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Brasília-DF. Gestão Financeira e LeGaL Elaboração Alex Del Giglio Evandro Lepletier Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8 UNIDADE I FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO .......................................................................................... 11 CAPÍTULO 1 ONDE ESTÁ O LUCRO? ........................................................................................................... 11 CAPÍTULO 2 O PONTO DE EQUILÍBRIO ........................................................................................................ 21 CAPÍTULO 3 FORMAÇÃO DE PREÇO DO PRODUTO E ANÁLISE DE VIABILIDADE DE NEGÓCIOS ................... 24 UNIDADE II CONTROLADORIA ............................................................................................................................... 31 CAPÍTULO 1 BALANÇO PATRIMONIAL (BP) ................................................................................................... 31 CAPÍTULO 2 DECISÕES EM RELAÇÃO AO BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO EXERCÍCIO (DRE) ................................................................................................................... 48 CAPÍTULO 3 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ....................................................................... 58 UNIDADE III FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS .................................................. 64 CAPÍTULO 1 O PAPEL DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO E AS SÉRIES NÃO UNIFORMES ............................... 64 CAPÍTULO 2 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS .................................................................................................... 69 UNIDADE IV FINANÇAS – CUSTO DE CAPITAL........................................................................................................... 93 CAPÍTULO 1 CAPITAL DE TERCEIROS, CAPITAL PRÓPRIO, MÉTODOS WACC E CAPM .................................... 93 PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 100 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 103 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Segundo o que consta na Lei no 6.404/1976, as Demonstrações Contábeis e Financeiras constituem o conjunto de informações que devem ser obrigatoriamente divulgadas, anualmente, pela administração de uma sociedade por ações. Estas representam, em primeira instância, a prestação de contas para os sócios e os acionistas. Para o Instituto de Auditores Independentes do Brasil – IBRACON (NPC 27), essas informações são uma representação monetária estruturada da posição patrimonial e financeira, em determinada data, e das transações realizadas por uma entidade no período findo nessa data. Mostram, também, os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos recursos que lhe são confiados. Com os assuntos abordados neste Caderno, pretendemos oferecer a você, cursista, a oportunidade de aprofundar seus estudos mediante a análise de indicadores da área de Contabilidade e Custos, assim como de ampliar sua compreensão das diversas concepções acerca das Demonstrações Contábeis e Financeiras. As Finanças Corporativas são muito importantes e estão presentes em todos os setores da economia, compreendendo desde as instituições financeiras até as empresas comerciais e industriais. Em razão disso, é uma área que gera um grande número de oportunidades de emprego. O Departamento Financeiro, dirigido pelo Administrador Financeiro, toma decisões sobre quais os ativos devem ser adquiridos pelas empresas, como esses ativos devem ser financiados e como a empresa deve gerenciar os seus recursos tendo, desta forma, um papel muito significativo e de prestígio dentro das organizações. Cumprindo essas obrigações de maneira eficiente, o Administrador Financeiro estará contribuindo para maximizar o valor da empresa, objetivo maior dos acionistas. Objetivos » Aprofundar os conhecimentos teóricos sobre Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras. » Ampliar a compreensão das diversas concepções acerca da disciplina. 9 » Possibilitar atuação competente em relação às necessidades cada vez mais exigentes dos profissionais financeiros. » Compreender o campo de trabalho do financista (Administrador Financeiro). » Abranger as principais fontes de financiamento das companhias. » Compreendero funcionamento do mercado ─ eficiência de mercado. » Fornecer os principais conceitos de administração de recursos. » Fornecer conceitos financeiros basilares. » Conceituar a Contabilidade de Custos e Despesas. » Identificar novas tendências no mercado envolvendo gestões estratégicas. » Conhecer métodos de avaliação da performance das empresas. 11 UNIDADE IFUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO CAPÍTULO 1 Onde está o lucro? Toda empresa visa ao lucro! A afirmativa de que toda empresa visa ao lucro pode até não ser surpresa para ninguém. Alguns até podem pensar assim: Mas, e as empresas sem finalidade lucrativa, também visam lucros? A resposta é SIM! Empresas sem fins lucrativos visam “lucro social”, o qual caracteriza o cumprimento eficaz da sua finalidade como organização. Isso significa dizer que, por não terem como finalidade a maximização dos lucros econômicos e sim a maximização do bem-estar social. Um dos mecanismos mais importantes para a mensuração da eficácia de uma organização é o resultado. Não é à toa que, até mesmo nas avaliações empresariais de qualidade, o resultado possui o maior peso entre todos os itens que estão sob avaliação. Em variadas publicações existentes sobre as causas de fracassos empresariais, o quesito “gestão”, ou melhor, “a falta de gestão”, aparece em primeiro lugar dentre os fatores que mais influenciam o insucesso das organizações. Por esse motivo, é extremamente indispensável que qualquer pessoa que venha a administrar uma empresa ou que pense em um dia administrar uma empresa, por menor que ela seja, precisa adquirir conhecimento pleno nessa área (parênteses precisam ser feitos para dizer que conhecimento em gestão é vital para administração de qualquer “questão” bem-sucedida, incluindo nossa vida pessoal). 12 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO Gestão, no contexto desta disciplina, é o ato de gerir uma organização, recursos e pessoas, com a finalidade de atingir objetivos e resultados desejados. Ao contrário do que muita gente pensa, gestão não é um dom inato, conquistado apenas pela herança genética. Qualquer pessoa pode adquirir conhecimentos sobre gestão por meio de cursos especializados em diversas áreas: estratégica, financeira/ custos, vendas/marketing, processos, pessoas, entre outras. É claro que algumas pessoas possuem uma melhor habilidade em gerir pessoas do que outras e isso torna o processo um tanto quanto mais fácil. Uma companhia, além de seus resultados financeiros, é um espelho de sua gestão. E sua gestão nada mais é do que a composição de pessoas escolhidas para ocupar “as cadeiras” de chefia. Quanto mais engajada em boas práticas for a alta gestão, mais engajada será toda a companhia. O processo só é completamente real quando “comprado” pela alta gestão da companhia. Durante o Congresso de Excelência em Gestão (CEG 2015), evento promovido pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), mais de 400 pessoas reuniram-se para discutir o tema “O novo capitalismo e as empresas do futuro”. Um vídeo postado na rede social YouTube1 fez um apanhado sobre o que foi discutido. Segundo alguns empresários, o maior desafio para o futuro é fazer com que as empresas de hoje evoluam juntamente com a evolução do “sistema”. O economista indiano Pavan Sukhdev foi taxativo ao dizer que as empresas precisam deixar de focar na busca de lucros para os acionistas, como é feito atualmente, e passar a dividir benefícios com seus stakeholders2. Assim como outros executivos, Zotico Schmitz, da indústria alimentícia J Macêdo, na ocasião, afirmou que cada pessoa tem a responsabilidade e a oportunidade de promover esses valores éticos, sustentáveis e promover as mudanças necessárias dentro das empresas e nos meios que vivemos. Voltando à finalidade das empresas com fins lucrativos, precisamos, então, entender um dos principais mecanismos de gestão para o atingimento de um bom resultado ─ a análise gerencial e a formação de preços. Tal mecanismo é o “coração” para um fluxo empresarial saudável. Observe o demonstrativo de resultados a seguir. 1 Disponível em: <https://youtu.be/ax2sQX8KoTMttps>. 2 Stakeholders são os públicos de interesse com os quais a empresa se relaciona. 13 FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO │ UNIDADE I Verificaremos, em seguida, passo a passo cada um dos seus itens (observe que o exemplo foi feito no “Supersimples”3). Tabela 1. Demonstrativo de resultados. DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS Faturamento R$ 2.052,00 100,00% Impostos R$ 2.052,00 6,84% 3a Faixa do Supersimples Custo da mercadoria vendida R$ 12.000,00 40,00% 3,50% 80% 2,5 Markup Taxa de cartão R$ 840,00 2,80% Comissões e encargos R$ 1.500,00 5,00% Inadimplência R$ 150,00 0,50% 5,00% 10% Total do custo variável R$ 16.542,00 55,14% Margem de contribuição R$ 13.458,00 44,86% Luz R$ 280,00 Água R$ 100,00 Aluguel R$ 1.000,00 Condomínio R$ 300,00 Salários fixos e encargos R$ 5.500,00 Telefone R$ 500,68 Contador R$ 500,00 Internet R$ 100,00 Material de expediente R$ 100,00 Material de limpeza R$ 73,00 Pró-labore R$ 4.000,00 Total do custo fixo R$ 12.453,68 41,51% Lucro Líquido R$ 1.004,32 3,35% Fonte: próprio autor da pesquisa Faturamento, despesas/custos fixos e despesas/ custos variáveis Não se assuste! Vamos entender tudo o que temos por aqui. Vamos começar com o item “Faturamento – Vendas”. Nesse ensaio, estipulamos que as vendas num determinado mês somaram R$ 30.000,00. Antes de começarmos a detalhar os custos e as despesas, é necessário que expliquemos sucintamente a diferença entre custo e despesa e o que são custos fixos e custos variáveis. 3 Supersimples ou Simples Nacional – regime tributário aplicado às micro e pequenas empresas. Saiba mais em: <https:// www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/Documentos/Pagina.aspx?id=3>. 14 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO 1. Custos são os valores gastos com bens e serviços para a produção de outros bens e serviços (exemplos: matéria prima, salário da equipe de produção). 2. Despesas são os valores gastos com bens e serviços relativos à manutenção da atividade da empresa (exemplos: materiais de escritório, salário da administração). 3. Qualquer tipo de despesa gerada em função das vendas é custo variável (a quantidade de matéria prima a ser gasta dependerá da quantidade de produto a ser fabricado). As que independem das vendas são custos fixos (exemplo: o salário do vigilante noturno precisa ser pago mensalmente, independente do resultado financeiro da empresa). Não entendeu? Não se preocupe, ainda temos um longo caminho a percorrer. O aluguel de uma fábrica deve ser pago independentemente da empresa ter ou não realizado vendas, certo? Então é custo fixo (também conhecido como despesas operacionais). Os impostos sobre as vendas só vão existir se houver vendas, certo? Então é custo variável. Ficou mais claro, agora? É assim, os custos que são gerados diretamente em razão das vendas, tais como custo da mercadoria vendida (mercadoria que vai para o cliente), impostos, comissões de vendas, taxa de cartão de crédito, inadimplência (cheques devolvidos) são exemplos de custos variáveis. Já as despesas geradas pela manutenção do negócio, tais como aluguel, salários fixos, condomínio, água, luz, telefone, internet, contador, material de limpeza, material de expediente, pró-labore (salário do sócio-gerente) e tantas outras contas nada têm a ver com as vendas da empresa e, por isso, são chamadas de custo fixo ou despesas operacionais. Tais despesas existirão mesmo que a empresa não venda absolutamente nada no decorrer do mês. Dito isso, torna-se mais claro o entendimento da estruturação das contas apresentadas nessedemonstrativo de resultados. Observe que todos os gastos da empresa estão subdivididos em dois grupos: custos variáveis (logo abaixo do faturamento ─ vendas) e custos fixos (logo abaixo da margem de contribuição). 15 FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO │ UNIDADE I Tributos Neste trabalho, trataremos a palavra “imposto” como sendo sinônima de “tributo”, embora saibamos que todo imposto é um tributo, nem sempre todo tributo é um imposto. Pela Constituição Federal, tributo também pode ser “taxa” e “contribuição de melhoria”, entre algumas outras variáveis próprias do Direito Tributário. Mas, tomaremos aqui a liberdade de simplificar essa questão. O primeiro item do custo variável é o imposto a ser pago a partir da emissão da nota fiscal. Neste ensaio, utilizamos a terceira faixa do chamado “Supersimples”, que é 6,84%, categoria: comércio, uma vez que o faturamento anual é de R$ 360.000,00 estando enquadrado conforme tabela a seguir. Tabela 2. Simples Nacional. TABELA DO SIMPLES NACIONAL ANEXO I (Vigência a Partir de 1/1/2012) Alíquotas e Partilha do Simples Nacional – Comércio Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquota IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep CPP ICMS Até 180.000,00 4,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,75% 1,25% De 180.000,01 a 360.000,00 5,47% 0,00% 0,00% 0,86% 0,00% 2,75% 1,86% De 360.000,01 a 540.000,00 6,84% 0,27% 0,31% 0,95% 0,23% 2,75% 2,33% De 540.000,01 a 720.000,00 7,54% 0,35% 0,35% 1,04% 0,25% 2,99% 2,56% De 720.000,01 a 900.000,00 7,60% 0,35% 0,35% 1,05% 0,25% 3,02% 2,58% De 900.000,01 a 1.080.000,00 8,28% 0,38% 0,38% 1,15% 0,27% 3,28% 2,82% De 1.080.000,01 a 1.260.000,00 8,36% 0,39% 0,39% 1,16% 0,28% 3,30% 2,84% De 1.260.000,01 a 1.440.000,00 8,45% 0,39% 0,39% 1,17% 0,28% 3,35% 2,87% De 1.440.000,01 a 1.620.000,00 9,03% 0,42% 0,42% 1,25% 0,30% 3,57% 3,07% De 1.620.000,01 a 1.800.000,00 9,12% 0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10% De 1.800.000,01 a 1.980.000,00 9,95% 0,43% 0,43% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38% De 1.980.000,01 a 2.160.000,00 10,04% 0,46% 0,43% 1,39% 0,33% 3,99% 3,41% De 2.160.000,01 a 2.340.000,00 10,13% 0,47% 0,47% 1,40% 0,33% 4,01% 3,45% De 2.340.000,01 a 2.520.000,00 10,23% 0,47% 0,47% 1,42% 0,34% 4,05% 3,48% De 2.520.000,01 a 2.700.000,00 10,32% 0,48% 0,48% 1,43% 0,34% 4,08% 3,51% De 2.700.000,01 a 2.880.000,00 11,23% 0,52% 0,52% 1,56% 0,37% 4,44% 3,82% De 2.880.000,01 a 3.060.000,00 11,32% 0,52% 0,52% 1,57% 0,37% 4,49% 3,85% De 3.060.000,01 a 3.240.000,00 11,42% 0,53% 0,53% 1,58% 0,38% 4,52% 3,88% De 3.240.000,01 a 3.420.000,00 11,51% 0,53% 0,53% 1,60% 0,38% 4,56% 3,91% De 3.420.000,01 a 3.600.000,00 11,61% 0,54% 0,54% 1,60% 0,38% 4,60% 3,95% Fonte disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/simples-nacional-anexoI.html>. A soma dos percentuais do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ – 0,27%), da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL – 0,31%), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS – 0,95%), do Programa de Integração Social/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP – 0,23%), da Contribuição Patronal Previdenciária (CPP – 2,75%), e do Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS – 2,33%) perfaz o total dessa 16 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO faixa, que é de 6,84%. Todos os tributos elencados ao lado desse percentual servem apenas como espelho da distribuição/partilha dessa arrecadação4. A multiplicação do faturamento de R$ 30.000,00 pela alíquota de 6,84% resultou no pagamento de impostos no valor de R$ 2.052,00. No chamado “supersimples”, existe apenas uma guia de recolhimento desses tributos. Por isso, não há a necessidade do empresário que optou pelo regime tributário “supersimples” preencher diversas guias para cada instituição arrecadadora. A partilha é feita a partir de uma única guia de recolhimento. Custo da Mercadoria Vendida5 Nesse Demonstrativo de Resultados, optamos por trabalhar com revenda de mercadorias, uma vez que trataremos sobre custo de produção mais adiante. Nesse caso, optamos por um “markup” de 2,5. Markup ou Mark Up é um termo usado em Economia para indicar quanto do preço do produto está acima do seu custo de produção e distribuição. Pode ser expressado como uma quantia fixada ou como percentual. O valor representa a quantia efetivamente cobrada sobre o produto afim de obter o preço de venda. Em uma forma ainda mais simples, quando se compra uma mercadoria por R$ 100,00 e aplica-se o markup de 2,5, chega-se ao preço final de R$ 250,00, ou seja, multiplica-se o preço de compra por 2,5 para se chegar ao preço de venda. No Demonstrativo de Resultados, temos o valor das vendas no total de R$ 30.000,00. Uma vez que está informado que o markup é de 2,5, basta que se divida R$ 30.000,00 por 2,5, para se obter o valor de compra (quanto se pagará ao fornecedor da mercadoria). Em outras palavras, se para chegar ao preço venda basta pegar o preço de compra e multiplicar pelo markup, para fazer o inverso, ou seja, para chegar ao preço de compra, basta pegar o preço de venda e dividir pelo markup. Preço de Compra = X; Markup = Y; Preço de Venda = Z X ∙ Y = Z; logo X = Z/Y 4 Vale ressaltar que, o Supersimples ou Simples Nacional é um regime de arrecadação, cobrança e fiscalização destinado às microempresas e empresas de pequeno porte. Ao optarem por fazer parte desse regime, essas empresas são tributadas levando-se em consideração seu lucro presumido e, desta forma, os impostos são calculados conjuntamente e pagos por meio de uma guia única chamada DAS. Já as empresas que têm seus impostos calculados de acordo com o lucro real, estas não se enquadram no Simples Nacional. Sendo assim, o cálculo de seus impostos na DRE é feito de forma diferente da demonstrada no exemplo acima, uma vez que não há unificação de todos os tributos em apenas um valor percentual. No caso das empresas enquadradas no lucro real, o IRPJ e a CSLL são deslocados na planilha e tributados apenas ao final, logo antes da apuração do Lucro Líquido. 5 Nesse estudo estamos tratando do termo Custo da Mercadoria Vendia uma vez que o escopo do trabalho é o comércio. Para as empresas prestadoras de serviço o termo utilizado é Custo dos Serviços Prestados e para as Indústrias deve-se usar Custos de Produção. 17 FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO │ UNIDADE I E assim foi feito. O preço de venda (Z) já era conhecido como R$ 30.000,00. O markup (Y) também já era conhecido como 2,5. Assim, bastou dividir Z por Y, ou seja, R$ 30.000,00 por 2,5, para encontrar o preço de compra R$ 12.000,00. Nesse simples ensaio, estamos considerando o preço de compra como custo da mercadoria vendida, embora saibamos que existem variáveis acrescentadas ao custo final da mercadoria, tais como: frete e impostos. Mas, não vamos tratar desse assunto neste momento. E como encontramos o percentual de 40% que está ao lado do valor de R$ 12.000,00? Basta dividir R$ 12.000,00 pelo valor do faturamento, que é de R$ 30.000,00, para chegarmos à conclusão de que o custo da mercadoria vendida representa 40% do faturamento. Logo, podemos concluir que: Um markup de 2,5 resulta em um custo da mercadoria vendida na ordem de 40%. Você saberia dizer o quanto representa o custo da mercadoria vendida (em percentuais) quando se utiliza um markup de 2; de 2,2; de 3; e de 4 no exemplo acima? Taxa de cartão de crédito A taxa de cartão de crédito é cobrada pelas operadoras de cartões de crédito quando as empresas efetivam vendas por meio de seus cartões, como é o caso, por exemplo, das bandeiras Mastercard e Visa. Para o cálculo do valor que essa taxa representa no montante da Demonstração de Resultados, suponhamos: 1. que a taxa cobrada pela administradora de cartões seja de 3,5%. 2. que as vendas por meio de cartões de crédito perfaçam 80% das vendas totais. Issoexplica o percentual de 2,8% sobre as vendas totais (3,5 ∙ 80% = 2,8%). Foi por isso que, esse percentual foi colocado ao lado do valor de R$ 840,00. Esse valor foi encontrado a partir da multiplicação do faturamento de R$ 30.000,00 vezes 2,8%. Comissões adicionadas aos encargos O que ocorre com os salários fixos, que devem ser pagos, independentemente de a empresa vender ou não, já não ocorre com as comissões sobre vendas. 18 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO As comissões são devidas tão somente se houver vendas. É por isso que essa conta, ao contrário dos salários fixos, que entram na conta de custos fixos, ou despesas operacionais, é colocada como custo variável. Em nosso exemplo de Demonstrativo de Resultados, as comissões de vendas acrescidas de encargos, tais como guia da previdência social, apropriação de 1/3 de férias e 13o salário, somaram um percentual (hipotético) de 5%. É por isso que, o valor de R$ 1.500,00 aparece ao lado desse percentual. Como o encontramos? Bastou multiplicar R$ 30.000,00 das vendas pelo percentual de 5% de comissão, acrescida dos encargos. Inadimplência média Se por um lado consideramos, nesse ensaio, que 80% das vendas foram feitas por meio de cartões de crédito, por outro, consideramos 10% das vendas feitas em cheque (o pressuposto é, portanto, que os outros 10% tenham sido feitas em dinheiro). A partir do recebimento de 10% das vendas em cheque, consideramos que 5% deles voltaram sem a suficiência de fundos ou por qualquer outro motivo. Daí, temos 10% vezes 5%, o que dá um percentual de 0,5% sobre as vendas totais. A partir da taxa de 0,5% de inadimplência, chegamos ao valor de R$ 150,00, quando multiplicamos o faturamento de R$ 30.000,00 pela inadimplência de 0,5%. Margem de contribuição A margem de contribuição pode ser entendida de algumas formas diferentes. 1. Pode ser entendida como a diferença entre o faturamento (as vendas) e o custo variável (MC = V – CV). 2. Pode também ser entendida como a soma entre o lucro líquido e o custo fixo (MC = LL + CF). (MC = V – CV) ou (MC = LL + CF) Optamos aqui, para fins de elucidação, por utilizar a primeira fórmula (MC = C -CV). Ao acompanhar o Demonstrativo de Resultados você verá que o total de vendas diminuído à soma de todo o custo variável chegou a uma margem de contribuição no valor de 19 FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO │ UNIDADE I R$ 13.458,00, que equivale a 44,86% do faturamento (R$ 13.458,00 divididos por R$ 30.000,00). É a partir daí que estaremos adentrando aos custos fixos, também chamados de despesas operacionais. Custo Fixo (despesas operacionais) Como já dissemos antes, as despesas operacionais não possuem uma relação de dependência com as vendas da empresa. Entretanto, são consideradas as vilãs de todo empresário, uma vez que deverão ser pagas independentemente do sucesso nas vendas de uma organização. Assim, o controle rígido sobre as despesas operacionais sempre é aconselhável e altamente cobrado, principalmente nas empresas em que há acionistas ansiosos pela distribuição de lucros cada vez maiores. É nesse montante que, geralmente, são feitos os cortes em momentos de recessão. Exemplo bastante atual é o montante de quase 9 milhões de desempregados no país no momento em que a economia como um todo está sofrendo ajustes bruscos. Despesas como salários fixos e seus respectivos encargos, água, luz, telefone, internet, contador, material de expediente e limpeza, manutenções e reparos, serviços de terceiros, pró-labore (salário do sócio-gerente), entre tantas outras, são acumuladas no grupamento que está abaixo da margem de contribuição, que é o custo fixo. No nosso Demonstrativo de Resultados, o custo fixo somou o valor de R$ 12.453,68, cujo percentual ficou em 41,51% do faturamento (R$ 12.453,68 divididos por R$ 30.000,00). Lucro líquido O lucro líquido é obtido após a subtração da margem de contribuição pelo custo fixo (LL = MC – CF). (LL = MC – CF) É um dos elementos mais importantes, senão o mais importante, da gestão empresarial, pois traduz um resultado direto e objetivo. 20 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO Alguns autores mais recentes têm incentivado a prática de novas modelagens de gestão, como é o caso do BSC (Balanced Scorecard). Essa metodologia aborda quatro perspectivas para a gestão empresarial: uma delas é a perspectiva Financeira enquanto as outras três, não financeiras, são: clientes, processos internos e aprendizagem e crescimento. Em poucas palavras, o BSC é uma ferramenta de gestão estratégica do negócio. Trata-se de uma metodologia que desdobra os objetivos estratégicos da companhia em indicadores de desempenho que serão aplicados para todas as áreas afins de que elas possam atuar em sinergia chegando, desta forma, ao resultado esperado. Levando em consideração a complexidade e importância do assunto, a metodologia do Balanced Socorecard precisa ser estudada e aprofundada em outra oportunidade. Neste momento, cabe responder ao enunciado desta seção, em que se pergunta: “onde está o lucro”? Você pode dizer que, feito pela opção do “Supersimples”, o lucro está na subtração da margem de contribuição (MC), que é de R$ 13.458,00 pela soma de todas as despesas operacionais, que é o custo fixo, no valor de R$ 12.453,68. LL = MC – CF LL = R$13.458,00 – R$12.453,68 LL = R$ 1.004,32 V= R$ 30.000,00 1.004,32/30.000,00 = 0,0335 = 3,35% O resultado, ou seja, o lucro líquido é de R$ 1.004,32, o que representa 3,35% das vendas (do faturamento). 21 CAPÍTULO 2 O ponto de equilíbrio De uma maneira bem resumida, o ponto de equilíbrio de uma empresa é o momento em que a margem de contribuição se iguala ao custo fixo, fazendo com que o lucro seja igual à zero. É de grande importância para o empresário conhecer o ponto de equilíbrio de seu negócio. Por quê? Porque é a partir dele que diversas ações de gestão devem ser tomadas, visando à otimização do negócio. Sabiamente, o Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o Ponto de Equilíbrio (PE) é o ponto de segurança do negócio, disponível em: <http:// www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/Ponto-de-equil%C3%ADbrio>. Veremos como podemos aumentar o lucro um pouco mais adiante, na seção denominada “Análise de Custos e Melhoria do Lucro”. Vamos entender como podemos encontrar o ponto de equilíbrio, também chamado, no mundo dos negócios, de break even point. Na primeira seção, aprendemos que o faturamento da empresa menos o custo variável é igual a margem de contribuição. A partir da margem de contribuição, deduzimos as despesas operacionais (custo fixo) para encontrar o lucro, certo? Pois bem, como dissemos, o ponto de equilíbrio é o momento em que a margem de contribuição se iguala ao custo fixo, tornando o lucro zero. E como encontrar o ponto de equilíbrio? Poderíamos fazer grandes ensaios matemáticos para explicarmos isso. Porém, preferimos fazer isso de maneira muito mais simples. Para encontrarmos o ponto de equilíbrio, basta dividirmos o custo fixo (em valores) pela margem de contribuição (em percentuais). Queremos dizer o seguinte: PE = Custo Fixo (em Reais) % da Margem de Contribuição Ou, ainda, em outras palavras: PE = Custo Fixo (em Reais) (Receita – Custo Variável) x 100 22 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO Testemos isso com nosso exemplo de Demonstrativo de Resultados para verificar o resultado: Tabela 3. Demonstrativo de Resultados. DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS Faturamento R$ 30.000,00 100,00% Impostos R$ 2.052,00 6,84% 3a Faixa do Supersimples Custo da mercadoria vendida R$ 12.000,00 40,00% 3,50% 80% 2,5 Markup Taxa de cartão R$ 840,00 2,80% Comissões e encargos R$ 1.500,00 5,00% Inadimplência R$150,00 0,50% 5,00% 10% Total do custo variável R$ 16.542,00 55,14% Margem de contribuição R$ 13.458,00 44,86% Luz R$ 280,00 Água R$ 100,00 Aluguel R$ 1.000,00 Condomínio R$ 300,00 Salários fixos e encargos R$ 5.500,00 Telefone R$ 500,68 Contador R$ 500,00 Internet R$ 100,00 Material de expediente R$ 100,00 Material de limpeza R$ 73,00 Pró-labore R$ 4.000,00 Total do custo fixo R$ 12.453,68 41,51% Lucro Líquido R$ 1.004,32 3,35% Fonte: Autor. O valor do custo fixo no demonstrativo de resultados é de R$ 12.453,68. O percentual da margem de contribuição é de 44,86%. Logo, R$ 12.453,68/ 44,86% = R$ 27.761,21. Mas, como podemos comprovar que R$ 27.761,21 é realmente o ponto de equilíbrio? Basta que consideremos esse valor encontrado como valor do faturamento, para deduzir todo o custo variável e também as despesas operacionais (custo fixo). O lucro líquido deve ser igual à zero. Que tal tirarmos a prova? 23 FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO │ UNIDADE I Tabela 4. Demonstrativo De Resultados. DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS Faturamento R$ 27.761,21 100,00% Impostos R$ 1.898,87 6,84% 3a Faixa do Supersimples Custo da mercadoria vendida R$ 11.104,48 40,00% 2,5 Markup Taxa de cartão R$ 777,31 2,80% 3,50% 80% Comissões e encargos R$ 1.388,06 5,00% Inadimplência R$ 138,81 0,50% 5,00% 10% Total do custo variável R$ 15.307,53 55,14% Margem de contribuição R$ 12.453,68 44,86% Luz R$ 280,00 Água R$ 100,00 Aluguel R$ 1.000,00 Condomínio R$ 300,00 Salários fixos e encargos R$ 5.500,00 Telefone R$ 500,68 Contador R$ 500,00 Internet R$ 100,00 Material de expediente R$ 100,00 Material de limpeza R$ 73,00 Pró-labore R$ 4.000,00 Total do custo fixo R$ 12.453,68 44,86% Lucro Líquido R$ 0,00 0,00% Fonte: Autor. Observe que, no nosso Demonstrativo de Resultados, o valor da margem de contribuição igualou-se ao total dos custos fixos, fazendo com que o lucro líquido fosse zero. A importância para o empresário, ao analisar o ponto de equilíbrio, é que fica evidente que seu negócio é viável à primeira vista. Ao encontrar o ponto de equilíbrio, ele já sabe que precisará faturar acima daquele valor ou, caso contrário, amargará prejuízo. O conhecimento do ponto de equilíbrio é fundamental para tomada de decisões rápidas. Alguns exemplos são: onde poderá reduzir custo, se pode ou não aumentar sua folha de pagamentos, se o custo fixo está adequado à arquitetura financeira de seu negócio, entre tantas outras decisões. 24 CAPÍTULO 3 Formação de preço do produto e análise de viabilidade de negócios Para iniciarmos esse capítulo, definamos, primeiro, o que significa preço. Segundo Gomes (1966), preço corresponde à “avaliação em dinheiro ou moeda, do valor de uma coisa ou de um serviço”. Este autor prossegue ainda afirmando que: Um contrato de venda baseia-se no preço. Este deve ter como primeira qualidade, o ser exigível, isto é, presumir-se que representa o valor da coisa; como segunda qualidade, que seja certo e determinado, e enfim, que seja em dinheiro, porque do contrário, não seria venda e sim troca. Em economia política, a noção de preço não se limita ao simples ato de troca de uma mercadoria por dinheiro, ou por um bem por outro bem; mas pressupõe a existência do tráfico econômico extensivo até converter-se em mercado e o uso desenvolvido da moeda, como unidade ideal com que se expressam os preços. Vale ressaltar que, em um mundo atual altamente globalizado em que os consumidores têm um amplo acesso as diversas oportunidades, a precificação torna-se fator extremamente sensível para as empresas já que este é um dos fatores que mais influenciam, se não o mais determinante na decisão de compra dos clientes. Digo que pode ser um dos fatores, porém nem sempre uma vez que alguns clientes levam em consideração outros quesitos como atendimento, qualidade, prazo, entre outros atributos além do preço para definição da compra do produto ou serviço. A formação de preço do produto ou do serviço pode ser baseada em diversos fatores, dentre eles: » Na concorrência – Em Brasília, por exemplo, vemos uma guerra de preços na oferta de educação. Uma instituição de Ensino Superior tenta ser mais atrativa que outra. Infelizmente, não necessariamente pela qualidade, mas sim pelo preço. Também vemos operadoras de celular fazerem a mesma coisa. Há diversos outros exemplos de empresas, tanto em Brasília como em todo lugar. A partir do momento em que um concorrente determina uma estratégia de vendas, outro concorrente (ou outros) procura oferecer vantagens adicionais à primeira, fazendo com que os preços caiam em favor do 25 FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO │ UNIDADE I consumidor. Quantos de nós não vimos a batalha dos eletrodomésticos das Casas Bahia contra a Ricardo Eletro ou as abundantes ofertas das operadoras de celular Tim, Vivo, Oi e Claro para ganhar novos clientes? » Na estratégia de skimming – Esta ocorre quando os preços de lançamento de um produto no mercado começam altos, devido aos altos investimentos em promoção, e depois são reduzidos gradativamente. O melhor exemplo que temos é o lançamento de celulares de ponta no mercado. Eles começam com o preço muito alto, e depois vão caindo até se nivelarem com os outros produtos existentes no mercado. » No markup – Como o que aconteceu no nosso exemplo do Demonstrativo de Resultados. Ocorre normalmente nas distribuições de varejo. É quando o distribuidor compra uma determinada mercadoria e aplica uma taxa sobre o valor de compra, que acaba determinando seu preço de venda. No nosso exemplo, o distribuidor comprou por “X” e multiplicou por 2,5 para definir o valor de venda. » Na percepção do cliente – Sem dúvida, esta é a melhor solução existente na atualidade. As empresas procuram entender qual é o valor percebido pelos compradores para, então, definir o valor de venda de seu produto e/ou serviço. Partindo desse pressuposto começam a reduzir seus custos de produção de forma que obtenham lucros nas suas operações e ao mesmo tempo satisfaçam seus clientes. Nessa estratégia, a definição de preços é feita de forma inversa, ou seja, observa-se qual deverá ser o valor de venda e, então, elaboram-se estratégias para fazer com que as operações de fábrica possam tornar-se viáveis, garantindo o lucro. Pelo menos na teoria, todos saem ganhando. » No custo de produção – Ainda que tenhamos formação de preço de ponta, como é o caso da percepção do cliente, todo empresário que produz suas mercadorias deve conhecer a formação de preços baseada no custo de produção. Portanto, esse é o item que nos ocupará nesta seção – a formação do preço do produto. Vale lembrar que, a precificação de um produto ou serviço é feita em diversos momentos de sua existência, quer seja em seu lançamento ou durante toda sua vida útil/existência e a revisão deste (preço) fará parte de uma estratégia de mercado da empresa. A definição do preço dependerá, ainda, do momento, do tamanho e da capacidade financeira da empresa que está tomando a decisão. Por esse motivo, há diversas variáveis 26 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO que podem influenciar e que podem ser utilizadas pelas empresas para a definição de seus preços a serem praticados. Retomando a questão da formação do preço do produto, tomemos o exemplo de uma empresa que fabrica bolos de festas. Ela precisa calcular corretamente todos os ingredientes que utilizará no bolo. Também deverá considerar o custo do confeiteiro bem como outros gastos que ocorrerão nesse processo, como é o caso do gás do forno e o óleo que untará a forma. Em custos, costuma-se definir tais variáveis do custo de produção, como sendo: matéria-prima, mão de obra direta e custeio.Vamos começar pelos ingredientes (matéria-prima) utilizados na preparação do bolo de festa. Para fazer um bolo desses, são gastos: » 6 ovos; » 400 gramas de manteiga; » 700 gramas de açúcar; » 200 ml de leite de coco; » 50 gramas de fermento; » 300 gramas de achocolatado. Ao fazer a estimativa de compra desses ingredientes, teremos a seguinte média de preços: » ovos – R$ 3,60 a dúzia; » manteiga – R$ 8,00 o pote com 1 quilo; » açúcar – R$ 3,00 o quilo; » leite de coco – R$ 3,00 a garrafa com 200 mililitros; » fermento – R$ 2,00 a lata com 100 gramas; » achocolatado – R$ 3,00 o pote com 500 gramas. Assim, já podemos montar a tabela de custo dos insumos. 27 FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO │ UNIDADE I Tabela 5. Tabela de custos. Ingredientes Unidade Preço Fração Preço 2 Quantidade Preço 3 Ovos Cartela (Unid.) R$ 3,60 12 R$ 0,300 6 R$ 1,80 Manteiga Pote (kg) R$ 8,00 1000 R$ 0,008 400 R$ 3,20 Açúcar Pacote (kg) R$ 3,00 1000 R$ 0,003 700 R$ 2,10 Leite de coco Garrafa (ml) R$ 3,00 200 R$ 0,015 200 R$ 3,00 Fermento Lata (g) R$ 2,00 100 R$ 0,020 50 R$ 1,00 Achocolatado Pote (g) R$ 3,00 500 R$ 0,006 300 R$ 1,80 Custo dos ingredientes empregados no bolo (matéria-prima) R$ 12,90 Fonte: Autor. Uma vez conhecido o custo dos ingredientes, vamos tentar chegar ao custo da mão de obra direta, ou seja, aquela que opera diretamente com a construção/montagem/elaboração do produto. No caso, podemos ter a figura de um confeiteiro para representar esse custo. Vamos imaginar que o confeiteiro e seu ajudante, juntos, recebam salário de R$ 1.300,00 por mês (valor total para o salário dos dois funcionários) e que o custo de seus encargos praticamente “dobrem” esse custo para a empresa. Assim, o custo do nosso confeiteiro e de seu ajudante será de, aproximadamente, R$ 2.600,00 por mês. Para efeitos de cálculo, consideraremos, nesse exemplo, exatos R$ 2.600,00 para pagamento da folha dos dois funcionários operacionais (os literalmente “mão na massa”). Em seguida, vamos imaginar que esse profissional e seu ajudante, utilizando forno industrial e todo o aparato para essa finalidade (misturador industrial, bancadas etc.), consigam preparar nada menos que 50 bolos por dia. Sendo assim, ao final de 26 dias úteis, eles terão produzido um total de 1.300 bolos. Fazendo os cálculos do custo de seus salários + os encargos (R$ 2.600,00) divididos pela quantidade de 1.300 bolos, acarretaria o custo de mão de obra direta de R$ 2,00 para cada bolo (R$ 2.600,00 divididos por 1.300). Pronto! Acabamos de agregar o valor da mão de obra direta ao custo de produção do bolo. Após vendido, R$ 2,00 do valor do bolo vão para pagar o salário e o encargo desses dois funcionários. Novamente lembramos que, os salários de outras pessoas, que não tenham as suas atividades diretamente relacionadas à montagem dos bolos, entram como despesas operacionais, no custo fixo. Agora só falta estimarmos o custeio, que, no entendimento deste trabalho, será tratado como gastos gerais de fabricação. No caso, gastos gerais para a montagem dos bolos, 28 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO tais como: fósforos que acendem os fornos; gás utilizado na produção; lubrificação dos equipamentos utilizados; e todas as demais variáveis que são difíceis de serem traduzidas em frações minúsculas de unidades monetárias. Imaginemos que tal custeio tenha sido de R$ 1.300,00. Assim, ao dividirmos R$ 1.300,00 por 1.300 bolos, teremos o acréscimo de R$ 1,00 para cada bolo. Bem, agora temos três variáveis já calculadas: » ingredientes (matéria-prima) – R$ 12,90; » confeiteiro e seu ajudante (mão de obra direta) – R$ 2,00; » gastos gerais na produção do bolo (custeio) – R$ 1,00. Isso significa que o custo de produção de uma única unidade de bolo será de R$ 15,90. A partir desse entendimento, o proprietário da empresa de bolos poderá começar a definir o valor de venda de seus bolos já que conhece, a partir de então, os custos variáveis do seu negócio. Vamos supor que cada um dos 1.300 bolos seja vendido por R$ 39,75. Assim, 1.300 vezes R$ 39,75 dará para a empresa um faturamento mensal de R$ 51.675,00. Com um faturamento anual na ordem de R$ 620.100,00, o empresário passará a pagar a quarta faixa do imposto “Supersimples”, que é de 7,54%6. Agora, que tal a gente transportar esse exemplo para um Demonstrativo de Resultados? Tabela 6. Demonstrativo de Resultados. DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS Faturamento R$ 51.675,00 100,00% 1300 un. R$ 39,75 Impostos R$ 3.896,29 7,54% 4a Faixa do Supersimples Custo do produto R$ 20.670,00 40,00% 1300 R$ 15,90 Taxa de cartão R$ 1.446,90 2,80% 3,50% 80% Comissões e encargos R$ 2.583,75 5,00% Inadimplência R$ 258,38 0,50% 5,00% 10% Total do custo variável R$ 28.855,32 55,84% Margem de contribuição R$ 22.819,68 44,16% Luz R$ 280,00 Água R$ 100,00 Aluguel R$ 1.000,00 Condomínio R$ 300,00 Salários fixos e encargos R$ 5.500,00 Telefone R$ 500,68 6 Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/simples-nacional-anexoI.html>. 29 FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO │ UNIDADE I Contador R$ 500,00 Internet R$ 100,00 Material de expediente R$ 100,00 Material de limpeza R$ 73,00 Pró-labore R$ 4.000,00 Total do custo fixo R$ 12.453,68 24,10% Lucro Líquido R$ 10.366,00 20,06% Fonte: Autor. Procure observar os novos detalhes desse Demonstrativo de Resultados. O faturamento aumentou. Os impostos aumentaram. O custo da produção substituiu o markup – foi calculada a quantidade de 1.300 bolos x o custo unitário do bolo, que é de R$ 15,90. As demais condições do Demonstrativo permaneceram as mesmas, exceto o fato de que essa nova arquitetura financeira foi caracterizada por um faturamento maior e um custo variável menor, aumentando, assim, a margem de contribuição e o lucro líquido. Ao aumentar o faturamento, aumentam, também, os custos variáveis, certo? Dentre os itens que aumentam o custo variável estão: impostos, quantidade de matéria prima a ser adquirida, ou seja, o custo da produção aumenta também. Desta forma, explique por que, quando o faturamento aumenta, obtém-se um lucro maior. A melhor forma de explicar a viabilidade econômica e financeira de um projeto é por meio de uma situação prática. Você deverá estar apto(a) a resolver este exercício para comprovar sua suficiência nesta disciplina. Monte todas as variáveis abaixo em um Demonstrativo de Resultados e as respostas aparecerão. Você abriu o jornal de domingo e viu o seguinte anúncio: Vende-se uma loja com faturamento médio mensal de R$ 40.000,00 pelo valor de R$ 80.000,00. Tratar com o proprietário pelo telefone: 3098-9898. Após contato telefônico, você foi até a loja e viu que se tratava do ramo de cestas para presentes. Solicitou o detalhamento das despesas e observou as seguintes contas. Água – R$ 200,00. Luz – R$ 400,00. 30 UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DO EMPREENDEDORISMO Telefone – R$ 500,00. Markup utilizado pela loja – 2,2. Taxa de cartão de crédito – 3% sobre 60% do faturamento. Comissões de vendas adicionadas aos encargos – 5% . Salários fixos adicionados aos encargos – R$ 4.800,00. Aluguel – R$ 1.000,00. Condomínio – R$ 800,00. Contador – R$ 500,00. Material de expediente – R$ 100,00. Material de limpeza – R$ 100,00. Impostos – 8% sobre o faturamento. Internet – R$ 100,00. Inadimplência média – 5% sobre 10% do faturamento. Pró-labore – R$ 3.000,00. Após exame de todas as contas, pede-se: 1. Monte a Demonstração de Resultado dessa empresa para que possa avalia-la melhor. 2. Qual é o BEP (Break Even Point – Ponto de Equilíbrio) do negócio? 3. Quais são os custos fixos, variáveis e o lucro líquido da empresa? 4. Você consideraria a empresaeconomicamente viável e fecharia o negócio a partir dessas informações? Por quê? 31 UNIDADE IICONTROLADORIA CAPÍTULO 1 Balanço Patrimonial (BP) A Contabilidade é um excelente instrumento que auxilia os gestores na tomada de decisão. Ela coleta os dados econômicos sumarizando-os em forma de Demonstrações Financeiras que contribuem para a tomada de decisão. Antes de adentrarmos o tema mais especificamente, compreendamos a questão geral que o envolve. Contabilidade A palavra contabilidade deriva do termo italiano contabilità, em uma referência ao uso das contas contábeis. Estas devem ser expressas com títulos em conformidade com os atos e fatos administrativos provocados, e figurar em um plano de contas, de acordo com as suas características, similaridades ou eventos econômicos produzidos. Uma conta deve representar exatamente a operação realizada. À prática de reunir informações nos livros e documentos dá-se o nome de escrituração. Por esse motivo, até a metade da década de 1970 os contadores eram conhecidos como “guarda-livros”. O objeto principal da contabilidade é o patrimônio e sua aplicação tem como objetivo representar, apreender e analisar suas mutações. A aplicação da contabilidade busca prover informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do patrimônio da entidade e suas mutações. Essas informações compreendem registros, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos, expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios. 32 UNIDADE II │ CONTROLADORIA Por econômico entende-se todas as mutações quantitativas-qualitativas do patrimônio, aquelas que alteram “receitas” e “despesas”, ou seja, o patrimônio líquido de uma entidade. Por financeiros entende-se as mutações ocorridas no fluxo de caixa, ou seja, as transações feitas no caixa da entidade. Há diversos fatores internos e externos que influenciam essas mutações e devem ser observados: ambiente social, econômico, político, legal, fatores relacionados à gestão empresarial, entre outros. Todos esses “acontecimentos” devem ser organizados e relatados em fatos contábeis, aos quais devem ser escriturados. Dessa forma, um sistema contábil deve ser aquele capaz de organizar os fatos contábeis a partir de três objetivos primordiais: » registro; » controle; e » informação. Para essa finalidade a contabilidade utiliza quatro técnicas: » Escrituração: consiste em efetuar, de forma sistematizada, os registros das ocorrências que influenciam a evolução patrimonial. A escrituração, portanto, é realizada levando em consideração a ordem cronológica de todos os acontecimentos. A técnica contábil da escrituração é baseada em documentos comprobatórios, ou seja, todos os acontecimentos a serem escriturados devem corresponder a um documento legalizado que comprove a sua veracidade. » Demonstrações contábeis: consiste em apresentar todos os registros efetuados em uma forma condensada, que apresente os resultados atingidos pela empresa em um determinado período. Os fatos registrados devem constar em demonstrações expositivas, que, segundo a Lei no 6.404/1976, são denominadas demonstrações financeiras. » Auditoria: técnica que busca ratificar a exatidão dos registros já efetuados e apresentados nas demonstrações contábeis. Consiste em um exame pormenorizado de todos os dados escriturados pela contabilidade, verificando se todos foram efetuados seguindo os princípios fundamentais da contabilidade. 33 CONTROLADORIA │ UNIDADE II » Essa técnica pode ser aplicada de duas formas distintas: auditoria interna e auditoria externa. › A auditoria interna é uma técnica realizada como forma de verificar/certificar os processos e resultados expostos pelas diversas áreas de uma entidade. Muitas empresas têm, em seu quadro de funcionários, auditores responsáveis por auditar as práticas internas dos departamentos. Cabe à essa auditoria verificar, controlar e solicitar correções nos processos e resultados das áreas. › Por exemplo, a auditoria interna faz escolhas aleatórias de lançamentos contábeis para verificação por amostragem. Os lançamentos escolhidos são verificados quanto à sua veracidade, correção nas contas lançadas, existência de documentos comprobatórios. › A auditoria interna é a “validação” do trabalho contábil realizado na empresa afim de que no momento das demonstrações financeiras/prestação de contas a empresa esteja pronta para relatar suas informações de forma correta, de acordo com a legislação contábil e, ainda, as partidas lançadas “fechem a conta”, demonstrando de forma clara e precisa os resultados alcançados pela empresa, seu patrimônio líquido, receitas e despesas. › Já a auditoria externa é feita por empresas especializadas contratadas especificamente para a finalidade de realizar o trabalho feito em algumas empresas pela equipe de auditoria interna. › Geralmente, empresas compostas por sociedade e/ou empresas de capital aberto têm suas contas auditadas afim de que os resultados apresentados pela empresa sofram essa verificação ratificando a veracidade das informações para a garantia dos sócios. › Uma vez contratada, a empresa externa deve ter total acesso às informações e independência para analisar e solicitar correções necessárias diretamente ao contador e às áreas da empresa. » Algumas empresas de auditoria externa no Brasil bem conhecidas são: PwC – PricewaterhouseCoopers e KPMG. » Há, ainda, empresas que praticam as duas formas de auditoria. Nesse caso, o trabalho realizado pela equipe interna é auditado pela equipe 34 UNIDADE II │ CONTROLADORIA externa. Fica a cargo da auditoria interna a interface com a auditoria externa e o contador que assina as demonstrações da empresa. » Análise de balanço: levando em consideração que as demonstrações contábeis representam dados sistematizados, que apresentam de forma sintética os resultados da empresa, nem sempre os usuários têm condições de interpretá-los. Assim, cabe à própria contabilidade decompor, comparar e interpretar os demonstrativos contábeis, com a finalidade de fornecer informações mais ágeis para os usuários. Demonstrações Financeiras As Demonstrações Financeiras são os relatórios contábeis exigidos por lei, portanto, obrigatórios. São exigidos para todas as sociedades por ações e, parte deles, tem a obrigatoriedade estendida a outros tipos societários como, por exemplo, as Sociedades por Quotas de Responsabilidade Limitada. É extremamente necessário que, ao preparar as Demonstrações Financeiras de uma Companhia, se tenha pleno conhecimento das normas vigentes de contabilidade, das complexas modificações recentes, bem como dos aspectos tributários da rotina de fechamento de balanço. É a partir da avaliação das demonstrações financeiras que se avalia a saúde financeira de uma empresa. É a partir da avaliação das demonstrações financeiras que se avalia a saúde financeira de uma empresa. Balanço Patrimonial (BP) O principal formato de Demonstração Financeira é o Balanço Patrimonial (BP), no qual abordaremos nesta seção. Essa demonstração explana, qualitativa e quantitativamente, a posição financeira e patrimonial de uma empresa em um dado momento (em regra, término do trimestre, semestre ou ano). De acordo com o art. 176 da Lei no 6.404/1976, acima citada, as demonstrações de cada exercício serão sempre publicadas com a indicação dos valores correspondentes com das demonstrações do exercício anterior. 35 CONTROLADORIA │ UNIDADE II Para que melhor compreendamos os lançamentos feitos em um Balanço Patrimonial, faz-se necessário, primeiramente, explicarmos alguns significados: » Ativo ─ o ativo é formado por todos os bens, direitos edemais aplicações de recursos controlados pela empresa, capazes de gerar benefícios econômicos futuros, porém originados em eventos já ocorridos. Vejamos alguns exemplos: terrenos, ferramentas, máquinas, equipamentos, estoques, instalações, veículos, edificações, marcas etc. » Passivo ─ o passivo é formado por todas as obrigações (dívidas) que a empresa tem com terceiros: contas a pagar, fornecedores, financiamentos, empréstimos etc. Essas dívidas exigirão ativos para sua liquidação. » Patrimônio líquido ─ o patrimônio líquido compreende os recursos próprios da Entidade, e seu valor é a diferença positiva (ou não) entre o valor do Ativo e o valor do Passivo. A contabilidade trabalha com um conceito chamado “equação fundamental da contabilidade”. Esta equação é escrita na forma A=P+PL e significa que o total de ativos (A) sempre é igual à soma do total de passivos (P) com o patrimônio líquido (PL). Ela é desdobrada da equação A=P, anterior às teorias que introduziram o conceito de PL como a diferença entre ativos e passivos. Por esse motivo fala-se que, na contabilidade, em partidas duplas. O que entra de um lado, obrigatoriamente sai do outro. Ao final tem-se todos os movimentos e o tamanho do patrimônio da empresa após essas mutações. Equação Fundamental da Contabilidade: A=P+PL . Sendo: A os ativos, P os passivos e PL o patrimônio líquido. A representação seria, por exemplo: Figura 1. Balanço Patrimonial. Fonte disponível em: <http://www.piresconsultores.com/2014/01/balanco-patrimonial.html>. 36 UNIDADE II │ CONTROLADORIA Origens e aplicações O lado direito do Balanço Patrimonial, Capital de Terceiros (Passivo) mais Capital Próprio (Patrimônio Líquido), representa toda a fonte de recursos da empresa, em outras palavras, representa toda a origem de capital. O lado esquerdo do Balanço Patrimonial representa toda a aplicação de recursos originados no Passivo e/ou Patrimônio Líquido. Desta forma, caso a empresa financie equipamentos junto a uma instituição financeira, terá uma origem de recursos no Passivo: financiamentos. Por sua vez, esses recursos serão aplicados no Ativo: equipamentos. Assim, fica bem fácil entender porque o Ativo será sempre igual ao Passivo+Patrimônio Líquido, pois a empresa só pode aplicar aquilo que tem origem. Se há uma origem (financiamento) de R$200.000 (Passivo), haverá uma aplicação (equipamentos) do mesmo valor R$200.000 (Ativo). Daí, conclui-se que o lado do Ativo será sempre igual ao lado do Passivo+Patrimônio Líquido. Segue, abaixo, a Equação Contábil Básica: ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO Grupo de Contas do Balanço Patrimonial Conforme estudamos na seção anterior, o Balanço Patrimonial é formado pelo Ativo (lado esquerdo) e pelo Passivo + Patrimônio Líquido (lado direito). O Ativo é composto por bens, direitos e demais recursos aplicados. O Passivo e o Patrimônio Líquido armazenam, por sua vez, todas as origens de recurso da empresa. O Balanço Patrimonial é uma demonstração contábil utilizada por diversos agentes internos e externos à empresa: diretores financeiros, governo, bancos, fornecedores, sócios etc. Salvo a informação de que esses agentes não necessitam ser peritos em Contabilidade para analisar um balanço. Daí o Balanço Patrimonial ser uma demonstração simples e de fácil compreensão para todos. Para facilitar a análise do Balanço Patrimonial, há uma preocupação invariável dos contabilistas em estabelecer uma apropriada distribuição de contas. São duas regras principais que norteiam a distribuição de contas, a saber: 37 CONTROLADORIA │ UNIDADE II » Prazo: em contabilidade o curto prazo diz respeito, normalmente, ao período de até um ano. Períodos superiores a um ano são classificados como de longo prazo. » Grau de Liquidez: as rubricas que se transformam em dinheiro com mais facilidade são classificadas em primeiro lugar. Por exemplo, entre três contas: Bancos, Terrenos e Duplicatas a Receber, o mais líquido é o caixa; em seguida duplicatas a receber e, por último (menos líquido), terrenos. Lastreado nessas duas regras principais ─ prazo e liquidez ─ vamos compor, os grupos de contas do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Grupo de Contas é um conjunto de contas o qual se estabelece dentro da empresa, respeitando-se a legislação vigente, para que se proceda ao registro dos fatos e atos inerentes à atividade da mesma, além de balizar os critérios para a elaboração de suas demonstrações financeiras/balanço patrimonial (nesse caso específico que estamos estudando agora). A legislação prevê um conjunto de normas a respeito da publicação dessas informações e, dentre elas está inserida informação sobre a utilização de um Plano de Contas bem como um Manual o qual explica sobre a forma como se deve aplicar e usar cada uma dessas contas. É importante ressaltar que não basta, no Balanço, apenas citar a conta, porém deve-se fazer uma descrição sobre o funcionamento de cada uma delas. Faz-se extremamente importante ressaltar a alteração na legislação societária que rege as empresas brasileiras. Há tempos sob a égide da Lei no 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações), já se esperava uma mudança e, principalmente uma atualização na legislação brasileira para que as regras tornassem condizentes com as práticas internacionais de contabilidade. Em 28 de dezembro de 2007, foi publicada a Lei no 11.638 e em maio de 2008 a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) dispôs sobre a aplicação da mesma. A nova legislação trouxe alterações bruscas para as quais a maioria das empresas não estava preparada e os benefícios da alteração da mesma, os quais são previstos para tomar forma no longo prazo (tais como facilitação no acesso ao capital externo e melhores práticas de governança) não foram rapidamente percebidos por elas. Para íntegra da Lei no 11.638, de 28 de dezembro de 2007,encontra-se disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638. htm>. 38 UNIDADE II │ CONTROLADORIA Grupo de Contas do Ativo Ativo Circulante – esta conta agrupa dinheiro e tudo o que será transformado em dinheiro rapidamente. São contas que estão constantemente em giro, movimento. Nesse grupo são registrados todos os bens e direitos que a empresa pode transformar em dinheiro no curto prazo, ou seja, no máximo, até o próximo exercício social. O ativo circulante é uma conta contábil que registra as disponibilidades de curto prazo. Vejamos alguns exemplos: caixa, bancos, conta movimento e aplicações financeiras, títulos negociáveis (como duplicatas a receber), estoques e outros créditos de realização em curto prazo, como adiantamento a fornecedores e empregados. Geralmente os exercícios sociais têm duração de 12 meses e, em sua grande maioria, ocorrem de janeiro a dezembro. Essa é a ideia de curto prazo. Há, porém, algumas exceções para as companhias em que o ciclo operacional tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. Não Circulante - compreende todas as contas que não serão realizadas (transformadas em dinheiro) no curto prazo (até o fim do próximo exercício social), bem como os bens de uso e de renda, quais sejam: veículos, máquinas, aluguéis, imóveis para venda etc. Esse grupo de contas está dividido em subgrupos: » Realizável em Longo Prazo ─ Incluem-se nessa conta bens e direitos que se transformarão em dinheiro após o exercício seguinte, incluindo, é claro, as que não têm prazo de vencimento. São contas de natureza devedora, assim como as do Ativo Circulante. Exemplo: duplicatas a receber no longo prazo ─ um cliente comprou um armário em 36 parcelas. Parte dessas parcelas será lançada na conta Duplicatas a Receber no curto prazo (Ativo Circulante) e outraparte delas, em função do prazo, deverá ser lançada na conta Duplicatas a receber em longo prazo (Ativo Não Circulante – Realizável em longo Prazo). » Investimento ─ São as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no Ativo Circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da empresa, com o objetivo de gerar rendimentos para a empresa. 39 CONTROLADORIA │ UNIDADE II Exemplos: participações em coligadas e controladas, imóveis alugados a terceiros (não de uso, mas para renda), compra de obras de arte para venda futura, investimento em ouro etc. » Imobilizado ─ São os bens e direitos que tenham por objeto bens corpóreos, físicos, destinados à manutenção da atividade fundamental da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à empresa os benefícios, os riscos e o controle desses bens. Não há, no caso do imobilizado, a intenção, por parte da empresa, de transformar esses bens em dinheiro já que esses são necessários ao desenvolvimento das atividades da empresa. Exemplos: prédios utilizados para a atividade da companhia, ferramentas, máquinas, veículos, mobiliário etc. » Intangível ─ São os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos, que não se podem tocar, destinados à manutenção da empresa. Exemplos: fundo de comércio, marcas e patentes, direitos autorais, softwares, amortização acumulada (depreciação) etc. Vale aqui ressaltar que, até 2008, dentro da conta Ativo Não Circulante havia um 5o subgrupo chamado “Diferido”, o qual incluía despesas pré-operacionais. Porém, com a publicação da Medida Provisória no 449/2008, (posteriormente transformada na Lei no 11.941/2009), o subgrupo Diferido foi extinto. Os saldos existentes após o dia 31 de dezembro de 2008 devem ser, por lei, reclassificados para o passivo não circulante em conta representativa de receita diferida. O saldo em 31/12/2008 e que, por sua natureza, não puderam ser alocados em outro grupo de contas, puderam nele permanecer até sua completa amortização. Grupo de Contas do Passivo e Patrimônio líquido Passivo Circulante ─ são todas as obrigações exigíveis que serão liquidadas no curto prazo (no máximo, até o próximo exercício social). Exemplos: folha de pagamento dos funcionários, participações nos resultados, férias e provisões de férias, 13o e provisões de 13o, parcelas de financiamentos vencendo no período, créditos dos sócios a serem pagos no período, tributos. 40 UNIDADE II │ CONTROLADORIA Passivo Não Circulante ─ compreende todas as obrigações exigíveis que não serão liquidadas no curto prazo (próximo exercício social). Como exemplo podemos citar: parcelas de empréstimos bancários com vencimento após o 13o mês após o final do exercício social. Patrimônio Líquido ─ O Patrimônio Líquido (PL) é uma subconta do Passivo Total, que compõe o Balanço Patrimonial de qualquer empresa. No PL são computados o capital social, integralizado pelos acionistas por meio de aportes, os lucros acumulados pela empresa e as contas de reserva que podem ser constituídas (reserva legal, por exemplo), entre outros. Cada empresa tem determinadas contas que deve declarar no PL, mas, basicamente, ele representa o investimento dos proprietários na empresa e as reservas de lucro e caixa que ela possui. Capital Social, conforme definição do Sebrae7, é o montante necessário para se constituir e iniciar as atividades de uma nova empresa enquanto esta não gera recursos suficientes para se sustentar. O valor do capital social deve ser estipulado baseado em um plano de negócios elaborado pelos interessados previamente. Até esse ponto, falamos a respeito das contas representantes do patrimônio da empresa (ativo e passivo) e, por isso, representados mediante o Balanço Patrimonial. Precisamos, porém, continuar nosso estudo para completar a avaliação anual da empresa. Falemos, então, das Contas de Resultado. Contas de Resultado ─ aqui são apuradas as receitas e as despesas do período para apurar o resultado e verificar, então, se a empresa teve lucro ou prejuízo. Esse resultado, em termos financeiros, será incorporado ao Patrimônio por meio da conta de Prejuízos acumulados (quando for negativo), ou mediante a conta Reserva de lucros (quando for positivo). Essas contas precisam ser apuradas juntamente ao Balanço Patrimonial, apesar de suas contas (Receitas e Despesas) não estarem inseridas na estrutura inicial do plano de contas do Balanço Patrimonial, uma vez que alteram a situação líquida deste8. Receitas ─ são entradas de elementos para o ativo da empresa, na forma de bens ou direitos, que sempre provocam um aumento da situação líquida. 7 Disponível em: <http://www.sebraesp.com.br/index.php/163-produtos-online/financas/publicacoes/artigos/6755-o-que-e- e-como-definir-o-capital-social-de-minha-empresa>. 8 Veja exemplos reais de publicações de Balanços Patrimoniais e DREs disponíveis em: <http://www.valor.com.br/valor-ri>. 41 CONTROLADORIA │ UNIDADE II As receitas são classificadas em: » Receitas operacionais: são as despesas relacionadas às atividades fim e complementar da empresa. Exemplos: venda de mercadorias, prestação de serviços objeto do negócio da empresa, recebimento de receitas financeiras ou de locação. » Receitas não operacionais: são as receitas originadas pela venda de bens do ativo investimentos, imobilizados e intangíveis. » Despesas: consumo de bens ou serviços que, direta ou indiretamente, ajudam a produzir uma receita, diminuindo o ativo ou aumentando o passivo. As despesas são aplicações que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa com o objetivo de gerar receita. Por representarem saldo devedor, revelam variações negativas no Patrimônio Líquido. Assim como as Receitas, podem ser classificadas em operacionais e não operacionais. » Despesas Operacionais: são as despesas diretamente vinculadas à atividade fim da empresa. Exemplo: custo das mercadorias, serviços, despesas administrativas (IPTU, aluguel, condomínio). » Despesas não Operacionais: são aquelas não diretamente relacionadas à atividade fim da empresa. De forma simplista, poderíamos representar a relação entre as Contas de Resultado e o Balanço Patrimonial da seguinte forma: Figura 2. Contas de Resultado – Balanço Patrimonial. Fonte disponível em: <http://www.fernando-augusto.com/11/>. 42 UNIDADE II │ CONTROLADORIA A estrutura de um Balanço Patrimonial Cada empresa possui suas particularidades tais como ramo de atuação, tamanho, atividade, localidade etc. e, por isso, de forma resumida e didática, podemos afirmar que o plano de contas deve sempre ser feito “sob medida” para atender as necessidades específicas de cada empresa respeitando, é claro, as normas vigentes de contabilidade e as demais legislações aplicáveis. A correta escrituração de um balanço por meio de um plano de contas bem estruturado é de extrema importância, pois além de parametrizar os registros da organização dentro das normas aplicáveis, esse documento serve de informação rica para os demais públicos de interesse da empresa que o utilizam como forma de conhecer a atual e real situação dela. Na definição da estrutura de seu plano de contas a empresa deve avaliá-lo como uma árvore pois, conforme vimos acima, há níveis e subníveis a serem relacionados. Vejamos, então: Figura 3. Estrutura. Estrutura em Árvore Aplicação no Plano de Contas 1. Primeiro Nível 1.1 Segundo Nível 1.1.1 Terceiro Nível 1.1.1.1 Quarto Nível 1. Ativo 1.1 Ativo Circulante 1.1.1 Disponibilidades 1.1.1.1 Caixa 1.1.1.2 Banco É importante compreender que as contas devem sempre seguir a ordem estipulada: 1. ativo; 2. passivo; 3. receitas;4. despesas. Vejamos agora, exemplo de estrutura geral de Plano de Contas, com níveis e subníveis: 1 ATIVO 1.1 ATIVO CIRCULANTE 1.1.1 Caixa 1.1.1.1 Caixa Geral. 43 CONTROLADORIA │ UNIDADE II 1.1.2 Bancos C/Movimento 1.1.2.1 Banco Alfa. 1.1.3 Contas a Receber 1.1.3.1 Clientes. 1.1.3.2 Outras Contas a Receber. 1.1.3.9(-) Duplicatas Descontadas. 1.1.4 Estoques 1.1.4.1 Mercadorias. 1.1.4.2 Produtos Acabados. 1.1.4.3 Insumos. 1.1.4.4 Outros. 1.2 NÃO CIRCULANTE 1.2.1 Contas a Receber 1.2.1.1 Clientes. 1.2.1.2 Outras Contas. 1.2.2 INVESTIMENTOS 1.2.2.1 Participações Societárias. 1.2.3 IMOBILIZADO 1.2.3.1 Terrenos. 1.2.3.2 Construções e Benfeitorias. 1.2.3.3 Máquinas e Ferramentas. 1.2.3.4 Veículos. 1.2.3.5 Móveis. 1.2.3.98 (-) Depreciação Acumulada. 1.2.3.99 (-) Amortização Acumulada. 44 UNIDADE II │ CONTROLADORIA 1.2.4 INTANGÍVEL 1.2.4.1 Marcas. 1.2.4.2 Softwares. 1.2.4.99 (-) Amortização Acumulada. 2 PASSIVO 2.1 CIRCULANTE 2.1.1 Impostos e Contribuições a Recolher. 2.1.1.1 Simples a Recolher. 2.1.1.2 INSS. 2.1.1.3 FGTS. 2.1.2 Contas a Pagar 2.1.2.1 Fornecedores. 2.1.2.2 Outras Contas. 2.1.3 Empréstimos Bancários. 2.1.3.1 Banco A ─ Operação X 2.2 NÃO CIRCULANTE 2.2.1 Empréstimos Bancários. 2.2.1.1 Banco A ─ Operação X. 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.3.1 Capital Social 2.3.1.1 Capital Social Subscrito. 2.3.1.2 Capital Social a Realizar. 2.3.2 Reservas de Capital 2.3.2.1 Reservas de Capital. 2.3.2.2 Reservas de Lucros. 45 CONTROLADORIA │ UNIDADE II 2.3.3 Prejuízos Acumulados 2.3.3.1 Prejuízos Acumulados de Exercícios Anteriores. 2.3.3.2 Prejuízos do Exercício Atual. 3 CUSTOS E DESPESAS 3.1 CUSTOS DOS PRODUTOS VENDIDOS 3.1.1 Custos dos Materiais. 3.1.1.1 Custos dos Materiais Aplicados. 3.1.2 Custos da Mão de Obra. 3.1.2.1 Salários. 3.1.2.2 Encargos Sociais. 3.2 CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS 3.2.1 Custo das Mercadorias. 3.2.1.1 Custo das Mercadorias Vendidas. 3.3 CUSTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS 3.3.1 Custo dos Serviços. 3.3.1.1 Materiais Aplicados. 3.3.1.2 Mão de Obra. 3.3.1.3 Encargos Sociais. 3.4 DESPESAS OPERACIONAIS 3.4.1 Despesas Gerais 3. 4.1.1 Mão de Obra. 3.4.1.2 Encargos Sociais. 3.4.1.3 Aluguéis. 46 UNIDADE II │ CONTROLADORIA 3.5 PERDAS DE CAPITAL 3.5.1 Baixa de Bens do Ativo Não Circulante. 3.5.1.1 Custos de Alienação de Investimentos. 3.5.1.2 Custos de Alienação do Imobilizado. 4 RECEITAS 4.1 RECEITA LÍQUIDA 4.1.1 Receita Bruta de Vendas. 4.1.1.1 De Mercadorias. 4.1.1.2 De Produtos. 4.1.1.3 De Serviços Prestados. 4.1.2 Deduções da Receita Bruta 4.1.2.1 Devoluções. 4.1.2.2 Serviços Cancelados. 4.2 OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS 4.2.1 Vendas de Ativos Não Circulantes 4.2.1.1 Receitas de Alienação de Investimentos. 4.2.1.2 Receitas de Alienação do Imobilizado. Estruture o Balanço Patrimonial da Companhia mSC em 31/12/1X. » Caixa: R$ 1.800,00; » Fornecedores: R$ 5.000,00; » Capital Social: R$ 10.000,00; » Máquinas: R$ 3.000,00; » Estoques: R$ 6.500,00; 47 CONTROLADORIA │ UNIDADE II » Financiamentos a Pagar de Longo Prazo: R$7.320,00; » Lucros Acumulados: R$ 3.400,00; » Duplicatas a receber: R$ 3.400,00; » Salários a pagar: R$ 6.500,00; » Participações em Outras Empresas: R$ 7.320,00; » Contas a pagar: R$ 200,00; » Prédios: R$ 5.000,00; » Impostos a pagar no Curto Prazo: R$ 1.800,00; » Títulos a pagar no Longo Prazo: R$ 2.000,00; » Títulos a receber no Longo Prazo: R$ 9.000,00. Figura 4. Ativo – Passivo. ATIVO PASSIVO Circulante Não Circulante Realizável a L. Prazo Investimentos Imobilizado Intangível Circulante Não Circulante Exigível a L. Prazo Patrimônio Líquido Total Total Fonte: Autor. 48 CAPÍTULO 2 Decisões em relação ao balanço patrimonial e demonstração de resultado exercício (DRE) A relevância do Passivo e do Patrimônio líquido Um dos principais aspectos do Passivo é demonstrar a Estrutura de Capital da Empresa formada por Capital de Terceiros (Passivo) + Capital Próprio (Patrimônio Líquido). Quanto maior for o Capital Próprio (Patrimônio Líquido) e menor o Capital de Terceiros (Passivo), menos a empresa estará endividada. Por sua vez, quanto menor o Capital Próprio (Patrimônio Líquido) e maior o Capital de Terceiros (Passivo), mais a empresa estará endividada. O Passivo também apresenta a qualidade da dívida da empresa. Saberemos se os recursos de terceiros (dos credores da empresa) têm seu vencimento em maior parte em Curto Prazo (Circulante) ou em Longo Prazo (Exigível Longo Prazo). Média de endividamento das empresas brasileiras (capital de terceiros) Avaliando o grau de endividamento das empresas podemos perceber sua política de obtenção de recursos. Se ela recorre a captais próprios, ela está se endividando de uma forma sadia. Se, porém, ela opta por contrair sucessivas dívidas e, desta forma, passa a endividar-se, ela corre um sério risco de falir. Contrair dívidas significa depender e “ficar na mão” de terceiros para manter a empresa de pé. Se, porém, o lucro a ser obtido com o negócio for mais vantajoso do que as taxas a serem pagas pelo empréstimo feito, este pode ser uma boa saída para as empresas que souberem utilizarem dessa estratégia. É de conhecimento geral que, nos últimos anos, o endividamento das empresas (Capital de Terceiros) vem aumentado. 49 CONTROLADORIA │ UNIDADE II Segundo Iudícibus e Marion, o endividamento das empresas brasileiras durante a década de 1970 era de aproximadamente 30% (70% Capital Próprio). No final da década de 1970 e início da década de 1980, a situação praticamente se inverteu: 60% de Capital de Terceiros e 40% de Capital Próprio. Este aumento do endividamento (Capital de Terceiros) se deu em razão do desenvolvimento econômico do Brasil no período, conhecido como “Milagre Econômico”. Na década de 1980, vieram à recessão, os juros altos, a inflação e o medo do empresário se endividar (período conhecido como “Década Perdida”). Com isso, o grau de endividamento das empresas brasileiras novamente diminuiu. Resultado: os ativos das empresas brasileiras ficaram obsoletos, haja vista que não foram renovados por falta de captação de recursos. No final da década de 1990, o endividamento chegou perto de 50% e, em 2002, foi a 58,6%. Em seu Relatório de Estabilidade, publicado em outubro de 2014, o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou que as empresas brasileiras são as mais endividadas dentre os países emergentes, estando com um indicador de atual na ordem de 79%, enquanto os outros emergentes avaliados estavam com taxas mais baixas (Turquia 57%, Rússia 56%, México 59%, Índia 66%). Ativo Circulante versus Passivo Circulante O Ativo Circulante é também denominado Capital de Giro. É composto pelas aplicações que estão constantemente em giro (que têm alto grau de liquidez). O Passivo Circulante, por sua vez, é formado por despesas, contas que, também, estão invariavelmente em giro. Obviamente, o almejado seria que o Ativo Circulante fosse sempre maior que o Passivo Circulante. Enquanto, o primeiro significa dinheiro e valores que se transformarão em dinheiro no curto prazo, o segundo significa dívidas no curto prazo. No entanto, diversas vezes, mesmo que o Ativo Circulante seja maior que o Passivo Circulante, a empresa encontra dificuldade de pagamento de suas dívidas, isso porque as dívidas estão vencendo com rapidez maior do que os valores que se transformam em dinheiro. Quando isso ocorre, a empresa pode optar por recorrer a algumas alternativas tais como o desconto de duplicatas, empréstimos etc., com a finalidade de aumentar seu caixa e,consequentemente, honrar os seus compromissos no vencimento dessas dívidas. 50 UNIDADE II │ CONTROLADORIA Capital Circulante Líquido (CCl) / Capital de Giro Líquido (CGL) O conceito do Capital Circulante Líquido (CCL) é de suma importância para analisar a empresa, pois evidencia a capacidade de uma empresa gerenciar suas relações com fornecedores e clientes e honrar, desta forma, suas obrigações de curto prazo. Fórmula CCL CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante Exemplificando: Considere que uma empresa tenha um Ativo Circulante de R$15.000 e um Passivo Circulante de R$10.000. Veja que, neste exemplo, se a empresa pagar todo o seu Passivo Circulante (na hipótese de ter dinheiro suficiente nas contas Caixa e Bancos), ainda lhe sobrará R$5.000 (CCL). Logo, os R$5.000 (restantes) não estão afetados com as dívidas da empresa. Repare que, pelo fato de a empresa possuir uma parcela que não será utilizada para pagamento da dívida, há uma folga financeira maior a ela. CCL = Ativo Circulante – Passivo Circulante CCL = R$15.000 – R$10.000 / CCL = R$5.000 Conforme conceituado, o Ativo Circulante é denominado, também, de Capital de Giro. Assim, parte do Capital de Giro (Ativo Circulante) que não estiver comprometida com terceiros (Passivo Circulante) será da própria empresa. Daí surge à expressão Capital de Giro Próprio que é sinônimo do Capital Circulante Líquido. O Capital de Giro Próprio representa, tecnicamente, a saúde financeira da empresa (empresa com superávit de capital de giro). Logo, é um importante indicador financeiro da empresa. Quando o Ativo Circulante for maior que o Passivo Circulante, a saúde financeira da empresa será favorável. Ativo não circulante Outra decisão importante a se tomar dentro de uma empresa é a respeito do tamanho de seu ativo não circulante. Ao avaliar e/ou definir o tamanho do patrimônio de uma empresa, faz-se importante distinguir o setor onde ela está inserida bem como sua forma de atuação para saber se o seu Ativo Não Circulante deve ser baixo ou alto. 51 CONTROLADORIA │ UNIDADE II Existem empresas que têm o ativo não circulante bem elevado. As indústrias de maneira geral possuem um Ativo Não Circulante, imobilizado, de valor alto, pois investem em bens de capital (máquinas e equipamentos). Uma empresa do setor comercial, no entanto, possui um Imobilizado de pequeno valor; seu investimento concentra-se, sobretudo, na conta Estoque ─ Ativo Circulante. Assim, o montante de aplicações no Imobilizado varia de empresa para empresa, de acordo com o setor de atividade. Entretanto, algumas empresas do setor industrial não possuem um Imobilizado de grande valor. Estas empresas utilizam a terceirização para reduzir o Imobilizado. A Nike, por exemplo, não tem sequer uma máquina produtiva, e terceiros são contratados para fabricar o produto. De qualquer maneira, independentemente do ramo de atividade da empresa, um aspecto importante é que o Imobilizado seja, sempre, financiado pelo Patrimônio Líquido (Capital Próprio) ou Passivo Exigível em Longo Prazo. Por ser um grupo de retorno lento, financiar o Imobilizado com Passivo Circulante é “dar um tiro no próprio pé”. Exemplo de tomada de decisão no Balanço Patrimonial: Tabela 7. Balanço Patrimonial da Cia. Itamar (empresa comercial) em 31-12-XXXX. ATIVO PASSIVO XXXX XXXX Circulante Caixa Duplicatas a receber Estoques Total Circulante Realizável a LP Títulos a receber Permanente Investimentos Imobilizado Total Permanente 200 300 500 1.000 100 1.000 1.000 2.000 Circulante Fornecedores Impostos a Recolher Outras Dívidas Total Circulante Exigível a LP Financiamentos Patrimônio Líquido Capital Reservas de lucros Total Patrimônio Líquido 100 1.000 100 1.200 1.400 400 100 500 Total 3.100 Total 3.100 Fonte: Extraído do livro Exercícios Contabilidade Empresarial, de José Carlos Marion. 52 UNIDADE II │ CONTROLADORIA Responda às seguintes questões: a. Qual é o Capital Circulante Líquido da Empresa? b. A empresa conseguirá, sem problemas, pagar as suas dívidas? c. Pressuponha que a empresa esteja atrasando um tipo de obrigação. Qual é? d. A composição do endividamento (Capital de Terceiros) é boa? e. As aplicações no Permanente são sensatas? f. Você compraria ação desta empresa? Por quê? Admita que as ações sejam muito baratas? g. A proporção de Capital Próprio em relação ao Capital de Terceiros é boa? h. Qual seria sua atitude como administrador desta Empresa? i. O volume de Investimentos dos sócios é satisfatório? Façamos juntos, uma breve análise a respeito dessa empresa. Essa é a situação de uma empresa que: » não conseguirá pagar suas dívidas, uma vez que seu Ativo Circulante < Passivo Circulante; » atrasa impostos (veja que o valor dos “Impostos a Recolher” é desproporcionalmente alto em relação a Estoques e Ativo Circulante); » que tem um endividamento muito elevado (Passivo/ Passivo + Patrimônio Líquido = 2.600/3.100 = 84%); » que aplica demais no Ativo Permanente, enquanto que uma empresa comercial deveria aplicar mais em Estoques; » o volume de Investimentos dos sócios é insuficiente, ou seja, o Capital de Terceiros é excessivamente elevado em relação ao Capital Próprio. Em uma primeira análise, o ponto positivo da empresa é a qualidade (composição) do Capital de Terceiros. Note que a maior parte da dívida está no Exigível em Longo Prazo em comparação com o Passivo Circulante. 53 CONTROLADORIA │ UNIDADE II Além de ser menos onerosa (mais barata, juros menores), a dívida de Longo Prazo é vantajosa porque há mais tempo para pagar. Mais de 70% das empresas no Brasil são micros e pequenas empresas. Praticamente, todas trabalham com endividamento de Curto Prazo, estão sempre devendo e pagando juros altos. Portanto, a Companhia Itamar tem esse lado positivo: ainda que sua dívida seja elevada (quantidade), possui um excelente perfil de endividamento (qualidade), em que a maior parte da dívida é em Longo Prazo. Um bom administrador identificaria no Balanço Patrimonial que o maior problema da Empresa é de ordem financeira: a empresa não tem Capital de Giro Próprio (o Capital Circulante Líquido é negativo). Isso faz com que ela não consiga pagar suas contas em dia, inclusive os impostos. O problema é que o Passivo Circulante é maior que o Ativo Circulante, ou seja, os valores a pagar no Curto Prazo são maiores que os valores a receber no Curto Prazo. Assim, a saída do administrador é aumentar o Ativo Circulante ou reduzir o Passivo Circulante. Desta forma, respondendo à pergunta feita no item (h) a respeito do que você deveria fazer caso administrasse a empresa, pense que, para aumentar o Ativo Circulante, uma solução seria vender parte do investimento e aplicar em Estoque. Desta forma, você estaria viabilizando uma melhora na atividade comercial da empresa, sem prejuízo do negócio, uma vez que o “investimento” relaciona-se com aplicações que nada têm a ver com o ramo de atividade da empresa. Outra saída seria reduzir o Passivo Circulante e, a melhor forma de fazê-lo, seria mediante a renegociação dos impostos. Ir até o fisco e propor o pagamento em 36 ou 48 meses é plenamente possível e aceitável, ou até mesmo em 60 meses. Assim, a grande parte da dívida de Curto Prazo passaria para Longo Prazo. A confissão espontânea do débito pode amenizar a situação. Para definir se compraríamos ações desta (pergunta f), teríamos que comparar os pontos fracos com os pontos fortes da Empresa: o principal ponto fraco é a situação financeira, pois a empresa não consegue pagar suas contas. Como contrapartida, vimos que há duas saídas (vender Investimentos e/ou renegociar Impostos) que podemcorrigir o problema. Outro ponto fraco, aparentemente muito ruim, é que a empresa atrasa Impostos, neste caso, por se tratar de comércio, estamos falando sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). 54 UNIDADE II │ CONTROLADORIA A questão aqui é se uma empresa com situação financeira sofrível deveria optar em atrasar Impostos, ou atrasar dívidas, ou ainda recorrer aos bancos. Se a empresa atrasasse Fornecedores, não teria mais mercadoria para vender. Atrasar salários levaria a empresa à paralisação. Os juros bancários de curto prazo são elevados e absorveriam a margem de lucro de uma empresa comercial, que, normalmente, é baixa. Para uma empresa com situação financeira precária, atrasar Impostos poderia ser a alternativa menos ruim. Segundo alguns juristas de renome, deixar de pagar Impostos (tais como ICMS, ISS) para arcar compromissos mais urgentes não configura crime contra a ordem tributária. Deixar de pagar por absoluta falta de condições financeiras é diferente de enganar o fisco ou sonegar. Esconder dados, efetuar operações simuladas etc., porém, são práticas criminosas. Partindo desse raciocínio, podemos dizer que em situações de desespero, a Empresa agiu da forma menos ruim. Assim o ponto fraco, negativo, passa a ser um atenuante. Outro ponto fraco é a quantidade do endividamento, mais de 80%. Porém, há, em contrapartida, um ponto forte a respeito da qualidade da dívida: (mais da metade da dívida é de Longo Prazo). Por fim, o último ponto fraco é um excesso de aplicação no item Investimento, já que se trata de uma empresa comercial. Poderíamos partir do princípio de que a Empresa está investindo em outras empresas; que ela seja uma espécie de holding mista, isto é, administra outras empresas e seu próprio negócio no ramo do comércio. Assim, não poderíamos dizer que ela é mal administrada pelo excesso de Investimento no Ativo Não Circulante. Parece que há certo equilíbrio entre os pontos fracos e os pontos fortes. Haveria, então, outro argumento que desempataria esta análise? Sim. A empresa é rentável. Veja que ela tem lucro no Patrimônio Líquido e este lucro ($100) é relevante comparado aos investimentos dos sócios ($400) – 100/400 = 25% de retorno do Patrimônio Líquido. O fato de não ser uma empresa deficitária é extremamente positivo. Por isso, se comprássemos milhões de ações por um valor baixo, isso poderia trazer grandes lucros futuros para o investidor. Se conseguíssemos ver uma saída para a Empresa, sendo ela rentável e tendo ela a ação muito barata, a aquisição poderia ser viável. 55 CONTROLADORIA │ UNIDADE II Estruture o Balanço Patrimonial da Companhia GHX agrupando as contas: Tabela 8. Balanço Patrimonial da Companhia GHX. ATIVO PASSIVO Caixa 10.200 Investimentos 1.200 Bancos 800 Financiamentos (LP) 10.000 Capital 2.000 Estoque 1.000 Impostos a recolher 1.000 Duplicatas a receber 2.000 Diferido 1.400 Empréstimos a pagar (CP) 1.200 Imobilizado 10.000 Reservas de Lucros 11.400 Fornecedores 200 Contas a pagar 800 Fonte: Autor. 1. Com base no Balanço Patrimonial da Companhia GHX, responda às seguintes perguntas: a. Qual é a situação financeira da Empresa? b. Qual é o Capital Circulante Líquido da Empresa? c. Qual é a composição do endividamento da Empresa? d. A Empresa está muito endividada? e. A Empresa conseguirá pagar seus compromissos de Longo Prazo? Enquanto se pode pensar no Balanço Patrimonial como um instantâneo no tempo, a Demonstração de Resultado de Exercício apresenta as operações durante um período de tempo, por exemplo, durante o exercício de 2015. A Demonstração de Resultado de Exercício pode cobrir períodos de qualquer duração, mas, em geral, são elaboradas por trimestre ou por ano. O cálculo é feito de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e seu objetivo principal é mostrar o Resultado do período (se lucro ou prejuízo), bem como, em detalhes, como se chegou ao referido Resultado. 56 UNIDADE II │ CONTROLADORIA O objetivo desse capítulo é introduzir a DRE, no entanto não pretendemos esgotar o assunto. Quadro 1. Principais informações da Demonstração de Resultado de Exercício (DRE). Receita Operacional Bruta (-) Deduções da Receita Bruta → Total Geral de Vendas. Neste grupo incluem-se todos os valores que não representam sacrifícios financeiros (esforços) para a empresa, mas que são meros ajustes para se chegar a um valor mais indicativo que é Receita Líquida, como, por exemplo, Impostos cobrados do consumidor, devoluções e descontos comerciais. Receita Operacional Líquida (-) Custos das Vendas → São somente os gastos da fábrica (gastos de produção), incluindo matéria-prima, mão de obra, despesas com depreciação de bens da fábrica, aluguel da fábrica, energia elétrica da fábrica etc. Lucro Bruto (Resultado Operacional Bruto) (-) Despesas → São os gastos de escritório, gastos para administrar (despesas administrativas) a empresa como um todo: desde o esforço de colocar os produtos ao cliente (despesas de vendas: propaganda, comissão), até remuneração ao Capital de Terceiros (despesa financeira: juros). Lucro Operacional (-) Perdas → Geralmente são os gastos imprevisíveis, que contribuem para a obtenção de Receita (vendas). Lucro antes da Distribuição (-) Participação de Terceiros → Há pessoas que terão uma parte do lucro: Governo (Imposto de Renda), administradores, empregados etc. Lucro Líquido (-) Participação dos Donos → Sócios/Acionistas. Lucro Líquido do Exercício (Resultado Líquido do Exercício) A seguir, para ilustrar como as informações da DRE estão dispostas, será apresentado um exemplo de DRE da Companhia RGM para os anos de 2014 e 2015. Exemplo: Tabela 9. Companhia RGM. Ano 2014 Ano 2015 Receita Bruta 5.000 22.500 (-) IPI e ICMS -1.800 -2.700 (-) Devoluções -750 -1500 (-) Descontos Comerciais -450 -300 Receita Líquida 12.000 18.000 (-) Custo do Produto Vendido -3.600 -6.000 Lucro Bruto 8.400 12.000 (-) Despesas Operacionais de Vendas -1.800 -4.500 (-) Despesas Administrativas -1.500 -3.000 (-) Despesas Financeiras -2.100 -2.250 Lucro Operacional 3.000 2.250 (-) Despesas Não Operacionais -300 -150 Lucro antes do IR 2.700 2.100 57 CONTROLADORIA │ UNIDADE II Ano 2014 Ano 2015 (-) Imposto de Renda -750 -600 Lucro depois do IR 1.950 1.500 (-) Participações Empregados -150 -150 Administradores -300 -225 Lucro Líquido 1.500 1.125 Estruture a DRE da Companhia GHX agrupando as contas: Tabela 10. Contas. Receita Bruta 100.000 ICMS 15.000 Despesas Financeiras 3.000 Despesas Administrativas 2.000 Custo do Produto Vendido 20.000 Comissão de Vendedores 1.500 Imposto de Renda 10.000 Devoluções 3.000 Participação dos Administradores 2.000 Contribuição Social 300 Fonte: Autor. 58 CAPÍTULO 3 Análise das demonstrações financeiras O principal objetivo deste capítulo é discutir as técnicas utilizadas por investidores e administradores para analisar as demonstrações financeiras. A análise das demonstrações financeiras geralmente começa com o cálculo de um conjunto de índices financeiros, construídos para revelar os pontos e para mostrar se a posição da mesma tem melhorado ou piorado no decorrer do tempo. Índices de Liquidez Os Índices de Liquidez mostram a relação do Ativo Circulante de uma empresa com seus Passivos Circulantes e, assim, sua capacidade de honrar dívidas que vão vencer em curto prazo. Dois Índices de Liquidez são largamente utilizados: Liquidez Corrente e Liquidez Seca. Liquidez Corrente A Liquidez Corrente é calculada dividindo-se o Ativo Circulante pelo Passivo Circulante: Índice de Liquidez Corrente= Ativo CirculantePassivo Circulante A Liquidez Corrente é um indicador que demonstra quanto dos direitos dos credores de Curto Prazo estão cobertos por Ativos que, se espera, sejam convertidos em caixa rapidamente. É a medida de solvência de Curto Prazo mais utilizada. Quanto maior o índice em relação às empresas do mesmo setor, melhor. Liquidez Seca A Liquidez Seca é calculada deduzindo-se os estoques do Ativo Circulante e dividindo- se o saldo pelo Passivo Circulante: Índice de Liquidez Seca= Ativo Circulante – Estoques Passivo Circulante Os estoques são os Ativos Circulantes, normalmente, menos líquidos de uma empresa e, portanto, são os Ativos em que é mais provável ocorrerem perdas, em caso de 59 CONTROLADORIA │ UNIDADE II liquidação. Desta forma, é importante ter uma medida de capacidade da empresa de pagar suas obrigações de Curto Prazo sem contar com a venda de estoques. Quanto maior o índice em relação às empresas do mesmo setor, melhor. Outro Índice ainda existente é o Índice de Liquidez Geral, o qual revela quanto a empresa possui em caixa e a realizar para quitar suas dívidas com terceiros. Índice de Liquidez Geral = Ativo Circulante + Realizável em Longo Prazo Passivo Circulante+ Exigível em Longo Prazo Índices de Atividade Os Índices de Atividade medem a eficácia com que uma empresa gera seus ativos. Os Índices de Atividade mais importantes incluem Giro de Estoques e Giro do Ativo. Giro de Estoques O Índice de Giro de Estoques pode ser definido de algumas formas, dependendo da quantidade de produtos que se tenha dentro de um estoque. Este índice determina, de forma aproximada, quantas vezes o estoque é renovado naquele determinado período de tempo. A princípio, quanto mais vezes, melhor. Significa que mais vendas foram efetuadas e, consequentemente, o estoque precisou ser reposto (não estamos considerando, aqui, perdas com quebras, roubos, ou algo do tipo, por exemplo). Uma das formas mais simples de se calcular esse índice é somando-se tudo o que foi vendido durante aquele período e dividindo-se pela média do estoque. Então por exemplo, se estamos verificando o giro de estoque dos últimos 6 meses e verificamos que, no início do período, tínhamos 200 cadeiras, ao longo dos meses, vendemos 200 cadeiras, compramos outras 200. Isso significa dizer que o giro de estoque foi igual a 1, ou seja, cada cadeira foi reposta 1 vez no estoque. Quando o índice for menor do que 1, significa dizer que ainda há produtos no estoque que ainda não foram vendidos e, portanto, não precisaram reposição, ainda, ou seja, não giraram. Quando falamos em média de estoque (para o cálculo da soma de tudo o que foi vendido, dividido pela média do estoque do período), estamos falando em somar as quantidades iniciais e finais do estoque e dividir por 2. 60 UNIDADE II │ CONTROLADORIA Giro de Estoque1 = Soma das Vendas do período Média do estoque do período Porém, quando o estoque é formado por diversos tipos de item fica complicado fazer esse cálculo individualizado. Então, uma outra forma de cálculo deste índice é dividindo-se o custo total das vendas do período pela média do custo do estoque. E quais são as vantagens de ter um giro de estoque alto? » redução nos problemas relacionados a prazos de validade (produtos perecíveis); » redução no espaço de armazenamento e, consequentemente, menores custos; » pagamentos aos fornecedores fracionados; etc. Giro do Ativo O Índice de Giro do Ativo é calculado dividindo-se as vendas pelo ativo médio, sendo: Vendas = receitas líquidas de prestação de serviço e venda de produto, líquida de impostos, abatimentos e devoluções; e Ativo Médio = ativo inicial + ativo final dividido por 2. Este índice mostra se a empresa está gerando um volume de negócios suficientes, dado o total de seu investimento em Ativos. Quanto maior o índice em relação às empresas do mesmo setor, melhor sua posição em relação a essas. Giro do Ativo = Vendas Ativo Médio Índices de Endividamento Os Índices de Endividamento revelam até que ponto a empresa é financiada por terceiros e sua probabilidade de não cumprir suas obrigações exigíveis. Conforme falamos anteriormente, avaliar o nível do endividamento da empresa e sua fonte (se capital próprio ou de terceiro), prazo (curto ou longo) é de extrema importância. Há empresas que recorrem a dívidas como forma de complementação para realizar aplicações produtivas em seu ativo. Essas empresas, desta forma, estão fazendo um endividamento considerado, nesse primeiro momento, sadio, já que o resultado dessas aplicações gerará recursos para saldar os compromissos financeiros assumidos. 61 CONTROLADORIA │ UNIDADE II Os novos compromissos financeiros feitos para saldar antigos compromissos já não podem ser considerados saudáveis. Esse comportamento demonstra um círculo vicioso e denota a probabilidade de falência daquela empresa. O Índice de Endividamento mais importante é denominado grau de endividamento. Grau de Endividamento (%) O quociente do total de capital de terceiros em relação ao total dos Ativos, geralmente chamado de grau de endividamento mede a percentagem de fundos fornecida pelos credores. Em outras palavras, é o percentual de Capital de Terceiros aplicados na empresa. Grau de Endividamento = Total de Capital de Terceiros Total de Ativos Índices de Rentabilidade Os Índices de Rentabilidade mostram os efeitos combinados das políticas de liquidez, da gestão de ativos e do financiamento sobre os resultados operacionais. Margem Líquida (%) A Margem Líquida, calculada pela divisão do Lucro Líquido pelas vendas líquidas, fornece o lucro por unidade monetária de vendas. Este índice revela o sucesso da empresa em termos de lucratividade sobre as vendas. Margem Líquida = Lucro Líquido Vendas Líquidas Em outras palavras, este cálculo mostra o grau de lucratividade líquida depois de reduzidos os gastos da organização comparativamente às vendas líquidas. Portanto, quanto maior o índice, maior é a sua margem de lucro sobre as vendas. Retorno sobre os Ativos (%) O quociente do Lucro Líquido em relação ao total de ativos mede o retorno do empreendimento como um todo, independentemente de onde vierem os recursos, somente admitindo as aplicações realizadas: 62 UNIDADE II │ CONTROLADORIA Retorno sobre os Ativos = Lucro Líquido Ativo Total Quanto maior o índice em relação às empresas do mesmo setor, melhor está sua posição em relação ao mercado no qual atua. Retorno sobre o Capital Próprio O quociente do Lucro Líquido sobre o PL mede o retorno sobre o capital próprio, ou seja, a taxa de retorno sobre o investimento dos acionistas. Retorno sobre Capital Próprio = Lucro Líquido Patrimônio Líquido Quanto maior o índice em relação às empresas do mesmo setor, melhor. Tabela 11. Companhia Western Computer (Balanço Patrimonial 31 de dezembro de 2015). em milhares R$ ATIVO PASSIVO Caixa 77.500 Contas a pagar 129.000 Contas a receber 336.000 Notas promissórias 84.000 Estoques 241.500 Outras Contas a pagar 117.000 Total Ativo Circulante 655.000 Total Passivo Circulante 330.000 Ativos Imobilizados 292.500 Dívidas de Longo Prazo 256.500 Patrimônio Líquido 361.000 Total Ativos 947.500 Total Passivo + PL 947.500 Fonte: Autor. Tabela 12. Companhia Western Computer (DRE 31 de dezembro de 2015). Vendas Custo dos Produtos Vendidos Materiais 717.000 1.607.500 Mão de Obra 453.000 Aquecimento, Luz e Energia 68.000 Mão de Obra Indireta 113.000 Depreciação 41.500 Lucro Bruto 215.000 Despesas de Vendas 115.000 Despesas Gerais e Administrativas 30.000 Fonte: Autor. 63 CONTROLADORIA │ UNIDADE II Tabela 13. Lucro Antes dos Juros e Impostos 70.000 Despesas de Juros 24.500Lucro Antes dos Impostos 45.500 Imposto de Renda Lucro Líquido 18.200 Fonte: Autor. Tabela 14. Índice Western Setor Liquidez Corrente 2,0 2,0 vezes Giro de Estoques 6,7 6,7 vezes Giro do Ativo 1,7 3,0 vezes Margem Líquida 1,7% 1,2% Retorno Sobre os Ativos 2,9% 3,6% Retorno Sobre o PL 7,6% 9,0% Grau de Endividamento 61,9% 60,0% Fonte: Autor. Os Índices de Liquidez, o Giro de Estoques, a Margem Líquida e o Endividamento da Cia. Western estão OK comparativamente à média das companhias do mesmo setor. Os retornos sobre o Ativo e PL estão um pouco deficientes. O único índice deficiente da Cia. Western é o Giro do Ativo. Extraia um Balanço Patrimonial e uma Demonstração de Resultado de Exercício de uma empresa pelo site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou por um jornal de grande circulação e proceda a uma análise de demonstrações financeiras. 64 UNIDADE III FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS CAPÍTULO 1 O papel do administrador financeiro e as séries não uniformes Papel do Administrador Financeiro Nas companhias de médio e grande porte, a área financeira é atribuída a um alto dirigente (Diretor Financeiro) e a gerentes de escalões inferiores (Tesoureiro e Controlador). O organograma a seguir apresenta uma estrutura organizacional dando destaque à área financeira da companhia. O Tesoureiro e o Controlador estão subordinados ao Diretor Financeiro. O Tesoureiro é responsável pela gestão de fluxos de caixa, tomada de decisões de investimento e elaboração do planejamento financeiro. O Controlador gerencia as questões fiscais, a contabilidade de custos e financeira e, em algumas companhias, os sistemas de informação. (ROSS et al, 2001) Figura 5. Estrutura organizacional. Diretor Financeiro Tesoureiro Gerente de Caixa Gerente de Crédito Controlador Gerente de Planejamento Fiscal e Gerente de Custos Fonte: Ross (2001) – simplificada. 65 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III O objetivo mais importante do Administrador Financeiro deve ser o de criar valor aos acionistas (proprietários da companhia) e isso significa maximizar o valor da companhia que ele trabalha. Esse objetivo sempre foi o mesmo e não mudou ao longo dos anos. O que mudou, porém, foi sua forma de se relacionar com o restante das áreas da empresa e sua forma de gestão como um todo. Na era industrial, e ainda precisamos dizer que até hoje em alguns lugares essa “tradição” ainda não foi completamente abandonada, o administrador financeiro sempre atuou como o xerife da companhia, tomando decisões vistas pelo restante da empresa como aleatórias e, nem sempre, transparentes. Com o passar do tempo e a evolução dos processos de gestão e do conhecimento o papel desse profissional foi sofrendo algumas alterações uma vez que deixou de ser de completamente “divorciado” dos outros à aliado para o acompanhamento do processo evolutivo da empresa e, consequentemente, permitindo às áreas um processo decisório mais estratégico e consciente. Para atingir esse objetivo, surge uma questão: de que maneira o Administrador Financeiro cria valor para os acionistas? Ross et al. (2001) respondem a esta pergunta. Simplificadamente, o Administrador Financeiro cria valor para a companhia procurando comprar ativos que produzam mais caixa do que custam; e procurando vender obrigações, ações e outros instrumentos financeiros que proporcionem mais caixa do que custam. No entanto, os administradores têm outros objetivos como, por exemplo, o interesse em sua própria satisfação pessoal, no bem-estar de seus empregados e no bem da sociedade em geral. Quando o Administrador Financeiro pensa apenas em sua própria satisfação pessoal, surge o que se denomina de problema de agência que é um conflito de interesse potencial que surge entre os acionistas e os administradores financeiros. Existem muitas maneiras de forçar o Administrador Financeiro a agir de acordo com os interesses dos proprietários da companhia, incluindo, sobretudo: Remuneração Variável A remuneração na forma variável (bônus) força o Administrador Financeiro a ter como meta principal a criação de valor para a companhia. Assim, as companhias tendem a oferecer a maior parcela da remuneração na forma variável atrelada à criação de valor para a companhia. 66 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS Imposição de Restrições Um dos problemas defrontados nas companhias são os custos de agência, que se dão quando os administradores e os acionistas têm objetivos diferentes. Tais conflitos têm maior propensão de ocorrer quando os administradores têm capital de giro disponível em demasia. Burrough (1990) mostra que os administradores costumam utilizar o caixa em demasia à sua disposição com a finalidade de financiar certas vantagens, tais como: escritórios melhores, jatinhos corporativos, restaurantes de luxo, os quais fazem pouco no sentido de maximizar o preço das ações de uma companhia. Jensen em artigo publicado em 1986, no Journal of Finance sob o título “Empirical Test of the Impact of Managerial Self-Interest on Corporate Capital Structure” afirma que um dos benefícios trazidos pelo endividamento está na imposição de restrições à administração. Para Jensen, com a utilização de mais Capital de Terceiros, a administração torna-se mais determinada a ser eficiente, tendo em vista que as necessidades mais altas de recursos para pagamentos dos passivos exigíveis forçam os administradores a tornarem-se mais disciplinados. Faz-se importante ressaltar que um bom “time financeiro” depende intensamente de seus três pilares, igualmente. A gestão financeira é uma delas, porém há que se cobrar eficiência e eficácia das outras duas pontas: atividades transacionais (atividades de rotina tais como Contas a Pagar, a Receber, operações fiscais etc.), e as de Controle (Contabilidade, Auditoria Interna e Externa etc.). Atuando de forma sinérgica entre as atividades faz com que o administrador/gestor não precise destinar grande parte de seu tempo às rotinas burocráticas e possa usar sua capacidade para agregar valor à companhia o que, ainda nos dias de hoje e, sem dúvida, será sempre seu papel maior. Passando para uma parte mais técnica e conceitual, o que caracteriza uma Série Não Uniforme é ela ter valores não uniformes ou períodos não uniformes entre os valores. A maioria das situações em cálculos financeiros envolve séries não uniformes. Podemos citar alguns exemplos, tais como: o desconto de duplicatas, as operações de venda, os fluxos diários de caixa das companhias, os projetos de investimento e os pagamentos parcelados de uma maneira geral (como, por exemplo, compras de veículos ou eletrodomésticos). 67 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III Vamos analisar o exemplo que se segue, a fim de compreender a dinâmica do cálculo das séries não uniformes. Exemplo: uma indústria de vidros desconta as seguintes duplicatas em um banco comercial que cobra uma taxa de 2% ao mês. Tabela 15. Duplicata Valor Vencimento 23 R$12.000,00 30 dias 26 R$10.000,00 60 dias 42 R$27.500,00 120 dias Fonte: Autor. Segue o diagrama de fluxo de caixa desta operação abaixo: Figura 6. Diagrama de fluxo. 12.000 10.000 0 27.500 0 1 2 3 4 Uma forma de calcular o valor destas duplicatas que venceriam no futuro, porém, sendo descontadas antecipadamente, aplicando-se uma taxa de juros determinada, é aplicando-se a fórmula do Valor Presente (PV, do inglês Present Value). PV = FV (1+i)n Onde: PV = Valor Presente. FV = Valor Futuro. i = taxa de juros. n = número de períodos (expresso em dias, meses, anos). Calculandoo valor presente (PV) de cada uma das duplicatas, temos: PV1 = 12.000 = 11.764,71 1,02 68 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS PV2 = 10.000 = 9.611, 69 (1,02 )2 PV3 = 27.500 = 25.405,75 (1,02 )4 ∑PV = 46.782,14 A aplicação da fórmula do Valor Presente é uma forma de pegar valores futuros, aplicar taxas de juros e corrigir esse dinheiro para os dias atuais. Precisamos, porém, considerar situações mais complexas de cálculo como, por exemplo, as que contemplam várias parcelas. A fórmula completa a ser considerada é: PV = FV (1+i)n + M [(1+i) n -1] [(1+i)n+1 – (1+i)n] Onde: PV = Valor Presente. FV = Valor Futuro. i = taxa de juros. n = número de períodos (expresso em dias, meses, anos). M = mensalidade (ou outro pagamento periódico). PV ─ Present Value, VP ─ Valor Presente e VA ─ Valor Atual são sinônimos e, portanto, sempre que você ouvir qualquer uma dessas expressões estamos falando a respeito da fórmula das séries não uniformes. 69 CAPÍTULO 2 Análise de investimentos Analisar projetos de investimentos utilizando indicadores econômicos e financeiros permite a comparação entre diferentes fluxos de caixa e a determinação do grau de viabilidade de projetos. Por meio de técnicas é possível fazer a classificação de oportunidades de investimentos em vários níveis de atratividade e, com isso, facilitar o processo de tomada de decisões. As análises econômico-financeiras são abordagens quantitativas que utilizam Técnicas da Matemática, Ciências Econômicas e Pesquisa Operacional. Há registro na literatura de diversos modelos de técnicas e métodos. Este capítulo versará sobre os indicadores mais frequentemente utilizados na classificação de projetos de investimentos em condições de certeza, bem como as respectivas considerações sobre as vantagens e desvantagens de cada um. Assim, serão abordadas as técnicas do Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o método do Tempo de Retorno ou Payback. Ressalta-se também que esses métodos de análise geralmente levam em consideração a taxa de desconto denominada Taxa Mínima de Atratividade (TMA). Taxa Mínima de Atratividade (TMA) A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é a taxa de juros que reflete o patamar mínimo de retorno esperado por investidores, que quando não atingido ou não superado, indica que uma determinada seleção de investimento não deverá ser escolhida para receber a aplicação de recursos. A TMA é formada levando-se em consideração três componentes básicos: o custo de oportunidade, o risco do negócio e a liquidez. Geralmente essa taxa de juros está atrelada à rentabilidade das aplicações de pouco risco. Assim, ao se fazer um investimento, busca-se alternativas cujos prováveis dividendos sejam superiores aos de outras opções. A taxa de juros que o dinheiro investido irá proporcionar deverá ser superior a uma taxa prefixada, da qual utilizamos como referência. A esta taxa denominamos Taxa Mínima de Atratividade. Na condição de Custo de Oportunidade, a TMA pode ser considerada também a taxa de juros que remuneraria um determinado capital investido caso ele tivesse sido aplicado 70 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS em uma alternativa diferente da oportunidade selecionada. Dessa forma, a TMA passa a ser o valor da diferença entre duas ou mais taxas de juros, que se refiram a diferentes alternativas de investimento como, por exemplo, caderneta de poupança, fundo de investimento etc. Assim, se há uma determinada aplicação bancária com pequeno índice de risco e que paga 18% a.a., deixar o capital parado equivale a incorrer em um custo de oportunidade de 18% ao ano que este dinheiro deixa de render. O custo de oportunidade depende das alternativas em estudo e acaba sendo o percentual que se paga por não se preferir a oportunidade de maior rendimento. Para Lapponi (2000), existem três tipos de taxas de juros que são analisadas pelos investidores em projetos: » taxa mínima requerida, que é a TMA de um projeto, em que o investidor estipula a taxa para aceitar ou rejeitar um determinado projeto; » taxa esperada, taxa esta originária da projeção dos fluxos de caixa do projeto; » taxa realizada, que identifica a medida exata da rentabilidade do investimento. Como se trata de projeção futura de aplicação de recursos, a TMA serve de parâmetro para cotejamento entre as taxas obtidas pelos projetos durante os períodos de análise. Outra questão importante a ser levada em consideração na composição da TMA é a liquidez, ou seja, a velocidade com que se poderá sair daquela posição de mercado para assumir outra mais rentável, caso seja preferível ou necessário. Para alternativas em que exista o uso de capital próprio e de terceiros enquanto fonte de financiamento, indica-se como TMA o Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) conforme será visto posteriormente. Payback Simples Trata-se do mais antigo método formal para avaliação de projetos de investimento. É também o meio mais simples de se usar a aritmética para a análise de um investimento. O nome Payback vem do inglês e, em tradução livre, significaria pagar de volta. 71 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III Representa o número de anos necessários para recuperar o investimento original, que será compensado pelos fluxos de caixa positivos esperados pelo investidor. Em algum momento em uma linha do tempo, após um determinado número de anos a partir do primeiro desembolso, espera-se que o investimento original seja totalmente recuperado. Em outras palavras, quando o lucro (resultado) do investimento pagará (retornará) o que foi investido. Trata-se de um tipo de cálculo do ponto de equilíbrio. Isso porque indicará em que momento as receitas e as despesas do projeto se equivalem. Quanto mais rápido isso acontecer, melhor. É claro que projetos de grande envergadura tais quais projetos de infraestrutura (por exemplo: construção de um novo terminal de embarque para cargas secas no porto) tendem a ter prazos de Payback mais dilatados por envolverem valores mais consideráveis. A apuração do Payback Simples é feita em três passos. 1o passo: desenhar o Fluxo de Caixa em uma linha do tempo; 2o passo: lançar as expectativas de investimentos e de retornos ano a ano; 3o passo: identificar o período em que a soma dos retornos iguala ou supera o total do investimento. Exemplo 1 – Uma empresa pretende efetuar um investimento de R$10.000,00 no momento inicial de um projeto com taxa de juros de 12% a.a. O retorno projetado é o seguinte: 1o Ano: R$1.000,00. 2o Ano: R$2.500,00. 3o Ano: R$2.500,00. 4o Ano: R$2.500,00. 5o Ano: R$3.500,00. 6o Ano: R$4.500,00. 72 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS Determine o Payback Simples: Quadro 2. Payback. Período Valor Valor Acumulado 0 R$ (10.000,00) R$ (10.000,00) 1 R$ 1.000,00 R$ (9.000,00) 2 R$ 2.500,00 R$ (6.500,00) 3 R$ 2.500,00 R$ (4.000,00) 4 R$ 2.500,00 R$ (1.500,00) 5 R$ 3.500,00 R$ 2.000,00 6 R$ 4.500,00 R$ 6.500,00 Fonte: Autor. Figura 7. Payback Simples. 1.000 2.500 2.500 2.500 3.500 4.500 10.000 No exemplo, a inversão de sinal no valor acumulado ocorre entre o 4o e 5o ano. Dessa maneira, diz-se que o Payback Simples deste investimento é entre o 4o e 5o ano. O Payback Simples é popular porque até mesmo pessoas sem conhecimento em finanças podem calculá-lo e o compreendem com facilidade. No entanto, pode levar o investidor a tomar uma decisão errada, visto que não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo (o que é uma inconsistência teórica) e também não informa quanto iráretornar nem a rentabilidade do retorno. Este método é bastante simples, mas deve ser evitado por aqueles que possuem conhecimentos de Matemática Financeira. Estes devem priorizar o Payback Descontado. Exercício resolvido (1) Os fluxos de caixa líquidos de um projeto de investimento estão indicados no quadro a seguir. Quantos anos precisaremos esperar até que os fluxos de caixa acumulados desse investimento se igualem ou superem seu custo? 73 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III Tabela 16. Fluxos de caixa. Período (anos) Fluxo 0 -50.000 1 30.000 2 20.000 3 10.000 4 5.000 Fonte: Autor. Primeiro e Segundo passos: montar o Diagrama de Fluxo de Caixa e lançar as expectativas de investimentos e de retornos ano a ano. Figura 8. Diagrama de Fluxo de Caixa. 30.000 20.000 10.000 5.000 50.000 Terceiro passo: calcular o número de anos necessários para se recuperar o investimento inicial. Conforme indicado no Diagrama de Fluxo de Caixa, o investimento inicial é de $ 50.000. Depois do primeiro ano, a empresa recupera $ 30.000, deixando $ 20.000 a descoberto. O Fluxo de Caixa no segundo ano é exatamente igual a $ 20.000; ou seja, o investimento “se paga” em exatamente 2 anos. Portanto, o Payback Simples é de 2 anos. Se exigíssemos um período de recuperação do investimento de 2 anos ou menos, o investimento seria aceitável. Exercício resolvido (2) Os fluxos de caixa líquidos de um projeto de investimento são aqueles indicados no quadro a seguir. Quantos anos precisaremos esperar até que os Fluxos de Caixa acumulados desse investimento se igualem ou superem seu custo? 74 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS Tabela 17. Fluxos de Caixa. Período (anos) Fluxo 0 -60.000 1 20.000 2 90.000 Fonte: Autor. Primeiro e Segundo passos: montar o Diagrama de Fluxo de Caixa e lançar as expectativas de investimentos e de retornos ano a ano. Figura 9. Diagrama de Fluxo de Caixa. 90.000 20.000 60.000 Conforme indicado no Diagrama de Fluxo de Caixa, o investimento inicial é de $60.000. Depois do primeiro ano a empresa recupera $20.000, deixando $40.000 a descoberto. O Fluxo de Caixa no segundo ano é exatamente igual a $90.000, ou seja, o investimento “se paga” em algum momento do segundo ano. Nesse caso, o tempo de recuperação do investimento não é exato. O Payback Simples se deu entre o 1o e 2o ano. Se exigíssemos um período de recuperação do investimento de dois anos ou menos, o investimento seria aceitável. Exercício resolvido (3) Se o período de corte é de dois anos, quais dos projetos a seguir deverão ser aceitos? Tabela 18. Projeto. Ano A B C D E 0 -100 -200 -200 -200 -50 1 30 40 40 100 100 2 40 20 20 101 3 50 10 10 -200 4 60 Fonte: Autor. Resposta: Deverão ser aceitos os projetos D e E. 75 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III Exercício resolvido (4) A Companhia Alfa pretende investir $525.000 hoje em um novo projeto de expansão. O projeto gerará fluxos anuais de caixa de $75.000 durante 15 anos. Qual é o período de Payback Simples do projeto? Supondo que a Cia Alfa deseje um período de recuperação do investimento de 13 anos, deve, o projeto, ser aceito? Primeiro e Segundo passos: montar o Diagrama de Fluxo de Caixa e lançar as expectativas de investimentos e de retornos ano a ano. Figura 10. Diagrama de Fluxo de Caixa. 75.000 525.000 Terceiro passo: calcular o número de anos necessários para se recuperar o investimento inicial. O Projeto da companhia Alfa precisa de sete anos para recuperar os $525.000 mil de investimento inicial. Veja o quadro seguinte: Tabela 19. Diagrama. Período Retorno Retorno Acumulado 1o ano 75.000,00 75.000,00 2o ano 75.000,00 150.000,00 3o ano 75.000,00 225.000,00 4o ano 75.000,00 300.000,00 5o ano 75.000,00 375.000,00 6o ano 75.000,00 450.000,00 7o ano 75.000,00 525.000,00 8o ano 75.000,00 600.000,00 Fonte: Autor. Resposta: o projeto deve ser aceito, pois o período de Payback (7 anos) é inferior ao período desejado de recuperação do investimento (13 anos). Payback descontado É similar ao Payback Simples. A diferença reside no fato de neste método o Fluxo de Caixa ser descontado. Assim, os valores recebidos ao longo da linha do tempo, serão 76 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS ajustados a valor presente. Considera-se, portanto, o custo de capital ou uma taxa de desconto. Assim, o Payback Descontado é o número de anos necessários para recuperar o investimento original considerando-se Fluxos de Caixa líquidos descontados pelo custo de Capital do Projeto. Pode-se calcular o Payback Descontado em quatro passos: » 1o passo: desenhar o Fluxo de Caixa em uma linha do tempo; » 2o passo: lançar as expectativas de investimentos e de retornos ano a ano; » 3o passo: descontar cada parcela a valor presente com auxílio da taxa de desconto; » 4o passo: identificar o período em que a soma dos retornos a valor presente se iguala ou supera o total do investimento. Exemplo 2 – Utilizando-se novamente o exemplo 1, teremos um resultado diferente para caso façamos o cálculo considerando o Payback Descontado. Vejamos: Figura 11. Payback Descontado. 1.000 2.500 2.500 2.500 3.500 4.500 10.000 Tabela 20. Período Valor Valor Presente Valor Acumulado 0 10.000,00 R$ (10.000,00) R$ (10.000,00) 1 1.000,00 R$ 892,86 R$ 9.107,14 2 2.500,00 R$ 1.992,98 R$ 7.114,16 3 2.500,00 R$ 1.779,45 R$ 5.334,71 4 2.500,00 R$ 1.588,80 R$ 3.745,91 5 3.500,00 R$ 1.985,99 R$ 1.759,92 6 4.500,00 R$ 2.279,84 R$ 519.92 Fonte: Autor. 77 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III Para o Payback Descontado, só acontecerá a inversão de sinal no valor acumulado entre 5o e o 6o ano. E esse resultado é mais confiável do que o resultado do Payback Simples. É comum e frequente que haja diferenças entre os resultados do Payback Simples e do Payback Descontado. Isso evidencia a importância da correção dos valores dos Fluxos de Caixa a partir de uma taxa de desconto. Outro detalhe é a correção dos valores ao valor presente que torna o Payback Descontado teoricamente consistente. Há, porém, algumas desvantagens no uso do Payback Descontado. O método não informa a rentabilidade e o valor do retorno, como também não leva em consideração os Fluxos de Caixa positivos ou negativos após o período de Payback. Apesar de tais limitações, o Payback dá uma estimativa de tempo no qual o Capital estará preso a um projeto. Exercício resolvido (5) Utilizando o mesmo enunciado do Exercício Resolvido (4), considere uma taxa anual de desconto apropriada para o projeto igual a 10%. Calcule o período de Payback Descontado do projeto. Primeiro e Segundo passos: montar o Diagrama de Fluxo de Caixa e lançar as expectativas de investimentos e de retornos ano a ano. O Diagrama de Fluxo de Caixa é igual ao do EXERCÍCIO RESOLVIDO (4). Terceiro passo: descontar cada parcela a valor presente com auxílio da taxa de desconto e calcular o número de anos necessários para se recuperar o investimento inicial. O Projeto da companhia Alfa precisa entre doze e treze anos para recuperar os $525.000 mil de investimento inicial, tendo em vista que o Payback Descontado é o número de anos necessários para recuperar o investimento original considerando-se Fluxos de Caixa líquidos descontados pelo custo de Capital do Projeto. Veja o quadro que segue: Tabela 21. Período RetornoNominal Retorno Real Retorno Acumulado 1o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^1 = 68.181,82 68.181,82 2o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^2 = 61.983,47 130.165,29 3o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^3 = 56.348,61 186.513.90 4o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^4 = 51.226,01 237.739,91 78 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS Período Retorno Nominal Retorno Real Retorno Acumulado 5o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^5 = 46.569,10 284.309,91 6o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^6 = 42.335,54 326.644,55 7o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^7 = 38.486,86 365.131,41 8o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^8 = 34.988,05 400.119,46 9o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^9 = 31.807,32 431.926,79 10o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^10 = 28.915,75 460.842,53 11o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^11 = 26.287,04 487.129,58 12o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^12 = 23.897,31 511.026,89 13o ano 75.000,00 75.000,00/(1+0,10)^13 = 21.724,83 532.751,72 Fonte: Autor. Resposta: o projeto deve ser aceito, pois o Payback Descontado ocorreu entre o 12o e 13o anos, inferior ao período desejado de recuperação do investimento (13 anos). Exercício resolvido (6) Suponha que um investimento exige um gasto inicial de $5 milhões e tenha Fluxos de Caixa esperados de $1 milhão, $3,5 milhões e $2 milhões para os três primeiros anos, respectivamente. Qual é o Payback Descontado deste investimento se a taxa de retorno exigida é 10%? Tabela 22. Período Fluxo 0 ano -5.000.000 1o ano 1.000.000 2o ano 3.500.000 3o ano 2.000.000 Fonte: Autor Primeiro e Segundo passos: montar o Diagrama de Fluxo de Caixa e lançar as expectativas de investimentos e de retornos ano a ano. Figura 12. 3.500.000 2.000.000 1.000.000 5.000.000 79 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III Terceiro passo: descontar cada parcela a valor presente com auxílio da taxa de desconto e calcular o número de anos necessários para se recuperar o investimento inicial. O Projeto precisa entre dois e três anos para recuperar os $5.000.000 de investimento inicial, tendo em vista que o Payback Descontado é o número de anos necessários para recuperar o investimento original considerando-se Fluxos de Caixa líquidos descontados pelo custo de Capital do Projeto, conforme poderemos ver no quadro que se segue: Tabela 23. Período Retorno Nominal Retorno Real Retorno Acumulado 1o ano 1.000.000 1.000.000/(1,1)^1 = 909.090,91 909.090,91 2o ano 3.500.000 3.500.000/(1,1)^2 = 2.892.561,98 3.801.652,89 3o ano 2.000.000 2.000.000/(1,1)^3 = 1.502.629,60 5.304.282,49 Fonte: próprio autor da pesquisa Resposta: O projeto tem o período de Payback Descontado entre o 2o e 3o anos. Valor Presente Líquido (VPL) ou Valor Líquido Atual (VLA) A partir do reconhecimento das limitações e desvantagens das técnicas de Payback, surgiram outros métodos mais eficazes para a análise de investimentos. Destacamos aqui a ferramenta do Valor Presente Líquido (VPL). O método é baseado no Fluxo de Caixa descontado e reflete o Valor Presente dos retornos (entradas de caixa) de um investimento menos o Valor Presente dos custos (saídas de caixa) deste mesmo investimento. VPL = VP das entradas de caixa (Receitas Líquidas) – VP das saídas (custos ou investimentos) São três os passos para se calcular o VPL. » 1o passo: lançar todas as entradas e as saídas de caixa ao longo de uma linha do tempo. » 2o passo: calcular o valor presente de cada Fluxo de Caixa sejam eles fluxos positivos ou negativos, descontando pelo custo de Capital do Projeto ou pela Taxa de Desconto definida para o projeto. » 3o passo: somar os Fluxos de Caixa descontados. O resultado é o VPL do projeto. 80 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS No caso de um VPL ser positivo, o projeto é considerado viável. Significa que está recebendo mais dinheiro do que foi investido. Se for negativo o VPL, o projeto deve ser rejeitado. Significa que estamos colocando mais dinheiro em termos de investimento do que se têm retorno. Se o VPL é nulo, significa que os Fluxos de Caixa do projeto são somente suficientes para pagar o custo do Capital investido. Ao compararmos projetos mutuamente excludentes de VPL positivo, o de VPL mais elevado deve ser escolhido. Quando os valores forem negativos, o VPL de menor valor em módulo deverá ser elegido. Exemplo – Um projeto demanda um investimento no momento inicial de R$25.000,00. O sistema apresentará durante 4 meses consecutivos o Fluxo de Caixa positivo de R$8.000,00 livre de taxas e impostos. Ao fim do 4o mês não haverá valor residual ou valor de revenda para o projeto. O custo de Capital para o levantamento dos $25.000,00 juntos aos bancos de investimento é 2% a.m. Qual é o Valor Presente Líquido deste projeto? Figura 13. Valor Presente Líquido. R$ 25.000 VPL = (25.000) + 8.000 + 8.000 + 8.000 + 8.000 (1+2%)0 (1+2%)1 (1+2%)2 (1+2%)3 (1+2%)4 VPL = (25.000)+7.843,14+7.869, 35+7.538, 58+7.390.76 VPL = 5.461, 83 O resultado mostra que este projeto gera fluxos de caixa suficientes para “pagar” o custo do projeto a 2% a.m. e deixa um resultado líquido (VPL) de $5.461,83 para os investidores. O VPL denota que é viável este projeto de investimento. 81 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III Utilizando a calculadora HP 12C Tabela 24. Calculadora. Digitar Visor ON f CLEAR REG 0,00 25.000 CHS g CF0 -25.000,00 8.000 g CFj 8.000,00 8.000 g CFj 8.000,00 8.000 g CFj 8.000,00 8.000 g CFj 8.000,00 2 i 2,00 f NPV 5.461,83 Fonte:Autor. Obs.: o comando g Nj pode ser utilizado para não se repetir por 4 vezes a entrada do Fluxo de Caixa R$8.000,00. Nesse caso, teríamos a seguinte sequência de passos. Utilizando a calculadora HP 12C Tabela 25. Calculadora. Digitar Visor ON f CLEAR REG 0,00 25000 CHS g CF0 -25.000,00 8000 g CFj 8.000,00 4 g Nj 4,00 2 i 2,00 f NPV 5.461,83 Fonte: Autor. Exercício resolvido (7) Determine o VPL, considerando uma taxa de desconto de 8% ao ano, do Projeto Y, cujo Fluxo de Caixa é mostrado a seguir: 82 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS Tabela 26. Fluxo de Caixa. ANO FLUXO DE CAIXA 0 – 1.000.000 1 200.000 2 200.000 3 200.000 4 400.000 5 500.000 Fonte: Autor. Primeiro e segundo passos: montar o Diagrama de Fluxo de Caixa e lançar as expectativas de investimentos e de retornos ano a ano. Figura 14. Fluxo de Caixa. 500.000 400.000 200.000 1.000.000 Terceiro passo: utilizando a fórmula (1): VPL = -1.000.000 + 200.000/(1,08)1 + 200.000/(1,08)2 + 200.000/(1,08)3 + 400.000/ (1,08)4 + 500.000 /(1,08)5 = 149.722,94 Utilizando a HP 12C Tabela 27. Fluxo de Caixa. Digitar Visor ON f CLEAR REG 0,00 1000000 CHS g CF0 -1.000.000,00 200000 g CFj 200.000,00 3 g Nj 3,00 400000 g CFj 400.000,00 500000 g CFj 500.000,00 8 i 8,00 f NPV 149.722,94 Fonte: Autor. Resposta: O VPL é igual a 149.722,94 83 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III Exercício resolvido (8) Determine o VPL, considerando uma taxa de desconto de 12% ao ano, dos Projetos A e B, cujos Fluxos de Caixa são mostrados a seguir: Tabela 28. Fluxo de Caixa. ANO PROJETO A PROJETO B 0 -40.000 -50.000 1 10.000 12.000 2 10.000 12.000 3 13.000 16.000 4 13.000 16.000 5 13.000 16.000 Fonte: Autor. Primeiro e segundo passos: montar o Diagrama de Fluxo de Caixa elançar as expectativas de investimentos e de retornos ano a ano. Figura 15. Fluxo de Caixa. Projeto A 13.000 10.000 40.000 Projeto B 16.000 12.000 50.000 Terceiro passo: utilizando a fórmula (1): VPLA= -40.000/(1,12) 0 + 10.000/(1,12)1 + 10.000/(1,12)2 + 13.000/(1,12)3 + 13.000/ (1,12)4 +13.000/(1,12)5 = 1.791,94 VPLB= -50.000/(1,12) 0 + 12.000/(1,12)1 + 12.000/(1,12)2 + 16.000/(1,12)3 + 16.000/ (1,12)4 + 16.000/(1,12)5 = 916,22 84 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS Utilizando a HP 12C – Projeto A Tabela 29. Projeto A. Digitar Visor ON f CLEAR REG 0,00 40000 CHS g CF0 -40.000,00 10000 g CFj 10.000,00 2 g Nj 2,00 13000 g CFj 13.000,00 3 g Nj 3,00 12 i 12,00 f NPV 1.791,94 Fonte: Autor. Utilizando a HP 12C – Projeto B Tabela 30. Projeto B. Digitar Visor ON f CLEAR REG 0,00 50000 CHS g CF0 -50.000,00 12000 g CFj 12.000,00 2 g Nj 2,00 16000 g CFj 16.000,00 3 g Nj 3,00 12 i 12,00 f NPV 916,22 Fonte: Autor. Respostas: O VPL do projeto A é igual a 1.791,94; e O VPL do projeto B é igual a 916,22. Alternativas com vidas úteis diferentes Projetos com diferentes vidas úteis não são diretamente comparáveis, uma vez que estão sujeitos a conflitos em decorrência das disparidades de tamanho e de tempo. A melhor abordagem para esse problema é a técnica do Mínimo Múltiplo Comum (MMC). A técnica do mínimo múltiplo Comum (mmC) Sob o ponto de vista econômico, projetos com durações estimadas desiguais não são diretamente comparáveis. O artifício para resolver esse impasse é adotar o MMC dos 85 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III diferentes horizontes de planejamento das alternativas de investimento em análise. Assim será possível compará-los em uma base temporal uniforme. Neste caso, a comparação de duas alternativas de investimento, com horizontes de planejamento de 3 e 4 anos, respectivamente, resulta em uma base temporal de 12 anos que é o MMC entre 3 e 4. Para efeitos de comparação, repete-se o projeto de 3 anos por 4 vezes em uma linha do tempo de 12 anos. O mesmo se aplica ao projeto de 4 anos que será repetido 3 vezes em um horizonte de 12 anos. Em seguida, calcula-se os VPL de cada projeto, já que, agora, todos estão com seus tempos de duração equalizados. Exemplo – Compare as alternativas K e L pelo método do VPL. Adote uma taxa de juros comum aos dois sistemas de 12% a.a. A alternativa K possui um horizonte de planejamento de 3 anos. A alternativa L possui um horizonte de planejamento de 4 anos. O MMC entre K e L é de 12 anos. Figura 16. 5.000 3.000 10.000 Alternativa Alternativa L K 12.000 Solucionando a alternativa K: para se atender ao horizonte de comparação de 12 anos, repete-se 4 vezes o fluxo da alternativa K. Figura 17. 5.000 Alternativa K 3 6 9 12 12.000 12.000 12.000 12.000 86 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS Havia um único valor de investimento e agora existem 4. Havia 3 fluxos positivos de 5.000 e agora existem 12. Deve-se, neste ponto, simplificar o Fluxo de Caixa para que se tenha um único valor associado a cada ano. O Fluxo de Caixa resultante é: Figura 18. 5.000 5.000 5.000 5.000 Alternativa L 3 6 9 12 12.000 7.000 7.000 7.000 Para uma taxa de juros de 12% a.a., temos o seguinte valor presente líquido: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 12.000 7.000 7.000 7.0005.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000VPL = 1,12 1,12 1,12 1,12 1,12 1,12 1,12 1,12 1,12 1,12 1,12 1,12 1,12 + + + + + + + + + + + + VPL = (12.000) + 4.464.29 + 3.985,97 + (4.982,46) + 3.177,59 + 2.837,13 + (3.546,42) + 2.261,75 + 2.019,42 + (2.524,27) + 1.609,87 + 1.437,38 + 1.283,38 VPL = 23,61 Solucionando a alternativa L: o diagrama já simplificado da alternativa L é como o apresentado a seguir. Figura 19. 3.000 3.000 3.000 Alternativa L 4 8 12 7.000 7.000 Utilizando a calculadora HP 12C Tabela 31. Digitar Visor ON f CLEAR REG 0,00 10000 CHS g CF0 -10.000,00 3000 g CFj 3.000,00 3 g Nj 3,00 70000 CHS g CFj -7.000,00 3000 g CFj 3.000,00 3 g Nj 3,00 87 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III 70000 CHS g CFj -7.000,00 3000 g CFj 3.000,00 4 g Nj 4,00 f IRR -1.810,89 Fonte: próprio autor da pesquisa Comparando os VPL de K e L têm-se que a melhor opção é o VPL de K= 23,61. O VPL de L é negativo e essa alternativa deverá ser rejeitada. Taxa Interna de Retorno (TIR) A Taxa Interna de Retorno (TIR) é a taxa de desconto que iguala o valor presente dos Fluxos de Caixa positivos ao valor presente de seus custos. É a taxa de desconto que faz o VPL do projeto ser zero. Assim, o VPL de um projeto descontado à TIR é 0 (zero). O cálculo da TIR, diferentemente do cálculo do VPL, é feito por tentativa e erro (iteração). Quando auxiliado por calculadora financeira ou planilha eletrônica, passa a ser um processo rápido, eficaz e simples. A ideia por detrás da TIR é similar à do VPL. Define-se enquanto taxa de referência o Custo de Capital a ser investido. Se a TIR de um projeto for superior à referência, haverá um excedente (após a remuneração deste capital) que será revertido para os acionistas. Portanto, quando uma empresa implementa um projeto com TIR superior ao Custo de Capital, aumenta a riqueza de seus acionistas. Por outro lado, implementar um projeto com TIR inferior ao Custo de Capital impõe perda aos acionistas. Exemplo – Um projeto demanda um investimento único inicial de R$20.000,00. Tal projeto fornece um Fluxo de Caixa, livre de taxas e impostos, de $6.000,00 ao mês, durante 5 meses, após este período não há valor residual ou de revenda para o projeto. Calcule a taxa Interna de Retorno (TIR). Figura 20. R$ R$ 20.000,00 VPL = (20.000) + 6.000 + 6.000 + 6.000 + 6.000 + 6.000 (1+TIR%)0 (1+TIR%)1 (1+TIR%)2 (1+TIR%)3 (1+TIR%)4 (1+TIR%)5 88 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS 0 = (20.000) + 6.000 + 6.000 + 6.000 + 6.000 + 6.000 (1+TIR%)0 (1+TIR%)1 (1+TIR%)2 (1+TIR%)3 (1+TIR%)4 (1+TIR%)5 Utilizando a calculadora HP 12C Tabela 32. Digitar visor ON f CLEAR REG 0,00 20000 CHS g CF0 -20.000,00 6000 g CFj 6.000,00 5 g Nj 5,00 f IRR 15,24 Fonte: Autor. O maior inconveniente apresentado pela TIR é que poucas calculadoras e poucas planilhas eletrônicas resolvem o problema de mais de uma inversão de sinal que venha a ocorrer em um projeto. Não é incomum que os projetos passem a ter novos investimentos ao longo de uma mesma linha do tempo. O que acaba ocorrendo é o sistema passar a apresentar uma TIR diferente para cada inversão de sinal. Exercício resolvido (9) Calcule a taxa interna de retorno dos projetos com os seguintes fluxos de caixa: Quadro 3. Fluxo de Caixa. Fluxos de Caixa($) Ano Projeto A Projeto B 0 -4.000 -8.000 1 3.000 6.000 2 2.000 4.000 Primeiro e segundo passos: montar o Diagrama de Fluxo de Caixa e lançar as expectativas de investimentos e de retornos ano a ano. Figura 21.Diagrama de Fluxo de Caixa. Projeto A 3.000 2.000 – 4.000 89 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III Projeto B 6.000 4.000 – 8.000 Cálculo da TIR – utilizando a Hp 12c – Projeto A Tabela 33. Digitar Visor ON f CLEAR REG 0,00 4000 CHS g CF0 -4.000,00 3000 g CFj 3.000,00 2000 g CFj 2.000,00 f IRR 17,54 Fonte: próprio autor da pesquisa Cálculo da TIR – utilizando a HP 12C – Projeto B Tabela 34. Digitar Visor ON f CLEAR REG 0,00 8000 CHS g CF0 -8.000,00 6000 g CFj 6.000,00 4000 g CFj 4.000,00 f IRR 17,54 Fonte: Autor. Resposta: A taxa interna de retorno dos dois projetos é igual a 17,54%. Exercício resolvido (10) A empresa WAM tem uma oportunidade de investimento com o seguinte Fluxo de Caixa: 90 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS Tabela 35. Fluxo de Caixa. Ano Fluxo de Caixa ($) 0 -12.000 1 4.000 2 5.000 3 4.500 Calcule a TIR do projeto. Supondo que a taxa mínima de atratividade do projeto é 8%, deve o projeto ser aceito pela WAM? Primeiro e segundo passos: montar o Diagrama de Fluxo de Caixa e lançar as expectativas de investimentos e de retornos ano a ano. Figura 22. Diagrama de Fluxo de Caixa. 4.000 5.000 4.500 12.000 Cálculo da TIR – utilizando a HP 12C Tabela 36. Digitar Visor ON f CLEAR REG 0,00 12000 CHS g CF0 -12.000,00 4000 g CFj 4.000,00 5000 g CFj 5.000,00 4500 g CFj 4.500,00 f IRR 6,01 Fonte: Autor. Resposta: A TIR do projeto é igual a 6,01%. Com uma taxa mínima de atratividade de 8%, o projeto deve ser rejeitado pela WAM. Em outras palavras, investimentos só devem ser feitos em projetos nos quais a TIR tenha retorno maior do que a TMA (taxa mínima de atratividade). Para cada um dos exercícios a seguir, faça o Diagrama de Fluxo de Caixa e solucione o problema utilizando calculadora científica, calculadora financeira ou planilha eletrônica. Quem fizer com calculadora financeira, deve apresentar 91 FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS │ UNIDADE III a sequência de teclas digitadas e o resultado. Quem fizer com calculadora científica, deve apresentar a fórmula utilizada, a substituição dos valores na fórmula e o resultado. Quem utilizar planilha eletrônica, deve apresentar a sintaxe da equação e o resultado. 1. Imagine que a Companhia Sigma invista hoje $1 milhão em um novo projeto de construção. O projeto gerará fluxos anuais de caixa de $160.000 durante 25 anos. A taxa anual de desconto apropriada para o projeto é igual a 9%. a. Qual é o período de Payback Simples do projeto? Supondo que a Cia. Sigma deseje um período de recuperação do investimento de 10 anos, deve o projeto ser aceito? b. Qual é o período de Payback Descontado do projeto? c. Qual é o VPL do projeto? 2. Calcule a Taxa Interna de Retorno do projeto com os seguintes Fluxos de Caixa: Tabela 37. Fluxos de Caixa. Fluxos de Caixa($) Ano Projeto A Projeto B 0 -3.000 -6.000 1 2.500 5.000 2 1.000 2.000 3. Para o fluxo abaixo, quais serão os VPL correspondentes às taxas de desconto de 11% e 22%, respectivamente? Quando se dá o Payback Descontado para essas taxas de desconto? Tabela 38. Fluxos de Caixa. Ano Fluxos de Caixas ($) 0 5.000 1 -2.500 2 -2.000 3 -1.000 4 -1.000 92 UNIDADE III │ FINANÇAS – MÉTODOS DE ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS 4. Defina cada um dos critérios de investimento. Em sua definição, indique a regra de aceitação ou de rejeição de uma alternativa de investimento de acordo com cada critério. a. Período de Payback. b. Taxa Interna de Retorno. c. Valor Presente Líquido. 93 UNIDADE IVFINANÇAS – CUSTO DE CAPITAL CAPÍTULO 1 Capital de Terceiros, Capital Próprio, Métodos WACC e CAPM O capital de terceiros vis-à-vis ao capital próprio: Vantagens e desvantagens da dívida ─ uma abordagem simplificada. Em uma abordagem simplificada, dívida representa algo que precisa ser devolvido, resultado da obtenção de dinheiro emprestado. Daí surge à ideia de que a dívida é uma obrigação para com terceiros. Quando as companhias tomam dinheiro emprestado, prometem fazer pagamentos regulares e programados de juros, bem como devolver o principal. Vantagens da dívida A principal vantagem na utilização da dívida é o tratamento fiscal diferenciado, no que diz respeito aos juros pagos. Os juros pagos sobre o saldo devedor podem ser deduzidos na Demonstração de Resultado de Exercícios (DRE), na forma de despesa do exercício, reduzindo, portanto, o lucro líquido apurado. Esse fator torna relevante a determinação do grau de endividamento da companhia, de modo a se obter o benefício fiscal. Outra vantagem da dívida foi apontada por Shah apud Ross et al (2001), em artigo recente, em que examinou o efeito de anúncios de alterações de estrutura de capital sobre o preço das ações de algumas companhias. O estudo inferiu forte correlação positiva entre um anúncio que implica aumento do endividamento e o preço das ações da companhia. Quando a companhia altera sua estrutura de capital elevando o percentual da dívida em relação ao capital próprio há evidências que o valor das ações sobe. 94 UNIDADE IV │ FINANÇAS – CUSTO DE CAPITAL Duas conclusões importantes podem ser extraídas do estudo de Shah: » o aumento do preço das ações, na ocasião do anúncio de aumento do endividamento é consequência da principal vantagem com o uso de Capital de Terceiros, qual seja: a existência de benefício fiscal; » a adição de Capital de Terceiros pode sinalizar fluxos futuros de caixa de valor mais elevado. Desvantagens da dívida Entre as desvantagens da dívida a literatura aponta como principal o denominado custo de abrir falência. A dívida, conforme conceituada anteriormente, é uma obrigação da companhia para com terceiros. Caso a dívida não seja paga, os credores poderão reclamar legalmente a posse dos ativos da companhia. Essa ação dos credores contra a companhia poderá resultar em liquidação e em falência gerando, por conseguinte, uma série de custos e despesas relacionadas. Segundo Ross et al (2001), o aspecto fiscal favorece o uso de Capital de Terceiros, mas o aspecto inadimplência favorece o uso de Capital Próprio. As características do Capital de Terceiros e do Capital Próprio, em termos de controle, são diferentes, mas não significa que uma alternativa seja superior a outra. Alavancagem Financeira A alavancagem financeira diz respeito à utilização de dívida na estrutura de capital da companhia. É importante notar que a alavancagem financeira é muitas vezes importante para aumentar o volume de investimentos e a competitividade das companhias, mas, às vezes, pode ter um efeito adverso causando o denominado Risco Financeiro9 como se notou na crise da Ásia, em 1997. Cláudia Nessi Zonenschain, em artigo publicado em 1998, no periódico do BNDES, aborda os efeitos positivos e negativos da utilização da alavancagem financeira na crise. a. Efeitos Positivos da Alavancagem Financeira ─ Em relação aos efeitos positivos, Zonenschain aborda o modelo adotado pelas companhias do Japão e da Alemanha, que se beneficiaram com a alavancagem financeira, aumentando a competitividade, na medida em que repassaram aos preços o custo inferior derivado da vantagem fiscal, ou utilizaram o diferencial para investir em tecnologia e qualidade. 9 Risco Financeiro – é o aumento do risco dos acionistas, em decorrência da alavancagem financeira. 95 FINANÇAS – CUSTO DE CAPITAL │ UNIDADE IV b. Efeitos Negativos da Alavancagem Financeira ─ Em relação aos efeitos negativos, Zonenschain abordao caso da crise a qual reascendeu a discussão sobre os padrões de financiamento mostrando que a alavancagem financeira pode trazer, também, instabilidades e problemas. A crise asiática foi atribuída, pela maior parte dos analistas, ao excesso de alavancagem financeira, fruto do seu padrão de financiamento (baseado em crédito). Zonenschain, observando a crise da Ásia, inferiu que o modelo de financiamento por meio de dívida, que permitiu que uma série de países, como Japão e Alemanha, obtivesse taxas de crescimento elevadas por muitos anos seguidos – parte do dinheiro da dívida foi utilizada para financiar o forte desenvolvimento tecnológico e socioeconômico dos mesmos – trouxe consigo a instabilidade financeira que mais tarde faria com que o próprio modelo de financiamento fosse contestado. Zonenschain, C. N. (1998). Estrutura de Capital das Empresas no Brasil. BNDES. O Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) As operações de uma empresa podem ser financiadas por vários tipos de capital, denominados componentes da estrutura do capital. Tipicamente, têm-se as ações ordinárias e preferenciais (Capital Próprio) e a dívida (Capital de Terceiros). Por uma questão de risco, define-se para cada componente do capital uma diferente Taxa de Retorno, que é denominada custo do componente de capital, e o custo de capital a ser utilizado nas análises de investimento de capital deve ser a média ponderada dos custos dos vários componentes de capital empregados. Esta média ponderada é o Custo Médio Ponderado de Capital. A fórmula do Custo Médio Ponderado de Capital (Weighted Average Capital Cost – WACC) é a seguinte: WACC = Re ⋅ E +Rd ⋅ D ×(1- Tc ) D+E D+E Onde: Re representa a taxa de retorno do Capital Próprio; Rd a taxa de retorno do Capital de Terceiros; Tc é a alíquota marginal de imposto de renda. 96 UNIDADE IV │ FINANÇAS – CUSTO DE CAPITAL Os valores de E/(D+E) e de D/(D+E) determinam os pesos de Capital Próprio e de Capital de Terceiros. Estas proporções são o índice de quociente dívida/capital próprio (ou debt/equity ratio) e medem as contribuições relativas de capital de credores (terceiros) e acionistas (proprietários). O WACC é um custo marginal, sendo o valor médio ponderado o novo capital a ser investido. Não se trata, portanto, do custo do capital já investido. O WACC é a melhor estimativa de como a empresa deverá, na média, captar dinheiro no futuro. É a taxa de desconto que deve ser aplicada para se calcular o valor presente de um projeto ou negócio. É, também, a taxa referencial com a qual a TIR deverá ser comparada. Neste caso, busca-se situações em que a TIR seja superior ao WACC. Os pesos E/(D+E) e D/(D+E) dos componentes do capital podem ser determinados a partir do balanço patrimonial, dos custos de mercado ou pelo objetivo de estrutura de capital da empresa, que é uma estimativa de sua estrutura de capital ótima. Basicamente se busca dois objetivos na montagem desta estrutura: maximizar o valor de suas ações ou minimizar seu custo de capital. Dessa maneira, define-se mais Capital de Terceiros ou mais Capital Próprio em busca de um desses dois fins. A soma de E/(D+E) e D/(D+E) sempre será de 100%. A Rd é a taxa de juros exigida pelos credores. Não será o custo de dívida da corporação, pois os pagamentos de juros são dedutíveis para fins de Imposto de Renda. Com esta dedução, o governo paga uma parte das despesas de juros correspondente à alíquota de Imposto de Renda. É um benefício fiscal que torna a dívida mais atraente que o Capital Próprio e tem de ser descontado do custo de dívida da corporação. Consideram-se as principais fontes de Capital Próprio das empresas a emissão de ações ordinárias e a retenção de lucros. A emissão de ações preferenciais é bastante limitada pela legislação brasileira. Da mesma maneira, as emissões e as ofertas públicas de novas ações ordinárias são evitadas, tem-se, desta forma, a retenção de lucros como principal fonte de capital próprio novo para as corporações. Como os lucros retidos para reinvestimento têm um custo bastante significativo para os acionistas, a empresa deverá compensar o custo de oportunidade com uma taxa de retorno pelo menos igual à taxa que se obteria sobre investimentos alternativos de risco equivalente. 97 FINANÇAS – CUSTO DE CAPITAL │ UNIDADE IV Portanto, Re é o custo do capital próprio novo captado por meio de retenção de lucros e a taxa de retorno que os acionistas esperam obter sobre investimentos de risco equivalente. O cálculo do custo de capital próprio Re é mais complexo que os dos custos de dívida. O Modelo de Precificação de Ativos (CAPm) No início dos anos 1960, os pesquisadores Willian Sharpe e John Lintner desenvolveram estudos sobre o retorno de investimentos em ambiente de risco. Como resultado surgiu o Modelo de Precificação de Ativos (CAPM). O método CAPM descreve a relação entre a taxa de retorno exigida pelos acionistas (Re) e o risco de uma ação ordinária, medido por seu coeficiente de risco beta (b). A equação do CAPM é: Re = Rf + b (Rm - Rf) Onde: Rf é a taxa (de retorno) livre de risco, sendo geralmente, a taxa de retorno dos títulos de longo prazo do Tesouro dos EUA; Rm é a taxa de retorno esperada de uma carteira com todas as ações negociadas no mercado, ou de uma ação média correspondente a todo o mercado. Na prática, o desempenho do mercado é medido por índices como o Dow Jones ou o Ibovespa no Brasil. O coeficiente b de uma ação quantifica seu risco, ou sua volatilidade, em relação ao mercado, pois o prêmio de risco da ação é o produto de seu b e o prêmio de risco do mercado, (Rm-Rf). A diferença entre a taxa de retorno exigida de um ativo e a taxa livre de risco Rf é o prêmio de risco deste ativo. O risco total de um investimento possui dois componentes: » o risco diversificável ─ deve-se a eventos aleatórios que são particulares de cada empresa, com seus sucessos e seus fracassos, e pode ser eliminado pela diversificação da carteira de ações do investidor. Em uma carteira bem diversificada, os sucessos em uma empresa compensam fracassos em outra. Portanto, a diversificação serve como medida de mitigação deste tipo de risco. 98 UNIDADE IV │ FINANÇAS – CUSTO DE CAPITAL » o risco de mercado ─ deve-se a fatores que afetam sistematicamente a maioria das empresas e, portanto, causam movimentos gerais no mercado: inflação, altas taxas de juros, recessões. Uma vez que a maioria das ações é afetada por esses fatores, não é possível eliminar o risco de mercado por meio de diversificação. Em termos práticos, uma ação de risco médio, que tende a acompanhar os movimentos do mercado, tem, por definição, b igual a 1. E uma ação com b superior a 1 tem risco maior que a média do mercado, ou seja, espera-se que os movimentos da ação, para cima ou para baixo, amplifiquem os resultados médios do mercado. Já um b inferior a 1 tende a amortecer os efeitos do mercado. Quanto mais elevado for o b de uma ação, maior será seu risco. E, consequentemente, a taxa de retorno exigida pelos acionistas também será mais alta. Muitas empresas calculam e publicam os seus b. Uma importante base de dados aberta ao público é o site “Damodaran Online” disponível em: <http://www. damodaran.com do Prof. Aswath Damodaran, da New York University>. O CAPM é uma ferramenta importante, mas possui limitações. Isso se deve à necessidade de se fazer estimativas sobre o b futuro de uma empresa e do Rm. O uso de valores históricos nem sempre constituem indicadores seguros para o futuro. No caso de não se fazer a diversificação dos investimentos, pode-se, também, chegar a um resultado incorreto de Re, visto que o risco diversificável não foi eliminado ou minimizado pela diversificação. Exemplo1 – Sabendo que a taxa livre de risco é de 6% a.a., o retorno do mercado é de 10% a.a. e o coeficiente beta da Empresa XWK é 1,5, calcule o retorno (Re): Re = Rf + b (Rm - Rf) Re = 6 + 1,5 [10 - 6) Re = 12% a.a. Exemplo 2 – Se a Empresa XWK possuir o quociente Capital de Terceiros em 1/3 e seu custo de Capital de Terceiros for de 8% a.a., qual será o WACC? Suponha I.R =38% WACC = Re ⋅ E + Rd ⋅ D ⋅ (1- TC ) D+E D+E WACC = 12 ⋅ 2 + 8 ⋅ 1 (1- 0,38 ) 3 3 WACC=9, 653% a.a 99 FINANÇAS – CUSTO DE CAPITAL │ UNIDADE IV 1. Suponha que as ações da Cia. Alfa tenha um beta de 0,95. O risco da carteira de mercado é de 15% ao ano e a taxa livre de risco é de 10% ao ano. Qual é o custo do capital próprio da Companhia? (Calcule pelo método CAPM). 2. No problema anterior, se a Cia. Alfa tiver um grau de endividamento de 50% (Capital de Terceiros/Capital Total) e seu custo de Capital de Terceiros for de 7% ao ano antes do I.R., qual será o seu custo médio ponderado de capital (WACC). Suponha a alíquota de I.R. de 35%. 100 Para (não) Finalizar Sua caminhada não termina aqui. Seu esforço e sua dedicação no estudo dos assuntos aqui abordados merecem ser destacados. Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras é um tema muito amplo e que oferece um vasto campo de informações voltadas para o atendimento às necessidades dos profissionais financeiros. Procure estar sempre atualizado. Seu sucesso profissional depende muito de seu interesse pelos estudos. Deixo-lhe uma valiosa contribuição: o texto, a seguir, cuja autoria desconheço, o qual sintetiza a real razão de nossa existência. Ficar velho é obrigatório, crescer é opcional No primeiro dia de aula, nosso professor se apresentou aos alunos e nos desafiou a que nos apresentássemos a alguém que não conhecêssemos ainda. Eu fiquei em pé para olhar ao redor quando uma mão suave tocou meu ombro. Olhei para trás e vi uma pequena senhora, velhinha e enrugada, sorrindo radiante para mim, com um sorriso que iluminava todo o seu ser. Ela disse: Hei, bonitão! Meu nome é Rosa. Tenho 87 anos de idade. Posso te dar um abraço? Eu ri e respondi entusiasticamente: – É claro que pode! Ela me deu um gigantesco apertão. Por que você está na faculdade em tão tenra e inocente idade? – perguntei. Ela respondeu brincalhona: – Estou aqui para encontrar um marido rico, casar, ter casal de filhos e, então, me aposentar e viajar. 101 PARA (NÃO) FINALIZAR Está brincando – eu disse. Eu estava curioso em saber o que a havia motivado a entrar neste desafio com a sua idade e ela disse: Eu sempre sonhei em ter estudo universitário e agora estou tendo um! Após a aula nós caminhamos para o prédio da União dos Estudantes e dividimos um milkshake de chocolate. Nos tornamos amigos instantaneamente. Todos os dias, nos próximos três meses, nós teríamos aula juntos e falaríamos sem parar. Eu ficava sempre extasiado ouvindo aquela “máquina do tempo” compartilhar sua experiência e sabedoria comigo. No decurso de um ano, Rosa tornou-se um ícone no Campus Universitário e fazia amigos facilmente, onde quer que fosse. Ela adorava vestir-se bem e revelava-se na atenção que lhe davam os outros estudantes. Ela estava curtindo a vida! No fim do semestre, nós convidamos Rosa para falar no banquete do futebol. Jamais esquecerei do que ela nos ensinou. Ela foi apresentada e se aproximou do pódio. Quando ela começou a ler a sua fala preparada, deixou cair três das cinco folhas no chão. Frustrada e um pouco embaraçada, ela pegou o microfone e disse simplesmente: – Desculpe-me, estou tão nervosa! Parei de beber por causa da Quaresma e esse uísque está me matando! Eu nunca conseguirei colocar meus papéis em ordem de novo, então me deixe apenas falar para vocês sobre aquilo que eu sei. Enquanto nós ríamos, ela limpou sua garganta e começou: – Nós não paramos de amar porque ficamos velhos; nós nos tornamos velhos porque paramos de amar. Existem somente quatro segredos para continuarmos jovens, felizes e conseguindo sucesso. Você precisa rir e encontrar humor em cada dia. Você precisa ter um sonho. Quando você perde seus sonhos, você morre. Nós temos tantas pessoas caminhando por aí que estão mortas e nem desconfiam! Há uma enorme diferença entre ficar velho e crescer. Se você tem 19 anos de idade e ficar deitado na cama por um ano inteiro, sem fazer nada de produtivo, você ficará com 20 anos de idade. Se eu tenho 87 anos e ficar na cama e não fizer coisa alguma, eu ficarei com 88 anos. Qualquer um consegue ficar mais velho. Isso não exige talento nem habilidade. A ideia é crescer através de sempre encontrar oportunidade 102 PARA (NÃO) FINALIZAR na novidade. Isto não precisa nenhum talento ou habilidade. A ideia é crescer sempre encontrando a oportunidade de mudar. Não tenha remorsos. Os velhos geralmente não se arrependem daquilo que fizeram, mas sim por aquelas coisas que deixaram de fazer. As únicas pessoas que têm medo da morte são aquelas que têm remorsos. Ela concluiu seu discurso cantando, corajosamente, “A Rosa”. Ela desafiou a cada um de nós a estudar poesia e vivê-la em nossa vida diária. No fim do ano, Rosa terminou o último ano da faculdade que começou todos aqueles anos atrás. Uma semana depois da formatura, Rosa morreu tranquilamente em seu sono. Mais de 2 mil alunos da faculdade foram ao seu funeral, em tributo à maravilhosa mulher que ensinou, através do exemplo, que nunca é tarde demais para ser tudo aquilo que você pode ser. Figura 23. Fonte disponível em: <http://elidebemcomavida.blogspot.com/2013/05/dicas-para-envelhecer-com-saude.html>. 103 Referências ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ___________. Finanças corporativas e valor. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ___________. A. Matemática financeira e suas aplicações. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009. BRIGHAM, E. F.; HOUSTON, J. F. Fundamentos da moderna administração financeira. Rio de Janeiro: Campus, 2005. BRIGHAM, E.F; GAPENSKI, L.C; EHRHARDT, M.C. Administração financeira. 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