt'lI
tosnossistemasdeabastecimentodeágua,abaixapressfiod';Íl',llil
resultantefaz comque os esgotosseinfiltremna águapot:ível.
Uma grandeparcelada populaçãodascidadesmuitasvezesnfll)
dispõedeáguaencanada,nemdesistémasdeescoamentoela:ígua
das.chuvas,nemtampoucodeestradas.?
Um númerocrescentede pobresnasáreasurbanaspadecede
alta incidênciade doenças,queprovêm,emsuamaioria,demiÍs
condiçõesambientaise que poderiamser evitadasou drastica-
mentereduzidasmedianteinvestimentosrelativamentebaixos.
(Ver box 9.2.)Moléstiasrespiratóriasagudas,tuberculose,para-
sitasintestinaise doençasvinculadasa umsaneamentoprecárioe
à ingestãodeáguacontaminada(comodiarréia,disenteria,I1cp:l«
titee tifo) sãoemgeralendêmicase umadascausasprincipaisde
morbidadee morte,especialmenteentreas crianças.Em certos
pontosde muitascidades,umaem cadaquatrocriançaspobres
certamentemorrerápor subnutriçãoacentuadaantesdecomplcl.:'1r
cinco anos,ou umentredoisadultossofreráde verrninoseou de
graveinfecçãorespiratória.8 .
Pode-sesuporque a poluiçãodo ar e',daságuassejamenos
prementenascidadesdo TerceiroMundodevidoaosbaixosní-
veisdedesenvolvimentoindustrial.Masnaverdadecentenasdes-
sascidadestêmaltasconcentraçõesde indústrias.Os problemas
de poluiçãosonora,do ar, daságuase por dejetossólidosau-
mentamrapidamente,e podemter impactosdramáticossobrea
vida e a saúdedoshabitantesdascidades,suaeconomiae seus
empregos.Mesmonumacidaderelativamentepequena,bastaque
umaou duas·fábricasdespejemresíduosno único rio dasredon-
dezas,paraquesecontaminemas águasqueos habitantesda re-
giãousamparabeber,lavarecozinhar.Aglomeradosmiseráveise
cortiçospràIiferampertode indústriaspoluidoras,umavez que
essasterrassãodesprezadaspelosdemais.Tal proximidadeau-
mentouos riscosparaospobres,fatodemonstradopelosgrandes
sofrimentose perdasdevidashumanasem diversosaCidentesin-
dustriaisrecentes. /
A expansãofísica descontroladadascidadestambémtevesé-
rias implicaçõesparaa economiae o meioambienteurbano.O
desenvolvimentodesenfreadotornamoradias,estradas,abasteci-
267
,:'~..2.':'~,~;;":';'-~.;..~~;~
Box9.2Problemasambientaisnascidades
doTerceiroMundo
Das 3.119vilase cidadesdaÍndia,somente209tinhames-
gotosparciaise somenteoito tinhamumaredecompletade
esgotose serviçosdetratamentodeesgotos.No rio Ganges
são despejadosdiariamenteos esgotossemtratamentodas
114cidadesqueelebanha,cadaumacom50mil habitantes
ou mais.As fábricasdeDDT, curtumes,fábricasdepapele
polpa, complexospetroquímicose de fertilizantes,fábricas
de borrachae inúmerasoutrasindústriaslançamseusresÍ-
duos no rio. O estuáriode Hoogly (pertode Calcutá)está
entulhadodos resíduosindustriaisnão-tratadosde maisde
150dasgrandesindústriasdosarredoresdessacidade.Ses-
sentapor centóda populaçãode Calcutásofredepneumo-
nia, bronquitee outrasdoençasrespiratóriasassociadasà
poluiçãodoar.
As indústriaschinesas,a maioriadasquaisutilizacarvão
em fomose caldeirasantiquados,se concentramemcerca
de 20 cidadese fazemcom queo ar apresenteumíndice
elevadode poluição.A mortalidadepor câncerde pulmão
nas.cidadeschinesasé quatroa setevezesmaisaltado que
no paíscomoumtodo,e a diferençaé atribuídaemgrande
parteà fortepoluiçãodo ar.
Na Malaísia,o VaIedeKlang (ondefica a capital,Cuala
Lumpur), altamenteurbanizado,tem índices de poluição
duasa trêsvezesmaisaltosqueos dasprincipaiscidades
dos EUA, e o sistemafluvial do rio Klang estáaltamente
contaminadopor esgotose emanaçõesindustriaise agríco-
las.
Fontes:Centrefor ScienceandEnvironment.Stateof lndia's envi-
ronment;acitizens'reportoNewDelhi,1983;Srnil,V. Thebadear-
th; environmentalcegradationin China.London,ZedPress,1986;
SahabatAlanMalaysia.ThéstateofMalaysianenvironment1983-84
,_ towardsgreaterenvironmentalawareness.Penang,Malaysia,1983.,
mentode água,esgotose serviçospúblicosproibitivamcntecaros.
As cidadesmuitasvezessãoconstruídassobreasterrasagrícolas
maisprodutivas,e o crescimentonão-orientadoresultana perda
desnecessáriadessasterras.Tais perdassãomaisgnlVl~snasna-
çõescomáreascultiváveislimitadas,comoo Egito. () desenvol-
vimentoa esmotambémconsomeas terrase paisal~cnsnaturais
necessáriasparaparquesurbanose áreasde lazer.{)uant!osecr-
268
i
I
"6..
t
guemconstruçõesemumaárea,torna-"sedifícil e dispendiosore-
criarespaçosabertos.
Em geral, o crescimentourbanomuitasvezesprecedeo esta-
belecimentode umabaseeconôDÚcasólidae diversificada.para
apoiaro incrementoda infra-estrutura,habitaçãoe emprego.Em
muitoslugares,os problemasestãoligadosa padrõesinadequados
de desenvolvimentoindustriale à faltade coerênciaentreases-
tratégiasde desenvolvimentoagrícolae urbano.O vínculoentre
as ecónoDÚasnacionaise os fatoreseconôDÚcOSinternacionaisfoi
tratadona parteIdesterelatório. A criseeconôDÚcamundialdos
anos80 nãoredundousomenteemmenoresrendas,maiordesem-
pregoe na eliminaçãode muitosprogramassociais.Ela também
exacerboua já baixaprioridadedadaaosproblemasurbanos,au-
mentandoa deficiênciacrônica dos recurSOSnecessáriospara
construir,mantere administraráreasurbanas.9
9.1.2A situaçãonascidadesdomundoindustrializado.
O fato de a Comissãoenfatizara criseurbananospaísesemde-
senvolvimentonão significa que o que ocorre nas cidadesdo
mundoindustrializadonãosejade importânciacrucialparao (I\>.
senvolvimentosustentávelemâmbitoglobaLPelo contr<'í.rio:Tais
cidadessã()responsáveisporumagrandeparcelado usoderecur-
sos, consumóde energiae poluiçãoambientaldo mundo.Muitas
delassão de alcanceglobale obtêmseusrecursose suaenergia
de terrasdistantes,com fortesimpactoscoletivossobreos ecos-
sistemasdessasterras.
Tampoucoa ênfasesobreascidadesdoTerceiroMundoimpli-
ca~a hipótesede que os problemasdascida.desdospaísesindus-
.trializadosnão·são sérios. Eles o são.Muitas delas enfrentam'
problemasde infra-estruturadeteriorada,degradaçãoambiental,
decadênciado centrourbano,descaracterizaçãodos bairros.Os
desempregados,os idosose as DÚnqriasétnicase raciaispodem
mergulharnumaespiraldescendentede degradaçãoe pobreza,à
medidaque as oportunidadesde empregodiDÚnueme os indiví-
duos mais jovens e maisinstruídosvão abandonandoos bairros
decadentes.Os governosmunicipaisou dascidadesmuitasvezes
enfrentamum legadode imóveispúblicosmal-acabadose mal
conservados,custoscada vez maiselevadose basestributárias
dedinantes.
Mas a maioriados paísesindustrializadostemos meIOSe os
recursospara combatera decadênciados centrosurbanose seu
correspondentededínio econôDÚcO.De fato,muitos·conseguiram
reverteressastendênciaspor meiodepolíticaslúcidas,dacoope-
raçãoentreos setorespúblicoe privado,e de investimentosim-
269
~:,I'í~.~S:'.':" •...;;.:.~::_;..:."'~_;....;. ••••.J,
portantesempessoal,instituiçõese inovaçõestecnológicas.lOAs
.autoridadeslocaisgeralmentedetêmo poderpolíticoe a credibi-
!idadeparatomariniciativas,fazeravaliaçõese empregarrecur-
sosde modoscriativosquereflitamas"condiçõeslocaisespecífi-
cas.Isso lhesdácapacidadeparaadministrar,controlar,fazerex-
periênciase promovero desenvolvimentourbano.As economias
de planejamentocentralizadotêmdemonstradoumasignificativa
capacidadede projetare implementarprogramasdedesenvolvi-
mentourbano.A prioridadeaosbenscoletivose nãoaoconsumo
individualtambémpodeter aumentadoa disponibilidadede re-
cursosparao desenvolvimentourbano.
Com o passardo tempo,o meio físico emváriascidadesd'o
mundoindustrializadomelhorousubstanciaImente.Segundoos
registroshistóricosde muitosdos principaiscentrosurbanos-
comoLondres,Paris, Chicago,Moscoue Melbourne- hápouco
tempo,grandepartede suapopulaçãosofriadesesperadamenteos
efeitosde umavioleI].tapoluição.As condiçõesmelhorarambas-
tanteduranteo séculopassado,e essatendênciacontinua,embora
variandoderitmodecidadeparacidadee dentrodecadauma.
A maioriadasáreasurbanasdispõedeserviçosdecoletadeli-
xo paraquasetodaa população.A qualidadedo aremgeralme-
lhorou,com o decIínioda emissãode partículase de óxidosde
enxofre.Os esforçospararecuperarri qualidadeda águadasci-
dades'tiveramêxitoapenasrelativo,devidoà'poluiçãoquevem
'defora,sobretudopornitratose outrosfertilizantesepraguicidas.
Muitas áreascosteiras,porém,próximasdosgrandesemissários
de esgotos,apresentamdeterioraçãoconsiderável.Há umapreo-
cupaçãocrescenteem relaçãoaos poluentesquímicosna água
potávele aosimpactosdosrejeitastóxicossobrea qualidadedas
águassubterrâneas.E apoluiçãosonoratendea aumentar.
Os veículosautomotoresinfluenciammuitoas condiçõesam-
bientaisdas cidadesno mundoindustrializado.Vários fatores
contribuíramparareduziros impactosdo trânsitourbano:a re-
centequedado númerode veículosem circulação,os padrões
, maisrestritosdeescapamentoparaos novosveículos,a distribui-
çãode gasolinaquenãocontémchumbo,asmelhoriasno rendi-
mentodos combustíveis,o aperfeiçoamentodaspolfticasde ad-
ministraçãodotrânsitoe o trabalhodepaisagistas.
A opiniãopúblicatemdesempenhadoum papelfundamental
nascampanhasparamelhorarascondiçõesurbanas.Emalgumas
cidades,a pressãopopularfez comqueseabandonassemprojetos
maciçosde desenvolvimentourbano;promoveusistemashahita-
cionaisembasesmaishumanas,contevea demoli\';íodl: C6~:toS
edifíciosebairroshistóricos,modificouapropostadl~cOlIstrlllJics
270
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li;
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H
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',.
I
;'i
:.
, "As grandescidadessãopor definiçãoambief1tescentralizados,
feitospelo homem,e dependembasicamentedealimentos;água,
energiae outrosbensquevêmdefora. Já as cidadesmenores
podemser o cernedo desenvolvimentode basecomunitária,e
oferecemserviçosà zonarural queascircunda.
Dianteda importânciadascidades,sãonecessáriosesforçose
meiosdepreservaçãoespeciaispara garantirqueos recll;rsosde
quenecessitamsejamproduzidosdeformasustentável,e queos
habitantesurbanosparticipemdas decisõesqueafetamas suas
vidas.As áreas residenciaistendema sermaishabitáveissefo-
remgovernadaspor bairro, coma participaçãolocal direta.Na
medidaemquesepuderobterenergiae outrosbensnecessários
no pr6prio local, tantoa cidadequantoseusarredoresficarão
emmelhorsituação."
odesenvolvimentosustentávelecomoalcançá-Ia
GlobalTomorrowCoalition
AudiênciapúblicadaCMMAD,Ottawa,26-27demaiode1986
de rodoviasnascidadese conseguiuqueterrenosbaldiosfossem
convertidosemáreasdelazer.
Os problemasqueaindaexistemsãograves,masafetamáreas
relativamentelimitadas,o que tornamuitomais fácil lidar com
elesdo quecomos do Cairoou daCidadedoMéxico,porexem-
plo. Certosaspectosdadecadênciaurbanacregammesmoa pos-
sibilitarmelhoriasno meioambiente.O êxododaspopulaçõese
dasatividadeseconômicas,emboracrie gravesdificuldadeseco-
nômicase sociais,reduza congestãourbana,propicianovosusos
aosprédiosabandonados,protegeosbairrosurbanoshistóricosda
ameaçade demoliçõese reconstruçõesespeculativas,e contribui
paraa renovaçãourbana.A desindustrializaçãodessascidadesé
muitasvezescontrabalançadapelocrescimentodo setorde servi-
ços, quetrazconsigoseusprópriosproblemas.Mas essatendên-
cia cria oportunidadesde removeras fontesde altapoluiçãoin-
dustrialdasáreasresidenciaisecomerciais.
A combinaçãode tecnologiaavançada,economiasnacionais
maisfortese umainfra-estruturainstitucionaldesenvolvidaconfe-
re elasticidadee forneceo potencialparaumarenovaçãocontínua
dascidadesno mundoindustrializado.Havendoflexibilidade,es-
paçoparaagire espíritoinovadorporpartedasliderançaslocais,
a questãopara os paísesindustrializadosse resume,em última
análise,a umaquestãode opçãopolíticae social.Paraos países
271
~ .•_. ~---,",,,,,"-_. <--L. ~_. -~ .,•.•'-,-"," ••
emdesenvolvimento,a situaçãoé bemoutra:elesestãoabraços
comumacriseurbanadegrandesproporções.
9.2 O DESAFIO URBANO NOS PAÍSES
EM DESENVOLVIMENTO
Os assentamentos- a redeurbanadascidades,vilas e aldeias-
abrangemtodosos aspectosdo meioambienteemqueocorremas
alteraçõessociaise econômicasdassociedades.Do pontodevista
internacional,asprincipaiscidadesdo mundoconstituemumare-
deparaa alocaçãodeinvestimentose paraa produçãoe vendade
muitosbense serviços.Essesgrandescentrossãoos primeirosa
se conectaremnessarede,atravésde seusportose aeroportose
seusserviçosdetelecomunicações.As novastecnologiasemgeral
apareceme sãopostasempráticaprimeironasgrandescidades,
depoisnas pequenas.Somentese os grandescentrosestiverem
firmementeconectadoscomessaredeéquepoderãoatrairinves-
timentosemtecnologiase bensmanufaturadosparaos mercados
mundiais.Do pontode vistanacional,ascidadessãoverdadeiras
incubadorasdasatividadeseconômicas.Algumasempresassãode
grandeescala,masa grandemaioriaé depequenaescala,e faz de
tudo, desdevenderrefeiçõesrápidasaté consertarsapatosou
construircasas.O crescimentodessasatividadesé a basedaeco-
nomiainterna.
9.2.1Estratégiasurbanasnacionais
A evoluçãonaturaldesseemaranhadode assentamentos,no en-
tanto,causoupreocupaçõesna maioriado~paísesemdesenvol-
vimento.Um motivoespecialparaisso teM sido o crescimento
descomunalde umaou maiscidades.Em certospaíses,o desejo
de limitaressecrescimentolevouà adoçãode políticasrelativas
ao espaçourbanoparaaceIeraro desenvolvimentode.centrosse-
cundários.Por trásdisso há umapreocupaçãoparticularcomo
fatode o crescimentodesequilibradoestaracentuandoasdispari-
dadesinter-regionaise criandodesequilíbrioseconômicose so-
ciais que podemter sériasconseqüênciasem termosde unidade
nacionaleestabilidadepolítica.
Emboralongede seremconclusivos,os dadosdisponíveissu-
geremque a maioriadas tentativasdos governosccntraispara
equilibraro desenvolvimentodo espaçourbanotCJIIsidotãodis-
pendiosaquantoineficaz.As principaispolíticasJIIacrneconômi-
cas, sociais e setoriaismuitasvezestêm sido di:\Inctralmente
opostasà políticadedescentralização.Osinvestill){,lllosapoiados
"Observamosqueo êxodoparaaszonasurbanasé inevitável:
há wnasériedefatores'derepulsão'queatuam·naszonasru-
rais.A pluralizaçãoruralderivadaausênciadereformaagrá-
ria, doaumentodoabsenteísmo,dodeslocamentodaRevolução
Verde.
Alémdosfatores'derepulsão'daszonasrurais,hánatural-
menteosfatores'deatração'dascidades,o channedaCidade
Grande,osmaioressaláriosdosempregosurbanosemcompara-
çãocomaspossibilidadesderendarural.Foi assimquecresceu
o setorinformaldeJacarta:dosTÚlilhõesdehabitantesdeJa-
carta,talvez3 ou4 milhões- doisterçospelomenos- sejamo
resultadodoêxodoparaaszonasurbanas."
GeorgeAdicondro
DiretordaFundaçãolrian Jayaparao Desenvolvimento
daComunidadeRural
AudiênciapúblicadaCMM.AD,Jacarta,26demarçode1985.
pelosgovernose agênciasoficiaisdeajudaseguirama mesma16-
gicacentralizadora dos investimentosprivados,e construírmn
sistemasde transporte,instituiçõeseducacionais,postosdesaúde,
serviçose infra-estruturaurbanaondeisto se fazia necessário-
na cidadeprincipal.A migraçãorural-urbanaseguiuo mesmopa-
drão.O motivoprincipalde tantaspessoasteremmigradonosúl-
timosdecêniosparacidadescomoNairóbi?Manilha,Lagos,Ci-
dadedo México, São Paulo,Rangumou PortoPríncipefoi o pa-
pel preponderantequecadaum dessescentrospassouadesempe-
nharnaeconomiadeseupaís...
As políticasmacroeconômicase defixaçãodepreçosadotadas
pelos governos reforçaramainda mais essa concentração.As
grandescidades,e muitasvezes'a capital;emgeralrecebemuma
parceladesproporcionalmentegrandedo totaldegastosnacionais
emensinoe em subsídiosparareduzirospreçosdeágua,eletrici-
dade,trigo, óleo diesele transportepúblicO.As taxasdefretero-
doviárioàs vezesfavorecemas'estradasquepassampelacapital.
Os impostosde propriedadeno centroe arredoresdacidadepo-
demestardefasados.As indústriasnovasouemexpansãoquefo-
ramimpulsionadaspelaspolíticasdesubstituiçãodasimportações
são estimuladasa se-estabelecerna capitalou em seus'arredo-
res.H ..
As políticas agrícolase alimentarestambémtenderama pro-
movero rápido crescimentodasgrandescidades.O pequenoou
inexistenteapoio econôriricoaos produtosagrícolasafastouos
'~;·;;.:'\i:.:.....:..:~~_.~~~',;":"...",,,:,~~~·~.2....;~:-....:~:.:....--..:....;.":"'';'''~~-'''-~..•- .._,-~_.-
\
I
pequenosproprietáriosde suasterras-e aumentouo númerode
pobresnas zonasmrais.Muitos foramatraídosparaas cidades
devidoaosp~çosdos alimentosurbanos,maisbaixosporcausa
dos subsídios.Mas nos últimosanosalgunspaísesemdesenvol-
vimentoviramqueerapossívelcomeçara desviarmaisreceitas
dasgrandescidadesparaas zonasmraise cidadesmenores.Em
certoscasos,as políticasdepromoçãodaspequenaspropriedades
ruraise daagriculturaintensivativeramesseefeito.O aumentoda
produção,o crescimentodo empregoagrícolae asrendasmédias
maisaltasestimularamo desenvolvimentode centrospequenos
e intermediáriosnasregiõesagrícolasqueelesatendem.12
Podem-seextrair algumaslições importantesdas estratégias
sobreespaçofísico ligadasaodesenvolvimentourbano:
G nadasenãoa coerçãoevitaráo crescimentoda cidadegrande
nosprimeirosestágiosdodesenvolvimento;
o a chavede umaintervençãobem-sucedidaé o fatodeseropor-
tuna,de modoa só estimulara desconcentraçãoquandocomeça-
remararearasvantagensdaconcentração;
C!) deve-seevitara adoçãodepolíticasqueaumentemaatraçãoda
cidadegrande,emespecialossubsídiosàenergiaeaosalimentos,
a provisãopor demaisgenerosadeinfra-estruturaurbanae outros
serviços,e a excessivaconcentraçãode poderadministrativona
capital;
o a melhormaneirade estimularo crescimentodecentrossecun-
dáriosé aproveitaras vantagenseconômicasnaturaisdesuasre-
giões,especialmenteemtermosdeprocessamentoemercadologia
de recursos,como fornecimentodescentralizadodeserviçospú-
blicos;
e os métodose estratégiasdedesenvolvimentorurale urbanode-
vemsercomplementares,e nãocontraditórios:o desenvolvimento
dos centrossecundáriosvisa ao benefícioeconômicodiretodas
áreasporelesservidas.
As oportunidadesdeempregoe facilida,pesdemoradiapropor-
cionadaspelas cidadessãoessenciaisparaabsorvero aumento
populacionalcomo qual o camponãopodeconviver;desdeque
nãohajainterferênciados;:;ontrolesdepreçose dossubsídios,o
mercadourbanodeveoferecervantagensaos produtoresrurais.
Mas é claroquehá conflitosentreos habitantesdascidadese os
agricultoresdos paísesem desenvolvimento.A Il\olamestrada
discussãosobresegurançaalimentar(vercapítulo5) roiasseverar
a importânciade voltardecididamenteas "relaçÔes(lç troca"a
favordos agricultores,emespecialos pequenos,IIwdi:lIIlc políti-
cascambiaise defixaçãodepreços.Muitospaíses(·,11l desenvol-
vimentonãoestãoimplementandotaispolíticas,elllp:lllcporme-
274
do deperderemo apoiodefacçõesurbanaspoliticamentepodero-
sas.Assim,nãoconseguemdetera migraçãoparaascidadesnem
promovera segurançaalimentar.
Tais consideraçõespodemfornecerabaseparaa elaboraçãode
umaestratégianacionalexplícitasobreassentamentosurbanose
de políticasquetragamsoluçõeslocaiscriativase eficazespara
os problemasdascidades.Cada governotemefetivamenteessa
estratégia,masna maioriadasvezesdeformaimplícita,emuma
sériede políticasmacroeconômicas,fiscais,orçamentárias,ener-
géticase agrícolas.Tais políticasemgeralforamseincrementan-
do emrespostaàspressõesdiárias,e quasesempreeramcontra-
ditórias,não só entresi comoem relaçãoàs metasde assenta-
mentosurbanosestabelecidaspelogoverno.Umaestratégiaurba-
na nacionalpoderiapropiciarum conjuntoexplícitode metase
prioridadesparao desenvolvimentodo sistemaurbanode uma
naçãoe de seuscentrospequenos,médiose grandes.Tal estraté-
gia deveir alémdo planejamentofísicoou espacial.Requerque
os governosencarema políticaurbanadeformabemmaisampla
doquea têmtradicionalmenteadotado.
Havendoumaestratégiaexplícita,asnaçõespodemCOIl\CÇ:11'a
reorientaras principais políticas econômicase setoriais que
atualmentecontribuemparaacentuaro crescimentodas Il1eg:tlÔ-
poles,a decadênciaurbanae a pobreza.Do mesmomodo,podem
promovermelhoro desenvolvimento'doscentrosurbanospeque-
nose médios,o fortalecimentode seusgovernoslocais,e o esta-
belecimentodosserviçose instalaçõesnecessáriosparaatrairin-
vestimentose iniciativascomvistasaodesenvolvimento.Os Mi-
nistériosdo Planejamento,da Fazenda,da Indústriae da Agri-
culturadevemtermetase cntériospreciso~.parapoderemavaliar
os efeitosde suaspolíticase de seusgastoscomo desenvolvi-
mento'urbano.Po~íticase programascontraditóriospodemser
modificado~~No mínimo,podem-seestudaros desvios,emtermos
deespaçolísico,inerentesàspolíticasfiscaise macroeconômicas,
aosorçamentosanuais,àsestruturasde'preçoseaosplanosdein-
vestimentosetorial.Com essaestratégia,os instrumentostradi-
cionaisda políticaurbana,inclusiveo planejamentoe o controle
do usodaterra,teriammaiorchancedesereficazes.
A responsabilidadedeformulartalestratégiasemdúyidacabe
ao governocentral.Acimade tudo,no entanto,o papeldosgo-
vernoscentraisdeveseressencialmenteo dedaraosgoVernoslo-
caismaispossibilidadesparaencontrare pôr empráticasoluções
eficazesparaosproblemasurbanoslocais,bemcomodeestimular
asoportunidadeslocais.
275
,:;:'C"""",="~·~-=_=.c~="",·,=".:'=ú.=,.,.=.. ,.="._=. """•...••••••.m. ------------- _
I
I
I
9.2.2Fortalecimentodasautoridadeslocais
As estruturaslegaise institucionaisdo governolocalnamaioria
dospaísesemdesenvolvimentosãoinadequadasa essespropósi-
tos. Na maioriadas naçõesasiáticase africanas,a estruturado
governourbanoremonta'aoperíodocolonial:destinava-sea lidar
comsociedadespredominantementeruraise agrícolas.Nuncaes-
tevevoltadaparao problemadarápidaurbanizaçãonemparaa
administraçãode cidadescommuitosmilhõesde habitantes.Os
governosdasnaçõesquesetomaramindependentesrecentemente
herdaramumaestruturade leis e de procedimentostotalmente
inadequadosparatratardosprocessosurbanosqueteriamde en-
frentarmaiscedoou maistarde.Apesardisso,emmuitasnações
essaestruturaherdadapermaneceainda,emgrandeparte.
Nos lugaresonde'Opassadocolonial imediatoé menosevi-
dente,comona maioriadospaíse,slatino-americanos,asestrutu-ras legal, institucionale políticado governolocal sãomuitasve-
zesigualmenteinadequadas.Emsuamaioria,assimcomonaÁsia
e naÁfrica, baseiam-seemmodelosimportadosdaEuropaou da
Américado Norte.Isso faz comqueessasnaçõestenhamdificul-
dadespara influenciaro rumoda urbanizaçãoe administraros
problemasdosgrandescentrosurbanosemrápidaexpansão.As-
sim, criaram-secidadesqueconsomemmuitaenergiae matéria-
prirna,e quedependemda~importações,o queaumentouo ônus
sGbrea economianacional,inclusivedevidoàspressõessobreo
comércioexteriore o balançodepagamentos.
O desenvolvimentourbanonâopode se basearemesquemas
padronizados,importadosou não.As possibilidadesdedesenvol-
vimentosãoparticularesa cadacidadee devemseravaliadasno
âmbitode suaprópriaregião.O quefuncionanumacidadepode
sertotalmenteinadequadoemoutra.Emborapossahavernecessi-
dadecteíijudatécniçaPeQ1;.partedeagênciascentrais,somenteum
'governolocal forte~podegarantirqueasnecessidades,oshábitos,
as formasurbanas,asprioridadessociaise ascondiçõesambien-
taisda áreasereflitamnosplafloslocaisdedesenvolvimentour-
bano.Mas asautoridadeslocaisnãotêmrecebidoo poderpolíti-
co, a capacidadede tomardecisõese o acessoà receitanecessá..:
rios paraexecutaremsuasfunções.Issolevaà fmstração,à crítica
constanteaosgovernoslocaispeladeficiênciaou ineficiênciados
serviços,e aumaespiraldescendentedefracassosobrefracasso.
A falta de acessopolítico a umabasefinanceil~ladequadaé
umadasprincipaisfraquezasdosgovernoslocaisemmuitospaí-
sesemdesenvolvimento.A maioriadessesgovernostemdificul-
dadesdeobterreceitasuficienteparacobrirsuasdcs!l(~s:lsopcra-
cionais,semfalarnasdificuldadesparafazernovosinvestimentos
276
"Umaaltapercentagemdejovens,emesnwdeadultos,nospaí-
sesdo TerceiroMundo,estádesempregada.Quere1VOst.ecnolo-
giassimplesemqueumasópessoapossaexercerumtipodeem-
pregocapazdeofereceroportunidadesdeempregopara'cente-
nasdeoutras.Queestamosfazendocomo potencialexcedente
deenergia?Por issotornoa dizerqueo desenvolvimentosãoas
pessoas,e nãoa alta tecnologia,nema modernização,nema
oádentalização.Mas deveriaser adequadodo pontode vistacultural.',
lanSelego
WorldVisionlnternatipnal
AudiênciapúblicadaCMMAD, Nairóbi,23desetembrode1986
a fim de ampliarserviçose recursos.MesmoosgovernosdecÍda-
desmaisricastêmacessoapenasaoequivalentea US$10-50por
habitante9-0 ano,parainvestimento.Apesardessasdeficiências,a
tendência;ros últimosdecêniostemsido no sentidode os gover-
nosnacionais"reduzirema capacidadefinanceiradosgovernoslo-
caisemteImOSreais.
Disso resultaumacrescentecentralizaçãoe deficiênciascons-
tantestanto em nível centralquantolocal. Em vez de fazerem
bemalgumascoisas,as autoridadescentraisacabÇtIDfazendomal
coisasdemáis.Os recursoshumanosefinanceirostêmdeseresti-
cadosao máximo.Os governoslocaisnãorecebema autoridade,
especializaçãoe credibilidad,enecessáriaspara lidaremcom os
problemaslocais. '
Para se tornaremagentes-chavedodesenvolvimento,osgover-
nosdascidadesprecisamdemaiorcapacidadepolítica,financeira
e institucional,e sobretudode acessoa umaparcelamaiordari-
quezageradanacidade.Somentedessemodoascidadespoderã?
adaptare desenvolverumapartedavastagamadosinstrumentos
disponíveisparatratardosproblemasurbanos- instrumentosco-
rnoo registrodepropriedadede terras,o controledousodaterra
e a distribuiçãode impostos.
9.2.3 Autonomia e envoIvimentodoscidadãos
Na maioriados paísesem desenvolvimento,de 25 a 50%dapo-
pulaçãourbanaeconomicamenteativanãoconseguemencontrar
meiosde vidaestáveise adequados.Comohápoucosempregados
disponíveis,nasfirmasprivadasou no serviçopúblico,aspessoas
têmdebuscarou criar suasprópriasfontesderenda.Essesesfor-
277
-
_-,...0" .. ,_-'.h i ,...;'~:"~_'~~'''''_I''~.:'':'::;':''~'
ços resúltaramno rápidocrescimentodo que se convencionou
chamar"setor informal", que fornecegrandepartedos bense
serviçosbaratosessenciaisparaas economia~,os neg6ciose os
consumidoresdascidades.
Assim, emboramuitaspessoaspobrespossamnão estarofi-
cialmenteempregadas,a maioriaestátrabalhando- emfábricas
ou firmasde construçãonão-registradas,vendendomercadorias
pelasruas,confeccionandoroupasemsuascasas,ou aindacomo
serventesou guardasnosbairrosricos. A maioriados.chamados
desempregadosestátrabalhandode fato 10 a 15 horaspordia,
seisa setediaspor semana.Seuproblemanãoé tantodesubem-
prego,masdebaixaremuneração.
Grandepartedaconstrução,reformae ampliaçãodecasasnas
cidadesdos paísesem desenvolvimentoé feita fora dos planos.
oficiaise geralmenteemassentamentosilegais.Esteprocessomo-
biliza recursosinexplorados,contribuiparaa formaçãodecapital
e estimulao emprego.Essescriadoresdo setorinformalrepre-
sentamumafonteimportantedeempregourbano,sobretudopara
a mão-de-obrabaratae não-qualificada.Eles nãosãocapital-in-
tensivos,não exigemqÚÜtatecnologianem dispendemmuita
energia,e emgeralnão,.·drenamdivisas.A seumodo,dãosuapar-
cela de contribuiçãoBaraatingiralgunsdosprincipaisobjetivos
de desenvolvimentocfbpaís.Além disso,sãoflexíveisao supr~-
remas necessidadesde demandaslocais, satisfazendoemparti-
cularàsfamíliasmaispobres,queemgeralnãotêmaquemrecor-
rer. Muitos governosjá começarama perceberqueé maissábio
tolerarseutrabalhoqueo reprimir.A intimidaçãoemgrandees-
caladascomunidadesdepo!"seirosagoraémaisrara,emboraain-
daaconteça.
Os governosdevemapoiarmaiso setorinformal,reconhecen-
do suasfunçõesvitaisno desenvolvimentourbano.Alguns fize-
ramisso, facilitandoempréstimose créditoparapequenosempre-
sários,criandocooperativase valorizandoasassociaçõesdebair-
ros. Dar título de posseaos queocupamterrenosilegalmenteé
básiconesseprocesso,assimcomofacilitaralgumasregulamenta-
çõessobreconstruçãoemoradia.
As agênciasbilateraise multilateraisde assistênciaao desen-
volvimentodevemseguiresseexemplo,e algumasjá o fazem.
Organizaçõesvoluntá...-.iasnão-governamentaisc privaclasestão
surgindoemmuitospaísesparao fornecimentodc canaisdeas-
sistênciaeficazesemtermosdecustos,coma garantiadequeessa
assistênciachegue'aos que podemaproveitá-Ia.Uma parcela
muitomaiorpoderiasercanalizadadiretamentepor Illcio dessas
organizações.
278
Tais medidastambémreforçariama auto-suficiênc-iae a in-
fluêncialocaldospobresemsuasprópriasassociaçõesdebairro.
Por iniciativae comrecursospróprios,os pobresdemuitascida-
des do TerceiroMundo se organizarame preencheram-lacunas
nosserviços,deixadaspelogovernolocal.Entreoutrospontos,os
gruposcomunitáriossemobilizame organizamo levantamentode
fundosou meiosde ajudamútuaparalidarcomos problemasde
saúde,meioambientee segurançaespecíficosdaárea.
Os gqvemosdevemabandonarumaposiçãodeneutralidadeou
antagonismoe passara darapoioativoa taisesforços.Algunsjá
institucionaÍizaramdefatoessesprogramas,demodoa fazercom
. queagênciase ministériospúblicostrabalhemcontinuamentecom
as organizaçõescomunitárias.Na cidadeindianadeHiderabade,
por exemplo,o DepartamentoComunitáriode Desenvolvimento
Urbano, instituídopelasautoridadesmunicipais,trabalhadireta-
mentecomgruposcomunitáriose organizaçõesnão-governamen-
taisnosbairrosmaispobres.Em 1983,os residentesemáreasde
baixa rendacriaram223 organizações,mais135associaçõesde
jovense 99 gruposdemulheres.13Assim,os governospodemse
tornarparceirose patrocinadoresdaspessoasquesãoa estrutura
humanaprincipaldesuascidades.
9.2.4Habitaçãoeserviçospara ospobres
Em váriascidadesdo mundoemdesenvolvimento,existempou-
cashabitaçõesdebaixocusto.Emgeralaspessoasdebaixarenda
ou alugamquartos- sejaemcasasdecômodosoupensões,seja
na casaou no barracode outrapessoa- ou entãoconstroemou
compramumacasaou barracoemterrenodeocupaçãoilegal.Há
diversostipos de gradaçõesde ilegalidade,e isso influenciao
grau de tolerânciados governosparacom a existênciade tais
ocupações,ou mesmoo suprimentoderecursose deserviçospú-
blicos.
Seja dequetipofor, asacomodaçõesdebaixarendaemgeral
apresentamtrêscaracterísticas.Primeiro,seusserviçose infra-es-
truturasãoinadequadosou inexistentes- inclusiveemmatériade
esgotos,águaencanadaeoutrosmeioshigiênicosdeeliminarde-
.jetos humanos.Segundo,as pessoasvivemamontoadase com-
primidas,o quepodeprovocara propagaçãode doençasconta-
giosas,sobretudoquandohábaixaderesistênciadevidolà subnu-
trição.Terceiro,aspessoaspobresgeralmenteconstroememter-
renos inapropriadosparamoradiahumana:terrenospantanosos,
desertosarenosos,morrossujeitosa desmoronamentos,ou áreas
próximasa indústriaspoluidoras.Escolhemesseslocaisporserem
279
"As favelasdescobriramsuaprópria técnica,seuspróprios re-
cursos,semqualquerassistênciadequemquerqueseja,e resol-
veramseusproblemashabitacionais.O verdadeiroproblemanão
é esse.É a pobreza,afalta deplanejamento,afalta deassistên-
. cia técnica,a falta definanciamentopara comprarmaien'aisde
construção,afalta deequipamentourbano.
Para mudara polfticahabitacionalde assentamentoshuma-
nos, dever-se-iaestimulara construçãopor iniciativaprópria,
emvezdefinanciaressesenormesconjuntoshabitacionais.Seria
muitomelhore custariamuitomenosajudaraspessoasa cons-
tntÍremsuaprópriamoradia.
De modogeral,pareceevidenteque,se nãoforemsatisfeitas
as necessidadesbásicasdo ser humano,a preocupaçãocomo
meioambientetemdeficar emsegundoplano. O lwmemprecisa
primeirosobreviver,atendere correspondera suasnecessidades
básicasdesobrevivência- alimentação,moradia,saneamento-
edepoiscuidardomeioambiente."
WalterPintoCosta
PresidentedaAssociaçãodeSaneamentoAmbiental
AudiênciapúblicadaCMMAD,SãoPaulo,28-29deoutubrode1985
terrasdebaixovalorcomercial,e, portanto,sermenoro riscode
expulsão.
As estruturasde propriedadede terrase a incapacidadeou a
mávontadedosgovernosparanelasintervirsãotalvezosfatores
quemaiscontribuemparaos assentamentos"ilegais" e o alastra-
mentourbanocaótico.Quandoa metadeou maisdaforçadetra-
balho de'umacidadenão temqualquerchancede obterlegal-
menteumpedaçodeterraondeconstruirumacasa,ou sequerde
comprarou alugarumaçasalegalmente,o equilíbrioentreosdi-
reitosde propriedadeprivadae o bempúblicodeveserrapida-
menterepensado.
Diantedastendênciasdeurbanizaçãonamaioriadospaísesem
desenvolvimento,nãohátempoparaesperarporprogramaslentos
e incertos.A intervençãodo governodeveserreoricntadademo-
\ do a queos recursoslimitadossejamaproveitadosaomáximoem
prol da melhoriadas condiçõeshabitacionaisdos pob.rcs.Sãomuitasas opçõesde intervenção(verbox 9.3),masos governos
devemseorientarporestassetepropriedades:
) e dar posselegal de imóveisaosque vivemcm assentamentos
"ilegais", com títulosgarantidose serviçosbásicosfornecidos
pelasautoridadespúblicas; "
280
6) garantira disponibilidadeda terrae de outrosrecursosdeque
aspessoasneccssitamparaconstruirou melhorarsuamoradia;
o suprirde infra-estruturae serviçosasnovaszonashabitacionais
e asjá existentes;
c instalarescritóriosnos bairrosparaaconselhamentoeassistên-
cia técnicasobrea maneiramelhoremaiseconômicadeconstruir
umacasa,e sobrecomomelhorarascondiçõesde saúdee higie-
ne;
o planejare orientara expansãofísicadacidade,demodoa ante-
cipar e podersuprira necessidadede terrenoparanovosconjun-
toshabitacionais,paracultivo, ou paraa construçãodeparquese
áreasdelazerparacrianças;
#;) considerarde quemodoa açãogovernamentalpoderiamelhorar
ascondiçõesdosproprietáriose dosquesealojamemquartosba-
ratosoucasasdecômodos;
e modificaros sistemasfinanceiroshabitacionais,a fim de abrir
possibilidadede empréstimosde baixocustoparagruposcomu-
nitáriose derendamaisbaixa.
A maioria'dascidadesnecessitacomurgênciaqueseaumentc
amplae continuamentea disponibilidadede locais parahabit;l-
çõesbarataspertodosprincipaiscentrosdeemprego.Somcnte()
governopodeconseguirisso, maspa-fatantonãohá prcscri~~õcs
gerais.As sociedadesdiferemsobremaneirano modode cncarar
os direitosdepropriedadeprivadae deusodaterra,deusardife-
rentesinstrumentostais como doaçõesdiretas,eliminaçãode dí-
vidastributáriasou deduçãodejuros sobrehipotecas,e detratara
especulaçãofundiária,a corrupçãoe outrasatividadesindesejá-
veis queemgeralacompanhamprocessosdessetipo.Emboraos
meiossejampeculiaresa cadanação,o fim devesero mesmo:a
garantia,por partedos governos,de quehá opçõeslegais,mais
bem situadas·ecom melhoresserviços,paraos lotesde terreno
. ilegais.Se essanecessidadenãofor satisfeita,o crescimentocaó-
tico dascidades- e os altoscustosdaídecorrentes- nãoteráfim.
Além da terra,os materiaisde construçãosãooutrofatorde
altocustoparaa edificaçãode moradias.O apoiodo governopa-
ra a produçãode todo tipo de material,inclusivecertoscompo-
nentesde estrutura,comoferragense encaixes,poderiareduziros
custoshabitacionaisecriar muitosempregos.As pequenaslojas
de materiaisdosbairrosemgeraltrazemvantagensemtermosde
economia,devido ao baixo custodo transporteda loja ao local
dasobras. '
Os códigose padrõesdeconstrução,emsuamaioria,sãoigno-
rados,porqueseguÍ-Iossignificaedificarprédiosexcessivamente
carosparaa maioriadas pessoas.Um métodomaiseficaz seria
instalarnos"bairrosescritóriosparadar aconselhamentotécnico
281
·Box9.3 TrêsmaneirasdeusarUS$20milhões
paramelhorarascondiçõesdeumacidadede
1milhãodehabitantes
Opção 1:
Constmir2 mil unidadeshabitacionaispúblicasparafamí-
lias pobres(comumamédiade seispessoas),cadaumaao
preçodeUS$lO mil. Há melhoriadecondiçõespara12mil
pessoas,masa recuperaçãodo custopossívelparaasfamí-
lias pobresé pequena.Se'a populaçãoda cidadeaumentar
5% ao ano,emmaisde 10anoshaverá630milnovoshabi-
tantes,de modoqueapenasumafraçãollÚnimadapopula-
çãototalserábeneficiada.
Opção 2:
Criar um "sistemade assentarnentos-com-serviços",pelo
qual as famíliaspobresficamresponsáveispelaconstrução
desuascasasemumlocalestipuladoabastecidodeáguaen-
canada,ligadoa um sistemade'esgotos,e comserviçosde
eletricidade,estradase drenagem.Ao preçode US$2 mil
por lote, isso significamoradiaparaumas60mil pessoas-
cercade 10% do aumentopopulacionalda cidadeem 10
anos.
Opção 3:
Alocar US$loo mil paraumaorganizaçãodebairroquere-
presente1 mil famíliaspobres(6 mil pessoas)numassenta-
mentodebaixarendajá existente.O objetivoé melhoraras
estradase os serviçosde drenagem,construirumaclínica
médica,criar uma cooperativa.para produzirmateriaise
componentesde construçãoa'baixocusto,e reestruturaro
conjunto,paramelhoraro acessoàsestradase obter50no-
vos lotes.São suficientesUS$lO milhõelsparacustear100
'dessasiniciativascomunitárias,quebeneficiam600milpes-
soase proporcionam5 mil novoslotesresidenciais.Issoes-
timulamuitosnovoSempregos.Os restantesUS$lO milhões
sãoutilizadosnasinstalaçõesde águaencanada;a US$100
Por fanu1ia,sãobeneficiadastodasas600milpessoas.
1'· .
nosentidodemelhorarascondiçõesde saúdec $cgurançacomo
llÚnimode custos.Um bom aconselhamentoprofissionalpode
baixaros custose melhorara qualidade,e $criamaiscl'icazdo
queprescrevero quesepodee nãosepodeconstruir.
282
.,.
Muitas pessoaspobresalugammoradia;e metadeou maisde
todaapopulaçãode umacidadepodeserconstituídade inquili-
nos.Paraquemprecisamorardealuguel,fazpoucadiferençaque
hajamaisdisponibilidadede áreasparaconstruir;de materiaise
crédito.Umapossibilidadeseriadarapoiofinanceiroa organiza-
çõesnão-governamentaise não-lucrativasparaa comprae melho-
ria de imóveisespecificamentecomfins de aluguel.Outraseria
dar.apoio financeiroparaos locatáriosse associaremaospro-
prietáriose converterema possedo im6velemumapropriedade
cooperativa.
Os governos,sobretudoquandocarentesde recursos,podem
argumentarqueo abastecimentode águaencanadae os sistemas
de esgotossão por demaisdispendiosos.Em conseqüência,os
pobrespodemter de pagarmuitomaispor litro d'águadecami-
nhões-pipado queo preçopagopelosgruposderendamédiaou
mais altapelo serviçopúblicode águaencanadaem suascasas.
Os sistemasocid~ntaisdeesgotoscarregadospelaságuase usinas
de tratamentopodems'ãiraumpreçoproibitivo.Mas outrastécni-
case sistemascustamentreumdécimoa umvigésimodessepreço
por família,e amaioriadelesutilizamuitomenoságua.Alémdis-
so, a tecnologiadebaixocustopodesermelhoradacomo tempo"à medidaqueosrecursossetornemdisponíveis.14
As principaismelhoriaspodemse tornarrelativamentemais
baratasemtodasessasáreas.Mas oscustossópermanecerãobai-
xos se for estimuladaa participaçãoplenados gruposde baixa
rendano sentidode definirsuasnecessidades,decidircomopo-
demcontribuirparaosnovosserviçose fazero trabalhocomsuas
própriasmãos.Essacooperaçãodependedequeseestabeleçaum
novorelacionamentoentreos cidadãose o governo,comojá ,dis-
semos.
9.2.5O mitioraproveitamentodosrecursos
Os recursosdisponíveisnascidadese arredoressãomuitasvezes
subutilizados.Muitosproprietáriosde terrasnãocultivamcertos
locaisbemsituadosa fim de sebeneficiaremmaistardecomsua
valorizaçãoà medidaquea cidadecresce.Muitasagênciaspúbli-
casdispõemde terrenosquepoderiamsermaisbemaproveitados,
comoas áreaspróximasa estaçõesdetrense portos,controladas
pelasautoridadesportuáriase ferroviárias.Váriospaísescriaram
prografuasespeciaisparaestimulara cooperaçãopública,epriva-
da no aproveitamentodessesterrenos,umainiciativaquedeveser
encorajada.Há umanecessidadegeraldeencontrarmeiosinova-
dorese eficazesparautilizaras terrasdisponíveiscomvistasao
bemcomum.Muitascidadestêmmecanismosparaa aquisiçãode
283
"Souespecialistaemcortiços.Estamoscriandoumaassociação
pequena,diminuta,paratentarorganizarosmoradoresdecorti-
ços,já queexistemtantos.Vemoscortiçosnascidades,nasal-
deias,nasflorestas. '
Trabalheidurantequatroanosparamotivarmeuscompanhei-
ros moradoresde cortiçosa se tornaremtransmigrantes,efi-
nalmenteelesmigraramparaumadúziadelugarespor todaa
lndonésia.Elesaindasecomunicambastantecomigo.Aindame
mandamcartas,afirmandoquea vidanãomel1wrounasáreas
detransmigração.Vivernaobscuridadedoscortiçosurbanosou
vivernaobscuridadedasáreasdetransmigraçãoéexatamentea
mesmacoisa.
Quandoeuvoltarparaminhagente,osmoradoresdecorti-
ços,à noiteelesmeperguntarãoo queconseguidessareunião
no hotelde luxo.Eles nãopedirãoinfonnações,perguntarão
apenas'vocêtrouxealgumdinheiroparaconstruirniosnovasca-
sas?'" "
SyamsuddinNainggolan
FundadordoYayasanPancaBakti
AudiênciapúblicadaCMMAD,Jacarta,26demarçode1985
terrase taxasde mercado(o quesignificaqueos sistemasnunca
são implementados)ou entãoa taxasconfiscatóriasarbitraria-
mentebaixas(e tambémnessecasoa aliançaentreasforçaspolí-
, ticase osproprietáriosbloqueiaa aquisição).
Os governostambémdeveriamconsideraro apoioà agricultura
urbana.Isso podesermenosrelevantenascidades,ondeos mer-
cadosde terrassãoaltamentecomercializadose há poucaoferta
de lotesparafins residenciais.Mas há umgrandepotencjalem
muitascidades,emespecialaquelascujosmercadosde terrassão
menoscomercializados.Muitas cidadesafricanasjá se deram,
contadisso.A agriculturaurbana,especialmentenaperiferiadas
cidades,é praticadacomoum meiode auto-sustento.Em outros
casos,o processoé maiscomercializado,e háempresasespeciali-
zadasnaproduçãodelegumesparavendanacidade.
Uma agriculturaurbanasancionadae promovidaoficialmente
poderiatomar-seumcomponenteimportantedo desenvolvimento
urbanoe tomarosalimentosmaisacessíveisaospobresdaszonas
urbanas.Os propósitosprincipaisdetalpromoçftoseri;1I1lmelho-
rar os padrõesde saúdee alimentaçãodospobres,ajudarseusor-
çamentosfamiliares(dosquais50-70%sãoemgeralgastoscom,
comida),capacitá-Iasa ganharalgumarendaadicional,c criar
284
empregos.A agriculturaurbanatambémpodefornecerprodutos
maisfrescose maisbaratos,propiciarmaisáreasverdes,a elimi-
naçãodos depósitosde lixo e a recic1agemdos resíduosdomésti-
cos.15 - ~-
Outrosrecursospoucoutilizadossãoos resíduossólidos,cuja
eliminaçãotem sido bastanteproblemáticaem muitascidades;
grandepartedesselixo ou não écoletadaou é despejadaemde-
pósitos.A recuperação,reutilizaçãoou recic1agemdos materiais
podemreduziro problemados resíduossólidos,estimularo em-
pregoe resultarem poupançade matéria-prima.O adubocom-
postopodeserútil àagriculturaurbana.Seumgovernomunicipal
não dispõede recursosparacoletarregularmenteo lixo domésti-
co, ele podedar apoio aos sistemascomunitáriosexistentes.Em
muitascidades,literalmentemilharesde pessoasganhama vida
comgratificaçõesmunicipaisparacoletaremo lixo manualmente.
Investirnumausina de recicIagemautomáticae maiscapital-in-
. tensiva seria duplamentecontraprodutivo,,caso ela consumisse
desnecessariamenteumcapitaljá escassoou destruísseo meiode
vida de mui,tagente.Mas a necessidadeimediata,no caso,é dar
noçõesde,higienee saúdee fornecerserviçosde atendimento
médicoàs pessoasque se sustentamcam gratificaçõesIllunici-
pais.16
9.3COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
A vida no futuroserápredominantementeurbanae aspreocupa-
ções ambientaismais imediatasda maioriadas pessoasestarão
relacionadascom o meio urbano.A eficáciados esforçospara
melhorara vida urbanadependemuitoda higidezdaseconomias
nacionais.Para muitospaísesem desenvolvimento,isso estáes-
treitamenteligado ao estadoda economiamundial.A melhoria
dasrelaçõeseconômicasinternacionais(vercapítulo3) seriatal-
vez o maisproveitosopara aumentara capacidadede os países
emdesenvolvimentolidaremcom seusproblemasambientaise ao
mesmotempourbanos.Mas alémdissoé necessáriofortalecera
cooperaçãoentreos paísesem desenvolvimentoe ampliaros di-
versostipos de ajudadiretapor partedacomunidadeinternacio-
nal.
9.3.1 Cooperaçãoentreos paísesemdesenvolvimento,
Os paísesem desenvolvimento,unidos,podemfazermuitopela
~riaçãodos conceitos,programase instituiçõesnecessáriospara
combatera crise urbanaque todos eles enfrentam.Emboraos
285
•••• _.•_. __•.._•.••-'-""'-••..•_ ••,_ ••_"".. - ..••••••••.•••.•••..•••••••••, '=::::<::'C;;_'-_-_' --'.'-
problemasde Caracas,Dacarou NovaDélhi sejamdiferente;.sdos
de Londres ou Paris, as cidadesda AméricaLatina,da Africa
Ocidentalou da Ásia Meridionaltêmmuitoemcomum.Na medi-
da em queformulamestratégiasurbanasnacionaisamplas,é im-
portantequecompartilhemexperiênciassobrea administraçãode
suascrescentesmegalópoles,o desenvolvimentode centrospe-
quenosou médios,o fortalecimentodo governolocal,a melhoria
dosassentamentosilegais,asmedidasdereaçãoàcrise,e umasé-
rie deoutrosproblemaspeculiaresaoTerceiroMundo.
O aprofundamentodas pesquisasnessaáreaproporcionariaa
baseparareconsiderarascidadesdo TerceiroMundo.Proporcio-
nariatambémumabaseparaprogramasde formaçãoprofissional
no interiordo país (ou, no casode naçõesmenores,programas
regionaisde formaçãoprofissional)paraas equipesdo governo
municipale dascidades.As boaspropostasdepolíticaseosbons
cursosde trein~ento dependemde boas informaçõese análise
locais_ tudoissopraticamenteinexistenascidadesdospaísesem
desenvolvimento.
9.3.2Ajuda internacional
É necessárioummaiorfluxo derecursosinternacionaisparaaju-
darospaísesemdesenvolvimentoemseusesforçosparasuperara
crescentecriseurbana.Não háumadefiniçãoconsensualde"as-
sistênciaao desenvolvimentourbano",maso Comitêde Assis-
tênciaao Desenvolvimentoestimourecentementequea ajudabi-
lateral e a multilateralpara programasurbanosmontaramem
US$900 milhões ao ano, em média, d1.!ranteo período de
1980-84.17Tambémse estimaque, atéago.ra,menosde 5% da
populaçãourbana00 mundoem desenvolvimentoforambenefi-
ciadospor algumprojetohabitacionalou de melhoriado bairro,
patrocinadopor umaagênciade assistênciaao desenvolvimento.
Esse índice de ajudaprecisaser aumentadoconsideravelmente.
Além disso,o âmbitodo apoiodeveriaserampliado,e suascon-
diçõese qualidadedeveriamsermelhoradas.
Ademais,asagênciasde assistênciaao desenvolvimentodeve-
riamampliara ajudae assistênciatécnicaemtrêsáreas:
Q na concessãodefundosde infra-estruturaparaos governoslo-
cais;
e na assunçãode tarefascomoreorganizaçãodo lançamentoe
coletade impostos,elaboraçãoou atualizaçãode mapasdepro-
priedadeprivada,e formaçãode equipestécnicasparaaconse-
lhamentoàsfamíliasegruposcomunitáriossobrL~rdÚnllasdemo-
radia;
286
I"
Box9.4A faltadecompreensãodasnecessidades
dasmulheresnosprojetoshabitacionais
Os projetoshabitacionaismuitasvezessãoconccbidosdetalformaquenãopermitemqueasmulherestrabalhememcasa
e ao mesmotempocuidemde seusfilhos e dos filhos dos
vizinhos.Essesprojetos,assimcomoo tamanhodoslotesde
terreno,quasenuncalevamemcontao fatode quemuitas
mulheresgostariamde usarsuasresidênciascomooficinas
(paracosturar,por exemplo)ou comocasade comércio,o
que muitasvezesé proibidonos projetosde habitaçõesde
baixarenda.Os procedimentosparasehabilitara umacasa
de baixa rendaexigemque a solicitaçãoseja feita pelos
"maridos", o que exclui as mulhereschefesde fanulia-
eptre30 a 50%detodasasfamílias.As necessidadesespe-
ciais dasmulheressãoignoradasnasdiferentesculturas:nas
sociedadesislâmicas,por exemplo,a necessidadede a mu-
lherdispordeumespaçoabertoparticulardentrodecasara-
ramenteé levadaemconta,domesmomodoquenãosecon-
sideraa necessidadedehaverviasrazoavelmenteabrigaclas
paraqueasmulherestenhamacessoàslojasc aoshospitais.
Fonte:baseadoem:Moser,C.a.N.Housingpolicy:towanIs;1 )',cn-
der awarenessapproach.London,DevelopmentPlanninr,Unit,
1985.(WorkingPapern.71.)
".
o nos cursosde formaçãoprofissionaldo interiordo país e de
treinamentoparafuncionáriosnoprópriolocaldetrabalho.
Partedesseaumentodeajudadeveir diretamenteparaos gru-
poscomunitários,atravésde intermediários,comoentidadesnão-
governamentais,nacionaisou internacionais.Muitos programas
deajudabilateraljá provaramqueessemétodoé eficazemtermos
de 'custos,vários dessesgruposforamresponsáveispor muitos
sistemascomunitáriosbem-sucedidosdemelhoriashabitacionaise
prestaçãode serviçosbásicos.Em geral,têmmaisêxitoquantoa
atenderaos pobres.Deveriahavertambémmaisapoioa grupos
independentesdepesquisaqueseocupamdequestõesdehabita-
ção e urbanismo,em particularos quedãoaconselhamentoaos
governoslocaise gruposcomunitários;muitosjá o fazem,espe-
cialmentenaAméricaLatina. I
A cooperaçãointernacionaltambémpodecontribuirparade-
senvolvertecnologiasde baixocustoparafins urbanos~estudar
meiosde atenderàs necessidadesde confortohabitacionaldas
mulheres.(Ver box9.4.)
287
~..,,"
""_~,_,;~;.~~C~,,,,,,",:c.:..1.ô_L,,~;.=c;':',;;'é';;;"',,"-"""".,,~,,"',,;,'".,~."'~",.".~",.'J'''.-------.-- •.. ' -,-~.--._------ - --~,--, ----,---
Muitas agênciastécnicas do sistema das Nações Unidas dis-
pé)emdasbasesde conhecimentoadequadaspara'oesempenharem
um papel valioso de ajuda e aconselhamentoaos governos, so-
bretudo o Centro de AssentamentosHumanos da ONU (UNCHS,
ou Habitat). Essas agências deveni identificar as informaçõese
diretrizes de que os governosprecisam,e o modo de elesaspode-
rem receber e utilizar. Tal métodopoderia ter como modelo, por
exemplo, as atuaistentativasno sentido de prepararmanuaispara
agentescomunitários sobre a identificação dos transmissoresde
doenças e a mobilização das comunidadespara lidar com esses
problemas,e sobre o que deve ser feito para promovera sobrevi-
vência e saúdedascrianças.De modomais amplo,o Habitatpode
fortalecer a cooperação internacional em nível global, como no
Ano Internacional do Abrigo para os Sem-Teto, da ONU. É ne-
cessário tornar o sistemadas ,Nações Unidas mais capacitadoa
exercer liderança.em questõesde assentamentoshumanos,através
do Habitat.
'\
Notas
1 Estecapítulosebaseiaemgrandepartenosdocumentosbásicoselabora-
dos paraa CMMAD: Burton, L Urbanizationanddev~lopment.1985;
Hardoy,I.E. & Satterthwaite,D. Shelter,infrastructureandservicesin
Third World cities. 1985.(Publicadoem:Habitatlnternational,10(4),
1986.);Hardoy,J.E. & Satterthwaite,D. RethinkingtheThirdWorldcity.
1986;Sachs,1.Humansettlements:resourceandenvironrnentalmanage-
ment.1985.
2 Ver: Jacobs,J. CUiesandthewealthof nations.New York, Random,
1984.
3 UnitedNations.The growthin theworld:surbanandruralpopulation
1920-1980.New York, 1969.(PopulationStudiesn.44.);UnitedNations.
Urban,rural andcityPOpulatiOflS1950-2000.New York, 1980.(Popula-
tionStudiesn.68);Avaliaçãode1978.
4 A expansãodasfronteirasda"cidade"ouda"áreametropolitana"éres-
ponsávelpor umapartedoaumentopopuIacionalmostradonatabela9.2.
As projeçõesdaONU bas~am-senaextrapoIaçãodetendênciaspassadas.
Estemétodomuitasvezesorientamalemrelaçãoàstendênciasfuturas,em
especial,asde longoprazo,masnãosedispõedeumabasededadospara
fazerprojeçõesmelhores.
5 DocumentodoUNCHS (Habitat)paraareuniãodoDAC deoutubrode
1986sobredesenvolvimentourbano.OCDE, documentoDAC(36)47,27
deagostode1986.
6 Departmentof IntemationalEconomicandSocialAffairs. Urbanand
ruralpopulationprojections,1984.New York, UniteclNatiolls,1986.(A-
valiaçãonão-oficial.) ,
7 Hardoy,J.E. & Satterthwaite,D. Shelter;needandrcspollsl';housing,
Iandandsettlementpoliciesin seventeenThirdWorldNaliolls.C'hichcstcr,
288
UK, John Wiley,1981.Paraa situaçãodeSãoPaulo,ver:Wiiheim,J. São
Paulo:environmentalprob1emsof thegrowingmetropolis.Apresentadoà
audiênciapúblicadaCMMAD. SãoPaulo,1985.
8 Hardoy,J.E. & Satterthwaite,D. Third World citiesandtheenviron-
mentaf poverty.Geoforum,15(3),1984.Ver também:WorldSocialPros-
pectsAssociation.Theurbantragedy.Geneva,Unitar,1986.
9 Ver: Sunkel,O. Debt,developmentandenvironment.Apresentadoàau-
diênciapúblicada CMMAD. São Paulo, 1985;Jordan S., R. Population
andtheplanningof largecitiesin Latin America.Documentoapresentado
à ConferênciaInternacionalsobrePopulaçãoeo FuturoUrbano.Barcelo-
na,Espanha,19-22maio1986.
10Scimemi,G. Cittã e ambiente.Venezia,Daest,InstitutoUniversitario
di Architettura,1987.Ver também:Thestateoftheenvironmentin OECD
membercountries.Paris,OECD, 1979,1985.
11 Scott, L Urban and spatial developmentin Mexico.London, Johns
HopkinsUniversityPress,1982.
12Ver o capítulo8 e: Hardoy,J.E. & Satterthwaite,D., ed.Smallandin-
termediateurbancentres:theirrolein regionalandnationaldevelopmentin
theThirdWorld.London.Hodder& Stoughton,1986.
13 UNCHS. HabitatHyderabad'squattersettlementupgradingproject,
India. Monografiasobreprojetoelaboradoparao Ano Intcrnacionaldo
AbrigoparaosSem-Teto;Nairóbi, 1986;
14Kalbermatten,J.M. et alii.Appropriatetechnologyfor waterslIpply 11/111
sanitation;a summaryof technicaland economicoptions.Washingtoll,
D.C., WorldBank,1980.
15Silk,D. Urbanagriculture.1985.(Elaboradoparaa CMMAD.)
16Khouri-Dagher,N. Wasterecycling:·towardsgreaterurbanself-relian-
ce.1985.(Elaboradoparaa CMMAD.) ,
17Ver esboçodenotasdaagendadaReuniãodoDAC sobreDesenvolvi-
mentoUrbano,outubrode 1986,documentoDAC daOCDE (86)15.Foi
utilizadaa definiçãodo Banco Mundial paraassistênciaao desenvolvi-
mentourbano,queinclui o alívio da pobrezae a promoçãodaeficiência
urbana,damoradia,do transporteurbano,dodesenvolvimentourbanoin-
tegradoedodesenvolvimentoregionalnascidadessecundárias.
289

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