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DESAFIOS COMUNS (cáp.4)

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11
27 UN CcntreonTransnationalCorporations.Transnationalcorporations
111worlddevelopmentthirdsurvey.New Y ork,UnitedNations,1983.
~~d ...
29 CommonwealthWorking Group. TecllllOlogicalchange.London,
COll1ll1onwcalthSecretariat,1985.
~OReferimo-nosàsatividadesdosinstitutosinternacionaisqueatuamsob
lipmtt1çfiodoGrupoConsultivosobrePesquisaAgrícolaInternacional,do
IIlInca Mundial.
100
\
Parte11
DESAFIOS COMUNS
~ª.!\~~~-,fJ.:',l;!.:1~:.:::~;t_:":~:-I::':'."~~·_~~";C:;,22L_L..:~~~~:,i.;t."·;S~.~·,,"';'4_k":':"'".':,;...•c..-,...c.~...;.;...-=-~----
4. POP.ULAÇÃO E RECURSOS HUMANOS
Em 1985,cercade 80milhõesde pessoasvieramsomar-senllma
populaçãomundialde4,8bilhões.A cadaano,aumentao n(unero
de sereshumàrios,maspermanecefinitàa quantidadederecursqs
naturaisdestina.dosao sustentodessa·população,à melhoriada
qualidadeda,vida humanae à eliminaçãodapobrezageneraliza-
.da.Por outrolado,a expansãodosconhecimentos,faz aumentarl\
\produtividadedosrecursos..
As atuaistaxasdeaumentopopulacionalnãopodemcontinuar.
Já estãocomprometendoa capacidadedemuitosgovcrn()~deror~
necereducação,serviçosmédicose segurançaalimenllll'hs peN~
soas,elatésuacapacidadedeeleva<ros padrõel'(k vida. 11,1i11ltil'·
fasagementrenúmerode pessoase recursos6 nintlll 1l111itl pll'
menteporquegrandepartedo aumentopopulacionlll11(\ l'lIl1l't'I,lnt
empaísesdebaixarenda,emregiõesdesfavorccidllNdll pOlllotil'
vistaecológicoe emáreasdepobreza.
Mas a questãopopulaçãonãose limitaao númerode 1lt'IlNutHL
Pode haverpobrezae degradaçãode recÚrsos(IIll (ireM 11ll111o
poucopovoadas,comoasterrasáridase asflorcstnstropkniN.Ali
pessoassãoo recursofundamental.Mediante,mclhorins'nllcdu('n~
ção, no saneamentoe na nutrição,elaspoderiamusarmolhoros
recursosde que dispõeme fazê-Iosdurarmais.Além disso, aR
ameaçasao uso sustentáveldos recursosadvêmtantodasdesi-
gualdadesde acessoaos recursose dos modospelosquaissfio
usados,quantodo númerodepessoas.Assim,.apreocupaçãoçom
o "problemapopulacional"despertatambéma.preocupaçãocom
o progressohumanoe a igualdadehumana.
As taxasde aumentopopulacionalnãosãoumdesafioapenas
paraasnaçõesqueapresentamaltastaxasdeaumento.Umapes-
soaa maisnumpaísindustriaÜzadoconsomemuitomaise exerce
pressãomuitomaiorsobreosrecursosnaturaisdo queumapesson
a maisno TerceiroMundo.Para a conser'{a'çãodos recursos,os
padrõese aspreferênciasde consumosãofãoimportantesquanto
o númerodeconsumidores. '\ .
Assim,muitosgovernostêmdelutaremváriasfrentes- conter
o aumentopopulacional;controlaros efeitosdesseaumento'sobre
osrecursose, dispondodemaisconhecimentos,ampliaroslimites
dessesrecursose aumentarsuaprodutividade;possibilitaràrcali~
zaçãodo potencialhumano,paraqueas pessoaspossamecono-
103
"A partir de 1970tomou-semodaestabelecerdistinçãoentre
populaçãoemeioambientecomosesetratassededuasáreasem
crise,mascomfreqüêncianosesquecemosdequeapopulaçãoé
naverdadeparteintegrantedomeioambientee,portanto,quan-
donosreferimosapopulação,estamosnosreferindonãosóaos
meiosambientesflsico, biológicoe qufmico,mastambémaos
meioambientesócio-culturalousócio-econômiconosquaisesses
programasdedesenvolvimentoestãosendoimplantados.E faz
muitomaissentidofalardepopulaçãodentrodeumcontexto."
Dr.I.O.Oucho
InstitutodeEstudosePesquisasPopulacionais
AudiênciapúblicadaCMMAD, Nairóbi,23desetembrode1986
105
. A pr6priapossibilidadededesenvolvimentopodesercompro-
metidapor altastaxasde aumentopopulacional.Além disso, a
maioriados paísesem desenvolvimentonão dispõede recursos
paraesperaralgumasgeraçõesatéquea populaçãoseestabilize.
A opçãodemigrarparanovasterraspraticamentejá nãoexiste.E
os baixosníveisdedesenvolvimentoeconômicoe socialconjuga-
dosa umarelaçãomutávelentrecomércioe produçãolimitamas
possibilidadesde usaro comérciointernacionalparaaumentaro
acessoaosrecursos.Destaforma,senãohouvermedidasdelibe-
radas,o desequilíbrioentreaumentopopulacionale desenvolvi-
r>., mentoderecursosseagravará.
~,~)\. A pressãopopulaciona:já estáforçandoos agricultorestradi-~~ ) Clonmsa trabalharemmms,quasesempreem fazendascadavez
cl, menoressituadasemterrasmarginais,apenasparamantera renda
'\familiar.Na África e na Ásia, a populaçãoruralpraticamentedo-
\brouentre1950e 1985,comum correspondentedecIínionadis-
jponibilidadede terra.!O rápido aumentopopu~acionaltambém
'cria problemasurbanosde cunhoeconômicoe social,queamea-
çamtomaras cidadesimpossíveisde administrar.(Ver capítulo
9.)
Serãonecessáriosmaioresinvestimentosapenasparamanteros
atuaisníveis,já insatisfat6rios,de acessoa educação,assistência
médicae outrosserviços.Em muitoscasos,os recursosexigidos
simplesmentenãoexistem.Deterioram-seascondiçõessanitárias,
de habitação,a qualidadeda educaçãoe dos serviçospúblicos;
aumentamo desemprego,a migraçãoparaascida,dese a agitação
social. ' ,
Os paísesindustrializadosseriamentepreocupadoscomasaltas
taxasde aUlflentopopulacionalverificadasem outraspartesdo
O aumentopopulacionale o desenvolvimentotêmvínculoscom-
plexos.O desenvolvimentoeconômicogerarecursosquepodem
serusadosna melhoriada educaçãoe da saúde.Tais melhorias,
juntamentecomasmudançassociaisa elasligadas,reduzemtanto
astaxasde fecundidadecomoasdemortalidade.Já asaltastaxas
de aumentopopulacionalquecorroemos excedentesdisponíveis
parao desenvolvimentoeconômicoe socialpodemimpedirme-
lhoriasnaeducaçãoe nasaúde.
No passado,por meio da intynsificaçãoda agriculturae do
aumentoda produtividade,as naçõespuderamenfrentaras cres-
centespressõespopulacionaissobrea terradisponível.A migra-
ção e o comérciointernacionalde alimentose combustíveisali-
viavama pressãosobreos recursoslocais,permitindomanteras
altasdensidadespopulacionaisdealgunspaísesindustrializados.
A situaçãoé diferentena maioriado mundoemdesenvolvi-
mento,ondeasmelhoriasobtidasnamedicinae nasaúdepública
fizeramastaxasdemortalidadecaíremacentuadamentee astaxas
de aumentopopulacionalatingiremníveis semprecedentes.Mas
as taxasde fecundidadepermanecemelevadas,grandeparteelo
potencialhumanonão chegaa se realizare o desenvolvimento
econômicoestáestagnado.A,intensificaçãoda agriculturapode,
atécertoponto,restauraro equilíbrioentreproduçãodealimentos,
e população,,masnão podeultrapassarcertoslimites.(Ver box
4.1.)
4.1. OS VÍNCULOS COM O MEIO AMBIENTE E
O DESENVOLVIMENTO
'IIÚzare usarmelhoros recursos;e proporcionaràspessoasoutras
formasdesegurançasocialquenãoumgrandenúmerodefilhos.
Os meiosde atingiressesobjetivosvariarãode país parapaís,
mas todos devemter em menteque o crescimentoeconômico
sustentáveleo acessoeqüitativoaosrecursossãoduasdasformas
maissegurasdesechegara taxasdefecundidademaisbaixas.
Dar àspessoasos meiosparaqueescolhamo tamanhodesuas
famíliasnãoé apenasummétodo'paramantero equilíbrioentre
populaçãoe recursos;é ummodode garantir- sobretudoàsmu-
lheres-' o direitohumanobásicoda autodetenninação.A quanti-
dadede meiosdisponíveisparao exercíciodessaescolhamedeo
desenvolvimentode umanação.Da mesmaforma,o incremento
do potencialhumanonão s6 promoveo desenvolvimentocomo
tambémajudaa asseguraro direitode todosa'umavidaplenae
digna.
104
!li••••••II
It"
-
, I
I
Box 4.1 O equilíbrio entrealimentoepopulação
A FAO e o InstitutoInternacionalparaa AnálisedeSiste-
masAplicadosrealizaramumestudoconjuntoparaavaliara
capacidadepotencialdaterraparasustentarapopulaçãonos
paísesem desenvolvimento.Dados sobreas características
do solo e da terraforamcombinadoscomdadosrelativosao
climaa fim de calcularaprodutividadepotencialdasprinci-
pais culturas,selecionaras culturasótimase deduziropo-
tencialtotal deproduçãodecalorias.Foramcalculadostrês
níveisde produçãoagricola:o primeiro,compoucatecnolo-
gia, nenhumfertilizanteou produtoquímico,variedadesde
culturatradicionaise nenhumaconservaçãodo solo; o se-
gundo,com um nível médiode tecnologiausandometade
dasterrasparaa culturamistamaisprodutivae fertilizantes,
variedadesmelhoradase algumaconservaçãodo solo; e o
terceiro,comaltoníveldetecnologia,umamisturaidealde
culturase tecnologiaemtodaa terra.A capacidadede sus-
tentodapopulaçãofoi determinadadividindo-seaprodução
totaldecaloriaspor umnível ITÚnimode ingestãoper capi-'
ta.Esse número·foi entãocomparadocoma variantemédia
dasprojeçõespopulacionaisdaONU.
Os 117paísesem desenvolvimentoestudados,em con-
junto, podemproduzircomidasuficienteparaalimentaruma
vez e meiasuapopulaçãoprojetadaparao ano2000,mesmo
com um nível baixode tecnologia.Mas o quadroé menos
alentadorno quesereferea cadapaísisoladamente.Como
nível baixodetecnologia,64países(comumapopulaçãode
cercade 1,1 bilhão) não terãorecursospara se alimentar.
Com os métodosagrícolasmais avançados,o númerode
paísescuja produçãopotencialde alimentosficariaabaixo
do necessáriocai para19,comumapopulaçãototalde 100
milhões.Destes,quasetodossão paísesde alta rendado
Oeste·asiático e algunssão pequenosEstadosinsulares.
Muitos dessespaísesestãocapacitadosa obterdivisassufi-
cientesparaimportaro alimentode queprecisam.No caso
dos demais,é precisomodernizara agriculturanumabase
sustentável.
mundotêmobrigaçõesquevãoalémdo simplesfornecimentode
pacotesde ajudasoba formadematerialparao planejamentofa-
miliar. O desenvolvimentoeconômico,por meiode seusefeitos
indiretossobreos fatoressociaise culturais,reduzastaxasdefe-
cundidade.Portanto,aspolíticasinternacionaisqueinterferemno
desenvolvimentoeconômicointerferemtambémna capacidadede
106
I
I
I
j
\
I.,
1
·1
J
I,
i'
I
I
I'
Alguns pesquisadoresestabeleceramo potencial"teóri--
co" daproduçãoglobaldealimentos.Segundoumdosestu-
dos, <;t áreadestinadaao cultivo de alimentospodeser·de
cercade:1,5bilhãode hectares(nívelpróximodoatual)e a .
produtividademédiapodeiia chegara cinco toneladasde
equiválentesem grãospor hectare(emcomparaçãocoma
médiaatualde duastoneladasde equivalentesem grãos).
Considerando-sea.produçãodas áreasde pastageme dos
mananciaismarinhos,o "potencial" totalsitua-seem oito
toneladásdeequivalentesemgrãos.
Quantaspessoaspodemsersustentadascomisso?A mé-
dia globalatualde consumode energiavegetalemalimen-
tos,sem:entese raçãoanimalé de cercade6 mil caloriasao
dia- variandode3 mil a 15mil entreospaíses,dependendo
dos níveisde consumode cáme.Tomandoissoporbase,a
produçãopotencialpoderiasustentarpoucomaisde 11bi-
lhõesde pessoas.Mas seo consumomédioaumentarmuito
_ digamos,para9 mil calorias- a capacidadeprodutivada
populaçãodaTerracai para7,5bilhões.Essesnúmerospo-
deriamsermuitomaisaltos.se a áreadestinadaà produção
de alimentose a produtividadede 3 bilhõesdehectaresde
pastagenspermanentespudessemseraumentadosnumabase
sustentável.Contudo,os dadoslevamrealmentea crerque,
.paraatend.eràs necessidadesalimentaresdeumapopulação
mundialde cercade 10 bilhõesde pessoas,seriapreciso
mudarumpoucoos hábitosalimentareseitambémmelhorar
bastantea eficiênciadaagriculturatradicional.
Fontes:Gilland,B. Considerationson worldpopulationandfood
supply.PoplllationandDevelopmentReview,9(2):203-11;l;Iiggins,
G.M. et a1ü,Potentialpoplllationsllpportingcapacitiésof landsin
thedevelop~kf5'}world.Rome,FAO, 1982;Mahar,·DJ.,ed.Rapid
poplllationgfowthandhllmancarryingcapacity.Washington,D.C.,
WorldBank;1985.(StaffWorkingPapersn.690.)
umanaçãoemdesenvolvimentode administrarseuaumentopo-
pulacional.É por issoquea preoc?paçãocomo aumentopopula-
cional devefazerpartedeumapreocupaçãomaisampla.comum
ritmomaisaceleradode desenvolvimentoeconômicoe socia~nos
paísesemdesenvolvimento.
Em últimaanálise,aquestãopopulacional,tantonospaísesem
107
"-~~~~;J:L..~:~;__ '_'·...~~~~,~........,..:..~_~~~~d<2::.._~:.~:,.~:--':':'::',:~:'~.i;';':---'c.":· , -~~~ .••.•" .,'..c-.. __ - •.•
••ti
desenvolvimentoquantonos desenvolvidos,refere-sea sereshu-
manose não a números.É falso e injustoparacoma condição
humanaconsideraraspessoasmerosconsumidores.Seubem-estar
e segurança- segurançana velhice,dec1ínioda mortalidadein-
fantil, serviçosmédicosetc. - são a metado desenvolvimento.
Quasetodasasatividadesqueaumentamo bem-estare a seguran-
çadiminuemriaspessoaso desejodetermaisfilhosdoqueelase
osecossistemasdopaíspodemsuportar.
4.2. A PERSPECTIVA POPULACIONAL
4.2.1O aumentoemnúmeros
oaumentopopulacionalacelerou-seemmeadosdo séculoXVITI
'com o adventoda RevoluçãoIndustriale das correspondentes
melhoriasna agricultura,nãos6 nas regiõesmaisdesenvolvidas
comotambémemoutras.A faserecentede aceleraçãocomeçou
por voltade 1950,quandoas taxasde mortalidadesereduziram
acentuadamentenospaísesemdesenvolvimento. '
Entre 1950e 1985,a populaçãomundialaumentouaumataxa
anualde 1~%, em comparaçãocom os 0,8% dos primeiros50
anosdo século.2Hoje, o aumentopopulacionalconcentra-senas
regiõesem desenvolvimentoda Ásia, África e AméricaLatina,
responsáveispor 85%do aumentodapopulaçãomundiala partir
de 1950.(Ver tabela4.1.)
Os processosde aumentopopulacionalvão'se alterandona
maioriadospaísesemdesenvolvimento,àmedidaqueastaxasde
natalidadee mortalidadecaem.No início dosanos50,quaseto-
dos os paísesemdesenvolvimentoapresentavamtaxasdenatali-
dadesuperioresa 40 e taxasde mortalidadeslJ.perioresa20,sen-
do a grandeexceçãoas baixastaxasde mortalidadedaAmérica
Latina.(Essastaxasreferem-seaonúmeroanualdenascimentose
. mortespormil habitantes.)Hoje, a situaçãoébemdife,rente:
, e 32%dapopulaçãodo TerceiroMundovivemempaíses- como
Chinae RepúblicadaCoréia- comtaxasdenatalidadeinferiores
a25e taxasdemortalidadeinferioresa 10;
4) 41% vivemempaísesondeastaxasde natalidadecaíram,mas
nãotantoquantoas de mortalidade,e cujaspopulaçõescrescem
cercade 2% - emoutraspalavras,dobrama cada34 anos.Entre
essespaísesestãoo Brasil, Índia,Indonésiae México;
" os 27% restantesvivemempaísescomoArgélia, Bangladesh,
Irã e"Nigéria,ondeas taxasde mortalidadecaíramligeiramente,
mas~staxasdenatalidadepermanecemelevadas.O 1I11l1lcnfoglo-
bal d?,populaçãositua-senafaixados2,5a 3% (dobrandoacnelai
108
Fonte: Departrrien.tof IntemationalEconomicanpSocialAffairs.World
populationprospet:;ts;estimatesandprojectionsasassessedin 1984.New
York,UnitedNations,1986.
1Dadosreferentesaoaumentonadécadaanteriorou,nocasodaúltima
coluna,noscincoallOS anteriores.
28-23anôs),comtaxasdeaumentoaindamaIselevadasemcertos
países,comoo Quênia.3
No mundoindustrializado,as taxasdefecundidadedeclinaram
'e a populaçãonãoestáaumentandorapidamente.Na verdade,es-
tabilizou-seem muitospaíses.Ainda assim,{espera-seque por
voltade2025apopulaçãodaAméricadoNorte,Europa,URSS e
Oceaniatenhaaumentadoem230milhões,númeroatualdehabi-
tantesdosEUA.
A aceleraçãodo aumentopopulacionalno TerceiroMundoe o
declínio dos níveis de fecundidadenospaíses industrializados
estãoalterandoradicalmenteos padrõesde distribuiçãoetária.
Nos países.em desenvolvimento,predominamos jovens. Em
1980,39%daspopulaçõesdospaísesemdesenvolvimentotinham
menosde 15anos;nospaísesindustrializados,essepercentua!era
deapenas23.4Porém,nestesúltimospaíses,a proporçãodeido-
Sosvemcrescendo.Em 1980,aspessoasde 65 anosou maisre-
presentavam11% dapopulação;nospaísesemdesenvolvimento,
109
110
1Projeçõesdevariantemédia.
Tabela4.2
Tamanhodapopulação- atualeprojetado- e taxasdeaumentoI
4.2.2Mudançasna mobilidade
o númerode pessoasna Europa, Japão, Américado Norte e
URSS quintuplicouentre1750e 195{)J)~eaparticipaçãodessasre-
giõesna populaçãomundialaument~acentuadamentenessepe-
ríodo.8Por voltade fins do séculoXIX, a preocupaçãocomas
pressõespopulacionaisse.intensificouna Europa.As migrações
paraa AméricadoNorte,Austráliàe NovaZelândiaajudaramaté
certoponto.Quandoatingiuo'auge,entre188'1e 1910,aemigra-
ção permanenteabsorveuquase20% do aumet\topopulaci<mal
verificadonaEuropa.9
Hoje, porém,a migraçãojá não é um fatordeterminantena
distribuiçãoda populaçãoentreos países.De 1970a 1980,a
emigraçãopermanente,comopercentualdo aumentopopulacio-
nal, caiu para4% na Europae foi de apenas2,5% na América
Latina.As percentagenscorrespondentesnaÁsia e naÁfricafo-
rambastanteinferiores.10Assim, a opçãodeemigrarparanovas
terrasnãotevee nãoterágrandesignificaçãoparaaliviaraspres-
sõesdemográficasnos paísesemdesenvolvimento.Na verdade,
reduzo tempodisponívelparaequilibrara populaçãocOmos re-
cursos.
Dentrodecadapaís,hámaismobilidadepopulacional.,O aper-
feiçoamentodas comunicaçõespossibilitougrandesdeslocamen-
tosdepe'ssoas,àsvezescomoumareaçãonaturalaoaumentadas
oportunidadeseconômicasemdeterminadasáreas.Algunsgover-
111
na ou na Ásia. Em algunspaísesem desenvolvimento,comoa
China, as taxasde aumentopopulacionaljá estãobemabaixode
2%e a expectativaé quecaiama menosde 1% porvoltado iní-
cio dopr6ximoséculo.6
Refletindoo "ímpeto"do aumentopopulacional,asprojeções
delongoprazodaONU mostramqueno nívelglobal: '
e sea fecundidadeatingiro nível dereposiçãoem2010,apopu-
laçãoglobaise/estabilizaráem7,7bilhõesporvoltade2060;
o se essataxa'for atingidaem2035,a populaçãoseestabilizará
em10,2bilhões.porvoltade2095;,. j
fi se,no entanto,a taxas6for atingidaem2065,apopulaçãoglo-
balem2100poderáserde 14,2bilhÕes'?
Essasprojeçõesmostramqueo mundotemopções.A adoção
depolíticasparabaixarastaxasdefecundidadepoderia-significar
umadiferençadebilhõesnapopulaçãoglobaldopr6ximoséculo.
A Ásia meridional,a África e a AméricaLatinasãoresponsáveis
pelamaiorpartedasdiferençasentreas trêsvariantes.Por isso,
muitodependeda eficácia,daspolíticaspopulacionaisnessasre-
giões.
Taxadeaumentoanual
(%)
1950
19852000
a
aa
1985
20002025
1,9
1,61,2
2,6
3,12,5
2,6
2,01,4
2,1
1,61,0
1,3
0,80,6
0,7
0,30,1
1,3
0,80,6
1,9
1,40,9
Região 198520002025
Mundo
4,86,18,2
África
0,560,871,62
AméricaLatina
0,41 ,0,550,78
Ásia
2,823,554,54
AméricadoNorte
Q,260,300,35
Europa
0,490,510,52
URSS
0,280,310,37
Oceania
0,020,030,04
Fonte: Departmentof InternationalEconomicandSocialAffairs.World
populationprospeCts;estimatesandprojectionsasassessedin 1984.New
York,UnitedNations,1986.
População(bilhões)
apenas4%.5Assim, no mundoindustrializado,umnúmerorelati-
,vamentemenorde pessoasemidadedetrabalharterádesuportar
o ônusdemanterumnúmerorelativamentemaiordeidosos.
A alteraçãoda estruturaetáriaajudaa estabelecerasestruturas
do futuro aumentopopulacional.O fato de havermuitosjovens
nos paísesem desenvolvimentosignifica que no futuromuitos
delesserãopais,e assim,mesmoquecadapessoatenhamenosfi-
lhos, o númerototaldenascimentoscontinuaráaaumentar.O au-
mentopopulacionalpode persistir·por algumasdécadasap6so
declíniodastaxasde fecundidadeparao "nível dereposição"de
pouco mais de dois filhos, em média,por casal.Destaforma,
muitasnaçõesterãoseguramentealtastaxasde aumentopopula-
cionalnaspróximasgerações..
As projeçõesdemográficasindicamque a populaçãoglobal
aumentaráde4,8 bilhõesem1985para6,1bilhõesnouno2000e
para 8,2 bilhõesem 2025. (Ver tabela4.2.) Mais de 90% desse
aumentodeverãoocorrernas regiõesem desenvolvimento.Há
grandesdiferençasentreos paísesdessasregiões,e o impulsodo
aumentopopulacionalé maiorna África do quenaAméricaLuti-
';_;":':_'..~.•;.~C:~'...:.;;~~~~~~""""';"~----'~ --'-~""'-'."''''''-'-
113
>.
o "estado de saúde" de uma sociedadeé um conceito c0mple-
xo ede difícil mensuração.Mas encontram-sebem à mão dois in-
dicadores que refletem pelo menos alguns aspectos da saúde de
uma sociedagy:,a expectativa de vida e as taxas de mortalidade
infantil. (Ver tabela4.3.) Essas estatísticasindicam que as condi-
.I;";><'~'<~;."
'tabela 4.4
Taxas de matrículasdos sexosmasculino e feminino, por região,
1960e 1982
SexomasculinoSexofeminino
Região
1960198219601982- Mundor
NíveLprirnário92,2101,371,187,3
I
Nívelsecundário31,353,323,142,5
i I
África
I
Nívelprimário56,289,232,072,1
j J
Nívelsecundário7,329,62,919,5
1 1
AméricaLatina
1
e CaribeI Nívelprimário75,0106,271,2103,3I
Nívelsecundário14,946,613,648,5
1
AméricadoNorte
I
Nívelprimário117,4119,7116,4119,9
Nívelsecundário
69,485,4\71,486,6
!
Ásia
Nívelprimário
94,9100,163,179,9
)
Nívelsecundário29,349,316,632,9
EuropaeURSS
Nívelprimário
103,4105,4 •102,7104,5
Nívelsecundário
46,576,244,681,3
Oceania
Nívelprimário
102,2102,9100,798,9
Nívelsecundário
53,871,158,8".\72,0
Fonte:CMMAD, combaseemdadosde:Unesco.A summarystatistical
reviewof educationin theworld,1960-1982.Paris,July 1984.
Obs.:Os númerossãopercentuaisdos gruposcujasidadescorrespondem
ao nívelde educaçãoquerecebem.Como hámuitascriançasmaisvelhasnaescolaprimária,osperc'entuaispodemsermaioresque100.
,;.""
,_;. ~~";.-~~C;;:,:,,.:_~~:::,;,::,_~,;,:':"'.
Melhorias nas condições gerais de saúde e educação - mas em
especial das mulheres,e associadasa outrasmudançassociais que
, elevam o statusfeminino - podem ser muito importantespara a
redução das taxasde aumentopopulacional. Contudo, numperío-
do inicial, melhoresserviços médicos significam que maisrecém-
nascidos vivem para reproduzir, e que as mulheres terão filhos
por um período de tempomais longo.
nos estimularambastantea migração de áreas densamentepovoa-
t1l1H pura outrasde populaçãoescassa.Fenômeno mais recentesão
011 "refugiados ecológicos", que abandonamas áreasonde o meio
IIl11hicntese deteriorou.
Grande partedos deslocamentosdá-se do campopara a cidade.
(Ver capítulo 9.) Em 1985, cerca de 40% da população mundial
viviam em cidades; a magnitude da migração para as cidades é
ntestadapelo fato de que, a partir de 1950, o aumentoda popula-
Çno urbanafoi maior que o aumentoda população rural, tantoem
termos percentuais como absolutos. Esse deslocamentoé mais
impressionantenos paísesem desenvolvimento,onde o númerode
citadinos quadruplicounesseperíodo.ll
4.2.3Melhoresçondiçõesdesaúdeeeducação
112
Fonte!:CMMAD, combaseemdadosde:WorldResourcesInstitute/lnter-
nn!lonnlInstitutefor Environmentand Development.World resources
1986.Ncw York, BasicBooks,1986.
Tabela 4.3
Indicadores de saúde
Expectativade
Taxasdemortalidade
vidaaonascer
infantil(mortespor
(anos)
milnascidosvivos)
R~p'irío
1950-551980-851960-651980-85
Mundo
49,964,611781
J\rrlcll
37,549,7 .157114
ANIII
41,257,913387
América doSul
52,364,010164
AmériCli doNorte
64,471,14327
I\uropn
65,373,23716
URSS
61,770,93225
Occunln
61,067,65539
sustentávele níveismaisbaixosde fecundidade,ambostêmvín-
culosestreitose reforçam-semutuamente.
As medidasdestinadasa alteraro tamanhodapopulaçãos6são
eficazesem combinaçãocom outrasquestõesrelativas-a desen-
volvimentoe meioambiente.O tamanho,a densidade,amobili-
dade'e a taxade aumentodeumapopulaçãonãopodemseralte-
radosa curto prazo se essesesforçosse chocamcompadrões
opostos,dedesenvolvimentoemoutrasáreas.As políticaspopula-
cionaisdevemvisar a aspectosmaisabrangentesqueo simples
controlede números:sãotambémimportantesmedidasparame-
lhorara qualidadedosrecursoshumanosnotocantea saúde,edu-
caçãoe desenvolvimentosocial.
Um primeiropassoseriaos governosabandonarema falsadi-
visãoentregastos"produtivos"ou "econômicos"e gastos"so-
ciais". Os planejadoresprecisamentenderqueos gastoscomati-
vidadespopulacionaise comoutrosesforçosparaqueo potencial
humanose realizesão cruciaisparaas atividadeseconômicase
produtivasde umanaçãoe paraa obtençãodeumprogressohu-
manosustentável-a finalidadedosgovemos.
115
4.3.1Administrandooaumen,topopuladonaI
As políticaspopulacionaisapresentamnívéis desiguaisde pro-
gresso.Alguns paísescomsériosproblemasdemográficosadotam
políticasabrangentes.Outros IÍmitam-seapromovero planeja-
,mentofamiliar.Outrosaindanemissofazem."
Umapol,íticapopulacionald~yeriadefinire adotaramplasme-
tasdemográficasnacionais,relacionando-ascomoutrosobjetivos
s6cio-econômicos.Dentreos fatoresqueafetama fecundidade,
sobressaemos sociaise os culturais.Destes,os maisimportantes
sãoospapéis',queamulherdesempenhanafaIIll1ia,na,economiaena sociedadeeÍngeral. As taxasde fecundidadecaemà medida
queaument<ip1,suasoportunidadesde empregoforadecasa- na
cidadeou no,cámpo- e elaspassamatermaisacessoàeducação
e'a casar-semCJ.istarde.Por isso,aspolíticasdestinadasa baixar
as taxasde fecundidadedevemnãos6 abrangerincentivose de-
sincentivoseconômicos,comoprocurardaràmulherumaposição
melhorna sociedade.Essaspolíticasdeveriam,emessência,pro-
moverosdireitosdamulher.
A pobrezageraaltastaxasde aumentopopulacional:as famí-
lias malprovidasderenda,empregoouprevidênciasocial,preci-
samde filhos, primeiroparatrabalhare maistardeparasustentar
os pais idosos.As taxasdefecundidadebaixarãocasosetomem
medidasparapropiciaràs fann1iaspobresummeiode vidaade-
quado,paraestabelecere reforçarna legislaçãoumaidademíni-
i;
Um aumen,í:opopulacionalexcessivofazcomqueos frutosdode-
senvolvimentosejamrepartidosporumnúmerocadavezmaiorde
pessoas,não permitindpque, emmuitospaísesem desenvolVi-
mento,os padrõesde vida se elevem;é imperativorequziras
atuaistaxasde aumentopopulacionala fim de seatingiro desen-
volvimentosustentável.Os pontoscríticossão o equilíbrioentre
tamanhoda populaçãoe recursosdisponíveis,e a taxade au-
mentopopulacionalem relaçãoà capacidadeelaeconomiade
atenderàs necessidadesbásicasda população,nãos6 hoje, mas
por gerações.Uma perspectivade tão longo prazoé necessária
porqueas atitudesem relaçãoà fecundidaderaramentemudam
comrapideze porque,mesmodepoisquea fecunclidnclccomeçaa
declinar,os aumentospopulacionaisanterioresindicamumimppl-
so de crescimentoquandoaspessoasatingema idadedeprocriar.
Não importao modocomoumanaçãobusqueo desenvolvimento
ções de saúdemelhorarampraticamenteem todaparte;e, pelo
menosno que tangea essesdois indicadores,diminuiua lacuna
entreospaísesindustrializadose osemdesenvolvimento.
Dos muitosfatoresquepodemaumentara expectativadevida
c reduziras taxasde mortalidade,valea penaressaltardois.Pri-
meiro,emboraemtermosgeraisa riquezadeumpaíssereflitana
saúdedessepaís, algumasnaçõese áreasrelativamentepobres,
comoChina, Sri Lankae o estadoindianodeKerala,forammuito
bem-sucedidaseipsuastentativasdebaixara mortalidadeinfantil
e melhoraras cOI).Qiçõesde saúde,por meioda melhoriadaedu-
cação- sobretudodasmulheres-, dainstituiçãodeserviçosbási-
cos de saúdee de outrosprogramasde assistênciamédica.12Se-
gundo,as reduçõesmaissignificativasnas taxasde mortalidade
do mundoindustrializadoocorreramantesdo adventodosmedi-
camentosmodernos;deveram-sea melhorescondiçõesde nutri-
ção, habitaçãoe higiene.Os progressosrecentesocorridosnos
paísesemdesenvolvimentodeveram-setambémemgrandepartea
programasde saúdepública,sobretudoao controlede doenças
transmissíveis.
A educaçãoé outro aspecto-chaveda "qualidadeda popula-
'ção".Nas últimasdécadasasoportunidadeseducacionaisamplia-
ram-sebastanteem quasetodosos países.Houve grandespro-
gressosem termosde matrículasescolares,índicesde alfabetiza-
ção, ampliaçãodo ensinotécnicoe desenvolvimentodetécnicas
científicas.
4.3 UMA ESTRUTURA DE POLÍTICA
114
li'
maparaa mão-de-obrainfantil,e paraassegurarumaprevidência
socialfinanciadacomrecursospúblicos.Programasmelhoresde
saúdepúblicae de nutriçãoinfantil,quefaçamcair as taxasde
mortalidadeinfantil - para que os pais não precisemde filhos
"extras"comoprecauçãocontraa mortede outrosfilhos -, po-
demtambémajudara reduziros níveisdefecundidade.
Todosessesprogramassó conseguemreduzirastaxasdenata-
lidadequandoseusbenefíciossãopartilhadospelamaioriadapo-
pulação.As sociedadesque tentamestenderos benefíciosdo
crescimentoeconômicoa umsegmentomaisamplodapopulação
podemsermaisbem-sucedidasno tocantea baixarsuastaxasde
natalidadedo queas sociedadesqueapresentamumcrescimento
econômicomaiore maisacelerado,porémumadistribuiçãomais
desigualdosbenefíciosdessecrescimento.
Assim,as estratégiasdemográficasdos paísesemdesenvolvi-
mentotêmdelidarnãos6coma variávelpopulaçãopropriamente
dita,mastambémcomas condiçõeseconômicase sociaissubja-
centesao subdesenvolvimento.Devemabrangermúltiplosaspec-
tos:dar maismotivaçõessociais,culturaise econômicasaosca-
saisparaquetenhammenosfilhose, medianteprogramasdepla-
nejamentofamiliar,propiciara todosos interessadosa educação,
os meiostecno16gicose os serviçosnecessáriosao controledo
tamanhodasfarmlias.
Os serviçosde planejamentofamiliardemuitospaísesemde-
senvolvimentoressentem-seda falta de integraçãocom outros
programasquereduzema fecundidadee atémesmocomaqueles
queaumentama motivaçãopararecorrera essesserviços.Tanto
aoseremplanejadosquantoao seremimplementados,essesservi-
ços permanecemdesvinculadosdos programasrelativosà fecun-
didade- comonutrição,saúdepública,assistênciamatemo-in-
fantil e educaçãopré-escolar- que se desenvolvemna mesma
áreae freqüentementesãocusteadospelamesmaagência.
É preciso,portanto,queessesserviçossejamintegradosa ou-
trosesforçosquevisama facilitaro acessoà assistênciamédicae
à educação.O apoioclínico requeridopelamaioriadosmétodos
de contracepçãomodernostomaos serviçosdeplanejamentofa-
miliar bastantedependentesdo sistemade saúde.Alguns gover-
nos conseguiram,com sucesso,aliar programaspopulacionaisa
projetosde saúde,educaçãoe desenvolvimentorurul,c os im-
plantaram'comopartede programassócio-econômicosmaisam-
plos emaldeiasou regiões.Essaintegraçãoaumcntafi ll1otivaçfto,
facilitao acessoe tomamaiseficazesos investimentosemplane-
jamentofamiliar.
Atualmente,apenascercade 1,5%da ajudaoficial 110 desen-
volvimentodestina-seà assistênciapopulaciona1.1:)lnldizlIlcntc,
116
"O meioambientediz respeito.a todos,o desenvolvimentodiz
respeitoa todos,a vidaeo viverdizemrespeitoa to...dos..Creio
quea soluçãoseráestimular'a instruçãoambientalemmassa,
paraquepossamsertomadasdecisõesdemocráticaseesclareci-
das,poisseasdecisõespar.tiremdeunspoucos,semincluira
opiniãodasmassas,especialmenteas organizaçõesnão-gover-.
namentais,o maisprováveléquenãosecheguea soluçõesade-
quiulas.Elasserãoimpostasdecima,opovonãoreagirápositi-
vamentea elaseoprojetofracassaráantesdecomeçar."
JosephOuma
ReitordaEscoladeEstudosAmbientais,UniversidadeMoi
Audiênciapúblic'adaCMMAD, Nair6bi,23desetembrode1986i
algunspaíse1;doadoresreduziramsuaassistênciaa programaspo-
pulacionais'ihúltilateraise os enfraqueceram;isto temde sercor-
rigido. '..
O Zimbábuefoi bem-sucedidona integraçãode seusesforços
deplanejmnentofamiliartantocomserviçosdesaúdenU'aiscomo
comoutrosesforçosparatomarasmulheresniaiscapazesdeor-
ganizaratividadesem grupoe ganhardinheiro com seupróprio
trabalho.No início, a açãodo governonão se destinavatantoa
limitaro aumentopopulacional,masa ajudaras'mulheresaespa-
çar os partos,no interesseda saúdeda mãee da criança,e a
prestarassistênciaàs mulheresestéreisparaquegerassemfilhos.
Mas aospoucosas farmliascomeçarama usaros contraceptivos
dequedispunhamparaespaçarospartosa fim delimitara fecun-
didade.Hoje, o Zimbábueé o país da África subsaarianaque
maisseutilizadosmétodosdecontracepçãomodernos.14
4.3.2Administrandoadistribuiçãoeamobilidade
A distribuiçãodapopulaçãopelasdiferentesregiõesdeumpaísé
influenciadapeladisseminaçãogeográficadasatividadese opor-
tunidadeseconômicas.A maioriadospaísesestáteoricamenteen-
gajadaemequilibraro desenvolvin?-entoregional,masnaprática
raramenteo consegue.Os governoscapazesdedifundiroportuni-
dadesde empregopor todoo territóriodeseuspaísese sobretudo
pelo interiorrestringemo crescimentorápidoe quasesempredes-
,controladode umaou duascidades.Talvez o programaqacional
mais ambiciosodessetipo seja o. esforçofeito na China para
manterindústriasdeporteurbanonocampo.
117
"Os fenômenosdenwgráficosconstituema essênciadaproble-
máticado desenvolvimentoafricano;são os dadosquelevama
maioriados analistasa proje!arpara a África umacrisecont{-
Ilua e cada vezmais grave.E semdúvidaimperativoe urgente
queos governosafricanosadoteme implementemcomrigoruma
polfticapopulacionaldelongoalcance.
Umaquestãorelevantequeprecisaserexaminadamaisafim-do tJ o uso do sistematributáriocomomeiode controlaro au-
II/l'flfo dapopulaçãoedesestimul(lramigraçãorural-urbana.
, Para desaceleraro aumentopopulacional,dever-se-iadar às
/amfllas semfilhos lDnincentivofiscal ou isençãode impostos?
f)cver-se-iaimpor umasançãofiscal para cadafilho queultra-
pm'.\'asseum nU:merodeterminado,considerandoqueo sistema
tributárionãoresolveuoproblel11Gdamigraçãopopulacional?"
AdebayoAdedeji
DiretorexecutivodaComissãoEconômicaparaaÁfrica
AudiênciapúblicadaCMMAD,Harare,18desetembrode1986
A migraçãodo campoparaacidadenão'constituiummalemsi
mesma;faz partedo processode desenvolvimentoe diversifica-
çfio daeconomia.O problemanãoétantoa migraçãorural-urbana
global,masa distribuiçãodo crescimentourbanoentregrandes
mctr6polese cidadesdepequeno.porte.(Ver capítulo9.)
Comprometer-secomo desenvolvimentoruralimplicadarmais
ntençãoàrealiz?-çãodo potencialde desenvolvimentodetodasas
regiões,sobretudoasmenos.favorecidasdo pontodevistaecoló-
gico. (Ver capítulo5.) Isso ,ajudariaa reduzira migraçãonessas
áreasemfunçãoda faltade'oportunidades.Mas os governosde.-
veriamevitarexcessosno sentidooposto,e nãoestimularaspes-
soasa se mudaremparaáreasescassamentepovoadas,comoas
fl.orestastropicaisúmidas,ondeasterraspodemserincapazesde
provero sustentodasfarm1ias.
4.3.3Dopassivoaoativo
Quandoumapopulaçãoexcedea capacidadede produçãodosre-
cursosdisponíveis,podese tomarum passivonos esforçospara
dàrmaisbem-estaràspessoas.Mas falardepopulaçãoapenasem
termosnuméricospodedeixarencobertoumpontoimportante:as
pessoastambémsãoumrecursocriativo,e essacriatividadeé um
ativo que as sociedadesdevemaproveitar.Para alimentare au-
mentaresseativo, é precisomelhoraro bem-estarfísico daspes-
118
soas,atravésde umamelhornutrição,assistênciamédicaetc.É
precisotambémpropiciar-Iheseducaçãoparaajudá-Iasa setomar
maiscapazese criativas,maispreparadas,maisprodutivase mais
capacitadasa lidarcomosproblemasdo dia-a-dia;Tudoissotem
de serconseguidomedianteo acessoe.aparticipaçãonosproces-
sosdodesep.volvimentosustentável.
4.3.3.1M,e1horandoascondiçõesdesaúde
Umaboasaúdeé a basedo bem-estare daprodutividadehuma-
nos.Por isso, umapolíticasanitáriaembasesamplasé essenci.aÍ·
ao desenvolvimentosustentável.No mundoemdesenvolvimento,
os gravesproblemasdo mauestadode saúdeestãointimamente
ligadosàs condiçõesambientaise aosproblemasdo desenvolvi-
mento.
A maláriaé a principaldoençaparasíticados trópicos,e sua
incidênciaestáestreitamenteligadaà eliminaçãoe'à drenagem
daságuasservidas.As grandesrepresase sistemasde irrigação
fizeramaumentaracentuadamentea incidênciadeesquistossomo-
seemmuitasáreas.Deficiênciasde abastecimentode águae de
saneamentosão ·diretamenteresponsáveis.por outrasdoenças
muitopifundidas,comoadiarréiaeváriasverminoses.
Emborase tenhamfeito muitosprogressosnos últimosanos,
1,7bilhão de pessoasaindanãodispõemdeáguapotávele .1,2
bilhão, de saneamentoadequado.15M~itasdoençaspodemser
controladaspor meio não s6 de intervençõesterapêuticas,mas
tambémde melhoriasno abastecimentode águadasregiõesru-
rais,saneamentoe educaçãosanitária.Paratanto,é realmentene-
cessáriaumasoluçãocalcadano desenvolvimento.No mundoem
desenvolvimento,o númerody bicasdeumaregiãoé.umindício
melhorda saúdede umacomunidadedo queo númerodeleitos
hospitalares.
Outrosexemplosdo vínculoentredesenvolvimento,cóndições
ambientaise saúdesãoapoluiçãodoare asdoençasrespiratórias
decorrentes,o impactodascondiçõeshabitacionaisna transmis-
sãoda tuberculose,os efeitosdassubstânciascancerígenase tó-
xicas,e a possibilidadede acidentesno trabalhoe emoutroslo-
cais.
Muitosproblemasde saúdeadvêmdedeficiênciasdenutrição,
queexistemempraticamentetodosos paísesemdesenvolvimen-
to,e demodomaisacentuadoemáreasdebaixarenda.A subnu-
triçãoestáemgrandeparterelacionadacomumadeficiênciacaló-
rica ou protéicaou comambas,masalgunsregimesalimentares
tambémdeixama desejaremelementosc componentesespecífi-
cos,comoferroe iodo. As condiçõesd<: s:\\ídcmc.lborllrliomuito
119
_ " •••"."." ••_ .•• _--"~~"-,,",, ~ __"-,_ .. -,, J'_:-_ ... -_ .,7;:~,:-,:-._..~::..:-~====="'~==",""'=======~===
nasáreasdebaixarendacompolíticasquepropiciemumaprodu-
çãomaiordosalimentosbaratosqueospobrescostumamcomer_
cereaisnão-refinadose tubérculos.
Essesvínculosentresaúde,nutrição,meioambientee desen-
volvimentomostramque as políticassanitáriasnão podemser
concebidaspuramenteemtermosdeterapêuticaou medicinapre-
ventiva!ou mesmoemtermosdemaioratençãoà saúdepública.
São necessáriasabordagensintegradasque reflitamobjetivos-
chavede·naturezasanitáriaemáreascomoproduçãode alimen-
tos;abastycirnentode águae saneamento;política industrial,so-
bi"ctudono quese referea segurançac poluição;c plancjamento
de assentamentosh~manos.Além disso,é precisoidentificaros
gruposvulneráveise os riscosquecorrea saúdedessesgrupos,e
garantirqueos fatoressócio-econôrilicossubjacentesa essesris-
cossejamlevadosemcontaemoutrasáreasdapolíticadesenvol-
vimentista.
Por isso, a estratégia"Saúde paraTodos", da Organização
MundialdaSaúde,deveriair muitoalémdo fornecimentodepes-
soalmédicoe ambulatóriose abrangeros fatosligadosà saúdede
todasasatividadesdedesenvolvimento.16Além disso,essaabor-
dagemmaisampladeverefletir-seemacordosinstitucionaispara
umacoordenaçãoeficientedetodasessasatividades.
No campomaisrestritodoatendimentomédico,umbomponto
de partidaé propiciarserviçosbásicosde saúdee assegurarque
todostenhama oportunidadede usá-Ios.A assistênciamédica
matemo-infantilé tambémde particularimportância.Nestecaso,
a infra-estruturaérelativamentebaratae podesermuitobenéfica
paraa saúdee o bem-estar.A mortalidadematernapodeserdras-
ticamentereduzida,casose disponhade um sistemaorganizado
departeirastreinadase deproteçãocontrao tétanoe outrasinfec-
çõesdo parto,e tambémdealimentaçãosuplementar.Da mesma
forma,as taxasde sobrevivênciainfaptil podemsermuitomais
altas,casosecriemprogramasdebaixocustoparavacinar,ensi-
nare fornecerterap'iadereidrataçãooral contraadiarréia,eesti-
mulara amamentação(quepor suavezpodereduzira fecundida-
de).
O atendimentomédicotemde ser complementadopor uma
educaçãosanitáriaeficiente.Embreve,certasregiõesdoTcrceiro
Mundopoderãoapresentarum númerocadavezmaisaltodeca-
sosdedoençasligadasaosestilosdevida dasnaç6csindustriali-
zadas- sobretudocâncerecardiopatias.Poucospafsesemdesen-
volvimentopodemarcarcomos altoscustosdo tratamentodestas
doenças,e deveriamcomeçaragora a educar seus cidadãos
quantoaosperigosdofumoedasdietasmuitoricasemgorduras.
120
"Achoquen6s,naÁsia,buscamoso equilíbrioentrea vidaes-
piritualea material.Percebiquevocêstentaramseparara reli-
giãodo ladotecnológicoda vida.O errodo Ocidentenãofoi
exatcunentedesenvolvera tecnologiasemética,semreligião?Se
foi, esetemosapossibilidadedeseguiroutrocaminho,nãode-
vertamosaconselharosquetrabalhamcomtecnologiaa busca-
remumtipodiferentedetecnologia,quetenhapor:basenãosóa
racionalidade,mastambémo aspectoespiritual?Seráissown
sonho,oualgoquenãopodemosevitar?"
Depoimentodeumparticipante
AudiênciapúblicadaCMMAD, Jacarta,26demarçode1985
A rápidadisseminaçãodasíndromedaimunodeficiênciaadqui-
rida (Aids), tantonospafsesemdesenvolvimentocomonos de-
senvolvidos,pode alterardrasticamenteasprioridadessanitárias
de todasas nações.A Aids ameaçamatarmilhõesde pessoase
conturbara economiade muitospaíses.Os governosdeveriam
deixarde lado a timideze alertarimediatamenteseuscidadãosn
respeitodessasíndromee dos modoscomose difunde.É essen-
cial a cooperaçãointernacionalna pesquisae no combatedessa
doença..
Outrograndeproblemaparaa saúde,comramificaçõesinter-
nacionais,éo aumentodatoxicomania.Esseproblemavincula-se
estreitamenteao crimeorganizadono tocanteàproduçãodedro-
gas,aotráficointernacionalemgrandeescalae àsredesdedistri-
buição.Distorcea economiade muitasáreaspoucoprbdútivase
destróipessoasemtodoo mundo.Para enfrentar~sseflagelo,a
cooperaçãointernacionalé indispensável.Algunspaísestêmde
despendersomasbastanteelevadasparapôr fIm à produçãoe ao
tráficode narcóticos,diversificaros cultivos.eapliCaresquemas
de reabilitaçãonasáreasprodutoras,quegeralmentencamesgo-
tadas.Tudoistorequermaiorassistênciainternacional.
Grandeparteda pesquisamédicaconcentra-seem produtos
farmacêuticos,vacinase outrostiposde intervençãotecnológica
quevisamo controledasdoenças.Muitasdessaspesquisasrefe-
rem-sea doençasdos paísesindustrializados,já que seutrata-
mentorepresentapartesubstancialdasvendasdas indústriasfar-
macêuticas.•É urgenteque se intensifiquetnas pesquis'jlssobre
doençastropicaisligadasao meio ambiente,que c.onstituemo
maiorprobl~masanitáriodoTerceiroMundo.Essaspesq~isasnão
deveriam;êôncentrar-seapenasem novos medicamentos,ruas
tambémehi:inedidasde saúdepública para o controledessas
121
~~'.."!i\i.;:Z;;]i~~?'~:-.::.~,;;~>t:,::,~;;,:"":':''::-:;·':·~;::2..J::..:...,-~:i::;~b·~._,,:,.~~,-:,,-__,.:':~'
••
"A educaçãoea comunicaçãosãodeimportânciavitalparaque
cadaindivfduoseconscientizedesuaresponsabilidadeparacom
ofuturosadiodomundo.O melhormeiodeosestudantesreco-
nheceremquesuasaçõestêmconseqüênciaséa escolaoua co-
munidadeorganizaremprojetosdosquaiselesparticipem.Uma
vezconvencidasde quepodemcolaborar,aspessoastendema
mudarde atitudee de comportamento.As novasatitudespara
como meioambienteserefletirãonasdecisõestomadasemcasa
enassalasdereuniãoemtodoomundo."
VancssaAlIison
EstudantedoNorthTorontoCollegiateHighSchool
AudiêneiapúblieadaCMMAD,Ottawa,26-27demaiode1986
doenças.Conviria fortalecermuitomaisos acordosjá existentes
de colaboraçãointernacionalparaa pesquisade doençastropi-
cais.
4.3.3.2Ampliandoa educação
O desenvolvimentodosrecursoshumanosrequerconhecimentose
técnicasqueajudemas pessoasa termelhordesempenhoeconô-
mico. O desenvolvimentosustentávelexigemudançasdevalores
e atitudesparacom o meioambientee o desenvolvimento- na
verdade,paracom a sociedadee o trabalhodoméstico,empro-
priedadesruraisou emfábricas.Todasasreligiõespoderiamco-
laborar,orientandoe motivandoa formaçãodenovosvaloresque
salientassema responsabilidadeindividuale coletivaparacomo
meioambientee paracomaharmoniadestecomahumanidade.
A educaçãodeveriatambémestarequipàdi1l-iJaratornaraspes-
soasmaiscapazesdelidarcomosproblemasdesuperpopulaçãoe
de densidadespopulacionaismuitoelevadas,e estarmaisçapaci-
tadaa rrlelhoraro quesepoderiachamarde "capacidadessociais
deprodução".Isso é indispensávelparaevitarrupturasnatecitu-
ra social;e a escoladeveriatentaraumentaros níveisdetolerân-
cia e empatianecessários~vidanum,mundosuperpovoado.Para
quehajamelhorescondiçõesdesaúde,fecundiclademaisbaixae
melhornutriçãosãonecessáriasmaisinstruçãoe maiorresponsa-
bilidadecívicae social.A educação,alémde propiciartudo isso,
podetomara sociedademaisaptaparasuperara puhreza,c1cvffi"
asrendas,melhorara saúdee a nutrição,e reduzirII tlllllllllhodas
fmm1ias.
122
oinvestimentoemeducaçãoe o aumentodasmatrículaseSCO-
laresverificadosnasúltimasdécadassãoindíciosdeprogresso.O
acessoà educaçãovemcrescendo,e deverácontinuara crescer.
Hoje, quasetodosos meninosdo mundorecebemalgl1mtipode
instruçãoprimária.Na Ásia e na África, no entanto,astaxasde
matrículasescolardemeninassãomuitoinferioresàsdemeninos,
emtodosos níveis,Aindaexistetambémgrandedefasagementre
paísesdesenvolvidose emdesenvolvimentonoquetangeàstaxas
dematrículaapóso nívelprimário,comomostraa tabela4.4.
As projeçõesda ONU referentesa taxasde matrículaescolar
parao ano2000indicamqueessastendênciasdevemsemanter.
Por isso,apesardo incrementono ensinoprimário,o analfabetis-
mo continuaráa aumentarem númerosabsolutos:no fim do sé-
culo,maisde 900milhõesde pessoasnãosaberãoler nemescre-
ver. Por essaépoca,prevê-seque,naÁsia, astaxasdematrícula
escolardemeninasaindaestarãoabaixodastaxasatuaisparame-
ninos.No tocanteaoensinosecundário,prevê-sequeporvoltado
ano2000,os paísesemdesenvolvimentoaindanãotenhamatin-
gido sequeros níveis apresentadospelos'paísesindustrializados
em 1960.17
Parahaverumdesenvolvimentosustentável,é precisoretificar
essastendências.A tarefaprincipaldaspolíticaseducacionaisé
promovera alfabetizaçãouniversale acabarcom as defasagens
entretaxasde matrículaescolarde meninose meninas.Se esses
objetivosfossematingidos,a produtividadee as rendaspessoais
aumentariame mudariaa atitudeindividualpaiã-coma saúde,a
'nutriçãoe ap!"ocriação.Isto tambémpodetomaraspessoasmais
conscientes'd<5Sfatoresambientaisdodia-a-dia.As oportunidades
de ensinoposteriorao primáriodevemserampliadasparapropi-
ciarosconhecimentosnecessáriosàobtençãodo desenvolvimento
sustentável.'"
Um sérioproblemacom que se defrontammuitospaísesé o
desempregogeneralizadoe a inquietaçãodaí decorrente.Muitas
vezesa educaçãonão conseguecapacitaras pessoasa obterem
empregosadequados.Isso se evidenciano grandenúmerodede-
sempregadosqueforampreparadosparaexercerfunçõesburocrá-
ticasem populaçõesurbanascadavez maiores.A educaçãoe ti
formaçãoprofissionaldeveriamtambémvisarà aquisiçãodeco-
nhecimentospráticose de técnicasprofissionalizantes,e,'princi-
palmente,aaumentara autoconfiançapessoal.Tudo issoclevcria
serapoiadopor esforçosno sentidodefortalecero setorinformal
e incrementaraparticipaçãodeorganizaçõescomunitárias.,
Dar oportunidadesé apenasumcomeço.Deve-semelhorarti
123
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qualidadeda educaçãoe adequá-Iamaisàscondiçõeslocais.Em
muitasáreas,o ensinodeveriaestarinteg·radoà participaçãodas
criançasno trabalhoagrícola,processoque requerflexibilidade
por partedo sistemaescolar;deveriatransmitirconhecimentos
aplicáveisà administraçãocorretadosrecursoslocais.Do currí-
éulodasescolasruraisdeveriamconstarmatériasversandosobre
os solos locais,a águae suaconservação,o desflorestamentoe
comoa comunidadeeaspessoaspodemrepará-lo.A formaçãode
professorese a elaboraçãodo currículoescolardeveriamserde
moldea fazerosalunosáprenderemmaissobreos dadosagrícolas
deumaárea.. '
A maioriadaspessoasbaseiasuacompreensãodosprocessos
ambientaise dedesenvolvimentoemcrençastradicionaisou nas
informaçõestransmitidaspor umaeducaçãoconvencional.Mui-
tas,portanto,continuamignorandocomoaperfeiçoaras práticas
tradicionaisde produçãoe protegermelhora basede recursos
naturais.Por isso,a educaçãodeveriasermaisabrangentee en-
globaras ciênciassociaise naturaise tambémas humanidades,
paraquese pudessepercebera interaçãodos recursosnaturaise
humanos,dodesenvolvimentoe meioambiente.
A educaçãoambientaldeveriaconstardo currículoformálem
todosos níveis- taIltocomomatériaisolada,quantocomoparte
de outrasmatérias.Issoaumentariao sensode responsabilidade
dosalunosparacomo estadodomeioambientee lhesensinariaa
controlá-Io,protegê-lo e melhorá-Ia.É impossívelatingiresses
objetivossemqueos alunosse engajemno movimentoemprol
de ummeioambientemelhor,sejaatravésdeclubesdevotadosà
natureza,sejaatravésde gruposde interesse.A educaçãode
adultos,o ensinoprofissionalizante,a televisãoe outrosmétodos
menosformaisdevemser usadospara atingir o maiornúmero
possívelde pessoas,porqueasquestõesambientaise os sistemas
de conhecimentoagoramudamradicálmenteí no espaçode uma
geração. ,
r
A formaçãode professoresé umpontovital. As atitudesdos
professoresserãofundamentaisparaque se tenhaurnacompre-
ensãomaisamplado meioambientee deseusvínculoscomo de-
senvolvimento.Paraqueelesse tornemmaisconscientesc mais
bempreparadoscomrelaçãoa esseassunto,asagêncinsmultila-
teraise bilateraisdevemprestarapoioà elaboraçflodeumcUITf-
culo adequadonasinstituiçõesdeformaçãodeprofessores,i\ prc-'
paraçãodemateriaisdidáticose aoutrasatividadesligadasfi fÍ.rca.
Essaconscientizaçãogeralpoderiaser facilitada.estimulando-se
os professoresde diferentespaísesa entraremem conllllo,por
exemplo,emcentrosespecializadoscriadospamt~s(cnnl.
1244.3.3.3FÔT1alecendoosgruposvulneráveis
Os processosdo desenvolvimentogeralmentefazem.com que as
comunidadeslocais se integremgradualmentenumaestruturaso-
cial e econômicamais ampla.Mas algumascomunidadés- os
chamadospovos indígenas·ou tribais- permanecemisoladasde-
vido a fatorestais comobarreirasfísicasà comunicaçãoou dife-
rençasmarcantesde práticassociaise culturais.Tais grupossão
encontradosna Américado Norte,na Austrália,na baciaamazô-
nica,naAméricaCentrál,nasflorestase montanhasda Ásia, nos
desertosdo nortedaÁfrica e emoutroslugares..
Seu isolamentoresultouna preservaçãode um modode vida
tradicionalemÍntimaharmoniacomo ambientenatural.A própria
sobrevivênciadessespovosdependeude suaconsciênciae adap-
taçãoecológiqas.Mas o isolamentofez tambémcomquepoucos
partilhassem"dO desenvolvimentoeconômicoe socialdeseuspaí-
ses;e a issopodesedeverseuestadoprecáriodesaúde,nutrição
eeducação.':':
À medidàqi:íeo desenvolvimentoo~ganizadovai chegandoàs
regiõesremotâ~,essesgruposficam menosisolados.Muitos vi-
vememáreasricasemrecursosnaturaisvaliososqueos planeja-
dorese "desenvolvimentistas"desejamexplorar;e essaexplora-
ção conturbao meioambientelocal a pontode pôr em risco os
modosde vida tradicionais.As mudançasJegais e institucionais
queacompanhamo desenvolvimentoorganizadocontribuempara
aumentarapressão.
A interaçãocadavez maiorcomo mundoestátomandoesses
gruposmaisvulneráveis,já quemuitasvezessãodeixadosà mar-
gemdosprocessosde desenvolvimentoeconômico:'A discrimina-
ção sociál, as barreirasculturaise a exclusãodessespovos dos
processospolíticosnacionaisdeixam-nosvulneráveise sujeitosà
exploração.Muitos gruposperdemsuasterrase ficammargináli-
zados,e suaspráticastradicionaisdesaparecem.Tomaili:se víti-
masdo quepoderiaserchamadodeextinçãocultural.
Tais comunidadessãodepositáriasde umvastoacervode co-
nhecimentose experiênciastradicionais,queliga a humanidadea
suasorigensancestrais.Seudesaparecimentoconstituiumaperda
paraa sociedade,que teriamuitoa aprendercom suastécnicas
tradicionaisde lidar comsistemasecológicosmuitocomplexos.É
de umaterrívelironiaque,à medidaqueo desenvolvimentofor-I
malvá atingindomaisintensamenteas florestastropic;lls,os de-
sertose outrosambientesisolados,tendaa destruirasúnic~scul-
turasquese mostraramcapazesde lidar bemcomessesambien-
tes.
125
l'"··.·,..- .. ','.. ,',,:'.":. '"!IiI.:....--.....•..'_~ __ ~_,~.._ ..
''',-•.
I':stouaquicomofilho deuinapequenanação,a naçãoind{ge-
'H' Krenak.Vivemosno valedorio Doce,nadivisadosestados
Esp{ritoSantoe MinasGerais.SomosWil micropa{s- wna
mlcronação.
Quandoo governotomounossaterrano valedo rio Doce,
tj/I(~rianosdaroutra,emoutrolugar.MasoEstado,ogoverno,lHlllaisentenderáquenãotemosoutrolugarparair.
Para o povoKrenak,.oúnicolugarondeépossfvelviver,e
Pl{abelecernossaexistência,falar comnossosdeuses,falarcom
!fossanatureza,organizarnossasvidas,é o lugarondenosso
/l1'US noscriou.É inútilo.governonoscolocarnumlugarmuito
/.,mito,numlugarmuitobom,commuitacaçae muitapesca.
Nt5s,opovoKrenak,continuaremosmorrendoemorreremosin-
;~/stindoemquesóháumlugarondepodemosviver.
Meu coraçãonãofiça feliz emvera incapacidadedosho-
mens. Nãotenhoprazernenhumemvir aquiefazeressasdecla-
mções. Já nãopodemosencararoplanetaemquevivemoscomo
/1m tabuleiro.dexadrezondeaspessoassimplesmentemovemas
/wças.Nãopodemosconsideraroplanetaalgoisoladodocósmi-
co.
Não somosidiotasparaacreditarqueéposs{velviverlonge
do lugarondenossavidateveorigem.Respeitemo lugaronde
vivemos,nãodeterioremnossascondiçõesde·vida,respeitemes-
.\'a vida.Nãotemosannasparapressionar,tudooquetemoséo
direitodereclamarnossadignidadeea necessidadedevivermos
emnossaterra."
AiltonKrenak
Coordenadorda UniãodeNaçõesIndígenas
AudiênciapúblicadaCMMAD, SãoPaulo,28-29deoutubrode1985
.O pontode partidaparaumapolíticajustae humanaemrela-
ção a essesgruposé o reconhecimento~a prQteçãode seusdi-
f\1itostradicionaisà terrae a outrosrecursosnos quaisse ap6ia
seumododevida- .direitosqueele'spodemdefiniremtermosque
nãose enquadramnos sistemaslegaisregulares.As prÓpriasins-
tituiçõesdessesgrupospararegulamentardireitosc obrigações
sãofundamentaisparaa manutençãoda harmoniacoma natureza
e da consciênciaambientalcaracterísticado modode vidatradi-
cional.Por isso, o reconhecimentodos direitostmdicionnifldeve
se associara medidasde proteçãodasinstituiç(Il'Hlocaisquecn-
fatizama responsabilidadenousodosrecursos.FuJ'. pnrttltUJ1lb6m
dessereconhecimentodar voz ativa às comunidndmllocllis nas
decisõesreferentesaousodosrecursosdasáreaswlde vivel\1.
126
A proteçãodosdireitostradicionaisdeveriaser acompanhnda
demedidaspositivasparamelhoraro bem-estardacomunidadede-
formaadequa~aao estilodevida do grupo.Por exemplo,os ga-
nhosauferidos'comas atividadestradicionaispodemsei aumell··
tadosmediantea introduçãode acordosde comercializaçãoqtH.~
asseguremumpreçojustoparaaprodução,e tambémpormcdidas
paraconservar/efortalecera basede recursose aumentara pro-
dutividadedessesrecursos.
As políticasde promoçãoque interferemnasvidasdepovos
isoladose tradicionaisdevemser executadasde formaa não
mantê-Iosnumisolamentoartificiale talvezindesejado,e elefor-
maa nãodestruirarbitrariamenteseusestilosdevida.Portanto,é
essencialtomarmedidasabrangentesno tocanteao dCf>cnvolvi-
mentodosrecursoshumanos.Devem-seprovidenciarserviçosde
saúdeparacomplementare aperfeiçoaras práticastl'ladidollllis;
corrigirasdeficiênciasimtricionaise criar instituiçõesdeemiillll.
Tudoissoprecisaserfeitoantesdajmplantaçãodenovosprojt1t1I~
que abramcampoparao desenvolvimentoeconômico.Tl\lllh~111
sãonecessáriosesforçosespeciaisparaassegurarqtll~11l'lllllllnl-
dade local se beneficieplenamentedessesprojetos,prlndpnl
mentenoquesereferea emprego.
Em númerosabsolutos,essesgruposisoladose vulncn'lvdsNno
pequenos.Mas suamarginalizaçãoé sintomadeumestilodode-
ser.volvimentoque tendea negligenciarconsideraçõestantoele
ordemhumanacomoambiental.Por isso,'umexamemaiscons-
cientee cuidadosodessesinteressesé a pedrade toqueparauma
políticadedesenvolvimentosustentável.
Notas
1 Departmentof lnternationalEconomicandSocialAffair" (Ilitsa).
Worldpopulationprospects;estimatesandprojectionsasassesscdÍu Jlm,1.
NewYork,UnitedNations,1986.
2Ibid.
3 Baseadoemdadosde:UNCTAD. Handbookof internationalITa{f"1111.1
developmentstatistics1985supplement.NewYork,1985.
4BancoMundial.Relat6riosobreo desenvolvimentomundial1984.l~illdr
Janeiro,FundaçãoGetulioVargas,1984.
5Ibid.
6Diesa,op.cito
7 UnitedNations.PopulationBulletinof theUnitedNations.n. J4. /Wi.J
NewYork,1983.
8 Clark,C. Populationgrowthand land use.NewYork, St. M:lltíll'/i
Press,1957.
9BancoMundial.op.cito
127
Entre1950e 1985,aproduçãodecereaissuplantouo aumentoda
população,passandode cercade 700milhõesde toneladaspara
mais.de 1,8bilhãode toneladas,uma·taxade crescimentoanual
deaproximadamente2,7%.3Esseincn:m6ntoajudoua atenderàs
crescentesdemandasdeoereaisacarretadaspeloaumentopopula-
cionale pelaelevaçãodasrendasnospaísesemdesenvolvimento
e tambémpelasnecessidadescrescentesderaçãoanimalnospaí-
sesdesenvolvidos.Mas houvegrandesdiferençasno desempenho
regional.(Vyr tabela5.1.) .
Como a p~pduçãoaumentouacentuadamenteeI):1algumasre-
giõese a demandaemoutras,a estruturadocomérciomundialde
alimentos,eDJ1:>articularde cereais,alterou-seradicalmente.A
.Américado;Norte, queexportouapenas5 milhõesde toneladas
de grãosalime,ntíciosao anoantesda lI.GuerraMundial, chegou
a quase,120milhõesnosanos80. Hoje,odéficitdegrãosnaEu-
Hoje,.a produçãomundialde alimentospor habitanteé a maior
verificadaemtodaahistóriadahumanidade.Em 1985foramprq-
duzidosquase500kgpor habitantede cereaise tubérculos,as
fontesbásicasda alimentação.1Mas emmeioa essaabundância,
maisde 730 milhõesdepessoasnãocomemo suficienteparale-
varumavidaplenamenteprodutiva.2Há lugaresondequasenada
écultivado;e há lugaresondegrandenúmerode pessoasnãoga-
nha o suficienteparacompraralimentos.Eem amplasáreasda
Terra,tantonos paísesemdesenvolvimentocomonosdesenvol-
vidos,'o aumentoda produçãode alimentosestáprejudicandoa
basedaproduçãofutura.
Dispomosdosrecursosagrícolase datecnologianecessáriapa-
ra alimentarpopulaçõescadavez maiores.Nas últimas.décadas
houvemuitosprogressos.Não faltamreoursosparaa agrioultura;
o quefaltasãopolíticasqueasseguremqueo alimentosejapro-
duzidonãosó ondeé necessário,masdemodoa garantira sub-
sistência.daspopulaçõespobresrurais.Paraenfrentaressedesa-
fio, teIl,losde consolidarnossasconquistas'y traçarnovasestraté-
giasparagarantiralimentoe meiosdesubsistência.
129
S. SEGURANÇA ALIMENTAR:
MANTENDO O POTENCIAL
5.1 CONQUISTAS
/i
128
10Ibid.
I I Diesa,op.cit.
12WorldHeaIthOrganization.Intersectorallinkagesandhealthdevelop-
ment,casestudiesin India(Keralastate),Jamaica,Norway,Sri Lankaand
Thailand.Geneva,1984.
13BancoMundial.op.cito
14 Timberlake,L. Only one Earth; Iiving for the future. London,
BBC/Earthscan,1987
15UnitedNationsEnvironmentProgramme.Tlzestateoftheenvironment;
environmentandhealth.Nairóbi,1986.
16 World HealthOrganization.Global strategyfor healthfor all by the
year2000.Geneva,1981.
17 Unesco.A summarystatisticalreviewof educationin the world,
1960-82.Paris,1984.

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