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ARTIGO FINAL

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AMPARO ASSISTENCIAL AO IDOSO 
 
FREITAS, Alaor Caciano1 
 
Resumo: O direito da população idosa ao amparo assistencial é um tema 
extremamente atual, principalmente pelo fato de que os dados do Censo 2010 
demonstram que este foi o grupo que mais cresceu na última década. A LOAS(Lei 
Orgânica da Assistência Social) e o Estatuto do Idoso asseguram aos pertencentes 
a esta camada populacional, e que atendam aos requisitos estabelecidos pelas Leis 
supra citadas, o direito à percepção de um salário mínimo mensal. Todavia, existem 
divergências, tanto no Âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto do 
Superior Tribunal Federal (STF), principalmente no tocante aos parâmetros para 
aferição da condição de miserabilidade. Verifica-se na prática, o desconhecimento 
da população in foco, no tocante aos seus direitos, apontando a necessidade da 
existência de programas de extensão que levem ciência de direitos a esse 
importante e crescente grupo populacional. 
 
Palavras-chave: Idoso, Legislação, Direitos, Amparo assistencial. 
 
Abstract: The right of the elderly to social assistance is a very current topic, mainly 
because the data from the 2010 Census reveals that this was the group which has 
grown the most in the last decade. The LOAS (Organic Law of Social Assistance) 
and the Elderly statute ensures that the population belonging to this class, and 
complies with the requirements of the laws mentioned above, have the right to 
receive a monthly minimum wage. However, there are differences in both the scope 
of the Superior Court of Justice (STJ) and the Federal Supreme Court (STF), 
especially with regards to the parameters for measuring the condition of misery. In 
practice, there’s a lack of population which has the information about their rights, 
pointing out the need of the existence of outreach programs which will bring the 
knowledge needed to this growing and important population group. 
 
Key words: Elderly, Legislation, Rights, Social assistance. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Os resultados do Censo 2010 divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística), revelam que os idosos com 60 anos ou mais formam o 
grupo que mais cresceu na última década. Essa mesma população irá mais do que 
triplicar nas próximas quatro décadas, de menos de 20 milhões em 2010 para 
aproximadamente 65 milhões em 2050. Considerando este perfil populacional este 
tema aborda uma questão atual. 
 
1
 Acadêmico do 1º ano do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel 
– UNIVEL. 
2 
 
Pelo exposto, a presente pesquisa busca analisar o capítulo VIII da lei 
10.741/2003 e o capítulo IV da lei 8.742/93 LOAS(Lei Orgânica da Assistência 
Social), formulando um contraste entre a letra da lei, as decisões judiciais 
diferenciadas, o posicionamento doutrinário e o conhecimento da população, no 
tocante aos seus direitos. 
Objetiva-se, portanto, verificar se há consenso entre a lei, a jurisprudência, a 
doutrina e conhecimento popular e produzir material sobre direito de auxílio 
financeiro ao idoso que esclareça as dúvidas de pessoas, que por desconhecimento 
da lei, alimentam a expectativa de que ao completar sessenta anos, tornam-se 
legalmente idosas e detentoras do direito ao auxílio. Não obstante, verificar-se 
também, a existência ou não de conflitos entre os institutos abordados, e, em caso 
positivo, destacar a eventual necessidade de revisão da lei, bem como, constatar a 
falta de conhecimento da população in foco das leis supra citadas e seus 
consequentes direitos. 
Os instrumentos utilizados no desenvolvimento deste trabalho caracterizam-
se pelas pesquisas bibliográficas, levantamento, além de artigos de revista e 
internet. 
Dividir-se-á, para tanto, o presente artigo em dois capítulos tratando da 
legislação, da análise doutrinaria e da percepção dos idosos no tocante aos seus 
direitos. 
1 LEGISLAÇÃO 
 
A partir da Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988, foram 
elencados princípios fundamentais, entre os quais o princípio da dignidade da 
pessoa humana. Todavia, além dos princípios relacionados no artigo primeiro da 
Carta Magna, encontram-se também, no artigo terceiro um elenco de objetivos 
fundamentais, entre os quais, cabe salientar o de erradicar a pobreza e a 
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. 
Na observância destas diretrizes e para contemplar a faixa populacional 
enfocada nestas ponderações, na evolução legislativa brasileira, são criadas duas 
leis, sendo: Lei 8.742/93 LOAS(Lei Orgânica da Assistência Social) e a Lei 10.741 
de 1º de outubro de 2003, também conhecida como Estatuto do Idoso, que vêm 
apresentar avanços importantes na aplicação prática do principio da dignidade da 
3 
 
pessoa humana e na redução da desigualdade social que atinge de forma severa os 
idosos no Brasil. 
 
1.1 A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) 
 
As diretrizes para a concessão de beneficio mensal de 1(um) salário mínimo, 
para idosos é dada pela lei 8.742/93 LOAS. Lei esta que estabelece, no artigo 20, 
parágrafos 1º e 3º, o seguinte: 
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário 
mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e 
cinco) anos ou mais que comprovem não possuir meios de prover a própria 
manutenção nem de te‑la provida por sua família. 
§ 1o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo 
requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, 
a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros 
e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. 
§ 3o Considera‑se incapaz de prover a manutenção da pessoa com 
deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 
(um quarto) do salário mínimo. 
O princípio da dignidade da pessoa humana está disposto na Constituição 
Federal da República no artigo 1º, inciso III. Dentro da Assistência Social, o 
benefício assistencial ou benefício de prestação continuada, representa a garantia 
de um salário mínimo para os idosos. A percepção desta renda representa aos seus 
beneficiários a tentativa de ver respeitados alguns de seus direitos fundamentais e 
por consequência uma vida mais digna. 
Ao fazer-se uma abordagem do aspecto e entendimento doutrinário, torna-se 
necessário entender o aspecto técnico do termo “assistência”. Segundo Simões: 
“assistência é a forma de solidariedade, incondicionada a qualquer contraprestação 
equivalente a retribuição ou preço,, destinada a socorrer, ajudar ou amparar o 
homem em suas necessidades vitais”. ( SIMÕES, 1967, p. 43 apud CORREIA; 
CORREIA, 2007, p. 18 ) 
Tem a assistência social como objetivo socorrer e ajudar o homem que se 
encontra socialmente excluído. Sendo que, é possível traçar um paralelo entre 
assistência social e previdência social. Nesta, o Estado cria previamente um sistema 
de contribuição, destinado a reunir recursos que atendam as necessidades futuras 
dos segurados e seus dependentes, naquela, o Estado presta socorro e auxílio 
independente de pagamento prévio por parte do que necessita. (CORREIA; 
CORREIA, 2007) 
4 
 
Nesse diapasão: 
Assim, por beneficiário, em um sistema de seguridade social, entenda-se 
qualquer cidadão em situação de necessidade. Diferentemente, na 
Previdência Social, os Beneficiários são apenas aqueles que contribuem 
para o sistema. Portanto, embora se insira no âmbito da seguridade social, 
a Previdência Social aparece, no contexto desta, como noção mais restritiva 
objetiva e subjetivamente. Por benefício entenda-se o bem-fazer destinado 
a tratar de necessidades vitais do homem. (CORREIA; CORREIA, 2007,p. 
19) 
 
Compreende-se que a faixa da sociedade in foco, o idoso, mesmo não tendo 
previamente contribuído, mas, comprovando-se seu estado de miserabilidade, 
receberá a assistência do Estado. 
 
1.2 O Estatuto do Idoso 
A lei número 10.741 de 1º de outubro de 2003 em seu artigo 1º define a 
partir de que momento da sua existência o cidadão brasileiro é considerado idoso, 
na forma seguinte: “É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos 
assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos”. 
Outrossim, a mesma lei, destaca em seu capítulo VIII, artigos 33 e 34: 
Art. 33. A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, 
conforme os princípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência 
Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais 
normas pertinentes. 
Lei no 8.080, de 19-9-1990 (Sistema Único de Saúde). 
Lei no 8.742, de 7-12-1993 (Lei Orgânica da Assistência Social). 
Lei no 8.842, de 4-1-1994, dispõe sobre a política nacional do idoso e cria o 
Conselho Nacional do Idoso. 
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não 
possuam meios para prover sua subsistência, nem de te‑la provida por sua 
família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário mínimo, nos 
termos da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS . 
Lei no 8.742, de 7-12-1993 (Lei Orgânica da Assistência Social). 
Dec. no 6.214, de 26-9-2007, regulamenta o benefício de prestação 
continuada da assistência social devido à pessoa comdeficiência e ao idoso 
de que trata esta Lei. 
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família 
nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda 
familiar per capita a que se refere a LOAS . 
 
A Constituição Federal, no artigo 203, inciso V, assegura: “a garantia de um 
salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso 
que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de te‑la 
provida por sua família, conforme dispuser a lei”. Todavia, não há uma determinação 
clara no tocante a idade, utilizando genericamente o termo “idoso”, que, por sua vez 
5 
 
é devidamente estabelecido pelos parâmetros do artigo 1º, do estatuto do idoso. 
(CALIXTO JUNIOR, 2008). 
Esclarece o artigo 34 do mesmo diploma legal que a idade para a percepção 
do benefício de um salário mínimo mensal é de 65 anos. Sobre isso pondera Calixto 
Junior: 
Importante frisar, que a idade para a percepção do beneficio é a que se 
encontra no artigo supra citado, e não no artigo 1° do mesmo diploma legal, 
que considera o idoso a pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) 
anos. Desta forma, a idade do indivíduo para fins de concessão do beneficio 
assistencial deveria ser a mesmo encontrada no artigo 1º, pois o seu 
escopo é justamente a proteção do idoso, diferindo apenas do artigo 34, 
com relação a renda auferida mensalmente.(CALIXTO JUNIOR, 2008) 
 
Importante ser salientada a diferenciação entre a idade do considerado idoso 
pela lei número 10.741 de 1º de outubro de 2003 e aquela estabelecida pela LOAS 
como um dos parâmetros para a percepção do Amparo Assistencial. 
 
2 O IDOSO E SEUS DIREITOS: O AMPARO ASSISTENCIAL E O 
CONHECIMENTO DO DIREITO AO AMPARO. 
O Brasil está em um processo que tem evoluído na última década no que diz 
respeito a essa nova realidade populacional, que aponta para um crescimento 
significativo da população de idosos, apesar disso, demanda-se a necessidade de 
atenção em duas diretrizes específicas: o que lhe é assegurado pela lei e o grau de 
informação concreta existente entre esta camada populacional. 
Conforme verificou-se no capitulo anterior, o artigo 20, parágrafo 3º, da 
LOAS, considera incapaz de promover a manutenção do idoso, a família com renda 
per capita mensal inferior a ¼ de salário mínimo. 
Santos explicita: 
 
O Amparo Assistencial ao Idoso é um benefício previsto pela Lei Orgânica 
da Assistência Social, conhecida por Loas. O Amparo é previsto para os 
idosos, maiores de 65 anos, e para os deficientes, que não tenham 
nenhuma condição de prover seu sustento com seu trabalho ou com a 
renda de seus familiares. Hoje vou falar do Amparo ao Idoso. 
Se a pessoa ao completar 65 anos não tiver nenhuma forma de renda e 
nem sua família, poderá requerer o benefício no INSS. Para que seja 
concedido o solicitante vai ser avaliado por um assistente social e seus 
dados serão consultados nos sistemas da Previdência. 
Se for comprovadamente pobre e não tiver renda ou a renda per capta, total 
da renda familiar dividida pelo número de membros, for inferior a ¼ do 
salário mínimo nacional terá seu pedido aceito. Esse benefício não é muito 
divulgado e por isso há muitos idosos que têm direito e não 
sabem. Normalmente os asilos é que aproveitam, os representantes dessas 
entidades fazem o pedido para todos os seus internados. ( SANTOS, 2011 ) 
 
6 
 
No tocante ao conceito de família para a lei 8.742/93, Botelho argumenta: 
O primeiro ponto a ser destacado, e que não causa maiores problemas é 
que o conceito de família, para a Lei n.° 8.742/93, abarca o conjunto de 
pessoas que vivam sob o mesmo teto. Além disso, entende-se como família 
o conjunto de pessoas elencadas no art. 16, da Lei n.° 8.213/91. Assim, 
família, para os efeitos da Lei n.° 8.742/93, compreende o cônjuge, 
companheira ou companheiro, filho não emancipado, de qualquer condição, 
menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido, os pais e o irmão não 
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido 
[4]
. O 
enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho, nos termos do § 2.º, do 
art. 16, da Lei n.° 8.213/91. (BOTELHO, 2003) 
 
Contabilizam-se, portanto, para fins de cálculos da renda per capita todos 
conforme acima relacionados. Não entrando, porém, no conceito de família, irmão 
maior de 21 anos não inválido ou menor de 21 anos emancipado, sendo que, 
aqueles que compõem o núcleo familiar, para os efeitos da LOAS, devem viver sob 
o mesmo teto. 
O ponto polêmico reside no conceito de hipossuficiência econômica exigida 
pelo § 3.º, do art. 20, da LOAS, que estabelece como parâmetro o valor de ¼ do 
salário mínimo. Zago declarou: 
Ponto que gera certa controvérsia jurídica no âmbito do benefício de 
prestação continuada previsto na Lei Orgânica de Assistência Social é o 
quanto disposto no artigo 20, § 3º, que assim prescreve:“Considera-se 
incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a 
família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do 
salário-mínimo”. A crítica que se impõe quanto a tal prescrição é relativa a 
adoção de um critério objetivo, qual seja a renda per capita familiar inferior a 
¼ do salário mínimo, para fins de concessão do aludido benefício. Cumpre 
destacar, ainda, que, quando da entrada em vigor da referida norma, este 
dispositivo relativo ao requisito objetivo para concessão do benefício de 
prestação continuada foi atacado pela Ação Direta de Inconstitucionalidade 
nº 1.232/DF perante o Supremo Tribunal Federal, sendo, no entanto, 
julgada improcedente. A discussão acerca do critério da renda familiar per 
capita de ¼ do salário mínimo questiona a existência de um mínimo 
absoluto uniforme para um país das proporções e disparidades sociais 
como o Brasil, bem como a adoção de critérios de renda sem auferir a 
necessidade de gastos do postulante ao benefício. Inevitavelmente as 
situações de fato tomaram palco perante o Poder Judiciário. ( ZAGO, 2012 ) 
 
Divergências ocorreram tanto no Âmbito do Superior Tribunal de Justiça 
(STJ), quanto do Superior Tribunal Federal (STF), com relação a limitação de ¼ do 
salário mínimo de renda per capita previsto no art. 20, §3º daLOAS, como 
parâmetro para a aferição da miserabilidade, conforme as jurisprudências que 
seguem: 
No âmbito do Superior Tribunal de Justiça: 
1. Este Superior Tribunal pacificou o entendimento no sentido de que o 
critério de aferição da renda mensal previsto no § 3.º do art. 20 da Lei n.º 
8.742/93 deverá ser observado como um mínimo, não excluindo a 
7 
 
possibilidade de que o julgador, ao analisar o caso concreto, lance mão de 
outros elementos probatórios que afirmem a condição de miserabilidade da 
parte e de sua família. 
2. No caso concreto, as instâncias ordinárias consideraram a autora 
hipossuficiente. "A limitação do valor da renda per capita familiar não deve 
ser considerada a única forma de se comprovar que a pessoa não possui 
outros meios para prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua 
família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade, 
ou seja, presume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada a 
renda per capita inferior a 1/4 do salário mínimo." (REsp 1.112.557/MG, Rel. 
(BRASIL, STJ. Agravo Regimental no Recurso Especial 1184459/PR. Sexta 
Turma. Rel. Ministro OG FERNANDES, julgado em 04/05/2010. decisão 
publicada em 02/08/2010) 
 
Percebe-se no entendimento do STJ, que não foi ignorada a força do 
dispositivo legal constante no §3º do artigo 20 da LOAS, declarando dever ser este 
observado como um requisito mínimo. Todavia, assegura que o julgador pode lançar 
mão de outros elementos probatórios que possam demonstrar a condição de 
miserabilidade do solicitante e de sua família. 
 
No âmbito do Superior Tribunal Federal: 
 
EMENTA: 1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental. 2. 
Benefício assistencial (CF, art. 203, V; L. 8.742/93, art. 20, § 3º): ao afastar 
a exigência de renda familiar inferior a 1/4 do salário mínimo per capita, 
para a concessão do benefício, o acórdão recorrido divergiu do 
entendimento firmado pelo STF na ADIn 1232, Galvão, DJ 01.06.2001, 
conforme assentado na Rcl 2.303-AgR, Pleno Ellen Gracie, 3.5.2004, 
quando o Tribunal afastou a possibilidade de se emprestar ao texto 
impugnado interpretação segundo a qual não limita ele os meios de prova 
da condição de miserabilidade da família do necessitado deficiente ou 
idoso. 3. Recurso extraordinário: devem ser considerados os fatos da causa 
na versão do acórdão recorrido (Súmula 279): precedentes. 
(STF. Recurso Extraordinário 416729/SC. Primeira Turma. Rel. Min. 
Sepúlveda Pertence. Decisão publicada em 02/12/2005) 
 
 
Observa-se que há um enfrentamento. Este enfrentamento reiterado da 
questão no âmbito dos Juizados Especiais Federais culminou na edição do 
Enunciado nº 5 das Turmas Recursais do Juizado Especial Federal de São 
Paulo/SP, que assim dispõe: “5 - A renda mensal per capita de ¼ (um quarto) do 
salário mínimo não constitui critério absoluto de aferição da miserabilidade para fins 
de benefício assistencial”. 
Em conformidade com o arrazoado, no início do capitulo em 
desenvolvimento, uma das preocupações, no tocante ao assunto em tela, aponta 
para o grau de informação dos direitos entre a população idosa. 
8 
 
Em pesquisa organizada por Anita Liberalesso Neri, realizada no ano de 
2006 pela Fundação Perseu Abramo, chegou-se aos seguintes dados: 
Conhecimento do Beneficio de Prestação Continuada (BPC) 
Os idosos foram questionados sobre o conhecimento do Beneficio de 
Prestação Continuada (BCP), associado a Lei Orgânica de Assistência 
Social (LOAS), programas que transferem um salário mínimo mensal para 
aqueles com deficiência e/ou idade acima de 65 anos, extremamente 
pobres, ou seja, com renda familiar inferior a um quarto de salário mínimo 
mensal. Trinta e sete por cento dos idosos afirmaram conhecê-lo. Destes, 
apenas 1% de forma espontânea, ou seja, sem a necessidade de 
estimulação do entrevistador. Esse conhecimento foi menor nos grupos 
mais velhos, uma vez que, entre os de 80 anos ou mais, apenas 19% 
disseram conhecer o programa. ( NERI, 2007, p.96 ) 
 
Os resultados apresentados pela pesquisa apontam para a falta de 
conhecimento por parte da população “in foco” dos direitos que lhes são garantidos 
por lei. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Em um país com estatísticas oficiais apontando para os idosos como a faixa 
populacional que mais cresceu na ultima década, emerge a necessária produção de 
materiais que tratem e ou esclareçam os direitos que já fazem parte das conquistas 
desta camada. Tendo-se, para tanto, evidenciado neste artigo, o direito a percepção 
do Amparo Assistencial ao Idoso. 
A legislação brasileira, depois da Constituição de 1988, passou a buscar 
reduzir as desigualdades sociais. A observância de princípios, como da dignidade da 
pessoa humana, foi fator desencadeante para a evolução legislativa, bem como, 
para dar tratamento e atenção necessária para grupos sociais que até então não 
possuíam leis especificas, que delineassem direitos e obrigações respeitando as 
especificidades de cada grupo. 
Nesse diapasão apontam-se duas grandes conquistas para a população 
idosa no Brasil: a Lei 8.742/93 ou Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) e a Lei 
10.741/03 conhecida como Estatuto do Idoso. 
A LOAS, no artigo 20, parágrafos 1º e 3º, possibilita a percepção de um 
salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com sessenta e cinco 
anos ou mais que comprovem sua condição de miserabilidade, ou seja, não 
possuam meios de prover-se ou ter-se providos por seus familiares. 
Em 2003, o Estatuto do Idoso vem aparelhar os direitos dos idosos com 
todas as suas especificidades, considerando, já no artigo primeiro, sua missão 
9 
 
contemplativa, ao grupo de pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos. 
Esta lei passa a estabelecer as diretrizes para os direitos dos idosos, reafirmando no 
capítulo VIII, artigos 33 e 34 o benefício mensal de um salário mínimo para os idosos 
que se encontrem em conformidade com os parâmetros estabelecidos pela LOAS. 
Ao considerar-se o conceito de família, como parâmetro de rentabilidade ou 
capacidade de sustento, as referidas leis estabelecem quem pode ser computado 
como membro do núcleo familiar, para que dessa forma se faça o cálculo da renda 
per capita, chegando-se assim, aos parâmetros estabelecidos para a constatação da 
miserabilidade. 
Divergências no âmbito do STJ e do STF, que levaram a alguns 
enfrentamentos, apontam para a possível necessidade de uma revisão da lei, 
principalmente, no que tange a forma de comprovar a condição miserabilidade. 
De acordo com uma pesquisa realizada, em nível nacional, demonstrou 
pelos números o que era, até então, parte do imaginário: que o conhecimento do 
direito ao Amparo Assistencial, sem prévia estimulação dos pesquisadores, 
praticamente inexiste para maciça maioria da população. 
Maiores informações sobre o tema abordado, não puderam ser obtidas 
principalmente as relacionadas ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) órgão 
governamental detentor dos dados efetivos que demonstram as justificativas dos 
indeferimentos, cuja política institucional, impede o repasse dos dados. 
É comprovada a necessidade de programas que levem a população idosa 
conhecimento dos direitos já existentes, o que, por sua vez, possivelmente levara 
essa camada populacional a militar na busca de avanços da legislação na proteção 
de sua dignidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
REFERÊNCIAS 
 
BOTELHO, Marcos César. O benefício assistencial de prestação continuada. Jus 
Navigandi, Teresina, ano 9, n. 179, 1 jan. 2004 . Disponível em: 
 <http://jus.com.br/revista/texto/4654>. Acesso em: 1 ago. 2012. 
SANTOS, Claudio Martinho Vieira dos. Amparo Assistencial ao Idoso. 27 set 
2011. Disponivelem: 
<http://www.folharibeiraopires.com.br/portal/exibeMateria.php?materia=12806> 
Acesso em: 1 ago 2012. 
BRETAS, Hugo Rios.Reflexões acerca do impacto do Estatuto do Idoso de 2003 no 
Direito Tributário. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 28 fev. 2011. Disponivel em: 
<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.31369&seo=1>. Acesso em: 26 
jun. 2012. 
CORREIA, Marcus Orione Gonçalves; CORREIA, Érica Paula Barcha. Curso de 
Direito da Seguridade. 3. Ed. Ver., ampl. E atual. São Paulo: Saraiva, 2007. 
Envelhecendo em um país mais velho. Advivo.com.br. 6 abr 2011. Disponível em: 
<http://www.advivo.com.br/sites/default/files/documentos/envelhecendo_brasil_suma
rio_executivo.pdf> Acesso em: 26 jun. 2012. 
NERI, Anita Liberalesso (org.). Idosos no Brasil: vivencias, desafios e expectativas 
na terceira idade. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, Edições Sesc SP, 
2007. 288p. 
JUNIOR, Jeferson Calixto. O benefício assistencial como instrumento de defesa da dignidade 
da pessoa humana. Direitonet.com.br. 1 out 2008. Disponível em: 
<http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/4653/O-beneficio-assistencial-como-
instrumento-de-defesa-da-dignidade-da-pessoa-humana> Acesso em: 26 jun. 2012. 
SIMÕES, Aguinaldo. Princípios de Segurança Social. São Paulo: Saraiva, 1967. 
ZAGO, Rodolfo Barbosa. A jurisprudência diante dos requisitos para concessão do 
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