Buscar

RECURSOS-DESENVOLVIMENTO (cáp.6)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

!
I
I
6.ESPÉCIES EECOSSISTEMAS: RECURSOS
PARA O DESENVOLVIMENTO
A conservaçãodos recursosnaturaisvivos - vegetais,animaise
microorganismos,e dos elementosnão-vivospresentesno meio
ambientedo qual dependem- é fundamentalparao desenvolvi-
mento.Atualmente,a conservaçãodos recursosvivos selvagens
constados planosde governos:quase4% da superfícieterrestre
do planetaé gerida explicitamentepara conservarespéciese
ecossistemas,e s6 muitopoucospaísesnãopossuemparquesna-
cionais.O desafioquese impõehoje àsnaçõesjá nãoémaisde-
cidir se a conservaçãoé umaboaidéia,massimcomoimplemen-
tá-la no interessenacionale comos meios,disponíveisemcada
país..
6.1 O PROBLEMA: CARACTERÍSTICAS
E ABRANGÊNCIA
As espéciese seuselementosgenéticosprometemdesempenhar
umpapelcadavez maisimportanteno desenvolvimento,ejá se
faz presenteuma vigorosaargumentaçãoeconômicaem defesa
dos motivoséticos,estéticosc científicosparapreservá-Ios.As
contribuiçõesda variabilidadegenéticae do elementoplasma
gerrninativodasespéciesà agricultura,àmedicinae à indústriajá
montama muitosbilhõesded6laresanuais.
No entanto,os cientistass6 pesquisaramexaustivamenteuma
emcada 100espéciesvegetaisda Terra,e umaproporçãomuito
menorde espéciesanimais.Se as naçõesassegurarema sobrevi-
vênciadasespécies,o mundopoderácontarcomalimentosnovos,
e melhores,novasdrogase medicamentos,e novasmatérias-pri-
masparaa indústria.Esta- a possibilidadedeasespéciescontri-
buíremsempremaise de umainfinidadede formasparao bcm-
estarda humanidade- é a principaljustificativaparaos esforços
cadavez maioresno sentidode salvaguardaros milhõesdeespé-
ciesdaTerra.
Igualmenteimportantessãoos processosvitaisefdlladospela
natureza,entreeles a estabilizaçãodo clima,a prote(;f,odasba-
cias fluviais e do solo, a preservaçãode viveirosc ;Í1'L~asde re-
produçãoetc.A conservaçãodesses'processosllftoI)()(IL~se des-
162
"
.-
vinculardaconservaçãode cadaespéciedentrodosecossistemas
naturais.Administrarao mesmotempoespéciese ecossistemasé
evidentementeo modomaisracionaldelidarcomo problema.Há
inúmerosexemplosdesoluçõesaplicáveisaproblemaslàcais.1
As espéciese osecossistemasnaturaiscontribuembastantepa-
ra o bem-estarhumano.Mas essesrecursostãoimportantesrara-
mentesão utilizadosde modo a poderenfrentaras crescentes
pressõesda futurademandadebense deserviçosquedependem
dessesrecursosnaturais.
Cresceo consensono meiocientíficodequeasespéciesestão
desaparecendoa um ritmonuncaantespresenciadono planeta.
Mas tambémhácontrovérsiasquantoa esseritmoe aosriscosque
acarreta.O mundoestáperdendoprecisamenteaquelasespécies
sobreas quaistempoucoou nenhumconhecimento;elasestão
desaparecendonoshabitatsmaisremotos.Essecrescenteinteres-
se científicoé relativamenterecentee os dadosemquesebaseia
nãosãomuitos6lidos.Mas seconsolidaacadaano,àmedidaque
surgemnovaspesquisasdecampoe novosestudosJ>orsatélite.
Muitos ecossistemasbiologicamentericos.e promissoresem
benefícioslUateriaisencontram-seseriamenteameaçados.Inúme-
ras variedadesbiol6gicascorremo risco de desaparecerjusta-
mentequandoa ciênciacomeçaa aprendera explorara variabili-
dadegenéticadevidoaosavançosdaengenhariagenética.Vários
estudosdocUIÍ1entamessacrisecomexemplostiradosdeflorestas
tropicais,florestastemperadas,manguezais,recifesde coral,sa-
vanas,pradose zonasáridas.2Emboraa maioriadessesestudos
apresentedocumentaçãodecarátergerale'poucoslistemasespé-
ciesemriscoou recentementeextintas,algunsexpõempormeno-
rizadamenteespécieporespéci~.(Verbox6.1.)
A alteraçãodoshabitatse á extinçãodasespéciesnão,sãoas
únicasameaças.O planetatambéinvemsendoempobrecidopela
perdade raçase variedadesdentrode'espécies.A variedadedas
riquezasgenéticasexistentesem umaúnica espécieé atestada
pela variabilidadeevidentenas muitasraças caninas,ou nos
muitostiposdemilhoobtidospeloscultivadores.3 .
Muitasespéciesestãoperdendopopulaçõesinteirasaumritmo
quereduzrapidamentesuavariabilidadegenéticae,portanto,sua
capacidadede adaptaçãoàs mudançasclimáticase a outrasfor-
masdeadversidadeambiental.Os fundosdegenesremanescentes
dasprincipaisespéciesvegetaiscultivadascomoo milhoe o ar-
roz, por exemplo,representamapenasumafraçãodadive,rsidade
genéticaqueabrigavamháapenasalgunsdecênios,mesmoqueas
própriasespéciesnãoestejamameaçadas.Assim,podehaveruma
grandediferençaentreperda,de espéciese perdade reservasde
genes.
163
·.0 .~~~~- :;:~;-::~:<:~.L~:Ei.~='L=··,2.j,:=}~I:~..~::~;';::;~i.:,.",,7, .:;. 0,.7·'.:~=::.i~L:::;-=,.:,·-,jJ:>"=-:~=-"·;::' :"::":::" ~::~.:..:,,-;.,:.: ..... :,_..-.:.,:::;, ..::;;:~::~~.:..: ':'::'~':·'::L...:~;'-:;'::~:·::":;"--'-:":':::~'.2.r~:'~" ._::.:-:,,~ .. :II: ,:':-.;~. : ..~ .. :.~, ~~~~~!'!III,.Ill ...II,"'""III,!I!~-_!III,.•••••• , _•••• , ••• IIl•• I!I/ll'0.:~·'!:'r0?:c.,-'""7:.:":~.~.~_.-.t.
Box 6.1 AHgulillS exemplosdeextinçãode espécies
o Em Madagascar,atémeadosdo século,havia12mil espé-,
cies vegetaise provavelmentecercade 190 mil espécies
animais;pelo menos60% dessetotal eramendêmicasna
faixa florestalexistentena parteorientalda ilha (ou seja,
nãoexistiamemnenhumoutrolugardo mundo).Pelomenos
93% daflorestaprimitivadesapareceram.Com basenestes
números,os cienti-stascalculamquepelomenosmetadedas
.espéciesoriginaisjá desapareceuouestáemviasdedesapa-
recer.
$ b lagoMalavi,naÁfrica Central,possuimaisde500es-
péciesde peixes,dasquais99% endênúcas.O tamanhodo
lagoé apenasumoitavodo dosGrandesLagosdaAmérica
do Norte- quepossuemapenas173espécies,dasquaisme-
nos de 10%sãonativas- e seencontraameaçadopelapo-
luição causadapor instalaçõesindustriaise pela possível
introduçãodeespéciesalienígenas.
c Supõe-sequeo Equadorocidentaljá tenhapossuídoentre
8 mil e 10mil espéciesvegetais,sendode40 a 60%endê-
micas.Considerando-seque em áreassemelhantesexistem
de 10 a 30 espéciesanimaisparacadaespécievegetal,o
Equadorocidentaldeveterpossuídocercade200milespé-
cies.Desde1960,quasetodasas florestasda regiãoforam
destruídasparacederlugara plantações,de banana,poços
de petróleoe assentamentoshumanos.E difícil avaliaro
númerodeespéciesquedesapareceramporcausadisso,mas
poderiamtersido50mil oumais- e emapenas25anos.
~ Na regiãodo Pantanal,no Brasil, há cercade 110.000
Km2 de terrasúmidas,talvezas maisextensase ricas do
mundo,quesãoo habitatdasmaisnumerosase variadases-
péciesdeaves'aquáticasdaAméricado Sul. A Unescocon-
sideroua região"de importânciainternacional",masela
vemsofrendocadavezmaisdevidoà expansãodaagricultu-
ra, à construçãoderepresase outrasformasdedesenvolvi-
mentoquerompemo equilíbrioecológico.
Fontes:Rauh,W.Prablemsaf biolagiealeonservationinMadagas-
caroIn: Bramwell,D., ed.Plants and islands.London,Aeaclemie
Press,1979;Barel,D.C.N.etalü.Destruetionaf fishcriesin i\fri-
ea'slakes.Nature,315:19-20,1985;Gentry,A.H. Faltemsof neo-
tropicalplantspeciesdiversity.EvolutionaryBiology,15:I-R4,1982;
Seott,D.A. & Carbonell,M. A direetoryaf ncotropicalwethmcls.
Gland,SwitzerIand,IUCN, 1985.
164
"Nossamataatlântica,essamassadeflorestatropical.quese
estendenlanafaixaestreitadenortea.sul,foi drasticamentere-
duzida.
A florestacaracteriza-sepor grandenúmerodeespéciesen-
dêmicas,espéciesques6existemnessaáreae apenasndBrasil.
Por isso, competea nós, brasileiros,a respo17.sabilidadede
mantervivasessasespécies."
IbsendeGusmãoCâmara
PresidentedaFundaçãoBrasileiraparaa ConservaçãodaNatureza
AudiêneiapúblieadaCMMAD,SãoPaulo,28-29deoutubrode1985
É inevitávelquesepercaparteda variabilidadegenética,mas
todasas espéciesdeveriamserprotegidasna medidaemqueisso
fosse técnica,econômicae politicamentepossível. O panorama
genéticoestáemconstantemudançaatravésdeprocessosevoluti-
vos, e há maisvariedadesdo queo esperadoparaseremprotegi-
das por programasgovernamentaisbemqefinidos.Por isso, no
quediz respeitoà conservaçãogenética,é'precisoqueos gover-
nossejamseletivose investiguemquereservasdegenesmerecem
serobjetodemedidasdeproteção.Cont~do.comopropostank1.is
ampla,os governosdeveriamsancionarleise implementarpolíti-
caspúblicasqueestimulassema responsabilidadedosindivíduos,
dascomunidadese dasempresasparaco~aproteçãodasreservas
degenes. ; "
Mas antes.quea ciênciapossase.concentraremndvasmanei-
rasde conservarasespécies,osplanejadore!ie o públicoemgeral
_ para o qual as políticassão feitas-' devemcompreendero
quantoé gravee prementea ameaça.As espéciesimportantespa-
ra o bem-estarhumanonãosãoapenasos vegetaissilvestresapa-
rentadosàs culturasagrícolas,ou os animaiscriadosparaconsu-
mo. As minhocas,as abelhase os cupinspodemser muitomais
importantesdevidoao papelquedesempenhampumecossistema
saudávele produtivo.Seriabastanteirônico que, justo no mo-
mentoemqueasnovastécnicasdaengenhariagenéticacomeçam
a permitirqueconheçamosmelhora diversidadedavidae usemos
os genescom maiseficáciaparamelhorara condiçãohumana,
achemosessete~ourolamentavelmentedesgastado.
6.2EXTINÇÃO: FORMAS E TENDÊNCIAS
A extinçãoé umfatotãoantigoquantoavida.Os poucos~lhões
deespéciesquesobrevivematéhoje sãoos q1J.erestaramdo meio
165
1
I
I
I
bilhãoque se calculajá haverexistido.No passado,quasetodas
asextinçõesocorreramporprocessosnaturais,mashojesedevem
predominantementeà açãohumana.
A duraçãomédiade umaespécieé de·cercade 5 milhõesde
anos.As estimativasatuaismaisotimistassãodeque,nosúltimos
200milhõesde anos,900mil espécies,emmédia,setenhamex-
tinguidoa cada1milhãode'anos,o quedariaumataxamédiade
quaseumaextinçãoa cada13mesese meio;aproximadamente.4
A. taxaatual,provocadapela açãohumana"é centenasde vezes
maisaltae podefacilmentechegara sermilharesdevezesmais
alta.5Não sabemos.Não dispomosde dad4snuméricosprecisos
sobreas taxasatuaisdeextinção,pois asespéciesqueestãodesa-
parecendosão, em suamaioria,aquelasmenosestudadas,como
os insetosdasflorestastropicais.
Emboraas florestastropicaisúmidassejamsemdúvidaasuni-
dadesbiológicasmaisricasem termosde diversidadegenéticae
as maisameaçadaspela açãohumana,outrasimportanteszonas
ecológicastambémsofrempressões.As terrasáridase semi-ãridas
abrigamapenasumnúmeromuitopequenodeespécies,emcom-
paraçãocomasflorestastropicais.Contudo,devidoaofatodees-
sasespéciesse adaptarema condiçõesde vida muitoduras,en-
tramna composiçãode muitosprodutosbioquímicasde grande
potencial,comoa ceralíquidada jojoba e a borrachanaturaldo
guaiúle. Muitas dessasespéciesestão ameaçadas,entreoutras
causas,pelaexpansãodosrebanhos.
Os recifesde coral,comcercade meiomilhãodeespéciesem
400.000Km2, estãosendodevastadosa tal pontoqueprovavel-
mente,no início do próximoséculo,só existirãoalgunsremanes-
centesdeteriorados.Isto representariaumagrandeperda,poisos
organismosdos recifesde coral, graçasà "guerrabiol6gica"em
que se empenhampara garantiremseu espaçovital emhabitats
superpovoados,geramum númeroe umavariedadeexcepcionais
detoxinasinestimáveisparaa medicinamoderna.6
As florestastropicaisúmidascobremapenas6% da superfície
terrestredo planeta,masabrigampelomenosmetadedasespécies
daterra(quetotalizamno mínimo5 milhões,maspodemchegara
30 milhões).Nelas vivem90% ou maisde todasasespécies.As
florestastropicaismadurasaindaexistentescobremapenas900
milhõesde hectares,dos 1,5-1,6bilhãode hectaresquejá chega-
rama cobrir. De 7,6 milhõesa 10milhõesde hectaressãocom-
pletamentedevastadosa cadaanoe pelomenosoutros10milhões
sofremsériosdanosanualmente.7Mas essesnúlIlt:fosprovê:mde
levantamentosfeitosemfins dosanos70;desdecn1iío,é provável
queo ritmodo desflorestamentotenhaseacelerado.
166
"(
.,-
...•
"Há 20 anos, quandodecidimosexplorarmais intensivamente
nossasflorestas,pensamosapenasna disponibilidadede recur-
sos e simplesmenteos usamos.Na época,achávamõstambém
queofato deasárvoresseremderrubadasnão impediriaa rege-
neraçãodafloresta,porquenemtodasasárvoresestavamsendo
cortadas.Mas esquecemo:;de queaindanãosabíamoscomore-
cuperarflorestastropicais.
Uma espécienativacujo nomes6 sei emminhalíngua, me-
ranti,é nossamadeiramaisnobre,e éumaárvorequenãodá
sombraduranteseuperíododecrescimentO.E nãopodesobrevi-
versemsombra.E nósnemlevamosissoemconta,simplesmente
aceitamosa tecnologiaocidentalquediz queéprecisoderrubar
eexplorarnossasflorestas."
Emmy H.Dharsono
RededeOrganizaçõesNão-governamentaispara
a ConservaçãodeFlorestas
AudiênciapúblicadaCMMAD,Jacarta,26demarçoele1985
Por volta do Írm do.século,ou poucodepois,talvezrestem
muitopoucasflorestastropicaisúmidasvirgens,a nãosernaba-
cia do Zaire~na porçãoocidentaldaArllazôniabrasileira,e em
algumasoutrasáreas,comoa faixaflorestar"da Guiana,no norte
daAméricado Sul, epartesdailhadeNov~Guiné.É improvável
que as florestasdessaszonassobrevivampor muitosdecênios
mais,já que'a demandamundialde seusprodutoscontinuaa au-
~entar,assimcomoo númerodeagricultores;queexploram.essas
terras.
Se o desflorestamentona Amazôniaprossegqisseao ritmo
. atualatéo ano2000e entãocessassepor completé;(o queé im-
provável),ter-se-iamperdidocercade15%dasespéciesvegetais.
Se a florestaamazônicaacaba:;sese restringindoàs áreashoje
consideradasparquese reservasflorestais,66%dasespéciesve-
getaisdesapareceriam,alémdequase69%dasespéciesdepássa-
roseproporçõessemelhantesdetodasasoutrasprincipaiscatego-
rias de espécies.Quase20%dasespéciesdaTerraencontram-se
em florestasda América Latina, excluídaa Amazônia;outros
20% estiíoemflorestasda Ásia ~daÁfrica, excluídaa baciado
Zaire.8Todas essasflorestasestãoameaçadase, se des'aparece-
rem,asespéciesperdidaspodemchegara centenasdemilhares.
A menosque setomemmedidasadministrativasadequadasde
longoprazo,pode-seperderpelom~nosumquarto,talvezumter-
ço e possi-Y:t(lmenteatéumaproporÇãoaindamaiordasespécies
!.,"..,,-,.
167
I
j'
i
hoje existentes.Muitos especialistassugeremque se protejam
pelomenos20%dasflorestastropicais,masatéagorabemmenos
de5% recebemalgumtipodeproteção- e muitosdosparquesde
florestastropicaisexistemapenasnopapel.
É improvávelquemesmoos parquese áreasprotegidasmais
bemadministradosconstituamumasoluçãoadequadaparao pro-
blema.Na Amazônia,semetadeda florestafossede algumafor-
mapreservada,masa outrametadedesaparecesseou sofressesé-
rios danos,talveznãohouvesseumidadesuficienteno ecossiste-
maamazônicoparamanterúmidoo restanteda floresta.9Ela po-
deriair secandoatésetornarpraticamenteumaflorestaaberta- o
queprovocariaa perdadamaioriadasespéciesadaptadasàscon-
diçõesdeumaflorestatropicalúmida.
É provávelquenumfuturonãomuitodistantevenhama ocor-
rer variaçõesclimáticasmaisgeneralizadas,umavez queo acú-
mulade "gasesdeestufa"naatmosferaacarretaráo aquecimento
do planetajá no início do próximoséculo.(Ver capítulo7.) Tal
variaçãoafetarábastantetodosos ecossistemas;tomandoparti-
cularmenteimportantemantera diversidadenaturalcomomeiode
adaptação.
6.3 ALGUMAS CAUSAS DA EXTINÇÃO
Os trópicos,queabrigamo maiornúmeroe diversidadedeespé-
cies,tambémabrigama maioriadospaíses'emdesenvolvimento,
ondeo aU,mentopopulacionalé maisaceleradoe apobrezaémais
difundida.'St; os agricultoresdessespaísesse viremforçadosa
persistirnaagriculturaextensiva- queé intrinsecamenteinstável
e obrigaá,deslocamentosconstantes-, entãoa agriculturatenderá
a seestenderpor todoo meioambienteselvagemaindaexisterite.
Mas se forem.ajudadose incentivadosa praticarumaagricultura
mais intensiva,poderãofazeruso produtivode áreasrelativa-
mentelimitadase afetarmuitomenosasterrasselvagens.
Os agricultoresnecessitarãode ajuda:treinamento,apoio à
comercialização,fertilizantes,pesticidase implementosa preços
acessíveis.Isso exigiráo apoiointegraldosgovernos,inclusivea
garantiade queaspolíticasde conservaçãoserãoelaboradasde
modo a beneficiarsobretudoa agricultura.Talvez seja conve-
:ç.ienteressaltarqueessesprogramassãomaisimportantesparaos
agricultoresdo queparaa vida selvagem,emboraos destinosde
ambosestejaminterligados.A conservaçãodascsp6cicsvincu'a-
seao desenvolvimento,e os problemasde ambossflo maispolíti-
cosquetécnicos.
168
f
"
Em muitospaísesemdesenvolvimento,oaumentopopulacio-
nal é umadasmaioresameaçasaosesforçosde conservação.O
Quêniadestinou6% de seuterritórioa'parquese reservas,a fim
de protegersuavida selvageme ganhardivisascom o turismo.
Mas os atuais20 milhõesde habitantesdo paísjá estãopressio-
nandotantoos parquesqueasterrassobproteçãovêmsendogra-
dativamenteperdidasdevidoà invasãodeagricultores.E 'segundo
as proje)oos,a populaçãoquenianaquadruplicarános próximos40 anos.O
Pressõespopulacionaissemelhantesameaçamos parquesda
Etiópia,Uganda,Zimbábuee de outrospaíses,ondeum número
cadavez maior,porémmaispobre,decamponesessevê forçado
a dependerdeumabasederecursosnaturaiscadavezmaisredu-
zida. São sombriasasperspectivasparaos parquesquenão.con-
tribuemdemodomarcantee comprovadoparaos objetivosdo de-
senvolvimentonacional.
Brasil, Colômbia,Costado Marfim,FiUpinas,Indonésia,Ma-
dagascar,Peru, Quênia,Tailândiae outrasnaçõescom grande
abundânciade espéciesjá estãoenfrentandofluxos maciçosdc
agricultoresdasterrastradicionaisparaterritóriosvirgens.Esses
territóriosquasesemprecontêmflorestastropicais,que os mi-
graptesestimuladosparaa atividadeagrícolaconsideramterras
"livres", ondepodemseestabelecersemempecilhos.As pyssoas
quejá vivemnessasterras- embaixasdensidadespopulacionais
e possuindoapenasos direitostradicionaisà terra- são muitas
vezesbanidasdesseslocais,no afãdecultivarterrasquebempo-
deriafucontinuarcomoflorestasdeusoextensivo;
. ' Muitospaísestropicaisricosemrecursosflorestaisprovocaram
"bOór/iSdemadeira"devastadoresaoconcederemdireitosde ex-
,_, • ,. ,...J r" ~ -
piornçãoemtrocadepagamentosde royalties,aluguéiseimpos-
tos.qU"e representamapenasumapequenafraçãodo valdr comer-
dal líquido.daextraçãodamadeira.O danocausadopor essesin-
f~ntivosfoi aindaagravadopelofatodesóseremoferecidascon-
cessõesa curtoprazo- o quelevaosconcessionáriosa iniciarem
imediatamenteo cortedamadeira-, e deseremadotadossistemas
deroyaltiesqueinduzemos madeireirosa sóextraíremasmelho-
resárvores,danificandodemaisasrestantes.Em conseqüência,os
empresáriosmadeireirosdeváriospaísesarrendarampraticamente
todaa áreaflorestalprodutivaempoucosanose exploraramabu-
sivamenteos recursos,semsepreocuparemmuitocomaproduti-
vidadefutura(enquanto,imprudentemente,permitiamna áreala-
vradoresquealimpavampormeiodequeimadas).11 . I
. Nas AméricasCentnlle do Sul, muitosgovernosincentivaram
a conversãoemlargaescaladeflorestastropicaisemfazendasde
criaçãode gado.Muitas dessasfazendasse revelaraminviáveis
169
, .•:.•.•..•.~~~ ••.•"".•..;.:;.;-"-"'*--..:...._.......i-.;
"Todosn6s,na África, estanioslentamentedespertandopara
o fato de quea criseafricanaé emessênciawnproblemade
meioambienteque,trouxeconseqüênciasnegativascomoseca,
fome,desertificação,superpopulação,refugiados,instabilidade
polftica,pobrezageneralizadaetc. ,
Estamosdespertandopara o fato de quea Africaestámor-
rendoporqueseurneioambientefoi pilhado,superexplo'radoe
negligenciado.' ,
Muitosden6s,naÁfrica,estamostambémcomeçandoaper-
ceberqúenenhuinpomsanÍaritanoirá cruzarosmaresparavir
salvaro meioambienteafricano.S6 mesmonós,africanos,po-
demosedeveremossersuficientementesensfveisaobem-estarde
nossomeioambiente."
Srà. Rahab W. Nwatha
TlzeGreenbeltMovement
AudiênciapúblicadaCMMAD,Nairóbi,23desetembrode1986
do pontode vistaecológicoe econômico,pois o solo logoperde
seusnutrientes;as espécies'daninhastomamo lugardagranúnea
plantadae a produtividadedas pastagensdeclinaabruptamente.
No entanto,dezenasde milhõesde hectaresdeflorestastropicais
se perderamparadar lugara essasfazendas,principalmentepor-
que os governqsgarantiramas conversõespor meiode conces-
sõesde terras,créditose isençõesfiscais,empréstimossubsidia-
dose outrosincentivos.12 .
A promoçãodas importaçõesde madeirastropicaisemcertos
paísesindustrializados- quefixamtarifasbaixase concedemin-
,centivoscomerciaisbastantefavoráveis-, somadaàsfrágeispo-
líticas florestaisdos paísestropicaise aos altoscustose desin-
.centivosà exploraçãomadeireiravigentesnospaísesindustriali-
zados,tambémlevaao desflorestamento.Algunspaísesindustria-
lizadosatéimportamtorosnão-beneficiadossempagarimpostos
ou a taxastarifáriasmínimas.Isso estimulaasindústriasdospaí-
sesdesenvolvidosausarema madeiradasflorestastropicaise não
a própria,fatoqueé reforçadopor restriçõesinternasàquantida-
dedeárvoresquepodemsercortadasnasflorestasdessespaíses.
6.4VALORES ECONÔMICOS EM JOGO
A conservaçãodas espéciesnão se justifica apellasem termos
econômicos.Tambémé motivada,e muito,por cOllsideraç{)cscs-
170
"
'1
\..
L
-;>
i
téticas,éticas,culturaise científicas.Mas paraaquelesqueexi-
gem prestaçõesde conta,os valoreseconômicosinerentesàs
substânciasgenéticasdasespéciesjá bastamparajQstifi"ara sua
preservação.
Hoje, asnaçõesindustrializadasregistrambenefíciosfinancei-
ros muitomaioresdecorrentesdasespéciesselvagenspo queos
paísesemdesenvolvimento,emboraos benefíciosnãoregistrados
paraos habitantesinterioranosdasregiões'tropicaispossamser
consideráveis.Os paísesindustrializadosdispõemda capacidade
científicae industrialparaaproveitarsubstânciasselvagensnain-
dústriae na medicina.E tambémcomercializamumaproporção
muitomaiorde suaproduçãoagrícolado queas naçõesemde-
senvolvimento.Os cultivadoresdo Norte dependemcada vez
maisdassubstânciasgenéticasprovenientesdevariedadesselva-
gensde milhoe trigo,duasculturasquedesempenhampapelde
destaqueno comérciointernacionalde grãos.O Departamentode
AgriculturadosEUA estimaqueascontribuiçõesdomaterialge-
néticovegetalgeramaumentosde produtividadeque,emmédia,
se situamemtornode 1% ao ano,comumvalorparao produtor
bemsuperioraUS$1 bilhão(dólaresde 1980).13
,A safrano'iie-americanade milho !,>ofreuum graverevésem
1970,quaridoumfungode folha atacouas terrasdecultivo,fa-
zendoosagricultoresperderemmaisdeUS$2bilhões.Descobriu-
se,então,umasubstânciagenéticaresistentea fungosemreservas
genéticasprovenientesdo México.14Mais recentemente,umaes-
pécieprimitivademilhofoi descobertanumaflorestaalpestredo
Centro-Sulmexicano.15Estaplantasilvestreé aespéciemaisan-
tigaqueseconheceaparentadaaomilhomodernoe sobreviviaem
apenastrêsestreitasfaixasde terrenoquese estendiampor uns
parcosquatrohectaresde umaáreaameaçada,de destruiçãopor
agricultorese madeireiros.A espécieselV'agemé perene;todasas
demaisformasdemilhosãoanuais.Suahibridaçãocomvarieda-
des comerciaisde milho abreaos agricultoresa perspectivade
poderemvir a pouparos gastosanuaiscoma aradae a semeadu-
ra,poisaplantacrescepor si mesmatodososanos.Osbenefícios
genéticosdessaespéciesilvestre,descobertosquandos6restavam
algunsmilharesde talos,podemtotalizarváriosbilhõesdedóla-
resaoano.16
As espéciesselvagenstambémcontribuempara a medicina.
Metadede todasas receitasaviadasoriginam-sede organismos
selvagens)7O valorcomercialdessesmedicamentosedrogasnos
EUA chegahoje a cercade US$14bilhõesanuais.18Em termos
mundiais,incluindosubstânciasquenãoentramnacomposiçãode
receitase produtosfarmacêuticos,o valor comercialestimado
excedeaUS$40bilhõesaoano.19
171
'-'"T,-,""";"';-:,":: "';~~:
I
A indústriatambémsebeneficiada vida selvagem.20Com as
substânciasdela'extraídasproduzem-segomas,óleos, resinas,
tinturas,tanino,gordurase cerasvegetais,inseticidase muitos
outroscompostos.Muitasespéciesvegetaissilvestrestêmsemen-
tesricasemóleoquepodemserutilizadasnafabricaçãodefibras,
detergentes,colase comestíveisemgeral.Por exemplo,asvidei-
ras de florestapluvialdo gêneroF evillea, encontradasna Ama-
zôniaocidental,contêmsementestãoricasemóleoqueumhecta-
.redessasvideirasnaflorestaoriginalpoderiaproduzirmaisóleo
do queúmhectaredeumaplantaçãocomercialdepalmeirasolea-
ginosas.21
'.Poucas'es~cies vegetaiscontêmhidrocarbonetosem vez decarboidratos2e algumaspodemgerminaremáreasquesetorna-
raminúteisdevidoaatividadescomoa mineraçãodecorteaberto.
Assim, as terrasdeterioradaspela extraçãode hidrocarbonetos
comoo carvãopoderiamser recuperadasmedianteo cultivodehidrocarbonetosna superfície.Além disso, ao contráriode um
poço petrolífero,uma"plantaçãode petróleo"nuncachegane-
cessariamentea secar.
a novocampodaengenhariagenética,através'do qualaciên-
cia projetanovasvariaçõesdeformasdevida,nãoinutilizagenes
selvagens.Na verdade,estanovaciênciadevesebasearnomate-
rial genéticoexistente,tomando-o,assim,aindamaisútil e valio-
so. A extinção,segundoo Prof. Tom Eisner,daComeUUniver-
sity, "já nãosignificamaisa simplesperdadeumvolumenabi-
bliotecadanatureza.Significaa perdadeumlivro defolhassol-
tas,emcadapágina- paraqueasespéciessobrevivam- perma-
neceriaperpetuamentedisponível.à transferênciaseletivae ao
aperfeiçoamentodeoutrasespécies".23a Prof. WinstonBrill, da
Universidadede Wisconsin,assinalou:"Estan1osentrandonuma
eraemquea riquezagenética,sobretudoa de áreastropicaisco-
mo as florestaspluviais,atéagoraum fundofiduciáriorelativa-
menteinacessível,estásetomandoumamoedadealtovalorime-
diato."24
Graçasà engenhariagenética,podeserqueaRevoluçãoVerde
da agriculturaseja suplantadapor uma"RevoluçãoGenética".
Essa tecnologiacria a esperançade que algumdia se venhaa
plantarnosdesertos,nomare emoutrosambientesqueantesnão
podiamsercultivados.No campoda medicina,os pesquisadores
antevêemque suaprópriaRevoluçãoGenéticaobterámaispro-
gressosnos últimos20 anosdesteséculodo q\le nos 200anos
anteriores.
Muitasdasnaçõesmenoscapacitadasa administrarsellsrecur-
sosvivos sãoas maisricasemespécies;os trópicos,ondeestão
pelomenosdoisterçosdetodasasespéciese umaproporçãoain-
172
Il
I
~
i
I
II
\'
t'
I
i
da maiorde espéciesameaçadas,coincideaproximadamentecom
a áreaquese convencionouchamarde TerceiroMundo. Muitas
naçõesemdesenvolvimentoreconhecema necessidadede prote-
ger as espéciesameaçadas,mas não dispõemdo instrumental
científico,~acapacidadeinstitucionalnemdos recursosfinancei-
ro·snecessáriosa essaconservação.As naçõesindustrializadas
queprOCUf<Ullcolheralgunsdosbenefícioseconômicosdosrecur-
sos genétic;os.deveriamajudar'asnaçõesdo TerceiroMundo em
seusesforços,conservacionistas;tambémdeveriamprocurarmeios
de ajudaros paísestropicais- sobretudoa populaçãorural,que
estámaisdiretamenteligadaa essasespécies- aobteralgunsdos
benefícioseconômic;os,propiciadosporessesrecur.sos.~ .' ., • >'., .•.••• '.
6.5 UMA NOVA ABORDAGEM: PREVER E EVITAR
a métodohistóricode criar parquesnacionaisatécertoponto
isoladosda .sociedadefoi superadopor umanova.abordagemde
conservaçãodasespéciese ecossistemasquesepodedefinir co-
mo "prevere evitar" . Isso implicaacrescentaruma...novadinicn-
sãoaométodojá tradicional,sebemqueviávele necessário,das
áreasprotegidas.Os modelosde desenvolvimentoprecisamser
alteradosparasetomaremmaiscompatíveis\coma preservaçãoda
valiosíssimadiversidadebiológicado planeta.Alteraras estrutu-
ras econômiease de usoda terraparecesera melhorabordagem
de longoprazoparagarantira sobrevivênciadasespéciesselva-
gense deseusecossistemas.
Essaabordagemmaisestratégicatratados problemasdadizi-
maçãodasespéciesem sua origemnaspolíticasde desenvolvi-
mento,prevêos resultadosóbviosdaspolíticasmaisdestrutivase
evita danosdesdeagora.Uma boa maneirade promoveressa
abordagemé a elaboraçãode EstratégiasNacionaisde Conserva-
ção (ENC), quereúnemos processosdeconservaçãoe desenvol-
vimento.Na elaboraçãode umaENC participamagênciasgover-
:1 namentais,organizaçõesnão-governamentais,interessesprivados
e a comunidadeemgeral,a fim de analisarquestõesrelativasa
recursosnaturaise estabelecerprioridades.Espera-seque, desta
forma,os interessessetoriaistenhamumamelhorcompreensãode
suasinter-relaçõescom outrossetorese que se possachegara
novaspossibilidadesdeconservaçãoe desenvolvimento.
a vínculoentreconservaçãoe desenvolvimentoe a: nécessida-
dedeatacaro problemanaorigemsãovisíveisno casodasflores-
tastropicais.Às vezes,nãoé a necessidadeeconômic'aquelevaà
exploraçãoabusivae à destruiçãodos recursos,mas a'política
governamental.Os custoseconômicose fiscaisdiretosdessaex-
173
-..
~,.,••••.•,l" •.l,i.j,~"·~'+~·~.,,.,.,",.' .':.:.._.~:'~'~~ '-'-'-'< ,.,.'._._. _~. __ ..••.••..••~.•' . .' ••:.o,_,-_~~_. ' ..'...-•......"
"Nãoéposs{ve!fazercomqueas oomurasaki- nossaborboleta
imperialpúrpura- voltema existiremquantidade,comonopas-
sado.A florestaidealparaas oomurasakiexigea extirpaçãode
ervasdaninhas,oplantiodeárvores,cuidadosemanutenção.A
florestaserápassadaàsfuturasgerações.Não é maravilhoso
pensarqueseestáligadoàsgeraçõesfuturaspelofatodelhes
deixarwnaflorestaondevoamtantasoomurasakie aspessoas
desfrutamdemomentosdealegria?
Seria muitobomse pudéssemosinstalar.no coraçãodas
criançaso amorpelanatureza.Esperamosdardepresenteaflo-
restaqueestamosplantandoàscriançasqueviverãonoséculo
XXI."
MikaSakakibara
AlunadaUniversidadedeAgriculturaeTecnologiadeT6quio
AudiênciapúblicadaCMMAD, Tóquio,27defevereirode1987
ploraçãoabusiva- somadosaos da extinçãode espécies- são
enormes.O resultadotemsido a exploraçãoruinosadasflorestas
tropicais,o sacrifíciodamaioriadesuasriquezasemmadeirae de
outrostipos,perdasenormesdereceitapotencialparao governoe
a destruiçãoderecursosbiplógicosdegrandevalor.
Os governosdo Terceiro Mundo podemcontera destruição
dasflorestastropicaise deoutrasreservasdediversidadebiológi-
ca semcomprometersuas meurseconômicas.,Podemconservar
espéciese habitatsvaliososenquantoreduzemseusônuseconô-
micose fiscais.A reformados sistemasdereceitaflorestale dos
termosde concessãopoderiagerarbilhõesde dólaresde receita
adicional,promovero uso maiseficientee maisprolongadodos'
recursosflorestaise reduziro desflorestamento.Os governospo-
deriamevitar enormeSdespesase perdasde receita,promover
usosmaissustentáveisda terrae refreara destruiçãodasflorestas
tropicais,seeliminassemos incentivosà atividadepecuária.
O vínculoentreconservaçãoe desenvolvimentotambémexige
certasalteraçõesnasestruturasdo comércio.Isso foi reconhecido
quandosecriou,em1986,a OrganizaçãoInternacionaldc Madei-
rasTropicais, sediadaem Iocoama,Japão, como objctivodera-
cionalizaros fluxoscomerciais.Suacriaçãovisava;\implementa-
ção do primeiroacordosobreprodutosbásicosa incorporarum
componenteespecíficorelativoà conservação.
Podem-seencontrarinúmerasoutrasoportunidades(k l~lIcora-
jar tantoa conservaçãodasespéciesquantoa produtividadccco-
174
\
,)
:1
:~
"
'"
I",
"
~~
'~~
'~
Ir]
;.
.l,
~
~!
fi
~;
,0
l'l...•
]~.:..~
.,
.,
~
:1
"
"i
l~~
IJ.···•..~
i,'
.,
I]:
V•
nômica.Muitosgovernosmantêmimpostosirrealisticamentebai-
xos sobreterrasrurais,enquantopennitemquecolonosseapro-
priemdeterras"virgens"pelofatodecultivá-Ias.Assim,osricos
donosde terraspodemficar compropriedadesiménsàse pouco
exploradasa umcusto baixo ou nulo, enquantooScamponeses
carentesdeterrasãoincentivadosa derrubarflorestase seinstalar
emassentamentosmarginais.,A reformadossistemastributárioe
de ocupaçãoda terrapoderiaaumentara produtividadenaspro-
priedadesexistentese reduziraspressõesparaexpandiro cultivo
emflorestasebaciasdeplanaltos.
Umaconservaçãobemplanejadadosecossistemascontribuide
muitasformasparaa consecuçãodasmetasprincipaisdo desen-
volvimentosustentável.A proteçãode faixasvitaisdeterrassel-
vagensajudatambém,por exemplo,a protegerterrasagricultá-
veis.Issoseaplicademodoespecialàsflorestasdeplanaltosdos
trópicos,queprotegemos valesdasinundaçõese daerosãoe os
cursosd'águaeos sistemasdeirrigaçãodoassoreamento.
Um bomexemploé aReservadeDumoga-Bone,emSulawcsi,
nortedaIndonésia,queabrangecercade3.000Km2 deflorcst:lS
de planalto.Ela·protegegrandespopulaçõesda mai'oriacIosma-
míferosendêmicosdeSulawesie muitasdas80 espéciesendêmi-
casdepássarosda ilha. Tambémprotegeo Sistemade Irrigação
do Vale de Dumoga,financiadopeloBancoMundiale instalado
nasplaníciespróximasa fim detripIicar,~produçãode arrozem
maisde 13mil hectaresde terrasagrícolasde primeiraqualida-
de.25Outroexemploé o ParqueNacionaldeCanaima,naVene-zuela,queprotegeo abastecimentode águaresidenciale indus-
trial paraumagrandehidrelétricaque,por ~uavez,geraeletrici-
dadeparao principalcentroindustrialdopaíse suacapital.
Daí seconcluiqueos governospoderiamconsiderara criação
de "parquesparao desenvolvimento",já que servemao duplo
propósitodeproteger,simultaneamente,oshabitatsdasespéciese
os processosdedesenvolvimento.Os esforçosnacionaisno senti-
do deprevere evitarasconseqÜênciasnegativasdaspolíticasde
desenvolvimentoem qualquer,dessasáreasseriamcertamente
muitomaisúteisà conservaçãodasespéciesdo quetodasasme-
didastomadasnosúltimos10anosa fim de promovera criação
de parques,a guardade áreasflorestais,o combateà caçae à
pescailícitase outrasformasconvencionaisdepreservaçãodavi-
da selvagem.O TIl CongressoMundialsobreParquesNacionais,
realizadoem Bali, Indonésia,em outubrode 1982,leyou esta
mensagemdos administradoresde áreasprotegidas,a todosos
planejadoresdomundo,demonstrandoas muitascontribuições
queasáreàs"protegidasà maneiramodernaestãotrazendoparaa
sociedadehumana.
175
,_;'.;~:!~-:.,..,'.'t .:-:~;~:-.~~~~:'~'-;,";:cX::,::,·;;:';';:. ,,'::,.~'\:~!••'j,I~'..::.:i\..l..'•.•~••..;.,•••"_ ••••_,....:~t.i.::..·· .- ~ <.;.á ~ <,,,, ,~",,-.
().6A AÇÃO INTERNACIONAL EM RELAÇÃO
ÀS ESPÉCIES NACIONAIS
As espéciese seusrecursosgenéticos- quaisquerquesejamsuas
'origens- evidentementebeneficiamtodosos sereshumanos.Os
recursosgenéticosselvagensdo México e da AméricaCentral
atendemtotalmenteàsnecessidadesdosprodutorese eonsuniido-
res de milho. As principaisnaçõesprodutorasde cacauencon-
tram-sena África ocidental,enquantoos recursosgenéticosde
que as modernascacauiculturasdependemparamantersuapro-
dutividadesituam-senasflorestasdaAmazôniaocidental.
Os produtorese consumidoresdecafé,a fim deobteremboas
safras,dependemdo fornecimentoconstantede novasmatérias
genéticasde espéciesselvagensda farmliado café, localizadas
sobretudona Etiópia.O Brasil, queforneceplasmagei:minativo
de borrachaselvagemparaos seringaisdo Sudesteasiático,de-
pendetambémdo plasmagerrninativoprovenientede diversas
partesdo mundo·paramantersuaslavourasde cana-de-açúcar,
sojae outrasde igual importância.Se os paísesda Europae da
Américado Norte não tivessemacessoa fontesestrangeirasde
plasmagerminativoanoapósano,suaproduçãoagrícolalogode-
clinaria.
As espéciese os ecossistemasnaturaisdaTerradentroembre-
ve serãoconsideradosativosaserempreservadose administrados
parao 'benefíciode todaa humanidade.Por isso, será'absoluta-
mentenecessárioincluir a conservaçãodasespéciesnas'agendas
políticasinternacionais. ' :
No âmagoda questãoestáo fatode quasesemprehaverum
conflito entreos interesseseconômicosde curtoprazode cada
naçãoemseparadoe os interessesdelongoprazododesenvolvi-
mentosustentávele dosganhoseconômicospotenciaisdacomu-
nidademundialcomoumtodo.As açõesquevisamaconServara
diversidadegenéticadevem,portanto,procurartornara proteção
dasespéciesselvagense de seusecossistemasmaisatraentesdo
pontode vistaeconômicotantoa curtoquantoa longoprazos.
Deve-seasseguràraos paísesemdesenvolvimentoumaparcela
eqüitativado lucroeconômicoprovenientedo usode gcnespara
finscomerciais.,
6.6.1Algumasiniciativasemcurso
Uma sériede medidasemnível internacionaljá estãosendotcn-
tadas,masem âmbitolimitado,comêxito apenasrelativoc de
naturezareativa.A OrganizaçãodasNaçõesUnidasparaa I(du-
cação,Ciênciae Cultura(Unesco)mantémumcentrodc inrorllla~
176
çõessobreáreasnaturais,erecursosgenéticos.SeuFundoparao
PatrimônioMundial financiaa administraçãode algunsecossis-
temasdecaracterísticasexcepcionaisemtodoo mundo,masessas
atividadesdispõemde orçamentoslimitados.A Urtescoprocurou
estabelecerumsistemaglobaldeReservasdaBiosfera,ondeesti-
vessemrepresentadasas200"provínciasbióticas"daTerrae que
abrigasseamostrasdecomunidadesdeespécies.Mas só umterço
dasreservasnecessáriasfoi criado,apesardeo estabelecimentoe
a manutençãodos dois terçosrestantesviessema custarapenas
cercadeUS$150milhõesanuais.26' .
OutrosórgãosdaONU, comoa Organ}zaçãoparaa Alimenta-
çãoe a Agricultura(FAO) e o ProgramadasNaçõesUnidaspara
o Meio Ambiente(PNUMA), mantêmprogramasrelacionados
com espéciesameaçadas,recursosgenéticose ecossistemasim-
portantes.Mas suas atividadesconjugadaspouco representam
diantedo muitoqueé necessáriofazer.Dentreos orgãosnacio-
nais,a AgênciaNorte-Americanaparao DesenvolvimentoInter-
nacionalé a maisimportanteno quetangeao,reconhecimentoda
necessidadede conservaras espécies.Por lei 'aprovadano Con~
gressodos EUA em 1986,serão',destinadosanualmentcUS$2,5
milhõesa esseobjetivo.27Mais umavez,estadeveriaserconsi-
deradaumaatitudeimportantesecomparadacomo quetcmsido
feito até agorapelasagênciasbilaterais,masinsignificanteem
termosdenecessidadeseoportunidades.
A União Internacionalparaa Conservaçãoda Naturezae dos
RecursosNaturais(UlCN), trabalhando'em estreitacolaboração
como PNUMA, o Fundo,Mundialparaa Vida'Selvagem,o Ban-
co Mundiale váriasagênciasinternacionaisde assistênciatécni-
ca, criouum','CentrodeMonitoraçãodaConservação",parafor-
necerinfonriaçõessobreespéciese ecossistemasa qualquerparte
do mundo,comrapideze facilidade.Esteserviço,abertoa todos,
ajudaa gafantiiqueos'Projetosde desenvolvimentosejamelabo-
rados contandocom todasas informaçõesdisponíveissobreas
espécieseos ecossistemasquepossamvir a afetar.,prestatambém
assistênciatécnicaa nações,setorese organizaçõesinteressados
emcriarbancosdedadoslocaisparausopróprio.
Os problemasatinentesàs espéciestendem,de modogeral, a
ser consideradosmaisemtermoscientítlcose conservacionistas
do queumaimportantequestãoeconômicae de recursos.Sendo
assim,a questãocarecede suportepolítico.O Plano de Ação so-
bre SilviculturaTropical é umaimportanteiniciativanQsentido
de dar maiorênfaseà conservaçãono debatedasquestõesrelati-
vasao desenvolvimentointernacional.Esseesforçoconjunto,co-
ordenadopelaFAO, envolveo BancoMundial,a UICN, o Insti-
tutodeRecursosMundiaise o ProgramadasNaçõesUnidaspara
177
"..~,, ----"'-~- ---;-c~-----::~=~.=c=,,,=======S~s::::~,,P...~=','-""_:-:'C_""7_L7.-,C-..:.~,7,:7:::.~::....~.•. :".'!:.,~.:!'__ "'__."'".,.._!'II!!I"."'""'"II"._II,•. ."_.__._.,,•.,~•..•,,II, ..1i1l.·.1':'~_"".~"":'7~ê~"..~"~~.,;-".. ~~.---~~~~--;.
"A medidaqueo desflorestamentoprogride, cai a qualidadede
vidade milhõesdepessoasnospaíses emdesenvolvimento;sua
sobrevivênciaestáameaçadapela perda de vegetaçãoda qual
dependemcpmofonte de energia domésticae de muitosoutros
bÓwfícios.Se asflorestas tropicaiscontinuarema ser derruba-
dasno ritmodeagora,pelo menos225milhõesdehectaresterão
sido destruídospor volta do ano 2000; se a destruiçãodasflo-
restaspluviaistropicaiscontinuar,estima-sequede10a 20%da
vidavegetale animal'daTerra terãodesaparecidono([no2000.~
, Contero de.yflorestamentodependede liderançapolíticae de
mudançasadequadasdepolfticapor partedosgovernosdospa{-
ses emdesenvolvimento,em apoio a iniciativasno n[velda co-
munidade.O principal ingredienteéa participClÇãoativademi-
lhõesdepequenosagricultorese sem4erras,que, todosos dias,
llsamflorestase árvorespara atenderemàs suasnecessidades."
.;;.
J. GustaveSpeth
PresidentedoInstitutodeRecursosMundiais
AudiênciapublicadaCMMAD, SãoPaulo,28-29deoutubrode1985
o Desenvolvimento,aIémde váriasoutrasinstituiç,ões.Essa ini-
ciativa,muitoampla,propõeque se procedaà revisãoda silvi-
culturanacional,queseformulemplanosnacionaisde silvicu:Itu-
ra, quese adotemnovosprojetos,quese aumentea cooperação
entreas agênciasdeassistênciaaodesenvolvimentoqueatuamno
setorflorestale quehajaum maiorfluxo de recursostécnicose
financeirospara a silviculturae camposcorrelatos,comoo da
agriculturaempequenaescala.
Estabelecernormase procedimentosparaquestõesrelativasa
recursosé pelo menostão importantequantoaumentarrecursos
financeiros.Exemplosde tais normassão, entreoutros,a Con-
venção sobre Terras Úmidas de ImportânciaInternacional,a
Convençãosobrea Conservaçãode Ilhas paraaCiência(ambas
visandoà salvaguardade habitatsoriginaise suasespécies)e a
Convençãosobreo ComércioInternacionalde EspéciesAmeaça-
das.As trêsConvençõessão úteis,emboraas duasprimeirasse-
jambasicamentetentativasdecriar "refúgiosde espécies".
6.6.2Estabelecendoprioridades
Umaprioridadebásicaé fazer comqueo problemadasespécies
emextinçãoe dosecossistemasameaçadosconstedasagendasde
políticascomoumaimportantequestãorelativaa recursos.() Ma-
178
paMundialdaNatureza,adotadopelaONU emoutubrode 1982,
foi umpassoimportantenessesentido.
Os governosdeveriamestudara possibí1idadeqe firmaruma
"ConvençãosobreasEspécies",semelhanteemespíritoe emal-
canceà Lei do Tratado.do Mar e a outrasconvençõesinternacio-
nais que exprimemprincípiosde '''recursosuniversais".Uma
ConvençãosobreasEspécies,nosmoldesdeumdocumentoela-
boradopelaUICN, deveriaenunciaro conceitodeespéciese de
variabilidadegenéticacomoumpatrimôniocomum.
Responsabilidadecoletivapelopatrimôniocomumnãosignifi-
cariadireitosinternacionaiscoletivosaosrecursosde umanação.
Não haveriainterferêncianos conceitosde soberanianacional.
Significariaapenasqueasnaçõesjá nãoteriamdecontarsomente
comseusesforçosisoladosparaprotegerespéciesameaçadasem
seuterrit6rio.
Tal Convençãoprecisariaapoiar-senumacordofinanceiroque
contassecop1o ativopatrocíniodacomunidadede mrçõe~.Qmu-
querajuste'destetipo - e sãoinúmerasaspossibilidades- não
deveapenastentarassegurara conservaçãodos recursosgenéti-
,cosparatodos,mastambémgarantirqueasnaçõesdetentorasde
grandepartedessesrecursostenhamumaparticipaçãoeqüitativa
nosbenefíciose ganhosadvindosdeseuaproveitamento.Issose-
ria um grandeestímuloà conservaçãodasespécies.Tal acordo
poderiaser um FundoFiduciáriopara'o qual todasas nações
contribuíssem,cabendoumaparticipaçãomaioràs quemaisse
beneficiassemcomo uso dos recursos'.Os governosdospaíses
quepossuemflorestastropicaispoderiamserpagosparaconser~
var determinadasáreasflorestais,e taispagamentosaumentariam
ou diminuiriamdependendodo nível demanutençãoe proteção
dasflorestas.28
Para umaconservaçãoeficientesãonecessáriassomaseleva-
das.S6 aconservaçãodeflorestastropicaispormeiostradicionais
exigeumdispêndiodeUS$170milhõesporanodurantepelome-
noscincoanos.29Contudo,narededeáreasprotegidasdequeo
mundonecessitaráporvoltade2050,têmdeestarincluídasáreas
muitomaisvastas,queprecisamde diferentesníveisdeproteção
e detécnicasdeadministraçãobastanteflexíveis.30
TambémsãonecessáriosIpaisrecursosfinanceirosparaasati-
vidadesde conservaçãofora'·dasáreasprotegidas:administração
da vida,selvagem,áreasdeecodesenvolvimento,campa~asedu-
cativasetc.Entreoutrasmedidasmenosdispendiosas.estáa con-
servaçãodebancosde genesselvagensde importânciae,speciaI,
por meiodacriàçãode "áreasdeconservaçãogenética"nospaí-
sesde granderiquezabiol6gica.A maioriadessetrabalhopode
179
~"' ,,;~...~~:~~'-:::·>'--~L,c' ";"..-., ::~~{~;·':;'-"'(l~'._--:,':-;r"':'>"~,~&b~~{:;:~o;-,.:l~~~!(-i·~:~~"~:j:--:-·,-~~.+~:~:.:3·.'-·:';~_:~~:~';'~~~_~.~. ~-'":~.,~_.... I••,.," ~" ~.~_.-~-
ser levadaa efeitopor gruposde cidadãose por outrosmeios
não-govern~entais.
As agênciasinternacionaisde desenvolvimento- o Banco
Mundiale outrosgrandesbancosdecrédito,asagênciasdaONU
e asagênciasbilaterais- deveriamatentar,demododetidoe sis-
temático,paraos problemase as oportunidadesde conservação
dasespécies.Emborajá existaumgrandecomérciointernacional
de espéciese produtosda vida selvagem,atéhoje nãose deua
devidaimportânciaao valoreconômicoinerenteà variabilidade
genéticae aosprocessosecológicos,Entreaspossíveismedidasa
seremtomadasestãoa análisedosefeitosde projetosde desen-
volvimentosobreo meioambiente,dando-seespecialatençãoa
habitatsdeespéciese sistemasdemanutençãodavida;a identifi-
caçãodos locaisondeexistemconcentraçõesexcepcionaisde es-
péciescom níveismuitoelevadosde endemismoe de perigode
extinção;e asoportunidadesdevinculara conservaçãodasespé-
ciesà assistênciaaodesenvolvimento.
6.7A AÇÃO NACIONAL
Comojá sedisse,os governostêmdepartirparaumanovaabor-
dagemnessecampo- prevero impactodesuaspolíticassobrevá-
rios setorese agirno sentidode evitarconseqüênciasindesejá-
veis.Deveriamreverseusprogramasemsetorescomoagricultura,
silviculturae assentamentos,quedegradame destroemhabitatsde
espécies.Os governosdeveriamtambémdeterminarquantasáreas
protegidasaindasãonecessárias,tendoem mentesobretudode
queformataisáreaspodemcontribuirparaosobjetivosdodesen-
,volvimentonacional,e redobrarasprovidênciasparaa proteção
de bancosde genes(como,por exemplo,variedadesoriginais
cultivadas)quetalveznãopossamserpreservadospor meiodas
áreasprotegidasconvencionais.
Além disso,é precisoqueos governosreforceme ampliemas
estratégiasjá existentes.Entreas necessidadesmaisurgenteses-
tãoumaadministraçãomelhordavidaselvageme das~reaspro-
tegidas,um maiornúmerode áreasprotegidasdo tipo não-con-
vencional(comoasestaçõesecológicasqueestãotendorelativo
sucessono Brasil),maisprojetosligadosà pecuáriac a rcservas
de caça(comoos esquemasreferentesa crocodilosna fndia,Pa-
puaNova Guiné,TailândiaeZimbábue),umaprolllt)(Jiomaisin-
tensado turismoemregiõesde vida selvagem,c medidasmais
severasparaimpedira caçailícita (emboraasespéciesatllcaçatlas
pelacaçailícita sejamrelativamentepoucasemCOlllp:II;H;:tO com
o elevadonúmerode espéciesameaçadaspelapcrdade S(~lISha-
180
"Infelizmenteo mundonão é o quegostar{amosquc.I"."'" r'.1
problemassãOmuitose graves,Na verdade,s6podems,'I ,,'.\/"
vidoscomcooperaçãoe talento. ' . ~
RepresentownaorganizaçãochamadaNaturezae J{(I"'I/rll""
Sei quecontocomo totalapoiodenossosmembrosqW{l/d, I díg, ,
que estanwspreocupadoscomo futuro caso não OCOf1l1f1( 1///1
dançasdrásticasemrelaçãoao modocomoo mundoVOI/ ri 11ri 111
dodenossacondiçãoessencial,a natureza.
N6s quetrabalhamoscoma juventude,equesomosjO\'('l/s /111
Noruegade hoje, sabemosmuitobemquea destruiçãorllI 1/11(11
reza'provocanosjovensummedoapáticocomrelaçãofl ,\'('11/11
turo,e comafeiçãoqueeletomará_
E muitoimportantequeas pessoascomunstenhama d/tll/'('
de participar nas decisõesquantoao modode tratara TltI!lIll'
za."
FredcricIlall)','-
Naturezae J/I 1't'I111/1Ir'
AudiênciapúblicadaCMMAD, Oslo,24-25dejunhode I'IE',
bitats).As EstratégiasNacionais de Conservação,como :IS j{1
existentesemmaisde25 países,podemsermuitoúteisparaa co
ordenaçãodosprogramasdeconservaçãoe desenvolvimento.
Reconhecendoque o desaparecimentode espéciesreprescnta
umsériodesafioaosrecursose ao desenvolvimento,os governos
poderiamtomaraindaoutrasmedidasparaenfrentarestacrise--
entreas quaisconsideraras necessidadese as oportunidadesda
conservaçãodasespéciesno planejamentodo uso da terrae in-
corporar·explicitamentesuasreservasde recursosgenéticosaos
sistemasde contasnacionais.Daí poderiaadvir a criaçãode um
sistemade contasde recursosnaturaisque dedicasseespecial-
atençãoàsespécies,considerando-asrecursodegrandevalorem-
bora aindapouco reconhecido.Por fim, os governosdeveriam
apoiare expandirprogramasde educaçãopúblicaparaassegurar
queasquestõesatinentesàsespéciesmerecessema atençãodevi-
daporpartedapopulação.
Todanaçãodispõeapenasderecursoslimitadosparalidar com
as prioridadesde conservação.O dilemaconsisteemcomousar
esserecursoscom o máximode eficiência.A cooperas;ãocom
paíseslinútrofesquepartilhamdos mesmosecossistemase espé-
ciespodeajudarno tocanteà elaboraçãodeprogramase.também
àdivisãodasdespesascominiciativasregionais.Só serápossível
tomarmedidasprecisasparasalvarumnúmerorelativamentepe-
181
-"::ú\,,:~_:';"-~";'::.--i-'~:"C
I I'
quenodasespéciesmaisimportantes.Como essaescolhaé dificí-
lima,os planejadoresprecisamtornarasestratégiasdeconserva-
çãoo maisseletivaspossível.Ninguémsealegracomaperspecti-
va derelegarespéciesameaçadasao esquecimento.Masnamçdi-
da em que as escolhasjá estãoinconscientementesendofeitas,
elas deveriamter por baseum critério seletivoque levasseem
contao impactoda extjpçãode umaespéciesobreabiosferaou
paraa integridadededeterminadoecossistema.
Mas mesmoqueos esforçospúblicosse concentrememumas
poucasespécies,todas;Sãoimportantese merecemalgumtipo de
atenção,quepoderiase traduziremcréditosfiscaisparaos agri-
cultoresquedesejassemmantercultivaresprimitivos,no llill dos
incentivosà derrubadade florestasvirgens,no incentivodasuni-
versidadeslocais à pesquisa,e na elaboraçãode inventáriosda
florae dafaunanativaspelasinstituiçõesnacionais.
6.8A NECESSIDADE DE AÇÃO
Há inúmerosindíciosde quea perdade espéciese de seusecos-
sistemasestásendoencaradaseriamentecomoumfenômenocom
conseqüênciaspráticasparatodosos povosdo mundo,tantohoje
quantoparaasgeraçõesvindouras.
O aumentorecentedessapreocupaçãopopularmanifesta-seem
fatoscomoos Clubesde Vida Selvagemdo Quênia,quehojejá
chegama maisde 1.500clubesescolarescom cercade 100mil
membros.31Algo semelhanteno tocanteà educaçãoparaa con-
servaçãoocorreuemZfímbia,.Na lndonésia,cercade400grupos
conservacionistasse reunirainsob a égide do Forumlndonésio
para o Meio Ambientee já exercemforte influênciapolítica.32
Nos EUA, o númerode membrosda AudubonSocietychegoua
385mil em 1985.33Na URSS, os clubesda naturezacontamcom
maisde 35 milhõesde sócios.34Tudo isso indicaqueo público
atribuià naturezaum valor queultrapassaos imperativoseconô-
micosnormais.
Em respostaa essapreocupaçãopopular, os governosestão
tomandoprovidênciasparaassistiràsespéciesameaçac1asemseus
territórios,principalmentepor meioda instituiçãode maisáreas
protegidas.Hoje, a redemundialde áreasprotegidastotalizamais
de 4.000.000Km2, o queequivaleaproximadamenteaotamanho
da maioriadospaísesda Europaocidentalcombinados,ou a duas
vezeso tamanhodalndonésia.No quetangeacadacontinente,as
áreasprotegidasna Europa(excluídaa URSS) corrcspolldiamem
1985a 3,9% do território;na URSS, a 2,5°1<,; na J\1I1L-ricado
182'
Norte,a 8;1%; naAméricado Sul, a 6,1%;na África, a 6,5%;e
naÁsia (excluídaaURSS) e naAustrália,a 4,3%cada.35
A partirde 1970,essasredescresceramemextensãoemmais
de 80%,cercade.doisterçosdessetotalnoTerceiroMundo.Mas
aindahámuitoa serfeito.Há entreosprofissionaisumconsenso
de quea extensãototaldasáreasprotegidasprecisaserno míni-
motriplicadaparaconstituirumaamostrarepresentativadosecos-
sistemasdaTerra.36
Ainda estáemtempodesalvarasespéciese seusecossistemas.
Este é um pré-requisitoindispensávelao desenvolvimentosus-
tentável.Se falharmos,não seremosperdoadospelas gerações
futuras.
Notas
I McNeely,J. & Miller,K., ed.Nationalpa'r-ksconservationanddevelop-
ment;theroleof protectedareasin sustainingsociety.Proceedingsof the
WorldCongressonNationalParks.Washington,D.e.,Smithsonianlnsti-
tutionPress,1984.· .
2Banage,W.B.Policiesforthemaintenanceof biologicaldiversity1986.
(Preparadoparaa CMMAD.);Ehrlich,P.R.& Ehrlich,A.H. ExtinctiulI.
NewYork, RandomHouse,1981;Western,D., ed.Conservation2100.
Proceedingsof WildlifeConservationlnternationalandNewYorkZoolo-
gicalSocietyConference,21-24Oct. 1986.NewYork,ZoologicalSo-
ciety(noprelo);Myres,N. Tropicaldeforestationandspeciesextinction,
thelatestnews.Futures,Oct.1985;Lewin,R. A massextinctionwithout
asteroids.Science,3 Oct.1986;Raven,P.H.StatementfromMeetingof
IUCN/WWF PlantAdvisoryGroup.LasPalmas,Canarylslands,24-25
Nov.1985;Soule,M.E.,ed.Conservationbiology;scienceof scarcityand
diversity.Sunderland,Mass.,SinauerAssociates,1986;Wilson,E.O.,ed.
Biodiversity.ProceedingsofNationalForumheldbyNationalAcademyof
SciencesandSmithsonianlnstitution,21-24Sept.1986.Washington,
D.C.,NationalAcademyPress(noprelo).
3 Frankel,O.H. & Soule,M.E. Conservationand evolution.Cambridge,
CambridgeUniversityPress,1981;Schonewald-Cox',C.M. et alii,org.
Geneticsand conservation.Menlo Park,Calif., Benjamin/Cummings,
1983.
4 Raup,D.D. Biologicalextinctionin Earthhistory.Science,28Mar.
19[;.
5 Wilson,E. O. opcit.;Ehrlich,P.R.& Ehrlich,A.H:op.cit.;Myers,N.
op.cit.;Soule,M.E.op.cito
6 Ruggieri,G.D & Rosenberg,N.D.Thehealingsea.NewYork,Dold
Mead,1978.c I
7 FAO UNEP.Tropicalforest resources.Rome,1982.(ForestryPaper
n.30.);Melillo,J.M. etalü.A comparisonofrecentestimatesofdisturban-
cein tropicalforests.EnvironmentalConsérvation,Spring1985;Myers,
N. Theprimarysource.NewYofk,W.W.Norton,1984;Myers,N.Tropi-
183
·...".l.•.•!,..'...;.:, ·.I~L~.{2:~~,.,~~:~,":J-~',"~i/,';;;';;~'::.;~':' "~j;.:;i:;,;l"::-<~.~,":"""
cal deforestation... cit.;Molofsky,J. etalii.A comparisonof tropicalfo-
restsurveys.Washington,D.C., CarbonDioxidePrograrn,US Depart-
mentof Energy,1986.
8 SimberIoff,D. Are weon thevergeof amassextinctionin tropicalrain
forests?In: Elliot, D.K., ed.Dynamicsofextinction.Chicester,UK, John
Wilky, 1986;Raven,P.H.op.cito
9 Salati,E. & Vose,P.B. Amazonbasin:a systemin equilibrium.Science,
13July 1984.
10Departmentof InternationalEconomicandSocialAffairs. Worldpo-
pulationprospect;estimatesand projectionsas assesse.din 1984.New
Y ork,UnitedNations,1986.
11Repetto,R. Creating.incentivesfor sustainableforestrydeveIopment.
Washington,D.C., WorldResourcesinstitute,Aug. 1985
12Ibid.
13AgriculturalResearchServÍCe.lntroduction,classification,maintenan-
ce,evaluation,anddocumentationofplantgermplasm.Washington,D.C.,
US Departmentof Agriculture,1985.
14 Tatum, L.A. The Southerncom leaf blight epidemic.Science,
171:1.113-16,1971.
15 Iltis, H.H. et alü.Zeadiploperennis(grarnineae),a newteosintefrom
Mexico.Science,12Jan. 1979.
16Fisher,A.C. Economicanalysisandtheextinctionof species.Berkeley,
Departmentof EnergyandResources,Universityof California,1982.
17Farnsworth,N.R. & Soejarto,D.D. PotentiaIconsequenceof plantex-
.tinctionin theUnitedStatesonthecurrentandfutureavailabilityof pres-
criptiondrugs.EconomicBotany,39:231-40,1985.
18Myers, N. A wealthofwild species.Boulder,Colo., WestviewPress,
1983.
19Ibid.
20Oldfield,M.L. The valueof conservinggeneticresources.Washington,
D.C." NationalParkService,US Departmentof theInterior,1984;Prin-
cen,L.H. Newcropdevelopmentfor industrialoils.foumal oftheAmeri-
canGil Chemists'Society.56:845-8,1979.
21 Gentry,A.H. &Wettach,R. Fevillea- a newoilseedfromAmazonian
Peru.EconomicBotany,40:177-85,1986.
22Calvin,M. Hydrocarbonsfromplants:analyticalmethodsandobserva-
tions.Naturwisserischaften,67:525-33,1980;Hinman,C.W. et a1ü.Five
potentialnew cropsfor m;i.dlands.EnvironmentalConservation,Winter
1985.
23 Eisner,T. ChemicaIs,genes,andtheIossof species.NatllreCqnservan-
cyNews,33(6):23-4,1983.
24 Brill, W,J. Nitrogen fixation:basicto applied.AmericanScientist,
67:458-65,1979.
25McNeely,J. & Miller,K. op.cito
26 Unesco.lntemationalCoordinatingCOllncilofMan allelt/II' lIi(}.\phere.
Paris,1985.(MAB ReportSeriesn.58.)
27 Cartaenviadaa N. Myers,consultoremmeioambi~nt~e (b:ellvoIvi-
mento,peloSenadorW. Roth(R-De!.),CongressodosE\ lA, Washington,
D.C.
184
28R.A. Sedjo,DepoimentoaIÍtea SubcomissãosobreDireitosHumanose
OrganizaçõesInternacionais,Comissãode RelaçõesExteriores,Câmara
dosDeputadosdosEUA, 12set.1984.
29 InternationalTaskForce.Tropicalforest;a calIfor action.Washi.ngton,
D.C., WorIdResourcesInstitute,1985.
30 Peters,R.L. & DarlingJ.D S. The greenhouseeffectóf naturereser-
ves.Bioscience,35:707-17,1984.
31 Wilson,Ed Kenya'sWildlife Clubs.WWF RegionalOffice for East
andCentralAfrica, 3 Feb.1987.(Comunicaçãopessoal.)
32Centrefor EnvironmentalStudies.EnvironmentalNGO's indeveloping
countries.Copenhagen,1985.
33 Númerode membrosda Audubonretiradode Ulric/z'sPeriodicals.
New York, R.W. Bowker,1985.
34 Prof. Yazan,vice-presidentee conselheiroregionalda UICN. IUCN
Bulletin,17(7/9).
35Listofnationalparksandeqllivalentreserves.IUCN, 1985.
36McNeely,J. & Miller,K. op.cito
185

Outros materiais