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60015ResumoAula1DireitoCivil IV

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600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
1	
  
www.cursoenfase.com.br 
Sumário 	
  
1.	
  Introdução	
  .................................................................................................................	
  2	
  
2.	
  Direitos	
  Reais:	
  noções	
  gerais	
  .....................................................................................	
  3	
  
3.	
  Da	
  Posse	
  (1.196	
  a	
  1.224	
  do	
  CC/02)	
  ...........................................................................	
  7	
  
3.1.	
  Caracteres	
  da	
  posse	
  ............................................................................................	
  8	
  
3.2.	
  Distinção	
  entre	
  posse	
  ad	
  interdicta	
  e	
  posse	
  ad	
  usucapionem	
  ..........................	
  18	
  
3.3.	
  Posse	
  versus	
  detenção	
  ......................................................................................	
  25	
  
3.3.1.	
  Hipóteses	
  de	
  detenção	
  ..............................................................................	
  25	
  
3.4.	
  Posse	
  precária	
  ...................................................................................................	
  32	
  
	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
2	
  
www.cursoenfase.com.br 
1.	
  Introdução	
  
O	
   tema	
   de	
   hoje	
   é	
   direito	
   das	
   coisas,	
   que	
   consta	
   do	
   Livro	
   III	
   da	
   Parte	
   Especial	
   do	
  
Código	
  Civil.	
  Sobre	
  o	
  assunto,	
  o	
  professor	
  dará	
  uma	
  visão	
  compacta	
  do	
  conteúdo,	
   focando	
  
em	
  alguns	
  temas	
  principais,	
  de	
  modo	
  que	
  se	
  possa	
  ter	
  uma	
  visão	
  geral	
  e,	
  em	
  outros	
  pontos,	
  
uma	
  visão	
  um	
  pouco	
  mais	
  aprofundada,	
  sobretudo	
  no	
  que	
  diz	
   respeito	
  àqueles	
  abordados	
  
com	
  maior	
  frequência	
  em	
  provas.	
  	
  
Nesse	
  sentido,	
  o	
  Título	
  I	
  trata	
  da	
  posse,	
  e	
  o	
  Título	
  II	
  trata	
  dos	
  direitos	
  reais,	
  a	
  partir	
  
do	
  artigo	
  1.225	
  do	
  CC/02.	
  	
  
Essa	
  divisão	
  que	
  é	
  feita	
  pelo	
  Livro	
  III	
  da	
  parte	
  especial,	
  em	
  separar	
  posse	
  no	
  Título	
  I	
  e	
  
direitos	
  reais	
  no	
  Título	
  II,	
  já	
  coloca	
  em	
  destaque	
  uma	
  antiga	
  controvérsia	
  acerca	
  da	
  posse:	
  se	
  
estaria	
  incluída	
  ou	
  não	
  no	
  rol	
  de	
  direitos	
  reais	
  (se	
  teria	
  a	
  posse	
  natureza	
  jurídica	
  de	
  direito	
  
real	
  ou	
  se	
  teria	
  outra	
  natureza).	
   Isso	
  será	
  visto	
  mais	
  detalhadamente	
  em	
  momento	
  futuro.	
  
Antes,	
   importa	
   tratar	
   dos	
   direitos	
   reais	
   da	
   forma	
  mais	
   genérica	
   (disposições	
   gerais),	
   para	
  
depois	
   dar-­‐se	
   tratamento	
   específico	
   ao	
   direito	
   de	
   posse	
   (ou	
   da	
   posse	
   –	
   para	
   aqueles	
   que	
  
entendem	
  que	
  a	
  posse	
  não	
  é	
  um	
  direito),	
  e	
  aí	
  discutir	
  o	
  enquadramento,	
  ou	
  não,	
  a	
  sujeição	
  -­‐	
  
ou	
  não,	
  da	
  posse	
  aos	
  requisitos	
  gerais	
  aplicáveis	
  aos	
  direitos	
  reais.	
  	
  
Além	
   de	
   tudo	
   isso,	
   é	
   relevante	
   mencionar	
   que	
   a	
   Medida	
   Provisória	
   nº	
   700	
   de	
  
09/12/2015	
  criou	
  um	
  novo	
  direito	
  real,	
  introduzindo-­‐o	
  ao	
  rol	
  do	
  artigo	
  1.225	
  do	
  CC/02.1	
  	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
1	
  Art.	
  1.225.	
  São	
  direitos	
  reais:	
  
I	
  -­‐	
  a	
  propriedade;	
  
II	
  -­‐	
  a	
  superfície;	
  
III	
  -­‐	
  as	
  servidões;	
  
IV	
  -­‐	
  o	
  usufruto;	
  
V	
  -­‐	
  o	
  uso;	
  
VI	
  -­‐	
  a	
  habitação;	
  
VII	
  -­‐	
  o	
  direito	
  do	
  promitente	
  comprador	
  do	
  imóvel;	
  
VIII	
  -­‐	
  o	
  penhor;	
  
IX	
  -­‐	
  a	
  hipoteca;	
  
X	
  -­‐	
  a	
  anticrese.	
  
XI	
  -­‐	
  a	
  concessão	
  de	
  uso	
  especial	
  para	
  fins	
  de	
  moradia;	
  (Incluído	
  pela	
  Lei	
  nº	
  11.481,	
  de	
  2007)	
  
I	
  -­‐	
  a	
  propriedade;	
  
II	
  -­‐	
  a	
  superfície;	
  
III	
  -­‐	
  as	
  servidões;	
  
IV	
  -­‐	
  o	
  usufruto;	
  
V	
  -­‐	
  o	
  uso;	
  
VI	
  -­‐	
  a	
  habitação;	
  
VII	
  -­‐	
  o	
  direito	
  do	
  promitente	
  comprador	
  do	
  imóvel;	
  
VIII	
  -­‐	
  o	
  penhor;	
  
IX	
  -­‐	
  a	
  hipoteca;	
  
X	
  -­‐	
  a	
  anticrese.	
  
XI	
  -­‐	
  a	
  concessão	
  de	
  uso	
  especial	
  para	
  fins	
  de	
  moradia;	
  (Incluído	
  pela	
  Lei	
  nº	
  11.481,	
  de	
  2007)	
  
XII	
  -­‐	
  a	
  concessão	
  de	
  direito	
  real	
  de	
  uso.	
  (Incluído	
  pela	
  Lei	
  nº	
  11.481,	
  de	
  2007)	
  
XII	
  -­‐	
  a	
  concessão	
  de	
  direito	
  real	
  de	
  uso;	
  e	
  (Redação	
  dada	
  pela	
  Medida	
  Provisória	
  nº	
  700,	
  de	
  2015)	
  
XIII	
   -­‐	
  os	
  direitos	
  oriundos	
  da	
   imissão	
  provisória	
  na	
  posse,	
  quando	
  concedida	
  à	
  União,	
  aos	
  Estados,	
  ao	
  Distrito	
  
Federal,	
   aos	
  Municípios	
   ou	
   às	
   suas	
   entidades	
   delegadas	
   e	
   respectiva	
   cessão	
   e	
   promessa	
   de	
   cessão.	
   (Incluído	
  
pela	
  Medida	
  Provisória	
  nº	
  700,	
  de	
  2015)	
  
Art.	
  1.226.	
  Os	
  direitos	
  reais	
  sobre	
  coisas	
  móveis,	
  quando	
  constituídos,	
  ou	
  transmitidos	
  por	
  atos	
  entre	
  vivos,	
  só	
  
se	
  adquirem	
  com	
  a	
  tradição.	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
3	
  
www.cursoenfase.com.br 
2.	
  Direitos	
  Reais:	
  noções	
  gerais	
  
Ao	
   lado	
   dos	
   direitos	
   obrigacionais,os	
   direitos	
   reais	
   são	
   tidos	
   como	
   parte	
  
relevantíssima	
   integrante	
   dos	
   direitos	
   ditos	
   patrimoniais.	
   Os	
   direitos	
   civis	
   de	
   conteúdo	
  
patrimonial	
  se	
  subdividem	
  em	
  direitos	
  pessoais/obrigacionais	
  e	
  direitos	
  reais.	
  	
  
As	
   características	
   dos	
   direitos	
   reais	
   são	
   bem	
   diferentes	
   das	
   características	
   dos	
  
direitos	
   obrigacionais,	
   especialmente	
   pela	
   eficácia,	
   uma	
   vez	
   que	
   as	
   obrigações	
  
ordinariamente	
   operam	
   seus	
   efeitos	
   inter	
   partes,	
   enquanto	
   que	
   os	
   direitos	
   reais,	
   por	
  
característica	
  geral,	
  têm	
  sua	
  eficácia,	
  sua	
  oponibilidade,	
  erga	
  omnes.	
  	
  
Observação1:	
   para	
   toda	
   a	
   análise	
   do	
   professor,	
   ele	
   usará	
   o	
   exemplo	
   do	
   direito	
   de	
  
propriedade,	
   considerado	
   um	
   direito	
   real	
   por	
   excelência,	
   do	
   qual	
   se	
   desdobram	
   todos	
   os	
  
outros	
  reais.	
  
Ao	
  se	
  analisar	
  a	
  estrutura	
  da	
  relação	
  jurídica	
  de	
  direito	
  real,	
  é	
  possível	
  identificar	
  bem	
  
as	
  distinções	
  entre	
  direito	
  das	
  obrigações	
  e	
  direitos	
  reais.	
  Nos	
  direitos	
  reais,	
  o	
  sujeito	
  ativo,	
  
titular	
  do	
  direito	
  real	
  (exemplo:	
  propriedade),	
  tem,	
  na	
  forma	
  do	
  caput	
  artigo	
  1.228,	
  o	
  poder	
  
de	
  usar,	
  fruir,	
  dispor	
  e	
  o	
  direito	
  de	
  reaver	
  a	
  coisa	
  de	
  quem	
  quer	
  que	
  a	
  possua	
  ou	
  a	
  detenha.	
  	
  
Art.	
  1.228.	
  O	
  proprietário	
  tem	
  a	
  faculdade	
  de	
  usar,	
  gozar	
  e	
  dispor	
  da	
  coisa,	
  e	
  o	
  direito	
  de	
  
reavê-­‐la	
  do	
  poder	
  de	
  quem	
  quer	
  que	
  injustamente	
  a	
  possua	
  ou	
  detenha.	
  
	
  
Perceba-­‐se	
   que	
   o	
   artigo	
   1.228	
   não	
   diz	
   que	
   o	
   sujeito	
   ativo	
   tem	
   um	
   direito	
   a	
   uma	
  
prestação	
  a	
  ser	
  desempenhada	
  por	
  um	
  devedor	
  determinado.	
  O	
  que	
  caput	
  do	
  artigo	
  diz	
  é	
  
que	
   o	
   sujeito	
   ativo	
   (proprietário)	
   tem	
   sobre	
   a	
   coisa,	
   objeto	
   de	
   sua	
   propriedade,	
   poderes	
  
imediatos	
   e	
   não	
   poderes	
   intermediados	
   pela	
   outra	
   parte.	
   Tem-­‐se,	
   portanto,	
   em	
   razão	
   da	
  
propriedade,	
  poderes	
  imediatos	
  sobre	
  a	
  coisa	
  objeto	
  de	
  tal	
  poder.	
  	
  
Diferentemente	
   é	
   o	
   direito	
   obrigacional,	
   cujo	
   direito	
   do	
   credor	
   é	
   o	
   de	
   exigir	
   do	
  
devedor	
   uma	
   conduta,	
   o	
   direito	
   de	
   exigir	
   uma	
   prestação	
   de	
   dar,	
   fazer	
   ou	
   não	
   fazer.	
   Nos	
  
direitos	
   reais,	
   o	
   titular	
   do	
   direito	
   real	
   exerce	
   ao	
   menos	
   um	
   dos	
   poderes	
   inerentes	
   à	
  
propriedade	
  e	
  os	
  exerce	
  imediatamente	
  sobre	
  a	
  coisa,	
  sem	
  a	
  necessidade	
  da	
  intermediação	
  
de	
  uma	
  prestação.	
  	
  
No	
  direito	
  das	
  obrigações	
  o	
  sujeito	
  passivo	
  é	
  uma	
  pessoa	
  determinada,	
  afinal,	
  dela	
  se	
  
exigirá	
  que	
  execute	
  a	
  prestação.	
  Não	
  é	
  possível	
  exigir	
  de	
  qualquer	
  pessoa	
  a	
  obrigação,	
  mas	
  
somente	
  daquela	
  que	
  deve.	
  Então,	
  existe	
  uma	
  determinação	
  do	
  sujeito	
  passivo	
  a	
  quem	
  se	
  
atribuirá	
  um	
  débito	
  e	
  a	
  consequente	
  responsabilidade.	
  	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  
Art.	
   1.227.	
  Os	
  direitos	
   reais	
   sobre	
   imóveis	
   constituídos,	
   ou	
   transmitidos	
  por	
  atos	
   entre	
   vivos,	
   só	
   se	
  adquirem	
  
com	
   o	
   registro	
   no	
   Cartório	
   de	
   Registro	
   de	
   Imóveis	
   dos	
   referidos	
   títulos	
   (arts.	
   1.245	
   a	
   1.247),	
   salvo	
   os	
   casos	
  
expressos	
  neste	
  Código.	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
4	
  
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Nos	
   direitos	
   reais,	
   a	
   situação	
   funciona	
   de	
   forma	
   diversa,	
   porque	
   em	
   princípio	
   o	
  
proprietário	
  não	
  depende	
  de	
  outrem,	
  pois	
  para	
  que	
  possa	
  exercer	
  os	
  poderes	
  que	
  advêm	
  da	
  
propriedade	
   ele	
   não	
   precisa	
   da	
   intermediação	
   de	
   terceiro.	
   Assim,	
   ele	
   pode	
   exercer	
   os	
  
poderes	
  imediatamente	
  sobre	
  a	
  coisa	
  sem	
  a	
  necessidade	
  de	
  um	
  sujeito	
  passivo.	
  No	
  passado,	
  
chegou-­‐se	
  a	
  suscitar,	
  nesse	
  ponto,	
  que	
  não	
  haveria	
  uma	
  relação	
   jurídica	
  entre	
  o	
   titular	
  do	
  
direito	
  e	
  um	
  sujeito	
  passivo	
  (pessoa	
  –	
  sujeito	
  de	
  direito),	
  mas	
  uma	
  relação	
   jurídica	
  entre	
  a	
  
própria	
  coisa	
  e	
  a	
  pessoa.	
  Quer	
  dizer,	
  haveria,	
  então,	
  uma	
  relação	
  entre	
  o	
  titular	
  do	
  direito	
  e	
  
o	
  objeto.	
  	
  
No	
  entanto,	
  essa	
  visão	
  foi	
  superada	
  na	
  medida	
  em	
  que	
  a	
  ideia	
  de	
  relação	
  jurídica	
  é	
  a	
  
ideia	
   de	
   conexão	
   entre	
   entes	
   personificados	
   ou	
   não,	
   isto	
   é,	
   entre	
   sujeitos	
   e	
   não	
   entre	
  
pessoas	
  e	
  objetos.	
  Superou-­‐se	
  tal	
  visão	
  sob	
  o	
  entendimento	
  de	
  que	
  haveria	
  sim,	
  dentro	
  da	
  
relação	
  jurídica	
  de	
  direito	
  real,	
  um	
  sujeito	
  passivo,	
  porém,	
  tal	
  sujeito	
  passivo,	
  a	
  priori,	
  seria	
  
um	
   sujeito	
   passivo	
   indeterminado,	
   um	
   sujeito	
   passivo	
   universal,	
   de	
   forma	
   que	
   todos	
  
ocupariam	
  o	
  polo	
  passivo	
  dessa	
  relação.	
  Ou	
  seja,	
  toda	
  coletividade	
  estaria	
  ocupando	
  o	
  polo	
  
passivo	
   da	
   relação	
   jurídica	
   de	
   direitoreal,	
   uma	
   vez	
   que	
   este	
   seria	
   oponível	
   contra	
   todos.	
  
Haveria,	
   com	
   isso,	
   uma	
   sujeição	
   coletiva,	
   um	
   sujeito	
   passivo	
   indeterminado,	
   um	
   sujeito	
  
passivo	
  universal,	
  bem	
  como	
  haveria	
  uma	
  eficácia	
  erga	
  omnes	
  desse	
  direito	
  a	
  impor	
  a	
  todos	
  
um	
  dever	
  geral	
  de	
  conduta.	
  	
  
Ø Que	
  dever	
  geral	
  é	
  esse?	
  	
  
Resposta:	
  um	
  dever	
  de	
  abstenção	
  e	
   tolerância.	
  Todos	
   teriam	
  o	
  dever	
  de	
  abstenção	
  
em	
  relação	
  a	
   interferências	
   indevidas	
  na	
  propriedade	
  alheia,	
  bem	
  como	
  um	
  dever	
  geral	
  de	
  
tolerância	
  ao	
  exercício	
  regular	
  do	
  direito	
  de	
  propriedade	
  alheia.	
  	
  
Observação2:	
   reitere-­‐se	
   que	
   o	
   professor	
   está	
   usando	
   o	
   exemplo	
   do	
   direito	
   de	
  
propriedade,	
  mas	
  poderia	
  ser	
  outro	
  direito	
  real.	
  	
  
A	
  conclusão	
  é	
  que	
  haveria	
  dessa	
  forma	
  um	
  sujeito	
  passivo;	
  contudo,	
  indeterminado,	
  
coletivo	
  e	
  universal.	
  	
  
Alguns	
  autores,	
  minoritariamente,	
  defendem	
  que	
  não	
  haveria	
  uma	
   relação	
   jurídica,	
  
mas	
  apenas	
  uma	
  situação	
  jurídica.	
  	
  
Situação	
   jurídica	
  é	
  a	
  posição	
   individualmente	
  considerada,	
  ou	
  seja,	
  a	
  posição	
  que	
  o	
  
sujeito	
   de	
   direito	
   individualmente	
   ocupa	
   é	
   uma	
   situação	
   jurídica.	
   Quando	
   houver	
   a	
  
correlação	
  de	
  situações	
   jurídicas	
  de	
  sujeitos	
  diferentes	
  a	
   relação	
  é	
  estabelecida	
  através	
  de	
  
um	
  vínculo.	
  	
  
Nesse	
   ponto,	
   para	
   alguns	
   autores,	
   num	
   primeiro	
   momento,	
   os	
   direitos	
   reais	
  
estabelecem	
  apenas	
   uma	
   situação	
   jurídica	
   individual	
   oponível	
   erga	
  omnes,	
  mas	
  que	
   só	
   se	
  
tornaria	
  uma	
  relação	
  jurídica	
  na	
  medida	
  em	
  que	
  o	
  sujeito	
  passivo	
  (alguém	
  da	
  coletividade)	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
5	
  
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viesse	
   a	
   estabelecer	
   um	
   vínculo	
   efetivo	
   com	
   o	
   titular	
   do	
   direito,	
   seja	
   um	
   vínculo	
   por	
   ato	
  
ilícito,	
   seja	
   por	
   negócio	
   jurídico.	
   Esses	
   autores	
   entendem	
   que	
   seria	
   mera	
   ficção	
   jurídica	
  
imaginar	
  que	
  alguém	
  que	
  sequer	
  conhece	
  o	
  titular	
  do	
  direito	
  real	
  estaria	
  sujeito	
  aos	
  efeitos	
  
da	
  propriedade	
  deste,	
  sem	
  saber	
  ao	
  menos	
  se	
  o	
  objeto	
  da	
  propriedade	
  existe	
  ou	
  se	
  o	
  titular	
  
do	
  direito	
  existe.	
  Nesse	
  momento,	
  existiria	
  somente	
  uma	
  situação	
  individual	
  a	
  se	
  considerar	
  
e	
   que	
   poderia	
   futuramente	
   ser	
   oposta	
   a	
   quem	
   viesse	
   com	
   o	
   titular	
   do	
   direito	
   real	
   se	
  
relacionar.	
  	
  
Não	
  obstante	
  isso,	
  a	
  posição	
  majoritária	
  enxerga	
  nesse	
  contexto	
  uma	
  relação	
  jurídica,	
  
porém	
   uma	
   relação	
   jurídica	
   de	
   caráter	
   absoluto	
   que	
   tem	
   como	
   sujeito	
   passivo	
   toda	
   a	
  
coletividade	
  e	
  a	
  quem	
  se	
  impõe	
  o	
  dever	
  geral	
  de	
  conduta,	
  conferindo-­‐se	
  eficácia	
  erga	
  omnes	
  
ao	
   direito	
   real.	
   Veja-­‐se,	
   portanto,	
   sua	
   diferença	
   em	
   relação	
   ao	
   direito	
   obrigacional,	
   que	
   é	
  
relação	
   jurídica	
  de	
  caráter	
   relativo,	
  pautada	
  na	
  pessoalidade,	
   sujeito	
  passivo	
  determinado,	
  
dever	
   individual	
   (débito	
   –	
   dever	
   de	
   prestação)	
   e	
   eficácia	
   inter	
   partes.	
   Nessa	
   perspectiva,	
  
estruturalmente,	
   a	
   relação	
   de	
   direito	
   obrigacional	
   e	
   a	
   relação	
   de	
   direito	
   real	
   são	
  
diametralmente	
  opostas.	
  	
  
Ocorre,	
   no	
   entanto,	
   que,	
   para	
   que	
   essa	
   relação	
   jurídica	
   tenha	
   caráter	
   absoluto,	
  
abrangendo	
  no	
  polo	
  passivo	
  toda	
  a	
  coletividade,	
  é	
  indispensável	
  que	
  a	
  lei	
  tenha	
  tipificado	
  tal	
  
direito	
   e	
   reconhecido	
   a	
   ele	
   tais	
   características.	
   Não	
   poderiam	
   as	
   partes,	
   por	
  meio	
   de	
   sua	
  
autonomia	
  privada,	
  criar	
  modalidades	
  de	
  direitos	
  e	
  pretender	
  sujeitar	
  toda	
  a	
  coletividade	
  à	
  
eficácia	
  desses	
  direitos	
  atípicos.	
  	
  
Assim,	
  diferem	
  das	
  obrigações,	
  pelas	
  quais	
  permite-­‐se	
   constituir	
   contratos	
  atípicos,	
  
criando	
  modalidades	
  não	
  previstas	
  em	
   lei	
   (até	
  porque	
   seus	
  efeitos	
   ficarão	
  ordinariamente	
  
adstritos	
   às	
   próprias	
   partes).	
   Já	
   os	
   direitos	
   reais,	
   por	
   terem	
   oponibilidade	
   erga	
   omnes,	
  
sujeitando	
  toda	
  coletividade	
  no	
  polo	
  passivo,	
  precisam	
  ser	
  reconhecidos	
  anteriormente	
  pelo	
  
legislador	
  como	
  tendo	
  tal	
  característica.	
  Então,	
  é	
  a	
  lei	
  que	
  vai	
  conferir	
  ao	
  direito	
  a	
  qualidade	
  
de	
  direito	
  real,	
  não	
  a	
  vontade	
  das	
  partes	
  que	
  fará	
  isso.	
  	
  
À	
   vista	
   disso,	
   o	
   direito	
   é	
   de	
   natureza	
   real	
   se	
   a	
   lei	
   assim	
   conferir,	
   havendo,	
   pois,	
   a	
  
necessidade	
  de	
  se	
  observar	
  a	
  tipicidade.	
  	
  
Não	
  há	
  dúvida	
  de	
  que	
  os	
  direitos	
  reais	
  deverão	
  ser	
  típicos,	
  não	
  se	
  admitindo	
  direitos	
  
reais	
  não	
  previstos	
  na	
  norma.	
  Entretanto,	
  há	
  divergência	
  se	
  o	
  rol	
  do	
  artigo	
  1.225	
  do	
  CC/02	
  
seria	
   ou	
   não	
   um	
   rol	
   taxativo.	
   Há	
   consenso	
   quanto	
   à	
   tipicidade	
   dos	
   direitos	
   reais;	
   há,	
  
contudo,	
  dissenso	
  sobre	
  se	
  o	
  rol	
  do	
  artigo	
  1.225	
  do	
  CC/02	
  seria,	
  ou	
  não,	
  um	
  rol	
  taxativo.	
  	
  
Por	
   exemplo,	
   tal	
   artigo	
  não	
  menciona	
   a	
  posse	
  pura	
   e	
   simples.	
  Não	
  há	
   referência	
   à	
  
posse	
   como	
   direito	
   real.	
   Mas	
   predomina	
   na	
   doutrina	
   o	
   reconhecimento	
   da	
   posse	
   como	
  
sendo	
  um	
  dos	
  direitos	
  reais.	
  Em	
  que	
  pese	
  as	
  divergências,	
  a	
  posição	
  que	
  tem	
  prevalecido	
  é	
  a	
  
de	
  reconhecimento	
  da	
  posse	
  como	
  tendo	
  natureza	
   jurídica	
  de	
  direito	
  real	
  ou,	
  pelo	
  menos,	
  
600.03	
  
DireitoCivil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
6	
  
www.cursoenfase.com.br 
natureza	
  jurídica	
  mista,	
  podendo	
  ter	
  natureza	
  real.	
  Nessa	
  linha,	
  o	
  artigo	
  1.225	
  não	
  seria	
  um	
  
rol	
   taxativo,	
   ainda	
   que	
   os	
   direitos	
   reais	
   sejam	
   típicos,	
   pois	
   pode	
   ser	
   que	
   esses	
   direitos	
  
estejam	
  encartados	
  no	
  artigo	
  1.225	
  ou	
  previstos	
  em	
  outros	
  dispositivos	
   legais.	
  O	
   rol	
   seria,	
  
dessa	
   maneira,	
   exemplificativo,	
   e	
   não	
   taxativo.	
   Não	
   há	
   consenso	
   nessa	
   questão,	
  
principalmente	
  por	
  conta	
  da	
  natureza	
  jurídica	
  da	
  posse.	
  	
  
Em	
  suma,	
  em	
  linhas	
  gerais:	
  
1)	
  o	
  sujeito	
  ativo	
  tem	
  poder	
  imediato	
  sobre	
  a	
  res	
  (coisa),	
  daí	
  a	
  expressão	
  direito	
  das	
  
coisas	
  e	
  direitos	
  reais;	
  
2)	
  o	
  sujeito	
  ativo	
  tem	
  um	
  direito	
  oponível	
  erga	
  omnes,	
  já	
  que	
  todos	
  ocupariam	
  o	
  polo	
  
passivo	
  da	
  relação,	
  sendo	
  o	
  sujeito	
  passivo	
  indeterminado	
  (toda	
  coletividade);	
  	
  
3)	
  impõe-­‐se	
  à	
  coletividade	
  um	
  dever	
  geral	
  de	
  conduta,	
  dever	
  geral	
  de	
  abstração	
  e	
  de	
  
tolerância;	
  	
  
4)	
  a	
  relação	
  jurídica	
  que	
  se	
  forma	
  é	
  uma	
  relação	
  de	
  caráter	
  absoluto,	
  justamente	
  pela	
  
sujeição	
  de	
  outros	
  e	
  há	
  a	
  necessidade	
  de	
  atender	
  a	
  característica	
  da	
  tipicidade.	
  	
  
Com	
  base	
  em	
   tudo	
   isso,	
   há	
   três	
  outros	
   aspectos	
   a	
   se	
   considerar	
  nos	
  direitos	
   reais,	
  
que	
   são	
   características	
   que	
   podem	
   variar	
   um	
   pouco	
   em	
   relação	
   ao	
   direito	
   em	
   questão.	
  
Porém,	
   genericamente,	
   em	
   relação	
   ao	
   direito	
   de	
   propriedade,	
   há	
   nele	
   a	
   presença	
   de:	
  
aderência,	
  ambulatoriedade	
  e	
   sequela.	
   São	
   três	
  outras	
   características	
  que	
  ordinariamente,	
  
nos	
  direitos	
  obrigacionais,	
  não	
  existem.	
  	
  
ü Aderência	
  
O	
  direito	
  de	
  propriedade	
  adere	
  ao	
  objeto,	
  diferente	
  das	
  obrigações,	
  onde	
  se	
  tem	
  o	
  
direito	
  de	
  exigir,	
  de	
  cobrar	
  uma	
  pessoa	
  determinada	
  para	
  que	
  ela	
  cumpra	
  uma	
  prestação.	
  
Nos	
  direitos	
  reais,	
  o	
  direito	
  adere	
  ao	
  próprio	
  objeto	
  sobre	
  o	
  qual	
  se	
  exerce	
  o	
  poder.	
  Daí,	
  se	
  
esse	
  objeto	
  circular,	
  o	
  direito	
  do	
  seu	
  titular	
  o	
  acompanha	
  (ambulatoriedade/movimento).	
  	
  
ü Ambulatoriedade	
  
O	
  direito	
  adere	
  à	
  coisa	
  e	
  acompanha	
  a	
  coisa.	
  Em	
  sede	
  de	
  obrigações	
  propter	
  rem,	
  a	
  
ambulatoriedade	
  adere	
  ao	
  direito	
  sobre	
  a	
  coisa	
  e	
  acompanha	
  o	
  direito	
  e	
  não	
  a	
  coisa	
  em	
  si.	
  
Em	
   sede	
  de	
  direito	
   real,	
   este	
   adere	
   à	
   coisa	
   e	
  acompanha	
  a	
   coisa.	
   E	
   porque	
   acompanha	
   a	
  
coisa,	
  nela	
  se	
  esgota,	
  de	
  maneira	
  tal	
  que	
  se	
  ela	
  desaparecer,	
  o	
  direito	
  sobre	
  ela	
  desaparece.	
  
Se	
   a	
   coisa	
   perecer,	
   se	
   extinguir,	
   o	
   direito	
   real	
   constituído	
   sobre	
   ela	
   perece	
   e	
   se	
   extingue.	
  
Existe	
  exceção:	
  o	
  fato	
  de	
  alguns	
  direitos	
  serem	
  dotados	
  de	
  sub-­‐rogação	
  real,	
  mas	
  tal	
  exceção	
  
apenas	
  confirma	
  a	
  regra.	
  	
  
Exemplo:	
   a	
   hipoteca	
   que	
   pode	
   se	
   sub-­‐rogar	
   na	
   indenização	
   ou	
   na	
   cobertura	
  
securitária,	
   se	
   houver.	
   Daí	
   haveria	
   uma	
   substituição	
   da	
   garantia,	
   que	
   era	
   a	
   coisa,	
   pela	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
7	
  
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indenização	
  paga	
  pela	
  coisa.	
  Mas	
  vale	
  dizer	
  que,	
  a	
  rigor,	
  perecendo	
  o	
  objeto,	
  o	
  direito	
  que	
  a	
  
esse	
  objeto	
  aderiu	
  e	
  que	
  sobre	
  esse	
  objeto	
  especificamente	
  recaia	
  deixa	
  de	
  existir.	
  	
  
ü Sequela	
  
A	
  sequela	
  consiste	
  no	
  poder	
  de	
  reivindicar	
  a	
  coisa,	
  de	
  reaver	
  a	
  coisa,	
  de	
  perseguir	
  a	
  
coisa	
   com	
   quem	
   quer	
   que	
   esteja,	
   dando,	
   aliás,	
   esse	
   viés	
   de	
   oponibilidade	
   erga	
   omnes.	
   É	
  
possível	
  que	
  se	
  persiga	
  a	
  coisa,	
  que	
  se	
  haja	
  de	
  quem	
  a	
  injustamente	
  a	
  possua	
  ou	
  detenha.	
  A	
  
sequela	
  proporciona	
  ao	
  titular	
  do	
  direito	
  essa	
  oponibilidade/eficácia	
  erga	
  omnes	
  (parte	
  final	
  
do	
  artigo	
  1228).	
  	
  
Observação:	
  esse	
  poder	
  de	
  sequela,	
  embora	
  previsto	
  no	
  artigo	
  1.228	
  para	
  o	
  direito	
  
de	
  propriedade,	
  estende-­‐se	
  a	
  outros	
  direitos	
   reais	
  que	
  sejam	
   igualmente	
  compatíveis	
   com	
  
essa	
   ideia.	
   Quer	
   dizer,	
   outros	
   direitos	
   reais	
   também	
   são	
   dotados	
   de	
   possibilidade	
   de	
  
persecução	
  e	
  reivindicação.	
  	
  
Havia	
  uma	
   ideia	
  ultrapassada	
  de	
  que	
  a	
  reivindicatio	
   só	
  caberia	
  ao	
  proprietário,	
  mas	
  
como	
   se	
   disse,	
   essa	
   ideia	
   não	
   é	
  mais	
   a	
   que	
   predomina.	
   A	
   ideia	
   prevalente	
   é	
   a	
   de	
   que	
   os	
  
direitos	
   reais,	
   uma	
   vez	
   dotados	
   de	
   sequela,	
   possibilitam	
   ao	
   seu	
   titular	
   esse	
   tipo	
   de	
  
persecução	
   da	
   coisa,	
   mesmo	
   que	
   o	
   fundamento	
   eventualmente	
   seja	
   o	
   direito	
   real	
   de	
  
aquisição,	
   de	
  usufruto	
  ou	
  de	
   superfície	
   e,	
   não	
  necessariamente,	
   o	
  direito	
  de	
  propriedade.	
  
Portanto,	
  é	
  factível	
  perseguir	
  a	
  coisa	
  de	
  quem	
  injustamente	
  a	
  possua	
  ou	
  a	
  detenha	
  através	
  
de	
  uma	
  ação	
  de	
  natureza	
  real	
  (reipersecutória),	
  mesmo	
  que	
  não	
  seja	
  proposta	
  pelo	
  titular	
  da	
  
propriedade	
  em	
  si,	
  mas	
  sim	
  de	
  um	
  outro	
  direitoreal	
  que	
  possibilita	
  ao	
  titular	
  reaver	
  a	
  coisa.	
  	
  
Vale	
   repisar:	
   aderência,	
   ambulatoriedade	
   e	
   sequela	
   são	
   características	
   que	
   não	
   se	
  
encontram	
  presentes	
   nas	
   obrigações.	
  Quando	
  muito,	
   na	
   obrigação	
  propter	
   rem	
   é	
   possível	
  
enxergar	
  a	
  aderência	
  e	
  a	
  ambulatoriedade.	
  	
  
	
  
3.	
  Da	
  Posse	
  (1.196	
  a	
  1.224	
  do	
  CC/02)	
  
A	
  posse	
  é	
   tratada	
  a	
  partir	
  do	
   título	
   I,	
  do	
  Livro	
   III,	
  da	
  Parte	
  Especial	
  do	
  Código	
  Civil,	
  
entre	
  os	
  artigos	
  1.196	
  a	
  1.224.	
  	
  
Art.	
  1.196.	
  Considera-­‐se	
  possuidor	
  todo	
  aquele	
  que	
  tem	
  de	
  fato	
  o	
  exercício,	
  pleno	
  ou	
  não,	
  
de	
  algum	
  dos	
  poderes	
  inerentes	
  à	
  propriedade.	
  
Pela	
  leitura	
  do	
  dispositivo	
  depreende-­‐se	
  a	
  possibilidade	
  de	
  se	
  ter	
  apenas	
  em	
  parte	
  os	
  
poderes	
   da	
   propriedade.	
   Então,	
   aquele	
   que	
   de	
   fato	
   tem	
   sobre	
   a	
   coisa	
   ao	
  menos	
   um	
   dos	
  
poderes	
  inerentes	
  à	
  propriedade,	
  seja	
  no	
  todo	
  ou	
  em	
  parte,	
  será	
  considerado	
  possuidor.	
  	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
8	
  
www.cursoenfase.com.br 
A	
   título	
   de	
   antecipação,	
   para	
   a	
   caracterização	
   da	
   posse,	
   o	
   artigo	
   1.196	
   ainda	
   é	
  
incompleto,	
  porque	
  não	
  traz	
  todos	
  os	
  caracteres	
  para	
  que	
  se	
  possa	
  identificar	
  o	
  possuidor.	
  
Assim,	
  é	
  necessário	
  complementar	
  tal	
  preceito	
  com	
  o	
  que	
  dispõe	
  o	
  artigo	
  1.204:	
  	
  
Art.	
  1.204.	
  Adquire-­‐se	
  a	
  posse	
  desde	
  o	
  momento	
  em	
  que	
  se	
  torna	
  possível	
  o	
  exercício,	
  em	
  
nome	
  próprio,	
  de	
  qualquer	
  dos	
  poderes	
  inerentes	
  à	
  propriedade.	
  
	
  Ao	
  se	
  fazer	
  um	
  paralelo	
  entre	
  o	
  artigo	
  1.196	
  e	
  o	
  artigo	
  1.204,	
  há	
  um	
  elemento	
  neste	
  
que	
  não	
  se	
  encontra	
  presente	
  naquele,	
  que	
  é	
  o	
  “em	
  nome	
  próprio”.	
  Note-­‐se:	
  o	
  indivíduo	
  só	
  
será	
  considerado	
  possuidor	
  se	
  o	
  exercer	
  em	
  nome	
  próprio.	
  Então,	
  a	
  definição	
  de	
  posse	
  passa	
  
pela	
  análise	
  desses	
  dois	
  artigos.	
  	
  
A	
  par	
  dessas	
  premissas,	
  a	
  posse	
  pode	
  ser	
  definida	
  como	
  sendo	
  o	
  exercício	
  de	
  fato	
  em	
  
nome	
  próprio,	
  no	
  todo	
  ou	
  em	
  parte,	
  de	
  qualquer	
  dos	
  poderes	
  inerentes	
  à	
  propriedade,	
  isto	
  
é,	
  o	
  uso,	
  a	
  fruição	
  ou	
  a	
  disposição.	
  Verifica-­‐se	
  por	
  tal	
  definição	
  que	
  a	
  posse	
  confere	
  ao	
  seu	
  
titular	
   poder	
   imediato	
   sobre	
   a	
   coisa.	
   Aliás,	
   o	
   poder	
   imediato	
   sobre	
   a	
   coisa	
   é	
   que	
   faz	
   o	
  
indivíduo	
  ser	
  possuidor.	
  Se	
  não	
  houver	
  esse	
  poder	
  sobre	
  a	
  coisa,	
  o	
  sujeito	
  não	
  é	
  possuidor.	
  O	
  
que	
  caracteriza	
  o	
  indivíduo	
  o	
  possuidor	
  é	
  o	
  exercício	
  desse	
  poder	
  em	
  nome	
  próprio.	
  	
  
A	
  partir	
  dessa	
  definição	
  é	
  possível	
  extrair	
  os	
  caracteres.	
  	
  
Ø Quais	
   os	
   caracteres,	
   os	
   requisitos	
   para	
   que	
   se	
   reconheça	
   a	
   posse?	
  Quais	
   os	
  
requisitos	
  para	
  que	
  se	
  reconheça	
  o	
  sujeito,	
  a	
  qualidade	
  de	
  possuidor?	
  	
  
	
  
3.1.	
  Caracteres	
  da	
  posse	
  
Os	
   caracteres	
   da	
   posse	
   variarão	
   conforme	
   a	
   teoria	
   adotada.	
  Quer	
   dizer,	
   de	
   acordo	
  
com	
  a	
  teoria	
  acolhida	
  é	
  possível	
  ter	
  diferentes	
  requisitos	
  caracterizadores	
  da	
  posse.	
  O	
  código	
  
de	
   1916,	
   por	
   exemplo,	
   não	
   era	
  muito	
   claro	
   a	
   respeito	
   de	
   qual	
   teoria	
   teria	
   abraçado,	
   pois	
  
além	
  do	
  poder	
  exercido	
  em	
  nome	
  próprio,	
  havia	
  referências	
  à	
  necessidade	
  do	
  animus	
  domini	
  
(intenção	
  de	
  ser	
  o	
  dono	
  da	
  coisa)	
  como	
  sendo	
  também	
  um	
  elemento	
  caracterizador,	
  o	
  que	
  
levava	
  a	
  doutrina	
  e	
  a	
   jurisprudência	
  a	
  divergir	
  se	
  o	
  Código	
  de	
  1916	
  teria	
  se	
  filiado	
  à	
  teoria	
  
subjetiva	
  ou	
  à	
  teoria	
  objetiva	
  da	
  posse.	
  	
  
Em	
  seguida,	
  aborda-­‐se	
  as	
  duas	
  teorias,	
  mas	
  importa	
  frisar	
  de	
  antemão	
  que	
  o	
  Código	
  
de	
  2002	
  já	
  resolveu	
  a	
  questão.	
  	
  	
  
	
  
• Teoria	
  subjetiva	
  de	
  Savigny	
  
A	
  teoria	
  subjetiva	
  atribuída	
  a	
  Savigny	
  estabelecia	
  como	
  caracteres:	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
9	
  
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1)	
   Corpus,	
   assim	
   compreendido	
   como	
   poder	
   físico	
   sobre	
   a	
   coisa	
   e	
   exercido	
   pelo	
  
próprio	
  possuidor	
  ou	
  por	
  preposto	
  seu	
  como	
  longa	
  manus.	
  	
  
Segundo	
  o	
  professor,	
  essa	
  questão	
  do	
  poder	
  físico	
  é	
  complicada	
  porque	
  geralmente	
  
levaria	
  a	
  uma	
  ausência	
  de	
  posse	
  se	
  ninguém	
  estiver	
  exercendo	
  momentaneamente	
  o	
  poder	
  
sobre	
  a	
  coisa,	
  nem	
  pessoalmente,	
  nem	
  através	
  de	
  preposto.	
  Criava,	
  pois,	
  hiatos	
  de	
  poder.	
  	
  
	
  
2)	
  Animus	
  Domini,	
  ou	
  seja,	
  o	
  exercício	
  da	
  posse	
  com	
  a	
  intenção	
  de	
  dono.	
  	
  
Ø Mas	
  o	
  que	
  é	
  exercer	
  a	
  posse	
  com	
  a	
  intenção	
  de	
  dono?	
  	
  
Resposta:	
  antes	
  é	
  preciso	
  deixar	
  claro	
  que	
  exercer	
  a	
  posse	
  com	
  o	
  desejo	
  de	
  ser	
  dono	
  
é	
  outra	
  coisa,	
  não	
  abarcada	
  pelo	
  âmbito	
  jurídico.	
  	
  
Exemplo:	
   o	
   professor	
   foi	
   fazer	
   uma	
   viagem	
   à	
   Itália	
   e	
   resolveu	
   alugar	
   um	
   daqueles	
  
carros	
  conversíveis	
  para	
  fazer	
  um	
  passeio	
  em	
  Toscana,	
  mas	
  ele	
  possui	
  um	
  enorme	
  desejode	
  
ser	
  dono	
  daquele	
  carro.	
  Porém,	
  esse	
  desejo	
  é	
  absolutamente	
  irrelevante,	
  uma	
  vez	
  que	
  não	
  
passa	
   disto:	
   desejo.	
   No	
   comportamento	
   no	
   professor	
   não	
   está	
   o	
   exercício	
   objetivo	
   da	
  
intenção	
  de	
  dono,	
  o	
  exercício	
  exterior	
  da	
  qualidade	
  de	
  dono.	
  	
  
Ø Qual	
  é	
  esse	
  exercício	
  exterior	
  da	
  qualidade	
  de	
  dono	
  que	
  vai	
  abarcar	
  o	
  desejo	
  
do	
  animus	
  domini?	
  	
  
Resposta:	
  o	
  comportamento	
  exterior	
  que	
  vai	
   ser	
  o	
  divisor	
  entre	
  o	
  mero	
  desejo	
  e	
  o	
  
animus	
  domini	
  é	
  o	
  comportamento	
  que	
  os	
  mais	
  experimentados	
  viam	
  num	
  comercial	
  de	
  TV,	
  
que	
  mostrava	
  uma	
  tesourinha	
  que	
  uma	
  das	
  crianças	
  segurava	
  e	
  dizia:	
  –	
  eu	
  tenho	
  e	
  você	
  não	
  
tem.	
  Ou	
  seja,	
  a	
  ideia	
  é	
  justamente	
  essa,	
  a	
  excludendi	
  alios,	
  exclui-­‐se	
  todas	
  as	
  pessoas	
  porque	
  
um	
  tem	
  e	
  os	
  outros.	
  	
  
Desse	
  modo,	
  animus	
  domini	
  é	
  o	
  comportamento	
  exterior	
  de	
  exclusão	
  de	
  todos.	
  No	
  
exemplo	
   do	
   aluguel	
   do	
   automóvel,	
   o	
   professor	
   não	
   adotou	
   o	
   comportamento	
   excludendi	
  
alios	
   por	
   uma	
   razão	
   simples:	
   ele	
   reconheceu	
   o	
   direito	
   do	
   locador,	
   uma	
   vez	
   que	
   pagou	
   os	
  
alugueis	
  e	
  observou	
  as	
  regras	
  do	
  jogo.	
  Com	
  isso,	
  não	
  há	
  exclusão	
  do	
  direito	
  do	
  locador,	
  pelo	
  
contrário,	
  há	
  reconhecimento	
  do	
  direito.	
  Se	
  houver	
  o	
  reconhecimento	
  do	
  direito	
  do	
  dono,	
  
não	
   há	
   animus	
   domini,	
   e	
   sim	
   posse	
   precária.	
   A	
   posição	
   de	
   poder	
   é	
   limitada	
   no	
  
reconhecimento	
  do	
  direito	
  do	
  outro	
  sobre	
  a	
  coisa.	
  	
  
É	
  fundamental	
  que	
  se	
  tenha	
  o	
  comportamento	
  objetivo	
  excludente	
  representativo	
  do	
  
animus	
  domini,	
  pois	
  senão	
  fica	
  no	
  campo	
  do	
  desejo,	
  o	
  desejo	
  interno	
  sem	
  eficácia	
  jurídica.	
  
Portanto,	
  é	
  preciso	
  do	
  corpus	
  e	
  do	
  animus	
  domini.	
  
A	
  teoria	
  subjetiva	
  de	
  Savigny	
  acabava	
  por	
  excluir	
  a	
  posse	
  precária,	
  pois	
  esta,	
  à	
  luz	
  de	
  
tal	
   teoria,	
   não	
   é	
   posse,	
  mas	
  mera	
   detenção.	
   Isso	
   porque	
   se	
   o	
   indivíduo	
   exerce	
   poder	
   por	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
10	
  
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derivação	
   negocial	
   do	
   direito	
   do	
   outro	
   e	
   respeitando	
   o	
   direito	
   dentro	
   de	
   dado	
   contexto	
  
negocial,	
  o	
  outro	
  é	
  possuidor	
  e	
  você	
  mero	
  detentor,	
  equiparando-­‐se	
  a	
  um	
   longa	
  manus	
  do	
  
outro.	
   Essa	
   posição	
   da	
   teoria	
   subjetiva	
   colocava	
   no	
   mesmo	
   pacote	
   o	
   locatário,	
   o	
  
comodatário,	
   o	
   empregado,	
   visto	
   que	
   todos	
   eram	
   equiparados	
   a	
   meros	
   detentores,	
   na	
  
medida	
   em	
   que	
   a	
   ausência	
   de	
   animus	
   domini	
   dessas	
   pessoas	
   os	
   fazia	
   como	
   tal.	
  
Consequentemente,	
   locatário,	
   comodatário,	
   depositários,	
   usufrutuários	
   não	
   tinham	
   tutela	
  
possessória,	
  pois	
  tal	
  tutela	
  seria	
  em	
  favor	
  do	
  dono.	
  Eles	
  tinham	
  no	
  máximo	
  legítima	
  defesa	
  
de	
   terceiro,	
   a	
  possibilidade	
  de	
  exercer	
  uma	
  autotutela	
  em	
   favor	
  de	
   terceiro,	
  uma	
   legítima	
  
defesa	
  em	
  favor	
  de	
  terceiro.	
  
Essa	
   posição,	
   por	
   conta	
   do	
  Código	
   de	
   1916,	
   contaminou	
   a	
   jurisprudência	
   brasileira	
  
durante	
  muito	
   tempo,	
   tanto	
  que	
  até	
  hoje	
  existem	
  decisões	
   judiciais	
  que	
  são	
   reflexo	
  disso,	
  
dizendo	
  que	
  a	
  posse	
  precária	
  não	
  é	
  posse,	
  mas	
  mera	
  detenção.	
  Mas,	
  explica	
  o	
  professor,	
  que	
  
a	
  posse	
  precária	
  só	
  é	
  mera	
  detenção	
  para	
  a	
  teoria	
  subjetiva	
  (Savigny),	
  pois	
  posse	
  precária	
  é	
  
posse	
  de	
  quem	
  não	
  tem	
  animus.	
  Por	
  conseguinte,	
  se	
  o	
  animus	
  é	
  um	
  caractere	
  indispensável,	
  
então	
  quem	
  não	
  o	
  tem	
  não	
  é	
  possuidor,	
  mas	
  mero	
  detentor.	
  	
  
Não	
   há	
   nenhuma	
   referência	
   à	
   teoria	
   subjetiva	
   entre	
   os	
   artigos	
   1.196	
   a	
   1.224	
   do	
  
Código	
   de	
   2002.	
   Em	
   outras	
   palavras,	
   observando-­‐se	
   os	
   artigos	
   1.196	
   e	
   1.204	
   não	
   há	
   a	
  
presença	
  de	
  nenhum	
  elemento	
  subjetivo.	
  	
  
Importa	
  dizer	
  que	
  exercício	
  “em	
  nome	
  próprio”	
  não	
  é	
  exercício	
  com	
  animus	
  domini,	
  
pois	
   o	
   legislador	
   quis	
   dizer	
   que	
   se	
   deve	
   exercer	
   em	
   proveito	
   próprio	
   e	
   não	
   com	
   a	
   coisa	
  
própria.	
  Em	
  nome	
  próprio	
  significa	
  que	
  o	
  sujeito	
  não	
  está	
  cumprindo	
  ordens,	
  mas	
  exercendo	
  
por	
  direito	
  próprio.	
  
Ø Esse	
  direito	
  próprio	
  precisa	
  ser	
  pleno	
  como	
  dono?	
  
Resposta:	
  não	
  necessariamente,	
  tanto	
  que	
  o	
  próprio	
  artigo	
  1.196	
  diz	
  que	
  pode	
  ser	
  o	
  
exercício	
   pleno,	
   ou	
   não,	
   contanto	
   que	
   se	
   exerça	
   não	
   como	
   servo	
   ou	
   empregado,	
  mas	
   se	
  
exerça	
  por	
  direito	
  próprio.	
  É	
  o	
  que	
  acontece	
  com	
  o	
  locatário,	
  dentro	
  das	
  regras	
  contratuais,	
  
mas	
   com	
   direito	
   próprio.	
   Tanto	
   é	
   assim	
   que	
   o	
   locatório	
   pode	
   expulsar	
   o	
   locador	
   que	
  
abusivamente	
  tenta	
  esbulhar	
  a	
  posse.	
  O	
  comodatário	
  exerce	
  por	
  direito	
  próprio,	
  até	
  porque	
  
ele	
   pode	
   se	
   insurgir	
   contra	
   uma	
   ação	
   de	
   reintegração,	
   já	
   que	
   o	
   contrato	
   lhe	
   assegura	
   o	
  
direito	
  de	
  continuar	
  na	
  posse	
  até	
  o	
  término	
  do	
  prazo	
  determinado.	
  Ou	
  seja,	
  os	
  direitos	
  são	
  
exercidos	
  em	
  nome	
  próprio,	
  apesar	
  de	
  não	
  serem	
  exercidos	
  como	
  dono.	
  	
  
Ø Qual	
  direito?	
  	
  
Resposta:	
  o	
  direito	
  de	
  posse	
  (do	
  direito	
  decorrente	
  da	
  relação	
  jurídica	
  que	
  no	
  caso	
  se	
  
estabeleceu).	
  Daí	
  se	
  reconhece	
  que	
  o	
  Código	
  atual	
  adotoua	
  teoria	
  objetiva	
  da	
  posse.	
  	
  
	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
11	
  
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• Teoria	
  objetiva	
  (Ihering)	
  	
  
Pela	
  teoria	
  objetiva,	
  os	
  caracteres	
  da	
  posse	
  seriam:	
  	
  
1)	
  corpus,	
  só	
  que	
  aqui	
  o	
  corpus	
  precisa	
  ser	
  mais	
  elástico,	
  porque	
  se	
  for	
  o	
  poder	
  físico	
  
exercido	
   pelo	
   próprio	
   indivíduo	
   ou	
   através	
   de	
   longa	
   manus,	
   isso	
   inviabiliza	
   que	
   o	
   dono	
  
continue	
   possuidor,	
   enquanto	
   o	
   locatário	
   o	
   é.	
   Isso	
   impossibilitaria	
   que	
   o	
   comodante	
  
continue	
  possuidor,	
  enquanto	
  o	
  comodatário	
  o	
  seja.	
  	
  
Então,	
  o	
  corpus	
  tem	
  que	
  ser	
  mais	
  elástico	
  para	
  abranger	
  também	
  a	
  possibilidade	
  de	
  
posse	
  indireta.	
  Com	
  isso,	
  passa	
  a	
  ser	
  o	
  poder	
  físico	
  (posse	
  direta)	
  e/ou	
  poder	
  jurídico	
  (posse	
  
indireta).	
   Se	
   houver	
   ao	
   menos	
   um	
   dos	
   poderes	
   inerentes	
   à	
   propriedade	
   e	
   for	
   possível	
  
exercê-­‐lo	
   de	
   forma	
   plena,	
   ou	
   não,	
   fisicamente	
   ou	
   juridicamente,	
   o	
   sujeito	
   é	
   possuidor.	
  
Assim,	
  é	
  possível	
  ser	
  possuidor	
  por	
  conta	
  da	
  presença	
  do	
  poder	
  físico	
  (posse	
  direta)	
  ou	
  do	
  
poder	
  jurídico	
  (posse	
  indireta).	
  	
  
Art.	
  1.197.	
  A	
  posse	
  direta,	
  de	
  pessoa	
  que	
  tem	
  a	
  coisa	
  em	
  seu	
  poder,	
  temporariamente,	
  
em	
  virtude	
  de	
  direito	
  pessoal,	
  ou	
  real,	
  não	
  anula	
  a	
  indireta,	
  de	
  quem	
  aquela	
  foi	
  havida,	
  
podendo	
  o	
  possuidor	
  direto	
  defender	
  a	
  sua	
  posse	
  contra	
  o	
  indireto.	
  
Em	
  suma,	
   tanto	
  o	
  possuidor	
  direto	
  é	
  tido	
  por	
  possuidor	
   (já	
  que	
  pode	
  exercer	
  a	
  sua	
  
posse	
  contra	
  o	
  possuidor	
  indireto),	
  como	
  o	
  possuidor	
  indireto	
  não	
  perde	
  a	
  posse,	
  visto	
  que	
  o	
  
artigo	
   diz	
   que	
   exercer	
   o	
   poder	
   físico	
   não	
   anula	
   a	
   posse	
   indireta,	
   caso	
   essa	
   cessão	
   seja	
  
temporária	
  e	
  com	
  dever	
  de	
  restituição.	
  Em	
  remate,	
  passa-­‐se	
  a	
  ter	
  um	
  corpus	
  mais	
  elástico.	
  	
  
2)	
  Affectio	
  Tenendi,	
   que	
  é	
  o	
  que	
  Caio	
  Mário	
   chama	
  de	
  exercício	
  em	
  nome	
  próprio,	
  
não	
   o	
   ânimo	
   de	
   dono,	
   diferenciando-­‐o	
   do	
   fâmulo	
   da	
   posse	
   ou	
   servo	
   da	
   posse.	
   Assim,	
   é	
  
aquele	
  mero	
  longa	
  manus	
  de	
  outrem.	
  	
  
Art.	
  1.198.	
  Considera-­‐se	
  detentor	
  aquele	
  que,	
  achando-­‐se	
  em	
  relação	
  de	
  dependência	
  
para	
  com	
  outro,	
  conserva	
  a	
  posse	
  em	
  nome	
  deste	
  e	
  em	
  cumprimento	
  de	
  ordens	
  ou	
  
instruções	
  suas.	
  
O	
   indivíduo	
   desse	
   dispositivo	
   não	
   é	
   o	
   locatário,	
   não	
   é	
   o	
   comodatário,	
   não	
   é	
   o	
  
usufrutuário,	
   tampouco	
   o	
   depositário.	
   Em	
   relação	
   ao	
   depositário	
   existe	
   uma	
   divergência,	
  
mas	
  o	
  entendimento	
  predominante	
  é	
  de	
  que	
  não	
  seja.	
  Eles	
  não	
  são	
  porque	
  não	
  exercem	
  a	
  
posse	
  por	
  ordens	
  ou	
   instruções	
  do	
  outro	
  ou	
  em	
  nome	
  do	
  outro.	
  Eles	
  exercem	
  a	
  posse	
  em	
  
nome	
   próprio,	
   para	
   proveito	
   próprio,	
   dentro	
   de	
   um	
   contexto	
   negocial	
   em	
   razão	
   de	
   um	
  
direito	
   pessoal	
   (exemplo:	
   locação,	
   comodato)	
   ou	
   em	
   razão	
   de	
   um	
   direito	
   real	
   (exemplo:	
  
usufruto,	
   uso,	
   habitação)	
   concedido	
  por	
  desdobramento	
  da	
  posse,	
   o	
  que	
  permite	
  que	
  um	
  
exerça	
   a	
   posse	
   direta,	
   enquanto	
   o	
   outro	
   conserva	
   a	
   posse	
   indireta.	
   Tem-­‐se,	
   aqui,	
   uma	
  
situação	
  em	
  que	
  há	
  dois	
  possuidores	
  sobre	
  a	
  mesma	
  coisa	
  e	
  ao	
  mesmo	
  tempo.	
  	
  
Ø O	
  que	
  é	
  isso?	
  	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
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Resposta:	
  não	
  é	
  composse.	
  Composse	
  ocorre	
  quando	
  há	
  duas	
  pessoas	
  exercendo	
  a	
  
mesma	
  posse,	
  ao	
  mesmo	
  tempo,	
  sobre	
  a	
  mesma	
  coisa.	
  Como	
  no	
  caso	
  acima	
  as	
  posses	
  não	
  
são	
   as	
   mesmas,	
   uma	
   direta	
   e	
   outra	
   indireta,	
   tem-­‐se	
   a	
   posse	
   paralela.	
   Os	
   poderes	
   são	
  
diferentes.	
  Não	
  se	
  trata	
  da	
  posse	
  com	
  os	
  mesmos	
  elementos	
  de	
  poder,	
  visto	
  que	
  são	
  posses	
  
diferentes.	
  Uma	
  contém	
  o	
  poder	
  físico	
  enquanto	
  a	
  outra	
  conserva	
  o	
  poder	
  jurídico.	
  	
  
Eles	
   exercem	
   simultaneamente	
   sobre	
   a	
   mesma	
   coisa,	
   mas	
   não	
   detêm	
   os	
   mesmos	
  
poderes.	
  Na	
  composse	
   (artigo	
  1.199),	
   tem-­‐se	
  sobre	
  o	
  mesmo	
  objeto	
   indiviso	
  mais	
  de	
  uma	
  
pessoa	
  exercendo	
  a	
  mesma	
  posse.	
  	
  
Exemplo:	
   dois	
   locatários	
   é	
   uma	
   composse	
   sobre	
   uma	
   posse	
   direta.	
   Dois	
   locadores	
  
possuem	
  composse	
  em	
  relação	
  à	
  posse	
  indireta.	
  	
  
Parágrafo	
  único.	
  Aquele	
  que	
  começou	
  a	
  comportar-­‐se	
  do	
  modo	
  como	
  prescreve	
  este	
  
artigo,	
  em	
  relação	
  ao	
  bem	
  e	
  à	
  outra	
  pessoa,	
  presume-­‐se	
  detentor,	
  até	
  que	
  prove	
  o	
  
contrário.	
  
Síntese:	
  	
  
1)	
   duas	
   posses	
   simultâneas	
   sobre	
   a	
   mesma	
   coisa,	
   porém	
   com	
   qualidades	
   ou	
  
características	
  diferentes:	
  posses	
  paralelas.	
  	
  
2)	
   duas	
   posses	
   paralelas	
   sobre	
   a	
   mesma	
   coisa	
   indivisa	
   e	
   qualitativamente	
   iguais:	
  
estado	
  de	
  composse.	
  
3)	
  a	
  conclusão	
  é	
  que	
  sou	
  possuidor	
  quando	
  tenho	
  corpus	
  somado	
  de	
  affectio	
  tenendi,	
  
não	
   sendo	
   preciso	
   que	
   setenha	
  animus	
   domini	
   para	
   seja	
   reconhecido	
   possuidor.	
   Logo,	
   o	
  
possuidor	
   direto	
   é	
   possuidor.	
   Logo,	
   a	
   posse	
   precária	
   é	
   posse,	
   embora	
   ela	
   tenha	
   alguns	
  
efeitos	
   diversos,	
   particulares.	
   Ela	
   não	
   é	
   uma	
   posse	
   por	
   uso	
   ad	
   usucapionem,	
   não	
   é	
   uma	
  
posse	
  autorizadora	
  de	
  usucapião.	
  Mas	
  isso	
  é	
  assunto	
  para	
  uma	
  outra	
  conversa.	
   Isso	
  é	
  uma	
  
discussão	
  a	
  ser	
  enfrentada	
  no	
  âmbito	
  do	
   ius	
  possidendi,	
  ou	
  seja,	
  para	
  saber	
  se	
  há,	
  no	
  caso,	
  
propriedade	
  ou	
  não.	
  	
  
Na	
   seara	
  meramente	
   possessória,	
   para	
   saber	
   se	
   alguém	
   é	
   possuir	
   ou	
   não,	
   basta	
   a	
  
affectio	
  tenendi,	
  basta	
  que	
  a	
  posse	
  seja	
  ad	
  interdicta.	
  Então	
  de	
  fato	
  a	
  posse	
  precária	
  não	
  é	
  
ad	
  usucapionem,	
  mas	
  é	
  ad	
  interdicta,	
  pois	
  ao	
  possuidor	
  precário	
  direto	
  se	
  confere	
  proteção	
  
possessória;	
  o	
  que	
  não	
  se	
  confere	
  é	
  usucapião.	
  	
  	
  
	
  
• Teoria	
  social	
  da	
  posse	
  
Na	
  verdade	
  várias	
  são	
  as	
  teorias	
  sociais,	
  mas	
  o	
  professor	
   irá	
  concentrar	
  a	
   lógica	
  em	
  
apenas	
  uma	
  delas.	
  Diversos	
  autores	
  sustentam	
  essa	
  teoria	
  social	
  da	
  posse.	
  Para	
  a	
  teoria	
  os	
  
caracteres	
  da	
  posse	
  são:	
  	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
13	
  
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1)	
   Corpus,	
   com	
   a	
   mesma	
   compreensão	
   de	
   corpus	
   que	
   se	
   reconhece	
   na	
   teoria	
  
objetiva;	
  	
  
2)	
   Affectio	
   tenendi,	
   com	
   a	
   mesma	
   ideia	
   de	
   exercício	
   em	
   nome	
   próprio	
   que	
   se	
  
reconhece	
  na	
  teoria	
  objetiva;	
  	
  
3)	
  Função	
  social	
  da	
  posse.	
  Para	
  as	
  teorias	
  sociais	
  da	
  posse,	
  melhor	
  posse	
  é	
  aquela	
  que	
  
cumpre	
   uma	
   função	
   social,	
   logo,	
   a	
   tutela	
   possessória	
   estaria	
   condicionada	
   ao	
  
reconhecimento	
   da	
   função	
   social.	
   Os	
   defensores	
   desta	
   teoria	
   encontram	
   fundamento	
   na	
  
própria	
  Constituição	
  Federal,	
  que,	
  ao	
  exigir	
  a	
  função	
  social	
  da	
  propriedade,	
  estaria	
  também	
  
exigindo	
   função	
   social	
   da	
   posse.	
   Então,	
   quando	
   no	
   artigo	
   5º	
   se	
   reconhece	
   o	
   direito	
   à	
  
propriedade	
  privada,	
  mas	
  se	
  exige	
  que	
  essa	
  propriedade	
  privada	
  cumpra	
  uma	
  função	
  social,	
  
ali	
  também	
  se	
  estaria	
  exigindo	
  que	
  a	
  posse	
  cumpra	
  uma	
  função	
  social.	
  
XXIII	
  -­‐	
  a	
  propriedade	
  atenderá	
  a	
  sua	
  função	
  social;	
  	
  
Observando-­‐se,	
   contudo,	
  a	
   letra	
  da	
   lei	
  no	
  âmbito	
  da	
   tutela	
  possessória	
   (que	
  vai	
  do	
  
artigo	
  1.196	
  ao	
  artigo	
  1.224	
  do	
  código	
  civil),	
  não	
  se	
  tem	
  referência	
  à	
  função	
  social.	
  Há	
  muita	
  
referência	
  sobre	
  função	
  social	
  no	
  código	
  civil,	
  mas	
  não	
  no	
  estudo	
  da	
  posse.	
  	
  
Não	
   obstante,	
   há	
   alusão	
   à	
   função	
   social	
   da	
   posse	
   no	
   estudo	
   da	
   propriedade.	
   Isso	
  
porque	
  a	
   função	
  social	
   irá	
  aparecer	
  como	
  um	
  acelerador	
  da	
  aquisição	
  da	
  propriedade,	
  um	
  
elemento	
  que	
  vai	
  facilitar	
  a	
  sua	
  aquisição.	
  Então,	
  no	
  campo	
  do	
  direito	
  petitório,	
  do	
  direito	
  de	
  
propriedade,	
  tem-­‐se	
  nos	
  §§	
  4º	
  e	
  5º	
  do	
  artigo	
  1.228	
  do	
  CC	
  referência	
  à	
  função	
  social	
  da	
  posse	
  
como	
   justa	
   causa	
   para	
   a	
   expropriação	
   social.	
   Portanto,	
   os	
   §§	
   4º	
   e	
   5º	
   do	
   artigo	
   1.228	
   vão	
  
fazer	
  referência	
  à	
  função	
  social	
  da	
  posse	
  como	
  requisito	
  para	
  a	
  expropriação	
  social.	
  	
  
§	
  4o	
  O	
  proprietário	
  também	
  pode	
  ser	
  privado	
  da	
  coisa	
  se	
  o	
  imóvel	
  reivindicado	
  consistir	
  
em	
  extensa	
  área,	
  na	
  posse	
  ininterrupta	
  e	
  de	
  boa-­‐fé,	
  por	
  mais	
  de	
  cinco	
  anos,	
  de	
  
considerável	
  número	
  de	
  pessoas,	
  e	
  estas	
  nela	
  houverem	
  realizado,	
  em	
  conjunto	
  ou	
  
separadamente,	
  obras	
  e	
  serviços	
  considerados	
  pelo	
  juiz	
  de	
  interesse	
  social	
  e	
  econômico	
  
relevante.	
  
§	
  5o	
  No	
  caso	
  do	
  parágrafo	
  antecedente,	
  o	
  juiz	
  fixará	
  a	
  justa	
  indenização	
  devida	
  ao	
  
proprietário;	
  pago	
  o	
  preço,	
  valerá	
  a	
  sentença	
  como	
  título	
  para	
  o	
  registro	
  do	
  imóvel	
  em	
  
nome	
  dos	
  possuidores.	
  
No	
  parágrafo	
  único	
  do	
  artigo	
  1.238	
  do	
  CC,	
  tem-­‐se	
  referência	
  à	
  função	
  social	
  da	
  posse	
  
para	
   redução	
   do	
   prazo	
   da	
   usucapião,	
   ou	
   seja,	
   requisito	
   que	
   acelera	
   a	
   usucapião.	
   Há	
   de	
  
lembrar	
   que	
   usucapião	
   é	
   domínio,	
   não	
   é	
  mera	
   posse.	
   O	
   que	
   se	
   discute	
   é	
   a	
   aquisição	
   da	
  
propriedade.	
  Não	
  se	
  está	
  discutido	
  posse	
  pura	
  e	
  simples.	
  	
  
Art.	
  1.238.	
  Aquele	
  que,	
  por	
  quinze	
  anos,	
  sem	
  interrupção,	
  nem	
  oposição,	
  possuir	
  como	
  
seu	
  um	
  imóvel,	
  adquire-­‐lhe	
  a	
  propriedade,	
  independentemente	
  de	
  título	
  e	
  boa-­‐fé;	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
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podendo	
  requerer	
  ao	
  juiz	
  que	
  assim	
  o	
  declare	
  por	
  sentença,	
  a	
  qual	
  servirá	
  de	
  título	
  para	
  
o	
  registro	
  no	
  Cartório	
  de	
  Registro	
  de	
  Imóveis.	
  
Parágrafo	
  único.	
  O	
  prazo	
  estabelecido	
  neste	
  artigo	
  reduzir-­‐se-­‐á	
  a	
  dez	
  anos	
  se	
  o	
  possuidor	
  
houver	
  estabelecido	
  no	
  imóvel	
  a	
  sua	
  moradia	
  habitual,	
  ou	
  nele	
  realizado	
  obras	
  ou	
  
serviços	
  de	
  caráterprodutivo.	
  
No	
  artigo	
  1.239	
  do	
  CC,	
  por	
   sua	
  vez,	
   a	
   função	
   social	
  da	
  posse	
  é	
   fundamento	
  para	
  a	
  
usucapião	
  rural.	
  	
  
Art.	
  1.239.	
  Aquele	
  que,	
  não	
  sendo	
  proprietário	
  de	
  imóvel	
  rural	
  ou	
  urbano,	
  possua	
  como	
  
sua,	
  por	
  cinco	
  anos	
  ininterruptos,	
  sem	
  oposição,	
  área	
  de	
  terra	
  em	
  zona	
  rural	
  não	
  
superior	
  a	
  cinquenta	
  hectares,	
  tornando-­‐a	
  produtiva	
  por	
  seu	
  trabalho	
  ou	
  de	
  sua	
  família,	
  
tendo	
  nela	
  sua	
  moradia,	
  adquirir-­‐lhe-­‐á	
  a	
  propriedade.	
  
	
  
No	
  artigo	
  1.240,	
  a	
  função	
  social	
  é	
  fundamento	
  da	
  usucapião	
  urbana.	
  	
  
Art.	
  1.240.	
  Aquele	
  que	
  possuir,	
  como	
  sua,	
  área	
  urbana	
  de	
  até	
  duzentos	
  e	
  cinquenta	
  
metros	
  quadrados,	
  por	
  cinco	
  anos	
  ininterruptamente	
  e	
  sem	
  oposição,	
  utilizando-­‐a	
  para	
  
sua	
  moradia	
  ou	
  de	
  sua	
  família,	
  adquirir-­‐lhe-­‐á	
  o	
  domínio,	
  desde	
  que	
  não	
  seja	
  proprietário	
  
de	
  outro	
  imóvel	
  urbano	
  ou	
  rural.	
  
	
  
Ainda,	
  no	
  artigo	
  1.240-­‐A,	
  a	
  função	
  social	
  é	
  fundamento	
  da	
  usucapião	
  familiar.	
  	
  
Art.	
  1.240-­‐A.	
  Aquele	
  que	
  exercer,	
  por	
  2	
  (dois)	
  anos	
  ininterruptamente	
  e	
  sem	
  oposição,	
  
posse	
  direta,	
  com	
  exclusividade,	
  sobre	
  imóvel	
  urbano	
  de	
  até	
  250m²	
  (duzentos	
  e	
  
cinquenta	
  metros	
  quadrados)	
  cuja	
  propriedade	
  divida	
  com	
  ex-­‐cônjuge	
  ou	
  ex-­‐
companheiro	
  que	
  abandonou	
  o	
  lar,	
  utilizando-­‐o	
  para	
  sua	
  moradia	
  ou	
  de	
  sua	
  família,	
  
adquirir-­‐lhe-­‐á	
  o	
  domínio	
  integral,	
  desde	
  que	
  não	
  seja	
  proprietário	
  de	
  outro	
  imóvel	
  
urbano	
  ou	
  rural.	
  (Incluído	
  pela	
  Lei	
  nº	
  12.424,	
  de	
  2011)	
  
	
  
No	
  parágrafo	
  único	
  do	
  artigo	
  1.242,	
  a	
  função	
  social	
  é	
  requisito	
  para	
  redução	
  do	
  prazo	
  
na	
  usucapião	
  extraordinária.	
  	
  
Art.	
  1.242.	
  Adquire	
  também	
  a	
  propriedade	
  do	
  imóvel	
  aquele	
  que,	
  contínua	
  e	
  
incontestadamente,	
  com	
  justo	
  título	
  e	
  boa-­‐fé,	
  o	
  possuir	
  por	
  dez	
  anos.	
  
Parágrafo	
  único.	
  Será	
  de	
  cinco	
  anos	
  o	
  prazo	
  previsto	
  neste	
  artigo	
  se	
  o	
  imóvel	
  houver	
  sido	
  
adquirido,	
  onerosamente,	
  com	
  base	
  no	
  registro	
  constante	
  do	
  respectivo	
  cartório,	
  
cancelada	
  posteriormente,	
  desde	
  que	
  os	
  possuidores	
  nele	
  tiverem	
  estabelecido	
  a	
  sua	
  
moradia,	
  ou	
  realizado	
  investimentos	
  de	
  interesse	
  social	
  e	
  econômico.	
  
	
  
Por	
  fim,	
  no	
  parágrafo	
  único	
  do	
  artigo	
  1.255	
  do	
  CC,	
  a	
  função	
  social	
  é	
  fundamento	
  para	
  
a	
  aquisição	
  da	
  propriedade	
  por	
  acessão	
  inversa.	
  	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
15	
  
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Art.	
  1.255.	
  Aquele	
  que	
  semeia,	
  planta	
  ou	
  edifica	
  em	
  terreno	
  alheio	
  perde,	
  em	
  proveito	
  do	
  
proprietário,	
  as	
  sementes,	
  plantas	
  e	
  construções;	
  se	
  procedeu	
  de	
  boa-­‐fé,	
  terá	
  direito	
  a	
  
indenização.	
  
Parágrafo	
  único.	
  Se	
  a	
  construção	
  ou	
  a	
  plantação	
  exceder	
  consideravelmente	
  o	
  valor	
  do	
  
terreno,	
  aquele	
  que,	
  de	
  boa-­‐fé,	
  plantou	
  ou	
  edificou,	
  adquirirá	
  a	
  propriedade	
  do	
  solo,	
  
mediante	
  pagamento	
  da	
  indenização	
  fixada	
  judicialmente,	
  se	
  não	
  houver	
  acordo.	
  
	
  
Veja,	
  portanto,	
  que	
  em	
  várias	
  passagens	
  do	
  Código	
  o	
  legislador	
  faz	
  expressa	
  alusão	
  à	
  
função	
  social	
  da	
  posse.	
  Todavia,	
  faz	
  referência	
  à	
  função	
  social	
  da	
  posse	
  como	
  um	
  requisito	
  
não	
  para	
  a	
  mera	
  tutela	
  possessória,	
  mas	
  como	
  um	
  requisito	
  petitório,	
  como	
  uma	
  forma	
  de	
  
aquisição	
  ou	
  da	
  facilitação	
  ou	
  de	
  aceleração	
  para	
  a	
  aquisição	
  da	
  propriedade.	
  	
  
Por	
  outro	
  lado,	
  quando	
  se	
  olha	
  para	
  o	
  título	
  da	
  posse	
  e	
  para	
  a	
  questão	
  possessória,	
  
tutela	
  possessória	
  pura	
  sem	
  imiscuir-­‐se	
  na	
  aquisição	
  ou	
  no	
  domínio,	
  a	
  função	
  social	
  da	
  posse	
  
não	
  foi	
  mencionada	
  expressamente.	
  Em	
  que	
  pese	
  o	
  silêncio,	
  os	
  defensores	
  da	
  teoria	
  social	
  
da	
   posse	
   sustentam	
   que	
   esta	
   só	
   seria	
   merecedora	
   de	
   tutela	
   na	
   medida	
   em	
   que,	
  
comprovadamente,	
  cumprisse	
  uma	
  função	
  social.	
  	
  
O	
   professor	
   traz	
   exemplo	
   de	
   concurso	
   público,	
   sem	
   ser	
   da	
   área	
   federal,	
   a	
   fim	
   de	
  
facilitar	
  a	
  organização	
  das	
  ideias	
  de	
  qual	
  seria	
  a	
  diferença	
  entre	
  a	
  adoção	
  da	
  teoria	
  objetiva	
  e	
  
a	
  adoção	
  da	
  teoria	
  social	
  no	
  plano	
  possessório	
  puro.	
  	
  
No	
  concurso	
  para	
  o	
  Ministério	
  Público	
  do	
  Estado	
  do	
  Rio	
  Grande	
  do	
  Sul,	
  cobrou-­‐se	
  do	
  
candidato,	
  numa	
  questão	
  discursiva,	
  o	
  seguinte:	
  	
  
O	
   candidato	
   deveria	
   opinar	
   relativamente	
   a	
   um	
   fato	
   possessório	
   e	
   a	
   sua	
   opinião	
  
deveria	
   ser	
  a	
   favor	
  e	
  contra	
  a	
  decisão	
  proferida.	
  Quer	
  dizer,	
  deveria	
   trazer	
  os	
  argumentos	
  
favoráveis	
  à	
  decisão	
  e	
  contrários	
  à	
  decisão.	
  A	
  decisão	
  era	
  a	
  seguinte:	
  
“Um	
  casal	
  proprietário	
  de	
  uma	
  fazenda	
  em	
  área	
  rural	
  sofreu	
  a	
   invasão	
  de	
  tal	
  área	
  por	
  
um	
   grupo	
   de	
   famílias.	
   Essas	
   famílias	
   imediatamente	
   à	
   invasão	
   estabeleceram	
   a	
   sua	
  
moradia	
  e	
   iniciaram	
  o	
  cultivo	
  da	
   terra.	
  O	
  casal	
   ingressa,	
  dentro	
  do	
  prazo	
  de	
  1	
  ano	
  e	
  1	
  
dia,	
  com	
  a	
  ação	
  de	
  reintegração	
  de	
  posse	
  com	
  pedido	
  liminar,	
  comprovando	
  ab	
  initio	
  o	
  
seguinte:	
  	
  
1)	
  que	
  tinham	
  a	
  posse	
  anterior,	
  ou	
  seja,	
  que	
  a	
  coisa	
  estava	
  em	
  seu	
  poder	
  físico	
  (corpus)	
  
e	
  em	
  nome	
  próprio	
  (affectio	
  tenendi)	
  antes	
  do	
  esbulho;	
  	
  
2)	
  que	
  o	
  esbulho	
  é	
  recente	
  e	
  com	
  menos	
  de	
  1	
  anoe	
  1	
  dia.	
  	
  
Enfim,	
  argumentam	
  que	
  ficou	
  comprovado	
  na	
  inicial	
  os	
  três	
  elementos:	
  corpus,	
  affectio	
  
tenendi	
  e	
  tempo	
  (menos	
  de	
  1	
  ano	
  e	
  1	
  dia).	
  	
  
O	
   juiz	
   ao	
   apreciar	
   a	
   liminar	
   inaldita	
   altera	
   parte,	
   como	
   determina	
   a	
   legislação	
  
processual,	
   deu	
   a	
   seguinte	
   decisão:	
   “indefiro	
   por	
   ora	
   a	
   liminar	
   requerida	
   por	
   falta	
   de	
  
prova	
   de	
   função	
   social	
   (falta	
   de	
   prova	
   de	
   que	
   os	
   autores	
   exerciam	
   antes	
   uma	
   posse	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
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cumpridora	
   da	
   função	
   social)	
   e	
   mantenho	
   as	
   famílias	
   ali	
   estabelecidas,	
   pois	
  
manifestamente	
  exercem	
  função	
  social”.	
  	
  	
  
Então,	
   o	
  magistrado	
   rejeitou	
   ab	
   initio	
   a	
   liminar,	
   sob	
   a	
   justificativa	
   de	
   que	
   um	
   dos	
  
elementos	
  não	
  estaria	
  comprovado,	
  qual	
  seja,	
  a	
  função	
  social	
  como	
  conteúdo	
  obrigatório	
  da	
  
posse	
  (teoria	
  social).	
  	
  
Diante	
  dessa	
  questão	
  o	
  candidato	
  deveria	
  dizer	
  o	
  seguinte:	
  	
  
Opinando	
   a	
   favor	
   da	
   decisão,	
   a	
   justificativa	
   estaria	
   na	
   teoria	
   social	
   da	
   posse	
   com	
  
fundamento	
   na	
   CF.	
  Quando	
   a	
   Constituição	
   reconhece	
   a	
   propriedade	
   privada,	
  mas	
   exige	
   o	
  
atendimento	
  à	
  função	
  social,	
  estaria	
  também	
  exigindo	
  função	
  social	
  dos	
  outros	
  direitos	
  que	
  
se	
   desdobram	
  da	
   propriedade,	
   desdobramentos	
   de	
   poder	
   como,	
   por	
   exemplo,	
   a	
   posse.	
   À	
  
vista	
  disso,	
  exige-­‐se	
  função	
  social	
  da	
  posse	
  para	
  a	
  legitimação	
  do	
  direito.	
  	
  
Daí,	
   no	
   conflito	
   entre	
   duas	
   situações	
   possessórias,	
   prevaleceria	
   aquela	
   que	
   seria	
  
cumpridora	
  da	
   função	
  social.	
  Então,	
  se	
  uma	
  está	
  atendendo	
  e	
  a	
  outra	
  não	
  demonstra	
  que	
  
atendia,	
  permanece	
  a	
  que	
  está	
  atendendo	
  e	
  nega-­‐se	
  a	
  que	
  a	
  demonstrou	
  que	
  não	
  atendia.	
  O	
  
fundamento	
   estaria	
   na	
   teoria	
   social	
   da	
   posse,	
   a	
   qual	
   adiciona	
  mais	
   um	
  elemento	
   à	
   tutela	
  
possessória,	
  qual	
  seja,	
  a	
  função	
  social.	
  	
  
Mas	
  veja	
  que	
  na	
  literalidade	
  do	
  CC	
  e	
  do	
  CPC,	
  esse	
  requisito	
  para	
  a	
  tutela	
  possessória	
  
não	
   aparece.	
   Ele	
   aparece	
   em	
   outros	
  momentos	
   e	
   para	
   outras	
   discussões,	
  mas	
   para	
  mera	
  
tutela	
  possessória	
  ele	
  não	
  aparece.	
  Veja-­‐se	
  o	
  que	
  dispõe	
  o	
  artigo	
  1.196	
  e	
  o	
  artigo	
  1.204:	
  para	
  
considerar	
   alguém	
   possuidor	
   não	
   há	
   nada	
   expresso	
   acerca	
   da	
   exigência	
   de	
   função	
   social.	
  
Entretanto,	
  o	
  fundamento	
  seria	
  constitucional,	
  de	
  modo	
  que	
  o	
  direito	
  só	
  se	
  legitimaria	
  pela	
  
função	
  social.	
  	
  
Por	
   outro	
   lado,	
   opinando	
   contrariamente	
   à	
   decisão,	
   o	
   parecer	
   seria	
   justamente	
  no	
  
sentido	
  da	
  literalidade.	
  O	
  Código	
  vigente	
  adotou	
  a	
  teoria	
  objetiva	
  da	
  posse	
  no	
  que	
  tange	
  à	
  
tutela	
  possessória.	
  No	
  estudo	
  da	
  posse,	
  teria	
  sido	
  adotada	
  a	
  teoria	
  objetiva.	
  Por	
  tal	
  teoria,	
  
seria	
  necessário	
  demonstrar	
  apenas	
  o	
  corpus	
  e	
  a	
  affectio	
   tenendi,	
  não	
  sendo	
  obrigatória	
  a	
  
demonstração	
  da	
  função	
  social.	
  	
  
A	
  favor	
  dessa	
  tese	
  há	
  um	
  julgado	
  do	
  Supremo	
  Tribunal	
  Federal,	
  do	
  ano	
  de	
  2003,	
  que	
  
diz	
  o	
  seguinte:	
  a	
  ausência	
  de	
  prova	
  de	
  que	
  a	
  propriedade	
  rural	
  é	
  produtiva	
  e	
  de	
  que	
  está,	
  por	
  
isso,	
  cumprindo	
  a	
  sua	
  função	
  social	
  e	
  econômica,	
  não	
  legitima	
  o	
  ato	
  ilícito	
  do	
  esbulho,	
  ainda	
  
que	
  seja	
  ele	
  motivado	
  pela	
  função	
  social.	
  Então,	
  o	
  ilícito	
  do	
  esbulho	
  não	
  é	
  melhor	
  do	
  que	
  a	
  
ausência	
  de	
  função	
  social	
  por	
  improdutividade,	
  razão	
  pela	
  qual	
  a	
  liminar	
  nesse	
  caso	
  deveria	
  
ter	
  sido	
  deferida.	
  	
  
Ø Quando	
  foi	
  que	
  o	
  STF	
  se	
  manifestou	
  sobre	
  isso?	
  	
  
600.03	
  
Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  Direito	
  Civil	
  VI	
  –	
  Direito	
  das	
  Coisas	
  
O	
  presente	
  material	
  constitui	
  resumo	
  elaborado	
  por	
  equipe	
  de	
  monitores	
  a	
  partir	
  da	
  aula	
  
ministrada	
   pelo	
   professor	
   em	
   sala.	
   Recomenda-­‐se	
   a	
   complementação	
   do	
   estudo	
   em	
   livros	
  
doutrinários	
  e	
  na	
  jurisprudência	
  dos	
  Tribunais.	
  
	
  
17	
  
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Resposta:	
  o	
  STF	
  se	
  manifestou	
  sobre	
   isso	
  quando	
  apreciou	
  uma	
  ADI	
  que	
  havia	
  sido	
  
proposta	
   contra	
   uma	
   Medida	
   Provisória,	
   depois	
   convertida	
   em	
   lei,	
   sobre	
   desapropriação	
  
para	
  fins	
  de	
  reforma	
  agrária,	
  que	
  vedava	
  a	
  desapropriação	
  para	
  fins	
  de	
  reforma	
  agrária	
  de	
  
áreas	
   invadidas.	
   Se	
   a	
   área	
   tivesse	
   sido	
   objeto	
   de	
   invasão,	
   logo	
   não	
   poderia	
   ser	
   objeto	
  
imediato	
  de	
  desapropriação,	
  ainda	
  que	
  constatada	
  sua	
  improdutividade.	
  
Foi	
  uma	
  medida	
  provisória	
  editada	
  para	
  coibir	
  uma	
  série	
  coordenada	
  de	
  invasões	
  que	
  
estavam	
   acontecendo	
   e	
   que	
   culminaram	
   até	
   mesmo	
   na	
   invasão	
   de	
   uma	
   fazenda	
   do	
  
Presidente	
  da	
  República	
  da	
  época,	
  o	
  que	
  levou	
  a	
  edição	
  da	
  norma	
  no	
  sentido	
  de	
  que,	
  se	
  a	
  
propriedade	
   tivesse	
   sido	
   invadida	
   no	
   lapso	
   temporal	
   anterior	
   a	
   “x”	
   tempo	
   ou	
   da	
  medida	
  
expropriatória,	
  o	
  bem	
  fica	
  inidôneo	
  para	
  aquela	
  expropriação.	
  Com	
  efeito,	
  a	
  desapropriação	
  
para	
  fins	
  de	
  reforma	
  agrária	
  não	
  pode	
  recair	
  sobre	
  áreas	
  invadidas.	
  	
  
Quando	
   se	
   questionou	
   a	
   inconstitucionalidade	
   disso	
   ao	
   argumento	
   de	
   que	
   a	
  
Constituição	
   exige	
   a	
   função

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