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Laceração perineal e fístula reto vestibular na égua uma revisão. Gheller (2001)[964]

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Revista da FZVA 
Uruguaiana, v. 7/8, n.1, p. 102-113. 2000/2001. 
LACERAÇÃO PERINEAL E FÍSTULA RETO-VESTIBULAR NA 
ÉGUA: UMA REVISÃO 
PERINEAL LACERATION AND RETOVESTIBULAR FISTULAE IN 
THE MARE: A REVISION 
Daniel Roulim Stainki1 & Valentim Arabicano Gheller2 
RESUMO 
Os traumas reto-vestibulares ocorrem em muitas espécies, mas são descritos com 
maior freqüência em éguas. Estas injúrias são observadas normalmente durante o parto, por 
isso relaciona-se esta alta incidência em decorrência dos esforços violentos de expulsão do 
feto. O propósito deste artigo é revisar alguns dos aspectos clínicos e cirúrgicos importantes 
destas afecções, bem como descrever as diferentes técnicas alternativas para o reparo das 
mesmas. 
Palavras-chave: Traumas reto-vestibulares, égua, parto. 
ABSTRACT 
The rectovestibular lacerations occurs in a lot of species, but is reported with larger 
frequency in mares than in other domestics animals. These injuries usually occur during 
parturition, and it has been proposed that the high incidence is due to violent efforts of 
expulsion of the fetus during the parturition. The purpose of this article is to revise some of 
the important clinical and surgical aspects of these disorders, as well as to describe the 
different alternatives for the repair of the same ones 
Key Words: Rectovestibular lacerations, mare, parturition. 
 
1
 Méd. Vet. EV/UFMG, Prof. Medicina Veterinária FZVA PUCRS. E-mail – drstainki@uol.com.br 
2
 Méd. Vet. Prof. Escola de Veterinária – Departamento de Clínica e Cirurgias Veterinárias, UFMG. 
 
INTRODUÇÃO 
Entre as injúrias comumente 
relacionadas ao parto da égua encontramos 
as lacerações perineais, fístulas reto-
vestibulares, rupturas vaginais, lacerações 
do cervix, ruptura e hemorragia uterina e 
prolapso uterino. Das injúrias do trato 
reprodutivo caudal, algumas são 
imediatamente perceptíveis após o parto 
(laceração perineal), enquanto outras nem 
sempre são tão evidentes (laceração 
Laceração perineal... 
Revista da FZVA 
Uruguaiana, v. 7/8, n.1, p. 102-113. 2000/2001. 
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cervical), até tornarem-se um problema 
clínico futuro ou causa de incapacidade 
reprodutiva na fêmea (TROTTER, 1992). 
PAPA et al. (1992) citam que as lacerações 
perineais podem conduzir desde um 
estabelecimento de pneumovagina até, nos 
casos mais graves, à morte do animal. 
Dentre os principais traumas cirúrgicos, 
encontrados pós-parto na égua, destacam-se 
as lacerações perineais e a fístula reto-
vestibular. Objetiva-se através desta 
revisão, descrever os principais aspectos 
clínicos destas duas importantes injúrias 
encontradas na medicina eqüina, relatando 
os tratamentos cirúrgicos indicados pela 
literatura especializada. 
LACERAÇÕES PERINEAIS 
Classificação e Sinais Clínicos 
Lacerações perineais são 
classificadas em primeiro, segundo e 
terceiro graus, baseadas em sua extensão. 
Lacerações de primeiro grau envolvem 
somente a mucosa do vestíbulo e a pele da 
comissura dorsal da vulva. O corpo perineal 
e o ânus não são envolvidos. Lacerações de 
segundo grau implicam na lesão da mucosa 
e submucosa vestibular continuando-se com 
os músculos do corpo perineal, incluindo o 
músculo constritor da vulva, bem como a 
mucosa e a pele da vulva. O reto e o ânus 
não estão envolvidos. Lacerações de 
terceiro grau resultam em ruptura do corpo 
perineal, esfíncter anal, assoalho do reto e 
teto do vestíbulo vaginal (AANES, 1964, 
COLBERN et al., 1985). O resultado é a 
perda dos limites anatômicos e uma 
abertura comum entre o vestíbulo e o reto 
(Fig. 01). Quando a ruptura do períneo é 
completa, os sinais clínicos são bem 
definidos e evidentes, o primeiro observado 
é a hemorragia, em maior ou menor 
intensidade dependendo do grau de 
laceração e do tempo transcorrido. Presença 
de fezes dentro da vulva é outro sinal 
observado. Em lesões mais antigas ocorrem 
infecções, com edema e supuração, 
acompanhada de necrose tecidual 
(WILLIANS, 1909). 
Lacerações de primeiro grau são 
normalmente auto limitantes e não 
requerem outra cirurgia a não ser a técnica 
de Caslick. Algumas lacerações de segundo 
grau necessitam somente a técnica de 
Caslick, mas outras necessitam de 
reconstrução do corpo perineal. Lacerações 
de terceiro grau resultam em contaminação 
do vestíbulo e ocasionalmente da vagina, 
dependendo da abertura ou não do esfíncter 
vestibular, necessitando uma restauração do 
vestíbulo, reto e corpo perineal 
(TROTTER, 1992). 
Patogenia 
Distocia fetal, feto exageradamente 
grande, enganchamento do casco na dobra 
Stainki, D.R. & Gheller, V.A. 
Revista da FZVA 
Uruguaiana, v. 7/8, n.1, p. 102-113. 2000/2001. 
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vaginal durante o parto (fig. 02), assistência 
forçada incorreta, ou antes, de uma 
completa dilatação, podem ocasionar essas 
afecções reprodutivas. Lesões de terceiro 
grau ocorrem comumente em éguas 
primíparas e com maior freqüência nas de 
temperamento nervoso, possivelmente pela 
natureza tumultuosa de seus partos 
(AANES, 1964, COLBERN et al., 1985, 
TROTTER, 1992, HULL, 1995). 
Considerações Pré-Operatórias 
Reparos imediatos das lacerações de 
terceiro grau devem somente ser 
considerados se forem executadas dentro de 
poucas horas e se forem compatíveis com o 
sucesso mediante uma avaliação clínica 
minuciosa. Debridamento local de injúrias 
agudas pode ser necessário e em alguns 
casos profilaxia do tétano, tratamento 
antibacteriano e antiinflamatório devem ser 
recomendados. O reparo definitivo é 
normalmente atrasado por 4 a 6 semanas, 
até a completa contração, organização e 
reepitelização da ferida (TURNER & 
McILWRAITH, 1989, TROTTER, 1992). 
Alterações na dieta devem ser 
instituídas bem antes da data da cirurgia, 
para que a égua esteja bem adaptada à 
mesma. Fezes moles sem excessivo 
conteúdo líquido são as desejadas, pois 
fezes muito secas irritam o sítio cirúrgico 
provocando constipação, e fezes muito 
moles predispõem a contaminação e 
formação de fístulas, esta dieta deve ser 
mantida por 3 a 4 semanas após a cirurgia 
(COLBERN et al., 1985). 
A égua deve ser tranqüilizada e uma 
anestesia epidural administrada (TURNER 
& McILWRAITH, 1989, BELKNAP & 
NICKELS, 1992, ADAMS et al., 1996). 
Momentos antes do procedimento 
cirúrgico o reto deve ser completamente 
esvaziado evitando a passagem de fezes 
sobre o ferimento cirúrgico recente 
(WILLIANS, 1909, COLBERN et al., 
1985). 
A cauda da égua deve ser enrolada 
em bandagem, um tampão de gaze 
introduzido no reto e a região perineal 
lavada com soluções iodadas e soro 
fisiológico (BELKNAP & NICKELS, 
1992, ADAMS et al., 1996). 
Procedimentos Cirúrgicos 
A cirurgia é realizada com o animal 
em estação e com o uso de tranqüilizantes e 
anestesia epidural. Numerosas técnicas com 
ou sem modificações tem sido descritas, 
mas todas com o princípio básico da 
reconstrução de uma divisória entre o reto e 
o vestíbulo, e a restauração de um corpo 
perineal funcional. Os princípios a serem 
observados e cumpridos incluem a plena 
aposição tecidual com um mínimo de 
Laceração perineal... 
Revista da FZVA 
Uruguaiana, v. 7/8, n.1, p. 102-113. 2000/2001. 
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tensão sobre a linha de sutura (TROTTER, 
1992). 
Göetze em 1929 foi o primeiro a 
descrever um reparo cirúrgico de laceração 
perineal de terceiro grau em égua. AANES 
(1964) desenvolveu o reparo feito em dois 
estágios com completa cicatrização entre a 
primeira e segunda cirurgia. Os métodos 
mais comumente usados são os reparos em 
dois estágios e o reparo em um estágio: 
1°) Reparo em Dois Estágios – O 
primeiro estágio envolve a reconstrução da 
delimitação reto-vestibular mas sem o 
fechamento da região perineal. A técnica é 
concluída 3 a 4 semanasapós, através do 
reparo do períneo (Fig. 03). 
A dissecação inicia profundamente 
em um plano caudal à divisória reto-
vestibular existente, continuando ao longo 
da parede lateral do vestíbulo, seguindo a 
linha que separa o reto do vestíbulo. A 
dissecação (que se aprofunda pelos tecidos 
submucosos) prossegue lateralmente até a 
pele perineal. A dissecação lateral continua-
se até que os flapes teciduais possam ser 
levados ao ponto médio vaginal sob uma 
mínima tensão. A sutura inicial é tipo 
Cushing contínuo (não contaminante) com 
material de sutura absorvível n° 0 ou 1 que 
inverte a mucosa para o vestíbulo. Esta 
linha de sutura é temporariamente 
interrompida para permitir suficiente acesso 
para a segunda camada de sutura. A 
segunda camada de sutura, tipo 
interrompida simples, é essencialmente de 
aproximação tecidual, disposta dorsalmente 
à primeira, passando através da submucosa 
retal, tecido perivaginal e submucosa 
vaginal, usando-se material de sutura 
absorvível n° 2. A cicatrização ocorre em 
um período de 3 a 4 semanas, quando então 
proceder-se-á o segundo estágio de reparo. 
O segundo estágio consiste da 
remoção do epitélio da superfície triangular 
remanescente da região perineal e aposição 
destes tecidos na linha média (Fig. 04). 
Nenhuma tentativa deve ser feita para isolar 
e suturar independentemente os músculos 
do esfíncter anal, pois a aproximação dos 
tecidos da região perineal restaura 
suficientemente a função do esfíncter 
(COLBERN et al., 1985, TURNER & 
McILWRAITH, 1989, TROTTER, 1992). 
2°) Reparo em Um Estágio – Duas 
divisões de tecidos são criadas, com o flape 
do tecido retal mais espesso que o flape 
vestibular. Dissecação é realizada como 
previamente descrita, com a exceção que 
dois flapes são criados. A dissecação 
continua até ambos os flapes alcançarem a 
linha média com uma mínima tensão. Uma 
incapacidade em aliviar suficientemente a 
tensão sobre a linha de sutura é considerada 
a razão mais comum para o insucesso no 
reparo. A sutura é do tipo Donatti com seis 
locais de apreensão, tendo-se o cuidado de 
Stainki, D.R. & Gheller, V.A. 
Revista da FZVA 
Uruguaiana, v. 7/8, n.1, p. 102-113. 2000/2001. 
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não atingir a mucosa retal, com os nós 
permanecendo na luz vestibular. O material 
de sutura utilizado é um monofilamento não 
absorvível n0 2 ou 3. Para os pontos utiliza-
se uma agulha meio círculo atravessando 
primeiramente o flape vestibular esquerdo, 
profundamente à margem incisada, após a 
submucosa do flape retal esquerdo, a 
submucosa do flape retal direito, emergindo 
no vestíbulo através do flape vestibular 
direito, retorna pela mucosa do mesmo 
flape para atravessar o flape vestibular 
esquerdo no sentido submucosa - mucosa. 
Quando apertada esta sutura promove uma 
aposição da mucosa retal e uma eversão da 
mucosa vestibular (Fig. 05). Os fios de 
sutura são deixados longos para facilitar sua 
remoção em 12 a 14 dias. Se necessário 
pode-se concluir a síntese do corpo perineal 
com a técnica de Caslick (BELKNAP & 
NICKELS, 1992, TROTTER, 1992). 
FÍSTULA RETO-VESTIBULAR 
A fístula reto-vestibular pode ser 
tratada através de sua transformação em 
uma laceração perineal de terceiro grau 
(COLBERN et al., 1985, TROTTER, 1992) 
com o seu reparo feito como previamente 
descrito, pelo vestíbulo ou através da 
secção do corpo perineal (TROTTER, 
1992). 
Se a fístula encontra-se 
profundamente localizada, sua abordagem 
pode ser feita pela secção horizontal do 
corpo perineal. Esta abordagem deve ser 
feita com a égua em estação, com uma 
incisão horizontal de 4 a 6 cm no ponto 
médio entre o ânus e a vulva, estendendo-se 
por 3 a 4 cm ventro-lateralmente à vulva 
(Fig. 06). Esta incisão horizontal deve 
continuar 2 a 3 cm cranial a fístula. 
Utilizando um material de sutura absorvível 
no 1, a porção retal da fístula é fechada em 
um plano transverso) com pontos tipo 
Lambert, inicialmente dividindo a fístula na 
metade, após em dois quartos e assim 
sucessivamente até o completo fechamento 
da mesma, sem penetrar na mucosa do reto 
(VAUGHAN, 1984, ADAMS et. al., 1996). 
A porção vestibular é fechada 
longitudinalmente (sutura absorvível no 1), 
e o espaço criado pela dissecação horizontal 
é deixado cicatrizar por segunda intenção, 
sendo a irrigação e a limpeza recomendada 
até o seu fechamento completo pela 
formação do tecido de granulação, que 
ocorre dentro de duas e meia a três semanas 
(TROTTER, 1992). Uma variação pode ser 
encontrada na literatura, indicando a sutura 
cutânea do períneo com pontos tipo Wolff 
(VAUGHAN, 1984). 
ADAMS et al. (1996) descreveram 
um método para o reparo cirúrgico direto de 
fístulas reto-vestibulares em éguas através 
da vulva e do esfíncter anal intacto. Para a 
abertura do esfíncter anal e da vulva foi 
Laceração perineal... 
Revista da FZVA 
Uruguaiana, v. 7/8, n.1, p. 102-113. 2000/2001. 
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utilizado um afastador de Balfour. A síntese 
foi feita em três camadas: a primeira 
incorporando a submucosa retal, a fáscia 
perineal e a submucosa vestibular, a 
segunda a mucosa retal, com acesso pelo 
esfíncter anal, e a terceira a submucosa 
vestibular com acesso via vaginal. 
PÓS-OPERATÓRIO 
Administração de antibióticos e 
antiinfamatórios analgésicos e remoção dos 
pontos de pele aos 14 dias. Descanso sexual 
por 6 meses, algumas éguas necessitam 
inseminação artificial devido a grande 
redução da abertura vulvar. Deve-se manter 
o controle da alimentação e a administração 
de laxantes até a remoção dos pontos, para 
evitar fezes ressecadas e constipação 
(TURNER & McILWRAITH, 1989, 
TROTTER, 1992). 
COMPLICAÇÕES 
As principais complicações das 
lacerações perineais e fístulas são: 
deiscência parcial ou total das suturas, 
formação de abscessos, constipação, 
recorrência da fístula e ocorrência de 
refluxo urinário (COLBERN et al., 1985, 
TURNER & McILWRAITH, 1989, 
TROTTER, 1992), podendo esta última ser 
tratada pelo procedimento cirúrgico de 
extensão uretral (BELKNAP & NICKELS, 
1992). 
TÉCNICA CIRÚRGICA DE CASLICK 
A cirurgia de Caslick a qual é uma 
forma de episioplastia é o procedimento 
cirúrgico mais comum para a correção de 
pneumovagina previnindo a aspiração 
involuntária de ar para a vagina (TURNER 
& McILWRAITH, 1989, TROTTER, 
1992). 
Em algumas éguas, com o aumento 
da idade e repetidas gestações, ocorre um 
aumento da circunferência abdominal e um 
enfraquecimento da musculatura do 
abdome, resultando, através do trato 
intestinal, uma retração do ânus e da vulva 
para uma posição mais cranial (POURET, 
1982). Éguas nas quais os lábios vulvares 
estão inclinados em direção do anus, são 
propensas a vaginites, cervicites, metrites e 
infertilidades devido a contaminação por 
material aspirado através da vulva. Fêmeas 
velhas e debilitadas com o ânus 
aprofundado para dentro da pélvis 
apresentam maior incidência de 
pneumovagina. Pelo menos 80% dos lábios 
vulvares devem estar localizados ventral ao 
assoalho pélvico e o selo vulvar apresentar 
pelo menos 2,5cm de profundidade, e ser 
resistente a separação labial (TURNER & 
McILWRAITH, 1989). 
MONDINO SILVA & PIPPI (1983) 
mencionam que uma das causas mais 
comuns das infecções genitais na égua 
deve-se a pneumovagina, e que a forma, a 
Stainki, D.R. & Gheller, V.A. 
Revista da FZVA 
Uruguaiana, v. 7/8, n.1, p. 102-113. 2000/2001. 
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posição, o tamanho e o fechamento vulvar 
orientam de forma segura quanto ao 
aparecimento do problema e quanto à 
urgência do tratamento. 
Esta técnica também é realizada em 
combinação com outras cirurgias perineais 
em éguas, para complementá-las, tais como 
o reparo de primeiro, segundo e terceiro 
grau em lacerações perineais (TURNER & 
McILWRAITH, 1989, BELKNAP & 
NICKELS, 1992).Pré-Operatório e Anestesia 
A técnica de Caslick pode ser 
realizada com o animal em estação, através 
de tranqüilização e anestesia local pela 
infiltração de aproximadamente 5ml em 
cada margem dos lábios vulvares, logo 
abaixo do nível do arco isquiático. As fezes 
são manualmente removidas do reto 
imediatamente antes da cirurgia, e a cauda 
deve ser enrolada em bandagem para evitar 
a contaminação do campo cirúrgico. Uma 
limpeza completa da região perineal deve 
ser realizada utilizando-se uma solução 
desinfetante branda, sendo logo após 
enxaguada abundantemente (TURNER & 
McILWRAITH, 1989). 
Técnica Cirúrgica 
Com uma tesoura o cirurgião 
remove uma porção de 3 a 5mm da junção 
mucocutânea de cada lábio vulvar 
(TURNER & McILWRAITH, 1989). Um 
erro muito comum é a retirada excessiva de 
tecido, visto que a égua terá que sofrer 
novas cirurgias durante sua vida 
reprodutiva, tornando o reparo mais 
laborioso (TROTTER, 1992). O 
comprimento vulvar a ser suturado vai 
depender da conformação individual de 
cada égua, variando de 50 a 70% da vulva. 
O padrão de sutura utilizado é o ponto 
isolado simples ou contínuo, com fio não 
absorvível, monofilamento (nylon ou 
polipropileno), no 2-0 (TURNER & 
McILWRAITH, 1989). A abertura vulvar 
remanescente deve permitir a introdução de 
um especulo vaginal (Fig. 07). 
Pós-Operatório 
Remoção dos pontos de pele com 7 
a 10 dias, excessivo fechamento vulvar 
pode ocasionar refluxo de urina. Para evitar 
exageradas lesões de parto, os lábios 
vulvares devem ser separados 
cirurgicamente um a dois dias antes do 
parto (MONDINO SILVA & PIPPI, 1983, 
TURNER & McILWRAITH, 1989). 
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO 
Os autores consultados são 
unânimes em considerar que a maioria das 
lesões perineais, na égua, é em decorrência 
do parto (VAUGHAN, 1984, COLBERN et 
al., 1985, TURNER & McILWRAITH, 
1989, BELKNAP & NICKELS, 1992, 
TROTTER, 1992, ADAMS et al., 1996). 
Laceração perineal... 
Revista da FZVA 
Uruguaiana, v. 7/8, n.1, p. 102-113. 2000/2001. 
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HULL (1995) cita ainda uma freqüência 
igual entre lacerações perineais e fístulas 
reto-vaginais na égua. 
Em ambos os métodos cirúrgicos de 
reparo, em um ou dois estágios, pode-se 
conseguir altos índices de recuperação dos 
animais. COLBERN et al. (1985) citam que 
de 47 animais operados para a correção de 
lacerações de terceiro grau, com a técnica 
de dois estágios, obtiveram sucesso em 
75% dos casos. Já BELKNAP & NICKELS 
(1992) atingiram 82% de cicatrização por 
primeira intenção em 17 animais, utilizando 
a técnica de reparo em um estágio. ADAMS 
(1996) de 5 animais tratados para a 
correção de fístulas reto-vaginais, operando 
diretamente através do esfíncter anal e 
vulva, obteve a cicatrização por primeira 
intenção em 4 animais. A deiscência parcial 
ocorrida em um dos animais teve resolução 
espontânea através da cicatrização por 
segunda intenção. 
Para a realização de quaisquer dos 
procedimentos cirúrgicos citados 
anteriormente é fator importante a 
tranqüilização e anestesia epidural 
(COLBERN et al., 1985, TURNER & 
McILWRAITH, 1989, BELKNAP & 
NICKELS, 1992, TROTTER, 1992, 
ADAMS et al., 1996). 
Os fios indicados para a correção 
das lacerações variaram entre fios sintéticos 
não absorvíveis (VAUGHAN, 1984, PAPA 
et. al., 1992), fios sintéticos absorvíveis 
(COLBERN et al., 1985, TURNER & 
McILWRAITH, 1989, ADAMS et al., 
1996) e a indicação de ambas (BELKNAP 
& NICKELS, 1992, TROTTER, 1992). 
Em qualquer técnica que se possa 
optar é de fundamental importância que os 
tecidos permaneçam justapostos, mas sem 
tensão sobre a linha de sutura, pois este foi 
um dos fatores repetidamente citados como 
causador do insucesso das técnicas 
empregadas. 
TURNER & McILWRAITH (1989) 
indicam a técnica de Caslick para o 
tratamento da pneumovagina, já 
MONDINO SILVA & PIPPI (1983) 
sugerem que apenas a sutura dos lábios 
vulvares é, às vezes, insuficientes para 
provocar um fechamento eficiente, sendo 
comum à ocorrência de recidivas nesta 
técnica de vulvoplastia, pelo fato de não 
englobar o teto do vestíbulo na sutura. 
Dos métodos aqui descritos, todos 
podem apresentar resultados satisfatórios, 
desde que se respeite os princípios básicos 
da técnica cirúrgica obstétrica, e que as 
éguas que foram submetidas à cirurgia 
corretiva recebam assistência médico-
veterinária no parto seguinte, como 
indicado por PAPA (1992). 
Stainki, D.R. & Gheller, V.A. 
Revista da FZVA 
Uruguaiana, v. 7/8, n.1, p. 102-113. 2000/2001. 
110 
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Figura 01 – Laceração perineal de terceiro grau na égua, pronta para a correção cirúrgica. (De Trotter, G. A. Surgical Diseases Of The 
Caudal Reproductive Tract. In: Auer, J. Equine Surgery. Saunders Company. 1992.). 
 
 
Figura 02 – Laceração perineal na égua, associada a distocia fetal, durante o parto. (De Colbern, G. T. ,Aanes, W. A. , Stashak, T. S. 
Surgical management of Perineal lacerations and retovestibular Fistulae in the mare: A retrospective study of 47 cases. 
JAVMA, 1985.) 
 
 
Figura 03 – Primeiro estágio do reparo Cirúrgico da laceração perineal de terceiro grau. (A) Secção horizontal da membrana que separa o 
reto do vestíbulo vaginal e dissecção ao longo da linha cicatricial para formar os flapes vestibulares. (B) Sutura invaginante 
contínua da mucosa vestibular e aproximação do tecido submucoso através de pontos isolados simples. (C) Aspecto da primeira 
etapa do reparo da laceração perineal. (De Trotter, G. A. Surgical Diseases Of The Caudal Reproductive Tract. In: Auer,J. 
Equine Surgery. Saunders Company. 1992.) 
Stainki, D.R. & Gheller, V.A. 
Revista da FZVA 
Uruguaiana, v. 7/8, n.1, p. 102-113. 2000/2001. 
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Figura 04 - Segundo estágio do reparo cirúrgico da laceração perineal de terceiro grau. (D) Aspecto da ferida pronta para a segunda etapa 
cirúrgica. (E) Delimitação das margens epiteliais a serem excisadas. (F) Aproximação do tecido submucoso do corpo perineal e sutura 
contínua da mucosa retal. (G) Segundo estágio cirúrgico concluído. (De Trotter, G. A. Surgical Diseases Of The Caudal Reproductive Tract. 
In: Auer, J. Equine Surgery. Saunders Company. 1992.) 
 
 
Figura 05 – Reparo cirúrgico em um estágio. Sutura tipo Donatti com seis locais de apreensão para união tecidual. (De Trotter, G. A. 
Surgical Diseases Of The Caudal Reproductive Tract. In: Auer, J. Equine Surgery. Saunders Company. 1992.) 
 
 
Figura 06 – Secção do corpo perineal. Incisão horizontal no ponto médio entre o ânus e a vulva. (De Trotter, G. A. Surgical Diseases of The 
Caudal Reproductive Tract. In: Auer, J. Equine Surgery. Saunders Company. 1992). 
 
Laceração perineal... 
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Uruguaiana, v. 7/8, n.1, p. 102-113. 2000/2001. 
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Figura 07 – Técnica cirúrgica de Caslick. Procedimentos básicos desde a anestesia dos lábios vulvares, remoção mucocutânea e síntese da 
ferida cirúrgica. (De Turner, A. S. & Mcilwraith, C. W. Techniques in large animal surgery. 2 ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 
1989. 381p.

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