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AULA Nº 08 – TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL II TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II EMENTA TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II INTERESSES E DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, COLETIVOS E DIFUSOS Os interesses sociais são usualmente defendidos nas ações coletivas, e podem ser: a) difusos; b) coletivos; c) individuais homogêneos. Os interesses difusos são aqueles em que os titulares são indeterminados e indetermináveis (ex.: direito ao meio ambiente e proteção ao patrimônio cultural). TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II INTERESSES E DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, COLETIVOS E DIFUSOS Os interesses coletivos são aqueles que os titulares são indeterminados porém determináveis, ligados por uma mesma relação jurídica básica (ex.: aumento ilegal de prestações de uma Universidade, uma vez que a ilegalidade emanada de um único ato será igual para todos). Por fim, os interesses individuais homogêneos, são aqueles divisíveis e determináveis, decorrentes de origem comum. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II INTERESSES E DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, COLETIVOS E DIFUSOS Para Luís Roberto Barroso: “havendo a divisibilidade relativamente ao objeto de tais interesses, não fica excluída a priori a eventualidade de desembocar o processo na vitória de um ou de alguns e, simultaneamente, na derrota de outro ou de outros. O fenômeno adquire, entretanto, dimensão social em razão do grande número de interessados e de graves repercussões”. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II INTERESSES E DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, COLETIVOS E DIFUSOS Exemplo de interesse individual homogêneo: os compradores de veículos produzidos com o mesmo defeito em série. O que os liga é o fato de comprarem carros do mesmo lote produzidos com o defeito em série (a “origem comum” a que se refere o art. 81, parágrafo único, inciso III, da Lei nº 8.078/90). TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II AÇÕES COLETIVAS NO CÓDIGO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR Este tema é regulado a partir do art. 91 do CDC. Vale dizer que o CDC não contempla apenas regras de direito material, já que também abrange normas de direito processual. Em realidade, há uma carência grave quanto ao tratamento reservado ao processo coletivo, já que são diversas leis esparsas que atualmente regulam este assunto. O anteprojeto de um Código de Processo Coletivo ou mesmo o projeto que iria criar uma nova lei para a Ação Civil Pública não tiveram êxito em sua tramitação perante a Câmara. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II LEGITIMAÇÃO PARA AS AÇÕES COLETIVAS: DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DOS ENTES POLÍTICOS, DOS ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO, DA DEFENSORIA PÚBLICA O tema é regulado no art. 82 do CDC. O art. 127 da CRFB-88 expressa que “o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incunbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II A legitimação da Defensoria Pública pode ser extraída de outros diplomas (v.g. art. 5º, inciso II, Lei nº 7.347/85. Apenas entes coletivos podem propor a demanda coletiva com base na LACP e CDC. A legitimidade é concorrente (todos os relacionados na legislação podem interpor a ação, em separado ou conjuntamente) e disjuntiva (independe da vontade dos demais). Recorde- se que háisenção de custos do processo em favor do substituto processual, salvo nos casos de má-fé, evitando um desestímulo a litigância coletiva (art. 18 da lei 7.347/85). TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II COMPETÊNCIA PARA AS AÇÕES COLETIVAS A propositura da demanda deve se dar no foro do local do dano, que terá competência funcional para processar e julgar a causa (art. 2 LACP), o que aparenta contradição, pois a previsão de “local do dano” não aparenta se referir a uma competência funcional. O texto legal foi incisivo na expressão “absoluta” para rechaçar qualquer tipo de interpretação no sentido de que a competência na ACP seria de natureza relativa, impedindo a sua prorrogação (art. 114 CPC). TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II COMPETÊNCIA PARA AS AÇÕES COLETIVAS Aliás, isso não é novidade no ordenamento jurídico pátrio (Ex. Demanda reivindicatória de imóvel, conforme art. 95, CPC). O tema também é regulado pelo art. 93 do CDC: “Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local: I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local; II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente”. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II A COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS: EFEITOS EFEITOS ERGA OMNES NOS DIREITOS DIFUSOS; ULTRA PARTES, NOS COLETIVOS E; ERGA OMNES, NOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS É um tema regulado pelo art. 93 do CDC. Nos direitos difusos (art. 103, I CDC), está previsto que a sentença fará efeitos erga omnes (oponível contra todos), exceto improcedência por insuficiência de provas. Significa dizer que haverá extensão da coisa julgada além dos limites das partes, atingindo os outros co-legitimados, que estarão inibidos de repropor a mesma ação, nos casos de procedência, bem como de improcedência por infundada a pretensão (falta de comprovação dos fatos constitutivos do direito do autor). TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II Nesse caso (art. 103, III CDC), haverá efeito erga omnes, se procedente o pedido, o que reflete o transporte da coisa julgada in utilibus (em benefício) para as demandas individuais em trâmites que versem sobre o tema, verificada a opção do autor individual pela suspensão do seu processo (art. 104 CDC), além daqueles titulares individuais que permaneceram inertes (não ajuizaram demanda individual concomitantemente à demanda coletiva). TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II APROVEITAMENTO DA COISA JULGADA FAVORÁVEL DA AÇÃO COLETIVA NAS AÇÕES INDIVIDUAIS Observe-se que os particulares sempre poderão pleitear judicialmente eventuais danos surgidos em suas relações intersubjetivas (art. 104 CDC). Isso poderá se dar, inclusive, na hipótese de prévio insucesso da demanda coletiva que verse sobre direitos difusos e coletivos stricto sensu (art. 103, § 1º CDC), apesar da coisa julgada erga omnes no caso de improcedência por infundada pretensão (art. 103, I e II CDC). Igualmente, quando haja anterior improcedência de demanda coletiva sobre direitos individuais homogêneos, não haverá extensão aos indivíduos (art. 103, III CDC). TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II CONDENAÇÃO GENÉRICA Tenha-se em mente que a tutela coletiva dos direitos individuais homogêneos possui algumas características fundamentais: 1) a repartição da atividade cognitiva em 2 fases, uma de conhecimento (na ação coletiva propriamente dita, relacionadas ao núcleo de homogeneidade dos direitos tutelados), e uma de execução (juízo específico sobre as situações individuais de cada lesado); 2) legitimação ativa por substituição processual na primeira fase, e, na segunda, através do regime comum de representação; TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II CONDENAÇÃO GENÉRICA 3) a sentença condenatória terá natureza genérica (art. 95 CDC), sem identificar o beneficiário,nem o prejuízo, limitando-se ao núcleo de homogeneidade dos direitos individuais, para fixar a responsabilidade do réu pelos danos causados, que serão apurados, individualmente (quantum debeatur), em liquidação de sentença (art. 97 CDC) – a divisibilidade, característica dos direitos individuais homogêneos, na verdade, somente se manifestará na liquidação e execução da sentença coletiva. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II LITISPENDÊNCIA A litispendência no processo civil tradicional decorre da identidade entre os elementos identificadores da ação (art. 301, §§ CPC). Diferentemente, se apenas a causa de pedir ou o pedido forem idênticos, será hipótese de conexão, que se resolve pela prevenção (art. 2, par. único LACP). Nas causas coletivas, há previsão de inúmeros co- legitimados legalmente autorizados a atuar na defesa do mesmo direito, cuja titularidade pertence a um único sujeito de direito: a coletividade. Os autores agem, assim, em substituição processual, não importando quem está “capitaneando” o litígio. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II LITISPENDÊNCIA Haverá, pois, litispendência se outro legitimado ingressar com ação já proposta por um legitimado, com a identidade de pedido, causa de pedir e interessados. Com efeito, a identidade formal das partes é irrelevante para a configuração da litispendência coletiva. Jurisprudência STJ – REsp 925.278/RJ, DJ 19/06/08: “(..) Nas ações coletivas, para efeito de aferição de litispendência, a identidade de partes deverá ser apreciada sob a ótica dos beneficiários dos efeitos da sentença, e não apenas pelo simples exame das partes que figuram no pólo ativo da demanda. Precedente do STJ. (..)”. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II ÔNUS SUCUMBENCIAIS Recorde-se que há isenção de custos do processo em favor do substituto processual, salvo nos casos de má-fé, evitando um desestímulo a litigância coletiva (art. 18 da lei 7.347/85). TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II EXERCÍCIOS! TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II 1ª questão: Sindicato dos servidores públicos do Estado do Rio de Janeiro promoveu, na qualidade de substituto processual e, portanto, legitimado extraordinário, Ação Coletiva em face daquele ente federativo. A demanda foi julgada procedente. Antônio, servidor público concursado do Estado do Rio de Janeiro, promoveu a execução individual da sentença proferida. Não houve oferecimento de embargos à execução por parte do Estado do Rio de Janeiro. Indaga-se: Pode o magistrado condenar o Estado do Rio de Janeiro ao pagamento de honorários advocatícios ainda que não embargada a execução? Fundamente. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II 2ª questão. Assinale a alternativa correta sobre legitimação pra a propositura da ação civil pública: a) a Defensoria Pública é parte legítima para ajuizar ação civil pública; b) o cidadão não possui legitimidade para ajuizar ação popular; c) o Ministério Público possui legitimidade para ajuizar ação popular; d) a ação civil pública somente pode ser deflagrada por associação sem fins lucrativos. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II Texto elaborado por: Rodolfo Kronemberg Hartmann. Contato: www.rodolfohartmann.com.br. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO DIREITO PROCESSUAL CIVIL II E ACABOU... ATÉ A PRÓXIMA SEMANA COM NOVAS LIÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL II SUGESTÃO DE LEITURA: HARTMANN, RODOLFO KRONEMBERG. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL, VOLS. I, II, III E IV, ED. IMPETUS. OUTRAS INFORMAÇÕES: WWW.RODOLFOHARTMANN.COM.BR
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