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11 27 UN CcntreonTransnationalCorporations.Transnationalcorporations 111worlddevelopmentthirdsurvey.New Y ork,UnitedNations,1983. ~~d ... 29 CommonwealthWorking Group. TecllllOlogicalchange.London, COll1ll1onwcalthSecretariat,1985. ~OReferimo-nosàsatividadesdosinstitutosinternacionaisqueatuamsob lipmtt1çfiodoGrupoConsultivosobrePesquisaAgrícolaInternacional,do IIlInca Mundial. 100 \ Parte11 DESAFIOS COMUNS ~ª.!\~~~-,fJ.:',l;!.:1~:.:::~;t_:":~:-I::':'."~~·_~~";C:;,22L_L..:~~~~:,i.;t."·;S~.~·,,"';'4_k":':"'".':,;...•c..-,...c.~...;.;...-=-~---- 4. POP.ULAÇÃO E RECURSOS HUMANOS Em 1985,cercade 80milhõesde pessoasvieramsomar-senllma populaçãomundialde4,8bilhões.A cadaano,aumentao n(unero de sereshumàrios,maspermanecefinitàa quantidadederecursqs naturaisdestina.dosao sustentodessa·população,à melhoriada qualidadeda,vida humanae à eliminaçãodapobrezageneraliza- .da.Por outrolado,a expansãodosconhecimentos,faz aumentarl\ \produtividadedosrecursos.. As atuaistaxasdeaumentopopulacionalnãopodemcontinuar. Já estãocomprometendoa capacidadedemuitosgovcrn()~deror~ necereducação,serviçosmédicose segurançaalimenllll'hs peN~ soas,elatésuacapacidadedeeleva<ros padrõel'(k vida. 11,1i11ltil'· fasagementrenúmerode pessoase recursos6 nintlll 1l111itl pll' menteporquegrandepartedo aumentopopulacionlll11(\ l'lIl1l't'I,lnt empaísesdebaixarenda,emregiõesdesfavorccidllNdll pOlllotil' vistaecológicoe emáreasdepobreza. Mas a questãopopulaçãonãose limitaao númerode 1lt'IlNutHL Pode haverpobrezae degradaçãode recÚrsos(IIll (ireM 11ll111o poucopovoadas,comoasterrasáridase asflorcstnstropkniN.Ali pessoassãoo recursofundamental.Mediante,mclhorins'nllcdu('n~ ção, no saneamentoe na nutrição,elaspoderiamusarmolhoros recursosde que dispõeme fazê-Iosdurarmais.Além disso, aR ameaçasao uso sustentáveldos recursosadvêmtantodasdesi- gualdadesde acessoaos recursose dos modospelosquaissfio usados,quantodo númerodepessoas.Assim,.apreocupaçãoçom o "problemapopulacional"despertatambéma.preocupaçãocom o progressohumanoe a igualdadehumana. As taxasde aumentopopulacionalnãosãoumdesafioapenas paraasnaçõesqueapresentamaltastaxasdeaumento.Umapes- soaa maisnumpaísindustriaÜzadoconsomemuitomaise exerce pressãomuitomaiorsobreosrecursosnaturaisdo queumapesson a maisno TerceiroMundo.Para a conser'{a'çãodos recursos,os padrõese aspreferênciasde consumosãofãoimportantesquanto o númerodeconsumidores. '\ . Assim,muitosgovernostêmdelutaremváriasfrentes- conter o aumentopopulacional;controlaros efeitosdesseaumento'sobre osrecursose, dispondodemaisconhecimentos,ampliaroslimites dessesrecursose aumentarsuaprodutividade;possibilitaràrcali~ zaçãodo potencialhumano,paraqueas pessoaspossamecono- 103 "A partir de 1970tomou-semodaestabelecerdistinçãoentre populaçãoemeioambientecomosesetratassededuasáreasem crise,mascomfreqüêncianosesquecemosdequeapopulaçãoé naverdadeparteintegrantedomeioambientee,portanto,quan- donosreferimosapopulação,estamosnosreferindonãosóaos meiosambientesflsico, biológicoe qufmico,mastambémaos meioambientesócio-culturalousócio-econômiconosquaisesses programasdedesenvolvimentoestãosendoimplantados.E faz muitomaissentidofalardepopulaçãodentrodeumcontexto." Dr.I.O.Oucho InstitutodeEstudosePesquisasPopulacionais AudiênciapúblicadaCMMAD, Nairóbi,23desetembrode1986 105 . A pr6priapossibilidadededesenvolvimentopodesercompro- metidapor altastaxasde aumentopopulacional.Além disso, a maioriados paísesem desenvolvimentonão dispõede recursos paraesperaralgumasgeraçõesatéquea populaçãoseestabilize. A opçãodemigrarparanovasterraspraticamentejá nãoexiste.E os baixosníveisdedesenvolvimentoeconômicoe socialconjuga- dosa umarelaçãomutávelentrecomércioe produçãolimitamas possibilidadesde usaro comérciointernacionalparaaumentaro acessoaosrecursos.Destaforma,senãohouvermedidasdelibe- radas,o desequilíbrioentreaumentopopulacionale desenvolvi- r>., mentoderecursosseagravará. ~,~)\. A pressãopopulaciona:já estáforçandoos agricultorestradi-~~ ) Clonmsa trabalharemmms,quasesempreem fazendascadavez cl, menoressituadasemterrasmarginais,apenasparamantera renda '\familiar.Na África e na Ásia, a populaçãoruralpraticamentedo- \brouentre1950e 1985,comum correspondentedecIínionadis- jponibilidadede terra.!O rápido aumentopopu~acionaltambém 'cria problemasurbanosde cunhoeconômicoe social,queamea- çamtomaras cidadesimpossíveisde administrar.(Ver capítulo 9.) Serãonecessáriosmaioresinvestimentosapenasparamanteros atuaisníveis,já insatisfat6rios,de acessoa educação,assistência médicae outrosserviços.Em muitoscasos,os recursosexigidos simplesmentenãoexistem.Deterioram-seascondiçõessanitárias, de habitação,a qualidadeda educaçãoe dos serviçospúblicos; aumentamo desemprego,a migraçãoparaascida,dese a agitação social. ' , Os paísesindustrializadosseriamentepreocupadoscomasaltas taxasde aUlflentopopulacionalverificadasem outraspartesdo O aumentopopulacionale o desenvolvimentotêmvínculoscom- plexos.O desenvolvimentoeconômicogerarecursosquepodem serusadosna melhoriada educaçãoe da saúde.Tais melhorias, juntamentecomasmudançassociaisa elasligadas,reduzemtanto astaxasde fecundidadecomoasdemortalidade.Já asaltastaxas de aumentopopulacionalquecorroemos excedentesdisponíveis parao desenvolvimentoeconômicoe socialpodemimpedirme- lhoriasnaeducaçãoe nasaúde. No passado,por meio da intynsificaçãoda agriculturae do aumentoda produtividade,as naçõespuderamenfrentaras cres- centespressõespopulacionaissobrea terradisponível.A migra- ção e o comérciointernacionalde alimentose combustíveisali- viavama pressãosobreos recursoslocais,permitindomanteras altasdensidadespopulacionaisdealgunspaísesindustrializados. A situaçãoé diferentena maioriado mundoemdesenvolvi- mento,ondeasmelhoriasobtidasnamedicinae nasaúdepública fizeramastaxasdemortalidadecaíremacentuadamentee astaxas de aumentopopulacionalatingiremníveis semprecedentes.Mas as taxasde fecundidadepermanecemelevadas,grandeparteelo potencialhumanonão chegaa se realizare o desenvolvimento econômicoestáestagnado.A,intensificaçãoda agriculturapode, atécertoponto,restauraro equilíbrioentreproduçãodealimentos, e população,,masnão podeultrapassarcertoslimites.(Ver box 4.1.) 4.1. OS VÍNCULOS COM O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO 'IIÚzare usarmelhoros recursos;e proporcionaràspessoasoutras formasdesegurançasocialquenãoumgrandenúmerodefilhos. Os meiosde atingiressesobjetivosvariarãode país parapaís, mas todos devemter em menteque o crescimentoeconômico sustentáveleo acessoeqüitativoaosrecursossãoduasdasformas maissegurasdesechegara taxasdefecundidademaisbaixas. Dar àspessoasos meiosparaqueescolhamo tamanhodesuas famíliasnãoé apenasummétodo'paramantero equilíbrioentre populaçãoe recursos;é ummodode garantir- sobretudoàsmu- lheres-' o direitohumanobásicoda autodetenninação.A quanti- dadede meiosdisponíveisparao exercíciodessaescolhamedeo desenvolvimentode umanação.Da mesmaforma,o incremento do potencialhumanonão s6 promoveo desenvolvimentocomo tambémajudaa asseguraro direitode todosa'umavidaplenae digna. 104 !li••••••II It" - , I I Box 4.1 O equilíbrio entrealimentoepopulação A FAO e o InstitutoInternacionalparaa AnálisedeSiste- masAplicadosrealizaramumestudoconjuntoparaavaliara capacidadepotencialdaterraparasustentarapopulaçãonos paísesem desenvolvimento.Dados sobreas características do solo e da terraforamcombinadoscomdadosrelativosao climaa fim de calcularaprodutividadepotencialdasprinci- pais culturas,selecionaras culturasótimase deduziropo- tencialtotal deproduçãodecalorias.Foramcalculadostrês níveisde produçãoagricola:o primeiro,compoucatecnolo- gia, nenhumfertilizanteou produtoquímico,variedadesde culturatradicionaise nenhumaconservaçãodo solo; o se- gundo,com um nível médiode tecnologiausandometade dasterrasparaa culturamistamaisprodutivae fertilizantes, variedadesmelhoradase algumaconservaçãodo solo; e o terceiro,comaltoníveldetecnologia,umamisturaidealde culturase tecnologiaemtodaa terra.A capacidadede sus- tentodapopulaçãofoi determinadadividindo-seaprodução totaldecaloriaspor umnível ITÚnimode ingestãoper capi-' ta.Esse número·foi entãocomparadocoma variantemédia dasprojeçõespopulacionaisdaONU. Os 117paísesem desenvolvimentoestudados,em con- junto, podemproduzircomidasuficienteparaalimentaruma vez e meiasuapopulaçãoprojetadaparao ano2000,mesmo com um nível baixode tecnologia.Mas o quadroé menos alentadorno quesereferea cadapaísisoladamente.Como nível baixodetecnologia,64países(comumapopulaçãode cercade 1,1 bilhão) não terãorecursospara se alimentar. Com os métodosagrícolasmais avançados,o númerode paísescuja produçãopotencialde alimentosficariaabaixo do necessáriocai para19,comumapopulaçãototalde 100 milhões.Destes,quasetodossão paísesde alta rendado Oeste·asiático e algunssão pequenosEstadosinsulares. Muitos dessespaísesestãocapacitadosa obterdivisassufi- cientesparaimportaro alimentode queprecisam.No caso dos demais,é precisomodernizara agriculturanumabase sustentável. mundotêmobrigaçõesquevãoalémdo simplesfornecimentode pacotesde ajudasoba formadematerialparao planejamentofa- miliar. O desenvolvimentoeconômico,por meiode seusefeitos indiretossobreos fatoressociaise culturais,reduzastaxasdefe- cundidade.Portanto,aspolíticasinternacionaisqueinterferemno desenvolvimentoeconômicointerferemtambémna capacidadede 106 I I I j \ I., 1 ·1 J I, i' I I I' Alguns pesquisadoresestabeleceramo potencial"teóri-- co" daproduçãoglobaldealimentos.Segundoumdosestu- dos, <;t áreadestinadaao cultivo de alimentospodeser·de cercade:1,5bilhãode hectares(nívelpróximodoatual)e a . produtividademédiapodeiia chegara cinco toneladasde equiválentesem grãospor hectare(emcomparaçãocoma médiaatualde duastoneladasde equivalentesem grãos). Considerando-sea.produçãodas áreasde pastageme dos mananciaismarinhos,o "potencial" totalsitua-seem oito toneladásdeequivalentesemgrãos. Quantaspessoaspodemsersustentadascomisso?A mé- dia globalatualde consumode energiavegetalemalimen- tos,sem:entese raçãoanimalé de cercade6 mil caloriasao dia- variandode3 mil a 15mil entreospaíses,dependendo dos níveisde consumode cáme.Tomandoissoporbase,a produçãopotencialpoderiasustentarpoucomaisde 11bi- lhõesde pessoas.Mas seo consumomédioaumentarmuito _ digamos,para9 mil calorias- a capacidadeprodutivada populaçãodaTerracai para7,5bilhões.Essesnúmerospo- deriamsermuitomaisaltos.se a áreadestinadaà produção de alimentose a produtividadede 3 bilhõesdehectaresde pastagenspermanentespudessemseraumentadosnumabase sustentável.Contudo,os dadoslevamrealmentea crerque, .paraatend.eràs necessidadesalimentaresdeumapopulação mundialde cercade 10 bilhõesde pessoas,seriapreciso mudarumpoucoos hábitosalimentareseitambémmelhorar bastantea eficiênciadaagriculturatradicional. Fontes:Gilland,B. Considerationson worldpopulationandfood supply.PoplllationandDevelopmentReview,9(2):203-11;l;Iiggins, G.M. et a1ü,Potentialpoplllationsllpportingcapacitiésof landsin thedevelop~kf5'}world.Rome,FAO, 1982;Mahar,·DJ.,ed.Rapid poplllationgfowthandhllmancarryingcapacity.Washington,D.C., WorldBank;1985.(StaffWorkingPapersn.690.) umanaçãoemdesenvolvimentode administrarseuaumentopo- pulacional.É por issoquea preoc?paçãocomo aumentopopula- cional devefazerpartedeumapreocupaçãomaisampla.comum ritmomaisaceleradode desenvolvimentoeconômicoe socia~nos paísesemdesenvolvimento. Em últimaanálise,aquestãopopulacional,tantonospaísesem 107 "-~~~~;J:L..~:~;__ '_'·...~~~~,~........,..:..~_~~~~d<2::.._~:.~:,.~:--':':'::',:~:'~.i;';':---'c.":· , -~~~ .••.•" .,'..c-.. __ - •.• ••ti desenvolvimentoquantonos desenvolvidos,refere-sea sereshu- manose não a números.É falso e injustoparacoma condição humanaconsideraraspessoasmerosconsumidores.Seubem-estar e segurança- segurançana velhice,dec1ínioda mortalidadein- fantil, serviçosmédicosetc. - são a metado desenvolvimento. Quasetodasasatividadesqueaumentamo bem-estare a seguran- çadiminuemriaspessoaso desejodetermaisfilhosdoqueelase osecossistemasdopaíspodemsuportar. 4.2. A PERSPECTIVA POPULACIONAL 4.2.1O aumentoemnúmeros oaumentopopulacionalacelerou-seemmeadosdo séculoXVITI 'com o adventoda RevoluçãoIndustriale das correspondentes melhoriasna agricultura,nãos6 nas regiõesmaisdesenvolvidas comotambémemoutras.A faserecentede aceleraçãocomeçou por voltade 1950,quandoas taxasde mortalidadesereduziram acentuadamentenospaísesemdesenvolvimento. ' Entre 1950e 1985,a populaçãomundialaumentouaumataxa anualde 1~%, em comparaçãocom os 0,8% dos primeiros50 anosdo século.2Hoje, o aumentopopulacionalconcentra-senas regiõesem desenvolvimentoda Ásia, África e AméricaLatina, responsáveispor 85%do aumentodapopulaçãomundiala partir de 1950.(Ver tabela4.1.) Os processosde aumentopopulacionalvão'se alterandona maioriadospaísesemdesenvolvimento,àmedidaqueastaxasde natalidadee mortalidadecaem.No início dosanos50,quaseto- dos os paísesemdesenvolvimentoapresentavamtaxasdenatali- dadesuperioresa 40 e taxasde mortalidadeslJ.perioresa20,sen- do a grandeexceçãoas baixastaxasde mortalidadedaAmérica Latina.(Essastaxasreferem-seaonúmeroanualdenascimentose . mortespormil habitantes.)Hoje, a situaçãoébemdife,rente: , e 32%dapopulaçãodo TerceiroMundovivemempaíses- como Chinae RepúblicadaCoréia- comtaxasdenatalidadeinferiores a25e taxasdemortalidadeinferioresa 10; 4) 41% vivemempaísesondeastaxasde natalidadecaíram,mas nãotantoquantoas de mortalidade,e cujaspopulaçõescrescem cercade 2% - emoutraspalavras,dobrama cada34 anos.Entre essespaísesestãoo Brasil, Índia,Indonésiae México; " os 27% restantesvivemempaísescomoArgélia, Bangladesh, Irã e"Nigéria,ondeas taxasde mortalidadecaíramligeiramente, mas~staxasdenatalidadepermanecemelevadas.O 1I11l1lcnfoglo- bal d?,populaçãositua-senafaixados2,5a 3% (dobrandoacnelai 108 Fonte: Departrrien.tof IntemationalEconomicanpSocialAffairs.World populationprospet:;ts;estimatesandprojectionsasassessedin 1984.New York,UnitedNations,1986. 1Dadosreferentesaoaumentonadécadaanteriorou,nocasodaúltima coluna,noscincoallOS anteriores. 28-23anôs),comtaxasdeaumentoaindamaIselevadasemcertos países,comoo Quênia.3 No mundoindustrializado,as taxasdefecundidadedeclinaram 'e a populaçãonãoestáaumentandorapidamente.Na verdade,es- tabilizou-seem muitospaíses.Ainda assim,{espera-seque por voltade2025apopulaçãodaAméricadoNorte,Europa,URSS e Oceaniatenhaaumentadoem230milhões,númeroatualdehabi- tantesdosEUA. A aceleraçãodo aumentopopulacionalno TerceiroMundoe o declínio dos níveis de fecundidadenospaíses industrializados estãoalterandoradicalmenteos padrõesde distribuiçãoetária. Nos países.em desenvolvimento,predominamos jovens. Em 1980,39%daspopulaçõesdospaísesemdesenvolvimentotinham menosde 15anos;nospaísesindustrializados,essepercentua!era deapenas23.4Porém,nestesúltimospaíses,a proporçãodeido- Sosvemcrescendo.Em 1980,aspessoasde 65 anosou maisre- presentavam11% dapopulação;nospaísesemdesenvolvimento, 109 110 1Projeçõesdevariantemédia. Tabela4.2 Tamanhodapopulação- atualeprojetado- e taxasdeaumentoI 4.2.2Mudançasna mobilidade o númerode pessoasna Europa, Japão, Américado Norte e URSS quintuplicouentre1750e 195{)J)~eaparticipaçãodessasre- giõesna populaçãomundialaument~acentuadamentenessepe- ríodo.8Por voltade fins do séculoXIX, a preocupaçãocomas pressõespopulacionaisse.intensificouna Europa.As migrações paraa AméricadoNorte,Austráliàe NovaZelândiaajudaramaté certoponto.Quandoatingiuo'auge,entre188'1e 1910,aemigra- ção permanenteabsorveuquase20% do aumet\topopulaci<mal verificadonaEuropa.9 Hoje, porém,a migraçãojá não é um fatordeterminantena distribuiçãoda populaçãoentreos países.De 1970a 1980,a emigraçãopermanente,comopercentualdo aumentopopulacio- nal, caiu para4% na Europae foi de apenas2,5% na América Latina.As percentagenscorrespondentesnaÁsia e naÁfricafo- rambastanteinferiores.10Assim, a opçãodeemigrarparanovas terrasnãotevee nãoterágrandesignificaçãoparaaliviaraspres- sõesdemográficasnos paísesemdesenvolvimento.Na verdade, reduzo tempodisponívelparaequilibrara populaçãocOmos re- cursos. Dentrodecadapaís,hámaismobilidadepopulacional.,O aper- feiçoamentodas comunicaçõespossibilitougrandesdeslocamen- tosdepe'ssoas,àsvezescomoumareaçãonaturalaoaumentadas oportunidadeseconômicasemdeterminadasáreas.Algunsgover- 111 na ou na Ásia. Em algunspaísesem desenvolvimento,comoa China, as taxasde aumentopopulacionaljá estãobemabaixode 2%e a expectativaé quecaiama menosde 1% porvoltado iní- cio dopr6ximoséculo.6 Refletindoo "ímpeto"do aumentopopulacional,asprojeções delongoprazodaONU mostramqueno nívelglobal: ' e sea fecundidadeatingiro nível dereposiçãoem2010,apopu- laçãoglobaise/estabilizaráem7,7bilhõesporvoltade2060; o se essataxa'for atingidaem2035,a populaçãoseestabilizará em10,2bilhões.porvoltade2095;,. j fi se,no entanto,a taxas6for atingidaem2065,apopulaçãoglo- balem2100poderáserde 14,2bilhÕes'? Essasprojeçõesmostramqueo mundotemopções.A adoção depolíticasparabaixarastaxasdefecundidadepoderia-significar umadiferençadebilhõesnapopulaçãoglobaldopr6ximoséculo. A Ásia meridional,a África e a AméricaLatinasãoresponsáveis pelamaiorpartedasdiferençasentreas trêsvariantes.Por isso, muitodependeda eficácia,daspolíticaspopulacionaisnessasre- giões. Taxadeaumentoanual (%) 1950 19852000 a aa 1985 20002025 1,9 1,61,2 2,6 3,12,5 2,6 2,01,4 2,1 1,61,0 1,3 0,80,6 0,7 0,30,1 1,3 0,80,6 1,9 1,40,9 Região 198520002025 Mundo 4,86,18,2 África 0,560,871,62 AméricaLatina 0,41 ,0,550,78 Ásia 2,823,554,54 AméricadoNorte Q,260,300,35 Europa 0,490,510,52 URSS 0,280,310,37 Oceania 0,020,030,04 Fonte: Departmentof InternationalEconomicandSocialAffairs.World populationprospeCts;estimatesandprojectionsasassessedin 1984.New York,UnitedNations,1986. População(bilhões) apenas4%.5Assim, no mundoindustrializado,umnúmerorelati- ,vamentemenorde pessoasemidadedetrabalharterádesuportar o ônusdemanterumnúmerorelativamentemaiordeidosos. A alteraçãoda estruturaetáriaajudaa estabelecerasestruturas do futuro aumentopopulacional.O fato de havermuitosjovens nos paísesem desenvolvimentosignifica que no futuromuitos delesserãopais,e assim,mesmoquecadapessoatenhamenosfi- lhos, o númerototaldenascimentoscontinuaráaaumentar.O au- mentopopulacionalpode persistir·por algumasdécadasap6so declíniodastaxasde fecundidadeparao "nível dereposição"de pouco mais de dois filhos, em média,por casal.Destaforma, muitasnaçõesterãoseguramentealtastaxasde aumentopopula- cionalnaspróximasgerações.. As projeçõesdemográficasindicamque a populaçãoglobal aumentaráde4,8 bilhõesem1985para6,1bilhõesnouno2000e para 8,2 bilhõesem 2025. (Ver tabela4.2.) Mais de 90% desse aumentodeverãoocorrernas regiõesem desenvolvimento.Há grandesdiferençasentreos paísesdessasregiões,e o impulsodo aumentopopulacionalé maiorna África do quenaAméricaLuti- ';_;":':_'..~.•;.~C:~'...:.;;~~~~~~""""';"~----'~ --'-~""'-'."''''''-'- 113 >. o "estado de saúde" de uma sociedadeé um conceito c0mple- xo ede difícil mensuração.Mas encontram-sebem à mão dois in- dicadores que refletem pelo menos alguns aspectos da saúde de uma sociedagy:,a expectativa de vida e as taxas de mortalidade infantil. (Ver tabela4.3.) Essas estatísticasindicam que as condi- .I;";><'~'<~;." 'tabela 4.4 Taxas de matrículasdos sexosmasculino e feminino, por região, 1960e 1982 SexomasculinoSexofeminino Região 1960198219601982- Mundor NíveLprirnário92,2101,371,187,3 I Nívelsecundário31,353,323,142,5 i I África I Nívelprimário56,289,232,072,1 j J Nívelsecundário7,329,62,919,5 1 1 AméricaLatina 1 e CaribeI Nívelprimário75,0106,271,2103,3I Nívelsecundário14,946,613,648,5 1 AméricadoNorte I Nívelprimário117,4119,7116,4119,9 Nívelsecundário 69,485,4\71,486,6 ! Ásia Nívelprimário 94,9100,163,179,9 ) Nívelsecundário29,349,316,632,9 EuropaeURSS Nívelprimário 103,4105,4 •102,7104,5 Nívelsecundário 46,576,244,681,3 Oceania Nívelprimário 102,2102,9100,798,9 Nívelsecundário 53,871,158,8".\72,0 Fonte:CMMAD, combaseemdadosde:Unesco.A summarystatistical reviewof educationin theworld,1960-1982.Paris,July 1984. Obs.:Os númerossãopercentuaisdos gruposcujasidadescorrespondem ao nívelde educaçãoquerecebem.Como hámuitascriançasmaisvelhasnaescolaprimária,osperc'entuaispodemsermaioresque100. ,;."" ,_;. ~~";.-~~C;;:,:,,.:_~~:::,;,::,_~,;,:':"'. Melhorias nas condições gerais de saúde e educação - mas em especial das mulheres,e associadasa outrasmudançassociais que , elevam o statusfeminino - podem ser muito importantespara a redução das taxasde aumentopopulacional. Contudo, numperío- do inicial, melhoresserviços médicos significam que maisrecém- nascidos vivem para reproduzir, e que as mulheres terão filhos por um período de tempomais longo. nos estimularambastantea migração de áreas densamentepovoa- t1l1H pura outrasde populaçãoescassa.Fenômeno mais recentesão 011 "refugiados ecológicos", que abandonamas áreasonde o meio IIl11hicntese deteriorou. Grande partedos deslocamentosdá-se do campopara a cidade. (Ver capítulo 9.) Em 1985, cerca de 40% da população mundial viviam em cidades; a magnitude da migração para as cidades é ntestadapelo fato de que, a partir de 1950, o aumentoda popula- Çno urbanafoi maior que o aumentoda população rural, tantoem termos percentuais como absolutos. Esse deslocamentoé mais impressionantenos paísesem desenvolvimento,onde o númerode citadinos quadruplicounesseperíodo.ll 4.2.3Melhoresçondiçõesdesaúdeeeducação 112 Fonte!:CMMAD, combaseemdadosde:WorldResourcesInstitute/lnter- nn!lonnlInstitutefor Environmentand Development.World resources 1986.Ncw York, BasicBooks,1986. Tabela 4.3 Indicadores de saúde Expectativade Taxasdemortalidade vidaaonascer infantil(mortespor (anos) milnascidosvivos) R~p'irío 1950-551980-851960-651980-85 Mundo 49,964,611781 J\rrlcll 37,549,7 .157114 ANIII 41,257,913387 América doSul 52,364,010164 AmériCli doNorte 64,471,14327 I\uropn 65,373,23716 URSS 61,770,93225 Occunln 61,067,65539 sustentávele níveismaisbaixosde fecundidade,ambostêmvín- culosestreitose reforçam-semutuamente. As medidasdestinadasa alteraro tamanhodapopulaçãos6são eficazesem combinaçãocom outrasquestõesrelativas-a desen- volvimentoe meioambiente.O tamanho,a densidade,amobili- dade'e a taxade aumentodeumapopulaçãonãopodemseralte- radosa curto prazo se essesesforçosse chocamcompadrões opostos,dedesenvolvimentoemoutrasáreas.As políticaspopula- cionaisdevemvisar a aspectosmaisabrangentesqueo simples controlede números:sãotambémimportantesmedidasparame- lhorara qualidadedosrecursoshumanosnotocantea saúde,edu- caçãoe desenvolvimentosocial. Um primeiropassoseriaos governosabandonarema falsadi- visãoentregastos"produtivos"ou "econômicos"e gastos"so- ciais". Os planejadoresprecisamentenderqueos gastoscomati- vidadespopulacionaise comoutrosesforçosparaqueo potencial humanose realizesão cruciaisparaas atividadeseconômicase produtivasde umanaçãoe paraa obtençãodeumprogressohu- manosustentável-a finalidadedosgovemos. 115 4.3.1Administrandooaumen,topopuladonaI As políticaspopulacionaisapresentamnívéis desiguaisde pro- gresso.Alguns paísescomsériosproblemasdemográficosadotam políticasabrangentes.Outros IÍmitam-seapromovero planeja- ,mentofamiliar.Outrosaindanemissofazem." Umapol,íticapopulacionald~yeriadefinire adotaramplasme- tasdemográficasnacionais,relacionando-ascomoutrosobjetivos s6cio-econômicos.Dentreos fatoresqueafetama fecundidade, sobressaemos sociaise os culturais.Destes,os maisimportantes sãoospapéis',queamulherdesempenhanafaIIll1ia,na,economiaena sociedadeeÍngeral. As taxasde fecundidadecaemà medida queaument<ip1,suasoportunidadesde empregoforadecasa- na cidadeou no,cámpo- e elaspassamatermaisacessoàeducação e'a casar-semCJ.istarde.Por isso,aspolíticasdestinadasa baixar as taxasde fecundidadedevemnãos6 abrangerincentivose de- sincentivoseconômicos,comoprocurardaràmulherumaposição melhorna sociedade.Essaspolíticasdeveriam,emessência,pro- moverosdireitosdamulher. A pobrezageraaltastaxasde aumentopopulacional:as famí- lias malprovidasderenda,empregoouprevidênciasocial,preci- samde filhos, primeiroparatrabalhare maistardeparasustentar os pais idosos.As taxasdefecundidadebaixarãocasosetomem medidasparapropiciaràs fann1iaspobresummeiode vidaade- quado,paraestabelecere reforçarna legislaçãoumaidademíni- i; Um aumen,í:opopulacionalexcessivofazcomqueos frutosdode- senvolvimentosejamrepartidosporumnúmerocadavezmaiorde pessoas,não permitindpque, emmuitospaísesem desenvolVi- mento,os padrõesde vida se elevem;é imperativorequziras atuaistaxasde aumentopopulacionala fim de seatingiro desen- volvimentosustentável.Os pontoscríticossão o equilíbrioentre tamanhoda populaçãoe recursosdisponíveis,e a taxade au- mentopopulacionalem relaçãoà capacidadeelaeconomiade atenderàs necessidadesbásicasda população,nãos6 hoje, mas por gerações.Uma perspectivade tão longo prazoé necessária porqueas atitudesem relaçãoà fecundidaderaramentemudam comrapideze porque,mesmodepoisquea fecunclidnclccomeçaa declinar,os aumentospopulacionaisanterioresindicamumimppl- so de crescimentoquandoaspessoasatingema idadedeprocriar. Não importao modocomoumanaçãobusqueo desenvolvimento ções de saúdemelhorarampraticamenteem todaparte;e, pelo menosno que tangea essesdois indicadores,diminuiua lacuna entreospaísesindustrializadose osemdesenvolvimento. Dos muitosfatoresquepodemaumentara expectativadevida c reduziras taxasde mortalidade,valea penaressaltardois.Pri- meiro,emboraemtermosgeraisa riquezadeumpaíssereflitana saúdedessepaís, algumasnaçõese áreasrelativamentepobres, comoChina, Sri Lankae o estadoindianodeKerala,forammuito bem-sucedidaseipsuastentativasdebaixara mortalidadeinfantil e melhoraras cOI).Qiçõesde saúde,por meioda melhoriadaedu- cação- sobretudodasmulheres-, dainstituiçãodeserviçosbási- cos de saúdee de outrosprogramasde assistênciamédica.12Se- gundo,as reduçõesmaissignificativasnas taxasde mortalidade do mundoindustrializadoocorreramantesdo adventodosmedi- camentosmodernos;deveram-sea melhorescondiçõesde nutri- ção, habitaçãoe higiene.Os progressosrecentesocorridosnos paísesemdesenvolvimentodeveram-setambémemgrandepartea programasde saúdepública,sobretudoao controlede doenças transmissíveis. A educaçãoé outro aspecto-chaveda "qualidadeda popula- 'ção".Nas últimasdécadasasoportunidadeseducacionaisamplia- ram-sebastanteem quasetodosos países.Houve grandespro- gressosem termosde matrículasescolares,índicesde alfabetiza- ção, ampliaçãodo ensinotécnicoe desenvolvimentodetécnicas científicas. 4.3 UMA ESTRUTURA DE POLÍTICA 114 li' maparaa mão-de-obrainfantil,e paraassegurarumaprevidência socialfinanciadacomrecursospúblicos.Programasmelhoresde saúdepúblicae de nutriçãoinfantil,quefaçamcair as taxasde mortalidadeinfantil - para que os pais não precisemde filhos "extras"comoprecauçãocontraa mortede outrosfilhos -, po- demtambémajudara reduziros níveisdefecundidade. Todosessesprogramassó conseguemreduzirastaxasdenata- lidadequandoseusbenefíciossãopartilhadospelamaioriadapo- pulação.As sociedadesque tentamestenderos benefíciosdo crescimentoeconômicoa umsegmentomaisamplodapopulação podemsermaisbem-sucedidasno tocantea baixarsuastaxasde natalidadedo queas sociedadesqueapresentamumcrescimento econômicomaiore maisacelerado,porémumadistribuiçãomais desigualdosbenefíciosdessecrescimento. Assim,as estratégiasdemográficasdos paísesemdesenvolvi- mentotêmdelidarnãos6coma variávelpopulaçãopropriamente dita,mastambémcomas condiçõeseconômicase sociaissubja- centesao subdesenvolvimento.Devemabrangermúltiplosaspec- tos:dar maismotivaçõessociais,culturaise econômicasaosca- saisparaquetenhammenosfilhose, medianteprogramasdepla- nejamentofamiliar,propiciara todosos interessadosa educação, os meiostecno16gicose os serviçosnecessáriosao controledo tamanhodasfarmlias. Os serviçosde planejamentofamiliardemuitospaísesemde- senvolvimentoressentem-seda falta de integraçãocom outros programasquereduzema fecundidadee atémesmocomaqueles queaumentama motivaçãopararecorrera essesserviços.Tanto aoseremplanejadosquantoao seremimplementados,essesservi- ços permanecemdesvinculadosdos programasrelativosà fecun- didade- comonutrição,saúdepública,assistênciamatemo-in- fantil e educaçãopré-escolar- que se desenvolvemna mesma áreae freqüentementesãocusteadospelamesmaagência. É preciso,portanto,queessesserviçossejamintegradosa ou- trosesforçosquevisama facilitaro acessoà assistênciamédicae à educação.O apoioclínico requeridopelamaioriadosmétodos de contracepçãomodernostomaos serviçosdeplanejamentofa- miliar bastantedependentesdo sistemade saúde.Alguns gover- nos conseguiram,com sucesso,aliar programaspopulacionaisa projetosde saúde,educaçãoe desenvolvimentorurul,c os im- plantaram'comopartede programassócio-econômicosmaisam- plos emaldeiasou regiões.Essaintegraçãoaumcntafi ll1otivaçfto, facilitao acessoe tomamaiseficazesos investimentosemplane- jamentofamiliar. Atualmente,apenascercade 1,5%da ajudaoficial 110 desen- volvimentodestina-seà assistênciapopulaciona1.1:)lnldizlIlcntc, 116 "O meioambientediz respeito.a todos,o desenvolvimentodiz respeitoa todos,a vidaeo viverdizemrespeitoa to...dos..Creio quea soluçãoseráestimular'a instruçãoambientalemmassa, paraquepossamsertomadasdecisõesdemocráticaseesclareci- das,poisseasdecisõespar.tiremdeunspoucos,semincluira opiniãodasmassas,especialmenteas organizaçõesnão-gover-. namentais,o maisprováveléquenãosecheguea soluçõesade- quiulas.Elasserãoimpostasdecima,opovonãoreagirápositi- vamentea elaseoprojetofracassaráantesdecomeçar." JosephOuma ReitordaEscoladeEstudosAmbientais,UniversidadeMoi Audiênciapúblic'adaCMMAD, Nair6bi,23desetembrode1986i algunspaíse1;doadoresreduziramsuaassistênciaa programaspo- pulacionais'ihúltilateraise os enfraqueceram;isto temde sercor- rigido. '.. O Zimbábuefoi bem-sucedidona integraçãode seusesforços deplanejmnentofamiliartantocomserviçosdesaúdenU'aiscomo comoutrosesforçosparatomarasmulheresniaiscapazesdeor- ganizaratividadesem grupoe ganhardinheiro com seupróprio trabalho.No início, a açãodo governonão se destinavatantoa limitaro aumentopopulacional,masa ajudaras'mulheresaespa- çar os partos,no interesseda saúdeda mãee da criança,e a prestarassistênciaàs mulheresestéreisparaquegerassemfilhos. Mas aospoucosas farmliascomeçarama usaros contraceptivos dequedispunhamparaespaçarospartosa fim delimitara fecun- didade.Hoje, o Zimbábueé o país da África subsaarianaque maisseutilizadosmétodosdecontracepçãomodernos.14 4.3.2Administrandoadistribuiçãoeamobilidade A distribuiçãodapopulaçãopelasdiferentesregiõesdeumpaísé influenciadapeladisseminaçãogeográficadasatividadese opor- tunidadeseconômicas.A maioriadospaísesestáteoricamenteen- gajadaemequilibraro desenvolvin?-entoregional,masnaprática raramenteo consegue.Os governoscapazesdedifundiroportuni- dadesde empregopor todoo territóriodeseuspaísese sobretudo pelo interiorrestringemo crescimentorápidoe quasesempredes- ,controladode umaou duascidades.Talvez o programaqacional mais ambiciosodessetipo seja o. esforçofeito na China para manterindústriasdeporteurbanonocampo. 117 "Os fenômenosdenwgráficosconstituema essênciadaproble- máticado desenvolvimentoafricano;são os dadosquelevama maioriados analistasa proje!arpara a África umacrisecont{- Ilua e cada vezmais grave.E semdúvidaimperativoe urgente queos governosafricanosadoteme implementemcomrigoruma polfticapopulacionaldelongoalcance. Umaquestãorelevantequeprecisaserexaminadamaisafim-do tJ o uso do sistematributáriocomomeiode controlaro au- II/l'flfo dapopulaçãoedesestimul(lramigraçãorural-urbana. , Para desaceleraro aumentopopulacional,dever-se-iadar às /amfllas semfilhos lDnincentivofiscal ou isençãode impostos? f)cver-se-iaimpor umasançãofiscal para cadafilho queultra- pm'.\'asseum nU:merodeterminado,considerandoqueo sistema tributárionãoresolveuoproblel11Gdamigraçãopopulacional?" AdebayoAdedeji DiretorexecutivodaComissãoEconômicaparaaÁfrica AudiênciapúblicadaCMMAD,Harare,18desetembrode1986 A migraçãodo campoparaacidadenão'constituiummalemsi mesma;faz partedo processode desenvolvimentoe diversifica- çfio daeconomia.O problemanãoétantoa migraçãorural-urbana global,masa distribuiçãodo crescimentourbanoentregrandes mctr6polese cidadesdepequeno.porte.(Ver capítulo9.) Comprometer-secomo desenvolvimentoruralimplicadarmais ntençãoàrealiz?-çãodo potencialde desenvolvimentodetodasas regiões,sobretudoasmenos.favorecidasdo pontodevistaecoló- gico. (Ver capítulo5.) Isso ,ajudariaa reduzira migraçãonessas áreasemfunçãoda faltade'oportunidades.Mas os governosde.- veriamevitarexcessosno sentidooposto,e nãoestimularaspes- soasa se mudaremparaáreasescassamentepovoadas,comoas fl.orestastropicaisúmidas,ondeasterraspodemserincapazesde provero sustentodasfarm1ias. 4.3.3Dopassivoaoativo Quandoumapopulaçãoexcedea capacidadede produçãodosre- cursosdisponíveis,podese tomarum passivonos esforçospara dàrmaisbem-estaràspessoas.Mas falardepopulaçãoapenasem termosnuméricospodedeixarencobertoumpontoimportante:as pessoastambémsãoumrecursocriativo,e essacriatividadeé um ativo que as sociedadesdevemaproveitar.Para alimentare au- mentaresseativo, é precisomelhoraro bem-estarfísico daspes- 118 soas,atravésde umamelhornutrição,assistênciamédicaetc.É precisotambémpropiciar-Iheseducaçãoparaajudá-Iasa setomar maiscapazese criativas,maispreparadas,maisprodutivase mais capacitadasa lidarcomosproblemasdo dia-a-dia;Tudoissotem de serconseguidomedianteo acessoe.aparticipaçãonosproces- sosdodesep.volvimentosustentável. 4.3.3.1M,e1horandoascondiçõesdesaúde Umaboasaúdeé a basedo bem-estare daprodutividadehuma- nos.Por isso, umapolíticasanitáriaembasesamplasé essenci.aÍ· ao desenvolvimentosustentável.No mundoemdesenvolvimento, os gravesproblemasdo mauestadode saúdeestãointimamente ligadosàs condiçõesambientaise aosproblemasdo desenvolvi- mento. A maláriaé a principaldoençaparasíticados trópicos,e sua incidênciaestáestreitamenteligadaà eliminaçãoe'à drenagem daságuasservidas.As grandesrepresase sistemasde irrigação fizeramaumentaracentuadamentea incidênciadeesquistossomo- seemmuitasáreas.Deficiênciasde abastecimentode águae de saneamentosão ·diretamenteresponsáveis.por outrasdoenças muitopifundidas,comoadiarréiaeváriasverminoses. Emborase tenhamfeito muitosprogressosnos últimosanos, 1,7bilhão de pessoasaindanãodispõemdeáguapotávele .1,2 bilhão, de saneamentoadequado.15M~itasdoençaspodemser controladaspor meio não s6 de intervençõesterapêuticas,mas tambémde melhoriasno abastecimentode águadasregiõesru- rais,saneamentoe educaçãosanitária.Paratanto,é realmentene- cessáriaumasoluçãocalcadano desenvolvimento.No mundoem desenvolvimento,o númerody bicasdeumaregiãoé.umindício melhorda saúdede umacomunidadedo queo númerodeleitos hospitalares. Outrosexemplosdo vínculoentredesenvolvimento,cóndições ambientaise saúdesãoapoluiçãodoare asdoençasrespiratórias decorrentes,o impactodascondiçõeshabitacionaisna transmis- sãoda tuberculose,os efeitosdassubstânciascancerígenase tó- xicas,e a possibilidadede acidentesno trabalhoe emoutroslo- cais. Muitosproblemasde saúdeadvêmdedeficiênciasdenutrição, queexistemempraticamentetodosos paísesemdesenvolvimen- to,e demodomaisacentuadoemáreasdebaixarenda.A subnu- triçãoestáemgrandeparterelacionadacomumadeficiênciacaló- rica ou protéicaou comambas,masalgunsregimesalimentares tambémdeixama desejaremelementosc componentesespecífi- cos,comoferroe iodo. As condiçõesd<: s:\\ídcmc.lborllrliomuito 119 _ " •••"."." ••_ .•• _--"~~"-,,",, ~ __"-,_ .. -,, J'_:-_ ... -_ .,7;:~,:-,:-._..~::..:-~====="'~==",""'=======~=== nasáreasdebaixarendacompolíticasquepropiciemumaprodu- çãomaiordosalimentosbaratosqueospobrescostumamcomer_ cereaisnão-refinadose tubérculos. Essesvínculosentresaúde,nutrição,meioambientee desen- volvimentomostramque as políticassanitáriasnão podemser concebidaspuramenteemtermosdeterapêuticaou medicinapre- ventiva!ou mesmoemtermosdemaioratençãoà saúdepública. São necessáriasabordagensintegradasque reflitamobjetivos- chavede·naturezasanitáriaemáreascomoproduçãode alimen- tos;abastycirnentode águae saneamento;política industrial,so- bi"ctudono quese referea segurançac poluição;c plancjamento de assentamentosh~manos.Além disso,é precisoidentificaros gruposvulneráveise os riscosquecorrea saúdedessesgrupos,e garantirqueos fatoressócio-econôrilicossubjacentesa essesris- cossejamlevadosemcontaemoutrasáreasdapolíticadesenvol- vimentista. Por isso, a estratégia"Saúde paraTodos", da Organização MundialdaSaúde,deveriair muitoalémdo fornecimentodepes- soalmédicoe ambulatóriose abrangeros fatosligadosà saúdede todasasatividadesdedesenvolvimento.16Além disso,essaabor- dagemmaisampladeverefletir-seemacordosinstitucionaispara umacoordenaçãoeficientedetodasessasatividades. No campomaisrestritodoatendimentomédico,umbomponto de partidaé propiciarserviçosbásicosde saúdee assegurarque todostenhama oportunidadede usá-Ios.A assistênciamédica matemo-infantilé tambémde particularimportância.Nestecaso, a infra-estruturaérelativamentebaratae podesermuitobenéfica paraa saúdee o bem-estar.A mortalidadematernapodeserdras- ticamentereduzida,casose disponhade um sistemaorganizado departeirastreinadase deproteçãocontrao tétanoe outrasinfec- çõesdo parto,e tambémdealimentaçãosuplementar.Da mesma forma,as taxasde sobrevivênciainfaptil podemsermuitomais altas,casosecriemprogramasdebaixocustoparavacinar,ensi- nare fornecerterap'iadereidrataçãooral contraadiarréia,eesti- mulara amamentação(quepor suavezpodereduzira fecundida- de). O atendimentomédicotemde ser complementadopor uma educaçãosanitáriaeficiente.Embreve,certasregiõesdoTcrceiro Mundopoderãoapresentarum númerocadavezmaisaltodeca- sosdedoençasligadasaosestilosdevida dasnaç6csindustriali- zadas- sobretudocâncerecardiopatias.Poucospafsesemdesen- volvimentopodemarcarcomos altoscustosdo tratamentodestas doenças,e deveriamcomeçaragora a educar seus cidadãos quantoaosperigosdofumoedasdietasmuitoricasemgorduras. 120 "Achoquen6s,naÁsia,buscamoso equilíbrioentrea vidaes- piritualea material.Percebiquevocêstentaramseparara reli- giãodo ladotecnológicoda vida.O errodo Ocidentenãofoi exatcunentedesenvolvera tecnologiasemética,semreligião?Se foi, esetemosapossibilidadedeseguiroutrocaminho,nãode- vertamosaconselharosquetrabalhamcomtecnologiaa busca- remumtipodiferentedetecnologia,quetenhapor:basenãosóa racionalidade,mastambémo aspectoespiritual?Seráissown sonho,oualgoquenãopodemosevitar?" Depoimentodeumparticipante AudiênciapúblicadaCMMAD, Jacarta,26demarçode1985 A rápidadisseminaçãodasíndromedaimunodeficiênciaadqui- rida (Aids), tantonospafsesemdesenvolvimentocomonos de- senvolvidos,pode alterardrasticamenteasprioridadessanitárias de todasas nações.A Aids ameaçamatarmilhõesde pessoase conturbara economiade muitospaíses.Os governosdeveriam deixarde lado a timideze alertarimediatamenteseuscidadãosn respeitodessasíndromee dos modoscomose difunde.É essen- cial a cooperaçãointernacionalna pesquisae no combatedessa doença.. Outrograndeproblemaparaa saúde,comramificaçõesinter- nacionais,éo aumentodatoxicomania.Esseproblemavincula-se estreitamenteao crimeorganizadono tocanteàproduçãodedro- gas,aotráficointernacionalemgrandeescalae àsredesdedistri- buição.Distorcea economiade muitasáreaspoucoprbdútivase destróipessoasemtodoo mundo.Para enfrentar~sseflagelo,a cooperaçãointernacionalé indispensável.Algunspaísestêmde despendersomasbastanteelevadasparapôr fIm à produçãoe ao tráficode narcóticos,diversificaros cultivos.eapliCaresquemas de reabilitaçãonasáreasprodutoras,quegeralmentencamesgo- tadas.Tudoistorequermaiorassistênciainternacional. Grandeparteda pesquisamédicaconcentra-seem produtos farmacêuticos,vacinase outrostiposde intervençãotecnológica quevisamo controledasdoenças.Muitasdessaspesquisasrefe- rem-sea doençasdos paísesindustrializados,já que seutrata- mentorepresentapartesubstancialdasvendasdas indústriasfar- macêuticas.•É urgenteque se intensifiquetnas pesquis'jlssobre doençastropicaisligadasao meio ambiente,que c.onstituemo maiorprobl~masanitáriodoTerceiroMundo.Essaspesq~isasnão deveriam;êôncentrar-seapenasem novos medicamentos,ruas tambémehi:inedidasde saúdepública para o controledessas 121 ~~'.."!i\i.;:Z;;]i~~?'~:-.::.~,;;~>t:,::,~;;,:"":':''::-:;·':·~;::2..J::..:...,-~:i::;~b·~._,,:,.~~,-:,,-__,.:':~' •• "A educaçãoea comunicaçãosãodeimportânciavitalparaque cadaindivfduoseconscientizedesuaresponsabilidadeparacom ofuturosadiodomundo.O melhormeiodeosestudantesreco- nheceremquesuasaçõestêmconseqüênciaséa escolaoua co- munidadeorganizaremprojetosdosquaiselesparticipem.Uma vezconvencidasde quepodemcolaborar,aspessoastendema mudarde atitudee de comportamento.As novasatitudespara como meioambienteserefletirãonasdecisõestomadasemcasa enassalasdereuniãoemtodoomundo." VancssaAlIison EstudantedoNorthTorontoCollegiateHighSchool AudiêneiapúblieadaCMMAD,Ottawa,26-27demaiode1986 doenças.Conviria fortalecermuitomaisos acordosjá existentes de colaboraçãointernacionalparaa pesquisade doençastropi- cais. 4.3.3.2Ampliandoa educação O desenvolvimentodosrecursoshumanosrequerconhecimentose técnicasqueajudemas pessoasa termelhordesempenhoeconô- mico. O desenvolvimentosustentávelexigemudançasdevalores e atitudesparacom o meioambientee o desenvolvimento- na verdade,paracom a sociedadee o trabalhodoméstico,empro- priedadesruraisou emfábricas.Todasasreligiõespoderiamco- laborar,orientandoe motivandoa formaçãodenovosvaloresque salientassema responsabilidadeindividuale coletivaparacomo meioambientee paracomaharmoniadestecomahumanidade. A educaçãodeveriatambémestarequipàdi1l-iJaratornaraspes- soasmaiscapazesdelidarcomosproblemasdesuperpopulaçãoe de densidadespopulacionaismuitoelevadas,e estarmaisçapaci- tadaa rrlelhoraro quesepoderiachamarde "capacidadessociais deprodução".Isso é indispensávelparaevitarrupturasnatecitu- ra social;e a escoladeveriatentaraumentaros níveisdetolerân- cia e empatianecessários~vidanum,mundosuperpovoado.Para quehajamelhorescondiçõesdesaúde,fecundiclademaisbaixae melhornutriçãosãonecessáriasmaisinstruçãoe maiorresponsa- bilidadecívicae social.A educação,alémde propiciartudo isso, podetomara sociedademaisaptaparasuperara puhreza,c1cvffi" asrendas,melhorara saúdee a nutrição,e reduzirII tlllllllllhodas fmm1ias. 122 oinvestimentoemeducaçãoe o aumentodasmatrículaseSCO- laresverificadosnasúltimasdécadassãoindíciosdeprogresso.O acessoà educaçãovemcrescendo,e deverácontinuara crescer. Hoje, quasetodosos meninosdo mundorecebemalgl1mtipode instruçãoprimária.Na Ásia e na África, no entanto,astaxasde matrículasescolardemeninassãomuitoinferioresàsdemeninos, emtodosos níveis,Aindaexistetambémgrandedefasagementre paísesdesenvolvidose emdesenvolvimentonoquetangeàstaxas dematrículaapóso nívelprimário,comomostraa tabela4.4. As projeçõesda ONU referentesa taxasde matrículaescolar parao ano2000indicamqueessastendênciasdevemsemanter. Por isso,apesardo incrementono ensinoprimário,o analfabetis- mo continuaráa aumentarem númerosabsolutos:no fim do sé- culo,maisde 900milhõesde pessoasnãosaberãoler nemescre- ver. Por essaépoca,prevê-seque,naÁsia, astaxasdematrícula escolardemeninasaindaestarãoabaixodastaxasatuaisparame- ninos.No tocanteaoensinosecundário,prevê-sequeporvoltado ano2000,os paísesemdesenvolvimentoaindanãotenhamatin- gido sequeros níveis apresentadospelos'paísesindustrializados em 1960.17 Parahaverumdesenvolvimentosustentável,é precisoretificar essastendências.A tarefaprincipaldaspolíticaseducacionaisé promovera alfabetizaçãouniversale acabarcom as defasagens entretaxasde matrículaescolarde meninose meninas.Se esses objetivosfossematingidos,a produtividadee as rendaspessoais aumentariame mudariaa atitudeindividualpaiã-coma saúde,a 'nutriçãoe ap!"ocriação.Isto tambémpodetomaraspessoasmais conscientes'd<5Sfatoresambientaisdodia-a-dia.As oportunidades de ensinoposteriorao primáriodevemserampliadasparapropi- ciarosconhecimentosnecessáriosàobtençãodo desenvolvimento sustentável.'" Um sérioproblemacom que se defrontammuitospaísesé o desempregogeneralizadoe a inquietaçãodaí decorrente.Muitas vezesa educaçãonão conseguecapacitaras pessoasa obterem empregosadequados.Isso se evidenciano grandenúmerodede- sempregadosqueforampreparadosparaexercerfunçõesburocrá- ticasem populaçõesurbanascadavez maiores.A educaçãoe ti formaçãoprofissionaldeveriamtambémvisarà aquisiçãodeco- nhecimentospráticose de técnicasprofissionalizantes,e,'princi- palmente,aaumentara autoconfiançapessoal.Tudo issoclevcria serapoiadopor esforçosno sentidodefortalecero setorinformal e incrementaraparticipaçãodeorganizaçõescomunitárias., Dar oportunidadesé apenasumcomeço.Deve-semelhorarti 123 ':'-,:""",.' "."", ,- . '. "-=-0.' "" ••••_~ ••••~..:.....:..~,~_i,_\i._~..:.::.::~.'~.:...:...;...:......::...~:...:.:;;..;:~.:..~;...;.'~.:.:...~i...::..;~.i.;.:"'::.:,..~·.,:.~,;'. qualidadeda educaçãoe adequá-Iamaisàscondiçõeslocais.Em muitasáreas,o ensinodeveriaestarinteg·radoà participaçãodas criançasno trabalhoagrícola,processoque requerflexibilidade por partedo sistemaescolar;deveriatransmitirconhecimentos aplicáveisà administraçãocorretadosrecursoslocais.Do currí- éulodasescolasruraisdeveriamconstarmatériasversandosobre os solos locais,a águae suaconservação,o desflorestamentoe comoa comunidadeeaspessoaspodemrepará-lo.A formaçãode professorese a elaboraçãodo currículoescolardeveriamserde moldea fazerosalunosáprenderemmaissobreos dadosagrícolas deumaárea.. ' A maioriadaspessoasbaseiasuacompreensãodosprocessos ambientaise dedesenvolvimentoemcrençastradicionaisou nas informaçõestransmitidaspor umaeducaçãoconvencional.Mui- tas,portanto,continuamignorandocomoaperfeiçoaras práticas tradicionaisde produçãoe protegermelhora basede recursos naturais.Por isso,a educaçãodeveriasermaisabrangentee en- globaras ciênciassociaise naturaise tambémas humanidades, paraquese pudessepercebera interaçãodos recursosnaturaise humanos,dodesenvolvimentoe meioambiente. A educaçãoambientaldeveriaconstardo currículoformálem todosos níveis- taIltocomomatériaisolada,quantocomoparte de outrasmatérias.Issoaumentariao sensode responsabilidade dosalunosparacomo estadodomeioambientee lhesensinariaa controlá-Io,protegê-lo e melhorá-Ia.É impossívelatingiresses objetivossemqueos alunosse engajemno movimentoemprol de ummeioambientemelhor,sejaatravésdeclubesdevotadosà natureza,sejaatravésde gruposde interesse.A educaçãode adultos,o ensinoprofissionalizante,a televisãoe outrosmétodos menosformaisdevemser usadospara atingir o maiornúmero possívelde pessoas,porqueasquestõesambientaise os sistemas de conhecimentoagoramudamradicálmenteí no espaçode uma geração. , r A formaçãode professoresé umpontovital. As atitudesdos professoresserãofundamentaisparaque se tenhaurnacompre- ensãomaisamplado meioambientee deseusvínculoscomo de- senvolvimento.Paraqueelesse tornemmaisconscientesc mais bempreparadoscomrelaçãoa esseassunto,asagêncinsmultila- teraise bilateraisdevemprestarapoioà elaboraçflodeumcUITf- culo adequadonasinstituiçõesdeformaçãodeprofessores,i\ prc-' paraçãodemateriaisdidáticose aoutrasatividadesligadasfi fÍ.rca. Essaconscientizaçãogeralpoderiaser facilitada.estimulando-se os professoresde diferentespaísesa entraremem conllllo,por exemplo,emcentrosespecializadoscriadospamt~s(cnnl. 1244.3.3.3FÔT1alecendoosgruposvulneráveis Os processosdo desenvolvimentogeralmentefazem.com que as comunidadeslocais se integremgradualmentenumaestruturaso- cial e econômicamais ampla.Mas algumascomunidadés- os chamadospovos indígenas·ou tribais- permanecemisoladasde- vido a fatorestais comobarreirasfísicasà comunicaçãoou dife- rençasmarcantesde práticassociaise culturais.Tais grupossão encontradosna Américado Norte,na Austrália,na baciaamazô- nica,naAméricaCentrál,nasflorestase montanhasda Ásia, nos desertosdo nortedaÁfrica e emoutroslugares.. Seu isolamentoresultouna preservaçãode um modode vida tradicionalemÍntimaharmoniacomo ambientenatural.A própria sobrevivênciadessespovosdependeude suaconsciênciae adap- taçãoecológiqas.Mas o isolamentofez tambémcomquepoucos partilhassem"dO desenvolvimentoeconômicoe socialdeseuspaí- ses;e a issopodesedeverseuestadoprecáriodesaúde,nutrição eeducação.':': À medidàqi:íeo desenvolvimentoo~ganizadovai chegandoàs regiõesremotâ~,essesgruposficam menosisolados.Muitos vi- vememáreasricasemrecursosnaturaisvaliososqueos planeja- dorese "desenvolvimentistas"desejamexplorar;e essaexplora- ção conturbao meioambientelocal a pontode pôr em risco os modosde vida tradicionais.As mudançasJegais e institucionais queacompanhamo desenvolvimentoorganizadocontribuempara aumentarapressão. A interaçãocadavez maiorcomo mundoestátomandoesses gruposmaisvulneráveis,já quemuitasvezessãodeixadosà mar- gemdosprocessosde desenvolvimentoeconômico:'A discrimina- ção sociál, as barreirasculturaise a exclusãodessespovos dos processospolíticosnacionaisdeixam-nosvulneráveise sujeitosà exploração.Muitos gruposperdemsuasterrase ficammargináli- zados,e suaspráticastradicionaisdesaparecem.Tomaili:se víti- masdo quepoderiaserchamadodeextinçãocultural. Tais comunidadessãodepositáriasde umvastoacervode co- nhecimentose experiênciastradicionais,queliga a humanidadea suasorigensancestrais.Seudesaparecimentoconstituiumaperda paraa sociedade,que teriamuitoa aprendercom suastécnicas tradicionaisde lidar comsistemasecológicosmuitocomplexos.É de umaterrívelironiaque,à medidaqueo desenvolvimentofor-I malvá atingindomaisintensamenteas florestastropic;lls,os de- sertose outrosambientesisolados,tendaa destruirasúnic~scul- turasquese mostraramcapazesde lidar bemcomessesambien- tes. 125 l'"··.·,..- .. ','.. ,',,:'.":. '"!IiI.:....--.....•..'_~ __ ~_,~.._ .. ''',-•. I':stouaquicomofilho deuinapequenanação,a naçãoind{ge- 'H' Krenak.Vivemosno valedorio Doce,nadivisadosestados Esp{ritoSantoe MinasGerais.SomosWil micropa{s- wna mlcronação. Quandoo governotomounossaterrano valedo rio Doce, tj/I(~rianosdaroutra,emoutrolugar.MasoEstado,ogoverno,lHlllaisentenderáquenãotemosoutrolugarparair. Para o povoKrenak,.oúnicolugarondeépossfvelviver,e Pl{abelecernossaexistência,falar comnossosdeuses,falarcom !fossanatureza,organizarnossasvidas,é o lugarondenosso /l1'US noscriou.É inútilo.governonoscolocarnumlugarmuito /.,mito,numlugarmuitobom,commuitacaçae muitapesca. Nt5s,opovoKrenak,continuaremosmorrendoemorreremosin- ;~/stindoemquesóháumlugarondepodemosviver. Meu coraçãonãofiça feliz emvera incapacidadedosho- mens. Nãotenhoprazernenhumemvir aquiefazeressasdecla- mções. Já nãopodemosencararoplanetaemquevivemoscomo /1m tabuleiro.dexadrezondeaspessoassimplesmentemovemas /wças.Nãopodemosconsideraroplanetaalgoisoladodocósmi- co. Não somosidiotasparaacreditarqueéposs{velviverlonge do lugarondenossavidateveorigem.Respeitemo lugaronde vivemos,nãodeterioremnossascondiçõesde·vida,respeitemes- .\'a vida.Nãotemosannasparapressionar,tudooquetemoséo direitodereclamarnossadignidadeea necessidadedevivermos emnossaterra." AiltonKrenak Coordenadorda UniãodeNaçõesIndígenas AudiênciapúblicadaCMMAD, SãoPaulo,28-29deoutubrode1985 .O pontode partidaparaumapolíticajustae humanaemrela- ção a essesgruposé o reconhecimento~a prQteçãode seusdi- f\1itostradicionaisà terrae a outrosrecursosnos quaisse ap6ia seumododevida- .direitosqueele'spodemdefiniremtermosque nãose enquadramnos sistemaslegaisregulares.As prÓpriasins- tituiçõesdessesgrupospararegulamentardireitosc obrigações sãofundamentaisparaa manutençãoda harmoniacoma natureza e da consciênciaambientalcaracterísticado modode vidatradi- cional.Por isso, o reconhecimentodos direitostmdicionnifldeve se associara medidasde proteçãodasinstituiç(Il'Hlocaisquecn- fatizama responsabilidadenousodosrecursos.FuJ'. pnrttltUJ1lb6m dessereconhecimentodar voz ativa às comunidndmllocllis nas decisõesreferentesaousodosrecursosdasáreaswlde vivel\1. 126 A proteçãodosdireitostradicionaisdeveriaser acompanhnda demedidaspositivasparamelhoraro bem-estardacomunidadede- formaadequa~aao estilodevida do grupo.Por exemplo,os ga- nhosauferidos'comas atividadestradicionaispodemsei aumell·· tadosmediantea introduçãode acordosde comercializaçãoqtH.~ asseguremumpreçojustoparaaprodução,e tambémpormcdidas paraconservar/efortalecera basede recursose aumentara pro- dutividadedessesrecursos. As políticasde promoçãoque interferemnasvidasdepovos isoladose tradicionaisdevemser executadasde formaa não mantê-Iosnumisolamentoartificiale talvezindesejado,e elefor- maa nãodestruirarbitrariamenteseusestilosdevida.Portanto,é essencialtomarmedidasabrangentesno tocanteao dCf>cnvolvi- mentodosrecursoshumanos.Devem-seprovidenciarserviçosde saúdeparacomplementare aperfeiçoaras práticastl'ladidollllis; corrigirasdeficiênciasimtricionaise criar instituiçõesdeemiillll. Tudoissoprecisaserfeitoantesdajmplantaçãodenovosprojt1t1I~ que abramcampoparao desenvolvimentoeconômico.Tl\lllh~111 sãonecessáriosesforçosespeciaisparaassegurarqtll~11l'lllllllnl- dade local se beneficieplenamentedessesprojetos,prlndpnl mentenoquesereferea emprego. Em númerosabsolutos,essesgruposisoladose vulncn'lvdsNno pequenos.Mas suamarginalizaçãoé sintomadeumestilodode- ser.volvimentoque tendea negligenciarconsideraçõestantoele ordemhumanacomoambiental.Por isso,'umexamemaiscons- cientee cuidadosodessesinteressesé a pedrade toqueparauma políticadedesenvolvimentosustentável. Notas 1 Departmentof lnternationalEconomicandSocialAffair" (Ilitsa). Worldpopulationprospects;estimatesandprojectionsasassesscdÍu Jlm,1. NewYork,UnitedNations,1986. 2Ibid. 3 Baseadoemdadosde:UNCTAD. Handbookof internationalITa{f"1111.1 developmentstatistics1985supplement.NewYork,1985. 4BancoMundial.Relat6riosobreo desenvolvimentomundial1984.l~illdr Janeiro,FundaçãoGetulioVargas,1984. 5Ibid. 6Diesa,op.cito 7 UnitedNations.PopulationBulletinof theUnitedNations.n. J4. /Wi.J NewYork,1983. 8 Clark,C. Populationgrowthand land use.NewYork, St. M:lltíll'/i Press,1957. 9BancoMundial.op.cito 127 Entre1950e 1985,aproduçãodecereaissuplantouo aumentoda população,passandode cercade 700milhõesde toneladaspara mais.de 1,8bilhãode toneladas,uma·taxade crescimentoanual deaproximadamente2,7%.3Esseincn:m6ntoajudoua atenderàs crescentesdemandasdeoereaisacarretadaspeloaumentopopula- cionale pelaelevaçãodasrendasnospaísesemdesenvolvimento e tambémpelasnecessidadescrescentesderaçãoanimalnospaí- sesdesenvolvidos.Mas houvegrandesdiferençasno desempenho regional.(Vyr tabela5.1.) . Como a p~pduçãoaumentouacentuadamenteeI):1algumasre- giõese a demandaemoutras,a estruturadocomérciomundialde alimentos,eDJ1:>articularde cereais,alterou-seradicalmente.A .Américado;Norte, queexportouapenas5 milhõesde toneladas de grãosalime,ntíciosao anoantesda lI.GuerraMundial, chegou a quase,120milhõesnosanos80. Hoje,odéficitdegrãosnaEu- Hoje,.a produçãomundialde alimentospor habitanteé a maior verificadaemtodaahistóriadahumanidade.Em 1985foramprq- duzidosquase500kgpor habitantede cereaise tubérculos,as fontesbásicasda alimentação.1Mas emmeioa essaabundância, maisde 730 milhõesdepessoasnãocomemo suficienteparale- varumavidaplenamenteprodutiva.2Há lugaresondequasenada écultivado;e há lugaresondegrandenúmerode pessoasnãoga- nha o suficienteparacompraralimentos.Eem amplasáreasda Terra,tantonos paísesemdesenvolvimentocomonosdesenvol- vidos,'o aumentoda produçãode alimentosestáprejudicandoa basedaproduçãofutura. Dispomosdosrecursosagrícolase datecnologianecessáriapa- ra alimentarpopulaçõescadavez maiores.Nas últimas.décadas houvemuitosprogressos.Não faltamreoursosparaa agrioultura; o quefaltasãopolíticasqueasseguremqueo alimentosejapro- duzidonãosó ondeé necessário,masdemodoa garantira sub- sistência.daspopulaçõespobresrurais.Paraenfrentaressedesa- fio, teIl,losde consolidarnossasconquistas'y traçarnovasestraté- giasparagarantiralimentoe meiosdesubsistência. 129 S. SEGURANÇA ALIMENTAR: MANTENDO O POTENCIAL 5.1 CONQUISTAS /i 128 10Ibid. I I Diesa,op.cit. 12WorldHeaIthOrganization.Intersectorallinkagesandhealthdevelop- ment,casestudiesin India(Keralastate),Jamaica,Norway,Sri Lankaand Thailand.Geneva,1984. 13BancoMundial.op.cito 14 Timberlake,L. Only one Earth; Iiving for the future. London, BBC/Earthscan,1987 15UnitedNationsEnvironmentProgramme.Tlzestateoftheenvironment; environmentandhealth.Nairóbi,1986. 16 World HealthOrganization.Global strategyfor healthfor all by the year2000.Geneva,1981. 17 Unesco.A summarystatisticalreviewof educationin the world, 1960-82.Paris,1984.
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