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01 aulas FUNDAMENTOS DOS ESTUDOS JURÍDICOS EM SEGURANÇA PUBLICA

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Aula 1: A SEGURANÇA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DEMAIS NORMAS LEGAIS
Ao final desta aula, você será capaz de:
Estabelecer o conceito de Segurança Pública e seus fundamentos no contexto da Constituição Federal de 1988;
Diferenciar as diversas funções públicas integrantes da Segurança Pública;
Identificar fundamentos e princípios da Segurança Pública nas normas legais;
Reconhecer a natureza jurídica das funções dos integrantes da Segurança Pública;
Demonstrar a Segurança Pública pela ótica da Cidadania e dos Direitos Humanos.
DEFINIÇÃO DE “SEGURANÇA”
Ao iniciar o conteúdo da nossa disciplina, é importante estabelecer o significado de Segurança Pública, pois na normativa jurídica a palavra segurança possui vários significados:
“Em sentido amplo, significa garantia, proteção, estabilidade de situação ou pessoa. Assim, de acordo com o adjetivo que se atribua à Segurança, essa, passará a ter significados diversos.”
Segurança jurídica significa garantia de estabilidade e de certeza dos negócios jurídicos; 
Segurança social significa a previsão de vários meios que garantam aos indivíduos e suas famílias condições sociais dignas; conjunto de direitos sociais. A Constituição preferiu seguridade social;
Segurança nacional se refere às condições básicas de defesa do Estado;
Segurança pública é a preservação da ordem pública interna.
Ordem Pública
Ordem pública, para José Afonso da Silva, caracteriza-se por promover a limitação de situações subjetivas de vantagem, estabelecidas na Constituição Federal. O autor diz, ainda, que: “Em nome dela se tem praticado as maiores barbaridades. Com a justificativa de garantir a ordem pública, na verdade, muitas vezes, o que se faz é desrespeitar direitos fundamentais da pessoa humana.”.
SAIBA MAIS
Como podemos observar, no art. 144, da Constituição Federal, a Segurança Pública, é dever inerente ao Estado e é praticado pelos órgãos que a Lei Maior estabelece de forma taxativa, isso é, o que está disposto de forma limitada ou restrita.
Pela simples consulta ao art. 144 da Constituição Federal, podemos verificar que é dever do Estado promover a Segurança Pública, mas não é obrigação exclusiva do mesmo, pois o texto constitucional convoca a todos à responsabilidade pela ordem pública e pela incolumidade das pessoas e do patrimônio.
Essa responsabilidade decorre do dever que o Estado tem em promover a Segurança Pública e, principalmente, em razão de que todos nós temos o direito de exigi-la.
SAIBA MAIS
	Para que os servidores públicos, agora civis e militares, de acordo com a nova sistemática apresentada pela Profª Irene Patrícia Nohara, exerçam suas funções e atendam aos interesses públicos, a Administração Pública, como nos lembra Hely Lopes Meirelles, é dotada de poderes administrativos, que possuem características próprias de acordo com: os interesses do serviço público; os interesses da coletividade; os objetos a que se dirigem.
SOBRE PODERES ADMINISTRATIVOS
Quando visa o ordenamento da Administração, o Poder Administrativo pode ser:  
Vinculado: “/.../ é o que fica ao critério, ao juízo ou ao arbítrio, para que delibere ou resolva, segundo as necessidades do momento ou segundo as circunstâncias”.
Discricionário: “/.../ entende-se a faculdade ou a autorização, que se comete à autoridade pública, para que, em certas circunstâncias ou em certos casos, possa deliberar ou resolver livremente, sem estar adstrita às regras jurídicas ou a preceitos regulamentares, que possam tratar da matéria”.
Quando visa o ordenamento da Administração, o Poder Administrativo pode ser:  
Hierárquico: “/.../ é o de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores de seu quadro de pessoal.”
Disciplinar: “/.../ é a faculdade de punir internamente as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração.”
Tendo em vista seus objetivos de contenção dos direitos individuais, o Poder Administrativo pode ser:
De Polícia
“/.../ é a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado.”
ATENÇÃO 
Para que esses servidores civis e militares, que estão apresentados no art. 144, seus parágrafos e incisos da Constituição Federal, possam exercer suas funções ali estabelecidas e determinadas, é necessário conhecer os fundamentos e os princípios que regem a Segurança Pública, que serão abordados posteriormente.
Resumindo...
A SEGURANÇA PÚBLICA:
É dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, devendo ser discutida e assumida como tarefa e responsabilidade permanente de todos: Estado e população.
É exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
Para José Afonso da Silva, significa manutenção da ordem pública interna, consistindo em uma situação de preservação ou restabelecimento da convivência social que permite que todos gozem de seus direitos e exerçam suas atividades sem perturbação de outrem, salvo nos limites de gozo e reivindicação de seus próprios direitos e defesa dos seus legítimos interesses. Em sua dinâmica, é, portanto, uma atividade de vigilância, prevenção e repressão de condutas delituosas.
Assim, a finalidade da Segurança Pública encontra-se no texto Constitucional, art. 144 da Constituição da República Federativa do Brasil: é o exercício para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
ORDEM PÚBLICA:
É a convivência social pacífica, a qual não contempla qualquer ameaça ou violência ou perturbação da ordem que possa produzir, em lapso temporal curto, prática de crime ou infração.
INCOLUMIDADE:
É a isenção de dano ou de perigo em relação à pessoa ou até mesmo ao patrimônio.
SEGMENTAÇÃO DA POLÍCIA
Polícia Administrativa: 
Tem por objeto as limitações impostas a bens jurídicos individuais (liberdade e propriedade).
É a atividade da Administração que se exaure em si mesma, ou seja, inicia e se completa no âmbito da função administrativa. Incide, basicamente, sobre atividades dos indivíduos e possui caráter eminentemente preventivo. 
- SILVA, José Afonso da. Ob. Cit., p. 778.
Polícia de Segurança:
É constituída pela polícia ostensiva e pela polícia judiciária.
Polícia Ostensiva:
Tem por objetivo a preservação da ordem pública, ou seja, deve tomar as medidas preventivas que em sua prudência julga necessárias para evitar o dano ou o perigo para as pessoas.
Polícia Judiciária:
Tem por objetivo precisamente aquelas atividades de investigação, de apuração das infrações penais e de indicação de sua autoria, a fim de fornecer os elementos necessários ao Ministério Público em sua função repressiva das condutas criminosas, por via de ação penal pública. 
SILVA, José Afonso da. Ob. Cit., p. 778 e 779.
	Embora constitua atividade administrativa, prepara a atuação da função jurisdicional penal, o que faz regulada pelo Código de Processo Penal e executada por órgãos de segurança (polícia civil ou militar). Incide sobre o indivíduo em si e possui natureza predominantemente repressiva, pois se destina à responsabilização penal do indivíduo.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ob. Cit., p. 76.
POLÍCIA ADMINISTRATIVA (PREVENTIVA OU OSTENSIVA):
Na esfera federal, engloba a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Ferroviária Federal, e na esfera estadual engloba a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.
Polícia Judiciária (investigação):
Engloba a Polícia Federal e a Polícia Civil.
SAIBA MAIS
	Para o autor, o poder de polícia do Estado é exercido pela Polícia Administrativa lato sensu e pela Polícia de Segurança, que engloba a Polícia Administrativa e a Polícia Judiciária, mencionadas anteriormente. No entanto, preferimos a classificação feita pelo professor José Afonso da Silva, em Polícia Administrativae Polícia de Segurança, e a denominação Polícia Ostensiva – ao invés de Polícia Administrativa – em contraponto à Polícia Judiciária, a fim de evitar que se confundam as duas noções apresentadas.
	Há uma repartição de competências nessa matéria entre a União e os Estados, entendendo-se que o problema da segurança pública é de competência e responsabilidade de cada unidade da Federação, tendo em vista as peculiaridades regionais e o fortalecimento do princípio federativo. SILVA, José Afonso da. Ob. Cit., p. 779.
	A organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública serão disciplinados por lei, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
	A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos da Segurança Pública será fixada na forma do § 4º do art. 39.
	As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, as forças auxiliares e a reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios
ÓRGÃOS DA SEGURANÇA PÚBLICA
Observaremos agora, de uma maneira mais ampla, a divisão dos Órgãos de Segurança Pública!
Órgãos da Segurança Pública Art. 144, caput da CRFB
Órgãos Federais Art. 144, § §  1º, 2º e 3º da CRFB
Polícia Federal Art. 144, § 1º da CRFB
Polícia Rodoviária Federal Art. 144, § 2º da CRFB
Polícia Ferroviária Federal Art. 144, § 3º da CRFB
Órgãos Estaduais Art. 144, § §  4º, 5º e 6º da CRFB
Polícia Civil Art. 144, § 4º da CRFB
Polícia Militar Art. 144, §§ 5º e 6º da CRFB
Corpo de Bombeiros Art. 144, §§ 5º e 6º da CRFB
Órgãos Municipais Art. 144, § 8º da CRFB
Guarda MunicipalArt. 144, § 8º da CRFB
QUESTÃO DA COOPERAÇÃO FEDERATIVA
De acordo com a Lei n. 11.473/07, a União pode firmar convênio com os estados-membros e o Distrito Federal para executar atividades e serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e do patrimônio, quais sejam (art. 3° da Lei):
O policiamento ostensivo;
O cumprimento de mandados de prisão;
O cumprimento de alvarás de soltura;
A guarda, a vigilância e a custódia de presos;
Os serviços técnico-periciais;
O registro de ocorrências policiais.
Essa cooperação federativa compreende:
Operações conjuntas;
Transferências de recursos;
Desenvolvimento de atividades de capacitação e qualificação de profissionais, no âmbito da Força Nacional de Segurança Pública.
ATENÇÃO
As atividades devem ter caráter consensual e devem ser desenvolvidas sob a coordenação conjunta da União e do ente federativo que firmar convênio.
	Destaca-se o Decreto n. 5.289/04, que, disciplinando a organização e o funcionamento da Administração Pública federal, desenvolveu um programa de cooperação federativa denominado Força Nacional de Segurança Pública, que prevê a possibilidade de adesão voluntária por parte dos estados. 
Essa Força Nacional atuará somente em atividades de policiamento ostensivo.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 936 e 937
SAIBA MAIS
O que são as UPPs?
As UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), implantadas no final de 2008, não são um novo órgão do sistema da Segurança Pública, e sim uma polícia de segurança estabelecida pelo Estado do Rio de Janeiro que visa a retomada de territórios antes controlados por criminosos. O objetivo é o restabelecimento da paz e da tranquilidade pública em locais ameaçados.
RESPONSABILIZAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS
Administrativa:
Ilícito Administrativo – Previsto em estatuto
Apurado em sindicância – para pequenas punições, processo administrativo disciplinar.
Civil: Dano causado por servidor: ao Estado; e a terceiros.
Penal: Crime ou contravenção, dolo ou culpa.
É processado e julgado pelo Poder Judiciário
A Segurança Pública, a Cidadania e os Direitos Humanos
	Como foi estudado anteriormente, a Segurança Pública deve ser pautada com base no respeito aos Direitos Humanos e à Cidadania, respeitando as normas contidas na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Como seriam divididas essas responsabilidades com os cidadãos, entre o Estado e a Segurança Pública?
	Segurança Pública deve ser capaz, portanto, de garantir esses direitos, devendo ser estruturada de modo a protegê-los de forma eficaz, com observância aos princípios já estudados.
Ao Estado cabe – como consectário do poder de polícia que lhe é inerente – manter o equilíbrio entre a população e a área territorial, de modo que o direito à segurança importa na preservação das demais liberdades, inclusive o direito à vida.
Dentre essas regras, podemos destacar o Art. III da Declaração, que ressalta o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Nesta aula, você:
Reconheceu os fundamentos e a finalidade da Segurança Pública, bem como os órgãos que a compõem e os princípios que a regem;
Identificou os agentes da Segurança Pública, e compreendeu sua função pública e suas responsabilidades;
Reconheceu a relação entre Segurança Pública, Cidadania e os Direitos Humanos.
Aula 2: A SEGURANÇA PÚBLICA E SUA RELAÇÃO COM A CIÊNCIA JURÍDICA
 
Ao final desta aula, você será capaz de:
Identificar a finalidade da Ciência Jurídica aplicada à Segurança Pública;
Relacionar a Segurança Pública e as normas legais;
Reconhecer a missão da Segurança Pública em manter a ordem pública.
Introdução
A ciência jurídica se aplica à Segurança Pública, estabelecendo normas de convivência interpessoal previstas no ordenamento jurídico, as quais regulam e normatizam as relações humanas na sociedade.
Contudo, esta normatização se distribui em áreas do Direito: 
•constitucional; 
•civil; 
•penal; 
•processual penal; 
•administrativo; 
•tributário; 
•ambiental; 
•internacional público/privado e legislações especiais pertinentes à segurança pública. relacionadas à Segurança Pública.
	Todavia, estas normas são positivadas, ou seja, estão expressas nos diversos diplomas legais que compõe nosso ordenamento jurídico. Logo, para alguma ação ou omissão humana ser tipificada ou considerada como crime deve haver prévia lei que assim estabeleça, da mesma forma que, para haver pena, deve existir prévia cominação legal.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. 
Não há pena sem prévia cominação legal. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
PERSECUÇÃO PENAL
	Da identificação de um crime até a condenação ou absolvição de seu autor há um percurso a ser percorrido, denominado de persecução penal, dividida em 3 fases:
1ª Fase - Inquérito policial - (fase administrativa).
2ª Fase - Ação penal - (fase processo).
3ª Fase - Execução penal - (fase híbrida).
	Este devido processo pode ser iniciado em sede de distrito policial ou, diretamente, de ofício pelo Ministério Público. A dispensa do famigerado inquérito policial na ação penal, instrumento jurídico que culmina com o pedido de condenação ou absolvição formulado pelo promotor, esfera estadual, ou procurador, esfera federal, do Ministério Público se dá pelo fato deste ser o titular da ação penal.
Procedimento do Tribunal do Júri
Prazo máximo para conclusão: 90 dias
NATUREZA E FUNÇÃO
Com relação ao procedimento do Tribunal do Jurí, fica a pergunta:
Sendo o inquérito policial totalmente dispensável para o curso da ação penal, qual é a sua natureza e função?
	Quanto à sua natureza, trata-se de um procedimento administrativo-inquisitorial. Sua função figura como mera informação da autoridade policial, fruto da produção laboral dos demais atores, não delegados, denominados agentes da autoridade policial, no âmbito da polícia judiciária,ou seja, polícia federal ou policia civil dos demais estados membros, que podem reportar-se diretamente ao Ministério Público para protocolar sua informação, fruto de seu trabalho policial. Por sua vez, tal acesso, diretamente, ao Ministério Público (MP), no caso dos agentes da autoridade policial, deve estar respaldado pelo promotor ou procurador do MP, pois será desprovido de um procedimento administrativo – denominado ordem de missão (OM), no qual a chefia do setor da lotação do agente da autoridade, normalmente um delegado, chancelará as atividades do policial fora de sua repartição.
No Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, foi criado, pela Resolução CPGJ nº 1695, de 21 de novembro de 2011, O Grupo de Apoio Técnico Especializado (GAECO), no qual, dentre muitas atividades pertinentes à competência do MP, encontra-se a atuação de policiais cedidos a este órgão, não delegados, oriundos de polícias administrativas e judiciárias.
O fato é que o reconhecimento do tipo penal em face de um evento entre pessoas é o fundamental junto à atuação do agente de segurança pública, pois, uma vez identificando o ato delituoso, sua missão será, dentro de suas condições operacionais e logísticas, executar a prisão do infrator, e conduzi-lo ao distrito policial, onde será lavrado o termo circunstanciado, para crimes de pequeno potencial ofensivo, conforme art. 69 da Lei nº 9.099 de 26 de setembro de 1995, ou o auto de prisão em fragrante com respectiva instauração do inquérito policial, conforme art. 5º de  CPP - Decreto Lei nº 3.689 de 03 de Outubro de 1941. O caso do adolescente infrator será tratado em aula específica.
	Quanto à possibilidade de arbitrar a fiança, dependerá da cominação legal da pena. Exemplo, se o crime for punido com pena de detenção, poderá o delegado arbitrar fiança; caso a pena seja de reclusão, só o juiz poderá fazê-lo.  
	Nesse caso, podem ser identificadas 3 naturezas do crime, ou motivação para cometê-lo: a natureza econômica, a natureza passional e a natureza patológica, que serão estudadas a seguir.
NATUREZAS DO CRIME
Vamos ver as 3 naturezas do crime ou motivação para cometê-lo.
Natureza Econômica: Esse formato de crime é o que, efetivamente, está inserido no contexto da segurança pública, pois sua motivação (Em suma, a motivação para ocorrência da natureza criminosa citada é o lucro através do chamado, pelo Direito, enriquecimento ilícito, fato que o torna possível de ser monitorado e, com isto, pode-se combatê-lo e buscar sua prevenção, da mesma forma que o dinheiro ilegal deixa seus rastros, fato que facilita sua localização.
Tal fato o torna mais perigoso, já que sua capacidade financeira pode promover a corrupção de agentes públicos e, consequentemente, o enfraquecimento do poder público.) é o dinheiro e sua existência desestabiliza a ordem pública. Entretanto, esta natureza criminosa pode ocorrer com ou sem violência, o que depende do chamado modus operandi do infrator em questão. 
Natureza Passional: Esse formato de crime pode ocorrer em qualquer agrupamento humano. Podemos constatar que sua ocorrência se dá pela inexistência da razão e ausência do cunho econômico. 
Pelas suas características, configura-se um crime de difícil previsão de onde e como vai ocorrer; logo, sua prevenção é, quase sempre, impossível. Contudo, podemos identificar que estes fatos variam de acordo com o ambiente (Ambiente familiar: registrado desde os tempos bíblicos, quando o “primeiro” homicídio ocorreu: Caim matou Abel, o que o qualifica como um fraticídio (homicídio entre irmãos).
Ambiente de interação social: pode ocorrer entre pessoas que convivem há anos, quer seja no trabalho, na vizinhança ou na prática de atividades em comum.
Espaço público entre estranhos ou não: onde se destaca os atos de vandalismo, praticado contra bens e patrimônio e com violência contra terceiros. Como exemplo, podem-se verificar as fatídicas brigas entre torcidas organizadas.) que ocorre ou do grau de convivência entre as partes envolvidas.
A SEGURANÇA PÚBLICA, AS NORMAS LEGAIS E A PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA
O ordenamento jurídico consiste no conjunto de normas, são elas:
Constituição Federal; 
Emendas Constitucionais; 
Lei Complementares; 
Leis Ordinárias; 
Decretos;
Normas Reguladoras; 
Portarias; 
Instruções Normativas, que se conjugam em um sistema hierárquico, que normatiza e regula as atividades humanas na sociedade civilizada.  
	A segurança pública tem como finalidade a manutenção da ordem pública. Para tanto, conjuga-se em uma interface a ciência jurídica; as ciências sociais aplicadas e as ciências humanas aplicadas. Assim sendo, o Direito, enquanto ciência jurídica, normativa e regula a atuação dos órgãos de segurança pública. Estes, por sua vez, devem estar previstos junto ao nosso ordenamento jurídico, para que os mesmos tenham respaldo legal no cumprimento de suas atribuições, que são dotadas do monopólio do uso legal da força, na qual se pode chegar à letalidade. O monopólio uso da força, por parte do agente público, devidamente, investido do poder de polícia, deve ser exercido de forma proporcional a resistência do opositor, isto no estrito cumprimento do dever legal. Porém, este dispositivo legal, por si só, não se configura como exclusão de ilicitude, no caso da ocorrência de uma letalidade.
	Ao promover-se reflexão quanto à legalidade do monopólio do uso da força, por parte do ente estatal, verifica-se que a norma não autoriza ao agente público exercê-la de forma indiscriminada. Dessa forma, frente a uma ocorrência de letalidade, o agente deverá estar respaldado por, pelo menos, mais uma das causas de exclusão de ilicitudes, como: legitima defesa, de si ou de terceiros, ou estado de necessidade. Ambas estão positivadas no art. 23 do Código Penal Brasileiro. Há, também, na fase processual penal, a hipótese de o próprio juiz absolver o réu, caso fique evidenciado que ele não tenha concorrido para ocorrência da letalidade ou não haja prova para tanto, conforme incisos IV e V do art. 386 do Código de Processo Penal.
Nesta aula, você:
Reconheceu a finalidade da Ciência Jurídica aplicada à Segurança Pública;
Relacionou a Segurança Pública e as normas legais;
Reconheceu a missão da Segurança Pública em manter a ordem pública.
Aula 3: A SEGURANÇA PÚBLICA E A PRÁTICA INFRACIONAL DO ADOLESCENTE
Ao final desta aula, você será capaz de:
Identificar os fundamentos e os princípios relacionados à prática de ato infracional por adolescente;
Reconhecer o procedimento adequado de atuação no caso de prática infracional no contexto da Segurança Pública.
ECA - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
	Nesta aula, será estudada a prática infracional no contexto da Segurança Pública, sendo analisadas as regras traçadas nos art. 103 ao 111 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que estabelecem o conceito de ato infracional, a inimputabilidade infanto-juvenil, os direitos individuais e as garantias processuais do adolescente infrator.
Primeiramente, deve-se verificar quem a lei identifica como criança e como adolescente.
Criança é a pessoa que possui até 12 anos de idade incompletos. Não será apreendida em flagrante pela polícia por prática de ato infracional.
O adolescente é aquele que possui entre 12 e 18 anos de idade incompletos e será apreendida em flagrante pela polícia por prática de ato infracional
Ato infracional - cometido por Criança ou Adolescente.
Assim sendo, o artigo 105 do ECA determina que: ao ato infracional praticado por criança, corresponderão as medidas previstas nos incisos I a VI do art. 101 do ECA, a serem aplicas pelo Conselho Tutelar (art. 136, I do ECA) ou Juiz da Infância e Juventude (art. 262 do ECA).
1 - Encaminhar para o Conselho Tutelar; 2 - Na ausência do Conselho Tutelar, conduzir a criança para o Juiz da Infância e Juventude, mediante termo de entrega (art. 262 do ECA); 3 - Na ausência de plantão judicial na Comarca, entregar aos pais ou responsáveis e encaminhar, posteriormente, através de comunicação,o registro da ocorrência ao juizado.
Quando o adolescente tem privado o seu direito de liberdade?
Segundo o art. 106 do ECA, que segue a disposição do art. 5º, LXI, da Constituição Federal, o adolescente somente será privado de sua liberdade em 2 hipóteses:
1 – em caso de flagrante de ato infracional;
2 – por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária.
Apreensão:
Flagrante: Condução à autoridade Policial.
Ordem judicial: Condução à autoridade Judicial.
APURAÇÃO DA PRÁTICA INFRACIONAL
Tratando-se de uma previsão recente, além de analisar detalhadamente o procedimento de apuração da prática infracional, o legislador ainda descreveu as providências a serem adotadas por autoridades e o tempo, garantindo, assim, os princípios da celeridade e da prioridade absoluta que regem este processo.
Este procedimento é dividido em 3 fases, são elas:
A FASE POLICIAL (REFERENTE À ATUAÇÃO POLICIAL) / A FASE DE ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO / A FASE JUDICIAL
Fase Policial: A fase policial se inicia com a apreensão em flagrante do adolescente, seguida de seu encaminhamento à delegacia de polícia especializada, se houver (art. 172 do ECA), a fim de ser lavrado o auto de prisão em flagrante ou o boletim de ocorrência circunstanciado, conforme a natureza do ato infracional praticado (art. 173 do ECA). O artigo 172 determina que o adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, imediatamente, encaminhado com a devida preservação de sua integridade física e moral à autoridade policial competente.
Fase Policial: E quando o adolescente cometer o ato infracional em coautoria com maior?, Sendo ambos detidos, para onde levá-los?
Neste caso, deve ser observado o disposto no parágrafo único do artigo citado, o qual esclarece que, havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente, prevalecerá a atribuição desta, a qual, após as providências necessárias e conforme o caso fará o encaminhamento do adulto à repartição policial própria (comum ou especializada para outras atribuições), juntamente com os autos para instauração de Inquérito Policial.
Será lavrado:
Auto de prisão em flagrante: Se o ato foi praticado com violência ou grave ameaça à pessoa.
Boletim de ocorrência: Se o ato não foi praticado com violência ou grave ameaça à pessoa.
Providências a serem tomadas na fase policial
No art. 173 do ECA, além de apontar o procedimento a ser adotado em sede policial, o legislador ainda estabeleceu as providências a serem tomadas, com o objetivo de se comprovar a autoria e a materialidade, bem como a garantia de direito contida no artigo 107 do ECA. Foi prevista também a possibilidade de liberação ou não do infrator pela autoridade policial pelo art. 174 do ECA. Para tanto, o delegado e as demais autoridades deverão se pautar pelas regras do art. 122 do ECA, que admite a internação quando o ato infracional for cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa.
ATO INFRACIONAL - DE NATUREZA GRAVE
Como o ECA não delimitou o que seria ato infracional de natureza grave, foi adotado pela doutrina um critério com base na lei penal, de modo que ato infracional de natureza grave seria aquele análogo ao crime com pena de reclusão.  Com base nessa premissa, entendia-se ser possível a internação provisória (conforme art. 174 parte final do ECA) do adolescente envolvido com o tráfico de drogas, já que este crime é punido com pena de reclusão. No entanto, a Súmula 492 do STJ, com publicação recente, determina que o ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
ATO INFRACIONAL – CONSEQUÊNCIA
O art. 174 determina que, não sendo o adolescente liberado e não podendo ser apresentado no prazo de 24 horas ao Promotor de Justiça, ele deverá ser encaminhado a uma entidade adequada ou, na sua falta, deverá ser mantido em cela separada dos adultos (art. 175 do ECA). No caso de suspeita de participação de adolescente em prática de ato infracional, há a possibilidade de investigação, que se dará com da instauração de inquérito policial, que culmina com a elaboração de um relatório que deverá ser encaminhado ao Ministério Público (arts. 176 e 177 do ECA). Com a finalidade de conferir maior visibilidade no transporte do adolescente infrator e impedir violações de direitos, o legislador não permite, nessa fase, que o adolescente seja transportado em veículo fechado ou na caçamba do camburão (art. 178 do ECA).
Concluindo...
Se o adolescente estiver em estado de flagrância: 
dependendo da natureza do ato infracional praticado, o delegado poderá lavrar um auto de apreensão em flagrante (art. 173 caput e incisos do ECA) ou um boletim circunstanciado (art. 173,§ único do ECA). Se não houver flagrante, mas havendo indícios de envolvimento do adolescente com prática de ato infracional: o delegado poderá investigar e lavrar um relatório (art. 177 do ECA). É possível saber as providências a serem tomadas pela autoridade policial.
ATENÇÃO
Não deverá haver exposição vexatória do adolescente que comete ato infracional. A autoridade policial deve, em consonância com os direitos do adolescente apreendido, impedir qualquer atitude que vise a expor a imagem e identidade deste. O ECA é claro, em seu art. 143, o qual proíbe a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos, que venham a dizer respeito a crianças e adolescentes, os quais atribuam autoria de ato infracional. Assim sendo é vedado fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. A divulgação/publicação indevida faz incidir, junto ao responsável, responsabilidade administrativa, prevista no art. 247 do ECA. Não impedimento quanto a publicação da notícia, em si. Entretanto, o nome do menor deverá ser preservado se o expuser à situação de risco.
FASE DE ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Após as diligências policiais, se não se tratar de caso de liberação imediata do adolescente, este deverá ser encaminhado pelo delegado ao Ministério Público, juntamente com a providência adotada na Delegacia de Polícia, no prazo de 24 horas. Quando os autos chegarem ao cartório da Vara da Infância, deverá ser feita certidão acerca dos antecedentes do adolescente, dando início à segunda fase para apuração do ato infracional.
Atenção
Cabe ao Ministério Público, em consonância com o art. 179 do ECA, ouvir informalmente o adolescente acerca dos fatos que lhe são imputados, bem como seus pais e as testemunhas, se for possível. Se o adolescente for liberado e não se apresentar espontaneamente, conforme data constante do termo de compromisso firmado na Delegacia de Polícia, o Ministério Público deverá notificar seus pais para apresentá-lo, podendo inclusive requisitar força policial. (art. 179, § único c/c art. 201, VI, e, do ECA).
FASE DE ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Ouvido o adolescente infrator, o Ministério Público poderá (art. 180 do ECA):
Promover o arquivamento dos autos (art. 181 do ECA): O arquivamento dos autos é feito quando o Ministério Público verifica que o fato é inexistente, ou não está provado, ou o fato não constitui ato infracional, ou não há comprovação acerca do envolvimento do adolescente. Este deverá ser feito através de manifestação fundamentada, e nos moldes do art. 180, I, c/c arts. 189 e 205 do ECA, remetendo-o à homologação judicial. Caso o Juiz da Infância discorde do arquivamento, fará remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, tal como ocorre no inquérito policial (art. 181 do ECA).
Conceder remissão como forma de exclusão do processo (art. 126, 1ª parte do ECA): A remissão possui natureza transacional, ou seja, possui o propósito de permitir a exclusão, a extinção ou a suspensão do processo após a valoração das circunstâncias e consequências da infração, do contexto social, da personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional (art. 126 do ECA). Ela não importa no reconhecimento ou comprovação da responsabilidade,nem prevalece para efeitos da reincidência. Assim como o arquivamento, a concessão da remissão depende de manifestação fundamentada e de homologação judicial para produção de seus efeitos (art. 180 do ECA).
Representar (art. 182 do ECA): O recebimento da representação inicia a ação socioeducativa, que possui natureza pública incondicionada, independentemente do tipo do ato infracional praticado. A legitimidade é exclusiva do Ministério Público, não podendo se falar em ação socioeducativa de natureza privada, e nela prevalece o princípio da disponibilidade e não o da obrigatoriedade, tal como ocorre com a ação penal pública, de modo que a ação socioeducativa somente deve ser instaurada se não for caso de arquivamento ou de remissão. A representação poderá ser oferecida por escrito ou oralmente (art. 182, § 1º do ECA) e deverá conter um breve resumo dos fatos, classificação do ato infracional, rol de testemunhas e o requerimento de internação provisória ou o pedido de liberação do mesmo, dependendo das condições apresentadas, ou, ainda, nada, se o Ministério Público estiver de acordo com a liberação do adolescente pela Autoridade Policial. A representação será dirigida sempre ao juiz da Vara da Infância, mesmo que o ato infracional seja análogo a delito criminal da competência da Vara Federal.
Fase Judicial: A fase judicial se inicia com o recebimento dos autos em juízo. Nos casos de remissão ou arquivamento, caberá ao juiz apreciar a possibilidade de homologação ou não. Se discordar da concessão da remissão ou do arquivamento, o juiz deverá remeter os autos ao Procurador Geral de Justiça, na forma do art. 181 do ECA. No caso de oferecimento de representação, caberá ao juiz à análise a cerca do juízo de admissibilidade da peça. Recebida a representação, a lei indica as medidas a serem adotadas pelo juiz, ou seja, deverá designar data para audiência de apresentação, examinar se é caso para manutenção ou decretação de medida provisória de internação (ou de liberação do adolescente) e expedir notificação para dar ciência aos pais ou responsáveis acerca da data da audiência, de acordo com o art. 184 do ECA.
ATENÇÃO: Caso os pais ou responsáveis não sejam localizados ou haja conflito de interesses deles com o filho, deverá ser nomeado curador especial (art. 184 c/c art. 142 do ECA). Se, ainda, o adolescente liberado encontrar-se em local incerto e não sabido, e, por conta disto, não comparecer a audiência de apresentação, o juiz deverá determinar o sobrestamento do feito e expedir mandado de busca e apreensão em desfavor do representado (art. 184, § 3º do ECA).
AUDIÊNCIA DE APRESENTAÇÃO
A audiência de apresentação é similar à audiência destinada ao interrogatório do réu, sendo também imprescindível a presença do infrator, do Ministério Público e do advogado e permitida à formulação de perguntas às partes. Ouvido o adolescente, o juiz poderá conceder remissão como forma de suspensão ou extinção do processo, com aplicação ou não de medida socioeducativa (art. 186, § 1º, e art. 188 c/c art. 126, § único) ou examinar pedido de liberação. Ver súmula 108, STJ.
O juiz poderá, se o fato não for de natureza grave, findar o processo nesse momento, julgando procedente a representação aplicando qualquer outra medida socioeducativa e/ou protetiva (Art. 112 e 113 do ECA), menos as de restrição ou privação da liberdade. Ele também poderá julgar a representação improcedente, com base no art. 189 do ECA. Finda a audiência de apresentação, o juiz, na própria assentada, designará data para audiência de continuação, saindo todos intimados, e abrirá o prazo de três dias de oferecimento de defesa prévia para a defesa.
AUDIÊNCIA DE CONTINUAÇÃO
A audiência de continuação, diferentemente da audiência de apresentação, poderá ser realizada com a presença ou não do representado, apenas exigindo-se a presença de seu defensor. Nesta, primeiro será feita a prova de acusação e em seguida a de defesa; logo após, as partes apresentarão suas alegações finais em forma oral; por fim, o juiz proferirá a sentença. O juiz somente julgará procedente a representação e aplicar a medida socioeducativa que se mostrar mais adequada se restar comprovado à autoria e a materialidade do ato infracional. Nos casos do art. 181 do ECA, o juiz terá que julgar improcedente a representação em face do adolescente e determinar a liberação imediata do menor caso esteja internado provisoriamente (art. 234 do ECA c/c art. 5º, LXV da CRFB).
Nesta aula, você:
Reconheceu fundamentos e princípios aplicáveis ao adolescente com prática infracional;
Identificou os procedimentos legais pertinentes e previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Aula 4: A DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
Objetivos desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Estabelecer como é estruturada a defesa do Estado e das Instituições Democráticas;
2- Reconhecer a aplicação das normas legais às situações de ordem pública;
3- Distinguir as exceções jurídicas dispostas na legislação relativas ao Estado de Polícia.
ATRIBUIÇÃO CONSTITUCIONAL DA SEGURANÇA PÚBLICA EM NOSSO ORDENAMENTO JURÍDICO
	Inicialmente, precisamos reconhecer o conceito de Direito Positivo, o qual consiste na organização do Estado, mediante um conjunto de normas que se conjugam para estruturar a sociedade em determinado tempo e espaço. Partindo deste conceito básico, chegaremos a 2 modalidades de Direito, são elas:
Direito Publico
Regula a interações do Estado com outros Estados; Estado com os cidadãos. 
Ex.: Direito Constitucional e Direito Administrativo.
Direito Privado
Regula as relações dos indivíduos entre si. 
Ex.: Direito Civil e Direito Comercial.
O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público, no qual compõe a estrutura normativa do Estado, composta por:
•Forma de governo;
•Modo de aquisição e exercício do poder;
•Estabelecimento dos órgãos do poder;
•Direitos e garantias fundamentais (limites à ação do poder).
	Por sua vez, a Constituição de um país configura-se a lei fundamental de um Estado, a qual irá reger todas as outras leis. As ciências jurídicas identificam diferentes concepções sobre o conceito de Constituição, atribuindo os seguintes sentidos:
Sentido sociológico: Segundo Ferdinand Lassale: consiste no somatório dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade, logo o que está expresso, ou positivado, no texto constitucional deve espelhar as forças constitucionais que emanam o poder;
Sentido político: Segundo Carl Schmit: a Constituição é a decisão política fundamental;
Sentido jurídico: Segundo Hans Kelsen: são identificados 2 sentidos jurídicos:
• O lógico-jurídico - norma fundamental hipotética, fundamento lógico transcendental de validade da constituição;
• O jurídico-positivo - forma positiva suprema.
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Quanto ao Conteúdo
• Constituição formal – documento escrito, chancelado pelo poder constituinte, detentor de todas as normas constitucionais e infraconstitucionais, além da previsão de normas internacionais.
• Constituição material – conjunto de regras materialmente constitucionais, figurando ou não na constituição formal.
Quanto a Origem
• Constituição outorgada – imposta pelo poder vigente sem participação popular.
• Constituição promulgada (popular/democrática) – deriva do trabalho de uma Assembleia Constituinte eleita especificamente para esta finalidade.
Quanto a Extensão
• Constituição sintética – veicula apenas os princípios fundamentais e estruturais do Estado.
• Constituição analítica – aborda todos os assuntos que os representantes do povo entenderem como fundamentais.
Quanto ao modo de elaboração
• Constituição dogmática – consubstancia os dogmas estruturais e fundamentais do Estado. É sempre escrita.
• Constituição histórica – forma-se por um lento e contínuo processo temporal, conforme a história e a tradição de um povo.
Quantoa Alterabilidade
• Constituição rígida – demanda um processo legislativo mais solene e complexo do que o existente para edições das demais espécies normativas.
• Constituição flexível – pode ser alterada pelo processo legislativo ordinário.
• Constituição semirrígida ou semiflexível – traz algumas regras que podem ser alteradas pelo processo legislativo ordinário e outras que somente por um processo legislativo mais especial e complexo.
• Constituição imutável – não pode ser alterada.
SAIBA MAIS
A respeito de nossa Constituição Federal vigente, ela data de 05 de outubro de 1988, pode ser classificada como formal, promulgada, escrita, analítica, dogmática e rígida.
NORMAS CONSTITUCIONAIS
	As normas constitucionais podem ser classificadas, de acordo com a natureza e a finalidade, como integrantes de determinados elementos das constituições, são eles:
Elementos Orgânicos
• Normas que regulam e estruturam o Estado e o poder.
Elementos Limitativos
• Normas que limitam as ações dos poderes estatais, tais como as normas que veiculam os direitos e as garantias, direitos de nacionalidade e direitos políticos e democráticos.
Elementos Sócio Ideológicos
• Revelam o caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado individualista e o Estado social e intervencionista.
ELEMENTOSDE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL
Normas destinadas a solucionar:
• aplicação das constituições;
• a defesa da constituição;
• a defesa do Estado;
• a defesa das instituições democráticas.
ELEMENTOS FORMAIS DE APLICABILIDADE
Normas que estabelecem regras:
Aplicação das constituições, tais como o preâmbulo, as disposições constitucionais transitórias.
Normas constitucionais
	A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a nossa Carta Magna, a “espinha dorsal” de nosso ordenamento jurídico é composta por:
Preâmbulo
	Introdução, reproduz a ideologia política que vigorava à época de sua promulgação. Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF) esta seção de nossa Carta Magna não tem força normativa e não é de reprodução obrigatória nas Constituições Estaduais.
Corpo principal
Possui 9 títulos:
• Título I - Dos Direitos Fundamentais (art. 1º ao art. 4º);
• Título II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais (art.5º ao art.17º);
• Título III - Da organização do Estado (art. 18º ao art. 43º);
• Título IV - Da Organização dos Poderes (art. 44º ao art. 135º);
• Título V - Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas (art. 136º ao art. 144º);
• Título VI - Da Tributação e do Orçamento (art. 145º ao art. 169º);
• Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira (art. 170º ao art. 192º);
• Título VIII - Da Ordem Social (art.193º ao 232º);
• Título IX - Das Disposições Gerais (Art. 233º ao art. 250º).
Atos das disposições gerais transitórias
Visa dar publicidade a disposição de Direito Intertemporal, regulando a transição constitucional.
Emendas constitucionais 
Temos ainda as emendas constitucionais que são divididas em dois grupos:
Emendas Constitucionais produzidas pelo poder constituinte derivado reformador;
Emendas Constitucionais de revisão, produzidas pelo poder constituinte derivado de revisão. A revisão constitucional já se realizou, dela resultando 6 Emendas Constitucionais.
	Após conhecermos a estrutura de composição da nossa atual Constituição Federal, vamos compreender os seus fundamentos institucionais, que nos auxiliam na aplicabilidade das normas constitucionais.
Para tanto, devemos checar o disposto no Art. 1º da CRFB, que determina que a União é indissolúvel, sendo formada pelos estados, municípios e Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
Fundamentos institucionais dos incisos I, II, III, IV e V do art. 1º da CF/88.
Título I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
I - Este fundamento tem sua maior aplicabilidade no denominado Direito Internacional, o qual consiste em um conjunto de normas, de natureza pública e privada, que regula e normatiza as relações do Estado brasileiro com outras nações e seus respectivos cidadãos à luz da Constituição da República Federativa do Brasil;
II - a cidadania;
II - Consiste no respeito ao indivíduo em pleno gozo de seus direitos e atualizado com suas obrigações, o qual merece as devidas satisfações tanto do ente público, quanto do setor privado;
III - a dignidade da pessoa humana;
III - Consiste na preservação da integridade física mental e espiritual do indivíduo, que caso tenha transgredido normas de convívio humano ou tenha sido flagrado transgredindo-a, uma vez neutralizada sua respectiva periculosidade, seja preservado na condição de um ser humano, por mais que ele demonstre ser uma criatura perniciosa à sociedade;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa – consiste no reconhecimento socioeconômico da atividade laboral lícita de todos os membros da sociedade, para que cada trabalhador perceba sua remuneração regular pelo seu trabalho, bem como possa recolher sua contribuição de seu respectivo seguro social para prover sua aposentadoria. Todavia, a livre iniciativa deve ser normatizada e regulada pelo poder público, para se evitar que atividades ilícitas escravizem a mão de obra de trabalhadores honestos, os quais demandam a proteção estatal frente às organizações criminosas, pois não há como se manter uma atividade lícita e próspera na informalidade sem que grupos criminosos assumam seu domínio. Como exemplo, podemos citar a exploração do transporte alternativo ou complementar que, no Rio de Janeiro, tem grande ingerência de grupos de criminosos.
V - o pluralismo político.
V - Consiste o livre exercício político ideológico, com possibilidade de qualquer corrente político-doutrinário possa se organizar de forma partidária e concorrer às eleições periódicas aos diversos cargos eletivos de nossa República Federativa.
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
	Verificamos que a organização de nosso Estado é denominada Federação ou Estado Federativo. Essa forma de Estado foi introduzida no Brasil em 1889, juntamente com a nossa República. Hoje, a forma federativa está positivada como cláusula pétrea (imutável) no art. 60, § 4º, Inciso I da CRFB.  
Quanto aos entes federados em nossa Republica, estes estão previstos no art. 18 da CRFB. São entes federativos no Brasil:
• União;
• estados;
• Distrito federal;
• municípios.
SEGURANÇA PÚBLICA
	Quanto à segurança pública em sua existência generalista, temos sua previsão e estruturação na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu Art. 144. Logo, as atribuições pertinentes aos seus órgãos são constitucionais.
	A atividade policial não se confunde com competência jurisdicional, que é peculiar ao mundo jurídico, em que os órgãos policiais e afins não lhe absorvem a natureza. O que constatamos é que a atividade laboral na segurança pública antecede, na prática, a atividade jurisdicional que regula e normatiza a esfera da segurança pública.
"A justiça tem numa das mãos a balança em que pesa o direito, e na outra a espada de que se serve para o defender. A espada sem a balança é a força brutal, a balança sem a espada é a impotência do direito" - Rudolf Von Ihering.
DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL
	Para compreendermos a atividade laboral na segurança pública, bem como a atividade jurisdicional que a regula e normatiza precisamos analisar um dos seguimentos das ciências jurídicas, trata-se do Direito Penal e Direito Processual Penal: o primeiro identifica e tipifica o ato criminoso, o segundo estabelece o processo judicial pertinente ao respectivo fato delituoso tipificado, ou seja, estabelecido como crime. Contudo, para que este sistema jurídico possa ser evocado, o crime terá que ter ocorrido,assim sendo, como a própria condição indispensável do crime estabelece: tudo começa com a ocorrência policial.
	Esse fato jurídico que consiste em uma ação ou omissão de um indivíduo ou um grupo de indivíduos que produziu, produz, ou irá produzir dano material e dano moral, ou apenas um deles, a terceiros.
	Em síntese, a segurança pública é que produz subsídios para a produção laboral dos juristas e operadores do direito em várias áreas do ordenamento jurídico.
Assim sendo, qual seria a natureza da autoridade policial: jurista ou policialista.
O MANDATO CONFERIDO PELA SOCIEDADE AOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA
	O mandato policial ocorre quando a sociedade delega poderes para, em nome da segurança de todos, sofrer ações policiais visando manutenção da ordem pública e a paz social.
	Assim, compreendemos que a finalidade da segurança pública é zelar pela ordem pública, contudo, quando se evoca o mandato policial, concluímos que estamos no chamando Estado de Direito, quando o ordenamento jurídico é construído de forma democrática, ou seja, as leis são votadas pelo legislativo e sancionadas pelo chefe do executivo, ambos eleitos democraticamente.
A DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
	A crise constitucional ocorre quando há um desequilíbrio considerável na normalidade da vida do Estado que ameaça as instituições democráticas, sendo, nesses casos, autorizada pela CRFB a adoção de medidas de exceção (estado de defesa e estado de sítio), com o objetivo de fazer frente à anormalidade manifestada e restabelecer a ordem. 
	Nessas situações, o poder de repressão estatal é ampliado, de acordo com os parâmetros constitucionais, sendo impostas restrições e suspensões de certas garantias fundamentais, em locais específicos e por prazo certo, sempre baseadas em normas previstas pela CRFB.
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino apontam para 3 requisitos para que essas medidas excepcionais sejam tomadas:
Necessidade: as medidas só deverão ser decretadas diante de situações fáticas cuja gravidade torne imprescindível a sua adoção;
Temporalidade: as medidas deverão vigorar somente pelo prazo necessário ao restabelecimento da normalidade, sob pena de se converterem em arbítrio ou ditadura;
Obediência irrestrita aos comandos constitucionais: a atuação do Estado deverá obedecer fielmente às regras e limites constitucionais, sob pena de ulterior responsabilização dos executores.
Para saber mais: PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito constitucional descomplicado. 9ª ed. São Paulo: Método, 2012, p. 941 a 943.
AS FORÇAS ARMADAS
	As Forças Armadas são integradas pelo Exército, pela Marinha e pela Aeronáutica, e são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República (art. 84, XIII, CRFB), e destinam-se à defesa da pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (Art. 142, CRFB).
	Os membros das Forças Armadas são militares e estão sob a chefia do Presidente da República. A competência das Forças Armadas é meramente subsidiária, pois essas atribuições são ordinariamente desempenhadas pelas forças de segurança pública, que compreendem os órgãos do art. 144 da CRFB.
	Aqui cabe observar que a Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar, órgãos que compõe a segurança pública, são regidos pelo regime militar, sendo considerados como forças auxiliares e reserva do Exército e submetendo-se às normas do Código Penal Militar e do Código de Processo Penal Militar.
Nesta aula, você:
Reconheceu a estrutura de defesa do Estado e das Instituições Democráticas; 
Identificou a aplicação das normas legais às situações de manutenção da ordem pública; 
Distinguiu as exceções jurídicas dispostas na legislação relativas ao Estado de Polícia.
Aula 5: A SEGURANÇA PÚBLICA E O PODER DA POLÍCIA
	
Objetivo desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Reconhecer o conceito de poder de polícia e sua relação com a Segurança Pública;
2- Verificar os principais aspectos e questões que permeiam o poder de polícia;
3- Identificar os fundamentos e as características do poder de polícia do Estado;
4-Compreender a função do poder de polícia na manutenção da ordem pública.
PODER DE POLÍCIA: CONCEITO, FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS
	A definição de poder de polícia é tratada pelo Código Tributário Nacional, em seu art. 78, que determina que constitui poder de polícia “a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.
	Este dispositivo legal é um dos mais relevantes e cruciais para o êxito da segurança pública no Brasil, pois o legislador visa à regulação de toda e qualquer atividade econômica, visto que, se a mesma não for regulada pelo poder estatal, quer seja por impostos, taxas ou tarifas, essas atividades econômicas, cujo exercício demanda autorizações, permissões, concessões ou parcerias público-privadas, estão fadadas a serem dominadas por criminosos, estes que por falta de regulação, controle e fiscalização, se valeriam da violência e de fraudes para se impor e dominar as atividades econômicas junto ao seu “território”.
SENTIDOS DO PODER DE POLÍCIA
	Fala-se em poder de polícia quando o Estado interfere no âmbito do interesse privado para proteger um interesse público preponderante, restringindo direitos individuais em prol de um interesse coletivo maior.
José dos Santos Carvalho Filho aponta para 2 sentidos do poder de polícia:
Sentido amplo: Poder de polícia significa toda e qualquer ação restritiva do Estado em relação aos direitos individuais;
Sentido estrito: O poder de polícia se configura como atividade administrativa, consubstanciada na prerrogativa de restringir e condicionar a liberdade e a propriedade.
DIFERENÇA ENTRE POLÍCIA-FUNÇÃO E POLÍCIA-CORPORAÇÃO
O mesmo autor aponta para a diferenciação entre polícia-função e polícia-corporação. 
	A polícia-corporação executa frequentemente funções de polícia administrativa, mas a polícia-função, ou seja, a atividade oriunda do poder de polícia é exercida por outros órgãos administrativos além da corporação policial.
Policia Função
É a função estatal propriamente dita, a atividade administrativa.
Policia Corporativa
Corresponde à ideia de órgão administrativo, integrado nos sistemas de segurança pública e incumbido de prevenir os delitos e as condutas ofensivas à ordem pública.
Poder de polícia: conceito, fundamentos e características
	Cabe observar que a competência para exercer o poder de polícia é, em princípio, da pessoa federativa à qual a CRFB conferiu o poder de regular a matéria. Assim, será considerado inválido o ato de polícia praticado por agente do ente federativo que não tenha competência constitucional para regular a matéria.
União: Assuntos de interesse nacional.
Estados: Assuntos de interesse regional.
Municípios: Assuntos de interesse local.
ALGUNS CONCEITOS
Agora vamos relembrar os conceitos de policia:
De segurança: É a atividade relacionada ao serviço público de segurança, com o objetivo de preservar a ordem. Vide art. 144 da Constituição.
Judiciária: É aquela destinada à apuração e investigação das infrações penais, embora seja atividade administrativa. Incide sobre indivíduos e é predominantemente repressiva. No Brasil, é exercida pelas Polícias Federal e Civil.
Administrativa: A polícia administrativa incide sobre atividades e é predominantemente preventiva, iniciando-se e completando-se no âmbito da função administrativa. Vide art. 78do CTN.
CICLO DE POLÍCIA
	Diogo de Figueiredo estabelece o Ciclo de Polícia, que consiste em uma ordenação lógica de atos administrativos pelos quais a atividade de polícia administrativa se desenvolve.
1- Consentimento de polícia
	É a atividade administrativa que consente com pedidos formulados por indivíduos interessados na prática de uma atividade. O consentimento é exteriorizado através dos atos de licença e autorização, que são materializadas pelo alvará.
 Ex.: Habilitação para o exercício da advocacia; ser bacharel em Direito; não possuir antecedentes criminais e ser aprovado no Exame da OAB. É ato vinculado.
2- Ordem de polícia
	É comando legal ou normativo sujeito ao princípio da legalidade. Trata-se da disciplina normativa da atividade.
Ex.: Resoluções do Conselho Federal da OAB.
3- Sanção de polícia
	É aplicação da penalidade, é a retribuição que a Administração Pública aplica ao infrator. São atos de coerção, de “puissance publique”. 
Ex.: Advogado pode sofrer multa pecuniária; interdição temporária das atividades etc.
4- Fiscalização
	Prática de atos materiais de fiscalização. 
Ex.: Fiscalização do cumprimento dos deveres éticos do advogado; do pagamento da anuidade.
ATENÇÃO
Deve-se observar que embora o poder de polícia imponha certa limitação a direito, interesse ou liberdade, esta não é ilimitada, devendo respeitar os direitos do cidadão, as prerrogativas individuais e as liberdades públicas asseguradas constitucionalmente e na legislação infraconstitucional.
LEGALIDADE
	Os atos de polícia devem estar dentro dos limites legais e devem ser executados nos moldes estabelecidos pela lei.
	Na esfera do poder de polícia, verifica-se claramente a tensão entre autoridade e liberdade. Sendo assim, por se tratar de restrição a atividades privadas, o poder ordenador deve se submeter à legalidade.
COERCIBILIDADE
	Os atos de polícia são revestidos de imperatividade, ou seja, quando necessário, a Administração pode se valer do uso da força, respeitando os princípios administrativos e as limitações legais.
AUTOEXECUTORIEDADE
	Os atos administrativos são, a princípio, autoexecutórios, de modo a permitir que a Administração atue de ofício e implemente suas próprias decisões sem auxílio de tutela jurisdicional. 
Exceção: multas 
Tendo sido verificados os pressupostos legais do ato, a Administração Pública pode praticá-lo imediatamente e executá-lo de forma integral, ou seja, desde que a lei autorize o agente público não depende de autorização de qualquer outro poder para praticar o ato.
PROPORCIONALIDADE
	A ideia de proporcionalidade significa que a atuação do agente público, no exercício do poder de polícia, deve ficar restrita aos atos indispensáveis e necessários para que se consiga atingir o fim público a que a medida se destina.
DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO
O ato administrativo com base no poder de polícia é um ato discricionário ou vinculado? 
Para responder essa pergunta, deve-se verificar a situação na qual aquele ato está inserido, de modo que:
• Dentro dos limites da legalidade, a Administração pode escolher a área de atividade que vai receber as restrições, o conteúdo e a dimensão dessa limitação. Neste sentido, há juízo de conveniência e oportunidade, havendo, portanto, discricionariedade.
• No entanto, quando a dimensão da limitação já está fixada, a Administração deve respeitar esse espaço, não podendo ampliar a restrição sobre a liberdade dos indivíduos. Neste caso, então, o ato é vinculado.
A INSTRUMENTALIZAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA PELO ENTE PÚBLICO
	Sem o poder de polícia, o Estado perde o controle sobre o território e não consegue manter a ingerência da ordem pública. Dessa forma, o Poder Público corre o risco de perder para o tráfico ou para milícias, que constituem verdadeiros poderes paralelos, o domínio sobre aquela localidade, de modo que a ordem pública e a garantia de segurança ficam ameaçadas diante desta situação.
ATENÇÃO
	O senso comum e os especialistas em segurança pública sempre apontam a fragilidade na fiscalização de nossas fronteiras como principal causa da falta de segurança pública ou da desordem urbana nas cidades. Porém, é preciso questionar-se quanto ao financiamento dessa ação criminosa, que consiste em atravessar nossas fronteiras para cometer crimes de natureza econômica (tráfico de drogas, armas e pessoas). Fica a pergunta: de onde vem o financiamento destas “operações” criminosas?
Uma questão recente envolvendo a manutenção da ordem pública, através do exercício do poder de polícia, diz respeito às milícias, que constituem um poder paralelo dentro do território estatal e que desafiam o controle da ordem pública pelo Poder Público sobre aquela região.
Dito isto, façamos uma análise sobre o Relatório Final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, na qual o seu relator, Deputado Estadual Marcelo Freixo, descreve como os bandos armados autodenominados, ou assim chamados pela imprensa, de milícia se apossaram da prestação de serviços públicos chancelados pelo município, dentre outras esferas governamentais da federação brasileira.
Milícias
Há de se registrar que essa invasão de criminosos no controle dos serviços delegados, trata-se de um fenômeno que, segundo policiais federais, iniciou-se na Zona Oeste do Rio de Janeiro, pelos traficantes que não estavam obtendo os lucros esperados com a venda das drogas. 
Dotados do domínio da região, facilitado pela ausência estatal e corrupção policial, passaram a controlar todas as atividades econômicas dessa localidade. Esse fenômeno é retratado pelo filme “Tropa de Elite II, o inimigo agora é outro”.
A CPI das milícias constatou a consequência da total ausência de presença estatal na periferia da Cidade do Rio de Janeiro, mas, com o advento da assunção econômica do Brasil, passou a circular mais dinheiro onde, inicialmente, dominava o tráfico de drogas, que passou a ser dominado pela “milícia”. O fato é que, aos moldes da máfia italiana nos Estados Unidos, a autodenominda “Liga da Justiça”, passou a eleger seus representantes na classe política. 
Nosso conteúdo, na atual fase, procura frisar a relevância da atuação do governo na composição da segurança pública brasileira. É de fundamental importância que o Poder Público se faça presente nessas localidades para que se evite que poderes paralelos assumam a ingerência sobre a região, possibilitando a violação de direitos e a restrição ilegítima de liberdades.
Nesta aula, você:
Reconheceu o conceito de poder de polícia e sua relação com a Segurança Pública; 
Conheceu os fundamentos e as características do poder de polícia do Estado; 
Verificou os principais aspectos e questões que permeiam o poder de polícia; 
Compreendeu a função do poder de polícia na manutenção da ordem pública.
Aula 6: VIOLÊNCIA, CRIMINALIDADE E A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
Objetivo desta aula
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Reconhecer os conceitos de violência e de criminalidade e verificar seus principais aspectos;
2- Estabelecer os principais aspectos da violência doméstica e familiar contra a mulher e da Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha);
3- Identificar os procedimentos judiciais e a função do Juizado Especial Criminal.
Introdução
	Nesta parte do curso, iremos identificar as legislações específicas, que se conjugam para instrumentalizar e nortear as ações do agente de segurança pública, frente à labuta de suas atribuições constitucionais e administrativas. Recordando: a missão do agente de segurança pública é a preservação da ordem pública. Assim sendo, reportamo-nos, primeiramente, à célula mater de toda sociedade: a família.
Na aula seguinte, serão estudadas outras formas de violência doméstica e familiar e a violência contra a pessoa portadora de necessidades especiais, dando seguimento ao estudo da violência no contexto da sociedade brasileira.
Contextualizandoa violência
	A ordem pública tem sua base na harmonia da unidade familiar. Entretanto, há de se ter o discernimento de que a composição básica da família, ao longo dos tempos, fora se consolidando sob diversos formatos, além do padrão da Sagrada Família da Igreja: pai, mãe e filho.
	 Hoje, o profissional de segurança pública detém a permeabilidade social, ou seja, a capacidade de ir além das aparências da sociedade, romper o chamado tecido social, na busca da verdade sobre um fato que atente contra a ordem pública.
	Dessa forma, é importante que se compreenda, primeiramente, os conceitos de violência e de criminalidade e os principais aspectos que permeiam a violência doméstica e familiar. Nesse primeiro momento, será estudada a violência doméstica e familiar contra a mulher.
 	Imperioso, também, reconhecer os procedimentos judiciais pertinentes e a função do Juizado Especial Criminal, para que se possa compreender as formas de sanção previstas pela legislação brasileira.
CONCEITO DE VIOLÊNCIA E DE CRIMINALIDADE
	A violência faz-se passar por uma contra-violência, quer dizer, por uma resposta à violência alheia.
Jean-Paul Sartre
	De acordo com os verbetes de um dicionário comum, violência consiste no “ato de violentar”, no “constrangimento físico ou moral”, no “uso da força” e na “coação”. 
	Já a criminalidade constitui na “qualidade ou estado de criminoso”, no “conjunto ou grau dos crimes em um determinado meio”, na “perpetração de um crime”.
Você sabe diferenciar violência de criminalidade?
		Pela definição, já se pode constatar que, enquanto a violência está associada ao ato de constranger física ou moralmente, a criminalidade envolve o que está estabelecido como crime, independentemente ser praticado com violência ou não. 
Por outro lado, existem atos violentos que não são previstos como crimes.
	A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como “a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. No entanto, muitos criticam esta definição, já que a noção exata de “dor” e de “sofrimento” é muito difícil de ser estabelecida.
ATENÇÃO
	Cabe ressaltar que estes conceitos podem adquirir significações diversas de acordo com o momento histórico, a cultura, a relação e a situação na qual o comportamento ocorreu, e o contexto no qual estão inseridos. Desse modo, deve ser feita uma leitura atenta para que se verifique a abrangência do significado dessas noções. 
 	A violência pode manifestar-se de diversas maneiras: fome, tortura, guerra, preconceito etc. Para a comunidade internacional de Direitos Humanos, a violência abrange todas as violações aos direitos civis; políticos; sociais; econômicos e culturais.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
	A violência intrafamiliar corresponde a toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de um membro da família.  
	Pode ser cometida dentro e fora de casa, por qualquer integrante da família que esteja em relação de poder com a pessoa agredida. Inclui também as pessoas que estão exercendo a função de pai ou mãe, mesmo sem laços de sangue.
	Existem 5 formas mais comuns de VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR: física , psicológica , negligência , sexual  e financeira.
Vamos conhecer essas 5 formas de violência intrafamiliar?
Violência Física
	Ocorre quando alguém causa ou tenta causar dano por meio de força física, de algum tipo de arma ou instrumento que possa causar lesões internas, externas ou ambas.
Violência Psicológica
	Pode estar associada a agressões corporais e inclui toda ação ou omissão reiterada que causa ou visa a causar dano à autoestima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa. 
São exemplos de violência psicológica: agressões verbais, cobranças e punições exageradas.
Negligência
	É a omissão de responsabilidade de um ou mais membros da família na garantia dos cuidados e na satisfação de necessidades em relação a outro, sobretudo àqueles que precisam de ajuda por questões de idade ou alguma condição física, permanente ou temporária, que lhes atribui maior vulnerabilidade no contexto social. Cabe observar que a falta de higiene, alimentação, vestuário, educação, lazer, afeto, proteção e cuidado podem ocasionar doenças físicas, mentais e emocionais.
Violência Sexual
	É toda ação na qual uma pessoa, em situação de poder, obriga outra à realização de práticas sexuais, utilizando força física, influência psicológica ou uso de armas ou drogas. Pode envolver ou não o contato físico, incluindo desde olhares perturbadores e carícias até o ato sexual propriamente dito.
Violência Financeira
	Constitui-se por atos destrutivos ou omissões que afetam a sobrevivência dos membros da família e a saúde emocional da vítima. 
São exemplos de violência financeira: a recusa do pagamento da pensão alimentícia, a retenção do cartão magnético, a destruição de bens pessoais ou da sociedade conjugal/família.
PRÁTICA E CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Quem pratica a violência doméstica?
	Podem praticar a violência doméstica: o marido, os filhos, o pai, a mãe, os irmãos, o padrasto, a madrasta, o companheiro hetero ou homossexual, o namorado, os conviventes, os cuidadores, as empregadas domésticas, os enfermeiros, os colegas de quarto, o tutor, o curador, o ex-marido, o ex-companheiro, o ex-namorado, os funcionários de instituições, tais como asilos ou instituições de acolhimento etc.
As consequências mais comuns da violência doméstica são:
  • Sofrimento físico e emocional, que podem acarretar um comprometimento no desenvolvimento da vítima;
  • Depressão, diminuição da autoestima;
  • Aumento da agressividade;
  • Falta no trabalho ou diminuição do rendimento escolar, dentre outras.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
	Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e as facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. (Art. 2º, Lei nº 11.340/06)
	A violência contra a mulher remonta os tempos antigos, em que a mulher era considerada inferior, subordinada ao homem e, portanto, destituída de personalidade própria. Durante muito tempo, a mulher teve seus direitos restringidos e sofreu com a desigualdade de gênero.  
	No Brasil, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu a igualdade entre homens e mulheres, constituindo objetivo fundamental da República Federativa do Brasil a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, IV da CRFB).
	O art. 5º, I, da Carta Magna determina, ainda, que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, sendo homens e mulheres iguais em direitos e obrigações. Pela regra do art. 226, § 5º, “os direitos e os deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”. 
	No entanto, apesar de todo o avanço com relação aos direitos da mulher, ainda se observa a existência de preconceito e de desigualdade de gênero, seja no ambiente doméstico, seja no ambiente social ou de trabalho. Infelizmente, ainda é muito comum a ocorrência de casos de violência contra a população feminina. (A violência doméstica e familiar contra a mulher pode ocorrer tanto em casa quanto no espaço público (na rua ou no trabalho) e se caracterizar por diferentes formas. Por ser praticada dentro de casa, por pais, irmãos, padrastos, maridos e companheiros, ainda é vista como natural por muitas pessoas. No entanto, nenhuma mulher deve aceitar tratamento violento ou discriminatório, pois o casamento ou a convivência não confere ao marido / namorado / companheiro o direito de ameaçar, humilhar ou agredir sua mulher / namorada / companheira.)
A LEI MARIA DA PENHA
	A Lei Maria da Penha, lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006,é o principal diploma legislativo no âmbito da violência doméstica e familiar. A Lei traz o nome da biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu duas tentativas de morte por seu marido, ficando tetraplégica, e que, hoje, é um símbolo da luta contra a violência doméstica no Brasil.
	Sua previsão legal repousa no art. 226, § 8º, da Constituição da República Federativa do Brasil, na Convenção Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência Contra a Mulher e no Decreto nº 1.973/1996, que promulga a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher .
 	Sua Natureza Jurídica é de ação afirmativa, atuando como um dispositivo de proteção, com a finalidade de dirimir certas desigualdades. Dentre várias mudanças, agravou as punições referentes às agressões contra a mulher ocorridas no seio doméstico e familiar.
ATENÇÃO
	A aplicação da Lei Maria da Penha para vítimas do sexo masculino ocorre quando a agressão tiver relação com a violência praticada contra a mulher, como no caso da intercessão masculina para apartar briga de casal ou na hipótese da vítima do sexo masculino ser menor incapaz.
COMO SE DÁ A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER?
	De acordo com o art. 5º da Lei nº 11.340/06, a violência doméstica e familiar contra a mulher consiste em uma violação dos Direitos Humanos caracterizada por “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”, ocorrendo:
No Âmbito Da Unidade Domestica
	Espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive, as esporadicamente agregadas. Ex: pensionato/república
No Âmbito Da Unidade Familiar
	Comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa.
Ex: agressão advinda de filho biológico ou adotivo, genro, irmão, marido ou convivente.
Em Qualquer Relação Intima De Afeto
	Independentemente de coabitação, desde que o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida.
Ex: namorados/amantes.
FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER
	A Lei nº 11.340/06 estabelece as formas de Violência Doméstica Contra A Mulher no seu art. 7º, quais sejam:
Violência Física
	Qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher;
Violência Psicológica
	Qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.
Violência Sexual
	Qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.
Violência Patrimonial 
	Qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.
Violência Moral 
	Qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
IMPORTANTES INOVAÇÕES DA LEI MARIA DA PENHA
Não exige que o agressor e a agredida morem juntos para sua aplicação;
Institui pena de prisão para o agressor;
O agressor deve se afastar do lar e não pode se aproximar da vítima;
Há a possibilidade de a prisão preventiva ser decretada de imediato;
O agressor fica obrigado ao pagamento de alimentos à mulher e aos filhos;
O patrimônio da mulher agredida fica protegido;
	Foram criados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, tendo introduzido a Lei a competência mista, possibilitando que o mesmo juiz decida questões criminais e de família.
PRIMEIRA EXPERIÊNCIA
As relações homoafetivas recebem seu amparo pela Lei Maria da Penha (Art. 5º, parágrafo único), que independe da orientação sexual, resguardando todos aqueles que se comportam como mulher, incluindo os travestis e transexuais. Contudo, também, é protegida por esta norma a categoria LGBT. Se assim não fosse, seria discriminação e preconceito, contrariando o que a própria lei buscou coibir. Neste sentido, ver: Art. 3º, CFRB e Art. 5º, CRFB.
Art. 3º, CFRB: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
(...) IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 5º, CRFB: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...) XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
SEGUNDA EXPERIÊNCIA
A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada mediante:
Inclusão no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal;
Acesso prioritário à remoção da servidora pública integrante da administração direta ou indireta;
Manutenção do vínculo trabalhista, por até 6 meses, sempre que necessário afastamento do local de trabalho;
Acesso aos benefícios da contracepção de emergência, a profilaxia de DSTs e da AIDS dentre outros procedimentos médicos pertinentes na hipótese de violência sexual.
PROCEDIMENTOS DA AUTORIDADE POLICIAL
Arts. 10 a 12 da Lei Maria da Penha 
	Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
	Na iminência ou na prática de violência doméstica, ou nos casos de descumprimento das medidas protetivas de urgência, a autoridade policial deverá:
Garantir proteção policial mediante escolta, se necessário, comunicando, imediatamente, o Ministério Público e o juiz; 
Providenciar o exame de corpo de delito e atendimento médico à vítima;
Prover transporte à ofendida e seus dependentes até abrigo ou local seguro em caso de risco de vida; 
Escoltar a ofendida junto à retirada de seus pertences do domicílio familiar;
Instruir a ofendida quanto aos seus direitos processuais e os serviços a si disponíveis
Ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;
Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
Remeter, no prazo de 48 horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida para a concessão de medidas protetiva de urgência, que deverá conter: a qualificação da ofendida e do agressor, o nome e idade dos dependentes e a descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida;
Determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
Ouvir o agressor e as testemunhas;
Ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
Remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
PROCEDIMENTOS JUDICIAIS
	Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – órgãos da Justiça Ordinária

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