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Magnetometria Emilson Pereira Leite – DGRN/Unicamp Aplicações • Localização de objetos metálicos: tubos, cabos, equipamentos militares. • Geofísica rasa: sítios arqueológicos, passagens em minas, intrusões ígneas • Exploração mineral: Depósito de minerais metálicos, skarns, sulfetos massivos, carbonatitos, kimberlitos, intrusões porfiríticas e alteração hidrotermal; • Petróleo e água subterrânea: Profundidade do embasamento em bacias e detecção de falhas. • Mapeamento geológico: Identificação de falhas e limites geológicos, especialmente abaixo de coberturas sedimentares • Geotectônica: papel fundamental na descoberta e em análises atuais da teoria de Tectônica de Placas. Conceitos do magnetismo •Força magnética •Campo magnético •Momento magnético •Magnetização •Susceptibilidade magnética Força magnética Descrita por Coulomb em 1875, é conhecida como Lei de Coulomb Magnética p [Ampere x metro] = intensidade do pólo magnético. m = permeabilidade magnética. • O campo magnético H no pólo p2, gerado pela presença de p1 r é um vetor unitário que aponta do pólo p1 para o pólo p2 Campo magnético H m = pLn [A x m2] Momento de dipolo magnético Magnetização Momento magnético por unidade de volume Ampere metro p V A L A = = = m m M n Campo indução magnética B e Susceptibilidade Magnética 0 Newton , =Tesla Ampere×metro 1 m m m = = = M H B H A magnetização M está relacionada aos campos H e B através de uma constante de proporcionalidade : é uma constante adimensional, chamada susceptibilidade magnética, cujo valor depende das propriedades magnéticas do material. Causas da susceptibilidade magnética • Em nível atômico, os materiais tem um momento magnético resultante, causado por – (1) Rotação de elétrons em torno do núcleo – (2) Spin dos elétrons • Cada núcleo atômico pode ser imaginado como sendo um pequeno dipólo magnético com seu próprio momento magnético. • Diamagnéticos • Todos as camadas eletrônicas são completas, portanto o momento devido ao spin é nulo. • Na presença de um campo externo, o momento devido à rotação dos elétrons se opõe à esse campo, gerando uma susceptibilidade negativa e pequena. • Exemplos: sal, quartzo, feldspato, calcita, grafite, água. Classificação dos materiais magnéticos • Paramagnéticos • Possuem camadas eletrônicas incompletas (elétrons sem par). • Quando colocados num campo magnético externo, os dipolos correspondentes aos spins de elétrons sem par sofrem rotação, produzindo um campo no mesmo sentido do campo aplicado. • A susceptibilidade é positiva, porém fraca. • Exemplos: olivina, piroxênio, pirita, siderita, biotita. 12 • Ferromagnéticos • Contêm vários elétrons sem par. • O momento magnético de cada átomo é acoplado aos outros, formando domínios magnéticos, de forma que todos são paralelos. • Gerados por órbitas eletrônicas que se sobrepõem umas às outras. • Possuem uma magnetização espontânea mesmo na ausência de um campo externo. • Apresentam altas susceptibilidades. • Exemplos: cobalto, ferro e níquel. Domínios magnéticos http://www.evico-magnetics.de/magneto.html Microscópio óptico-magnético de Kerr • Ferrimagnéticos • Os domínios magnéticos são também anti- paralelos, mas de magnitudes diferentes; • Susceptibilidades altas e positivas. • Exemplos: magnetita, pirrotita, titanomagnetita • Anti-ferrimagnéticos • Os momentos magnéticos dos domínios vizinhos são opostos uns aos outros e se cancelam. • Susceptibilidade aproximadamente nula. • Exemplo: hematita Perda da magnetização • A temperatura na qual o mineral perde completamente a sua magnetização é conhecida como temperatura de Curie. •Titanomagnetita 100-200o C •Titanomaghemita 150-450o C •Magnetita 550-580o C •Hematita 650-680o C Magnetização remanente • Adquirida durante a formação da rocha (MR). • Materiais ferrimagnéticos exibem este tipo de magnetização. • Permite mapear o deslocamento das placas litosféricas no passado. • Pode ser de origem termal, quando a rocha esfria passando pela temperatura de Curie (resfriamento de rochas vulcânicas). Histerese • Fundamenta-se na relação entre M e H que ocorre em minerais ferrimagnéticos. – M converge para um valor com o aumento de H na saturação. – Quando H decresce, M não segue a mesma curva. – Portanto, aparece um valor M remanente quando H volta para zero. Magnetização total M = Mi + Mr A magnetização total que gera o campo magnético medido pelo magnetômetro é a resultante vetorial das magnetizações induzida (Mi) e remanente (Mr). Propriedades magnéticas das rochas O campo geomagnético Pode ser aproximado por um dipólo que melhor se ajusta à Terra - Momento magnético de 8 ·1022 [A x m2] - Inclinação do eixo em relação ao pólo de 11,5o ~70,000 nT ~25,000 nT •Inclinação (I) •Declinação (D) •Campo total (B) B Elementos do campo geomagnético Variação diurna •Vento solar: corrente de partículas carregadas (e-, p+, núcleo de He) que produz um campo magnético interplanetário de ~6 nT. •Interação com o campo geomagnético → Magnetosfera. •Fortes correntes elétricas são induzidas na Ionosfera terrestre, ocasionando principalmente variações diurnas do campo geomagnético, da ordem de 10 a 30 nT. •Eventualmente, ejeções da massa coronal do Sol produzem tempestades magnéticas de amplitudes de até 500 nT na superfície. Variação secular Deriva do pólo Sul Deriva do pólo Norte •Deriva polar •Decréscimo do momento magnético de dipólo de cerca de 5% por século. Reversões geomagnéticas • Intrusões magmáticas podem ser datadas através de medidas da magnetização remanente (paleomagnetismo). • Camadas magmáticas sucessivas registram as polaridades do campo geomagnético ao longo do tempo geológico. • Os dados mostram que, eventualmente, o campo geomagnético tem a sua polaridade revertida, isto é, o pólo norte magnético torna-se o pólo sul magnético e vice versa. Reversões geomagnéticas • As reversões ocorrem freqüentemente no tempo geológico, em média de 500 a 700 mil anos, mas não há uma periodicidade definida. • Desde o fim do período Cretáceo (65 Ma), foram registradas 171 reversões do campo geomagnético. • Modelos computacionais de geodínamos autossustentáveis tentam explicar teoricamente as reversões (Glatzmaier & Roberts, 1995). Modelos de geodínamo de Glatzmaier & Roberts (1995) Contribuição Interna Contribuição Externa Fontes do campo geomagnético •97 %: Campo principal: Magnetização devido à correntes elétricas no núcleo externo da Terra. •1-2 %: Campo crustal: Magnetização remanente e induzida devido à rochas com alta susceptibilidade dentro da crosta terrestre. •1-2 %: Campo externo: Devido à partículas ionizadas na camada superior da atmosfera e ao vento solar. Intensidade Inclinação Declinação Campo geomagnético de referência (IGRF) Modelo matemático da componente interna! Anomalias magnéticas • Anomalia = valor medido – valor de referência. • Diagrama vetorial do campo geomagnético: Abordagem do Livro de Keary et al. (2002). • As componentes estão originalmente relacionadas por• Superpondo uma anomalia magnética ao campo B, teremos uma mudança ΔB na intensidade de B. • Substituindo a primeira equação na segunda (destacada em azul no slide anterior) e desprezando os termos de segunda ordem, resulta em • Similarmente, em termos dos ângulos temos • Esta abordagem pode ser utilizada para calcular a anomalia magnética causada por um pequeno polo magnético isolado, de intensidade p, definida como o efeito desse polo sobre um polo positivo unitário no ponto de observação. • O polo está situado a uma profundidade z, distância horizontal x e distância radial r do ponto de observação. p • A intensidade dessa anomalia é dada por • Por simplificação, admitindo que α = 0, podemos aplicar geometria euclidiana à figura anterior para obter as componentes Corpo alongado aproximado por dipolo • A anomalia magnética da maior parte dos corpos de forma regular pode ser calculada como o efeito combinado de uma série de dipolos paralelos à direção de magnetização. • Considere um desses magnetos elementares de comprimento l e seção transversal em um corpo com intensidade de magnetização M e momento magnético m. • Se a intensidade do polo do magneto for p , então p = m/l e substituindo esse resultado na equação acima, temos • Se é a área da extremidade do magneto e ɵ o ângulo entre o vetor magnetização e a direção normal à essa face • e portanto • A anomalia de um corpo irregular é calculada determinando-se a distribuição dos polos sobre a superfície do corpo. • Cada pequeno elemento da superfície é considerado e suas anomalias são calculadas. • Os efeitos são somados (integrados), produzindo anomalias devido ao corpo como um todo. Magnetômetro de precessão de prótons • Se o campo externo muda, os prótons vão precessionar para se alinharem ao novo campo. • A frequência de precessão é proporcional à intensidade do campo externo • Um núcleo de prótons exibe um momento angular, que gera um momento de dipólo magnético resultante. • O momento magnético do próton tenderá a se alinhar com o campo externo. Magnetômetro de precessão de prótons • Duas bobinas envolvendo um recipiente com um fluído rico em hidrogênio. • Uma para induzir um campo numa direção diferente do campo natural (Fa). • Outra para medir a voltagem causada pela precessão dos prótons. • Processo de medição: • A bobina externa é energizada com uma corrente elétrica, resultando num campo Fa que alinha os prótons. • Quando essa corrente é desligada, os prótons precessionam de volta para se alinharem com o campo natural, gerando uma corrente alternada na bobina receptora, em uma certa frequência. B B Magnetômetro de precessão de prótons • Vantagens: • Não é necessário alinhar o magnetômetro com alguma direção do campo natural. • Leve e de fácil manuseio. • Desvantagem: • Não mede componentes vetoriais do campo. • Precisão de medida: • 0,1 a 1 nT com intervalo de tempo de amostragem de 0,5 a 2s. • Chega a 0,1 nT de precisão se a resolução da frequência é de 0,004 Hz. Magnetômetro de vapor alcalino • Conceitos físicos básicos: • Usa frequência de ressonância de um vapor alcalino. • Efeito Zeeman (subdivisão de níveis de energia do átomo devido à presença de um campo magnético). • Constituintes do magnetômetro: • Recipiente com vapor de césio ou rubídio. • Fonte de luz polarizada do mesmo elemento. • Bobina para gerar um campo magnético de radio- frequência. • Detector de luz. Magnetômetro de vapor alcalino • Funcionamento: • Uma luz polarizada passando pelo vapor impulsiona os elétrons para as camadas de maior energia. • Uma corrente alternada fluindo na bobina gera um campo magnético de radiofrequência que entra em ressonância com a frequência de transição dos elétrons entre os subníveis de energia (Efeito Zeeman). • A frequência de ressonância é proporcional ao campo magnético externo. •Vantagens: • Não é necessário alinhar o magnetômetro com o campo externo. • Intervalo de tempo curto para realização das medidas •Desvantagens • Não mede componentes vetoriais • Precisão de medida: • 0,01 até 1 nT Magnetômetro de vapor alcalino Gradiômetro magnético • Mede-se a diferença entre duas medidas do campo magnético que são realizadas próximas espacialmente. • Divide-se o resultado pela distância entre os sensores. • Vantagens: • Não é necessário correção da variação diurna. • Alta resolução para feições próximas à superfície. • Desvantagens: • Não mede feições de longo comprimento de onda. • Remoção automática do regional. • Pode reduzir a razão sinal/ruído. • Onde for possível, conduzir o levantamento perperdicularmente a direção do corpo de estudo. • Estabelecer estação base para monitorar variações do campo geomagnético. Retornar à base no mínimo de 1 em 1 hora para nova leitura ou implementar uma estação de medição contínua. • A resolução do levantamento estará diretamente relacionada ao espaçamento entre pontos de medida. Levantamentos terrestres Levantamentos aéreos • Mesmo princípio dos levantamentos terrestres, com exceção de que as linhas tem espaçamentos maiores. • Bacias sedimentares •4 km de espaçamento e 1 km de altura de vôo. • Áreas de exposição do embasamento (exploração mineral) •Espaçamento de 10-50 m e 30-50 m de altura de vôo. • Pesquisas ambientas rápidas: •Espaçamento de 200 m e 100-500 m de altura de vôo. Levantamentos aéreos • Linhas sobrepostas com pontos de cruzamento: • Fornece informação 3D em subsuperfície. • Permite correção diruna. • Elevação: • Altímetro de radar ou laser. • GPS diferencial para alguns levantamentos por helicóptero. • Posição: • Fotos aéreas e radares em levantamentos antigos. • GPS em levantamentos atuais. Correção diurna Dia calmo Dia de tempestade • A Variação diurna do campo geomagnético é causada pelo vento solar que perturba a ionosfera. • Mudanças rápidas ou lentas. • Correções pequenas durantes períodos calmos, e grandes em períodos de tempestades magnéticas • Durante uma tempestade magnética, o levantamento é interrompido. • Correção da variação diurna: • Repetição de leituras em uma estação base ou por linhas de cruzamento. • Estação base de registro contínuo. • International Geomagnetic Reference Field • Correção da variação do campo em função da latitude e longitude. • Se o levantamento é conduzido sobre uma área muito grande, então é útil a correção devido às variações relativas à posição: • Gradiente norte-sul é de cerca de 2 a 5 nT/km • Gradiente leste-oeste é de cerca de 0 a 2 nT/km. • Utilizar um modelo IGRF. Correção do campo principal (IGRF) • O máximo gradiente vertical, devido à altitude do ponto de observação, é de ~0,03 nT/m nos pólos e de ~0,01 nT/m no equador. • Portanto uma correção de terreno raramente é aplicada e somente importante quando a medida é realizada próxima de um terreno muito íngrime que contém material de alta susceptibilidade magnética. Correção topográfica Remoção do campo regional • Primeiro subtrair o IGRF. • Depois ajustar uma curva ou superfície para obtero campo regional e removê-lo dos dados.
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