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FÍSICA MECÂNICA AULA 6 Prof. Cristiano Cruz CONVERSA INICIAL Desde a invenção da roda, ou talvez muito antes disso, o movimento de corpos girando fascina o ser humano. A observação dos planetas, que em movimento de rotação, giram em torno de seu próprio eixo, mas ao mesmo tempo transladam em trajetória circular ao redor do sol, assim como o movimento de galáxias; o movimento de elétrons ao redor do núcleo dos átomos; a rotação da roda (do carro, da bicicleta, etc.); e até mesmo a rotação de rodas gigantes, ilustram perfeitamente o estudo em questão que iremos realizar. Todos os exemplos citados acima não podem ser tratados plenamente como o movimento de um ponto ou de uma partícula como até agora fizemos. Todos eles envolvem um objeto, corpo que gira em torno de um eixo estacionário, em determinado referencial inercial. Precisamos considerar os corpos com tamanho e forma definidos e imutáveis, que não sofrem deformação e que além do movimento de rotação também podem ter combinado um movimento de translação. Esse modelo idealizado de corpo é chamado de corpo rígido. Portanto, nesta aula iremos tratar do movimento de rotação de um corpo rígido. CONTEXTUALIZANDO Corpo rígido são objetos com tamanho e forma definidos e imutáveis, que não sofrem deformação, podemos considerar um corpo rígido o conjunto de partículas agrupadas de forma que a distância entre as partes que constituem o corpo ou o sistema não sofram mudança, ou seja, essas partículas não se alteram para um referencial fixado no próprio corpo. Além do movimento de rotação, o corpo rígido também pode ter combinado um movimento de translação. TEMA 1 - POSIÇÃO ANGULAR O movimento de rotação do corpo rígido ocorre em torno de um eixo fixo, entenda por eixo fixo, um eixo que permanece em repouso em relação à algum referencial inercial e que não muda de direção em relação a esse eixo. Por exemplo, o eixo de um motor, o eixo da roda gigante, o eixo onde estão presas as pás do liquidificador, etc. Analisando esse tipo de movimento, iremos determinar algumas grandezas para descrevê-lo. A figura abaixo apresenta um corpo rígido (uma pedra), girando em torno de um eixo fixo que passa pelo ponto O, perpendicular ao plano xy. Considerando a reta que liga o ponto O ao ponto P que se encontra sobre o corpo rígido, note que a linha OP fica fixa no corpo e gira com ele, podemos localizar a posição do corpo no plano xy pelo ângulo θ que essa linha OP forma em relação ao eixo positivo +Ox. Figura 1 – Uma pedra girando em sentido anti-horário em torno de um eixo fixo. O ângulo θ é a coordenada angular, ou posição angular. Este ângulo posiciona o corpo no plano de rotação e pode ser positivo ou negativo. Quando a rotação ocorrer no sentido anti- horário o ângulo θ será positivo e quando a rotação for em sentido horário o ângulo é negativo. O ângulo θ deve ser medido em radianos, lembrando que 1 rad é o ângulo em que o arco de circunferência possui o mesmo comprimento do raio da circunferência, sendo dado pela razão entre o arco de circunferência e o raio dessa circunferência. ou Figura 2 – Um radiano é o ângulo em que o arco s possui o mesmo comprimento do raio r. Velocidade angular Como vimos a coordenada angular θ especifica a posição de rotação de um corpo rígido em dado instante. Suponha que na figura abaixo a posição do ponto P marcado na pedra, no instante de tempo t1, seja dada pela posição angular θ1 e no instante de tempo t2, a posição seja dada por θ2. Veja figura abaixo: Figura 3 – Deslocamento angular ∆θ da pedra em rotação (corpo rígido) O deslocamento angular ∆θ realizado pela pedra no intervalo de tempo ∆t = t2 – t1, é dado por: ∆θ = θ2 − θ1 Definimos velocidade angular média ωm do corpo em um intervalo de tempo ∆t = t2 – t1 como a razão entre o deslocamento angular ∆θ = θ2 − θ1 e o intervalo de tempo ∆t: A velocidade angular instantânea ω é o limite de ωm quando ∆t tende a zero, ou seja, a derivada de θ em relação ao tempo: A velocidade angular instantânea ω é o limite de ωm quando ∆t tende a zero, ou seja, a derivada de θ em relação ao tempo: A velocidade angular pode ser positiva ou negativa, dependendo da direção em que o corpo rígido está girando. Se a rotação for em sentido anti-horário, o sinal da velocidade angular será positivo e quando for no sentido horário, a velocidade angular será negativa. Já a velocidade escalar angular, é o módulo da velocidade angular, destituída de sinal. Como todos os pontos de um corpo rígido giram o mesmo ângulo em relação a determinado referencial no mesmo instante, a velocidade angular é a mesma para todos os pontos desse corpo rígido. Se o ângulo θ for medido em radianos, a unidade de velocidade angular é o radiano por segundo (rad/s). Usualmente costuma-se utilizar como unidade revoluções por minuto (rev/min ou rpm). A relação de conversão entre elas é: e Aceleração angular Quando a velocidade angular de um corpo rígido varia em um intervalo de tempo, o movimento de rotação possui aceleração angular. Se o instante de tempo t1 a velocidade angular do movimento é t1 e no instante t2 passa a ser ω2, o movimento tem aceleração angular. A aceleração angular média αm é dada pela razão da variação da velocidade angular pelo intervalo de tempo. A aceleração angular instantânea α é o limite da αm quando ∆t tende a zero: A unidade de aceleração angular é o radiano por segundo ao quadrado, rad/s2. Assim como fizemos para descrever se o movimento linear era acelerado ou retardado, para o movimento de rotação valem as mesmas regras. O movimento de rotação será acelerado quando os sinais da aceleração angular e da velocidade angular forem iguais e será retardado quando os sinais da aceleração angular e da velocidade angular forem diferentes. Rotação com aceleração angular constante Assim como no movimento retilíneo com aceleração constante, visto nas aulas anteriores, o movimento de rotação com aceleração angular constante também é bastante simples. As equações envolvidas em ambos os movimentos são muito parecidas, basta apenas trocar x por θ, V por ω e a por α. Assim temos: A equação de posição angular em função do tempo: A equação de velocidade angular em função do tempo: E a equação que não depende do tempo, relacionando as velocidades angulares inicial e final, a aceleração angular e o deslocamento: Essas equações são válidas somente quando a aceleração angular α for constante, por isso tome cuidado para não as aplicar em problemas com aceleração angular variável. Vamos ver a explicação do professor Cristiano sobre tudo o que aprendemos até agora? Não perca! http://vod.grupouninter.com.br/2015/JUN/MT170008-A06- P01.mp4?_ga=2.57141539.82408160.1505853188- 2110232531.1485448053 TEMA 2 - RELAÇÕES ENTRE A CINEMÁTICA LINEAR E A CINEMÁTICA ANGULAR Muitas vezes ocorre a necessidade de expressar a velocidade linear de determinado ponto localizado em um corpo rígido em rotação. Para isso iremos relacionar a velocidade angular com a velocidade linear. Quando um corpo rígido realiza uma rotação em torno de um eixo fixo, cada ponto localizado neste corpo rígido gira com a mesma velocidade angular, no entanto a velocidade linear de 2 cada um desses pontos depende da distância em queesse ponto se encontra do eixo de rotação, ou seja, depende do raio da trajetória de rotação deste ponto, e sua velocidade linear é diretamente proporcional à velocidade angular do corpo. Na figura abaixo o ponto P está a uma distância r do eixo de rotação, identificado por O, de maneira que ele gira em trajetória circular de raio r. Para qualquer posição na trajetória de rotação do ponto P pode-se relacionar o comprimento do arco s e o ângulo θ (em radianos) pela equação: s = rθ Figura 4 – Velocidade linear de um ponto localizado em um corpo rígido girando em torno de um eixo fixo no ponto O. Como r é constante para o mesmo ponto P, iremos realizar a derivada dessa equação em relação ao tempo e tomando o módulo de ambos os lados, obtemos: Como é o valor da velociadade linear v da partícula em m/s, localizada no ponto P e é a velociade angular escalar θ em rad/s. Substituindo temos uma relação entre a velociadade linear de determinado ponto no corpo e a velocidade angular do corpo. 3 O módulo da velocidade linear é diretamente proporcional ao produto de r pelo módulo da velocidade angular , logo, quanto mais afastado do eixo de rotação o ponto P estiver, maior será o módulo de sua velocidade linear. A direção do vetor velocidade linear no ponto P, é tangente à sua trajetória circular neste ponto. A aceleração linear também pode ser representada em função dos componentes angulares. Tanto a aceleração tangencial atg , a qual têm direção paralela a velocidade linear instantânea e tangente à trajetória circular, alterando a velocidade linear da partícula, como a aceleração centrípeta arad , com direção radial, apontando ao centro da trajetória circular, responsável por alterar a direção da velocidade linear do ponto P. Derivando a equação da velocidade linear e velocidade angular em relação ao tempo, temos: Como e , então: Onde θ é a aceleração angular responsavel pela variação da velocidade escalar angular. Já a componente radial da aceleração arad, está associada a variação da direção da velocidade linear da partícula que encontra-se no ponto P. Pela relação: Substituindo: Temos: A soma vetorial da aceleração centripeta com a aceleração tangencial fornece a aceleração linear . 4 Figura 5 – Aceleração linear do ponto P – Soma vetorial da aceleração tangencial atg e aceleração radial arad Vamos complementar nossos estudos, assistindo ao vídeo do professor Cristiano! http://vod.grupouninter.com.br/2015/JUN/MT170008-A06- P02.mp4?_ga=2.121170945.82408160.1505853188- 2110232531.1485448053 TEMA 03 - ENERGIA NO MOVIMENTO DE ROTAÇÃO Considerando que um corpo rígido é formado por pequenas partículas, cada uma contribuindo com uma parcela da massa total do corpo, quando esse corpo gira, essas partículas possuem velocidade angular, outra característica que se deve as partículas que formam o corpo é o momento de inércia, essa grandeza é mensurada de acordo com a distribuição da massa do corpo em relação ao eixo de rotação, ou seja, como essas pequenas partículas de massa estão distribuídas ao redor do eixo fixo. Podemos escrever a energia cinética do corpo em termos de sua velocidade angular do corpo e de seu momento de inércia. Para obter essa equação continuaremos a considerar o corpo rígido formado por diversas partículas, cada uma delas CUIDADO - É importante lembrar que as relações matemáticas vistas até agora, como s = rθ e qualquer outra deduzida a partir dessa, valem somente quando o ângulo θ é 5 com massas m1 para primeira partícula, m2 para segunda e assim por diante, m3, m4, ... mi. Cada uma dessas partículas é posicionada perpendicularmente em relação ao eixo de rotação pelas distâncias r1, r2, r3, r4 ... ri, podemos escrever a energia cinética de uma das partículas, por exemplo a primeira partícula, como: Substituindo a velocidade linear pela relação: Temos: Se considerarmos cada uma das partículas que constituem o corpo, a energia cinética total será dada pela soma da energia cinética de todas as partículas. Reescrevendo a equação e colocando em evidencia o fator comum para todos os termos da equação, temos: A quantidade entre parênteses, dada pelo somatório do produto da massa de cada partícula pelo quadrado da distância r ao eixo de rotação, é chamada de momento de inércia do corpo em relação a este eixo de rotação, representado por I. O momento de inercia depende de como a massa do corpo está distribuída no espaço em relação ao eixo de rotação, quanto mais afastada a massa estiver em relação ao eixo, maior será o momento de inércia. A unidade do momento de inércia no 6 S.I. é o quilograma vezes metro ao quadrado (kg.m2). Conhecendo-se o momento de inércia, pode-se escrever a energia cinética do corpo rígido como: Ao usarmos essa equação devemos ter cuidado para expressar a velocidade angular , pois a unidade desta deve ser radianos por segundo. Assim obteremos a energia cinética K em Joules. A interpretação física para essa equação mostra que quanto maior for o momento de inércia do corpo, maior será sua energia cinética quando girar com determinada velocidade angular. De acordo com o teorema trabalho-energia cinética, quanto maior o trabalho realizado para acelerar o corpo até a velocidade considerada, maior será sua energia cinética. Dessa maneira, quanto maior for o momento de inércia de um corpo, mais difícil será fazê-lo girar a partir do repouso, ou mais difícil será pará-lo quando estiver girando. Para um conjunto de massas que podem ser consideradas puntiformes, o cálculo do momento de inércia é feito pela relação , o somatório do produto de cada massa pela distância r, por exemplo, a figura abaixo representa um sistema de duas massas, mA e mB, que giram em relação ao eixo C fixadas por hastes de massa desprezível. O momento de inércia do conjunto em relação ao eixo de rotação C será: 7 No entanto, quando o corpo é uma distribuição uniforme e contínua de matéria, como um eixo cilíndrico, a soma do produto de cada elemento de massa pela sua coordenada r em relação ao eixo, torna-se uma integral, ou seja, necessitamos usar o cálculo integral para obter o momento de inércia. Para algumas formas geométricas conhecidas o cálculo do momento de inércia, encontra-se em tabelas. Tabela 1 – Momento de inércia para corpos com distribuição uniforme de massa. Teorema dos Eixos Paralelos O momento de inércia de um corpo não possui um valor único, pois depende da posição do eixo de rotação, logo determinado corpo possui diversos momentos de inércia, um para cada eixo de rotação possível. O teorema dos eixos paralelos relaciona o momento de inércia do corpo em relação ao eixo que passa pelo centro de massa do corpo Icm com o momento de inércia em outro eixo paralelo a esse Ip, afastado uma distância d, pela relação: 8 Figura 6 – Eixo de rotação paralelo ao eixo que passa pelo centro de massa. Segundo a equação do teorema dos eixos paralelos, o momento de inércia em relação ao eixo que passa no centro de massa é menor que o momento de inércia em qualquer outro eixo paralelo. Isso mostra que é mais fácil girar um corpo quando o eixo passa pelo centro de massa que qualquer outro eixo paralelo. Chegou a hora de ver o que o professor Cristiano vai acrescentar a nossa aula, vamos conhecer mais sobre energia no movimento de rotação e teoremados eixos paralelos. Confira! http://vod.grupouninter.com.br/2015/JUN/MT170008-A06- P03.mp4?_ga=2.157910451.82408160.1505853188- 2110232531.1485448053 TEMA 04 - DINÂMICA DO MOVIMENTO DE ROTAÇÃO De acordo com a segunda lei de Newton, quando uma força resultante atua em um corpo provocando o movimento de translação, essa força produz aceleração no corpo em questão durante o movimento. Da mesma maneira se a força resultante aplicada produzir um movimento de rotação, isso implicará em uma aceleração angular. A força que provoca a ação giratória no corpo, produz uma torção. 9 A grandeza física que mede o quanto de torção a força aplicada produziu no corpo é chamada torque. O torque resultante produzido pela força determina a aceleração angular sofrida por esse corpo. Torque (τ) A grandeza física que fornece a medida quantitativa de como a ação de uma força pode provocar ou alterar o movimento de rotação de um corpo é chamada torque, ou momento. Para provocar o movimento de rotação em um corpo, ou para alterar um movimento já iniciado, não só o módulo, a direção e o sentido da força aplicada são importantes, mas também o ponto de aplicação dessa força no corpo. Veja na figura abaixo, uma chave de grifo amarela é utilizada para apertar um parafuso de três maneiras diferentes. Na primeira a força é aplicada na extremidade do cabo da chave, afastada do eixo de rotação do parafuso, ponto O, na figura do meio à força é aplicada no eixo de rotação do parafuso e na última, a força é aplicada mais próximo ao eixo de rotação do parafuso, mais próxima de O. Figura 7 – Torques diversos para apertar um parafuso. A força que irá provoca o maior torque no parafuso em relação ao ponto O é a força , pois ela está aplicada mais afastada do eixo de rotação do parafuso, a força aplica um torque nulo, pois quando a força é aplicada no eixo de rotação esta força não produz torque e a força é a força que realiza menor toque, isso porque, além de possuir menor módulo, ela é aplicada a uma distância menor em relação ao eixo de rotação. 10 A distância em relação ao eixo de rotação e o ponto de aplicação da força é chamada braço da alavanca e é representado por l. O esforço de torção depende mutuamente do módulo da força aplicada perpendicular ao braço da alavanca e também do valor de l. Portanto para uma força de módulo F aplicada com linha de ação perpendicular ao braço da alavanca a uma distância l ao ponto do eixo de rotação o torque (τ) produzido é dado por: Repare que o torque é sempre calculado em relação a um ponto específico, geralmente o eixo de rotação, porém se deslocarmos a posição deste ponto, escolhendo outro ponto como referência o torque da força também irá mudar. Outra observação a ser feita é em relação ao sentido de rotação, toda vez que a força aplicada produzir uma rotação em torno do ponto O no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio (sentido anti- horário) o torque será positivo e quando essa força girar o corpo no sentido horário o torque será negativo. A unidade de torque no S.I. é o Newton.metro, apesar de já termos utilizado essa combinação de unidades quando discutimos sobre trabalho e energia, na qual essa combinação de unidades era chamada de Joule, como torque não é trabalho, nem energia, ele deve ser expresso como Newton.metro. Quando a força aplicada no braço da alavanca não for perpendicular a ela, veja figura abaixo: Figura 8 – Torque devido uma força inclinada em relação ao braço da alavanca. 11 Nesse caso, o módulo do torque realizado pela força em relação ao ponto O, deve ser calculado pela relação: Torque e Aceleração Angular de um Corpo Rígido Assim como a segunda lei de Newton é fundamental para o movimento de translação de uma partícula, a equação que relaciona o torque com a aceleração angular é para a dinâmica de rotação de um corpo rígido. Veremos que o somatório dos componentes do torque ao longo do eixo de rotação de um corpo que gira é diretamente proporcional ao produto do momento de inércia do corpo pela sua aceleração angular. Para isso iremos considerar que o corpo rígido é constituído por um grande número de partículas que interagem entre si por forças internas e giram ao redor do eixo de rotação posicionado no eixo cartesiano Oz. Figura 9 – Corpo rígido girando em torno do eixo z, a partícula m1 que constitui o corpo, está sujeita a uma força F1. A figura mostra uma partícula m1 que constitui o corpo rígido. Quando esse corpo gira, a partícula m1 descreve uma trajetória circular de raio r1 e está sujeita a força F1 tangente a trajetória de rotação. De acordo com a segunda lei de Newton a força externa aplicada na partícula m1 produz nesta uma aceleração tangencial a1, dada por: Substituindo a aceleração tangencial a1 em termos da aceleração angular do corpo, 12 E multiplicando ambos os lados da equação por , temos: O lado direito desta equação é o módulo do torque 1 da força F1 em relação ao eixo de rotação. Como a rotação acontece no plano xy o torque tem direção do eixo de rotação, no caso, eixo z. Como não há outra força que afete o movimento de rotação da partícula no eixo z, então o torque resultante que atua sobre a partícula 1 em relação a esse eixo será: Como a quantidade é o momento de inércia da partícula 1 em relação ao eixo de rotação, podemos escrever: Para as outras partículas o torque resultante sobre cada partícula pode ser calculado por uma equação semelhante a essa, para partícula 2, o torque será: Para partícula 3: E assim por diante para todas as outras partículas que fazem parte do corpo rígido. O torque total será dado pela soma de todos os torques individuais de cada partícula: Pela equação, é o somatório de todos os torques em torno do eixo de rotação que atua sobre todas as partículas e é o momento de inércia total do corpo em torno do eixo de rotação, que multiplica a aceleração angular do corpo rígido. Resultando na equação abaixo: 13 Essa equação é a segunda lei de Newton para o movimento de rotação. O torque resultante sobre um corpo rígido de vido a forças externas é igual ao momento de inércia do corpo em relação ao eixo de rotação vezes a sua aceleração angular em rad/s2. Momento Angular No decorrer desta aula relacionamos algumas grandezas do movimento de rotação de um corpo rígido com grandezas semelhantes encontradas no movimento de translação de uma partícula. Neste sentido, a grandeza relacionada ao momento linear de uma partícula, vista no movimento retilíneo, relaciona- se com o movimento de rotação pelo momento angular, uma grandeza vetorial representada por . Seja uma partícula m com massa constante, localizada em relação a um sistema de referencial inercial pelo vetor posição , que se movimenta com velocidade e possui momento linear dado por no plano xy. O momento angular dessa partícula será determinado por: Figura 10 – Momento angular de uma partícula de massa m. Nas condições descritas, o movimento da partícula ocorre no plano xy e neste caso a direção do vetor momento angular é perpendicular ao plano xy, se o eixo de rotação estiver localizado na origem dos eixos cartesianos e a rotação em sentido anti- 14 horário, sua direção será ao longo do eixo +Oz e seu módulo será determinado por: Sendo l o braço da alavanca, determinado pela a distância perpendicular do ponto O à linha da direçãodo vetor . Se uma força resultante for aplicada na partícula de massa m, realizando um torque, sua velocidade e seu momento linear variam, podendo variar também seu momento angular. Se derivarmos a equação do momento angular em relação ao tempo, obteremos a taxa de variação do momento angular. O termo é o produto vetorial da velocidade por ela mesmo, e devido a definição de produto vetorial seu resultado é zero. E no termo , substituindo pela força resultante , obtemos: Ou seja, a taxa de variação do momento angular de uma partícula é igual ao torque da força resultante que atua sobre ela. Iremos estender essa ideia para determinar o momento angular para um corpo rígido que gira em torno do eixo Oz com velocidade angular ω. Considere uma partícula de massa mi que pertence ao corpo rígido que gira no plano xy com o eixo de rotação posicionado no eixo cartesiano Oz. A velocidade dessa partícula é em qualquer posição é sempre perpendicular ao vetor posição , neste caso, o ângulo ϕ = 90ο para qualquer partícula pertencente ao corpo rígido. Sendo a velocidade , o módulo do momento angular Li, será: Nesta configuração, sendo a rotação no plano xy, o sentido do vetor momento angular de cada partícula, de acordo com a regra da mão direita, será o eixo +Oz. Veja a figura: 15 Figura 11 – Regra da mão direita para determinar o sentido do vetor momento angular. Para determinar o momento angular do corpo rígido como um todo, precisamos somar a contribuição do momento angular de cada uma das partículas pertencentes ao corpo rígido, logo, somando ambos os membros da equação do momento angular, temos: Essa relação será válida quando o eixo de rotação do corpo for um eixo de simetria, logo quando um corpo rígido gira em torno do eixo de simetria, seu vetor momento angular permanecerá ao longo desse o eixo, com o seu módulo determinado por: Sendo I o momento de inércia do corpo rígido e o módulo do vetor velocidade angular que possui a mesma direção e o mesmo sentido do vetor momento angular, logo a relação será válida: 16 Como visto, para qualquer sistema de partículas, corpos rígidos ou não, a taxa de variação do momento angular total é igual à soma dos torques de todas as forças que atuam sobre as partículas, matematicamente: Substituindo o momento angular por sua equação correspondente, temos: Conservação do Momento Angular A lei da conservação do momento angular será válida quando o torque externo resultante que atua em um sistema de partículas ou corpo rígido for igual a zero, neste caso, o momento angular do sistema permanece constante. Quando há conservação do momento angular, podemos escrever que o momento angular do sistema em determinado instante inicial é igual ao momento angular em outro instante qualquer final: Para saber mais sobre tudo o que estudamos até agora, assista ao vídeo do professor Cristiano! Não perca! http://vod.grupouninter.com.br/2015/JUN/MT170008-A06- P04.mp4?_ga=2.161541429.82408160.1505853188- 2110232531.1485448053 SÍNTESE Posição Angular - Para descrever a rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo, chamado eixo de rotação, 17 supomos que uma reta de referência está fixa no corpo, perpendicular ao eixo e girando com o corpo. Medimos a posição angular θ da reta em relação a uma direção fixa. Deslocamento Angular - Um corpo que gira em torno de um eixo de rotação, mudando de posição angular de θ1 para θ2, sofre um deslocamento angular em que ∆θ é positivo para rotações no sentido anti-horário e negativo para rotações no sentido horário. Velocidade Angular - Se um corpo sofre um deslocamento angular ∆θ em um intervalo de tempo ∆t, a velocidade angular média do corpo, ωméd, é dado pela razão entre o deslocamento angular e o intervalo de tempo. Aceleração Angular - Se a velocidade angular de um corpo varia de ω1 para ω2 em um intervalo de tempo Δt = t2 − t1, a aceleração angular média αméd do corpo é dado pela razão entre a variação da velocidade angular e o intervalo de tempo. Equações Cinemáticas para Aceleração Angular Constante - O movimento com aceleração angular constante (α = constante) é um caso especial importante de movimento de rotação. Relações entre as Variáveis Lineares e Angulares - Um ponto de um corpo rígido em rotação, a uma distância perpendicular r do eixo de rotação, descreve uma circunferência de raio r. Se o corpo gira de um ângulo θ, o ponto descreve um arco de circunferência de comprimento s dado por: s = r. θ em que θ está em radianos. A velocidade linear do ponto é tangente à circunferência; a velocidade linear escalar v do ponto é dada por v = r. ω em que ω é a velocidade angular escalar do corpo em radianos por segundo. 18 Energia Cinética de Rotação e Momento de Inércia A energia cinética K de um corpo rígido em rotação em torno de um eixo fixo depende da velocidade de rotação e do momento de inércia do corpo. Teorema dos Eixos Paralelos O teorema dos eixos paralelos relaciona o momento de inércia I de um corpo em relação a qualquer eixo ao momento de inércia do mesmo corpo em relação a um eixo paralelo ao primeiro passando pelo centro de massa. Torque É uma ação de girar ou de torcer um corpo em torno de um eixo de rotação, produzida por uma força. A unidade de torque do SI é o newton-metro (N·m). O torque é positivo, se tende a fazer um corpo inicialmente em repouso girar no sentido anti-horário, e negativo, se tende a fazer o corpo girar no sentido horário. REFERÊNCIAS YOUNG, H. D e FREEDMAN, R. A.; Sears e Zemansky; Física I - Mecânica. São Paulo - 12ª ed.: Pearson, 2008. RESNICK, R., HALLIDAY,D. e MERRILL, J.; Fundamentos de Física Mecânica. São Paulo - 9ª ed. vol1: LTC, 2012. Conversa inicial Contextualizando Tema 1 - Posição angular tema 2 - Relações entre a cinemática linear e a cinemática angular Tema 03 - Energia no Movimento de Rotação Tema 04 - Dinâmica do Movimento de Rotação Síntese Referências
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