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·.' . .-'.'....- ,. •,_ ..'_.•.....;.;.;:.~'"'..:...:..:::.. ...:....::..;j.:..':.::.,;.,-'.-~:..;:....;.._".'..--.:. ;•• , . ,:_-~_.~.; 10Ibid. I I Diesa,op.cit. 12WorldHealthOrganization.JntersectorallinkagesandIzealtlzdevelop- ment,casestudiesin lndia (Keralastate),Jamaica,Norway,Sri Lankaand Tlzailand.Geneva,1984. 13BancoMundial.op.cit. 14 Timberlake,L. Only one Earth; living for the future. London, BBC/Earthscan,1987 15UnitedNationsEnvironmentProgramme.Thestate'oftlzeenvironment; environmentandhealth.Nairóbi,1986. 16 World HealthOrganization.Global strategyfor healthfor all by the year2000.Geneva,1981. 17 Unesco.A summarystatisticalreviewof educationin the world, 1960-82.Paris,1984. / '. 128 S. SEGURANÇA ALIMENTAR: MANTENDO.O POTENCIAL Hoje,.a produçãomundialde alimentospor habitanteé a maior verificadaemtodaa históriadahumanidade.Em 1985foramprq- duzidosquase500kgpor habitantede cereaise tubérculos,as fontesbásicasda alimentação.1Mas emmeioa essaabundância, maisde 730 milhõesdepessoasnãocomemo suficienteparale- varumavidaplenamenteprodutiva.2Há lugaresondequasenada écultivado;e há lugaresondegrandenúmerode pessoasnãoga- nha o suficienteparacompraralimentos.E em amplasáreasda Terra,tantonos paísesemdesenvolvimentocomonosdesenvol- vidos;o aumentoda produçãode alimentosestáprejudicandoa basedaproduçãofutura. Dispomosdosrecursosagrícolase datecnologianecessáriapa- ra alimentarpopulaçõescadavez maiores.Nas últimas.décadas houvemuitosprogressos:Não faltamreoursosparaa agricultura; o quefaltasãopolíticasqueasseguremqueo alimentosejapro- duzidonãosó ondeé necessário,masdemodoa garantira sub- sistência.daspopulaçõespobresrurais.Paraenfrentaressedesa- fio, tel1).osde consolidarnossasconquistas'~traçarnovasestraté- giasparagarantiralimentoemeiosdesubsistência. 5.1 CONQUISTAS Entre1950e 1985,aproduçãodecereaissuplantouo aumentoda população,passandode cercade 700milhõesde toneladaspara mais.de 1,8bilhãode toneladas,uma·taxade crescimentoanual deaproximadamente2,7%.3Esseincrem~ntoajudoua atenderàs crescentesdemandasdecereaisacarretadaspeloaumentopopula- cionale pelaelevaçãodasrendasnospaísesemdesenvolvimento e tambémpelasnecessidadescrescentesderaçãoanimalnospaí- sesdesenvolvidos.Mas houvegrandesdiferençasno desempenho regional.(Vyr tabela5.1.) Como a p~oouçãoaumentouacentuadamenteem algumasre- giõese a demandaemoutras,a estruturadocomérciomundialde alimentos,em particularde cereais,alterou-seradicalme'nte.A .Américado:Norte, queexportouapenas5 milhõesde toneladas de grãosalimentíciosao anoantesda II GuerraMundial, chegou a quase120milhõesnosanos80.Hoje,odéficitdegrãosnaEu- 129 Tabela5.1 Duasdécadasdedesenvolvimentoagrícola ropaé muitomenor,e o grossodasexportaçõesnorte-americanas destina-seà URSS, Ásia e África. No início dos anos80, três países- China,Japãoe URSS - recebiammetadedasexportações mundiais;grandepartedo restantedestinava-sea paísesemde- senvolvimentorelativamentericos, comoos exportadoresde pe- tróleo do OrienteMédio. Vários paísespobresessencialmente agrícolas,sobretudona África subsaariana,tornaram-seimporta- doreslíquidos de grãosalimentícios.Mesmoassim,emboraem 1984um quartoda populaçãoda África subsaarianadependesse de grãosimportados,as importaçõesdessaregiãorepresentaram menosde 10%docomérciomundialdegrãosnosanosgO,1J Além dosgrãos,outrosalimentosestãoalterandoasestruturas dademandae daproduçãodealimentosnomundo,A (klll:lndade Região 1961-641981-841964198419641984 Mundo 1001120,440,3129,385,3 AméricadoNorte100 1211,050,9047,393,2 EuropaOcidental100. 1310,310,25124,4224,3 Lesteeuropeu eURSS 1001280,840,7130,4122,1 África 100880,740,351,89,7 OrientePróximo1100 1070,530,356,953,6 ExtremoOriente2100 1160,300,206,445,8 AméricaLatina 1001080,490,4511,632,4 Paísesasiáticos comeconomiadeplanejamentocentralizado3 1001350,170,1015,8170,3 Fonte: baseadoemdadosdaFAO. 1AgrupamentodaFAO quecompreendeo OestedaÁsia,Egito,LíbiaeSudão.2AgrupamentodaFAO queabrangeoSuleoSudesteasiático,excluindoaseconomiasasiáticasdeplanejamyntocentralizado.3 AgrupamentodaFAO deeconomiasdeplanejamentocentralizadodaÁsiaquecompreendeChina,CoréiadoNorte,Kampucheia,MongóliaeVietnã. ProduçãodeaJi- Áreadeplantio mentosper capita brutaper capita (1961-64=100) (hectares) Usode fertilizantesper capita (quilos) leitee carnecresceà medidaqueaumentamasrendasnassocie- dadesquepreferem'proteínaanimal,e grandepartedo desenvol- vimentoagrícoladospaísesindustrializadosdestinou-seaatender a essademanda.Na Europa,a produçãodecarnemaisqu-etrifli- cou entre1950c 1984,e a produçãode leitequasedobrou. A produçãode carneparaexportaçãoaumentouabruptamente,so- bretudonasáreasdepastagemdaAméricaLátinae daÁfrica. As exportaçõesmundiaisde carnepassaramde aproximadamente2 milhõesde toneladasem 1950-52paramaisde 11 milhõesem 1984.6 Para essa produçãode ieite e carneforamnecessários,em 1984,cercade 1,4bilhãode bovinose bufalinos,1,6bilhãode ovinose caprinos,800milhõesdesuínose grandequantidadede aves- tudoissorepresentandoumpesosuperioraodoshabitan- tesdo planeta.7A maioriadessesanimaispastaou sealimentada vegetaçãolocal. Contudo,o crescimentoda demandade grãos forrageirosacarretouacentuadosaumentosnaproduçãodecereais comoo milho, querespondeupor quasedois terçosdo aumento totalda produçãodegrãosna Américado Nortee na.Europaen- tre1950e 1985. Esse crescimentosemprecedentesna produçãode alimentos deveu-se,emparte,à expansãodabasedeprodução:maiorárea de plantio,maiorrebanho,maisbarcospesqueirosetc.Mas em grandepartedecorreude um incrívelaumentonaprodutividade. O aumentopopulacionalprovocouareduçãodaáreadestinadaao cultivoemquasetodoo mundo,emtermosper capita.E como . dec1ínioda disponibilidadede terrasagricultáveis,osplanejado- , rese agricuItore$se concentraramno aumentodaprqdutividade. 'Nos últimos35'anos,issofoi conseguidomediante:. o o usode novasvariedadesdesementesdesenvolvidasparama- ximizaro rendimento,facilitaro cultivomúltiploe resistiràspra- gas; ti) a aplicaçãode maisfertilizantesquímicos,cujo consumoau- mentoumaisdenovevezes;8 c o usode maisResticidase produtosquímicossimilares,queau- mentou32vezes;9 ' o o aumentodasáreasirrigadas,quemaisdoqueduplicaram.10 As estatísticasglobaismascaramas grandesdiferençasregio- nais.(Ver box5.1.)Os efeitosdasnovastecnologiastêmsidode- siguais,e sobcertosaspectosa defasagememtecnologiaagrícola ampliou-se.Por exemplo,a produtividademédiados grão~ali- mentíciosnaÁfrica declinouemrelaçãoàprodutividadeeuropéia de aproximadamentedoisquartosparacercadeumquintonQsúl- timos35 anos.Até na Ásia, ondea novatecnologiadifundiu-se rapidamente,a produtividadecaiu em relaçãoaos níveis euro- 130 131 •• ~ ~ H ••••:.'~~~'~:;:j;.•~,sL~LL:..-' ...:.~:.:':_~\:.: -,.."",-~::,,--. Box 5.1 Perspectivasregionaisde desenvolvimento agrícola África c quedade cercade 1% ao anona produçãode alimentos per capitaapartirdo iníciodosanos70; " concentraçãoemculturascomerciaise maiordependência de alimentosimportados,estimuladapor políticasdepreços epornecessidadededivisas; o grandedefasagemde infra-estruturaparapesquisa,exten- são,fornecimentodeinsumose comercialização; o degradaçãodabasederecursosagrícolasdevidoadeserti- ficação,secase outrosfenômenos; c grandepotencialnão-exploradodeterrascultiváveis,irri- gaçãoe usodefertilizantes. .OestedaÁsia eNortedaÁfrica I) incrementode produtividade,devidoà melhorirrigação, aocultivodevariedadesdealtorendimentoe amaiorusode fertilizantes; " terrascultiváveislimitadase grandesextensõesdedeser- tos,tornandoumdesaBoaauto-s.ufiç.i&nciaalimentar; Q necessidadede irrigaçãocontroladaparaenfrentarascon- diçõesdearidez. Sul eLesteasiáticos 6' maiorproduçãoe produtividade,cbm algunspaísesregis- trandoexcedentesdegrãos; fi) rápidocrescimentono usode fertilizantesemalgunspaí- sese desenvolvimentoextensivodairrigação; e comprometimentopor partedosgovernoscomaauto-sufi-ciênciaemgrãos,levandoà criaçãodecentrosnacionaisde pesquisa,ao de~envolvimentode sementesde alto rendi- mentoe à promoçãodetecnologiaslocaisespecíficas; " poucaterranão-aproveitadae desflorestpmentoextensivo e constante; 6'númerocrescentedesem-terras. AméricaLatina o decIíniodasimportaçõesde alimentosa partirde 1980,já quea produçãoacompanhouo aumentopopulacionalnaúl- timadécada; peus.ll "Defasagenstecnológicas"similaresocorreralllentrere- giõesdeummesmopaís. Nas últimasdécadassurgiramtrêsgrandestiposde!;i~;(('IllaSde produçãode alimentos.A "agriculturaindustrializ;!(la".comliSO 132 ,I, • apoio governamentalwba formade centro,depe'qui,a I parao desenvolvimentode sementesde alto rendimentoe outrastecnologias; G distribuiçãodesigualdaterra; CD desflorestamentoe degradaçãoda basede recursosagrí- colas,decorrentesempartedo comérciocomo exteriore da crisedadívida; G enormepotencialderecursosagráriose de altaprodutivi- dade,emboraa maiorparteda terrapotencialmentecultivá- vel se situena baciaamazônica,árearemotae escassamente povOada,opde talvezsó 20% da terra sejamadequadosà agricultura'sustentável. Américado.Ni;JrteeEuropa ocidental e a Améric~,doNorte é a principalfontemundialde exce- dentesde grãosalimentícios,emborao ritmodeaumentoda produçãopor'hectaree daprodutividadetotal setenhadesa- celeradonosanos70; .' o subsídiosà produçãodispendiosos.dos pontosde vista ecológicoe econômico; , • o efeitodosexcedentescomprimeos mercadosmundiaise conseqüentementeafetaos paísesemdesenvolvimento; e basede recursosem degradaçãoconstantepor meio de I erosão,acidificaçãoepoluiçãoda água; • c na Américado Norte,há possibilidadedE<umafuturaex- pansãoagrícolaemáreaspoucoexploradas,que só podem sercultivadasintensivamentea umcustomuitoalto. Lesteeuropeue URSS (O) déficitsde alimentoscompensadoscomimportações,sen- do a URSS o maiorimportadormundialdegrãos; 6) maior investimentogovernamentalemagricultura,acom- panhadode maioresfacilidadesna distribuiçãoe organiza- ção da produçãoagrícolaa fim de alcançaras metasdeau- to-suficiênciaalimentar,o quelevaa umaumentonaprodu- çãodecarnee detubérculos; o pressõessobreos recursosagrícolaspor meiode erosão do solo, acidificação,salinização,aIcalinizaçãoe poluição daágua. I intensivode capitale insumose geralmenteem grandeescala, predominana América do Norte, Europa Ocidentale Oriental, Austráliae Nova Zelândiae empequenasáreasdospaísesemde~ senvolvimento.A "agriculturada RevoluçãoVerde" é encontra- 133 _._---"_ ..~---_•..:•...,.~-------_._,,'"--. --"--- ..._~-~-~~~.;....__ .:...._ .._--- daemáreasuniformes,ricasemrecursos,geralmenteplanase ir- rigadasdos celeirosagrícolasde algunspaísesem desenvolvi- mento.É maiscomumnaÁsia,mastambémépraticadaemcertas regiõesdaAméricaLatinae do nortedaÁfrica.No início,asno- vastecnologiaspodemterfavorecidoosgrandesagricultores,mas hoje estãoacessíveisa umnúmerocadavez maiordepequenos produtores.A "agriculturapobreemrecursos"dependemaisdas chuvasocasionaisquedairrigaçãoe costumaserencontradanas regiões.em desenvolvimentode difícil cultivo - terrasáridas, IIlontarihosase florestas- e queapresentamsolosfrágeis.Estão nestecasoa maiorparteda África subsaarianae as áreasmais remotasda Ásia e dét AméricaLatina.Nessasregiões,aprodução per capitavemdeclinandoe a fomeé'Úmsério problema.Mas hojeos trêssistemasdeproduçãode alimentosmostramsinaisde crisequeameaçamseucrescimento. 5.2SINAIS DE CRISE As políticasagrícolasde'quasetodosos paísesconcentraram-se no aumentoda produção.Mesmoassim,verificou-sesermuito maisdifícil elevara produçãoagrícolamundialemconsistentes 3% ao anoemmeadosdosanos80 do queo foraemmeadosdos anos50. Além disso,os recordesdeproduçãoforamcontrabalan- çadospelo surgimeritodecriseseconômico-ecológicas:os países industrializadosestãoencontrandocadavezmaisdificuldadepara administrarseus excedentesde produçãoalimentar;a basede subsistênciade milhões,deprodutorespobresnospaísesemde- senvolvimentoestáse deteriorandoe a basede recursosparaa agriculturasofrepressõesemquasetodoo mundo. 5.2.10 efeitodossubsídios Os excedentesde alimentosnaAméricadoNorteenaEuropade- corremprincipalmentede subsídiose outrosincentivos,queesti- mulama produçãomesmonão.havendodemanda.Os subsídios diretosou indiretos,quehojeabràngempraticamentetodoo ciclo alimentar,tornaram""seextremamentedispendiosos.Nos EUA, o custodossubsídiosagrícolaspassoudeUS$2,7bilhÔcsem1980 paraUS$25,8bilhõesem 1986.Na CE, essescustossubiramde US$6,2bilhõesem1976paraUS$21,5bilhõesem19~(i.12 Tornou-semaisatraentedo pontode vistapolftico,c comu- mentemaisbarato,exportaros excedentes- muitasvezescomo ajudaalimentar- do queestocá-Ios.Essesexcedentesf0l1cmcnte subsidiadosderrubamas cotaçõesde produtosprilll:irioscomoo 134 ,. açúcarno mercadointernacional,e isso temcriadogravespro- blemasparaváriospaísesem desenvolvimentocujaseconomias baseiam-senáagncultura.A ajudaalimentarnão-emergencialeas importaçõesapreços baixostambémreprimemos preços~recebi- dos pelos agricultoresdo TerceiroMundoe desestimúlamo áu- mentodaprodúçãointernadealimentos. Nos paísesindustrializados,estãose tomandoevidentesas conseqüências'queumsistemadeproduçãofortementesubsidiado podeterparao meioambiente:!3 o quedadaprodutividadeàmediciaq\leaqualidadedo solodecli- na devidoao cultivointensivoe ao abusodefertilizantese pesti- cidasquímicos;14 . o destruiçãodocampo,atravésdaremoçãodecercasvivas,cintu- rõesverdese outrascamadasprotetorase tambémdo niveUunen- to, da ocupaçãoe do cultivodeterrasmarginaise áreasdeprote- çãodebacias; O poluiçãodo lençolfreáticopor nitrato,devidoaousoabusivoe freqüentementesubsidiadode fertilizantesquecontêmestasubs- tância. Os efeitos'financeiros,econômicose ambientaisdos atuais sistemasde incentivoestãocomeçandoa ser questionadospor muitosgovernose grupos,inclusivepor organizaçõesagrícolas. Um aspectoquecausaespecialpreocupaçãoé o impactodessas políticassobreos paísesemdesenvolvimento.Elas fazemcair as cotaçõesinternacionaisdeprodutos,comoo arroze o açúcar,que têmgrandeparticipaçãonasexportaçõesdemuitos·paísesemde- senvolvimento,reduzindocomisso os ganhosemdivisasdesses países.Tomammaisinstáveisascotaçõesmundiaise desestimu- Iamo beneficiamentode produtosprimáriosagrícolasnospaíses produtores.15 ' . É no interessedetodos,inclusivedosagricultores,queaspo- líticas têmde seralteradas.Nos últimosanos,defato,ocorreram algumasmudançasno sentidodeumaconservaçãomaiore alguns sistemasde subsídiopassarama ressaltarcadavez maisa neces- sidadede nãoincluir a terrano processodeprodução.O ônus'fi- nanceiroe econômicodossubsídiosprecisaserreduzido.Temde seacabarcomo malqueessaspolíticascausamà agriculturados paísesemdesenvolvimentoao desequilibraremosmercadosmun- diais. 5.2.2A situaçãodeabandonodopequenoprodutor A nova tecnologiaque propiciouo aumentoda produtividade agrícolaexigequalificaçõescientíficase tecnológicas,umsistema de especializaçãoem tecnologiae outrosserviçosparaos agri-· 135 .', .:__.,:...·,~,~~~;_.:.~{,:~.,:;.;.~·,.-:_~~~~.:._,;:...::.:L'". ,.~.::,.:;..:;::....:'_":4:._.•::...~:..:.::.-'.:;.::~-'>· -- - ~ "Acho quenumf6rum comoessecostumasemprehaveralguém se levantandoe dizendoqueseuprobleTlUfIoiesquecido.Creio que o meu,comoorganizaçãonão-governamental,é muitoim- portante:trata-seda questãoda mulher.E estoucertadequea maioriadaspessoasaquipresenteseStábastanteinteressadano papeldamulheremrelaçãoao meioambiente. Creio quejá foi ditomuitase muitasvezesque,sobretudona África, asmulheressãoresponsáveispor 60a 90%daprodução, do beneficiamentoe da comercializaçãode qlimentos.Ninguém podeexaminardefato a criseaUmentarna Africa oumuitasdas outrascrisesqueparecemexistiraqui semexaminara questão da mulhere semconstatarqueas mulheresparticipamdospro- cessosde tomadade:decisõesdesdesuabaseatéseusníveismais elevados.', Sra.King The Greer..zbeltMovement AudiênciapúblicadaCMMAD,Nairóbi,23desetembrode1986cultores,alémdeorientaçãocomercialpara<;l. administraçãoagrí- cola. Em muitospontosda Ásia, emespecial,os pequenosagri- cultorestêm-semostradoexcepcionalmentekapacitadosa empre- garnovasitecnologiasquandorecebemincentivose apoiofinan- ceiroe de infra-estruturaadequado.Na África, ospequenosagri- cultoresquelidamcomcultivoscomerciaisprovaramo potencial do minifundiáriodo continente,e nosúltimosanosregistraram-se êxitostambémnas culturasalimentícias.Mas as áreasecologi- camentedesfavorecidase asmassasruraisquedispõemdepouca terranãosebeneficiaramdos"avançostecnológicosecontinuarão nãose beneficiandoatéqueos governossemostremdispostose capazesderedistribuirterrase recursosecOI:1ceder-lheso apoioe osincentivosdequenecessitam. Os sistemasde apoioà agriculturararamentelevamemconta as condiçõesespeciaisdos agricultoresde subsistênciae pecua- .listas.Os agricultoresdesubsistêncianãopodemarcarcomo alto custodos insumosmodernos.Muitospraticamo cultivorotativoe nãopossuemsequero títulodaterraqueutilizam.Podemplantar muitasvariedadesde culturasnummesmolote de tcn'cnopara atenderàs própriasnecessidades,e portantonãoconscguirfazer uso dos métodosdesenvolvidosparagrandesplantaç(x;sdc uma únicacultura. Muitoscriadoresdegadosãonômades,sendodifícil chegaraté elesparaproporcionar-lheseducação,orientaçãoc cquip:llllcntos. 136 ~- Comoos agricultoresde subsistência,se apóiamemcertosdirei- tos tradicionais,quesãoameaçadospelasatividadescomerciais. CriamraçaStradicionais,resistentesmasdificilmentemuitopro- dutivas. As agricultoras,emboradesempenhempapel fundamentalna produçãode alimentos,sãofreqüentementeignoradaspelospro- gramasdestinadosa melhorara produção.Na AméricaLatina,no Caribe.e na Ásia, constituemimportantecontingentede mão-de- obraagiícola,e na África subsaarianaa maioriadoscultivosali- mentaresfica por contadasmulheres.Mesmoassim,quasetodos os programasagrícolastendema desconsideraras necessidades peculiaresdasmulheresquetrabalhamnaagricultura. 5.2.3A degradaçãoda basede recursos A adoçãode políticasinsensatasestá levandoà degradaçãoda basede recursosagrícolasemquasetodosos continentes:erosão do solo na Américado Norte; acidifieaçãodo solo na Europa; desflorestamentoe desertificaçãona Ásia, Áfric~e AméricaLati- na;e desperdícioe poluiçãoda águaemquasetodaparte.Dentro de40-70anos,o aquecimentoglobalpoqe.~ausara inundaçãode importantesáreascosteirasde prpdução.Alguns dessesefeitos provêmdemedidastomadascomr~laçãoaoconsumodeenergiae à produçãoindustrial.Outrosdecorremda pressãoexercidapela populaçãosobre recursoslimitados.Mas as políticas agrícolas quevisamo aumentodaproduçãosemsedeterememconsidera- çõesambientaistambémvêmcontribuindobastanteparaessade~' terioração. 5.2.3,1A perdadosrecursosdo solo Nas últimasdécadas,o aumentodas áreasde plantiofez muitas vezescom que fossemcultivadasterrasmarginaispropensasà ,erosão.Em fins dosanos70, a erosãodo solosupl~ntoua forma- çãode solosemcercadeumterçodaáreaagricultávelnorte-ame- ricana,a maioriano celeiroagrícolado Meio-Oeste.16No Cana- dá, a degradaçãodo solo vem custandoaos agricultoresUS$l bilhãopor ano.17Na URSS, a extensãodo cultivo atéaschama- dasTerrasVirgensfoi umdosprincipaisesteiosda políticaagrí- cola, mashqje.seacreditaqueem grandeparteessasterrp.ssão marginais.18Na Índia, a erosãodo solo afetade 25 a 30% das terrascultivadas.19Segundoum estudoda OrganizaçãodrlsNa- çõesUnidas';jJaraa Alimentaçãoe a Agricultura(FAÓ), se não foremtomadas,medidasde conservação,a áreatotalagricúltável não-irrigadados paísesem desenvolvimentoda Ásia, África e 137 _.'~ ...:_.:.....---.--'~~_.--,~;~--~"~_._...;.~~'""~"-~_.;...••--~•... ,...•-..,~,~"'~~~,.,,,_.•... ","",,_._.,-:,,,_,,::.-:..--- ,,_.~-'-'_. ~-- AméricaLatinaperderácercade544milhõesdehectaresa longo prazo,devidoàerosãoe àdegradaçãodo so10.20 A erosãofaz comqueo soloretenhamenoságua,retira-lheos nutrientese reduzaprofundidadeindispensávelparaqueasraízes se fixem.A produtividadedaterradeclina.A camadasuperfic~al erodidaé levadaparaos rios, lagos e reservatórios,obstruindo portose vias navegáveis,reduzindoa capacidadedosreservató- riose aumentandoa incidênciae a gravidadedasinundações. Sistemasdeirrigação malplanejadose implementadosjá cau- saramo alagamento;asalinizaçãoe a alcalinizaçãode solos.Se- gundoestimativasdaFAO e daUnesco,cercademetadedossis- temasde irrigaçãoexistentesno mundoapresentamem algum grauessesproblemas,21Essasestimativasindicamquecercade 10milhõesde hectaresde terrairrigadasão abandonadosanual- mente. A degradaçãodo solodestróipoucoapoucotodaabasedere- cursosparaa agricultura.A perdadasterrascultiváveisimpeleos agricultoresao usoabusivodaterraremanescentee à invasãode florestase áreasdepastagem.A agriculturasustentávelnãopode sebasearemIll~to~()s~quesolapame esgotamo solo. 5.2.3.2O efeitodosprodutosquímicos Desdea IIGuerraMundial,os fertilizantese pesticidasquímícos têri1sidomuitoimportantesparao aumentodaprodução,masfo- ramfeitasadvertênciasbemclarascontrao fato de se depender delesemdemasia.A perdadenitrogênioe defosfatosdevidoao usoexcessivodefertilizantescausadanosaosrecursoshídricos,e essesdanosestãosealastrando. O empregode produtosquúnicosparacontrolarinsetos,pra- gas, ervasdaninhase fungosaumentaa produtividade,porémo empregoabusivoameaçaa saúdedossereshumanose a vidade outrasespécies.A exposiçãocontínuaeprolongadaapesticidase resíduosquímicospresentesnaágua,nosalimentose aténo aré perigosa,especialmenteparaascrianças.Segundoestimativasde umestudode 1983,aproximadamente10mil pessoasmorrempor anonospaísesemdesenvolvimentodevidoa envenenamentopor pesticidase cercade400mil sãogravementeafetadasporeles.22 E os efeitosnão se restringemàs áreasondeos pesticidassão usados,masatingemtodaacadeiaalimentar. Zonasdepescacomercialforamesgotadas,espéciesdepássa- ros ficaramameaçadase insetosqueatacampragasforamexter- minados.O númerode espéciesnocivasde insetosresistentesa pesticidasaumentouemtodoo mundoe muitasresistemal6IlICS- mo aos produtosquúnicosmaismodernos.Multiplicam-sea va- 138 I -( i "Os pequenosagricultoressãoresponsabilizadospeladevasta- çãodo meioambientecomosepudessemescolheros recursos dosquaisdependerparaa suasubsistência,quandodeJato não podem.Quandosetratadesobrevivênciabásica,asnecessida- des de momentotendema suPlantarqualquerconsideração quantoaofuturoambienta!.A responsávelpeladevastaçãodos recursosnaturaisé apobreza,e-nãoospobres." GeoffreyBruce AgênciaCanadensedeDesenvolvimentoInternacional Audiênciapúblic,:daCMMAD, Ottawa,26-27demaiode1986 riedadee a gravidadedaspragas,ameaçandoa produtividadeda agriculturanasáreasondesemanifestam. O uso de produtosquúnicosna agriculturanãoé prejudicial em si mesmo.Na verdade,em muitasregiõesesseuso aindaé muitopequeno.Nessasáreas,os índicesdereaçãoaosprodutos sãoaltose os efeitosdosresíduosparao meioambienteaindanfto constituemproblema.Por íssb,essasregiõessebeneficiariamcom um maior empregode agroquúnicos.Contudo,tende-sea usar maisprodutosquímicosexatamentenasáreasemqueelespodem causarmaismalefíciosdo quebenefícios. 5.2.3.3A açãocontraasflorestas As florestassãofundamentaisparaa manutençãoe o aumentoda produtividade'dasterrascultiváveis.No entanto,aexpansãoagrí- cola,o crescimentodo comérciomundialdemadeirae ademanda de combustívelvegetaldestruíramgrandepartedacoberturaflo- restal.Emboratal destruiçãotenhaocorridoem todoo mundo, hoje o maiordesafioconcentra-senospaísesemdesenvolvimen- to, sobretudonasflorestastropicais.(Vercapítulo6.) O aumentopopulacionale adisponibilidadecadavezmenorde terracultivávellevaos agricultorespobresdospaísesemdesen- volvimentoa buscaremnovasterrasnas florestasparaplantar mais alimento.Algumaspolíticasgovernamentaisincentivama transformaçãode florestasem pastagens,e outrasinc«ntivam grandesesquemasde reassentamentoemáreasflorestais.Não há nadadeintrinsecamenteerradoemderrubarflorestasparatlarlu- garàatividadeagrícola;contantoquea terrasejaame'rhorpossí- vel .paratal atividade,possasustentaraspessoasincentivadasa nelase:fIxar,e já nãoestejaservindoa umafunçãomaisútil,co-:- 139 I ' I I I moa proteçãodasbaciasfluviais.Mas quasesempresederrubam florestassemreflexãopréviaouplanejamento. O desflorestamentoabalaseriamenteasáreasmontanhosaseas baciasdasterrasaltase osecossistemasquedelasdependem.As terrasaltastêminfluênciasobreas chuvas,e o estadode seus sistemasdesoloe vegetaçãodeterminaamaneiracomoaschuvas se precipitamsobreriachose rios e sobreas áreasagricultáveis dasplaníciessituadasabaixo.Tantoas inundaçõescomoassecas _ queaumentarame setomarammaisgravesemmuitaspartesdo mundo- foramassociadasaodesflorestamentonasbaciasfluviais dasterrasaltas.23 5.2.3.4O avançodosdesertos Cercade 29%da superfícieterrestredo planetasofremdesertifi- caçãobranda,moderadaou grave;outros6% enquadram-sena categoriade desertificaçãoextremamentegrave.24Em 1984,as terrasáridasdo mundosustentavamcercade 850milhõesdepes- soas,dasquais230milhõesviviamemterrasafetadaspor grave desertificação.25 O processode desertificaçãoatingequasetodasasregiõesdo globo,masé maisdestrutivonasterrasáridasdaAméricadoSul, Ásia e África; nessastrêsáreas,emconjunto,18,5%dasterras produtivas(870milhõesdehectares)estãoemprocessogravede desertificação.Das terrasáridasdos paísesemdesenvolvimento, asquemaissofremsãoaszonasdo Sudãoe doSabel,naÁfrica, e, em graumaisreduzido,algunspaísessituadosao sul dessas zonas.Nas terrasáridase semi-áridasdessaregiãoencontram-se ;.:,80%daspessoasmoderadamepteatingidaspeloproblemae 85% daspessoasgravementeatingidas.26 .A degradaçãoprogressivada terraatéatingira condiçãode desertovem'aumentandoa umataxaanualde6 milhõesdehecta- res.27A cadaano,mais21 milhõesdehectaresnãodãoqualquer retornoeconômicodevidoao avançodadesertificação.28E essas tendênciasdevem-semanter,apesarde algumasmelhoriaslocali- zadas. A desertificaçãoé causadapor umamisturacomplexadeefei- tos climáticose humanos.Entre os efeitoshumanos- sobreos quaistemosmaiscontrole- estãoo rápidoaumentodaspopula- çõeshumanase animais,práticasnocivasde usodaterra(princi- palmenteo desflorestamento),relaçõesde troca adversasc con- flitos civis. O cultivode culturascomerciaisemáreasde pasta- geminadequadasobrigouospecuaristase seusrebanhosaocupa- remterrasmarginais.As relaçõesdetrocainternacionaisdesfavo- ráveisaosprodutosprimáriose aspolíticasdospaís<:sprestadores 140 de ajudareforçaramas pressõesparaquea produçãode culturas comerciaisaumentassea qualquercusto. : Um planode açãoconcebidopeloProgramadasNaçõesUni- dasparao Meio Ambientee elaboradodurantea Conferênciadas NaçõesUnidassobreDesertificação,em1977,trouxealgUnspro- gressos,principalmenteemnívellocaI.29Mas o planonãopôdeir adiantedevidoà faltade apoiofinanceiropor partedacomunida- de internacional,pela inadequaçãodas organizaçõesregionais criadaspara lidar com os problem8sde naturezaregionale ao não-envolvimentodascomunidadesdebase. 5,.3O DESAFIO A demandade alimentoscresceráà medidaque as populações aumentareme-seuspadrõesde consumose alterarem.Até o fim do século,afarrÍ11iahumanaseráacrescidadecercade 1,3bilhão de pessoas(ver capítulo4); masa elevaçãodas rendaspodeser responsávelpor 30 a 40% do aumentoda demandade alimentos nos paísesemdesenvolvimento,e por cercade 10%nasnações industrializadas.30Assim,riaspróximasdécadas.o sistemaglobal de alimentosdevesergeridode formaa aumentara produçftode alimentosem3 a4% anualmente. A segurançaalimentardo mundodependenãosó do aumento da produçãoglobal, masda reduçãodas distorçõesna estrutura do mercadomundialde alimentose tambémde um deslocamento da produçãode alimentospara países, regiões e famíliasque apresentamdéficitemalimentoS.Muitosdospaísescuja,produção é insuficienteparaa própriaalimentaçãopossuemasmaioresre- servasaindaexistentesde recursosagrícolasnão-explorados.A AméricaLatinae a África subsaarianadispõemdemuitaterranão aproveitada,emborasuaqualidadee quantidadevariembastante depaísparapaíse estaterrasejaemgrandeparteecologicamente vulneráveI.3lA URSS e parteda Américado Norte dispõemde extensõessignificativasde terraSpoucoexploradasadequadasà agricultura;só a Ásia e aEuropacarecemverdadeiramentedeter- rasparao cultivo. A segurançaalimentardo mundotambémdependede se ga- rantira todasaspessoas,mesmoàsmaispobres,o acessoao ali- mento.Emboraem escalamunq.ialessedesafioexija toda uma reavaliaçãoda distribuiçãoglobal de alimentos,a tarefap mais urgentee difícil paraos governosnacionais.A distribuiçãodesi- gualdosbensde produção,o desempregoe o subempregQcons- tituemo cernedoproblemadafomeemmuitospaíses., 141 I." I 'i "O desenvolvimentoagrícola qpresentamuitascontradições.É precisoparar de imitarcegamenteos modeloscriadosemcir.: cunstânciasdiferentese consideraras realidadese as condições existentesnaAfrica. Vastasáreasde terravirgemforamabertas a cultivosde exportação,cujospreços continuamdeclinando. Isto nãoédo interessedospaíses"emdesenvolvimento. São tantososproblemasa superarqueaténosesquecemos4e ' que cadaproblemaé umaoportunidadedefazer algopositivo. Temos agora a oportunidadede pensar na conservaçãoe no meio ambientenumamplocontextoeducacional.Fazendoisso, poderemoschegarànovageraçãoe demonstrar-lhea belezaeas vantagensdomundoquea cerca." AdolfoMascarenhas Escrit6riodeHararedaUniãoInternacional paraaConservaçãodaNaturezaedosRecursosNaturais AudiênciapúblicadaCMMAD,Harare,18desetembrode1986 Um desenvolvimentoagrícolarápidoe sólido representanão só maisalimento,comotambémmaisoportunidadesdeganhardi- nheiroparacomprarcomida.Assim,quandoospaísescomrecur- sos agrícolasaindainexploradosse abastecemimportandomais alimentos,estãona verdadeimportando,desemprego.Da mesma forma,os paísesquesubsidiamasexportaçõesdealimentosestão contril;mindoparaqueo desempregoaumentenospaísesimporta- dores.Isso marginalizaas pessoas,e os mar~nalizadossevêem forçadosa destruira basede recursospara sobreviverem.Um meiode assegurara subsistênciaembasessustentáveisé dirigira produçãoparaos paísescomdéficitemalimentose paraos agri- cultores'destespaísesquedispõemdepoucosrecursos. A conservaçãodabasede recursos'agrícolase a manutenção da segurançados meiosde subsistênciadospobrespodemrefor- çar-semutuamentedetrêsmaneiras.Primeiro,a segurançanoto- cantea recursose meiosde subsistênciaadequadoslevaa uma boa administraçãodomésticae a umaadministraçãosustentável. Segundo,atenuama migraçãodocampoparaa cidade,estimulam a produçãoagrícolaa partirderecursosquedeoutraformapode- riam ser subutilizados,e reduzema necessidadede produzirali- mentosemoutroslugares.Terceiro,combatendoa pobreza,aju- dama desaceleraro ritmodo aumentopopulacional. O deslocamentoda produçãoparaos paísescomdéficitem alimentostambémreduziráa pressãosobreos recursosagrrcolas 142 , 1 I I { I das economiasindustriaisde mercado,permitindoque adotem práticasagrícolasmaissustentáveis.As estruturasde incentivos podemseraIté)radasa fim dequeestimulemaspráticasagrícolas quemelhorq!)}aqualidadedo soloe daágua,e nãoasuperprodu- ção. Os orç'arilentosgovernamentaisficariamaliviadosdos ônus deestocare exportarexcedentesdeprodução. Essa mudançana:produçãoagrícolasó serásustentávelse a basede recursosestiverbemprotegida.Comojá seviu, hojees- íamosbemlongedisso.Portanto,paraseatingira segurançaali- mentarno mundo,a basederecursosparaa produçãodealimen- tos devesermantida,aumentadae - casotenhasidoreduzidaou destruída- recuperada. 5.4 ESTRATÉGIAS PARA A SEGURANÇA ALUMENTARSDSTENTÁVEL A segurançaalimentarexigemaisdoquebonsprogramasdecon- servação,quepodemser- e geralmentesão- comprometidose prejudicadospor políticas agrícolas,econômicase comerciais inadequadas.Tambémnãosetrataapenasdeacrescentaraospro- gramasum elementoambiental.As estratégiasreferentcsà ali- mentaçãodevemlevarem contatodasas políticasrelacionadascomo triplodesafiodedeslocara produçãoparaondeelaémais necessária,de asseguraros meiosde subsistênciadospobresru- raise deconservarosrecursos. 5.4.1A intervençãodo governo A intervençãogovernamentalnaagriculturaéumaconstantetanto nos paísesemdesenvolvimentocomonosindustrializados,e está aí paraficar. Paraos sucessosobtidosnosúltimos50anoscontri- buframo investimentopúblicoemserviçosdeextensãoe pesquisa agrícola,a assistênciaaocréditoagrícolae serviçosdecomercia- lização,e umasériede outrossistemasde apoio.Na verdade,o problemaparamuitospaísesem desenvolvimentoé a fragilidade dessessistemas. Mas há tambémoutrostiposde intervenção.Muitosgovernos controlampraticamentetodoo ciclo alimentar- insumose pro- dutos,vendasinternas,exportações,abastecimento,estocageme distribuição,controlesde preçose subsídios- e impõemvárias normasparao uso da terra:áreada terra,variedadede '(ulturas etc. pe modogeral,há trêsfalhasbásicasnospadrõesdeiqterven- ção governamental.Primeiro,os critériosempregadosno plane- jamentodessasintervençõesnãotêmqualquerorientaçãoecológi- 143 _ .•..•-:~...O.;.;..;.."'""-;.;..._.• ca e muitasvezessãoregidospor consideraçõesdecurtoprazo. Essescritériosdeveriamdesencorajarpráticasagrícolasincorretas do pontode vistaambientale encorajaros agricultoresa conser- vare melhorarseussolos,florestase recursoshídricos. A segundafalha é que a políticaagrícolatendea atuarnum contextonacionalde preçose subsídiosuniformes,critériospa- dronizadospara o provimentode serviçosde apoio, financia- mentoindiscriminadode investimentoseminfra-estruturaetc.É precisoadotarpolíticasquevariemderegiãopararegiãoe quere- Ditam.as diferentesnecessidadesregionais,para estimularos agricultoresa adotarempráticasque sejamecologicamentesus- tentáveisemsuasprópriasáreas. É fácil demonstrara importânciadadiferenciaçãoregionalde políticas: fi) Nas áreasdeencosta,talvezsejanecessáriofixarpreçosdein- centivoparaas frutase subsidiara ofertade grãosalimentícios, parainduziros agricultoresa sededicaremàhorticultura,quepo- desermaissustentáveldopontodevistaecológico. Q Em áreaspropensasà erosãopela açãodos ventose da água, a intervençãogovernamentalpormeiodesubsídiose outrasmedi- dasestimulariaosagricultoresaconservaro soloe aágua. ()Os agricuHorescujasterrasficamemáreasderealimentaçãode lençóisfreáticossujeitosàpoluiçãopornitratodevemreceberin- centivosparamantera fertilidadedo soloe aumentaraprodutivi- dadeporoutrosmeiosquenãoo usodefertilizantesàbasedeni- trato. A terceirafalhada intervençãogovernamentalestánossiste- masde incentivos.Nos paísesindustrializados,a superproteção aosagricultorese a superproduçãorepresenta.mo resultado.acu- muladode reduçõesfiscais:subsídiOSdiretO,se controlesdepre- ços. Hoje, estaspolíticasestãocheiasde contradiçõesqueesti- mulama degradaçãodabasederecursosagrícolase, a longopra- zo, causammaisprejuízosquebenefíciosàagroindústria.Alguns governosjá reconhecemissoe estãoseesforçandoparaalteraro enfoquedossubsídios,passandodo crescimentodaproduçãopara aconservação. Por outro lado, os sistemasde incentivossãodeficientesna maioriadospaísesemdesenvolvimento.As intervençõcsnomer- cadosãoquasesempreineficazespor faltadeumaestruturaorga- nizacionalde abastecimentoe distribuição.Os agricultoresficam expostosa um altograude incerteza,e os sistemasdesubsídios com freqüênciafavorecemos habitantesdas cidadesou se res- tringema algunspoucoscultivoscomerciais,acarretando,110Spa- drõesdecultivo,distorçõesqueaumentamasprcssÜcs<I<:strutivas sobrea basederecursos.Em certoscasos,os controles<k:preços 144 ~~ ~ I I ~ I I I I I1 "O problemada agriculturanãoé impessoal.Eu, comoagri- cultor,souumavítimapotencialdo sistemano qualtrabalha- mos.Por quecercade umquartodosagricultorescànadénses estádiantedaperspectivaimediatadefalência?Essasituação temrelaçãodiretacomo conceitogeraldeumapolíticadeali- mentosbaratosqueconstituit;l pedraangulardapolíticaagrí- colafederaldesdeoprincípiodacolonização. Consideramosa atualpolíticadealimentosbaratosumafor- madeviolênciaeconômicaqueestácontribuindoparaa explo- raçãodosoloeparaumarelaçãocadavezmaisimpessoalentre osagricultorese o solo,emfunçãodasobrevivênciaeconômica. Trata-sedeumapolíticadeindustrializaçãoquesópodelevarao desastreeconômico- paranóscomoagricultorese,dopontode vistaambiental,paran6stodoscomocanadensese cidadãosdo mundo." WayneEaster Presidenteda UniãoNacionaldosAgricultores AudiênciapúblicadaCMMAD, Ottawa,26-27demaiode1986 reduzemo incentivoa produzir.O que é preciso,emmuitosca- sos,é nadamaisnadamenosqueumatentativaradicalde tornar as "relaçõesdetroca" favoráveisaos.agricultore&,mediantepolí- ticasde fixaçãode preçose realocaçãQdos gastosgovernamen- tais. ~. Para promovera segurançaalimentarde umaperspectivaglo- \ bal, é necessárioreduziros incentivosqueforçama superprodu- f-~ , ção e a produçãonão-competitivanaseconomiasdesenvolvidas - ~ de mercado,e aumentaros incentivosà produçãode alimentos-\nos paísesemdesenvolvimento.Ao mesmotempo,é precisore- \formularessessistemasde incentivosa tlIllde promoverpráticas !agrícolasqueconserveme fortaleçama basede recursosagríco- las. 5.4.2Umap~rspectivaglobal O comérciointernacionalde produtosagrícolastriplicoude 1950 a 1970,e desdeentãoduplicou.No entanto,quandose tratade agricultura,oS,paísessãoextremamenteconservadores;continuam pensandoprincipalmenteemtermoslocaisou nacionaise preocu- pando-sesobretudoem protegerseus,próprios agricultoresàs custasdoscompetidore~.. 145 ..•."-.'. Deslocara produçãoparaos paísesdeficitáriosemalimentos exigiráumagrandemudançanasestruturasde comércioexterior. Os paísesprecisamcompreenderquetodasaspartesperdemcom as barreirasprotecionistas,quereduzemo comérciodeprodutos alimentíciosem relaçãoaos quaisalgumasnaçõestêmgenuína vantagem.Essespaísestêmdecomeçarpelareformulaçãodeseus sistemascomerciais,tributáriose de incentivos,empregandocri- ténosqueabranjama sustentabiIidadeecol6gicae econômicae a vantagemcomparativainternacional. '.'... Nas economiasdesenvolvidasde mercado,os .excedentesde- correntesde incentivosaumentamas pressõesparaa exportação dessesexcedentesa preçossubsidiadosou comoajudaalimentar não-emergencial.Os paísesdoadorese os recebedoresdeveriam responsabilizar-sepelosefeitosda ajudae usá-Iacomobjetivos de longoprazo.Tal ajudapodeserusadadeformaproveitosaem projetosde recuperaçãodeterrasdegradadas,criaçãodeinfra-es- truturarural e meIhoriado nível de nutriçãode gruposvulnerá- veis. 5.4.3A basederecursos A produçãoagrícolas6podeserrnantidaa longoprazosea terra, a águae as florestasqueconstituemsuabasenãosofreremdegra- dação.Comosugerimos,umareorientaçãodaintervençãopública criarácondiçõesparaisso.Mas sãonecessáriasmedidasmaises- pecíficasde proteçãodabasederecursosparamanterou mesmo aumentara produtividadeagrícolae os meiosdesubsistênciade todosos quevivemnasáreasrurais. ·5.4.3.10usodaterra O primeiropassopara incrementara basede recursosé definir trêscategoriasamplasdeterras: Cl áreasde reforço,capazesde suportarcultivosintensivose ní- veismaisaltosdepopulaçãoeconsumo; Cl áreasde prevenção,quepor comumacordonãodevemserex- ploradasparaagriculturaintensivaou, casojá o sejam,devemser aproveitadasparaoutrosusos; Cl áreasde recuperação,ondeas terrasdesprovidasde cobertura vegetaljá apresentamumaprodutividadeextremamentereduzida, ou aperderamporcompleto. Identificara terrade acordocomos critériosde "melhoruso" requerinformaçõesquenemsempreestãodisponíveis.A maioria das naçõesindustrializadaspossuilevantamentose m"pcamentos 146 de suasterras,florestase recursos.bídricossuficientementedeta- lhadosparaservirdebaseàdefiniçãodascategoriasdeterras. Poucospaísesem desenvolvimentopossuemtaislevantamen- tos,maspodeme deveriam'realizá-loso maisdepressapOssível, recorrendoao rastreamentopor satélitee a outrastécnicasavan- çadas.32 A seleçãodas terrasquepertencema cadacategoriapoderia serda responsabilidadede umajunta ou comissãoquerepresen- tasseos interessesenvolvidos,sobretudoos dos segmentosmais pobrese marginalizadosda população.O processodeveserde caráterpúblicobaseadoemcritériosaceitosportodose quealiem o melhormétodode uso aonível dedesenvolvimentonecessário paramanteros meiosde subsistência.A classificaçãodaterrase- gundoo melhorusoacarretarámudançasno provimentodeinfra- estrutura,nosserviçosdeapoio,medidaspromocionais,restrições normativas,subsídiosfiscaise outrosincentivose desincentivos. As terrasclassificadascomoáreasdeprevençãonãodeveriam recebergarantiase subsídiosque estimulassemseu aproveita- mentoparaagriculturaintensiva.Mas essasáreaspoderiammuito bem suportardeterminadosusos ecológicose economicamente sustentáveis,comopastagens,plantaçõesde madeirascombustí- veis,fruticulturae silvicultura.Essessistemasdeapoioe incenti- vos reformuladosdeveriamcentrar-senumavariedademaiorde cultivos, inclusiveos quefavorecempastagens,conservaçãodo soloe daáguaetc. Hoje, fatoresnaturaise certaspráticasdeusodaterrareduzi- ram a produtividadede vastasáreasa níveismuitobaixospara manteratémesmoa agriculturadesubsistêucia.Otratamentodes- sasáreasdevevariardeumlugarparao~tro.Os governosdeve- riamdarprioridadeao estabelecimentode'umapolíticanacionale de programasmultidisciplinares,bemcomoà criaçãoou ao for- talecimentode instituiçõesdestinadasà recuperaçãodessas áreas.Tais instituiçõesjá existem,maspoderiamser maisbem coordenadase planejadas.O Plano de Ação dasNaçõesUnidas parao Combateda Desertificação,já emexecução,necessitade maisapoio,sobretudofinanceiro. A recuperaçãopodeexigira imposiçãodelimitesàsatividades humanasparapermitirque a vegetaçãose regenere.Istp talvez sejadifícil ondejá existemgrandesrebanhosou grandenúmero de pessoas,pois a'concordânciae a participaçãodos habitantes locaissãodamaiorimportância.O Estado,comacoopeI1lçãodos quevivemnessasáreas,poderiaprotegê-Iasdeclarando-asreser- vasnacionais.Quandoessasáreassãodepropriedadeprivada,o Estadodeveriatentarcompraras terrasou entãodar incentivos páraa suarecuperação. 147 , .... ---~~.~! J," ~,.",~~.~.•:.:":':":'...:.:..':":::-~-:";':";':"':~-'-'-'.~'::':~_..:.:....:"::"'.:~;,.;~;;.,-:".,~:_,::",;", ~~~~..:.. "A agriculturaintensivapodeempoucotempoesgotara cober- turado solo, degradando-a,a menosquese tomemmedidases- peciaisdeproteçãoquevisema umarecuperaçãoconstantee a llmafertilidademaior. A tarefada agriculturanão se limita, portanto,à obtençãodoprodutobiol6gico,mas inclui a manu- tençãopennanentee o aumentodafertilidadedo solo.Do con- trário, logo consumiremoso quepor direitopertencea nossos filhos, netose bisnetos,para nãomencionardescendentesainda maisdistantes.Esseequívoco- quenossageraçãovivaatécerto pontoàs custasdasjuturasgeraçóes,utilizandoimpensadamente as reservasbásicasdefertilidadedo solo, acumuladasdurante os milêniosdo desenvolvimentoda biosfera,emvezdeviverdo incrementoanualdeagora- preocupacadavezmaisos cientis- tasquelidamcomo estadoda coberturadosoloplanetário." B.O. Rozanov UniversidadeEstataldeMoscou AudiênciapúblicadaCMMAD, Moscou,11dedezembrode1986 5.4.3.2Aadministraçãodaságuas É essencialadministrarmelhorosrecursoshídricospara'aumentar a produtividadeagrícolae reduzira degradaçãoda terrae a po- luiçãoda água.Nestecaso,as questões-chavesãoa concepção dosprojetosdeirrigaçãoe a eficiêncianousodaágua. Quandoa águaé escassa,o projetode irrigaçãodevemaximi- zar a produtividadepor unidadede água;quandoa águaé abun- dante,devemaximizara produtividadepor unidadedeterra.Mas ascondiçõeslocaisé queirãodeterminaro volumedeáguaaser utilizadosem.prejuízoparao solo.Pode-seevitara salinização,a a1calinizaçãoe os alagamentostomando-semaioresprecauções comrelaçãoa drenagem,manutenção,sistemasdecultivos,con- troledo volumede águae cargasd'águamaisracionais.Muitos dessesobjetivossãomaisfáceisdeatingircomprojetosdeirriga:' ção em pequenaescala.Mas, grandesou pequenos,os projetos têmde ser planejadoslevando-seemcontaas capacidadese os objetivosdosagricultoresquedelesparticipame queelevemser chamadosacolaboraremsuaadministração. Em certasáreas,o usoabusivodaságuassubterrfmeasestáfa- zendobaixarrapidamenteo nível dos lençóisfreáticos- comu- menteumcasodeproveitopróprioàscustasdasocicdad(~.Quan- do .0 uso daságuassubterrâneasexcedea capacidaded(~rL:llova- ção dos lençóissubterrâneoslocais,tornam-seessenciaisCOIltro- l~snormativosoufiscais.O usocombinadodeáguassll\){nrfllleas 148 e superficiaispodeampliara disponibilidadede águae fazercom queumabastecimentolimitadoduremais. 5.4.3.3Alternativaspara osprodutosquímicos Muitos paísespodeme devemaumentara produtividadeutilizan- do maisfertilizantese pesticidasquímicos,sobretudono mundo emdesenvolvimento.Mas os paísestambémpodemobtermaior produtividadeajudandoos agricultoresa usarnutrientesorgâni- coscommaiseficiência.Por isso,os governosdevemincentivaro uso de maisnutrientesvegetaisorgânicosparacomplementaros produtosquímicos.O controlede pragastambémdeveseapoiar cadavez maisno empregode métodosnaturais.(Ver box 5.2.) Estasestratégiasrequeremmudançasnaspolíticaspúblicas,que atualmenteéstimulamum empregomaiorde pesticidase fertili- zantesquímiç:,os.Para adotarmétodosque não usemprodutos químicos,ou os usememmenorescala,é precisocriar e manter condiçõesjurídicas,políticase depesquisa. Os fertilizantese pesticidasquímicossãofortementesubsidia- dos emmuitospaíses.Tais subsídiospromovemo uso de produ- tos químicosexatamenteriásáreasagrícolasmaisorientadaspara o comércio,ondeos danosquecausamao meioambientejá po- demsermaioresquequalqueraumentoverificadonaprodutivida- de. Por isso, regiõesdiferentesrequerempolíticasdiferentespara regulamentare promovero usodeprodutosquímicos. As estruturaslegislativase institucionaisde controle dos agrotóxicosprecisamserbastantefortalecidasemtodoo mundo. Os paísesindustrializadosdevemimporcontrolesmaisrígidos à exportaçãode pesticidas.(Ver capítulo8.) Os paísesemdesen- volvimentoprecisamdispordos instrumentoslegislativose insti- tucionaisbásicosparaadministraro uso de produtosquímicos agrícolasemseusterritórios.E paratantonecessitarãode assis- tênciatécnicae financeira. 5.4.3.4Silviculturaeagricultura ~~ As florestasvirgensprotegemas baciasfluviais, reduzema ero- são, servemde habitatparaespéciesselvagense desempenham papel-chavenos sistemasclimáticos.São tambémum recurso econômico,pois 'fornecemmadeira,lenhae outrosprodutos.É vital equilibrara necessidadede explorarflorestascomapecessi- dadedepreservá-Ias. Para seremcorretas,as políticasflorestaissó podemSy basear naanáliseda capacidadedasflorestase dasterrasondeseencon- tramparadesempenharváriasfunções.Tal análisepodelevarà 149 Box5.2Sistemasnaturaisdenutrientes econtroledepragas o Os resíduosagrícolase o aduboorgânicosãofontespo- tenciaisdenutrientesdo solo. o Os resíduosorgânicosreduzema perdae aumentamo aproveitamentode outrosnutrientes,alémdemelhoraraca:'" pacidadedo solodereteráguaeresistirà erosão. \1) O uso de aduboorgânico,particularmenteemconjunção comculturasintervaladase rotativas,podereduzirbastante oscustosdeprodução. o Os sistemaspodemficar muitomaiseficientesseo adubo ou a biomassavegetalforemdigeridosanaerobicamenteem usinasde biogás,gerandoenergiaparacozinhare parapôr emfuncionamentobombas,motoresegeradoreselétricos. o São de grandepotencialos sistemasnaturaisde fixação biológica do nitrogênioatravésdo uso de certoscultivos anuais,árvorese microorganismos. o O controle integradode pragasreduza necessidadede agroquúnicos,melhorao balançodepagamentosdeumpaís, liberadivisasparaoutrosprojetosdedesenvolvimentoe ge- raempregosondeelessãomaisnecessários. o O controleintegradode pragasexige informaçõesdeta-' !hadassobreas'pragase seusinimigosnaturais,variedades de sementescriadaspara,resistiràs.pragas,padrõesintegra- dosde cultivose agricultoresqueapóiemessemétodoees-tejam dispostosa modificar suas práticasagrícolaspara adotá-Io. conclusãode quecertasflorestasdevemser derrubadasparadar lugar ao cultivo intensivo,e outras,à criaçãode gado;algumas áreasflorestaispoderiamserdestinadasao'aumentodaprodução de madeiraou à silvicult;urae outrasdeixadasintatasparaa pro- teçãodas bacias,o lazerou a conservaçãodasespécies.O apro- veitamentodasáreasflorestaisparafins agrícolasdeveserfeito combasenaclassificaçãocientíficadacapacidadedaterra. Os programasde preservaçãodosrecursosflorestaisdevemvi- sar,emprimeirolugar,àspessoasque,vivemno local;elassãoao mesmotempovítimase agentesdadestruição,e terãodesuportar o ônus de qualquernovo esquemade administração.33Nelas se deveriacentrara administraçãoflorestalintegrada,que6 a base daagriculturasustentável. ' Tal métodoaClli-retariamudançasno modode os govcrnoses- tabeleceremprioridadesde desenvolvimento,e talll!1ÔlIla atribui- 150 ção de maiorresponsabilidadeaos governose comunidadeslo- cais.Seráprecisonegociar,ou renegociar,os contratosrelativos ao usodasflorestas,a fimde assegurara sustentabilidadedaex- ploraçãoflorestale daconservaçãodo ecossistema'e doméioam- bienteglobais.Os preçosdosprodutosflorestaisdevemrefletiro verdadeirovalordessesbens,enquantorecursos. Porçõesde florestaspodemser classificadascomoáreasde prevenção.Trata-se,basicamente,dosparquesnacionais,quepo- deriamficar ao largodaexploraçãoagrícolaa fim deconservaro solo,a águae a vidaselvagem.Podem-setambémincluirasterras marginais,cujaexploraçãoaceleraa degradaçãodaterrapormeio da erosãoou da desertificação.Quantoa isso,o reflorestamento dasáreasflorestaisdegradadasé devital importância.As áreasde conservaçãoouosparquesnacionaistambémconservamosrecur- sosgenéticosemseushabitatsnaturais.(Vercapítulo6.) Pode-setambémmesclarsilviculturae agricultura.Os agricul- tores podem,~utilizarsistemasagroflorestaispara produzir ali- mentose combustível.Em sistemasassim,umaou maisculturas arbóreascombinam-sea umaou maisculturasalimentíciasou à criaçãode animaisnamesmaárea,emboranemsempreaomesmo tempo.Se asculturassãobemselecioi:1adas,reforçam-semutua- mentee produzemmaisalimentose combustíveldo queproduzi- riamemseparado.A tecnologiaadapta-sedemodoespecialape- quenosagricultorese a terrasde qualidadeinferior.A agrossilvi- culturafoi praticadaemtodapartepelosagricultorestradicionais. O desafioatual é retomaros métodosantigos,aperfeiçoá-Ios, adaptá-Iosàsnovascondiçõese criaroutrEl~.34 As organizaçõesinternacionaisde pesqÍI~saflorestaldeveriam atuaremváriospaísestropicaise emvári?Secossistemas,seguin- do a orientaçãodo Grupo Consultivoparaa PesquisaAgrícola Internacional.Há umcampoenormeparaoperaçõesinstitucionais e novaspesquisassobreo papelda silviculturanaproduçãoagrí- cola,comopor exemploo desenvolvimentodemodelosparapre- ver melhoros efeitosda remoçãode porçõesespecíficasda co- berturaflorestalsobreaperdadeáguaedesolos. ~.4.3.5Aqüicultura A pescae a aqüiculturasão vitais paraa segurançaalimentar, pois fornecemproteínase geramempregos.A maiorpartedapro- duçãopesqueiramundialprovémdapescamarítima,queproduziu 76,8 milhõesde toneladasem 1983.Nos últimosanos,a oferta aumentouem'l milhãodetoneladasanuais;nofimdo século,tal- vez se cheguea umaproduçãopesqueirade aproximadamente 100milhõesde toneIadas.35Isso fica bemaquémda demanda 151 projetada.Há indíciosde quegrandepartedasreservasnaturais depeixesdeáguadocejá foramtotalmenteexploradasouatingi- daspelapoluição. A aqüicuItura,ou "piscicultura",quediferedapescaconven- cionalporqueos peixessãodeliberadamentecriadosemreservas aquáticascontroladas,pode ajudara satisfazeras necessidades futuras.A produçãoaqüicoladuplicouna últimadécadae hoje representacercade 10% da produçãopesqueiraIÍlundial.36Se houvero necessárioapoiocientífico,financeiroe organizacional, espera-sequeessa17roduçãoaumentede cinco a 10 vezesporvolta do ano2000. A aqüicuIturapode ser feita.emarrozais, minasabandonadas,pequenosreservatóriose emmuitasoutras áreasprovidasde água,e tambémemváriasescalascomerciais: individual, familiar, cooperativaou empresarial.Deve-sedar prioridademáximaà expansãoda.aqüicuIturanos paísesdesen- volvidoseemdesenvolvimento. 5.4.4Produtividadee produção A conservaçãoe o incrementodabasede recursosagrícolasfará aumentaraiproduçãoe a produtividade.Mas paratomaros insu- mosmaisefetivossãonecessáriasalgumasmedidasespecíficas.O melhormodode obterisso é reforçandoa basede reCUrsostec- nológicose humanosda agriculturanos paísesem desenvolvi- mento. 5.4.4.1A basetecnol6gica A combinaçãodetecnologiastradicionaise modernascriacondi- çõesparaa melhoriada nutriçãoe o aumentodo empregorural em basessustentáveis.A biotecnologia- inclusivetécnicasde culturade tecidose tecnologiasparao preparode produtosde valoradicionadoa partirda biomassa-, a microeletrônica,a in- formática,a transmissãode imagenspor satélitee a tecnologiada comunicação,todassãoaspectosdetecnologiasdepontaquepo- dem aumentara produtividadea~rícolae contribuirparauma melhoradministraçãodosrecursos.8 Dar aosagricultoresquedispõemdepoucosrecursosmeiosde subsistênciasustentáveisrepresentaum grandedesafiopara a pesquisaagrícola.Os grandesavançosocorridosna tecnologia agrícolanosúltimosdecêniosadaptam-semelhora condic;õeses- táveis,uniformese ricas em recursos,com bons solos c bom abastecimentode água.As regiõesquemaisurgcntcmentcneces- sitamde novastecnologiassão a Africa subsaarianal~as áreas maisremotasdaÁsia e da AméricaLatina,ondeasprecipitaçõcs 152 "Na raizdaquestãoambientalestáwnproblemaagrárioques6 seráresolvidosefor adotadaumapolíticaecológicaséria- ese a políticaagrícolarecebernovaorientação.CreioqUeqUalquer políticaconservacionistatemdeseracompanhadadeumapolíti- ca agrícolacoerentequeatendanãos6àsnecessidadesdepre- servação,mastambémàs necessidadesdapopulaçãobrasilei- ra." JúlioM.G.Gaiger PresidentedaAssociaçãoNacionaldeApoioaoÍndio AudiênciaPública.daCMMAD, SãoPaulo,28-29deoutubrode1985 são incertas,a topografiairregulare os solospobres,sendopor- tantoimprópriasàstecnologias-daRevoluçãoVerde. Para serdevaliaà agriculturadessasáreas,a pesquisatemde sermenoscentralizadae maissensívelàscondiçõese prioridades dosagricultores.Comoprimeiropasso,os cientistasprecisamen- traremcontatocomos agricultorespobrese basearsuaspriorida- desdepesquisanasprioridadesdos quecultivama terra.Os pcs- quisadoresdevemaprendercomos agricultorese desenvolveras inovaçõesintroduzidaspor eles,e nãoapenaso contrário.Deve- riamserfeitasmaispesquisasnasprópriasfazendas,utilizando-se as estaçõesdepesquisacomopontode referênciae pedindo-sea colaboraçãodosagricultoresnaavaliaçãodosresultados. As empresascomerciaispodemajudara desenvolvere difundir a tecnologia,mascabeàs instituiçõespúblicasfornecera estrutu- ra necessáriaà pesquisae à extensãoagrícolas.Nas regiõesem desenvolvimento,sãopoucasas instituiçõesacadêmicase depes- quisabem-dotadasde recursosfinanceiros.O problemaé mais gravenos paísesde baixarenda,ondeos gastoscompesquisae extensãoagrícolasrepresentam0,9% da receita agrícolatotal, contra1,5%nos paísesde rendamédia.39As atividadesde pes- quisae extensãoprecisamser bastanteampliadas,sobretudonas áreasemqueclima,solose terrenosapresentammaisproblemas. Essasáreas,emparticular,necessitamde novasvariedadesde sementes,ma.so mesmosedácomgrandepartedaagriculturados paísesemdesenvolvimento.Atualmente,55% dos recursosvege- tais genéticoscientificamenteestocadosdo mundosão~ontrola- dospor instituiçõesdospaísesindustrializados,31%por institui- çõesde paísesemdesenvolvimentoe'l4%por CentrosInternacio- naisdePesquisaAgrícola.40Grandepartedessematerialgenêtico provémde paísesem desenvolvimento.Esses bancosde genes 153 , precisa..rnaumentarseusestoquesde material,aperfeiçoarsuas técnicasde estocageme assegurarqueoscentrosdepesquisados paísesem desenvolvimentotenhamprontoacessOa essesrecur- sos. Cadavez mais,asempresasprivadasadquiremdireitosdepro-priedadesobrevariedadesmelhoradasde sementes,quase-sempre semrec;onheceros direitosdospaísesde ondeprovéma matéria vegetal.Isso podedesencorajaros paísesricos emrecursosgené- ticos a facilitaro acessodosoutrospaísesa essesrecursose, as- sim, reduziras opçõesde desenvolvimentode sementesdetodos os países.As possibilidadesde pesquisagenéticadospaísesem desenvolvimentosão tão limitadasque sua agriculturapodese tomarexcessivamentedependentedebancosde genesprivadose de companhiasde sementesde outrospaíses.Por isso,acoopera- ção internacionale umaboacompreensãono tocanteà participa- çãonosganhossãovitaisemaspectoscríticosdatecnologiaagrí- cola,comoo desenvolvimentodenovasvariedadesdesementes. 5.4.4.2Recursoshumanos A transformaçãotecnológicadaagriculturatradicionalserádifícil se nãohouverumesforçosemelhanteparadesenvolveros recur- soshumanos.(Ver capítulo4.) Isso significareformaseducacio- nais a fim de que se formempesquisadoresmaisafinadosàsne- cessidadesdaspopulaçõesruraise da agricultura.O analfabetis- mo ainda imperaentreos pobresrurais. Mas as iniciativasno campoda alfabetizaçãodeveriamconcentrar-sena alfabetização funcional,quecompreendeo usoeficientedaterra,daáguae das florestas. Apesar do papel fundamentalda mulherna agricultura,seu acessoà educaçãoe sua participaçãoem serviçosde pesquisa, extensãoe de outrostiposestãoaindamuitolongedo ideal.As mulheresdeveriamterasmesmasoportunidadesdeeducaçãoque os homens.Entreos queseocupamcomserviçosdeextensãode- veriahavermaismulheres,e elastambémdeveriamparticiparde levantamentosde campo.As mulheresdeveriamdisporde mais poderparatomardecisõesemrelaçãoaprogramasagrícolase flo- restais. 5.4.4.3Produtividadedos insumos Na agriculturatradicional,o materialorgânico10c<11prove:o agri- cultor de fontesde energia,nutrientese meioselecontrolarpra- gas. Hoje, essasnecessidadessão cadadia maisatendidaspela eletricidade,por derivadosdo petróleo,fertilizantesquímicose 154 pesticidas.O custodessesinsumosrepresentaumaproporçãoca- da vez maiordos custosagrícolas,e o desperdíciocausadanos econômicose ecológicos. Uma das necessidadesmais importantesrelaciónadasêoma energiaé a energiamecânicapara irrigação.A eficiênciadas bombaspoderiaser muitomaior se se concedessemincentivos adequadosaos fabricantesde equipamentose aosagricultores,e se propiciasseum serviçoefetivodeextensão.A energiaparaas bombasde irrigaçãotambémpoderiaserfomecidapor geradores a ventoou por máquinasconvencionaisdecombustãointernaque funcionassema biogás,produzidoapartirderejeitasdabiomassa local. Secadorese refrigeradoressolarespodempouparprodutos agrícolas.Seria convenientepromovero usodessasfontesnão- convencionais,sobretudoemáreascarentesderecursosenergéti- coso Há perdade nutrientesquandosefaz mauusodefertilizantes. Eles freqüentementesediluemna águaqueflui pelocampoe de- terioramo abastecimentolocal de água.Problemassemelhantes dedesperdícioe deefeitoscolateraisnocivosocorremcomo uso de pestiCidas.Por isso, os sistemasde extensãoe os fabricantes de produtosquímicosprecisarãodarprioridadea programasque promovamo uso judicioso e contidodessesmateriaiscarose tó- xicos. 5.4.5Eqüi(iade O desafioda agriculturasustentávelé ~levarnãosó a produtivi- dadee a rendamédias,mastambémaprodutividadee arelidados quedispõemdepoucosrecursos.E a segurançaalimentarnãose limitaapenasà questãode aumentara produçãode alimentos;é tambémgarantirqueos pobresurbanose ruraisnãopassemfome a curtoprazoou emmeioa uma:ondade escassezlocal de ali- mentos.Tudo isso exigea promoçãosistemáticada eqüidadena produçãoe nadistribuiçãodealimentos. 5.4.5.1Reformaagrária Em muitospaísescomdistribuiçãodeterrasmuitodesigual,are- formaagrári~é fundamental.Semela,asmudançasinstitucionais e políticasquevisama protegerabasederecursospodem,defato promoverdesigualdades,porqueimpedemo acessodos pobres aosrecursose favorecemos latifundiários,queestãoma1scapa- citadosa conseguiros parcoscréditose serviçosdisponíveis.Ao deixarcentenasdemilhõesdepessoassemopções,essasmudan- 155 ças podemproduziro efeitocontráriodo pretendido,e permitir quesecontinueviolandoimperativosecológicos. Dadasas diferençasinstitucionaise ecológicasexistentes,é impossívelumaabordagemuniversalà reformaagrária.Cadapaís deveconceberseupróprioprogramade reformaagráriaparaas- sistiraosminifundiáriose fornecerumabaseparaa conservação coordenadados recursos.A redistribuiçãoda terraé particular- menteimportanteonde coexistemlatifúndiose grandenúmero de minifundiários.Entre os componentesessenciaisda reforma estã!?a reformulaçãodosacordosdeocupaçãodaterra,a garantia dapossee o registrodosdireitosdepropriedadedaterra.Nasre- formasagrárias,deve-sedar grandeimportânciaà produtividade daterra,e,emáreasflorestais,àproteçãodasflorestas. Nas áreasondeaspropriedadesse fragmentamemvárioslotes não-contíguos,a reuniãodasterraspodefacilitara implementação demedidasdeconservaçãodosrecursos.Promovera cooperação entreos pequenosagricultores- emrelaçãoaocontroledepragas ou à administraçãoda água,por exemplo- tambémcontribuiria paraaconservaçãodosrecurSOS. Em muitospaíses,a mulhernãotemdireitosdiretosà terra;s6 o homemrecebetítulosdepropriedade.No interessedasegurança alimentar,as reformasagráriasdeveriamreconhecero papelda mulhernaproduçãodealimentos.As mulheres,sobretudoasche- fesdefamília,deveriamterdireitosdiretosà terra. 5.4.5.2Agricultoresdesubsistênciaepecuaristas Os agricultoresde subsistência,criadoresde gadoe nômades ameaçama basede recursosambientaisquandoprocessosquees- capama seucontrolecomprimem-nosemterrasouemáreasinea- pazesdesustentá-Ios. Os direitostradicionaisdos agricultoresde subsistência- so- bretudodoslavradoresrotativos-, pecuaristase nômadespreci- sam,portanto,serprotegidos.Os direitosàpossedaterraeosdi- reitoscomunais,emparticular,precisamserrespeitados.Quando suaspráticastradicionaisameaçama basede recursos,essesdi- reitospodemtereleserrestringidos,massomentequandose Ihes oferecemalternativas.A maioriadessesgruposnecessitaráde ajudaparadiversificarseusmeiosdesubsistênciae entrarnaeco- nomiademercado;pormeiodeprogramasdeempregoc aadoção dealgunscultivoscomerciais.. Desdeo início,a pesquisadevedaratençãoi1s v;'Íri<lsIll~cessi- dadesda agriculturamista,típicana agricullurade sllbsistl:lIcb. Os sistemasdeextensãoe defornecimentoeleÍlIS11I1lO;';tl-11Idese tornarmaisflexíveisparaatingiros lavradoresrotativosL" os nÔ- 156 "Àmedidaquea produçãoagrícolasedesenvolve,umnúmero maiordeagricultorestemcondiçõesdecomprartratores.Mas acabamdescobrindo,apósusaremos tratorespor uri'I ano,que sãomuitomaisdispendiososdoqueesperavam,devidoaospre- çosexorbitantesdaspeçasdereposição.Talvezfosseo casode recomendarquea lndonésiaconstruaumafábricadepeçasde reposição,antesdecontinuarestimulandoo usode tratoresna agricultura. Por isso,aindanãoforampagosváriosdosempréstimosque ogovernoconcedeuaosagricultoresafimdequemodernizassem suastécnicasagrícolas,especialmentecomprandotratores.Se estesaindaestivessemfuncionando,os agricultorespoderiam provavelmentequitarseusempréstimos.Na verdade,essestrato- resestãosetornandoumproblema,porqueficamlá enferrujan- doetransfonnando-seempoluição." . Andi Mappasala Presidente,YayasanTellungPoccoe AudiênciapúblicadaCMMAD, Jacarta,26demarçode 1985 mades,e deve-sedar prioridade~o..investimentopúblico para melhorarsuasterrasagricultáveis,áreasde pastageme recursos hídricos.. 5.4.5.3Desenvolvimentoruralintegrado As populaçõesruraiscontinuarãoa aumentarem muitospaíses. Dentrodos atuaispadrõesde distribuiçãoda terra,o',númerode minifundiáriose defamíliasde sem-terrapassaráde aproximada- mente50 milhões para quase220 milhões por volta do ano 2000.41Em conjunto,essesgruposrepresentamtrês quartosdas farm1iasagrícolasdos paísesemdesenvolvimento.42Semmeios adequadosde subsistência,essasfarm1iascarentesde recursos continuarãocarentese se verãoforçadasa usar abusivamentea basederecursosafimdesobreviverem. Já se despenderammuitosesforçosparatraçarestratégiasde desenvolvimentorural integrado,e conhecem-semuitobemseus requisitose suasarmadilhas.A experiênciajá demonstrouquea reformaagráriaé necessária,masquesozinhanãobasta,'precisa do apoioda distribuiçãode insumose dosserviçosrurais.Os mi- nifundiários,inclusive- e demodoespecial- asmulheres:devem terpreferênciaquandoda alocaçãode recursos,pessoale crédito 157 escassos.Os pequenosagricultoresdevemtambémparticiparmais daelaboraçãodaspolíticasagrícolas. O desenvolvimentoruralintegradoexigetambémrecursospara absorvero grandeaumentodas populaçõesque trabalhamnas áreasrurais.Tal aumentoéesperadonamaioriadospaísesemde- senvolvimentodevidoàs oportunidadesde trabalhonão-agrícola quedevemserpromovidasnessasáreas.O sucessodo desenvol- vimentoagrícolae o crescimentodasrendasdevemcriaroportu- nidadesde trabalhono setorde serviçose na manufaturadepe- quenaescala,seapoiadosporpolíticaspúblicas. 5.4.5.4Flutuaçõesnadisponibilidadedealimentos A degradaçãoambienta!podeamiudare agravarascrisesdees- cassezde alimentos.Por isso, o desenvolvimentoagrícolasus- tentávelreduziráa variaçãosazonalda ofertadealimentos.Mas não serácapazde eliminá-Ia.Haveráflutuaçõesprovocadaspor fatoresclimáticos,e a dependênciacadavez maiorde apenas umaspoucasvariedadesde culturas'emáreasmuitovastaspode aumentaros 'efeitosdanososdo climae'de pragas.As farmlias maispobrese asregiõesecologicamentemai~desfavurecidassão comfreqüênciaasquemaissofremcomessas'crisesdeescassez. A estocagemde alimentosé indispensávelparaseenfrentaros períodosde escassez.No momento,o estoquemundialdecereais éda ordemde 20%'doconsun'1oanual:o mundoemdesenvolvi- mentocontrolacercade um terçodo estoque,e o mundoindus- trializado,dois terços.Mais dametade-do estoguedospaísesem desenvolvimentoestáemdoispaíses- Chinae India.Os estoques da maioriados demaispaísessó atendema necessidadesopera- cionaisimediatas:asreservassãomuitopequenas.43 Os estoquesde alimentosdospaísesindustrializadossãocons- tituídossobretudode excedentese ·servemde baseparaa assis- tênciaemergencial,quepreci~asermantida.Mas a ajudaalimen- tardeemergênciaéumabaseprecáriaparaa segurançaalimentar; os paísesem desenvolvimentodeveriamformarestoquesnacio- nais nos anosemquehouvesseexcedentesa rlfidedisporemde reservase tambémdeestimularemo estabelecimentodasegurança alimentarem nível familiar.Paratanto,precisarãoeleumsistema eficaz de apoio público a medidasque facilitema aquisiçflo,o transportee a distribuiçãode alimentos.O estahelecimentode serviçosde estocagemestrategicamentelocalizadosé essencial tantopara reduzir as perdasposterioresà colheitaquantopara possibilitarintervençõesrápidasemcasosdeCITlLTg01ll'ia. 158 \ Durantea maioriadosperíodosdeescassez,asfamíliaspobres ficamincapacitadasde produziralimentose perdemsuasfontes costumeirasderenda,nãotendocomocompraro alimentodispo- nível. Por isso, a segurançaalimentartambémrequero .pronto acessoà maquinaria,paradarpoderaquisitivoàs famíliasatingi- das pela catástrofe,atravésde programasde obrasp!-Íblicasde emergênciae de medidasde proteçãoa pequenosagricultores contraquebrasdesafras. 5.5ALIMENTO PARA O FUTURO O desafiodeaumentaraproduçãodealimentosparaequipará-Iaà demandá,ao mesmotempomantendoa integridadeecológicaes- sencialdos sistemasde produção,é um desafioformidávelem magnitudee complexidade.Mas dispomosdo conhecimentone- cessárioparaconservarnossosrecursosagráriose hídricos.As novastecnologiaspossibilitamo aumentodaprodutividadee, ao mesmotempo,reduzemaspressõessobreos recursos.Umanova geraçãode agricultorescombinaexperiênciacomeducaçflo.De possedessesrecursos,podemossatisfazerasnecessidadesdafa- rruliahumana.Como obstáculotemoso enfoquelimitadodopla- nejamentoe daspolíticasagrícolas. :\ A aplicaçãodoconceitodedesenvolvimentosustentávelaoes- forçoparagarantira segurançaalimentarexigeUmàatençãosis- temáticaà renovaçãodos recursosnaturais.Exige tambémuma abordagemholísticacentradanosecossistemasemnívelnacional, regionale global,o uso coordenadoda terrae o planejamento cuidadosodaexploraçãoda águae dasflorestas.A metadasegu- rançaecológicadeveriaestarfirmementeenmizadanas atribui- çõesda FAO, deoutrasorganizaçõesdaONU quetratamdaagri- cultura,bemcomodetodasasoutrasagênciasinternacionaiscor- relatas.Tambémé necessárioque a assistênciainternacionalse ampliee recebanovaorientação.(Vercapítulo3.) . Os sistemasagrícolasestabelecidosnosúltimosdecênioscon- tribuíramenormementeparaaliviara fomeeelevarospadrõesde vida.Atingiramseusobjetivosatécertoponto,masforamcriados paraummundomenore maisfragmentado.As novasrealidades revelamsuascontradiçõesinerentes.Tais realidadesnecessitam de sistemasagrícolasquedêematençãotantoàspessoasquantoà tecnologia,tantoaosrecursosquantoà produção,tantoa prazos maisdistantesquantoa maisimediatos.Só sistemasassiinpodem enfrentaro desafiodo futuro. 159 "".~,_~-,._,."';':~;...~'':'':'~:'''::'':''':::':..,.::<.=~..;;.=·,~:':__ =·='::':;:LCT:,:=:.:'_';;,:;·-~:~~Z'_:ê;:-"=:a::'--,·_:::,,~~;c,:.;..,:·_:,,,:·~_:-;.;...:,,~.~'.'~~.,:~._.~••~.~.,::_~=.::.===.!!!_!,!, ••!,!,.,_!,!,.!!!!!!!!!!!!!!!!!!!_!!!!!!!!.!!!.!!!.!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ••••••••••••. I'l,~I!!,;1~.,..',._!1\l!""""~. "=_~_'M_'_ -~.--. '--'.'- Notas 1BaseadoemdadosdeFAO. ProductionYearbook1985.Rome,1986~ 2 Baseadoemestimativasdo BancoMundialpara1980,segundoasquais 340milhõesde habitantesde paísesem desenvolvimento(excetoChina) nãopossuíamrendasuficienteparaatin,girumpadrãocal6ricomínimoque impedissesériosdanosà saúdee o raquitismoinfantil;e730milhõesesta- vamabaixodopadrãoexigidoparaumavidaeconomicamenteativa.Ver WorId Bank.Povertyandhunger;issuesandoptionsfor foodsecurityin developingcountries.Washington,D.C., 1986. 3 FAO. Yearbookof Food andAgricultureStati~tics,1951.Rome,1952; FAD. ProductionYearbook1985,cito 4 FAD. YearbookofFood andAgriculturalStatistics.TradeVolume,Part 2, 1951.Rome,1952;FAO. Trade Yearbook1982.Rome,1983;FAD. TradeYearbook1984.Rome,1985.. 5 FAD. TradeYearbook1968.Rome, 1969;FAO. Commoditiesreview andoutlook1984-85.Rome,1986. 6 FAO. YearbookofFood andAgriculturalStatisticsTradeVolume,Part 2, 1954.Rome,1955;FAO. Commoditiesreview...cit. 7 FAO. ProductionYearbook1984.Rome,1985. 8 Brown, L. R. SustainingworIdagricuIture.In: Brown,L.R. etalli.State oftheworld1987.London,W.W.Norton,1987. 9 Gear,A., ed.Theorganicfoodguide.Essex,1983. 10 USSR Committeefor the InternationalHydrologicaIDecade.World wa(erbalanceandwaterrcsourcesoftheEarth.Paris,Unesco,1978. 11 FAO. Yearbookof Food and AgriculturalStatistics1951.cit.; FAD. ProductionYearbook1984.cito 12Dairy,prairie.TheEconomist,15novo1986: 13 WCED AdvisoryPanelon FoodSecurity,Agriculture,Forestryand Environment.Foodsecurity.London,ZedBooks,1987. 14Nesterelatórioo termopesticidasé usadoemsentidogenérico,com- preendendoinseticidas,herbicidas,fungicidase outrosinsumosagrícolas dogênero. 15BancoMundial.Relatóriosobreo desenvolvimentomundial1986.Rio deJaneiro,FundaçãoGetulioVargas,1986. 16Brown,L.R., op.cito 17 StandingCommitteeon AgricuIture,Fisheriesand Forestry.Soi!at risk;Canada'serodingfuture.Ottawa,1984.(Relatóriosobreaconserva- çãodosoloparao SenadodoCanadá.) 18Brown,L.R. cito 19Centrefor ScienceandEnvironrnent.Thestateof1ndia's environment 1984-85.NewDelhi,1985. 20FAO. Land,foodandpeople.Rome,1984. 21SzaboIcs,I. Agrarianchange.ElaboradoparaaCMMAD, 1985. 22Gear,A. cito 23 Bandyopadhyay,J. Rehabilitationof uplandwatershcds.Elahorado paraa CMMAD, 1985. 160 '. 24 Unep. Generalassessmentof progressin the implementationof the plan of Action to CombatDesertification1978-1984.Nairóbi, 1984; WCED AdvisoryPaneI...cito 25Unep.op-:-cit. 26lbid. 27lbid. 28lbid. 29lbid. 30FAO. Agriculturetowards2000.Rome,1981. 31 FAO. Potentialpopi.tlationsupportingcapacitiesof landsin thedevelo- pingworld.Rome,1982. 32 A classificaçãoda terraelaboradapeloUSBureauof Land Manage- menté apenasumexemplode comoo problemapodeser abordado.Um tipo maisamplode classificaçãoencontra-se.em:FAO. Potentialpopula- tionsupportingcapacities.., cito 33Inderéna.Caguan-CaquetareportoBogota,Colombia,1985. 34 Os programasagroflorestaispostosempráticanaÍndia sãoexemplos dessaabordagem.Foramadotadosentusiasticamentepor muitosagricul- tores.. :?5FAD. WorldfoodreportoRome,1985;WCED AdvisoryPaneI...cit. 36WCED AdvisoryPaneI...cit. . 37lbid. 38lbid. 39FAD. Worldfoodreport.cito 40 DadosdaFundaçãoDagHammarskjold,Suécia.In: Centrefor Science andEnvironment.op.cito .' 41EstimativasdaFAD citadasin:WCED AdvisoryPaneI... cito 42lbid. ~ 43FAO. Food outlook.Rome,1986. " 161
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